Melhores do Ano (João Eira)
1º INLAND EMPIRE
Por uma margem larga, o Filme do Ano. Goste-se ou não, mais ninguém filma (ou filmou) como Lynch, que habita um mundo cinematográfico completamente pessoal e intransmissível. INLAND EMPIRE é uma súmula empírica do Universo do realizador, uma espécie de história do cinema na mais pura e emocional das formas, tendo por veículo Laura Dern, personificação de todas as actrizes, ou, porventura, de todas as mulheres.
2º Promessas Perigosas (Eastern Promises)
Depois de A History of Violence, Cronenberg continua por territórios do crime, mas fiel ao seu universo autoral de sempre, num filme que repete também a excelência da interpretação de Viggo Mortensen.
3º Paranoid Park (Paranoid Park)
Gus Van Sant continua a reinventar os dispositivos formais que utilizou em Elephant, centrando-se aqui na construção de um olhar sobre um certa adolescência, mas fugindo sempre a qualquer esquema ou visão à priori. Van Sant olha a vida de Alex de forma singularmente envolvente e complexa, mas construindo significados e imagens a partir de um quotidiano (aparentemente) banal.
4º Cartas de Iwo Jima (Letters From Iwo Jima)
Eastwood não sabe filmar mal, e, tal como o seu irmão gémeo Flags of Our Fathers, Letters from Iwo Jima só peca por não atingir a sublimidade das suas duas anteriores obras. Este relato cru e desencantado da destruição e futilidade da guerra, acaba por ser, paradoxalmente, um objecto de incomensurável beleza.
5º As Vidas dos Outros (Das Leben der Anderen)
O filme de Florian von Donnersmarck consegue ser ao mesmo tempo retrato certeiro da completa asfixia e exterminação da privacidade provocada por um regime totalitário colectivista, melodrama comovente e testemunho de fé na capacidade do espírito humano para, no seu melhor e também no seu pior, distorcer qualquer utopia imposta por cânones de pensamento único. É também uma ficção muito real para aqueles que viveram os tempos finais da Guerra Fria, mesmo que do lado de cá da cortina.
6º O Bom Pastor (The Good Shepherd)
Se mal consigo lembrar o último grande papel de De Niro, esta nova realização vem trazer algum conforto, depois do simpático mas obnubilável e já distante A Bronx Tale. The Good Sheperd é um filme fora do seu tempo, na forma como aborda o nascimento da CIA, mas, sobretudo, na gestão dos seus tempos dramáticos. Numa era marcada pelo hype, imagens aceleradas e ausência de memória, o filme de De Niro estava destinado à incompreensão e ao esquecimento.
7º A Estranha em Mim (The Brave One)
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8º Zodíaco (Zodiac)
Zodiac confirma Fincher como um dos mais destacados representantes de uma tendência cada vez mais presente no grande cinema americano de hoje, partindo dos grandes princípios e formas do cinema clássico, para as desconstruir, recriar e reinventar, não traindo a sua lógica fundadora.
9º Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs)
Aproveitando os incidentes na sua vida pessoal que se seguiram à estreia do estimulante Choses Secrètes, Brisseau cria um filme semi-autobiográfico de ambientes singulares. Misto de exploração sensorial, sarcasmo e erotismo, Les Anges Exterminateurs questiona os limites da criação artística e do criador, desafiando as fronteiras entre ficção e realidade e testando os limites do próprio Cinema. Numa palavra, fascinante!
10º Call Girl
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