sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Poesia livre












Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta.


Frase de uma carta escrita por Camille Claudel a Rodin, em 1886.

Encontra-se no texto de Caio Fernando Abreu,
Existe sempre alguma coisa ausente.

_______________________________________


Se der uma passadinha por aqui, deixe uma poesia. Tá valendo trecho de letra de música, poesias de outros, desde que mencionem de onde veio o texto, ou suas. Escreva como anônimo ou apareça, mas deixe uma poesia.

Estão abertos os trabalhos ... agora é com vocês!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Objetos de desejo: Teatro Completo, de William Shakespeare



Objetos de desejo

Teatro Completo, de William Shakespeare
Editora Agir
1a Edição: 2008
Tradução de Carlos Alberto Nunes
34 peças, entre comédias, tragédias e dramas históricos.
Preço de venda: aproximadamente 110 reais, cada.

Eles me perseguem: estão na Saraiva, na Travessa e em todas livrarias que entrei nos últimos meses. E eu os namoro, me encantando por tão bela estampa.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Poesia em imagens: Ciganos, de Otto Stupakoff

Poesia em imagens
Ciganos
© Otto Stupakoff



Um panorama que abrange 50 anos da carreira de Stupakoff (nascido em 1935) está em exposição no Instituto Moreira Salles, na Gávea, Rio de Janeiro. São 65 fotos tiradas entre 1955-2005 desse fotógrafo paulista que se tornou um dos maiores profissionais de moda e publicidade, reconhecido em todo mundo. A curadoria é de Sergio Burgi.

Em outras salas temos as aquarelas e desenhos de Samson Flexor (1907-1971) e as gravuras e desenhos de Claudio Mubarac (1959). Meninos, Maysa e eu fomos. As exposições estão um escândalo e o IMS é um local propício para curtir um pouco do Rio de Janeiro, ficar sozinho, ir com a família ou fazer o programa que vocês escolherem! Até 19 de abril, as obras de Stupakoff, Flexor e Mubarac esperam vocês.

Ysa escreveu lindamente sobre Flexor em O ninho e a tempestade. Passa !

_____________________________________________________

Mais sobre Stupakoff:

Em livro, pela Cosac & Naify
No Fotosite, do portal Terra
Por Fernando Rabelo, em Images & Visions

sábado, 21 de fevereiro de 2009

De confete e serpentina ...






























Desfile das escolas de samba mirins do Rio de Janeiro - 2008

Carnaval
Doce ilusão
Dê-me um pouco de magia
De perfume e fantasia
E também de sedução
Quero sentir nas asas do infinito
Minha imaginação ...

Os cinco bailes da história do Rio
Dona Ivone Lara, Silas de Oliveira e Bacalhau
Império Serrano, 1965

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Receita para não engordar sem necessidade de ingerir arroz integral e chá de jasmim

Pratique o amor integral
uma vez por dia
desde a aurora matinal
até a hora em que o mocho espia.

Não perca um minuto só
neste regime sensacional.
Pois a vida é um sonho e, se tudo é pó,
que seja pó de amor integral.

Carlos Drummond de Andrade
In.: Declaração de amor - Canção de namorados. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Poesia em imagens - Parte III [Porto/Portugal]

Final de viagem, chovendo horrores e um domingo: o Porto era minha maior expectativa e foi o que menos conheci. M. e R., amigos queridos e lá nascidos, fizeram um mapa cultural que infelizmente não deu para ser percorrido. Mas vi o cais, o Douro e o Mar tão conhecido das poesias de Sophia (de Mello Breyner).

Aproveito para agradecer e pedir desculpas aos que comentaram aqui nas últimas semanas. Responderei em breve, ok?


Estação dos Comboios, com a cidade acima. Exagerando um pouco, quase Santa Teresa ...



Douro



Casas


Mar

I
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua

II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro

Sophia de Mello Breyner Andresen



Mais fotos da viagem no Flickr

Poesia em imagens - Parte II [Santiago de Compostela/Galícia]

Convento de São Francisco do Val de Deus


Fachada do Obradoiro: Catedral de Santiago de Compostela


Fachada do Obradoiro: Catedral de Santiago de Compostela


Fachada do Obradoiro: Catedral de Santiago de Compostela


Interior da Catedral de Santiago de Compostela


Caminho dos Peregrinos ao anoitecer

Compostela é para ser desvendada aos poucos, com calma e tempo. A arquitetura barroca é impressionante, a cidade é quase um labirinto e a luz é um paraíso para quem gosta de efeitos nas suas fotos. Com tempo, gostaria de voltar e conhecer Pontevedra e Vigo, ambas na Galícia, com seus prédios baixos e seus barcos coloridos no mar. Tudo deslumbra.

Poesia em imagens - Parte I [Braga/Portugal]

No início do mês estive em Portugal, mais especificamente em Braga e no Porto, com uma rápida passagem por Santiago de Compostela. Nada de férias, fui apresentar um capítulo da tese em um congresso. Aproveitei a viagem para fotografar um pouco nas horas vagas. Minha nova câmera tem um ano e nós ainda somos relativamente estranhas, um absurdo, mas estou revertendo essa situação constrangedora entre nós duas. Quem me salvou mesmo foi a antiga, que tem uns três anos e surpreende pela total ausência de sofisticação e recursos. Funciona bem pra caramba, tira fotos quase no escuro sem flash e para igrejas, tumbas ou tempestades, ela não me deixa na mão.

Poesia em imagens de hoje são algumas fotos da minha viagem, publicada em três partes.


Braga - Bracara Augusta

O congresso foi na Universidade do Minho e entre uma mesa e outra, deu para escapulir e conhecer um pouco da cidade, sua cultura e principalmente seus vinhos e gastronomia.

Quase noite, Avenida Central


Lenço dos namorados, tradição local



A espera, Centro da cidade


Mercado Municipal


Cores


Entardecer

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Quem te viu, quem te vê, com Mônica Salmaso


O meu samba assim marcava na cadência os seus passos
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão ...
 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O amor acaba, de Paulo Mendes Campos

Divorcio, de Fabiola Solano Luna



O amor acaba
Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Texto extraído do livro "13 melhores contos de amor da literatura brasileira". Strausz, Rosa Amanda (org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

__________________________________________________

Em setembro de 2008, após receber inúmeros trechos e contos de Caio Fernando Abreu, e de tanto ouvir "Você tem que ler Caio", resolvi caçar o que havia dele na casa. Pouca coisa, mas acabei por descobrir este texto de Paulo Mendes Campos, que adorei. E como eu sou uma chata, li para meus colegas de trabalho, amigos e quem passou perto de mim naquela semana.

O texto ficou no rascunho e de vez em quando o relia, mas não publicava procurando uma ilustração que casasse com a crônica. Na véspera de ano novo, descubro um blog sobre ilustrações de fim de ano que me levou ao i-lustraluna, um dos blogs mais fofos que já vi. Quando vi Divorcio, e a desolação quase irônica desse fim de relação eu soube que era essa imagem que casava com Mendes Campos.

O amor acaba diariamente para recomeçar diariamente - amar a mesma pessoa todos os dias pode ser difícil, mas é na maior parte das vezes gratificante. Mas o amor pode acabar para encontrarmos outros amantes. E aí começamos tudo de novo, sem que se precise encontrar um final - feliz ou não. Por que o amor acaba para recomeçar diariamente.

O que será que te dá vida?

A saudade da chegada
ou a certeza da partida?


O que será que te excita?
Doces Cariocas

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Carmen Miranda - Centenário


Fonte das fotos: Google imagens

Desde que me entendo como gente Carmen me fascina. As músicas, sua trajetória, sua fotogenia, tudo. Como amanhã ela faria cem anos, Poesia em imagens de hoje a homenageia. Quase um grito pré-carnavalesco!

______________________________________

Ouvindo
Carmen Miranda - e o mundo não se acabou

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O beijo do Hotel de Ville, de Robert Doisneau


Poesia em imagens

O beijo do Hotel de Ville

Paris 4e, 1950

_____________________________________________

acima do silêncio o verde
silêncio e uma terra branca dentro

você já (me beije) vai

afora a manhã a jovem
manhã e um mundo morno dentro

(me beije) você já vai

por sobre a luz do sol a fina
luz do sol eum dia firme dentro

você já vai (me beije

no fundo da sua memória e
uma memória  e memória

eu) me beije ( já vou

e.e. cummings

tradução: Mario Domingues

In.: cummings, e.e. O tigre de veludo (alguns poemas). Seleção e tradução de Adalberto Müller, Mario Domingues e Mauricio Cardozo. DF: Editora UnB, 2007.