domingo, 1 de novembro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

No lugar de um epílogo

E lá, onde os sonhos formavam-se
para nós dois - sonhos não muito diferentes
iam ficando guardados.
Vimos o mesmo sonho, e havia força nele,
como a chegada da primavera.

Anna Akhmátova, 1965
tradução de Lauro Machado Coelho

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Feliz aniversário, Vinicius!


Meu lado criança (e o adulto também) adora Adriana Partimpim. Adora também Adriana Calcanhotto e seu outro projeto para crianças. O Poeta Aprendiz, poema de Vinicius de Moraes ilustrado e cantado por ela, foi publicado no Brasil em 2003 pela Companhia das Letrinhas. Com música de Toquinho, é um livro-cd tão lindo que eu não me canso de ler e ouvir. Como hoje Vinicius faria aniversário, ficaremos com ele!




domingo, 18 de outubro de 2009

Existe sempre uma coisa ausente

Caio Fernando Abreu


Foto do blog de Jean-Michel Berts, via fuckyeahparis

"Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos há 20 anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”, feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.

Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo".


Crônica publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 3 de abril de 1994

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Uma ilustradora: Kate Gabrielle & o seu Flapper Doodle

Eloise encarna Audrey Hepburn (em Funny Face)


Eloise e Ramona tomam sorvete


Ramona, sozinha em casa e achando que ninguém a vê, dança tango!

Eloise pratica yoga








As fantásticas aventuras das amigas Eloise e Ramona (e outras mais), no traço de Kate Gabrielle.

domingo, 27 de setembro de 2009

Estenda a mão ... Campanha da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos


Há 18 anos acredito que nada do que temos é nosso,
é empréstimo.




E por que o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos ocorre no dia 27 de setembro?
Hoje é dia de Cosme & Damião, os santos gêmeos médicos, padroeiros da medicina e dos transplantes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pequenas notas ... ou alguns links

Duas ou três coisas quanto ao blog:


Os plugins de música utilizados no blog sumiram há um mês. Estou pensando o que vou fazer, já que sou movida a música e nem sempre os vídeos do youtube têm qualidade ou som legais. De qualquer forma, até substituir os links musicais perdidos vai demorar um pouco. Na mesma época troquei de computador e demorei a transferir as imagens de um para o outro e elas ainda precisam ser organizadas. Poesia em imagens volta e o blog entrará na sua programação normal.
E vamos aos links ... tudo para diversão das senhoras e dos senhores!

O Theatro Municipal fez 100 anos em julho e para a data fizeram um vídeo que eu achei bem legal, apesar de ter algumas críticas. Diz muito sobre o Theatro, mas também sobre a história do Rio de Janeiro.


Em 29 de agosto, João Valadares publicou uma reportagem chamada Irmãos sem direito a brincadeiras à luz do dia. As fotos, de autoria de Alexandre Severo, são maravilhosas. O Jornal do Commercio preparou um slideshow deste ensaio chamado À flor da pele, com música incidental de Moacir Santos. Desde que foi publicada eu já vi/li inúmeras vezes. História impressionante. (via Olhavê, o blog de Alexandre Belém)

Está no ar Enter - Antologia Digital, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Com textos, áudios, vídeos e imagens, Enter reúne tanta gente boa, que vale mais de uma visita. (via Ciberescritas)

Para seguir:

Ama, está com saudades ou quer conhecer Paris? Um presentão para os olhos em fuckyeahparis.

E finalmente, para escutar: Intermission (Coeur de Pirate deixando o meu ♥ leve, leve ...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Azul

Museu de Arte Contemporânea, Niterói [2009]


Pedra do Sal, Rio de Janeiro [2008]


Maluquinhos, Desfile da escola de samba mirim Herdeiros da Vila [2008]


Da casa de Cora Coralina eu vejo ... azul. Goiás [2006]


Vôo [2008]


Búzios [2007]


Eu não sei
Se vem de Deus
Do céu ficar azul
Ou virá
Dos olhos teus
Essa cor
Que azuleja o dia...

Se acaso anoitecer
E o céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga marinha, vá na maresia
Buscar ali um cheiro de azul
Essa cor não sai de mim
Bate e finca pé
A sangue de rei...

Até o sol nascer amarelinho
Queimando mansinho
Cedinho, cedinho (cedinho)
Corre e vá dizer
Pro meu benzinho
Um dizer assim
O amor é azulzinho...


Azul, de Djavan

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Exausto

Eu quero uma licença de dormir,
perdão para descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.

Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

Adélia Prado
In.: Bagagem. São Paulo: Ed.Siciliano, 1993
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Cansada e feliz.
Só por que o mês está acabando e tudo que eu tinha de urgente para fazer,  fiz (eu acho, pelo menos).

domingo, 16 de agosto de 2009

O sonho de Georg Simmel (é também o meu)


‘Eu sonhei que haviam descoberto o tempo sintetizado. Inicialmente ele só podia ser produzido aos minutos, exatamente como os diamantes artificiais, que também só se pode obter em cristaizinhos bem pequeninos. Quando, por exemplo, se chega ao metrô e o trem está partindo imediatamente, basta tirar uma caixinha de tempo e riscar um palito de tempo. Então se obtém um minuto e ainda se pode alcançar o trem.’ (WAIZBORT, 2000:309)


In.: WAIZBORT, Leopoldo. A aventura de Georg Simmel. São Paulo: Editora 34, 2000.
Georg Simmel, sociólogo alemão (1858-1918)

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Alguém encontrou minha caixinha de tempo por aí?!?!
Favor devolver na recepção.
Obrigada!

sábado, 15 de agosto de 2009

Você, Você (Canção Edipiana)

de Guinga e Chico Buarque

Que roupa você veste, que anéis?
Por quem você se troca?
Que bicho feroz são seus cabelos
Que à noite você solta?
De que é que você brinca?
Que horas você volta?

Seu beijo nos meus olhos, seus pés
Que o chão sequer não tocam
A seda a roçar no quarto escuro
E a réstia sob a porta
Onde é que você some?
Que horas você volta?

Quem é essa voz?
Que assombração
Seu corpo carrega?
Terá um capuz?
Será o ladrão?
Que horas você chega?

Me sopre novamente as canções
Com que você me engana
Que blusa você, com o seu cheiro
Deixou na minha cama?
Você, quando não dorme
Quem é que você chama?

Pra quem você tem olhos azuis
E com as manhãs remoça
E à noite, pra quem
Você é uma luz
Debaixo da porta?
No sonho de quem
Você vai e vem
Com os cabelos
Que você solta?
Que horas, me diga que horas, me diga
Que horas você volta?



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ondjaki

"a minha alma hoje não voltou", disse à avó,"sinto que posso voar" / "então voa, querida, voa porque acreditas nessa leveza"./ e a neta voou.
por @ondjaki
Via Twitter

sábado, 8 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Harlem blues

Feliz ou triste, é ela que escuto. Muitas vezes.


Harlem Blues, de Bill Lee, compositor de jazz e pai do diretor do filme, Spike Lee.
Com Branford Marsalis Quartet, Cynda Williams & Terence Blanchard
Mo' Better Blues (Mais e melhores blues), 1990.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Prece

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

Sophia de Mello Breyner Andresen


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Vale a pena ler:
Quem se lembra de Sophia?
Uma homenagem do Diário de Notícias (Portugal), nos 5 anos de morte da poeta.

Dica do Blogtailors

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Não adianta ...

Não adianta, você não encontrará neste site nada além de ideologias exóticas, idiossincrasias eróticas, selvageria sintática, sexo & violência, trailers, thrillers e copulação imaginária.

Onde?

Aqui

quinta-feira, 23 de julho de 2009

For once in my life


Eu sou absolutamente apaixonada por este digníssimo senhor e dele não me canso.
Na realidade, meus tios colocavam minha mãe, grávida de mim, a escutar horas e horas de Mr. Wonder.
Agradeço ao senhor a excelente companhia nos últimos 33 anos, tá bom?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pausa (e não é para um chá)

Imagem daqui

Vaguidades (fragmentos)
Rosalía de Castro

III

Tal como as nuvens
que impele o vento
e agora assombram, e agora alegram
os espaços do céu tão imensos,
tal as ideias
loucas que eu tenho
as imagens de múltiplas formas
de estranhas feituras, de tons tão incertos
agora assombram,
agora aclaram,
o fundo sem fundo do meu pensamento.


In.: Poesia galega - Das origens à Guerra Civil
Fábio Aristimunho Vargas (organização e tradução)
São Paulo: Editora Hedra, 2009.

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Vou dar uma pausa.
De uns 20 dias.

20 dias.
E eu volto.
Antes do aniversário de um ano da (nossa) louca casinha azul.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Num dia, com Arnaldo Antunes

(...) Respirar
Sentir o sabor do que comer
Caminhar
Se chover, tomar chuva
Não esperar nada acontecer
Ser gentil com qualquer pessoa (...)





Para começar o mês, Arnaldo Antunes!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sem dizer adeus





Com Mart'nália


(...) o nome do que sinto
não tem nome que domine o meu querer
Não vou voltar atrás
O chão sumiu a cada passo que eu dei (Eu andei) (...)

domingo, 21 de junho de 2009

Poesia em imagens - Helen Levitt

Nova York, 1940

Poesia em imagens


Acho esta foto simplesmente deliciosa. Ela tem cara de domingo, de dias felizes.
Se foto tem cheiro, o desta é de água no asfalto.
Estava guardada há um tempão. Descobri que era de Helen Levitt via Images&Visions.
Um bom primeiro dia de inverno para vocês!

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Ouvindo Alma Thomas

Alma%20Thomas
Quantcast

sexta-feira, 19 de junho de 2009

65

É hoje. Chico Buarque completa 65 anos. Que não falte saúde e inspiração ao nosso Chico! O presentinho para todos nós é O meu amor, uma daquelas que me acompanha há anos. Encantadora como tantas outras e especial por inúmeros motivos.



Para quem está chegando agora e não tem a dimensão da paixão do blog por Chico Buarque, nosso muso inspirador, alguns posts relacionados:

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amor Condusse Noi Ad Una Morte, de Paulo Mendes Campos

Quando o olhar adivinhando a vida
Prende-se a outro olhar de criatura
O espaço se converte na moldura
O tempo incide incerto sem medida

As mãos que se procuram ficam presas
Os dedos estreitados lembram garras
Da ave de rapina quando agarra
A carne de outras aves indefesas

A pele encontra a pele e se arrepia
Oprime o peito o peito que estremece
O rosto a outro rosto desafia

A carne entrando a carne se consome
Suspira o corpo todo e desfalece
E triste volta a si com sede e fome.

Paulo Mendes Campos
Via Blog do Noblat

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Quem ama inventa, de Mario Quintana

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado ... e ter vivido o sonho!

Mario Quintana
In.: Quintana de bolso: Rua dos cataventos & outros poemas.
Porto Alegre: L&PM Editora, 2008.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ternura, de Manuel Bandeira

Enquanto nesta atroz demora,
Que me tortura, que me abrasa,
Espero a cobiçada hora
Em que irei ver-te à tua casa;

Por enganar o meu desejo
De inteira e descuidada posse,
Ai de nós! que não antevejo
Uma só vez que ao menos fosse;

Sentindo em minha carne langue
Toda a volúpia do teu sonho,
Toda a ternura do teu sangue,
Minh'alma nestes versos ponho;

Por que os escondas de teu seio
No doce o pequenino vale
- Por que os envolva o teu enleio,
Por que o teu hálito os embale;

E o meu desejo, que assim foge
Ao pé de ti e te acarinha,
Possa sentir que minha és hoje,
E és para todo o sempre minha...

Manuel Bandeira
Publicado originalmente em A cinza das horas
In.: Estrela da vida inteira.
Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ausência, de Vinicius de Moraes

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.


Vinicius de Moraes
In.: Nova antologia poética - Edição de bolso.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O amor antigo, de Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza
Por aquelas mergulhas no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor ...


Carlos Drummond de Andrade
Publicado originalmente em Amar se aprende amando
In.: Declaração de amor: canção de namorados.
Rio de Janeiro: Editora Record, 2008

domingo, 7 de junho de 2009

Encontro mágico, foto histórica

Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Mario Quintana e Paulo Mendes Campos na casa do cronista Rubem Braga.

Rio de Janeiro, 1966


foto de Moacir Gomes

Poesia em imagens
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Durante a semana estarei revendo amigos e preparando minha apresentação para um congresso.
Porém, tem presentinho todos os dias até a minha volta.
Ou pensam que vou esquecer vocês?!?!

sábado, 6 de junho de 2009

Reedição da obra completa de Lygia Fagundes Telles




Reedição da obra completa de Fagundes Telles pela Companhia das Letras começando pelos livros As Meninas, Invenção e Memória e Antes do baile verde. Fresquinhos, com arte de Beatriz Milhazes na capa, textos revistos pela autora e posfácios inéditos. Não são objetos de desejo, mas quase. Li As Meninas há tantos anos que me deu saudades. E não, eu não sou garota propaganda dos Schwarcz!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dúvidas ou o Livro das Perguntas, de Pablo Neruda

LXIII

Como se combina com os pássaros
a tradução de seus idiomas?

Como dizer à tartaruga
que a supero em lentidão?

Como perguntar à pulga
qual seu recorde de saltos?

E que devo dizer aos cravos
agradecendo-lhes o perfume?


Livro das Perguntas
Tradução: Ferreira Gullar

domingo, 31 de maio de 2009

Uma canção de ninar e os pássaros de Geninne

Poesia em imagens

Bird No. 14
©Geninne Zlatkis

Eu gosto de canções que servem perfeitamente para acarinhar aqueles que amamos - adultos e crianças. Penso nelas como canções de ninar ... Minha lista de músicas assim é grande e já postei uma aqui ano passado. Azulão, poema de Manuel Bandeira musicado por Jayme Ovalle é uma delas. Eis as minhas versões preferidas ...

Com Kathleen Battle:



E com Jane Duboc & Sebastião Tapajós:



Vai, Azulão, Azulão
Companheiro, vai
Vai ver minha ingrata
Diz que sem ela o sertão
Não é mais sertão
Ai, voa Azulão
Vai contar, companheiro, vai ...

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Quando encontrei a série pássaros, de Geninne minha vontade imediata foi ouvir Azulão. Primeiro por que é uma das minhas músicas preferidas. Segundo, por que seus pássaros me fizeram sorrir e eu fiquei com uma imensa vontade de voar ...

Geninne é ilustradora, tem um blog que é um espaço muito gostoso de se visitar e vive no México. Foi generosa ao permitir que o pássaro No. 14 voasse com a poesia de Bandeira e a música de Ovalle. Geninne, muchas gracias.

Vocês podem encontrá-la no blog, no flickr e na Etsy.
Divirtam-se!



terça-feira, 26 de maio de 2009

a casa, de Juan Gelman

não está no mar a minha casa/ nem no ar/
na graça de tuas palavras eu vivo/


la casa

no está en el mar mi casa/ ni en el aire/
en la gracia de tus palabras vivo/


Juan Gelman em Amor que serena, termina?
Tradução: Eric Nepomuceno

domingo, 24 de maio de 2009

Fernand Léger & Robert Doisneau

A grande parada
©Fernand Léger, 1954


Léger e suas obras
©Robert Doisneau, 1954


Poesia em imagens

Fernand Léger (1881 - 1955) & Robert Doisneau (1912-1994)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fly me to the moon, com Frank Sinatra



Completamente insone e este senhor gentilmente me faz companhia.
In other words, hold my hand ...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Apelo, de Miguel Torga

Porque
não vens agora, que te quero
E adias esta urgência?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência....

Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o imite dos mortais.


Miguel Torga (1907-1995)


segunda-feira, 18 de maio de 2009

New Soul, de Yael Naim




Por que hoje acordei com vontade de sair dançando por aí ...
Uma boa segunda-feira para vocês!

+ de Yael Naim

domingo, 17 de maio de 2009

Driftless, de Danny Wilcox Frazier


Uma jovem sonha em se tornar rainha de um festival verão como sua irmã mais velha
Conesville, 2003



© Danny Wilcox Frazier

Poesia em imagens
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Eu acho esta menina tão atemporal que se alguém me dissesse que esta foto é dos anos 1940 ou 50, acreditaria. Soube da existência de Frazier na capa de um catálogo de livros universitários dos Estados Unidos. Gostei tanto que passei a acompanhar a distância sua carreira. Mais de Frazier em http://www.reduxpictures.com/portfolios/frazier/.

sábado, 16 de maio de 2009

materiais para confecção de um espanador de tristezas

tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos.

certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.

era de difícil manejo – mas funcionava.


(...) há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.

vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma construção...

uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.



Ondjaki

materiais para confecção de um espanador de tristezas (poesia)
Portugal: Editora Caminho
2009



terça-feira, 12 de maio de 2009

Objetos de desejo: História da vida privada


Eu podia estar roubando, podia escolher a edição capa dura, mas me contento com as edições de bolso recém lançadas pela Companhia das Letras. Esta coleção é um misto de objeto de desejo e necessidade profissional. Levando em conta que na Livraria Cultura os cinco estão saindo por menos de R$105,00 (o preço de cada um é R$33,00) e que apenas um dos volumes da edição chique e linda de morrer custa 90 paus, tá valendo!

domingo, 10 de maio de 2009

Pioneiras: Alaíde Costa


Poesia em imagens

A exposição (virtual) fotográfica Pioneiras, homenageia 13 cantoras da MPB, de diferentes estilos musicais. Idealizada e produzida pelo Gafieiras, a exposição tem como objetivo encontrar outras formas de difusão para o acervo registrado, além dos tradicionais. Clique na imagem abaixo para conhecer mais o projeto, as nossas divas e seus fotógrafos. Lindo. Tenho voltado sempre ao site para ver mais e mais.

Mãe, Alaíde é para você!
Um beijo grande, especialmente para as que são mães e para as mães de quem passa por aqui.


sábado, 9 de maio de 2009

Ah, se eu vou! com Roberta Sá


Por que hoje é sábado, queridos!
Bom final de semana.

Todo santo dia ela ia
Ela ia lá me chamar
Pra dançar coco
À beirada da saia querendo rodar.

Pelo jeito dela
Pelo dengo, pela simpatia
Se eu caio na roda
Essa moça pode me segurar.

Aí ela vai querer que eu deixe de ir pro samba
Aí ela vai querer que eu não vá na ciranda de Lia
Aí ela vai querer que eu não saia de perto dela
E eu olhando pra beira da saia querendo rodar.

Ah, se eu vou...

de Lula Queiroga

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Festa Literária de Santa Teresa


Notícia via Gato de Sofá, o blog da Luciana Conti.

Se você estiver no Rio de Janeiro no dia 16 de maio, sábado, venha para Santa Teresa. Das 9h às 18h o bairro estará em festa! É a Flist - Festa Literária de Santa Teresa, promovida pelo CEAT. A homenageada é Lygia Bojunga. Tem troca troca de livros, lançamentos, contação de histórias, shows, conversa com autores ... e eu estou feliz, feliz: tem muita gente que tenho vontade de conhecer que estará lá.

Só para vocês terem uma idéia: tem um bate papo às 11h30min com a Joana Corrêa e o Alexandre Pimentel, organizadores do cd-livro "Na ponta do verso: Poesia e improviso no Brasil" (vale muito a pena). É no Jasmim Manga (vale mais ainda) e Tantinho da Mangueira e Marquinho China participam da conversa (pronto, perfeito!). Rola ainda um recital poético com Mano Mello às 14h e conversa com Ondjaki e Ferreira Gullar às 16h, no Laurinda Santos Lobo. Às 12h, na Livraria Largo das Letras, tem uma oficina com os ilustradores Graça Lima, Mariana Massarani e Roger Mello, todos com traços fantásticos e trabalhos lindos.

O blog Gato de Sofá deita e rola na Flist estará no Largo das Letras durante o evento, recebendo adultos e crianças e construindo a "memória virtual da primeira edição de nossa festa literária".

Programação completa da Flist disponível aqui

Agora é aquele esquema: deixe o carro em casa e suba a pé, de bonde, ônibus, moto ou táxi! É para curtir o sábado em Santa com tudo que se tem direito, inclusive a paisagem. E é programação para a família inteira.

domingo, 3 de maio de 2009

Crianças de açúcar, de Vik Muniz

Valicia se banha com a roupa de domingo


Valentina, a rápida

Poesia em imagens

Sugar Children, 1996

©Vik Muniz

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Vik Muniz agora no MASP.

As crianças de açúcar são encantadoras. Trabalhadoras das plantações de cana de açúcar, foram retratadas por Muniz em uma viagem ao Caribe. Para a realização desta série, o artista trabalhou com açúcar e fotografou o resultado.

Em 2009 o Rio de Janeiro está animado: já tivemos Muniz, Burle Marx, Flexor, Stupakoff e agora Paul Strand, no Instituto Moreira Salles, osgemeos, no CCBB e Volpi no Unibanco Arteplex. Não é uma beleza?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Poesia livre



"Por que há o desejo em mim, é tudo cintilância"
Hilda Hilst


Vocês já sabem: se der uma passadinha por aqui durante o mês de maio, deixe uma poesia. Tá valendo trecho de letra de música, poesias de outros (desde que mencionem de onde veio o texto), ou suas. Escreva como anônimo ou apareça, mas deixe uma poesia.

Poesia livre [março]

O Poesia livre de março trouxe quatro presentões! Bem diferentes entre si, todos muito especiais ... Agradeço aos amigos que passaram aqui e deixaram um cheiro.


Francisco (Paco) Manhães deixou uma poesia sua:

Nós, os antigos. Os eternos.
Somos desde sempre e
preexistimos ao mundo.
Quando do Fiat Lux,
assistindo aos efeitos pirotécnicos,
já estávamos lá:
eras o mais belo dos anjos;
eu, tua serpente doméstica.


Da Ysinha veio Ho Chi Minh:

RAÇÃO DE ÁGUA

Cada um de nós tem como ração meio jarro de água
Para o banho ou para ferver o chá, conforme o gosto:
Se você quer lavar o rosto, não terá como preparar o chá:
Se quer tomar seu chá, não poderá lavar seu rosto.


Diário de Prisão, de Ho Chi Minh, Ed. Difel, Rio, s/d e sem nº da edição. A edição original é de 1971, Bantam Books, Inc.


Sissi deixou o Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes:

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Do Otávio Duarte, a poesia veio pelo correio:


Clepsidra, com poesias de Otávio e colagens do pintor Rones Dumke é uma preciosidade. Vocês não têm noção da minha felicidade quando vi e li o livro. Tão lindo, que merece um post a parte.

A música, Preta Pretinha, sempre desperta coisas maravilhosas em nós. Não conheço um que não goste da música. Minha mãe ama e diz que esta é a música dela. O pai do amore da Lunna adora. Carol também. Escutei a música pensando o quanto é bom conviver com vocês. Preta Pretinha é a música do feriado.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Embriaguem-se, de Charles Baudelaire

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Charles Baudelaire
O Spleen de Paris: pequenos poemas em prosa
Apresentação e tradução: Leda Tenório da Motta
Imago Editora – edição de 1995

domingo, 26 de abril de 2009

Poesia em imagens - São Jorge [Rio de Janeiro]

São Jorge é quem mora na lua, e disse que eu tudo posso!
[Tava por aí, de Mart'nália & Mombaça]





Poesia em imagens

Salve Jorge!

De uma família ecumênica e sincrética, onde todos são devotos de Santa Rita, Santo Antônio e São Jorge, eu não sou exceção. Gosto especialmente da história, da estética, das músicas em homenagem a São Jorge. Gosto da combinação vermelho (ou verde) e branco. Gosto principalmente das demonstrações de fé e da diversidade encontrada entre os seus devotos.

E todo ano invento moda. Durante anos acompanhei a carreata de São Jorge do Império Serrano. Vou a missa se possível e este ano bati ponto em uma feijoada na casa de uma amiga, com direito a tudo, até uma medalhinha de proteção de presente.

Em 2007, Bel, minha mãe e eu estávamos às quatro da manhã na porta da igreja no Campo de Santana (Rio de Janeiro) participando da Alvorada. As fotos foram feitas por nós (Bel e eu) nesta ocasião. Terminando a semana de homenagens a São Jorge, o Poesia em imagens de hoje é dele, por que para catar poesias neste mundo às vezes é preciso ter muita fé. Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro.

sábado, 25 de abril de 2009

notas

O fotógrafo Otto Stupakoff morreu no dia 22 de abril, aos 73 anos. Seu olhar fascinante me deixou obcecada durante semanas, fazendo com que eu procurasse fotografias e textos sobre ele. O conheci na sua última vernissage aqui no Rio de Janeiro e aquele homem cheio de vida e experiências se mostrou um encanto. O resultado da minha obsessão vocês podem ver em um post antigo. Ysa, que também o conheceu, escreveu sobre ele e a experiência do nosso único encontro.

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Lunna Guedes não postará mais em seu blog, o Acqua. Reproduzo aqui o que disse nos comentários do último post: "Lunna, é um imenso prazer conviver virtualmente com você. Ler seus textos, que muitas vezes me fazem companhia, pass(e)ar pelo Acqua, só coisas boas. Te desejo sucesso sempre e passarei em sua outra morada, tenha certeza".

Lunna sai do Acqua, mas não nos abandona: ela ainda reside em blogs amigos, como A casa do mago.

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Farei um post sobre o Poesia Livre de 27 de março excepcionalmente em 30 de abril, uma quinta-feira. Ainda dá tempo de passar lá e deixar um carinho: letra de música, poesia e o que mais der vontade.

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Tô para falar tem tempo: Moacyr Luz tem um blog, o Blog do Moa. É muito bom acordar e ver que tem texto fresquinho no blog dele. É a mesma sensação de estar com fome e correr para a padaria e sentir o cheiro do pão (eu tenho cada idéia, não é?).

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Dia Nacional do Choro: Pixinguinha, um dos precursores do choro no Brasil, compositor e cantor de músicas que também retratam o universo das religiões afro-brasileiras, nasceu no dia 23 de abril. Sendo assim, além das comemorações por São Jorge/Ogum, o choro comeu solto na cidade na última quinta-feira! O curioso é que vários dos blogs que acompanho falaram de São Jorge, padroeiro do meu Império Serrano, mas só encontrei um onde o Dia Nacional do Choro era reverenciado. Sugiro então uma visita ao Pão Contexto para ler a homenagem.

Em tempo, parte do livro Almanaque do choro (de André Diniz) pode ser encontrado no Google Books.

Agora, vocês acham que eu vou me furtar a falar de São Jorge? De jeito nenhum ... só que falarei dele amanhã.

A ilustração é do amigo Fernando Romeiro, que gentilmente me deixou publicar. Sou super fã das suas caricaturas, Romeiro!

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Depois de vários assuntos no mesmo espaço, deixo aqui uma pergunta para o seu sábado:

Onde encontrar uma sineta que soe dentro de teus sonhos?
Pablo Neruda (XXVIII, no Livro das Perguntas)