segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Merry Christmas (III)
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
M de 'Mourned by the wind'
"[...]
Este texto não existiria se eu não tivesse visto ontem, no claustro da Sé de Lisboa, uma grade românica do século XIII. Há oito séculos que estes pássaros não cantam, que estas cobras não deslizam pela relva húmida, que estas osgas não sobem paredes esboroadas. Ninguém sabe, aliás, que mãos lhes deram forma, que nome atribuir à beleza leve e robusta desta grade. Sabemos apenas, como diria Rui Chafes, que ali o ferro se fez vento - e que o vento chegou até nós, incólume e cantante. Estes pássaros, estas cobras, estão muito mais vivos do que nós, indiferentes a modas, balanços e ao Juízo Final. Não têm tempo, porque são o próprio tempo, traduzido em ferro por mãos feitas de nada e de ossos breves."
- Manuel de Freitas, 769118,
com capa de Inês Dias e arranjo gráfico de Pedro Santos,
Lisboa, Averno, 2020
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
P de (Dois Anos de) Pássaros - mais andorinha, menos andorinha... - XXVIII b
[...]
que idade tinhas
quando a primeira árvore
te disse para subires?
domingo, 1 de novembro de 2020
D de Dia de los Muertos (VI)
Os cartazes de MODERN TIMES acolhiam-nos em cada escala. Infelizmente, viajávamos demasiado depressa para revermos juntos o filme.
Esta noite, em Montargis, numa garagem convertida em cinema, garagem essa que se deve parecer com o hotel de Bourgogne, revi essa obra, digna das farsas de Molière e das aberturas de Mozart.
Os meus amigos iniciam nele uma segunda morte, e eu vejo-os, de boa aberta como na lanterna mágica, exprimir sentimentos complexos com o à vontade dos antigos coreógrafos quando descreviam a beleza com um gesto redondo em volta do rosto, e o amor juntando as mãos sobre o coração.
Esta solidão, esta tristeza de lied que lança sobre Chaplin uma penumbra cuja causa deve ser o facto de ele se ter tornado rico a incarnar um pobre e a fortuna não trazer nada de novo a almas de tamanha elegância, são reforçadas ainda pelo meu cinema de província quase vazio.
A última vez que nos despedimos foi ao telefone, em Hollywood. A sua voz e a de Pauline chegavam até mim, separadas das suas imagens, tal como esta noite as suas imagens chegam até mim separadas das suas vozes.
Nunca desejei tanto um fenómeno que permitisse aos meus amigos ganharem relevo e cor, deixarem o ecrã, trocarem as estátuas finas de uma miúda e do ilustre vagabundo pela jovem resplandecente, e pelo dramaturgo de rosto vermelho e caracóis brancos.
O meu sonho trazia-os até França, a esta data, nesta sala onde MODERN TIMES continua sem eles, onde falaríamos de uma época de máquinas, de armas e de cansaço. Época difícil, que precede uma ainda mais difícil. Sempre que repousamos, sempre que passeamos, o destino ameaça-nos, de dedo apontado, pálido e terrível como o director da fábrica na parede da casa de banho.
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
O de "Oh! qu'ils sont chers, les trains manqués/ Où j'ai passé ma vie à faillir m'embarquer!..." - d
domingo, 4 de outubro de 2020
P de Postais - V b
A tempestade sacode as suas bátegas
contra a janela anoitecida:
o vidro estremece sob o granizo lançado.
Desengonçada, a televisão perde o controlo,
esvai-se em preto e branco,
depois em silêncio, enquanto as linhas descem.
Os postais dela agitam-se na prateleira, caem;
as luzes de Calais apagam-se uma por uma.
Ele não lhe pode contar
que os gansos regressam ao crepúsculo,
que o farol passeia a sua luz
por entre as trincheiras do mar.
Ele não lhe pode contar que a vasta noite
desliza como uma porta sem ela,
que ele é a fechadura
e ela é a chave.
sábado, 3 de outubro de 2020
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
E de Espinhas para um gato (XV)
terça-feira, 29 de setembro de 2020
sábado, 19 de setembro de 2020
S de Sense of Snow (XI)
BALLADEN OM JENNY LIND
que viram ou não viram, sob nuvens de fumo
que escondiam mal um inglês de circunstância.
Na parede junto à nossa mesa (recorte
da época) Jenny Lind morria - e eu
ficava a saber, em sueco, que "Rökning
dödar", o que não parecia incomodar
nenhum dos presentes. No Nyhavn,
porém, anoitecia muito depressa. Teremos
de esperar pela neve, agora que passou a chuva.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
E de Espera (XXI)
terça-feira, 15 de setembro de 2020
A de Aniversário (VI)
My heart is like a singing bird
Whose nest is in a water'd shoot;
My heart is like an apple-tree
Whose boughs are bent with thick-set fruit;
My heart is like a rainbow shell
That paddles in a halcyon sea;
My heart is gladder than all these,
Because my love is come to me.
Raise me a daïs of silk and down;
Hang it with vair and purple dyes;
Carve it in doves and pomegranates,
And peacocks with a hundred eyes;
Work it in gold and silver grapes,
In leaves and silver fleurs-de-lys;
Because the birthday of my life
Is come, my love is come to me
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
N de Nefelibata
Já as conheces
de certo modo são como as pessoas
querem muito encontrar-se:
as nuvens, as palavras.
Por isso agora
após o relâmpago
quando as nuvens lutam por criar raízes
as palavras juntam-se para descobrir
onde se encontram
os que desaparecem.
E os silêncios mudam de lugar.
E a vida é
quase mais estranha ainda
menos nossa
do que supúnhamos.
Já nos conheces.
terça-feira, 8 de setembro de 2020
S de "Sempre disse tais coisas esperançad@ na vulcanologia" (XXX)
[ID, São Miguel / Agosto 012]
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
P de (Po)ética - XLIX e
Sim, tenho ouvido dizer
que as grandes causas
são grandes e lucrativas.
Mas prefiro falar
daquele armário azul
encostado ao coração
podre.
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
terça-feira, 25 de agosto de 2020
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
I de Incipit
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
terça-feira, 18 de agosto de 2020
M de Museu Imaginário (XVI)
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
D de "deve ser/ com certeza um sítio muito triste" (II)
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
P de (Um Ano de) Pássaros (V)
capa de Pedro Serpa a partir de fotografia de Inês Dias,
terça-feira, 11 de agosto de 2020
(O) Jardim e a Casa (XXI)
Inês Dias, Ponto-Sombra,
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
F de Férias (II)
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
N de "Nous deux encore" (VII)
Poder-me-ão encontrar, trago um rapaz na minha
memória, a casa a uma janela
da qual o faço vir como um sabor à boca,
falésias onde o aguardo à hora do crepúsculo.
Regresso assim ao mar de que não posso
falar sem recorrer ao fogo e as tempestades
ao longe multiplicam-me os passos.
Onde eu não sonhe a solidão fá-lo por mim.
J de Janelas - V b
da morte. Tu vibras numa vertical
do deserto, em plena velocidade
fracturada. Há nuvens de pontos
na dobra da visão, nenhum limite.
Exposto como um ferimento, que soberania
exerces no vazio? Assim se arruinaram
as arquitecturas: armadilhar a casa
ficar preso dentro de uma sala.
Fechar uma parede para abrir uma janela.
quinta-feira, 30 de julho de 2020
A de A poesia é o menos (XII)
segunda-feira, 27 de julho de 2020
S de Santa Cruz (IV)
NO FUNDO DO SONHO
domingo, 26 de julho de 2020
F de "(Une) famille d'arbres" (X)
sábado, 25 de julho de 2020
P de Paralelo W (III)
quinta-feira, 23 de julho de 2020
C de Começar o dia com um livro novo (LVII)
terça-feira, 21 de julho de 2020
C de Começar o dia com um livro novo (LVI)
segunda-feira, 20 de julho de 2020
P de (Po)ética - XLIX d
Sim, tenho ouvido dizer
que as grandes causas
são grandes e lucrativas.
Mas prefiro falar
daquele armário azul
encostado ao coração
podre.
domingo, 19 de julho de 2020
P de Pássaros anónimos (XVIII)
quinta-feira, 16 de julho de 2020
P de Perder a cabeça - IV b
(O pardal)
domingo, 12 de julho de 2020
F de Flor Suficiente (XXIII)
terça-feira, 7 de julho de 2020
sábado, 4 de julho de 2020
S de Solidão (ou C de Comunidade) LXIX
sexta-feira, 3 de julho de 2020
quarta-feira, 1 de julho de 2020
B de Boal
A ilha era deserta e o mar com medo
de tanta solidão já te sonhava:
ia em vento chamar-te para longe
e longamente em espuma te esperava.
À cinza dos rochedos atirava
na grande madrugada adormecida,
já saudosos de ti, os braços de água,
sem ter acontecido a tua vida.
Sim, meu amor, antes de Zarco vir
provar o sumo e o travo à solidão,
no litoral de pedra pressentida
o mar imaginava esta canção.
E as lúcidas gaivotas desse tempo
talhavam com um voo o teu amor:
o início de lava e sal que deixa
(talvez) neste poema algum esplendor (1).
_____
(1) A ilha hoje é um paraíso inglês
de orquídeas e renques orvalhados:
mister X e a cana do açúcar
mister Y, bancos, luz, bordados.
Ó Cesário, pudesses tu voltar
e deste cais onde não há varinas
ver os garotos na água a implorar
(sir, one penny) o oiro das neblinas.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
T de Tratado de Pedagogia - LXII
terça-feira, 23 de junho de 2020
S de São João
sinto arderem à margem
de um mar escuro -
e ao longo dos portos acenderem-se piras
de coisas velhas,
de algas e barcos
naufragados.
E em mim nada que possa
ser queimado,
mas cada hora da minha vida
ainda - com o seu peso indestrutível
presente -
no coração extinto da noite
me segue.
domingo, 21 de junho de 2020
L de "Les yeux du chat" (III)
8 de Novembro de 1981
[...]