sábado, 29 de abril de 2017
segunda-feira, 24 de abril de 2017
L de Ler (XIII)
Lá fora
ainda temos luz,
sem esquinas,
dessa que se deixa
às vezes ficar
como a cintura da jovem
junto ao braço do velho
no mesmo banco,
condoída da nossa prisão.
Mas deste lado de mim
está a cortina da noite,
atrás da noite
a escada que sempre subi
à tua frente,
dentro da escada
um rato
a escavar, a escavar
por entre os séculos.
E dentro do rato
um coração com urgência
de anjo exausto,
todo o sangue emparedado
da mais solitária personagem
neste nosso romance
com nome de jardim.
Inês Dias, Da Capo,
com capa de Luis Manuel Gaspar, fotografias de Mafalda Capela
e arranjo gráfico de Inês Mateus, Lisboa, Averno, 2014
sábado, 22 de abril de 2017
C de Começar o dia com um livro novo (L)
PONTO DA SITUAÇÃO
Hoje, eis o que tenho para dizer
Chegou a Primavera
No sangue ligeiro da camarera
Curvada na secção dos detergentes
Ela sabe o bem que traz ao mundo
- Fearful symmetry... sem dúvida
É bom não ter dúvidas
Ou seja
Não vale a pena andar com o maldito no cu
Tampouco com os guizos da alma à mostra
Segue o corpo
Dá-lhe pousio e esgotamento.
João Almeida, Hotel Zurique,
com capa de Luís Henriques,
Lisboa, Averno, 2017
sexta-feira, 21 de abril de 2017
quinta-feira, 20 de abril de 2017
M de Meia-estação (IV)
Sempre acreditei que só as palavras
me saíam da boca, e eram elas
que me podiam adiar a morte.
Hoje sei que me sai da boca um fio,
transparente e tenaz como uma insónia,
que te atou à minha vida para sempre.
Amalia Bautista, Estou Ausente,
trad. de Inês Dias,
Lisboa, Averno, 2013
[ID, Santarém | 2017]
terça-feira, 18 de abril de 2017
segunda-feira, 17 de abril de 2017
sexta-feira, 7 de abril de 2017
W de Wild is the wind (XI)
10.
Não há cigarras nas árvores. Os besouros
fugiram. Apenas os grilos vêm beber aos
degraus das casas. O cão rodopia sobre
si mesmo encantado com a luz, mas a
mulher vive indiferente a tudo isso ______
Se houvesse aqui monumentos antigos
junto ao mar, ruínas, arcos, cemitérios,
mas não, não existe nada,
diz a mulher.
É o seu corpo agora que se enrola no
vento à procura de um espaço pequeno
onde possa esconder os objectos e rezar.
Jaime Rocha, Mulher inclinada com cântaro,
Nazaré: volta d' mar, 2012
Libellés :
"I'm building a still to slow down the time"
quinta-feira, 6 de abril de 2017
P de Poética (LX)
"A poesia é tudo o que nasceu com asas a cantar."
Lawrence Ferlinghetti, A poesia como arte insurgente,
trad. de Inês Dias, Lisboa, Relógio D' Água, 2016
quarta-feira, 5 de abril de 2017
terça-feira, 4 de abril de 2017
sábado, 1 de abril de 2017
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