O renascimento do interesse geográfico pela paisagem com aporte fenomenológico a partir da década de 1960 possibilitou novas abordagens sobre a paisagem, incluindo as experiências sonoras que os lugares proporcionam aos seres...
moreO renascimento do interesse geográfico pela paisagem com aporte fenomenológico a partir da década de 1960 possibilitou novas abordagens sobre a paisagem, incluindo as experiências sonoras que os lugares proporcionam aos seres humanos. Assim, tal experiência é objetivada, em Geografia, pela corrente humanista-cultural. Pensar o espaço geográfico a partir de seus sons pode parecer estranho, principalmente, se aproximarmos, para tanto, os conceitos de marcos sonoros de
Murray Schafer e de signos ideológicos de Mikhail Bakhtin; ambos pesquisadores de ciências díspares à Geografia. Contudo, esse artigo tem por finalidade apresentar uma possível reflexão epistemológica geográfica a respeito dessa relação, uma vez que, ambos os autores concordam que esses dois conceitos são criados a partir da interação social, adquirindo e expressando, então, significados ideológicos. Assim, marcos sonoros podem ser considerados uma forma de signos, já que representam e permitem pensar o espaço geográfico de uma comunidade, transformando-o em uma categoria social. Como exemplos de marcos sonoros, citamos as “vuvuzelas” da África do Sul e a “Mulher da Cobra” de Curitiba. Desse modo, pretendemos
despertar o interesse pelo estudo dos sons dos lugares e seus significados sociais, mostrando que eles podem contribuir para uma análise diferenciada, mas, ao mesmo tempo, integrada ao complexo espaço geográfico.