Academia.eduAcademia.edu

Arte Real 49

Chamam-me de louco ao me ver insistindo na eterna alquimia de transformar minhas utopias em realidade. De que me chamariam se soubessem que o que menos me interessa é obter êxito nessa empreitada? O que busco, de fato, é a minha autotransformação, sendo, ao mesmo tempo, o alquimista, o cadinho e o próprio metal. Sinceramente? Tenho que admitir que, em parte, eles têm razão! Feitosa Feitosa a prática, estamos iniciando, neste mês de março, mais um ano maçônico, já que, antes do Carnaval, o país para e tudo se arrasta. Pouco ou quase nada se faz. Tal prática, lamentavelmente, foi adotada por inúmeras Lojas Maçônicas, transformando o breve recesso de final de ano em "Férias Maçônicas". Não satisfeitos, à guisa dos maus políticos, optaram, também, por estendê-las até após o Carnaval. Observamos um distanciamento dos valores que devem ser pautados por uma Escola de Iniciação.

Nesta Edição Capa – Os Chacras.........................................................................Capa Editorial..........................................................................................2 Editorial Matéria da Capa - Os Chacras e Sua Importância no Processo Iniciático......3 Destaques - A Estrela do Amanhã..............................................6 - Visão Esotérica do Casamento.............................9 Informe Cultural - III Encontro Maçônico Sul Mineiro............10 – I Congresso Internacional da GLMMG....10 O Estudo da Cabala – A Sabedoria Oculta da Cabala.................11 Trabalhos - A Mulher na Maçonaria Brasileira.......................13 Reflexões – A Pobreza da Riqueza............................................15 Lançamentos – Livros.................................................................17 Ficha Técnica................................................................................17 Técnica Editorial Chamam-me de louco ao me ver insistindo na eterna alquimia de transformar minhas utopias em realidade. De que me chamariam se soubessem que o que menos me interessa é obter êxito nessa empreitada? O que busco, de fato, é a minha autotransformação, sendo, ao mesmo tempo, o alquimista, o cadinho e o próprio metal. Sinceramente? Tenho que admitir que, em parte, eles têm razão! N a prática, estamos iniciando, neste mês de março, mais um ano maçônico, já que, antes do Carnaval, o país para e tudo se arrasta. Pouco ou quase nada se faz. Tal prática, lamentavelmente, foi adotada por inúmeras Lojas Maçônicas, transformando o breve recesso de final de ano em “Férias Maçônicas”. Não satisfeitos, à guisa dos maus políticos, optaram, também, por estendê-las até após o Carnaval. Observamos um distanciamento dos valores que devem ser pautados por uma Escola de Iniciação. Poderemos, de fato, afirmar que o ano maçônico se inicia em março, com o equinócio de outono (hemisfério Sul), conforme o calendário hebraico religioso, ou o astrológico, tendo, em nossos Templos, sua simbologia nas Colunas Zodiacais, iniciando em Áries, próximo ao Ir∴ 1º Vig∴, e fechando o Cinturão Zodiacal em Peixes, próximo ao M∴de Harm∴. Tal calendário foi adotado pelo Rito Adonhiramita, nos Graus Simbólicos, e, também, pelos Graus Superiores do R∴E∴A∴A∴, embora isso não venha a justificar que as Lojas fiquem sem atividades nos meses de janeiro e fevereiro. Perdoem-nos a sinceridade, mas isso é coisa de quem vê a Ordem como um mero clube de serviços! Já que estamos iniciando um novo ano, nada mais justo que o façamos com excelência. Ousaremos apresentar a mais nova Coluna de nossa Revista, “Estudo da Cabala”, inaugurando-a com a matéria “A Sabedoria Oculta da Cabala”, que, a partir desta edição, no que se refere ao tema, Revista Arte Real 49 Feitosa enriquecerá, em muito, os conhecimentos de nossos leitores. Baseado em textos do Rabino Michael Laitman, publicaremos matérias que visam a estimular seu estudo, importantíssimo para o real entendimento, em parte, de nossa simbologia e de nossos augustos mistérios. Outro ponto, para que solicitamos sua reflexão é quanto à presença da mulher na Maçonaria. Para tanto, estamos publicando a matéria “A Mulher na Maçonaria Brasileira”. Muitos se omitem em tratar desse assunto, extremamente polêmico, mas temos de admitir que é uma realidade e dar, sem partidarismo, a atenção merecida. Juramos respeitar nossas leis maçônicas e assim o faremos, porém, como “Livres Pensadores”, temos o direito - por que não dizer - o dever de investigarmos a verdade e de formarmos nossa própria opinião. Nossa intenção, tão somente, é induzi-los a pesquisar e refletir, profundamente, sobre os chamados “Landmarks”. A definição dos 25 Artigos, apresentados por Albert Mackey, desde sempre, foi muito contestada. A ponto de Maçons Ilustres, como Albert Pike, Oswald Wirth, Rob Morris, Roscue Pound, George Oliver, Findel, Grant, Nicola Aslan, Castellani, Xico Trolha, Henrique Valadares e tantos outros, discordarem em vários aspectos de Mackey. Sabe-se que, nos EUA, existem cerca de 18 compilações diferentes dos Landmarks, além de várias Grandes Lojas americanas que não adotam nenhum deles, sendo todas essas Potências, ditas, regulares. 2 Pedimos especial atenção para a matéria, de nossa lavra, “Os Chacras e sua Importância no Processo Iniciático”, onde relatamos uma singular experiência, através de fotos Kirlian (foto do corpo energético humano), realizada antes e depois de uma Cadeia de União. Ainda, na coluna Destaques, a matéria “A Estrela do Amanhã” chama atenção para o momento atual da humanidade, no que se refere à manifestação do Cristo Universal, o Avatara de Aquarius. Escolhemos, para abrilhantar a coluna Reflexões, a belíssima matéria “A Pobreza da Riqueza”, de autoria do ilustre Cristóvam Buarque, um retrato fidedigno da realidade brasileira, no que se refere à ganância, ao materialismo exacerbado, à cultura do “ter”, razão da tamanha injustiça social, geradora de tanta violência em inúmeros aspectos. Preferimos “iniciar” o ano maçônico assim, sem medo de sermos feliz, como arauto da Verdade, comprometido com a libertação dos grilhões da ignorância, sempre, informando com critério e elucidando os mais variados temas. Essa tem sido a bandeira que nos propusemos empunhar, e, enquanto o G∴A∴D∴U∴nos permitir, estaremos, orgulhosamente, à frente deste respeitável veículo de informação cultural, consciente de que somos, apenas, um canal de sua infinita Vontade. Até sempre!  Matéria da Capa OS CHACRAS E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO INICIÁTICO A chamos muito oportuna a publicação dessa matéria, pois, de certa forma, o tema desperta atenção para a importância do Poder da Palavra, em especial, para o poder de um Mantram, tema que tivemos a oportunidade de abordar em uma de nossas edições anteriores, além de elucidar sobre a importância desses Centros de Força, conhecidos no oriente por Chacras, fundamentais em nosso processo iniciático, embora muitos, ainda, não tenham conhecimento disso. Chacra é um termo sânscrito, que significa, literalmente, “Roda de Fogo”. Falar sobre Eles remete-nos a uma singular oportunidade em que nos foi possível constatar, na prática, através de fotos Kirlian, a existência do campo de força que envolve nosso corpo físico. Em uma reunião dos Graus Superiores, no Capítulo Rosa-Cruz Simon Bolívar, jurisdicionado à 1ª Região Litúrgica do RJ, há cerca de quinze anos, nosso Athersata, Irmão Júlio Gralha, 33º, experimentou fazer fotos do aura dos Irmãos, através da ponta do dedo, com a aludida máquina, Revista Arte Real 49 Francisco Feitosa especialmente preparada para tal. Kirlian, pesquisador russo, foi quem desenvolveu tal equipamento, em 1939. Hoje, dado o avanço tecnológico, pode-se fotografar o aura do corpo inteiro de uma pessoa com diagnósticos computadorizados, etc. Optamos por fazer uma foto antes e uma depois de uma Cad∴ de Un∴. O resultado foi fantástico. Na primeira foto, observamos certa desorganização no alinhamento das espirilas, que compõem o campo energético do corpo humano. Na segunda, apresentou uma melhor ordenação de tais espirilas, e a coloração era mais viva e definida. Uma forma concreta de afirmarmos a excelsitude das energias geradas em uma Cad∴de U∴. Tivemos a oportunidade de fazer várias palestras sobre o assunto e expor tais fotos, a fim de facilitar a compreensão do tema. Poucos percebem que esses Centros de Força, os Chacras, conscientemente ou não, são ativados em nosso processo iniciático. Quando, conscientemente, é claro, seu desenvolvimento se dá com mais excelência. Por consequência, melhor compreensão dos assuntos mais transcendentes e o despertar de nosso “Deus Interior”, sendo este o verdadeiro propósito de todas as iniciações. 3 Em Loja, interagimos com as energias de nosso Templo, o egrégora milenar da Ordem. As vibrações mentais por nós emitidas visam a alimentar esse egrégora, e, por força da Lei de Causa e Efeitos, somos beneficiados por seus influxos, absorvidos por nossos Centros de Força, realinhando-os e harmonizando-os. Os Chacras estão localizados em nossa veste etérica, além do corpo físico. No corpo físico, têm como correspondentes as glândulas endócrinas. Existe um estudo que os relaciona com as sete cores do arco-íris, os sete planos evolucionais, os sete sons vocálicos, as sete notas musicais, o Nome de Deus e as sete Igrejas da Ásia, citada no Apocalipse. No fim desta matéria, apresentaremos uma tabela de correspondências. O corpo etérico, corpo vital ou duplo etérico, como queiram chamar, apresenta-se, ao olhar clarividente, como uma nuvem de vapor, interpenetrando, sobressaindo em média 2,5 cm., envolvendo todo o corpo físico. Tem uma coloração cinza–azulada à cinzaviolácea, normalmente, variando conforme os aspectos de saúde, evolução espiritual, estado psicológico de cada pessoa. Tem forma de estrias. Sua função é absorver a energia vital, conhecida no Oriente por Prana, oriunda da natureza, principalmente do Sol, e abastecer o corpo físico, através dos Centros de Força, os Chacras. Embora existam vários Centros de Força em nosso Corpo, falaremos, apenas, dos Sete Chacras Principais Superiores, diretamente relacionados com o processo iniciático, cujo tema estamos abordando. Começaremos pelo Chacra Raiz, localizado na base da coluna vertebral, no cóccix. Visto pelos hindus, os Chacras são considerados como uma flor de lótus. Ao olhar de um clarividente, o Chacra Raiz está dividido em quatro partes, ou pétalas, conforme o conceito hindu, de cores vermelha e alaranjada, alternadamente. Nesse Centro de Força, reside a misteriosa energia de Kundalini, que, no homem comum, mantém-se adormecida. Quando essa força é ativada, sobe por três condutos etéricos, chamados de nadis, que percorrem toda a coluna vertebral até o chacra coronal, sobre a cabeça. As 33 vértebras da coluna do homem estão em analogia com os 33 Graus do R∴E∴A∴A∴, assim como os 33 anos em que o Avatara de Piscis, o Jesus bíblico, esteve manifestado na face da Terra. O Chacra Esplênico, o segundo, localizado na região do baço, dividide-se em seis partes, ou pétalas, nas cores vermelha, Revista Arte Real 49 alaranjada, amarela, verde, azul e violeta. Do seu centro, brota um botão de cor rosa. É o centro de distribuição da energia vital, Prana, a todos os demais Chacras. O terceiro Chacra, o Umbilical, localizado na região do plexo solar, está dividido em 10 pétalas de cores vermelha e verde, alternadamente. É o centro de força de ligação da consciência física à astral. Quando, plenamente, desenvolvido permite tornar o homem sensível às influências do mundo astral, aos ambientes ditos carregados. A maioria dos fenômenos, que as pessoas intuitivas observam, é devido ao grau de desenvolvimento desse Centro de Força, inclusive a visão de acontecimentos e a visitas a lugares distantes. O Chacra Cardíaco é o central dos sete. Está localizado sobre o coração. Apresenta-se dividido em 12 pétalas de cores amarelo-dourado. Sua função é transmitir energia reguladora e mantenedora para o coração. Alimenta, igualmente, os pulmões, tonificando o sangue, condutor das energias a todas as partes do corpo, as quais agem em cada célula do organismo. É o chacra do equilíbrio e do amor fraternal, cujo Simbolismo Maçônico, está contido na romã: anagramaticamente, ROMà é AMOR. A romã possui em média 613 caroços, unidos de maneira harmoniosa e fraternal, estando relacionados aos 248 preceitos positivos e aos 365 negativos do homem, citados no Pentateuco. O quinto, o Chacra Laríngeo, localizado na região da garganta, no Pomo-de-Adão, dividido em 16 pétalas na cor azul-elétrico, representa o centro de força da Vontade, que se reflete no centro das forças físicas. Une o Espírito à matéria. O Antakharana, assim chamado pelos hindus. Une os Mentais, concreto e abstrato. É o poder do Verbo, da Palavra, o que ratifica as palavras do Mestre Jesus: “O mal não é o que entra, mas sim o que sai na boca da homem”. É a palavra impulsionada pela Vontade. Nossos queridos IIr∴ AAp∴ e CComp∴, por não terem, ainda, discernimento de certos mistérios, e servindo-lhes de proteção para que suas palavras não se transformem em suas próprias sentenças, são, acertadamente, em muitas Lojas, privados de falar em Templo, só o fazendo “por graça” do Ven∴ Mestre. Esse Centro de Força, quando desenvolvido, traz, à consciência os sons provenientes do astral, tornando o homem clariaudiente. 4 Já o Chacra Frontal, localizado no entecelho (entre os olhos), dividido em 96 pétalas, sendo 48, na cor rosa, do lado direito, e 48, na cor violeta, do lado esquerdo, derrama suas energias sobre o cérebro, principalmente pelos órgãos da visão. Está ligado ao Amor Universal e à Intuição. Corresponde ao centro onde se formam os pensamentos e as imagens criadas pelo mental. Também, chamado de 3º Olho, Chacra da 3ª Visão, ou Olho de Shiva. No Egito, era representado pelo “Ureu”, a Serpente Sagrada, usada na testa dos Faraós. O Príncipe Sidarta Gautama, o Budda, quando despertou esse Chacra, foi representado por uma enorme serpente, nadja ou ajna, emplumada, envolvendo-o. A glândula Pituitária é ativada por ele e está ligada ao despertar da clarividência superior, ou a abertura da 3ª visão. Quando desenvolvido, possibilita a visão astral, determinando a faculdade da clarividência. O sétimo, o Chacra Coronal, localiza-se sobre a cabeça, sendo o único que trabalha horizontalmente. Apresenta-se como um Centro de Força duplo, com 972 pétalas, sendo 960 na cor púrpura e 12 na amarelo-dourado, como uma réplica do Chacra Cardíaco. Também, conhecido como lótus de mil pétalas. Como um Chacra duplo, representa a mente superior e a mente inferior, mente e emoção, realizadas no trabalho da alma no Chacra Cardíaco. Está representado nas imagens dos santos da Igreja Católica, como uma auréola, que lhes cobre as cabeças. Esse Centro de Força, ao ser iluminado, representa a identificação com Deus, o discípulo sente vibrar Atmã, torna-se um Cristo, Há cerca de quinze anos, recebemos vários convites para proferir palestras sobre o tema, quando aproveitamos para elucidar sobre a função de nosso Ovo Áurico, sobre cuidados que devemos ter e da importância de não buscarmos, sem uma orientação de um mestre no assunto, o desenvolvimento desses Centros de Força e o consequente despertar de Kundalini. Na ocasião, um Iluminado. Os Chacras Coronal, Frontal e Laríngeo, expressam o Espírito do homem na sua manifestação trina. Os Sete Chacras, completamente desenvolvidos pelo Iniciado, fazem-o atuar nos “sete mundos”, sete planos. Relacionando, simbolicamente, o desenvolvimento dos sete chacras à nossa Ordem, temos o Ven∴Mestre, que, ao ser instalado no Trono de Salomão, vence os sete degraus que o antecede (os sete planos de evolução), recebendo de um Querubim, a Espada Flamígera, símbolo do despertar e do controle da energia serpentina de Kundalini, que há de abrir a Porta do Éden (Jorge Adoum – Mago Jefa). Esse Centro de Força produz, no homem, o Poder, a Fortaleza e a Sabedoria Divina, origem de todas as coisas, desde a mais sutil até a matéria mais densa. É com ele que, com um meneio de cabeça, saudamos o Delta Sagrado ao cruzar o eixo da Loja. Também, sobre esse Chacra, recebemos, no A∴dos Jur∴, a Bat∴ do Grau, do Malh∴na Esp∴ Flam∴, por sobre a nossa cabeça, despertando nossa Glândula Pineal, representando a abertura de nossos Portais Internos. Na sétima carta à Igreja de Laodiceia, diz: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu Trono; assim como venci, e me assentei com meu Pai no seu Trono” (Apoc. 4; 21). O despertar desses Sete Centros de Força é a ruptura dos 7 Selos do Livro, de que nos fala João Evangelista, no mesmo livro de Apocalipse. Apresentaremos, a seguir, uma tabela com diversas correspondências com esses Centros de Força: Chacras Nome em Sânscrito Planos Evolucionais Glândulas Endócrinas Pétalas da Flor de Lótus Cores do Arco-íris Coronal Sahashara Crístico Pineal 972 Violeta I SI J Laodiceia Frontal Ajna Intuitivo Pituitária 96 Índigo É LÁ E Filadélfia Laríngeo Vishuda Mental Abstrato Tireóide 16 Azul Ê SOL H Sardis Cardíaco Anahata Mental Concreto Timo 12 Verde Á FÁ O Thiátira Umbilical Manipura Astral Suprarrenais 10 Amarelo à MI V Pérgamo Pâncreas 06 Alaranjado O RÉ A Smirna Gônadas 04 Vermelho U DÓ H Éfeso Esplênico Svâdhichthana Físico Etéreo Raiz Muladhara Físico Denso ensinamos uma prática simples, que poderá ajudar a desenvolvêlos, através da Oração do Senhor, conhecida como Pai Nosso, Revista Arte Real 49 Som Nota Nome vogal Musical Divino Igrejas do Apocalipse verdadeiro Mantram, ensinado pelo Mestre Jeoshua Ben Pandira, iniciado nos mais altos graus, junto aos Essênios. 5 São Tomás de Aquino chamava-a de “a oração perfeitíssima”, enquanto Tertuliano a considerava a síntese de todo o evangelho. Trata-se da récita da oração, em sua versão latina, já que seu original está em aramaico tardio, e da mentalização dos Chacras em seu movimento giratório, no sentido horário, como informaremos a seguir. Colocando-se em pé, voltado de frente para o Norte (sabe-se onde se encontra o Norte, colocando-se de modo que a nascente do Sol fique à nossa direita), iniciando a oração, dividida em sete partes, à guisa dos sete Chacras, recitando cada parte e mentalizando o movimento horário do Chacra correspondente, nas cores citadas acima, quando descrevemos cada um deles. “Pai Nosso que estais no Céu (Coronal), santificado seja o vosso Nome (Frontal), venha a nós o vosso Reino (Laríngeo), seja feita a vossa Vontade assim na Terra como no Céu (Cardíaco). O pão nosso de cada dia nos dai hoje (Umbilical), perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (Esplênico), e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal (Raiz); Amém.“ Essas sete petições a Deus, ditadas por Jesus aos seus Apóstolos, durante o Sermão da Montanha, ensinando-os a orar corretamente, têm um poder incrível, se recitadas conscientemente.  Destaques A ESTRELA DO AMANHà O Trabalho e a Missão, em que estamos todos empenhados como Maçons, Gnósticos, Eubiotas, Rosa-Cruzes e quantos entendam o papel, representado junto ao Governo Oculto do Mundo, como brasileiros na construção da Nova Civilização e pela reconstrução do Mundo, avançam no tempo e no espaço como auspicioso augúrio, cuja concretização imediata sobrepuja as atuais concepções da vida e do homem sob todos os seus aspectos. Assim sendo, superam, também, as modernas condições sócio-culturais, bem como possibilidades e capacidades vigentes no “fim de um ciclo apodrecido e gasto”, no dealbar do Ciclo de Aquarius, rumo ao futuro. O mundo desvairado, demasiadamente agitado, está sem rumo, a humanidade vazia de um conteúdo ideológico-cultural não tem destinação objetiva. A incerteza, a dúvida, a necessidade e o medo atormentam e matam homens, ideias e instituições. Sob o peso da responsabilidade que nos cabe, dentro desse quadro, pela Missão que aceitamos e desejamos levar avante, aplaudimos todos os esforços, todas as tentativas de promover a preparação, a conscientização do homem de hoje, nesse momento ciclópico em que, certamente, manifestar-se-á o Espírito de Verdade. Não pretendemos conhecer todas as implicações, que um trabalho como esse pode suscitar, nem podemos avaliar a força, extensão e profundidade das afirmações que aqui fazemos, baseado em conhecimentos adquiridos no peregrinar da modesta vida iniciática, porém estamos certo de que todos aspiramos ao “Raiar de um Novo Mundo”, e essa reconstrução tem um preço e exige sacrifícios. O que presenciamos no mundo, nos dias de hoje, nada mais é do que o encontro do velho Ciclo de Piscis com o Ciclo de Aquarius, numa acomodação cármica, senão um ajuste de contas a que a humanidade decaída é submetida para renascer. Isso já aconteceu na época de Krishna, de Revista Arte Real 49 Buda, face aos Brâmanes, Kunaton e Jesus, o Nazareno. É triste o que presenciamos “sem entender” a razão de tanta crueldade, presente nos seres humanos, que já poderiam, depois de tantos sofrimentos passados, ter um estado de consciência para , com Amor e Sabedoria, amarem-se uns aos outros. Chamemos de Avataras – Grandes Iluminados, Mentores da Humanidade ou outro nome que queiram dar a Esses Seres, sempre disponíveis a se humanizarem, no momento em que a Lei que a tudo e a todos rege decair, trazendo sua tônica, para levantar as possibilidades evolucionais da humanidade. 6 Todos os instrutores, em síntese, fizeram parte do trabalho impulsionador da Mônada, no Itinerário de IO, na marcha da civilização, para eclosão da volta do Crestos, do Cristo Universal, da Estrela do Amanhã, do Senhor Maitreia, do Buda Síntese, o que ocorrerá em terras do Brasil. As Escolas Iniciáticas rendem culto aos antepassados na personalidade dos Mestres, Grandes Iniciados ou Grandes Instrutores, Filósofos, Grandes Iluminados, os construtores da mente e do coração dos homens no sentido de proporcionar seu bem-estar, elevando, com suas tônicas, o estado de consciência da humanidade que constitui o corpo ideoplástico de Jeová, o Grande Arquiteto do Universo. A Ordem Maçônica, como uma das expressões da Obra do Eterno na face da Terra, exibe, em seu Templo Nobre, a cripta dos Grandes Filósofos, ou Grandes Instrutores, Avataras – complementamos - iniciando-se com Confúcio, o primeiro a formular a máxima : “Não faças a outrem o que não queres que te façam”; Zoroastro ou Zaratustra, que ensinou aos homens repelir toda idolatria e só adorar o Senhor Onisciente, Ormuzd, semelhante à Luz pelo Corpo e pelo Espírito de Verdade; Gautama, o Buda, que o possível fez para abrir aos homens o caminho que condutor da extinção do sofrimento; Moisés, o salvo das águas, que comunicou, do alto do Sinai, os Mandamentos constituintes da base moral da humanidade; Hermés, o Trismegisto, o Três Vezes Poderoso, que disse: feliz o que puder dizer a seu coração, ao entrar no Mundo de Duat ou o de Agharta: estou limpo e puro, não pequei; Platão, discípulo de Sócrates, que ensinou aos homens a conhecerem a si próprios; Jesus de Nazaré, que deu sua vida pela salvação dos homens e proclamou o direito de consciência dos mesmos, para se desfaze dos intermediários nos seus entendimentos com o Pai Celeste; Maomé, o profeta por excelência do Islã, que disse que a santidade não consiste em voltar, na prece, a face para o Oriente ou para o Ocidente, mas em fazer, por amor a Deus, a caridade aos órfãos, aos pobres e aos forasteiros; finalmente, a Estrela que indica: Eu sou o amanhã. Os judeus esperam o Messias; os muçulmanos, o Nahdi; os cristãos, a volta de Cristo, o Cristo Universal, o Crestus para os Rosa-Cruzes; para os hindus, os 14 Avataras de Vishnu; para os budistas, Maitreia, o próximo Buda, que, como Espírito de Verdade, encarna-se de tempos em tempos, para o triunfo dos bons e destruição dos maus, dizendo: “tenho todos esses nomes e, ainda, outros mais terei, porque a cadeia hermética nunca foi quebrada”. Revista Arte Real 49 Nas concepções da Maçonaria, da Rosa-Cruz ou da Teosofia Eubiótica, do Professor Henrique José de Souza, como universais que são, constituídas de livres pensadores, exaltam-se todos os Grandes Instrutores, Iluminados ou Avataras, sem induzir ninguém a seguir este ou aquele como fonte de uma religião. Sintetizando as tônicas avatáricas, quando se fala da Grécia se evoca a beleza, a política; do Egito, a religião; da Índia, o conhecimento, o Dharma, a Lei justa; da Pérsia, a pureza, a luz; da Caldeia, a ciência; da China, a ordem; de Roma, a fidelidade. Essas tônicas, como uma síntese harmônica, um todo no inconsciente coletivo da humanidade, desenvolvidas até a presente data, foram a preparação para a manifestação da Estrela do Amanhã, cuja tônica será a da Concórdia Universal entre os povos, com um só idioma, um só governo, um só padrão monetário, uma só religião, a da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e o amor consciente entre todos os seres humanos. “Não haveria evolução, se os Avataras se manifestassem pronunciando sempre as mesmas palavras” (JHS). Muito tempo passou, desde a época em que, no Planeta Terra, tornouse necessário adotar o Sistema Avatárico, ou dos Grandes Instrutores da Humanidade, das Estrelas - dizemos nós - como único recurso capaz de manter a humanidade no caminho evolucional, conservando, sempre, acesa a chama que harmoniza a evolução do conjunto humano-planetário-cósmico. Anteriormente, a direção do Planeta era exercida na Face da Terra, onde os Homens e os Seres Divinos formavam um binômio, sempre, harmonizado com as Leis da Natureza e com as Leis Universais, numa evolução equilibrada. Assim, transcorreu a evolução das Raças-Mães, que a tradição chamou de Adâmica, hiperbórea, Lemuriana e Atlante. “Evoluir é transformar vida energia em vida consciência” (JHS). Portanto, a tendência evolucional é fazer cada ser construir o seu próprio destino e se tornar autosuficiente, adquirindo, do grande reservatório universal, todas as condições e meios que permitam obter a sua autodireção, realizando a individualidade, divinizando-se. Conclui-se, daí, que, com o passar do tempo, a Mônada, Chispa Divina, se vai individualizando, e, gradativamente, os seres se vão desgarrando do conjunto Uno inicial e passando a edificar sua própria consciência, ou Mônada Individualizada. 7 Essa transformação é lenta e constante, processandose nos laboratórios da própria natureza, “onde nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”, como disse Lavoisier. Nessa continuidade evolutiva, o ser individualizado se transforma; superando suas próprias tendências de teor negativo, que servem de adubo à sua evolução, constrói, por esforço próprio, a sua divinização, esplendendo, finalmente, em Amor-Sabedoria, binômio, que caracteriza os deuses. Eis aí realizada a sublime trilogia: Superação -Transformação- Metástase, segundo a Teosofia Eubiótica. Compreende-se, pois, que a Evolução é o somatório de ciclos evolutivos, maiores e menores, que se sucedem no tempo e no espaço, interpenetrando-se perfeitamente, sem interrupção em sua sequência, que se revela normal e lógica. Assim, as Raças-Mães limitaram grandes ciclos evolucionais, cada um caracterizado pelos acontecimentos da época e do local, condizentes com o estágio da evolução. Desse modo, formaram-se as civilizações da face de nosso Planeta, que tiveram suas fases épicas cantadas em prosa e verso pelos historiadores de todos os tempos. A Índia, dos Brâmanes, a China, de Fo-hi, Confúcio, LaoTsé, etc., a Grécia, de Orfeu e tantos outros, o Egito, de Kunaton, Hermés, o Trismegisto, etc, a Inglaterra, da Távola Redonda, Portugal, da misteriosa Sintra e da Escola de Sagres, do Infante Dom Henrique, berço dos grandes navegadores; a França, de Joana D’Arc, a Alemanha, de Christian Rosenkreutz; o México, o Peru e, praticamente, quase todas as nações do mundo, com suas relíquias históricas, viveram, como também a Fenícia, de Badezir, as três fases naturais da existência: o alvorecer, o meio-dia e o anoitecer. Hoje, chegou o início da vida esplendorosa do Brasil. Dizia o Professor Henrique José Souza: “Civilização é um conjunto de povo e cultura localizados no tempo e no espaço”. E a História Universal está aí, mostrando a realidade dessa definição. Em todas as épocas, onde quer que exista um aglomerado populacional, há, sempre, um Ser que se destaca dos demais, pelo seu grau de espiritualidade, pelo seu senso de religiosidade, em torno do qual se reúnem os demais, principalmente, quando se trata de resolver assuntos “que só Deus pode solucionar”. Revista Arte Real 49 Até no meio indígena, há um ser desse valor espiritual, o Pajé, o índio que tem ligações com Deus, que vê aquilo que os demais não veem, que tem poderes de cura, de previsão do futuro da tribo, e outros mais transcendentais. Da mesma forma, em nenhuma oportunidade, a humanidade ficou viúva dos Deuses, mesmo depois da queda da Atlântida, cuja catástrofe teve início há 850 mil anos passados, vindo a terminar há 9.564 anos a.C., com os movimentos sísmicos e cósmicos, que geraram o chamado Dilúvio. Daquelas épocas para os nossos dias, estabeleceu-se um sistema evolucional diferente: somente de tempos em tempos ou de ciclos em ciclos, os Grandes Instrutores ou Seres Divinos, passaram a vir à Face da Terra, ditando a tônica do ciclo seguinte, ou as “Tábuas da Lei”, para uma nova fase de evolução humana. Os Avataras cíclicos. “A doutrina dos Avataras é de grande importância para que possamos compreender, perfeitamente, o trabalho que se desenvolve desde o início do século IX, em terras do Brasil, berço da nova civilização. Essa doutrina nos esclarece quanto ao entrosamento da manifestação da Vida Universal, vivenciada pelas humanas criaturas e nos oferece elementos primorosos, que nos permitem compreender o motivo pelo qual a Divindade, a Suprema Consciência Universal, o Deus Único e Real, o Supremo Arquiteto, se projeta nos diversos planos do Universo e nos diversos setores da Vida; orienta-nos, mostrando como proceder para que possamos receber as sublimes vibrações dos Avataras ou Grandes Instrutores Cíclicos; dá-nos uma ideia de como se processa a progressiva evolução espiritual da humanidade, senão da Mônada, através dos ciclos. Graças a essa teoria, possuiremos elementos que permitem nos qualificar como participantes da evolução monádica, ou do princípio crístico, chamado pelos hindus de Atmã, da maravilhosa Hierarquia Humana. O processo de “Avatarização” oferece poder e capacidade às humanas criaturas para que se tornem divinas e se confundam um dia com a causa que as gerou. Os Avataras ou Grandes Instrutores têm como objetivo principal trazer a Essência Divina, Cósmica, para a Face da Terra. Dar forma inteligente à Energia (ou Essência) donde tudo e todos se originaram. Transformar o abstrato em um elemento de ação, de Lei física.  8 VISÃO ESOTÉRICA DO CASAMENTO João Camanho “E a costela, que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. ” (Gênese 2: 22.) N essa transcrição bíblica, de forma velada, há mistérios de milênios, referentes à antropogênese. Ao criar o homem, Deus o fez andrógino, mais tarde, separando os sexos. Daí, o mito de Adão e Eva. Revivendo tal mito, ainda que de forma inconsciente, nos dias de hoje, temos a instituição do casamento: ato solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes, com legitimação religiosa e/ou civil. Em nossa travessia existencial, vivemos à procura de nossa cara-metade, ou, como dizem os poetas, nossa alma gêmea. Quando a encontramos, contudo, não conseguimos perceber a grandeza desse momento, que, para se eternizar, exige tolerância, desprendimento e, sobretudo, muito amor. Ao falarmos de amor, referimo-nos ao Mandamento maior, pregado pelo Divino Mestre no Sermão da Montanha:”Amai-vos uns aos outros”. Trata-se do Amor-Sabedoria, de cunho universal, onde só pode haver doação; trata-se do amor platônico, que transcende os limites da vida material. Em um dos seus imortais sonetos, uma síntese poética do episódio bíblico, a história de Jacó e Raquel, Luís de Camões, o genial vate do Renascimento lusitano, fala-nos desse sentimento espiritualizado, um hino ao amor platônico: “Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos, Dizendo: Mais servira se não fora para tão longo amor tão curta a vida!” O Excelso Mestre, Professor José Henrique de Souza, fundador e mentor espiritual da Sociedade Brasileira de Eubiose, pontificava: “Através da boa literatura, o homem pode alcançar as mais elevadas alturas do conhecimento, já que, em seu bojo, ela traz luz e sabedoria”. No tocante aos enlaces matrimoniais, que, por serem alicerçados, lamentavelmente, em interesses pessoais e materiais, têm curta duração, não poderíamos encontrar melhor exemplo literário, em cujos versos todos devem inspirar-se para a preservação da família, essa pequena célula da sociedade, que, nesse mundo conturbado, vem Revista Arte Real 49 degradando-se a passos céleres. Diante do exposto, caríssimos nubentes e casais, que nos honram com suas visitas aos nossos textos, só nos cabe deixá-los beber algumas gotículas dessa fonte fecunda e infinita, a Sabedoria Iniciática das Idades ou Doutrina Esotérica: viver os momentos a dois com amor é pura arte; superar as vicissitudes é plena sabedoria. Com arte, para amar, e sabedoria, para superar, a caminhada de vocês, com certeza, será abençoada pelo G.:A.:D.:U.:, tornando-se, pois, duradoura e coroada de êxitos.  9 Informe Cultural III ENCONTRO MAÇÔNICO SUL MINEIRO A Maçonaria, no Sul de Minas, nos últimos anos, tem ascendido, consideravelmente, no que se refere à integração e à cultura! Há quinze anos, surgia, como um fio de um colar unindo suas contas, o Pacto Maçônico Sul- Mineiro. Um trabalho magnífico, com o propósito de integrar todas as Lojas Maçônicas das três Potências (GLMMG, GOB-MG e GOEMG), reunindo-as trimestralmente, a fim de atender aos diversos interesses da Maçonaria na região. Há três anos, estavam sendo fundados e reativados os Altos Corpos, ligados ao Supremo Conselho do Grau 33º da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, trabalho muito promissor, que veio a culminar com a criação de mais uma Região Litúrgica no Sul de Minas, a 14ª. Quase que simultaneamente, os Irmãos da A∴R∴L∴S∴ Frat∴ Cleuton Cândido Landre, n° 298, do Oriente de Alfenas, MG, criaram o ENCONTRO MAÇÔNICO SUL-MINEIRO, evento que viria, assim como os anteriormente citados, mudar, positivamente, a história dessa região. Já em sua primeira edição, em 2009, o nível das palestras, o altíssimo padrão de organização, a dedicação, a seriedade e o profissionalismo de seus organizadores, mostravam o salto qualitativo que a região iria dar com as futuras edições. Em 2010, foi realizada sua 2ª edição, e, mais uma vez, todas as expectativas foram, em muito, superadas. Reunindo palestrantes do RJ, SP, MG, o Encontro despertou o interesse do Povo Maçônico ao receber uma Edição Especial e exclusiva de nossa Revista. Este ano, também, com o apoio cultural da Revista Arte Real, que, mais uma vez, criará uma edição especial e exclusiva para o Encontro, sua realização receberá um apoio de peso, o Pacto Maçônico Sul- Mineiro, que reúne a grande maioria das Lojas Sul Mineiras. Além disso, conta com o prestimoso apoio da GLMMG, através da Loja de Estudos e Pesquisas Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda, do Oriente de Belo Horizonte. O temário para este ano será “MAÇONARIA E RELIGIÃO – Encontros e Desencontros”, que será defendido através de painéis por palestrantes do RJ, SP e MG. Escritores e acadêmicos como Denizart Silveira, José Airton de Carvalho, Francisco Feitosa, Fuad Hadad, Juarez D’Ávila, Leonel Andrade e outros, já estão confirmados. O evento, que será realizado na cidade de Alfenas, de 27 a 29 de maio, vem tomando proporções cada vez maiores, alimentando as expectativas de todos. Posteriormente, disponibilizaremos a programação completa. Acesse o link http://encontromaconico.fraternidadecleuton.org/ Temos um Encontro marcado em Alfenas, MG!  I CONGRESSO INTERNACIONAL DA GLMMG V em aí, o I Congresso Internacional da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais! De 6 a 9 de abril de 2011, Belo Horizonte será a Capital Maçônica Mundial, com a presença de várias delegações de todo o Brasil e do exterior. Como parte da programação, será comemorado o 182º aniversário do Supremo Conselho do Grau 33º do R∴E∴A∴A∴ da Maçonaria para a República Federativa do Brasil. Maiores informações no site da GLMMG: http://www.glmmg.org.br/  “ A ab el ha e o b es our o, curi osam en te, e xtra em da me sma f on t e su as ma téri a s- pri mas, sen do qu e, d el as, uma f az o m el , o o utr o, o seu v en en o. Ca be- n os, aqui , u ma pr of un da ref l exã o so br e co mo n os co mpor tarm os di an te da s i n usi tada s si tu açõ es q ue a v i da n os of erec e! ” Feitosa Revista Arte Real 49 10 Estudo da Cabala A SABEDORIA OCULTA DA CABALA O homem, sempre, procurou respostas às perguntas básicas da existência: Quem sou? Qual é o propósito de minha existência? Por que existe o mundo? Seguimos existindo depois que o corpo físico completou sua tarefa? Cada um, à sua maneira, tenta responder a tais perguntas a partir das fontes de informação de que dispõe. Cada um de nós formula sua concepção do mundo a partir de sua experiência. A realidade e a vida cotidiana encarregam-se de pôr à prova, constantemente, essa percepção, obrigando-nos a reagir, melhorá-la, ou então, mudá-la. Alguns o fazem conscientemente, em outros, ocorre como um processo inconsciente. A necessidade de efetuar mudanças e de procurar respostas provém do desejo de receber prazer e de evitar o sofrimento. As leis da natureza, nossa experiência de vida e a conduta das criaturas viventes nos ensinam que não existe um modo lógico de evitar, por completo, o sofrimento. Nesse sentido, somos iguais aos demais seres vivos. Uma vaca, uma rã ou um peixe, também, procuram, à sua maneira, a maior quantidade de prazer com a menor quantidade de esforço. As questões essenciais a respeito do homem agregam outra dimensão ao sofrimento humano. Não nos permitem nos sentirmos satisfeitos mesmo depois de termos alcançado tal ou qual objetivo particular. Ao atingirmos a meta ansiada, sentimos, rapidamente, a carência Revista Arte Real 49 Michael Laitman de algum outro prazer. Isso nos impede de desfrutarmos nossas conquistas, reativando, assim, o nosso sofrimento. Vemos, retrospectivamente, que gastamos a maior parte do tempo esforçando-nos por atingir nossos objetivos, obtendo muito pouco prazer pelo sucesso em si. Nos últimos anos iniciou-se uma busca em massa a nível mundial por respostas. Muitos se voltam para o longínquo Oriente e para a Índia em busca da verdade. Alguns encontram satisfação temporária mediante técnicas e procedimentos de relaxamento ou de redução do sofrimento por minimização das expectativas e da força do desejo. Essas ações, meramente, camuflam o fato de que não se tem obtido satisfação. Diversas formas de meditação, alimentação e exercícios físicos e mentais aquietam os instintos animais do ser humano, permitindo-lhe sentir-se, fisicamente, mais confortável. Sente-se senhor de suas reações, desenvolvendo a autoconsciência. Aprende a escutar as necessidades de seu corpo e de sua personalidade e a satisfazê-las. Esse procedimento, que lhe ensina a diminuir suas expectativas, representa uma mera alternativa aos seus verdadeiros desejos. Em lugar de soluções, recebe anestesia local na fonte de seu sofrimento. Mas quando os efeitos da anestesia desaparecem, descobre que não pode ignorar a verdade: minimizar o desejo de receber prazer não nos permite escapar dele. Qualquer um que, tendo escolhido esse caminho, realizar um honesto autoexame, comprovará que, ainda, não atingiu o objetivo desejado – deixar para trás o sofrimento e encontrar prazer ilimitado. Há, também, aqueles que procuram uma explicação lógica do universo por meio da investigação científica. As leis da natureza e da conduta humana têm sido estudadas durante milhares de anos. Nos últimos cem anos, desde que o pensamento científico se tornou um instrumento de estudo legítimo dos fenômenos naturais do nosso mundo, têm-se alcançado significativos progressos. A ciência baseia-se em pressupostos lógicos, investigação confiável e dados quantificáveis. O progresso que trouxe ao mundo é inegável, mas limitado. O que não pode ser medido por instrumentos científicos fica fora de seu alcance. A alma do homem, sua conduta e suas motivações se encontram fora dos limites de um autêntico estudo científico. 11 Ainda, no campo das ciências naturais, os pesquisadores e cientistas modernos descobrem que, à medida que avançam em suas investigações, mais escuro e confuso se torna o mundo que vão encontrando. Os textos científicos mais avançados se parecem, cada vez mais, com tratados místicos, ou, pelo menos, com ficção científica. Não é de se estranhar que haja tantos fanáticos por ficção científica entre os cientistas. Mas a ficção não oferece soluções - deixa os que buscam o verdadeiro caminho sem respostas, confusos e frustrados. Ao longo das gerações, os cabalistas têm escrito muitos livros em diversos estilos, de acordo com a época em que lhes competia viver: a linguagem da Bíblia (que inclui os cinco livros de Moisés, os Escritos e os Profetas), a linguagem das lendas, a linguagem jurídica e a linguagem da Cabala, um modo de descrever o sistema espiritual dos mundos superiores e a forma de alcançá-lo. Quatro linguagens ao todo, criadas para introduzir-nos em nossa realidade espiritual. Não se trata de caminhos diferentes, mas de aspectos do mesmo tema, em diferente formato. Explicam como avançar no mundo espiritual e como este está construído. A Bíblia e outras fontes espirituais autênticas foram reveladas para ensinar-nos como agregar a esse mundo a vivência da esfera espiritual, como progredir nela, estudá-la e receber conhecimento espiritual. Baal HaSulam escreveu em seu livro Frutos da Sabedoria: "A sabedoria interna da Cabala é a mesma que a da Bíblia e a do Zohar, e a única diferença entre elas está em sua lógica particular. É como uma língua antiga traduzida para quatro idiomas. Resulta, evidentemente, que a sabedoria em si não mudou em absoluto com a mudança do idioma. Tudo o que temos que considerar é qual das cópias será a mais conveniente e amplamente aceita para ser transmitida". Os cabalistas utilizaram objetos materiais de nosso mundo – termos que nos são familiares - para descrever o reino espiritual. Eis aqui a possibilidade (e o perigo) de a pessoa equivocar-se em seu estudo, imaginando representações materiais de nosso mundo que não existem em absoluto na espiritualidade. Este texto se dirige a todos aqueles que buscam consciência, que, ainda, não se esqueceram do que cada um se pergunta, de uma forma ou de outra, em sua solidão. É para aqueles que buscam um método lógico e confiável para estudar os fenômenos do mundo. conhecer a si mesmos, em compreender as razões do sofrimento e do prazer e em encontrar respostas para as grandes questões de sua vida. A Cabala é um método preciso para investigar e definir a posição do ser humano no universo. A sabedoria da Cabala nos diz por que existe o homem, por que nasce, por que vive, qual é o propósito de sua vida, de onde vem e para onde vai quando completa sua vida nesse mundo. É um método para alcançar o mundo espiritual. Ensina-nos a respeito do mundo espiritual, e, ao estudá-la, desenvolvemos um sentido adicional. Com a ajuda desse sentido, podemos estabelecer contato com os mundos superiores. Não é um estudo abstrato ou teórico, pelo contrário, muito prático. O homem aprende a respeito de si mesmo, quem é e como é. Ele aprende o que deve fazer para mudar, etapa por etapa, passo a passo. A sua investigação direciona-se ao seu mundo interior. Toda a experimentação ocorre no homem, dentro de si mesmo. É por isso que a Cabala se denomina "A Sabedoria Oculta". Através dela, a pessoa sofre mudanças internas, ocultas aos olhos dos demais, que só ela sente e sabe que estão ocorrendo. Essa atividade, própria, específica e peculiar ocorre em seu interior, e só ela tem conhecimento do que ocorre. A palavra "Cabala" vem da palavra hebraica "lekabbel", que significa “receber”. A Cabala descreve os motivos das ações como "o desejo de receber". Esse desejo se refere a receber diversos tipos de prazeres. Com o objetivo de receber prazer, uma pessoa está, geralmente, disposta a fazer um grande esforço. A questão é: como atingir o máximo prazer pagando o mínimo preço? Cada um tenta responder a essa pergunta à sua maneira. Esse desejo de receber se desenvolve e cresce, segundo uma ordem determinada. No primeiro estágio, deseja-se o prazer dos sentidos. Depois, busca-se o dinheiro e a honra. Um desejo, ainda mais poderoso torna a pessoa sedenta de poder. Mais adiante, quem sabe, poderá surgir um desejo muito especial, no pico da pirâmide dos tipos de desejos que podemos possuir: a espiritualidade. Quem reconhece a força desse desejo, começa a procurar os meios de satisfazê-lo. Ao passar pelas etapas do desejo, a pessoa se familiariza com suas habilidades e limitações. É, simplesmente, uma introdução aos princípios do enfoque cabalístico. É um primeiro passo para o entendimento das raízes da conduta humana e das leis da natureza. Apresenta as bases da sabedoria da Cabala e seu modo de ação. Dirige-se a todos que estejam interessados em Revista Arte Real 49 12 Maravilhamo-nos diante das experiências do doce, do amargo, do agradável, do áspero, etc. Não conseguimos construir instrumentos científicos para examinar nossos sentimentos, nem sequer no campo da Psicologia, da Psiquiatria e demais Ciências Humanas. Os fatores da conduta permanecem ocultos ao nosso entendimento. É um sistema para avaliar, cientificamente, nossos desejos: toma todos os nossos sentimentos e desejos, os divide e dá uma fórmula matemática exata para cada fenômeno, a cada nível, para cada tipo de compreensão e de sentimento. É um trabalho de sentimentos combinado com o intelecto. Para os iniciantes, utiliza geometria, matrizes e diagramas. Quando se estuda a Cabala, começamos a reconhecer nossos sentimentos e a entendê-los. Os que avançam encontrarão uma ciência muito exata que examina os sentimentos. Saberão que nome lhes dar, segundo sua força, direção e caráter. A sabedoria da Cabala é um método antigo e comprovado, pelo qual o ser humano pode receber uma consciência superior, atingindo a espiritualidade. Esse é seu real objetivo no mundo. Se alguém sente um desejo e um anseio por espiritualidade, poderá dar-lhe vazão mediante a sabedoria da Cabala, outorgada pelo Criador. A palavra "Cabala" descreve a meta do Cabalista: atingir tudo aquilo de que o ser humano é capaz, como ser pensante e a mais elevada de todas as criaturas.  *Extraído do livro “Um Guia à Sabedoria Oculta da Cabala”, tradução da versão em inglês “The Hidden Wisdom of Kabbalah with ten complete Kabbalah lessons”, de autoria do Rabi Michael Laitman. Trabalhos A MULHER NA MAÇONARIA BRASILEIRA O Vera Facciollo objetivo deste trabalho é lançar um pouco de luz sobre alguns aspectos históricos malconhecidos do movimento maçônico feminino no Brasil. Apenas, para introduzir o tema, vale a pena recordar as origens desse movimento no contexto mundial. É bastante conhecido o episódio da iniciação da Srta. Marie Deraismes na Loja Libres Penseurs, dependente do Grande Oriente da França, na cidade de Percq, em 1882, em cerimônia presidida pelo Venerável George Martin. Essa cerimônia é considerada uma espécie de marco inicial de um movimento progressista e renovador, que culminou com a fundação da que se chamou Grande Loja da Maçonaria Simbólica Escocesa "Le Droit Humain" (hoje, Ordem Maçônica Mista Internacional "Le Droit Humain"). Posteriormente, expandiu-se para um Supremo Conselho Internacional, com sede em Paris. Atualmente, está estabelecida em muitos países, onde mantém Federações de Lojas com governo próprio, mas sob a jurisdição do mesmo Supremo Conselho. A primeira Loja na Inglaterra, como fruto dessa semente, foi fundada em 1902, em Londres, sob o nome Human Duty, e a primeira no Brasil foi instalada em 1919, no Rio de Janeiro, com o nome de Loja Ísis. Menos conhecido, entretanto, é o fato de que, já em 1775, foi eleita a Duquesa de Bourbon, Venerável da Loja Santo Antônio, na França, possivelmente, sob a inspiração e com a participação do Conde Cagliostro, uma figura estranha e controvertida, com certeza, vítima de perseguição e calúnia Revista Arte Real 49 conforme foi descoberto em pesquisa direta do processo pelo Irmão Franz Hartmann). Mas era, indiscutivelmente, um defensor da presença feminina nas iniciações, conforme prova a criação por ele, em 1786, na cidade de Lyon, do Rito Egípcio da Maçonaria Andrógina, cuja primeira Mestra Honorária foi a princesa Lamballe. Em 1786, na Rússia, a Imperatriz Catarina II presidia a Loja Clio. Entretanto, nenhum maçom culto pode negar que, historicamente, a Maçonaria é muito anterior ao século XVIII. E houve, sempre, mulheres participando dos antigos ritos, desde o velho Egito. Existe um mural bastante reproduzido atualmente, que retrata a recepção de um Adepto Osiriano, na postura exata do grau de Companheiro, numa cerimônia presidida por uma sacerdotisa. 13 Segundo Gervásio de Figueiredo, autor de um dos mais conceituados Dicionários de Maçonaria, "Se remontarmos a origem da Ordem aos antigos mistérios do Egito, Grécia e Roma, sem esquecer a Escola de Pitágoras, fundada em Crotona, em 529 a.C., calcada nesses mistérios e, depois, difundida pela Grécia, ali encontramos iniciados homens e mulheres, passando todos, igualmente, pelas mesmas provas e cerimônias". "Se, porém, preferirmos encurtar a idade da Maçonaria e situar sua origem nas Corporações Operativas da Idade Média, se, então, nada descobrimos expresso, claramente, a favor dessa tese, também, nada deparamos contra.". "Há provas de que a Maçonaria Operativa daquela época tinha, no mínimo, a colaboração feminina. Num documento, datado de 1390, em forma de versos, lê-se no art. 10, versos 203 e 204: "que nenhum mestre suplante outro, senão que procedam entre si como Irmão e Irmã". Assim, realmente, a primeira vez que a proibição à mulher surge é no Livro das Constituições, compilado e publicado em 1723 por James Anderson, presbítero anglicano e Grande Vigilante da Grande Loja de Londres, repetida mais tarde no Landmark nº 18, compilado por Mackey em sua Enciclopédia, e que acrescenta as mulheres à mesma categoria dos escravos e dos aleijados para fins de ingresso na Ordem. Tal proibição, no entanto, não impediu em nada, como se vê, o crescimento das Lojas Mistas ou Femininas e não intimidou os homens de visão em todo o mundo, que não só participaram e frequentaram tais Lojas, como também estimularam e promoveram a fundação de muitas delas. Exemplo disso foi um maçom tão conceituado como Oswald Wirth, sob cuja orientação se faz hoje boa parte da decoração de nossos Templos: ele pertencia a Lojas Mistas e foi fundador de diversas Lojas Mistas no Chile, conforme nos atesta o Ex- Soberano Grande Comendador do Grau 33º da Grande Loja Mista do Chile, nosso ilustre nonagenário Irmão Luís Brucher Encina (hoje falecido), seu contemporâneo e companheiro nas lutas maçônicas desse país durante alguns lustros. Mas, vejamos como a mulher entrou na Ordem Maçônica no Brasil: homens de uma extraordinária visão e cultura universal dirigiam os destinos dos, então, existentes Grande Oriente do Lavradio e Grande Oriente dos Beneditinos. Seres do porte de um Visconde do Rio Branco e Joaquim Saldanha Marinho. A Monarquia agonizava, e a Maçonaria lutava em duas frentes: a abolição da escravatura e a preparação da República. Um vento de reformas e mudanças soprava em nosso país. E, na província de São Paulo, berço da Independência do Brasil, um fato inédito Revista Arte Real 49 ocorreu aos 14 dias de janeiro de 1871 - um grupo de homens fundou uma loja de mulheres. A Loja recebeu a designação significativa de 7 de Setembro, sendo, desde o início, uma Loja Capitular, e sua primeira Venerável Mestra foi a Sra. D. Francisca Carolina de Carvalho, sendo Secretária a Sra. Philadelpha Maria de Oliveira Paes, e a Oradora a Sra. Constantina Augusta de Oliveira Campos. Os fundadores da Loja eram irmãos pertencentes ao quadro das Oficinas Amizade, 7 de Setembro e América, do Grande Oriente dos Beneditinos, que, mais tarde, juntou-se ao Grande Oriente Unido do Lavradio, cuja fusão, em 1872, deu origem ao Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brasil. Em 10 de julho de 1872, a Augusta e Respeitável Loja Capitular 7 de Setembro recebeu uma Comissão de Regularização, que, em nome do Grande Oriente Unido do Brasil, concedeu o Breve Constitutivo, em obediência ao Decreto de 15 de dezembro de 1871. O presidente da Comissão foi o Venerável da Augusta e Respeitável Loja Capitular Amizade, o Ilustre Irmão Dr. Joaquim Augusto de Camargo. A título de Estatutos da novel "Loja de Adopção", constam dos Anais de 1871 a 1874 da Augusta Beneficente e Respeitável Loja Capitular 7 de Setembro, sob os auspícios do Grande Oriente Unido do Brazil, as dispensações regulamentares mandadas observar, provisoriamente, pelo Grande Inspetor Geral do Grau 33º, Antônio Egydio de Moraes. Em sessão econômica de 20 de abril de 1871, da Era Vulgar, foi concedido ao Respeitável Irmão João Baptista Paes o título de Membro Honorário. Diz a Carta: "À Muito Augusta e Respeitável Loja de Adopção 7 de Setembro, tendo, na devida consideração, vosso reconhecido mérito, serviços e mais qualidades, que vos adornam, como signal e prova da sua apreciação e reconhecimento do quanto vos deve como um dos fundadores desta Loja de Senhoras, a primeira em nosso Paíz ... resolveu conferir-vos o título de Membro Honorário desta Associação Maçônica..." etc. (respeitando-se a escrita da época). 14 Os discursos, proferidos por ocasião do Ato de Regularização, foram impressos e distribuídos entre os Irmãos e Irmãs. O discurso do presidente da Comissão de Regularização menciona em seu início: "Os Supremos Poderes da Maçonaria no Brazil, por decreto de 15 de dezembro de 1871, aprovaram a instalação de vossa Oficina, ... “autorizando a Fundação de Lojas da Maçonaria de Adopção no Círculo do Grande Oriente, ...e pelo breve Constitutivo, que vos concedem, fazem certa a vossa emancipação, vossa independência, mandando incorporar vossa Loja no Grande Quadro da Maçonaria e conferindo-vos iguais direitos e atribuições aos das oficinas de seu círculo. Estão, pois, no vosso domínio, todos os Segredos da Maçonaria, todos os seus Mistérios; cuidai deles, sois o mais precioso sacrário de tudo quanto a Maçonaria possui". O Ilustre Irmão Kurt Prober, em seu Cadastro Geral das Lojas Maçônicas do Brasil, dá-nos conta que essa Loja 7 de Setembro possuía, no Cadastro do Grande Oriente Unido, em 1875, o nº 134, e que, em 1878, era dirigida pela mesma Sra. D. Francisca Carolina de Carvalho, sendo Secretária a Sra. D. Guilhermina de Oliveira Campos. O autor nos dá como “desaparecida” a Loja antes de 1882. Não há, aparentemente, qualquer outro documento da mesma, que relate como isso aconteceu. O Cadastro de Kurt Prober nos mostra a relação completa das Lojas Femininas, fundadas sob a jurisdição do Grande Oriente, seus respectivos números de registro e datas de concessão das Cartas (ou Breves) Constitutivas. São nove ao todo, além da supramencionada 7 de Setembro, fundadas entre os anos de 1874 e 1903: Anita Bocayuva, em Campos, RJ; Estrela Fluminense, no Rio de Janeiro; Filhas da Acácia, em Curitiba, PR; Filhas de Hiram, em Juiz de Fora, MG; Filhas do Progresso, no Rio de Janeiro; Fraternidade, em Bagé, RS; Júlia Valadares, em São João da Barra, RJ; Perseverança, em Ouro Preto, MG; Theodora, em Barra de Itapemirim, ES. Delas, uma foi dissolvida, uma foi eliminada pela Ordem, três outras desapareceram, uma, ainda, teve seu pedido de regularização indeferido e as três restantes foram, sumariamente, extintas e suas Cartas Constitutivas cassadas por Ato do Grão-Mestre Quintino Bocayuva, em 25 de setembro de 1903. Hoje em dia, existem diversas Lojas Femininas ou Mistas por todo o Brasil, que operam de forma independente, ou filiadas a uma potência própria. Adotam ritos idênticos aos das Lojas masculinas e recebem, com gratificante frequência, a visita de irmãos de todos os Orientes, quando, então, são revividas, com todo o esplendor e beleza, as cerimônias realizadas pelos antigos Maçons do Egito, da Grécia, da Pérsia, de Roma e da Idade Média na Europa. Observação: Os dados históricos sobre as Lojas Femininas no Brasil, federadas ao Grande Oriente do Brasil, foram colhidos, diretamente, das suas Atas e do livro publicado na ocasião da fundação da Augusta e Respeitável Loja Capitular 7 de Setembro, no Vale de Tabatinguera, 18 livro este contendo os discursos proferidos na festiva data. Os arquivos e documentos mencionados se encontram no Museu do Grande Oriente do Brasil, em São Paulo, Rua São Joaquim, 457. Outras informações foram obtidas no Cadastro de Lojas Maçônicas do Brasil, de autoria de Kurt Prober.  *Trabalho apresentado no V Congresso Maçônico Internacional de História e Geografia, promovido no Rio de Janeiro, nos dias 9, 10 e 11 de março de 1990, pela Academia Maçônica Brasileira de Letras. A autora, Vera Facciollo, é a Grã-Mestra da GLADA – Grande Loja Arquitetos de Aquário. Reflexões A POBREZA DA RIQUEZA E Cristóvam Buarque m nenhum outro país, os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranquilos enquanto eles não chegam a casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de grades ou muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos. Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Revista Arte Real 49 15 Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros, que os ricos da Europa não conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que, ali por perto, arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro na porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois, continuar até ao bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou, depois, a caminho de casa. Felizmente, isso nem sempre acontece, mas, certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa ou apartamento. Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro, apenas, para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência. No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve, apenas, para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais, apenas, para se proteger da realidade hostil e ineficiente, consequência da injustiça social. A pobreza de visão dos ricos impediu, também, de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores Revista Arte Real 49 com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos, e não encontram quem os saiba manejar; vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados. Para poderem usar os seus caros automóveis, construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas têm dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença. Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave, que a maior parte deles não percebe. Por isso, a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras. Se percebessem a riqueza potencial, que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Essa seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza; os ricos, da vergonha, da insegurança e da insensatez. Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres, que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas."  16 Lançamentos “Esta bela Obra, verdadeiro manancial de sabedoria, é o fruto de um meticuloso trabalho de pesquisa, constituindo-se em valioso vademécum, com mais de 3000 verbetes e seus significados. Com cerca de 700 páginas, no formato 21,5 x 28,5 cm, este livro reúne o suprasumo das ciências maçônicas, dos ensinamentos das grandes religiões e de seus grandes Profetas, apresentando-se como um valiosíssimo auxiliar no estudo e na compreensão de nossos Arcanos. Recomendo como livro de cabeceira!” ? Feitosa. O autor é Desembargador Titular da Quarta Câmara Cível do TJRJ, Professor de Direito e Conferencista em cursos especializados em Perícias Judiciais, Presidente da Banca de Monografia na Escola de Magistratura – RJ e Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes Ana Amélia – ALCAN-RJ. “A Obra, em sua 2ª edição, como esclarece o próprio autor, está dividida em quatro partes, de forma a permitir abordagem abrangente, sistêmica, prática e detalhada sobre o tema. Por sua praticidade, clareza e objetividade, conjugadas ao seu ilustre valor didático e jurídico, a obra não poderia ser mais oportuna. Com ela o seu ilustre autor preenche uma lacuna que existia no tema enfrentado, coloca nas mãos dos operadores do Direito um valioso instrumento profissional e presta mais um relevante serviço à Justiça”. ? S érgio Cavalieri Filho - Desembargador do TJ/RJ. Trata-se de uma bela coletânea inédita, reunindo os principais trabalhos, nos mais variados temas, apresentados através de Palestras e de Peças de Arquiteturas, em Lojas e Academias Maçônicas nos últimos 2 anos. O autor, Irmão Paulo Simon, considera esta obra como o marco literário de sua ascensão ao Grau 33º, Grande Inspetor Geral. Antônio Bencz. Vale muito a pena conferir! ? Este livro não é, simplesmente, uma insólita viagem ao “Símbolo Perdido”, de DAN BROWN é mais que isso, é uma obra que sensibilizará você, leitor, a perceber a Sagrada Tríade utilizada pela Maçonaria sob o olhar dos três pilares da sabedoria e do conhecimento humano: a Filosofia, a Religião e a Ciência, cujos pilares não concorrem entre si, complementam-se.? A O Autor rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, para 16.672 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho. Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º Colaboradores nesta edição: Cristóvam Buarque – João Camanho - Michel Laitman – Vera Facciollo. Empresas dos Irmãos Patrocinadores: Adalberto Domingues Advocacia - Arte Real Software – CFC Objetiva Auto Escola – CONCIV – Corrêa de Souza Advocacia - Decisão Gestão Empresarial – Formadores de Opinião - Igor Multimarcas – Livro Moacir Pinto - Livro Paulo Simon – Livro Reinaldo Pinto – Livro João Gira - LocaTherra - López y López Advogados – MMF Brindes - Olheiros.com – Oxiferro - Pousada Mantega - Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Restaurante Oca dos Tapuias Santana Pneus – SivucaVig - Studio Allegro – Supply Marine - Teknologus. Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca /  (35) 3331-1288 / 8806-7175 Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição. Revista Arte Real 49 17