Nesta Edição
Capa – Os Chacras.........................................................................Capa
Editorial..........................................................................................2
Editorial
Matéria da Capa
- Os Chacras e Sua Importância no Processo Iniciático......3
Destaques - A Estrela do Amanhã..............................................6
- Visão Esotérica do Casamento.............................9
Informe Cultural - III Encontro Maçônico Sul Mineiro............10
– I Congresso Internacional da GLMMG....10
O Estudo da Cabala – A Sabedoria Oculta da Cabala.................11
Trabalhos
- A Mulher na Maçonaria Brasileira.......................13
Reflexões – A Pobreza da Riqueza............................................15
Lançamentos – Livros.................................................................17
Ficha Técnica................................................................................17
Técnica
Editorial
Chamam-me de louco ao me ver insistindo na eterna alquimia de transformar minhas
utopias em realidade. De que me chamariam se soubessem que o que menos me
interessa é obter êxito nessa empreitada? O que busco, de fato, é a minha
autotransformação, sendo, ao mesmo tempo, o alquimista, o cadinho e o próprio metal.
Sinceramente? Tenho que admitir que, em parte, eles têm razão!
N
a prática, estamos iniciando, neste mês de março,
mais um ano maçônico, já que, antes do Carnaval, o
país para e tudo se arrasta. Pouco ou quase nada se
faz. Tal prática, lamentavelmente, foi adotada por inúmeras
Lojas Maçônicas, transformando o breve recesso de final de
ano em “Férias Maçônicas”. Não satisfeitos, à guisa dos maus
políticos, optaram, também, por estendê-las até após o
Carnaval. Observamos um distanciamento dos valores que
devem ser pautados por uma Escola de Iniciação.
Poderemos, de fato, afirmar que o ano maçônico se
inicia em março, com o equinócio de outono (hemisfério Sul),
conforme o calendário hebraico religioso, ou o astrológico,
tendo, em nossos Templos, sua simbologia nas Colunas
Zodiacais, iniciando em Áries, próximo ao Ir∴ 1º Vig∴, e
fechando o Cinturão Zodiacal em Peixes, próximo ao M∴de
Harm∴. Tal calendário foi adotado pelo Rito Adonhiramita,
nos Graus Simbólicos, e, também, pelos Graus Superiores do
R∴E∴A∴A∴, embora isso não venha a justificar que as
Lojas fiquem sem atividades nos meses de janeiro e fevereiro.
Perdoem-nos a sinceridade, mas isso é coisa de quem vê a
Ordem como um mero clube de serviços!
Já que estamos iniciando um novo ano, nada mais
justo que o façamos com excelência. Ousaremos apresentar a
mais nova Coluna de nossa Revista, “Estudo da Cabala”,
inaugurando-a com a matéria “A Sabedoria Oculta da
Cabala”, que, a partir desta edição, no que se refere ao tema,
Revista Arte Real 49
Feitosa
enriquecerá, em muito, os conhecimentos de nossos leitores.
Baseado em textos do Rabino Michael Laitman, publicaremos
matérias que visam a estimular seu estudo, importantíssimo
para o real entendimento, em parte, de nossa simbologia e de
nossos augustos mistérios.
Outro ponto, para que solicitamos sua reflexão é quanto
à presença da mulher na Maçonaria. Para tanto, estamos
publicando a matéria “A Mulher na Maçonaria Brasileira”.
Muitos se omitem em tratar desse assunto, extremamente
polêmico, mas temos de admitir que é uma realidade e dar, sem
partidarismo, a atenção merecida. Juramos respeitar nossas leis
maçônicas e assim o faremos, porém, como “Livres
Pensadores”, temos o direito - por que não dizer - o dever de
investigarmos a verdade e de formarmos nossa própria opinião.
Nossa intenção, tão somente, é induzi-los a pesquisar
e refletir, profundamente, sobre os chamados “Landmarks”.
A definição dos 25 Artigos, apresentados por Albert Mackey,
desde sempre, foi muito contestada. A ponto de Maçons
Ilustres, como Albert Pike, Oswald Wirth, Rob Morris, Roscue
Pound, George Oliver, Findel, Grant, Nicola Aslan, Castellani,
Xico Trolha, Henrique Valadares e tantos outros, discordarem
em vários aspectos de Mackey. Sabe-se que, nos EUA, existem
cerca de 18 compilações diferentes dos Landmarks, além de
várias Grandes Lojas americanas que não adotam nenhum
deles, sendo todas essas Potências, ditas, regulares.
2
Pedimos especial atenção para a matéria, de nossa
lavra, “Os Chacras e sua Importância no Processo Iniciático”,
onde relatamos uma singular experiência, através de fotos
Kirlian (foto do corpo energético humano), realizada antes e
depois de uma Cadeia de União. Ainda, na coluna Destaques,
a matéria “A Estrela do Amanhã” chama atenção para o
momento atual da humanidade, no que se refere à
manifestação do Cristo Universal, o Avatara de Aquarius.
Escolhemos, para abrilhantar a coluna Reflexões, a
belíssima matéria “A Pobreza da Riqueza”, de autoria do
ilustre Cristóvam Buarque, um retrato fidedigno da realidade
brasileira, no que se refere à ganância, ao materialismo
exacerbado, à cultura do “ter”, razão da tamanha injustiça
social, geradora de tanta violência em inúmeros aspectos.
Preferimos “iniciar” o ano maçônico assim, sem medo
de sermos feliz, como arauto da Verdade, comprometido com
a libertação dos grilhões da ignorância, sempre, informando
com critério e elucidando os mais variados temas. Essa tem
sido a bandeira que nos propusemos empunhar, e, enquanto
o G∴A∴D∴U∴nos permitir, estaremos, orgulhosamente, à
frente deste respeitável veículo de informação cultural,
consciente de que somos, apenas, um canal de sua infinita
Vontade.
Até sempre!
Matéria da Capa
OS CHACRAS E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO INICIÁTICO
A
chamos muito oportuna a publicação dessa
matéria, pois, de certa forma, o tema desperta
atenção para a importância do Poder da Palavra,
em especial, para o poder de um Mantram, tema que tivemos
a oportunidade de abordar em uma de nossas edições
anteriores, além de elucidar sobre a importância desses
Centros de Força, conhecidos no oriente por Chacras,
fundamentais em nosso processo iniciático, embora muitos,
ainda, não tenham conhecimento disso.
Chacra é um termo sânscrito, que significa,
literalmente, “Roda de Fogo”. Falar sobre Eles remete-nos a
uma singular oportunidade em que nos foi possível constatar,
na prática, através de fotos Kirlian, a existência do campo de
força que envolve
nosso corpo físico. Em
uma reunião dos Graus
Superiores, no
Capítulo Rosa-Cruz
Simon Bolívar,
jurisdicionado à 1ª
Região Litúrgica do RJ,
há cerca de quinze
anos, nosso Athersata,
Irmão Júlio Gralha, 33º,
experimentou fazer
fotos do aura dos
Irmãos, através da
ponta do dedo, com a
aludida máquina,
Revista Arte Real 49
Francisco Feitosa
especialmente preparada para tal. Kirlian, pesquisador russo,
foi quem desenvolveu tal equipamento, em 1939. Hoje, dado
o avanço tecnológico, pode-se fotografar o aura do corpo
inteiro de uma pessoa com diagnósticos computadorizados,
etc.
Optamos por fazer uma foto antes e uma depois de
uma Cad∴ de Un∴. O resultado foi fantástico. Na primeira
foto, observamos certa desorganização no alinhamento das
espirilas, que compõem o campo energético do corpo
humano. Na segunda, apresentou uma melhor ordenação de
tais espirilas, e a coloração era mais viva e definida. Uma
forma concreta de afirmarmos a excelsitude das energias
geradas em uma Cad∴de U∴.
Tivemos a
oportunidade de fazer
várias palestras sobre o
assunto e expor tais fotos,
a fim de facilitar a
compreensão do tema.
Poucos percebem
que esses Centros de
Força, os Chacras,
conscientemente ou não,
são ativados em nosso processo iniciático. Quando,
conscientemente, é claro, seu desenvolvimento se dá com
mais excelência. Por consequência, melhor compreensão dos
assuntos mais transcendentes e o despertar de nosso “Deus
Interior”, sendo este o verdadeiro propósito de todas as
iniciações.
3
Em Loja, interagimos com as energias de nosso Templo,
o egrégora milenar da Ordem. As vibrações mentais por nós
emitidas visam a alimentar esse egrégora, e, por força da Lei de
Causa e Efeitos, somos beneficiados por seus influxos,
absorvidos por nossos Centros de Força, realinhando-os e
harmonizando-os.
Os Chacras estão localizados em nossa veste etérica,
além do corpo físico. No corpo físico, têm como correspondentes
as glândulas endócrinas. Existe um estudo que os relaciona com
as sete cores do arco-íris, os sete planos evolucionais, os sete
sons vocálicos, as sete notas musicais, o Nome de Deus e as sete
Igrejas da Ásia, citada no Apocalipse. No fim desta matéria,
apresentaremos uma tabela de correspondências.
O corpo etérico, corpo vital ou duplo etérico, como
queiram chamar, apresenta-se, ao olhar clarividente, como uma
nuvem de vapor, interpenetrando,
sobressaindo em média 2,5 cm.,
envolvendo todo o corpo físico. Tem
uma coloração cinza–azulada à cinzaviolácea, normalmente, variando
conforme os aspectos de saúde,
evolução espiritual, estado psicológico
de cada pessoa. Tem forma de estrias.
Sua função é absorver a energia vital,
conhecida no Oriente por Prana,
oriunda da natureza, principalmente
do Sol, e abastecer o corpo físico,
através dos Centros de Força, os
Chacras.
Embora existam vários Centros
de Força em nosso Corpo, falaremos,
apenas, dos Sete Chacras Principais
Superiores, diretamente relacionados
com o processo iniciático, cujo tema
estamos abordando. Começaremos
pelo Chacra Raiz, localizado na base da
coluna vertebral, no cóccix. Visto pelos
hindus, os Chacras são considerados
como uma flor de lótus. Ao olhar de um clarividente, o Chacra
Raiz está dividido em quatro partes, ou pétalas, conforme o
conceito hindu, de cores vermelha e alaranjada, alternadamente.
Nesse Centro de Força, reside a misteriosa energia de
Kundalini, que, no homem comum, mantém-se adormecida.
Quando essa força é ativada, sobe por três condutos etéricos,
chamados de nadis, que percorrem toda a coluna vertebral até o
chacra coronal, sobre a cabeça. As 33 vértebras da coluna do
homem estão em analogia com os 33 Graus do R∴E∴A∴A∴,
assim como os 33 anos em que o Avatara de Piscis, o Jesus
bíblico, esteve manifestado na face da Terra.
O Chacra Esplênico, o segundo, localizado na região do
baço, dividide-se em seis partes, ou pétalas, nas cores vermelha,
Revista Arte Real 49
alaranjada, amarela, verde, azul e violeta. Do seu centro, brota
um botão de cor rosa. É o centro de distribuição da energia vital,
Prana, a todos os demais Chacras.
O terceiro Chacra, o Umbilical, localizado na região do
plexo solar, está dividido em 10 pétalas de cores vermelha e
verde, alternadamente. É o centro de força de ligação da
consciência física à astral. Quando, plenamente, desenvolvido
permite tornar o homem sensível às influências do mundo
astral, aos ambientes ditos carregados. A maioria dos
fenômenos, que as pessoas intuitivas observam, é devido ao
grau de desenvolvimento desse Centro de Força, inclusive a
visão de acontecimentos e a visitas a lugares distantes.
O Chacra Cardíaco é o central dos sete. Está localizado
sobre o coração. Apresenta-se dividido em 12 pétalas de cores
amarelo-dourado. Sua função é
transmitir energia reguladora e
mantenedora para o coração. Alimenta,
igualmente, os pulmões, tonificando o
sangue, condutor das energias a todas
as partes do corpo, as quais agem em
cada célula do organismo. É o chacra do
equilíbrio e do amor fraternal, cujo
Simbolismo Maçônico, está contido na
romã: anagramaticamente, ROMÃ é
AMOR. A romã possui em média 613
caroços, unidos de maneira harmoniosa
e fraternal, estando relacionados aos 248
preceitos positivos e aos 365 negativos
do homem, citados no Pentateuco.
O quinto, o Chacra Laríngeo,
localizado na região da garganta, no
Pomo-de-Adão, dividido em 16 pétalas
na cor azul-elétrico, representa o centro
de força da Vontade, que se reflete no
centro das forças físicas. Une o Espírito
à matéria. O Antakharana, assim
chamado pelos hindus. Une os Mentais, concreto e abstrato. É o
poder do Verbo, da Palavra, o que ratifica as palavras do Mestre
Jesus: “O mal não é o que entra, mas sim o que sai na boca da
homem”. É a palavra impulsionada pela Vontade.
Nossos queridos IIr∴ AAp∴ e CComp∴, por não
terem, ainda, discernimento de certos mistérios, e servindo-lhes
de proteção para que suas palavras não se transformem em suas
próprias sentenças, são, acertadamente, em muitas Lojas,
privados de falar em Templo, só o fazendo “por graça” do Ven∴
Mestre.
Esse Centro de Força, quando desenvolvido, traz, à
consciência os sons provenientes do astral, tornando o homem
clariaudiente.
4
Já o Chacra Frontal, localizado no entecelho (entre os
olhos), dividido em 96 pétalas, sendo 48, na cor rosa, do lado
direito, e 48, na cor violeta, do lado esquerdo, derrama suas
energias sobre o cérebro, principalmente pelos órgãos da
visão. Está ligado ao Amor Universal e à Intuição.
Corresponde ao centro onde se formam os pensamentos e as
imagens criadas pelo mental. Também, chamado de 3º Olho,
Chacra da 3ª Visão, ou Olho de Shiva. No Egito, era
representado pelo “Ureu”, a Serpente Sagrada, usada na testa
dos Faraós. O Príncipe Sidarta Gautama, o Budda, quando
despertou esse Chacra, foi representado por uma enorme
serpente, nadja ou ajna, emplumada, envolvendo-o.
A glândula Pituitária é
ativada por ele e está ligada ao
despertar da clarividência
superior, ou a abertura da 3ª
visão. Quando desenvolvido,
possibilita a visão astral,
determinando a faculdade da
clarividência.
O sétimo, o Chacra
Coronal, localiza-se sobre a
cabeça, sendo o único que
trabalha horizontalmente.
Apresenta-se como um Centro
de Força duplo, com 972
pétalas, sendo 960 na cor
púrpura e 12 na amarelo-dourado, como uma réplica do
Chacra Cardíaco. Também, conhecido como lótus de mil
pétalas. Como um Chacra duplo, representa a mente superior
e a mente inferior, mente e emoção, realizadas no trabalho da
alma no Chacra Cardíaco.
Está representado nas imagens dos santos da Igreja
Católica, como uma auréola, que lhes cobre as cabeças. Esse
Centro de Força, ao ser iluminado, representa a identificação
com Deus, o discípulo sente vibrar Atmã, torna-se um Cristo,
Há cerca de quinze anos,
recebemos vários convites para
proferir palestras sobre o tema,
quando aproveitamos para elucidar
sobre a função de nosso Ovo Áurico,
sobre cuidados que devemos ter e da
importância de não buscarmos, sem
uma orientação de um mestre no
assunto, o desenvolvimento desses
Centros de Força e o consequente
despertar de Kundalini. Na ocasião,
um Iluminado. Os Chacras Coronal, Frontal e Laríngeo,
expressam o Espírito do homem na sua manifestação trina.
Os Sete Chacras, completamente desenvolvidos pelo
Iniciado, fazem-o atuar nos “sete mundos”, sete planos.
Relacionando, simbolicamente, o desenvolvimento dos sete
chacras à nossa Ordem, temos o Ven∴Mestre, que, ao ser
instalado no Trono de Salomão, vence os sete degraus que o
antecede (os sete planos de evolução), recebendo de um
Querubim, a Espada Flamígera, símbolo do despertar e do
controle da energia serpentina de Kundalini, que há de abrir
a Porta do Éden (Jorge Adoum – Mago Jefa).
Esse Centro de Força
produz, no homem, o Poder, a
Fortaleza e a Sabedoria Divina,
origem de todas as coisas,
desde a mais sutil até a matéria
mais densa. É com ele que,
com um meneio de cabeça,
saudamos o Delta Sagrado ao
cruzar o eixo da Loja. Também,
sobre esse Chacra, recebemos,
no A∴dos Jur∴, a Bat∴ do
Grau, do Malh∴na Esp∴
Flam∴, por sobre a nossa
cabeça, despertando nossa
Glândula Pineal,
representando a abertura de
nossos Portais Internos.
Na sétima carta à Igreja de Laodiceia, diz: “Ao que
vencer lhe concederei que se assente comigo no meu Trono;
assim como venci, e me assentei com meu Pai no seu Trono”
(Apoc. 4; 21). O despertar desses Sete Centros de Força é a
ruptura dos 7 Selos do Livro, de que nos fala João
Evangelista, no mesmo livro de Apocalipse.
Apresentaremos, a seguir, uma tabela com diversas
correspondências com esses Centros de Força:
Chacras
Nome em
Sânscrito
Planos
Evolucionais
Glândulas
Endócrinas
Pétalas da
Flor de Lótus
Cores do
Arco-íris
Coronal
Sahashara
Crístico
Pineal
972
Violeta
I
SI
J
Laodiceia
Frontal
Ajna
Intuitivo
Pituitária
96
Índigo
É
LÁ
E
Filadélfia
Laríngeo
Vishuda
Mental
Abstrato
Tireóide
16
Azul
Ê
SOL
H
Sardis
Cardíaco
Anahata
Mental
Concreto
Timo
12
Verde
Á
FÁ
O
Thiátira
Umbilical
Manipura
Astral
Suprarrenais
10
Amarelo
Ã
MI
V
Pérgamo
Pâncreas
06
Alaranjado
O
RÉ
A
Smirna
Gônadas
04
Vermelho
U
DÓ
H
Éfeso
Esplênico Svâdhichthana Físico Etéreo
Raiz
Muladhara
Físico Denso
ensinamos uma prática simples, que poderá ajudar a desenvolvêlos, através da Oração do Senhor, conhecida como Pai Nosso,
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Som
Nota
Nome
vogal Musical Divino
Igrejas do
Apocalipse
verdadeiro Mantram, ensinado pelo Mestre Jeoshua Ben Pandira,
iniciado nos mais altos graus, junto aos Essênios.
5
São Tomás de Aquino chamava-a de “a oração
perfeitíssima”, enquanto Tertuliano a considerava a síntese de
todo o evangelho.
Trata-se da récita da oração, em sua versão latina, já
que seu original está em aramaico tardio, e da mentalização
dos Chacras em seu movimento giratório, no sentido horário,
como informaremos a seguir. Colocando-se em pé, voltado de
frente para o Norte (sabe-se onde se encontra o Norte,
colocando-se de modo que a nascente do Sol fique à nossa
direita), iniciando a oração, dividida em sete partes, à guisa
dos sete Chacras, recitando cada parte e mentalizando o
movimento horário do Chacra correspondente, nas cores
citadas acima, quando descrevemos cada um deles.
“Pai Nosso que estais no Céu (Coronal), santificado
seja o vosso Nome (Frontal), venha a nós o vosso Reino
(Laríngeo), seja feita a vossa Vontade assim na Terra como no
Céu (Cardíaco). O pão nosso de cada dia nos dai hoje
(Umbilical), perdoai as nossas ofensas, assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido (Esplênico), e não nos
deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal (Raiz);
Amém.“
Essas sete petições a Deus, ditadas por Jesus aos seus
Apóstolos, durante o Sermão da Montanha, ensinando-os a
orar corretamente, têm um poder incrível, se recitadas
conscientemente.
Destaques
A ESTRELA DO AMANHÃ
O
Trabalho e a Missão, em que estamos todos empenhados como
Maçons, Gnósticos, Eubiotas, Rosa-Cruzes e quantos entendam o
papel, representado junto ao Governo Oculto do Mundo, como
brasileiros na construção da Nova Civilização e pela reconstrução do Mundo,
avançam no tempo e no espaço como auspicioso augúrio, cuja concretização
imediata sobrepuja as atuais concepções da vida e do homem sob todos os seus
aspectos. Assim sendo, superam, também, as modernas condições sócio-culturais,
bem como possibilidades e capacidades vigentes no “fim de um ciclo apodrecido
e gasto”, no dealbar do Ciclo de Aquarius, rumo ao futuro.
O mundo desvairado, demasiadamente agitado, está sem rumo, a
humanidade vazia de um conteúdo ideológico-cultural não tem destinação
objetiva. A incerteza, a dúvida, a necessidade e o medo atormentam e matam
homens, ideias e instituições.
Sob o peso da responsabilidade que nos cabe, dentro desse quadro,
pela Missão que aceitamos e desejamos levar avante, aplaudimos todos os
esforços, todas as tentativas de promover a preparação, a conscientização do
homem de hoje, nesse momento ciclópico em que, certamente, manifestar-se-á o
Espírito de Verdade.
Não pretendemos conhecer todas as implicações, que
um trabalho como esse pode suscitar, nem podemos avaliar a
força, extensão e profundidade das afirmações que aqui
fazemos, baseado em conhecimentos adquiridos no
peregrinar da modesta vida iniciática, porém estamos certo
de que todos aspiramos ao “Raiar de um Novo Mundo”, e
essa reconstrução tem um preço e exige sacrifícios.
O que presenciamos no mundo, nos dias de hoje,
nada mais é do que o encontro do velho Ciclo de Piscis com o
Ciclo de Aquarius, numa acomodação cármica, senão um
ajuste de contas a que a humanidade decaída é submetida
para renascer. Isso já aconteceu na época de Krishna, de
Revista Arte Real 49
Buda, face aos Brâmanes, Kunaton e Jesus, o Nazareno. É
triste o que presenciamos “sem entender” a razão de tanta
crueldade, presente nos seres humanos, que já poderiam,
depois de tantos sofrimentos passados, ter um estado de
consciência para , com Amor e Sabedoria, amarem-se uns aos
outros.
Chamemos de Avataras – Grandes Iluminados,
Mentores da Humanidade ou outro nome que queiram dar a
Esses Seres, sempre disponíveis a se humanizarem, no
momento em que a Lei que a tudo e a todos rege decair,
trazendo sua tônica, para levantar as possibilidades
evolucionais da humanidade.
6
Todos os instrutores, em síntese, fizeram parte do
trabalho impulsionador da Mônada, no Itinerário de IO, na
marcha da civilização, para eclosão da volta do Crestos, do
Cristo Universal, da Estrela do Amanhã, do Senhor Maitreia,
do Buda Síntese, o que ocorrerá em terras do Brasil.
As Escolas Iniciáticas rendem culto aos antepassados
na personalidade dos Mestres, Grandes Iniciados ou Grandes
Instrutores, Filósofos, Grandes Iluminados, os construtores
da mente e do coração dos homens no sentido de
proporcionar seu bem-estar, elevando, com suas tônicas, o
estado de consciência da humanidade que constitui o corpo
ideoplástico de Jeová, o Grande Arquiteto do Universo.
A Ordem Maçônica, como uma das expressões da
Obra do Eterno na face da Terra, exibe, em seu Templo
Nobre, a cripta dos Grandes Filósofos, ou Grandes
Instrutores, Avataras – complementamos - iniciando-se com
Confúcio, o primeiro a formular a
máxima : “Não faças a outrem o que não
queres que te façam”; Zoroastro ou
Zaratustra, que ensinou aos homens
repelir toda idolatria e só adorar o
Senhor Onisciente, Ormuzd, semelhante
à Luz pelo Corpo e pelo Espírito de
Verdade; Gautama, o Buda, que o
possível fez para abrir aos homens o
caminho que condutor da extinção do
sofrimento; Moisés, o salvo das águas,
que comunicou, do alto do Sinai, os
Mandamentos constituintes da base moral
da humanidade; Hermés, o Trismegisto, o
Três Vezes Poderoso, que disse: feliz o que
puder dizer a seu coração, ao entrar no
Mundo de Duat ou o de Agharta: estou
limpo e puro, não pequei; Platão,
discípulo de Sócrates, que ensinou aos
homens a conhecerem a si próprios; Jesus de Nazaré, que deu
sua vida pela salvação dos homens e proclamou o direito de
consciência dos mesmos, para se desfaze dos intermediários
nos seus entendimentos com o Pai Celeste; Maomé, o profeta
por excelência do Islã, que disse que a santidade não consiste
em voltar, na prece, a face para o Oriente ou para o Ocidente,
mas em fazer, por amor a Deus, a caridade aos órfãos, aos
pobres e aos forasteiros; finalmente, a Estrela que indica: Eu
sou o amanhã. Os judeus esperam o Messias; os muçulmanos,
o Nahdi; os cristãos, a volta de Cristo, o Cristo Universal, o
Crestus para os Rosa-Cruzes; para os hindus, os 14 Avataras de
Vishnu; para os budistas, Maitreia, o próximo Buda, que,
como Espírito de Verdade, encarna-se de tempos em tempos,
para o triunfo dos bons e destruição dos maus, dizendo:
“tenho todos esses nomes e, ainda, outros mais terei, porque a
cadeia hermética nunca foi quebrada”.
Revista Arte Real 49
Nas concepções da Maçonaria, da Rosa-Cruz ou da
Teosofia Eubiótica, do Professor Henrique José de Souza,
como universais que são, constituídas de livres pensadores,
exaltam-se todos os Grandes Instrutores, Iluminados ou
Avataras, sem induzir ninguém a seguir este ou aquele como
fonte de uma religião.
Sintetizando as tônicas avatáricas, quando se fala da
Grécia se evoca a beleza, a política; do Egito, a religião; da
Índia, o conhecimento, o Dharma, a Lei justa; da Pérsia, a
pureza, a luz; da Caldeia, a ciência; da China, a ordem; de
Roma, a fidelidade. Essas tônicas, como uma síntese
harmônica, um todo no inconsciente coletivo da humanidade,
desenvolvidas até a presente data, foram a preparação para a
manifestação da Estrela do Amanhã, cuja tônica será a da
Concórdia Universal entre os povos, com um só idioma, um
só governo, um só padrão monetário, uma só religião, a da
Liberdade, Igualdade e Fraternidade e o
amor consciente entre todos os seres
humanos.
“Não haveria evolução, se os
Avataras se manifestassem pronunciando
sempre as mesmas palavras” (JHS).
Muito tempo passou, desde a
época em que, no Planeta Terra, tornouse necessário adotar o Sistema Avatárico,
ou dos Grandes Instrutores da
Humanidade, das Estrelas - dizemos nós
- como único recurso capaz de manter a
humanidade no caminho evolucional,
conservando, sempre, acesa a chama que
harmoniza a evolução do conjunto
humano-planetário-cósmico.
Anteriormente, a direção do
Planeta era exercida na Face da Terra,
onde os Homens e os Seres Divinos
formavam um binômio, sempre, harmonizado com as Leis da
Natureza e com as Leis Universais, numa evolução
equilibrada.
Assim, transcorreu a evolução das Raças-Mães, que a
tradição chamou de Adâmica, hiperbórea, Lemuriana e
Atlante.
“Evoluir é transformar vida energia em vida consciência” (JHS).
Portanto, a tendência evolucional é fazer cada ser
construir o seu próprio destino e se tornar autosuficiente,
adquirindo, do grande reservatório universal, todas as
condições e meios que permitam obter a sua autodireção,
realizando a individualidade, divinizando-se.
Conclui-se, daí, que, com o passar do tempo, a Mônada,
Chispa Divina, se vai individualizando, e, gradativamente, os
seres se vão desgarrando do conjunto Uno inicial e passando a
edificar sua própria consciência, ou Mônada Individualizada.
7
Essa transformação é lenta e constante, processandose nos laboratórios da própria natureza, “onde nada se cria e
nada se perde, tudo se transforma”, como disse Lavoisier.
Nessa continuidade evolutiva, o ser individualizado
se transforma; superando suas próprias tendências de teor
negativo, que servem de adubo à sua evolução, constrói, por
esforço próprio, a sua divinização, esplendendo, finalmente,
em Amor-Sabedoria, binômio, que caracteriza os deuses.
Eis aí realizada a sublime trilogia: Superação
-Transformação- Metástase, segundo a Teosofia Eubiótica.
Compreende-se, pois, que a Evolução é o somatório
de ciclos evolutivos, maiores e menores, que se sucedem no
tempo e no espaço, interpenetrando-se perfeitamente, sem
interrupção em sua sequência, que se revela normal e lógica.
Assim, as Raças-Mães limitaram grandes ciclos
evolucionais, cada um
caracterizado pelos
acontecimentos da época e do
local, condizentes com o estágio
da evolução.
Desse modo, formaram-se
as civilizações da face de nosso
Planeta, que tiveram suas fases
épicas cantadas em prosa e verso
pelos historiadores de todos os
tempos.
A Índia, dos Brâmanes, a
China, de Fo-hi, Confúcio, LaoTsé, etc., a Grécia, de Orfeu e
tantos outros, o Egito, de Kunaton,
Hermés, o Trismegisto, etc, a Inglaterra, da Távola Redonda,
Portugal, da misteriosa Sintra e da Escola de Sagres, do
Infante Dom Henrique, berço dos grandes navegadores; a
França, de Joana D’Arc, a Alemanha, de Christian
Rosenkreutz; o México, o Peru e, praticamente, quase todas as
nações do mundo, com suas relíquias históricas, viveram,
como também a Fenícia, de Badezir, as três fases naturais da
existência: o alvorecer, o meio-dia e o anoitecer. Hoje, chegou
o início da vida esplendorosa do Brasil.
Dizia o Professor Henrique José Souza:
“Civilização é um conjunto de povo e cultura localizados no
tempo e no espaço”.
E a História Universal está aí, mostrando a realidade
dessa definição.
Em todas as épocas, onde quer que exista um
aglomerado populacional, há, sempre, um Ser que se destaca
dos demais, pelo seu grau de espiritualidade, pelo seu senso
de religiosidade, em torno do qual se reúnem os demais,
principalmente, quando se trata de resolver assuntos “que só
Deus pode solucionar”.
Revista Arte Real 49
Até no meio indígena, há um ser desse valor
espiritual, o Pajé, o índio que tem ligações com Deus, que vê
aquilo que os demais não veem, que tem poderes de cura, de
previsão do futuro da tribo, e outros mais transcendentais.
Da mesma forma, em nenhuma oportunidade, a
humanidade ficou viúva dos Deuses, mesmo depois da
queda da Atlântida, cuja catástrofe teve início há 850 mil anos
passados, vindo a terminar há 9.564 anos a.C., com os
movimentos sísmicos e cósmicos, que geraram o chamado
Dilúvio.
Daquelas épocas para os nossos dias, estabeleceu-se
um sistema evolucional diferente: somente de tempos em
tempos ou de ciclos em ciclos, os Grandes Instrutores ou
Seres Divinos, passaram a vir à Face da Terra, ditando a
tônica do ciclo seguinte, ou as “Tábuas da Lei”, para uma
nova fase de evolução humana. Os Avataras cíclicos.
“A doutrina dos Avataras
é de grande importância para que
possamos compreender,
perfeitamente, o trabalho que se
desenvolve desde o início do
século IX, em terras do Brasil,
berço da nova civilização. Essa
doutrina nos esclarece quanto ao
entrosamento da manifestação da
Vida Universal, vivenciada pelas
humanas criaturas e nos oferece
elementos primorosos, que nos
permitem compreender o motivo
pelo qual a Divindade, a Suprema
Consciência Universal, o Deus Único e Real, o Supremo
Arquiteto, se projeta nos diversos planos do Universo e nos
diversos setores da Vida; orienta-nos, mostrando como
proceder para que possamos receber as sublimes vibrações
dos Avataras ou Grandes Instrutores Cíclicos; dá-nos uma
ideia de como se processa a progressiva evolução espiritual
da humanidade, senão da Mônada, através dos ciclos. Graças
a essa teoria, possuiremos elementos que permitem nos
qualificar como participantes da evolução monádica, ou do
princípio crístico, chamado pelos hindus de Atmã, da
maravilhosa Hierarquia Humana.
O processo de “Avatarização” oferece poder e
capacidade às humanas criaturas para que se tornem divinas
e se confundam um dia com a causa que as gerou.
Os Avataras ou Grandes Instrutores têm como
objetivo principal trazer a Essência Divina, Cósmica, para a
Face da Terra. Dar forma inteligente à Energia (ou Essência)
donde tudo e todos se originaram. Transformar o abstrato em
um elemento de ação, de Lei física.
8
VISÃO ESOTÉRICA DO CASAMENTO
João Camanho
“E a costela, que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. ” (Gênese 2: 22.)
N
essa transcrição bíblica, de forma velada,
há mistérios de milênios, referentes à
antropogênese. Ao criar o homem, Deus
o fez andrógino, mais tarde, separando os sexos.
Daí, o mito de Adão e Eva.
Revivendo tal mito, ainda que de forma
inconsciente, nos dias de hoje, temos a instituição
do casamento: ato solene de união entre duas
pessoas de sexos diferentes, com legitimação
religiosa e/ou civil.
Em nossa travessia existencial, vivemos à
procura de nossa cara-metade, ou, como dizem os
poetas, nossa alma gêmea. Quando a encontramos,
contudo, não conseguimos perceber a grandeza
desse momento, que, para se eternizar, exige
tolerância, desprendimento e, sobretudo, muito
amor. Ao falarmos de amor, referimo-nos ao
Mandamento maior, pregado pelo Divino Mestre no
Sermão da Montanha:”Amai-vos uns aos outros”.
Trata-se do Amor-Sabedoria, de cunho universal,
onde só pode haver doação; trata-se do amor
platônico, que transcende os limites da vida
material.
Em um dos seus imortais sonetos, uma síntese poética do episódio bíblico, a história de Jacó e Raquel, Luís de Camões, o
genial vate do Renascimento lusitano, fala-nos desse sentimento espiritualizado, um hino ao amor platônico:
“Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira se não fora para tão longo amor tão curta a vida!”
O Excelso Mestre, Professor José Henrique de Souza, fundador
e mentor espiritual da Sociedade Brasileira de Eubiose,
pontificava: “Através da boa literatura, o homem pode alcançar
as mais elevadas alturas do conhecimento, já que, em seu bojo,
ela traz luz e sabedoria”. No tocante aos enlaces matrimoniais,
que, por serem alicerçados, lamentavelmente, em interesses
pessoais e materiais, têm curta duração, não poderíamos
encontrar melhor exemplo literário, em cujos versos todos
devem inspirar-se para a preservação da família, essa pequena
célula da sociedade, que, nesse mundo conturbado, vem
Revista Arte Real 49
degradando-se a passos céleres.
Diante do exposto, caríssimos nubentes e casais,
que nos honram com suas visitas aos nossos textos, só nos
cabe deixá-los beber algumas gotículas dessa fonte
fecunda e infinita, a Sabedoria Iniciática das Idades ou
Doutrina Esotérica: viver os momentos a dois com amor é
pura arte; superar as vicissitudes é plena sabedoria. Com
arte, para amar, e sabedoria, para superar, a caminhada
de vocês, com certeza, será abençoada pelo G.:A.:D.:U.:,
tornando-se, pois, duradoura e coroada de êxitos.
9
Informe Cultural
III ENCONTRO MAÇÔNICO SUL MINEIRO
A
Maçonaria, no Sul de Minas, nos últimos anos, tem
ascendido, consideravelmente, no que se refere
à integração e à cultura! Há quinze anos, surgia,
como um fio de um colar unindo suas contas, o Pacto
Maçônico Sul- Mineiro. Um trabalho magnífico, com o
propósito de integrar todas as Lojas Maçônicas das três
Potências (GLMMG, GOB-MG e GOEMG), reunindo-as
trimestralmente, a fim de atender aos diversos interesses da
Maçonaria na região.
Há três anos, estavam sendo fundados e reativados
os Altos Corpos, ligados ao Supremo Conselho do Grau 33º
da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, trabalho
muito promissor, que veio a culminar com a criação de mais
uma Região Litúrgica no Sul de Minas, a 14ª. Quase que
simultaneamente, os Irmãos da A∴R∴L∴S∴ Frat∴ Cleuton
Cândido Landre, n° 298, do Oriente de Alfenas, MG, criaram
o ENCONTRO MAÇÔNICO SUL-MINEIRO, evento que
viria, assim como os anteriormente citados, mudar,
positivamente, a história dessa região.
Já em sua primeira edição, em 2009, o nível das
palestras, o altíssimo padrão de organização, a dedicação, a
seriedade e o profissionalismo de seus organizadores,
mostravam o salto qualitativo que a região iria dar com as
futuras edições. Em 2010, foi realizada sua 2ª edição, e, mais
uma vez, todas as expectativas foram, em muito, superadas.
Reunindo palestrantes do RJ, SP, MG, o Encontro despertou o
interesse do Povo Maçônico ao receber uma Edição Especial e
exclusiva de nossa Revista.
Este ano, também,
com o apoio cultural da
Revista Arte Real, que, mais
uma vez, criará uma edição
especial e exclusiva para o
Encontro, sua realização
receberá um apoio de peso, o
Pacto Maçônico Sul- Mineiro,
que reúne a grande maioria
das Lojas Sul Mineiras. Além
disso, conta com o
prestimoso apoio da
GLMMG, através da Loja de
Estudos e Pesquisas Quatuor
Coronati Pedro Campos de
Miranda, do Oriente de Belo Horizonte.
O temário para este ano será “MAÇONARIA E
RELIGIÃO – Encontros e Desencontros”, que será defendido
através de painéis por palestrantes do RJ, SP e MG. Escritores
e acadêmicos como Denizart Silveira, José Airton de
Carvalho, Francisco Feitosa, Fuad Hadad, Juarez D’Ávila,
Leonel Andrade e outros, já estão confirmados.
O evento, que será realizado na cidade de Alfenas, de
27 a 29 de maio, vem tomando proporções cada vez maiores,
alimentando as expectativas de todos. Posteriormente,
disponibilizaremos a programação completa. Acesse o link
http://encontromaconico.fraternidadecleuton.org/
Temos um Encontro marcado em Alfenas, MG!
I CONGRESSO INTERNACIONAL DA GLMMG
V
em aí, o I Congresso Internacional da Grande Loja Maçônica de Minas
Gerais! De 6 a 9 de abril de 2011, Belo Horizonte será a Capital Maçônica
Mundial, com a presença de várias delegações de todo o Brasil e do exterior.
Como parte da programação, será comemorado o 182º aniversário do Supremo
Conselho do Grau 33º do R∴E∴A∴A∴ da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
Maiores informações no site da GLMMG: http://www.glmmg.org.br/
“ A ab el ha e o b es our o, curi osam en te, e xtra em da me sma f on t e su as ma téri a s- pri mas, sen do qu e,
d el as, uma f az o m el , o o utr o, o seu v en en o. Ca be- n os, aqui , u ma pr of un da ref l exã o so br e co mo n os
co mpor tarm os di an te da s i n usi tada s si tu açõ es q ue a v i da n os of erec e! ”
Feitosa
Revista Arte Real 49
10
Estudo da Cabala
A SABEDORIA OCULTA DA CABALA
O
homem, sempre, procurou respostas às perguntas
básicas da existência: Quem sou? Qual é o
propósito de minha existência? Por que existe o
mundo? Seguimos existindo depois que o corpo físico
completou sua tarefa? Cada um, à sua maneira, tenta
responder a tais perguntas a partir das fontes de informação
de que dispõe. Cada um de nós formula sua concepção do
mundo a partir de sua experiência. A realidade e a vida
cotidiana encarregam-se de pôr à prova, constantemente, essa
percepção, obrigando-nos a reagir, melhorá-la, ou então,
mudá-la. Alguns o fazem conscientemente, em outros, ocorre
como um processo inconsciente. A necessidade de efetuar
mudanças e de procurar respostas provém do desejo de
receber prazer e de evitar o sofrimento. As leis da natureza,
nossa experiência de vida e a conduta das criaturas viventes
nos ensinam que não existe um modo lógico de evitar, por
completo, o sofrimento. Nesse sentido, somos iguais aos
demais seres vivos. Uma vaca, uma rã ou um peixe, também,
procuram, à sua maneira, a maior quantidade de prazer com
a menor quantidade de esforço. As questões essenciais a
respeito do homem agregam outra dimensão ao sofrimento
humano. Não nos permitem nos sentirmos satisfeitos mesmo
depois de termos alcançado tal ou qual objetivo particular. Ao
atingirmos a meta ansiada, sentimos, rapidamente, a carência
Revista Arte Real 49
Michael Laitman
de algum outro prazer. Isso nos impede de desfrutarmos
nossas conquistas, reativando, assim, o nosso sofrimento.
Vemos, retrospectivamente, que gastamos a maior parte do
tempo esforçando-nos por atingir nossos objetivos, obtendo
muito pouco prazer pelo sucesso em si.
Nos últimos anos iniciou-se uma busca em massa a
nível mundial por respostas. Muitos se voltam para o
longínquo Oriente e para a Índia em busca da verdade.
Alguns encontram satisfação temporária mediante técnicas e
procedimentos de relaxamento ou de redução do sofrimento
por minimização das expectativas e da força do desejo. Essas
ações, meramente, camuflam o fato de que não se tem obtido
satisfação. Diversas formas de meditação, alimentação e
exercícios físicos e mentais aquietam os instintos animais do
ser humano, permitindo-lhe sentir-se, fisicamente, mais
confortável. Sente-se senhor de suas reações, desenvolvendo
a autoconsciência. Aprende a escutar as necessidades de seu
corpo e de sua personalidade e a satisfazê-las. Esse
procedimento, que lhe ensina a diminuir suas expectativas,
representa uma mera alternativa aos seus verdadeiros
desejos.
Em lugar de soluções, recebe anestesia local na fonte
de seu sofrimento. Mas quando os efeitos da anestesia
desaparecem, descobre que não pode ignorar a verdade:
minimizar o desejo de receber prazer não nos permite escapar
dele. Qualquer um que, tendo escolhido esse caminho,
realizar um honesto autoexame, comprovará que, ainda, não
atingiu o objetivo desejado – deixar para trás o sofrimento e
encontrar prazer ilimitado.
Há, também, aqueles que procuram uma explicação
lógica do universo por meio da investigação científica. As leis
da natureza e da conduta humana têm sido estudadas
durante milhares de anos. Nos últimos cem anos, desde que o
pensamento científico se tornou um instrumento de estudo
legítimo dos fenômenos naturais do nosso mundo, têm-se
alcançado significativos progressos.
A ciência baseia-se em pressupostos lógicos,
investigação confiável e dados quantificáveis. O progresso
que trouxe ao mundo é inegável, mas limitado. O que não
pode ser medido por instrumentos científicos fica fora de seu
alcance. A alma do homem, sua conduta e suas motivações se
encontram fora dos limites de um autêntico estudo científico.
11
Ainda, no campo das ciências naturais, os
pesquisadores e cientistas modernos descobrem que, à
medida que avançam em suas investigações, mais escuro e
confuso se torna o mundo que vão encontrando. Os textos
científicos mais avançados se parecem, cada vez mais, com
tratados místicos, ou, pelo menos, com ficção científica. Não é
de se estranhar que haja tantos fanáticos por ficção científica
entre os cientistas. Mas a ficção não oferece soluções - deixa
os que buscam o verdadeiro caminho sem respostas, confusos
e frustrados.
Ao longo das gerações, os cabalistas têm escrito
muitos livros em diversos estilos, de acordo com a época em
que lhes competia viver: a linguagem da Bíblia (que inclui os
cinco livros de Moisés, os Escritos e os Profetas), a linguagem
das lendas, a linguagem jurídica e a linguagem da Cabala,
um modo de descrever o sistema espiritual dos mundos
superiores e a forma de alcançá-lo. Quatro linguagens
ao todo, criadas para introduzir-nos em nossa realidade
espiritual.
Não se trata de caminhos
diferentes, mas de aspectos do mesmo
tema, em diferente formato. Explicam
como avançar no mundo espiritual e
como este está construído. A Bíblia e
outras fontes espirituais autênticas
foram reveladas para ensinar-nos
como agregar a esse mundo a vivência
da esfera espiritual, como progredir
nela, estudá-la e receber conhecimento
espiritual.
Baal HaSulam escreveu em seu
livro Frutos da Sabedoria: "A
sabedoria interna da Cabala é a
mesma que a da Bíblia e a do Zohar, e a
única diferença entre elas está em sua lógica
particular. É como uma língua antiga traduzida
para quatro idiomas. Resulta, evidentemente, que
a sabedoria em si não mudou em absoluto com a
mudança do idioma. Tudo o que temos que
considerar é qual das cópias será a mais conveniente e
amplamente aceita para ser transmitida".
Os cabalistas utilizaram objetos materiais de nosso
mundo – termos que nos são familiares - para descrever o
reino espiritual. Eis aqui a possibilidade (e o perigo) de a
pessoa equivocar-se em seu estudo, imaginando
representações materiais de nosso mundo que não existem
em absoluto na espiritualidade.
Este texto se dirige a todos aqueles que buscam
consciência, que, ainda, não se esqueceram do que cada um
se pergunta, de uma forma ou de outra, em sua solidão. É
para aqueles que buscam um método lógico e confiável para
estudar os fenômenos do mundo.
conhecer a si mesmos, em compreender as razões do
sofrimento e do prazer e em encontrar respostas para as
grandes questões de sua vida.
A Cabala é um método preciso para investigar e
definir a posição do ser humano no universo. A sabedoria da
Cabala nos diz por que existe o homem, por que nasce, por
que vive, qual é o propósito de sua vida, de onde vem e para
onde vai quando completa sua vida nesse mundo. É um
método para alcançar o mundo espiritual.
Ensina-nos a respeito do mundo espiritual, e, ao
estudá-la, desenvolvemos um sentido adicional. Com a ajuda
desse sentido, podemos estabelecer contato com os mundos
superiores. Não é um estudo abstrato ou teórico, pelo
contrário, muito prático. O homem aprende a respeito de si
mesmo, quem é e como é. Ele aprende o que deve fazer
para mudar, etapa por etapa, passo a passo. A sua
investigação direciona-se ao seu mundo interior. Toda a
experimentação ocorre no homem, dentro
de si mesmo.
É por isso que a Cabala se
denomina "A Sabedoria Oculta".
Através dela, a pessoa sofre mudanças
internas, ocultas aos olhos dos demais, que
só ela sente e sabe que estão ocorrendo.
Essa atividade, própria, específica e
peculiar ocorre em seu interior, e só ela
tem conhecimento do que ocorre.
A palavra "Cabala" vem da
palavra hebraica "lekabbel", que significa
“receber”. A Cabala descreve os
motivos das ações como "o desejo de
receber". Esse desejo se refere a receber
diversos tipos de prazeres. Com o
objetivo de receber prazer, uma pessoa está,
geralmente, disposta a fazer um grande esforço.
A questão é: como atingir o máximo prazer
pagando o mínimo preço? Cada um tenta responder a
essa pergunta à sua maneira. Esse desejo de receber se
desenvolve e cresce, segundo uma ordem determinada.
No primeiro estágio, deseja-se o prazer dos sentidos.
Depois, busca-se o dinheiro e a honra. Um desejo, ainda
mais poderoso torna a pessoa sedenta de poder. Mais adiante,
quem sabe, poderá surgir um desejo muito especial, no pico
da pirâmide dos tipos de desejos que podemos possuir: a
espiritualidade. Quem reconhece a força desse desejo, começa
a procurar os meios de satisfazê-lo. Ao passar pelas etapas do
desejo, a pessoa se familiariza com suas habilidades e
limitações.
É, simplesmente, uma introdução aos princípios do
enfoque cabalístico. É um primeiro passo para o
entendimento das raízes da conduta humana e das leis da
natureza. Apresenta as bases da sabedoria da Cabala e seu
modo de ação. Dirige-se a todos que estejam interessados em
Revista Arte Real 49
12
Maravilhamo-nos diante das experiências do doce, do
amargo, do agradável, do áspero, etc. Não conseguimos
construir instrumentos científicos para examinar nossos
sentimentos, nem sequer no campo da Psicologia, da
Psiquiatria e demais Ciências Humanas. Os fatores da
conduta permanecem ocultos ao nosso entendimento.
É um sistema para avaliar, cientificamente, nossos
desejos: toma todos os nossos sentimentos e desejos, os
divide e dá uma fórmula matemática exata para cada
fenômeno, a cada nível, para cada tipo de compreensão e de
sentimento. É um trabalho de sentimentos combinado com o
intelecto.
Para os iniciantes, utiliza geometria, matrizes e
diagramas. Quando se estuda a Cabala, começamos a
reconhecer nossos sentimentos e a entendê-los. Os que
avançam encontrarão uma ciência muito exata que examina
os sentimentos. Saberão que nome lhes dar, segundo sua
força, direção e caráter.
A sabedoria da Cabala é um método antigo e
comprovado, pelo qual o ser humano pode receber uma
consciência superior, atingindo a espiritualidade. Esse é seu
real objetivo no mundo. Se alguém sente um desejo e um
anseio por espiritualidade, poderá dar-lhe vazão mediante a
sabedoria da Cabala, outorgada pelo Criador.
A palavra "Cabala" descreve a meta do Cabalista:
atingir tudo aquilo de que o ser humano é capaz, como ser
pensante e a mais elevada de todas as criaturas.
*Extraído do livro “Um Guia à Sabedoria Oculta da Cabala”, tradução da
versão em inglês “The Hidden Wisdom of Kabbalah with ten complete
Kabbalah lessons”, de autoria do Rabi Michael Laitman.
Trabalhos
A MULHER NA MAÇONARIA BRASILEIRA
O
Vera Facciollo
objetivo deste trabalho é
lançar um pouco de luz sobre
alguns aspectos históricos
malconhecidos do movimento maçônico
feminino no Brasil. Apenas, para
introduzir o tema, vale a pena recordar
as origens desse movimento no contexto
mundial.
É bastante conhecido o episódio
da iniciação da Srta. Marie Deraismes na
Loja Libres Penseurs, dependente do
Grande Oriente da França, na cidade de
Percq, em 1882, em cerimônia presidida
pelo Venerável George Martin. Essa
cerimônia é considerada uma espécie de
marco inicial de um movimento
progressista e renovador, que culminou
com a fundação da que se chamou Grande
Loja da Maçonaria Simbólica Escocesa "Le
Droit Humain" (hoje, Ordem Maçônica
Mista Internacional "Le Droit Humain").
Posteriormente, expandiu-se para um Supremo
Conselho Internacional, com sede em Paris. Atualmente, está
estabelecida em muitos países, onde mantém Federações de
Lojas com governo próprio, mas sob a jurisdição do mesmo
Supremo Conselho.
A primeira Loja na Inglaterra, como fruto dessa
semente, foi fundada em 1902, em Londres, sob o nome
Human Duty, e a primeira no Brasil foi instalada em 1919, no
Rio de Janeiro, com o nome de Loja Ísis.
Menos conhecido, entretanto, é o fato de que, já em
1775, foi eleita a Duquesa de Bourbon, Venerável da Loja
Santo Antônio, na França, possivelmente, sob a inspiração e
com a participação do Conde Cagliostro, uma figura estranha
e controvertida, com certeza, vítima de perseguição e calúnia
Revista Arte Real 49
conforme foi descoberto em pesquisa direta do processo pelo
Irmão Franz Hartmann). Mas era, indiscutivelmente, um
defensor da presença feminina nas iniciações, conforme
prova a criação por ele, em 1786, na cidade de Lyon, do Rito
Egípcio da Maçonaria Andrógina, cuja primeira Mestra
Honorária foi a princesa Lamballe. Em 1786, na Rússia, a
Imperatriz Catarina II presidia a Loja Clio.
Entretanto, nenhum maçom culto pode negar que,
historicamente, a Maçonaria é muito anterior ao século XVIII.
E houve, sempre, mulheres participando dos antigos ritos,
desde o velho Egito. Existe um mural bastante reproduzido
atualmente, que retrata a recepção de um Adepto Osiriano,
na postura exata do grau de Companheiro, numa cerimônia
presidida por uma sacerdotisa.
13
Segundo Gervásio de Figueiredo, autor de um dos
mais conceituados Dicionários de Maçonaria, "Se
remontarmos a origem da Ordem aos antigos mistérios do
Egito, Grécia e Roma, sem esquecer a Escola de Pitágoras,
fundada em Crotona, em 529 a.C., calcada nesses mistérios e,
depois, difundida pela Grécia, ali encontramos iniciados
homens e mulheres, passando todos, igualmente, pelas
mesmas provas e cerimônias".
"Se, porém, preferirmos encurtar a idade da
Maçonaria e situar sua origem nas Corporações Operativas
da Idade Média, se, então, nada descobrimos expresso,
claramente, a favor dessa tese, também, nada deparamos
contra.". "Há provas de que a Maçonaria Operativa daquela
época tinha, no mínimo, a colaboração feminina. Num
documento, datado de 1390, em forma de versos, lê-se no art.
10, versos 203 e 204: "que nenhum mestre suplante outro,
senão que procedam entre si como Irmão e Irmã".
Assim, realmente, a primeira vez que a proibição à
mulher surge é no Livro das Constituições, compilado e
publicado em 1723 por James Anderson, presbítero anglicano
e Grande Vigilante da Grande Loja de Londres, repetida mais
tarde no Landmark nº 18,
compilado por Mackey
em sua Enciclopédia, e
que acrescenta as
mulheres à mesma
categoria dos escravos e
dos aleijados para fins de
ingresso na Ordem.
Tal proibição, no
entanto, não impediu em
nada, como se vê, o
crescimento das Lojas
Mistas ou Femininas e
não intimidou os homens de visão em todo o mundo, que
não só participaram e frequentaram tais Lojas, como também
estimularam e promoveram a fundação de muitas delas.
Exemplo disso foi um maçom tão conceituado como Oswald
Wirth, sob cuja orientação se faz hoje boa parte da decoração
de nossos Templos: ele pertencia a Lojas Mistas e foi
fundador de diversas Lojas Mistas no Chile, conforme nos
atesta o Ex- Soberano Grande Comendador do Grau 33º da
Grande Loja Mista do Chile, nosso ilustre nonagenário Irmão
Luís Brucher Encina (hoje falecido), seu contemporâneo e
companheiro nas lutas maçônicas desse país durante alguns
lustros.
Mas, vejamos como a mulher entrou na Ordem
Maçônica no Brasil: homens de uma extraordinária visão e
cultura universal dirigiam os destinos dos, então, existentes
Grande Oriente do Lavradio e Grande Oriente dos
Beneditinos. Seres do porte de um Visconde do Rio Branco e
Joaquim Saldanha Marinho. A Monarquia agonizava, e a
Maçonaria lutava em duas frentes: a abolição da escravatura e
a preparação da República. Um vento de reformas e
mudanças soprava em nosso país. E, na província de São
Paulo, berço da Independência do Brasil, um fato inédito
Revista Arte Real 49
ocorreu aos 14 dias de janeiro de 1871 - um grupo de homens
fundou uma loja de mulheres.
A Loja recebeu a designação significativa de 7 de
Setembro, sendo, desde o início, uma Loja Capitular, e sua
primeira Venerável Mestra foi a Sra. D. Francisca Carolina de
Carvalho, sendo Secretária a Sra. Philadelpha Maria de
Oliveira Paes, e a Oradora a Sra. Constantina Augusta de
Oliveira Campos.
Os fundadores da Loja eram irmãos pertencentes ao
quadro das Oficinas Amizade, 7 de Setembro e América, do
Grande Oriente dos Beneditinos, que, mais tarde, juntou-se
ao Grande Oriente Unido do Lavradio, cuja fusão, em 1872,
deu origem ao Grande Oriente Unido e Supremo Conselho
do Brasil.
Em 10 de julho de 1872, a Augusta e Respeitável Loja
Capitular 7 de Setembro recebeu uma Comissão de
Regularização, que, em nome do Grande Oriente Unido do
Brasil, concedeu o Breve Constitutivo, em obediência ao
Decreto de 15 de dezembro de 1871. O presidente da
Comissão foi o Venerável da Augusta e Respeitável Loja
Capitular Amizade, o
Ilustre Irmão Dr.
Joaquim Augusto de
Camargo.
A título de
Estatutos da novel "Loja
de Adopção", constam
dos Anais de 1871 a 1874
da Augusta Beneficente e
Respeitável Loja
Capitular 7 de Setembro,
sob os auspícios do
Grande Oriente Unido
do Brazil, as
dispensações regulamentares mandadas observar,
provisoriamente, pelo Grande Inspetor Geral do Grau 33º,
Antônio Egydio de Moraes.
Em sessão econômica de 20 de abril de 1871, da Era
Vulgar, foi concedido ao Respeitável Irmão João Baptista Paes
o título de Membro Honorário. Diz a Carta: "À Muito
Augusta e Respeitável Loja de Adopção 7 de Setembro,
tendo, na devida consideração, vosso reconhecido mérito,
serviços e mais qualidades, que vos adornam, como signal e
prova da sua apreciação e reconhecimento do quanto vos
deve como um dos fundadores desta Loja de Senhoras, a
primeira em nosso Paíz ... resolveu conferir-vos o título de
Membro Honorário desta Associação Maçônica..." etc.
(respeitando-se a escrita da época).
14
Os discursos, proferidos por ocasião do Ato de
Regularização, foram impressos e distribuídos entre os
Irmãos e Irmãs. O discurso do presidente da Comissão de
Regularização menciona em seu início: "Os Supremos
Poderes da Maçonaria no Brazil, por decreto de 15 de
dezembro de 1871, aprovaram a instalação de vossa
Oficina, ... “autorizando a Fundação de Lojas da Maçonaria
de Adopção no Círculo do Grande Oriente, ...e pelo breve
Constitutivo, que vos concedem, fazem certa a vossa
emancipação, vossa independência, mandando incorporar
vossa Loja no Grande Quadro da Maçonaria e conferindo-vos
iguais direitos e atribuições aos das oficinas de seu círculo.
Estão, pois, no vosso domínio, todos os Segredos da
Maçonaria, todos os seus Mistérios; cuidai deles, sois o mais
precioso sacrário de tudo quanto a Maçonaria possui".
O Ilustre Irmão Kurt Prober, em seu Cadastro Geral
das Lojas Maçônicas do Brasil, dá-nos conta que essa Loja 7
de Setembro possuía, no Cadastro do Grande Oriente Unido,
em 1875, o nº 134, e que, em 1878, era dirigida pela mesma
Sra. D. Francisca Carolina de Carvalho, sendo Secretária a
Sra. D. Guilhermina de Oliveira Campos. O autor nos dá
como “desaparecida” a Loja antes de 1882. Não há,
aparentemente, qualquer outro documento da mesma, que
relate como isso aconteceu.
O Cadastro de Kurt Prober nos mostra a relação
completa das Lojas Femininas, fundadas sob a jurisdição do
Grande Oriente, seus respectivos números de registro e datas
de concessão das Cartas (ou Breves) Constitutivas. São nove
ao todo, além da supramencionada 7 de Setembro, fundadas
entre os anos de 1874 e 1903: Anita Bocayuva, em Campos,
RJ; Estrela Fluminense, no Rio de Janeiro; Filhas da Acácia,
em Curitiba, PR; Filhas de Hiram, em Juiz de Fora, MG;
Filhas do Progresso, no Rio de Janeiro; Fraternidade, em
Bagé, RS; Júlia Valadares, em São João da Barra, RJ;
Perseverança, em Ouro Preto, MG; Theodora, em Barra de
Itapemirim, ES. Delas, uma foi dissolvida, uma foi eliminada
pela Ordem, três outras desapareceram, uma, ainda, teve seu
pedido de regularização indeferido e as três restantes foram,
sumariamente, extintas e suas Cartas Constitutivas cassadas
por Ato do Grão-Mestre Quintino Bocayuva, em 25 de
setembro de 1903.
Hoje em dia, existem diversas Lojas Femininas ou
Mistas por todo o Brasil, que operam de forma independente,
ou filiadas a uma potência própria. Adotam ritos idênticos
aos das Lojas masculinas e recebem, com gratificante
frequência, a visita de irmãos de todos os Orientes, quando,
então, são revividas, com todo o esplendor e beleza, as
cerimônias realizadas pelos antigos Maçons do Egito, da
Grécia, da Pérsia, de Roma e da Idade Média na Europa.
Observação: Os dados históricos sobre as Lojas
Femininas no Brasil, federadas ao Grande Oriente do Brasil,
foram colhidos, diretamente, das suas Atas e do livro
publicado na ocasião da fundação da Augusta e Respeitável
Loja Capitular 7 de Setembro, no Vale de Tabatinguera, 18 livro este contendo os discursos proferidos na festiva data. Os
arquivos e documentos mencionados se encontram no Museu
do Grande Oriente do Brasil, em São Paulo, Rua São Joaquim,
457. Outras informações foram obtidas no Cadastro de Lojas
Maçônicas do Brasil, de autoria de Kurt Prober.
*Trabalho apresentado no V Congresso Maçônico
Internacional de História e Geografia, promovido no Rio de Janeiro,
nos dias 9, 10 e 11 de março de 1990, pela Academia Maçônica
Brasileira de Letras. A autora, Vera Facciollo, é a Grã-Mestra da
GLADA – Grande Loja Arquitetos de Aquário.
Reflexões
A POBREZA DA RIQUEZA
E
Cristóvam Buarque
m nenhum outro país, os ricos demonstram
mais ostentação que no Brasil. Apesar disso,
os brasileiros ricos são pobres. São pobres
porque compram sofisticados automóveis importados,
com todos os exagerados equipamentos da
modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado
dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados,
sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito.
Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a
dormir tranquilos enquanto eles não chegam a casa.
Pagam fortunas para construir modernas mansões,
desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados
a escondê-las atrás de grades ou muralhas, como se
vivessem nos tempos dos castelos medievais,
dependendo de guardas que se revezam em turnos.
Os ricos brasileiros usufruem privadamente
tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem
encalacrados na pobreza social.
Revista Arte Real 49
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Na sexta-feira, saem de noite para jantar em
restaurantes tão caros, que os ricos da Europa não
conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da
pobreza que, ali por perto, arregala os olhos pedindo um
pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados,
cercados e protegidos por policiais privados. Quando
terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o
carro na porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de
caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois,
continuar até ao bar para conversar sobre o que viram.
Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes
de terminar o jantar, ou, depois, a caminho de casa.
Felizmente, isso nem sempre acontece, mas, certamente, a
viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o
sobressalto continua, mesmo dentro de casa ou apartamento.
Os ricos brasileiros
são pobres de tanto medo.
Por mais riquezas que
acumulem no presente, são
pobres na falta de segurança
para usufruir o patrimônio
no futuro. E vivem no susto
permanente diante das
incertezas em que os filhos
crescerão. Os ricos
brasileiros continuam
pobres de tanto gastar
dinheiro, apenas, para
corrigir os desacertos
criados pela desigualdade
que suas riquezas
provocam: em insegurança e ineficiência.
No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam,
uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve,
apenas, para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os
brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos
têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais, apenas, para
se proteger da realidade hostil e ineficiente, consequência da
injustiça social.
A pobreza de visão dos ricos impediu, também, de
verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao
longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a
educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza
que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores
Revista Arte Real 49
com baixa produtividade, investem em modernos
equipamentos, e não encontram quem os saiba manejar;
vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo
ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir
um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam
se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.
Para poderem usar os seus caros automóveis,
construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto
nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se
protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que
precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os
dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem
água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas têm
dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de
casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar
que poderiam ficar ricos
sozinhos, construíram um
país doente e vivem no
meio da doença.
Há um grave
quadro de pobreza entre os
ricos brasileiros. E esta
pobreza é tão grave, que a
maior parte deles não
percebe. Por isso, a pobreza
de espírito tem sido o maior
inspirador das decisões
governamentais das pobres
ricas elites brasileiras.
Se percebessem a
riqueza potencial, que há
nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros
poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em
direção aos interesses de nossas massas populares.
Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam
um programa de construção de casas e implantação de redes
de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de
professores e colocariam o povo para produzir para o próprio
povo. Essa seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro
- os pobres que sairiam da pobreza; os ricos, da vergonha, da
insegurança e da insensatez.
Mas isso é esperar demais.
Os ricos são tão pobres, que não percebem a triste
pobreza em que usufruem suas malditas riquezas."
16
Lançamentos
“Esta bela Obra, verdadeiro manancial de sabedoria, é o fruto de um
meticuloso trabalho de pesquisa, constituindo-se em valioso vademécum, com mais de 3000 verbetes e seus significados. Com cerca
de 700 páginas, no formato 21,5 x 28,5 cm, este livro reúne o suprasumo das ciências maçônicas, dos ensinamentos das grandes
religiões e de seus grandes Profetas, apresentando-se como um
valiosíssimo auxiliar no estudo e na compreensão de nossos
Arcanos. Recomendo como livro de cabeceira!” ?
Feitosa.
O autor é Desembargador Titular da Quarta Câmara Cível do TJRJ, Professor
de Direito e Conferencista em cursos especializados em Perícias Judiciais,
Presidente da Banca de Monografia na Escola de Magistratura – RJ e Membro
da Academia de Letras, Ciências e Artes Ana Amélia – ALCAN-RJ.
“A Obra, em sua 2ª edição, como esclarece o próprio autor, está dividida em quatro partes,
de forma a permitir abordagem abrangente, sistêmica, prática e detalhada sobre o tema.
Por sua praticidade, clareza e objetividade, conjugadas ao seu ilustre valor didático e
jurídico, a obra não poderia ser mais oportuna. Com ela o seu ilustre autor preenche uma
lacuna que existia no tema enfrentado, coloca nas mãos dos operadores do Direito um
valioso instrumento profissional e presta mais um relevante serviço à Justiça”. ?
S érgio Cavalieri Filho - Desembargador do TJ/RJ.
Trata-se de uma bela coletânea inédita, reunindo os principais
trabalhos, nos mais variados temas, apresentados através de
Palestras e de Peças de Arquiteturas, em Lojas e Academias
Maçônicas nos últimos 2 anos.
O autor, Irmão Paulo Simon, considera esta obra como o marco literário de
sua ascensão ao Grau 33º, Grande Inspetor Geral.
Antônio Bencz.
Vale muito a pena conferir! ?
Este livro não é, simplesmente, uma insólita viagem ao “Símbolo
Perdido”, de DAN BROWN é mais que isso, é uma obra que
sensibilizará você, leitor, a perceber a Sagrada Tríade utilizada pela
Maçonaria sob o olhar dos três pilares da sabedoria e do
conhecimento humano: a Filosofia, a Religião e a Ciência, cujos
pilares não concorrem entre si, complementam-se.?
A
O Autor
rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na
ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação,
integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, para 16.672 e-mails de
Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas
particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura
maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do
momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º
Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º
Colaboradores nesta edição: Cristóvam Buarque – João Camanho - Michel Laitman – Vera Facciollo.
Empresas dos Irmãos Patrocinadores: Adalberto Domingues Advocacia - Arte Real Software – CFC Objetiva Auto Escola –
CONCIV – Corrêa de Souza Advocacia - Decisão Gestão Empresarial – Formadores de Opinião - Igor Multimarcas – Livro
Moacir Pinto - Livro Paulo Simon – Livro Reinaldo Pinto – Livro João Gira - LocaTherra - López y López Advogados – MMF
Brindes - Olheiros.com – Oxiferro - Pousada Mantega - Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Restaurante Oca dos Tapuias Santana Pneus – SivucaVig - Studio Allegro – Supply Marine - Teknologus.
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(35) 3331-1288 / 8806-7175
Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição.
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