“O que mais me surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro;
depois, perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no
futuro, de tal forma, que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se
nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.”
Dalai Lama
P
ermitam-nos, diletos leitores, abrir este Editorial, convocando-os a uma
profunda reflexão sobre a sábia resposta de Tenzin Gyatso, Sua
Santidade, o 14º Dalai Lama, quando perguntado sobre o que mais o surpreendia
na vida.
Essa postura capitalista é o verdadeiro “câncer” da sociedade, raiz de
quase todos os problemas atuais que nos afligem. Tal modelo coloca em primeira
conjugação, em nossas vidas, o verbo TER: “para sermos felizes temos que ter algo
material”. À custa da própria saúde, da família ( se é que essa instituição, ainda,
existe nesse modelo de sociedade atual) e de uma vida digna,
avassaladoramente, marchamos com uma visão possessiva em direção ao
efêmero.
Os incautos são adotados pela libertinagem que rola na Internet. Os
programas de TV, diga-se de passagem, preocupados, apenas, em atingir altos
índices de audiência, sem pedir licença, “vomitam” toda sorte de alienação e
maus exemplos. A droga, o homossexualismo, a violência e a implosão familiar
são exaustivamente exaltados. Nesse mês em que se comemora o Dia
Internacional da Família (15), entendemos ser uma boa oportunidade para
refletirmos sobre esse desnorteio.
Perplexo diante dos fatos, conversávamos com uma amiga sobre essa
inversão de valores a que estamos assistindo pacíficos em clima de normalidade.
Intuitivamente, falamos não acreditar encontraremos a solução para esse quadro caótico. Parece-nos que somente a revolta
da natureza poderia pôr fim aos descaminhos por que trilha a humanidade.
Conta-nos a história que civilizações inteiras, desvinculadas das Leis de Deus, foram dizimadas pela força da
natureza, a exemplo dos lêmures e dos atlantes.
Para não forçarmos nossa curta memória, contemplemos, apenas, os últimos 4 anos: tsunami na Ásia, furacão
Katrina nos EUA, desabamentos em Santa Catarina, furacões no Sul do Brasil, aquecimento global, temperaturas ao
extremo, secas e, há poucos dias, enchentes no Maranhão e no Amazonas e os terremotos na Itália, manifestações ceifando
várias vidas. A natureza mostra os reflexos do descaso, da ganância e da destruição do homem. Outras catástrofes, com
certeza, virão, e, com elas, lampejos temporários de conscientização e de solidariedade entre os povos.
Ao nos negarmos a aprender pelo Amor, somos condenados, com certeza, a fazê-lo pela Dor. A Lei do Karma não
castiga, pois, como toda Lei divina, é justa. A verdade é que toda ação gera uma reação igual e contrária.
Queridos leitores, façamos um mundo mais leve para que possamos carregá-lo; reflitamos nas sábias palavras de
S.S. Dalai Lama, que encimam o Editorial!
Na contramão desse amargo retrato, continuamos com nosso trabalho em prol da cultura e da conscientização,
através das seguintes matérias em mais uma edição de nossa Revista: visando a elucidar e a conscientizar nossos Irmãos de
que Ritual é coisa séria, apresentamos como Matéria da Capa, de autoria do Ir∴ Sérgio Sargo, “A Importância do Ritual”; já
na coluna Destaques, a bela matéria “A Origem do Acrônimo G∴A∴D∴U∴”, da lavra do nosso Ir∴ Frederico Guilherme
Costa, merecendo especial atenção; a coluna Ritos Maçônicos apresenta “A Ordem da Estrita Observância”, do Ir∴Tenório
de Albuquerque; na coluna Trabalhos, corroborando com esse Editorial, destaco o texto do Ir∴ Walter de Oliveira Biarini,
“O Livre Arbítrio”.
Os tempos são chegados e a humanidade, mais uma vez, ao longo de sua história, insiste em usar as vendas do
efêmero materialismo, em se ofuscar com o falso brilho do que está fora, quando deveria voltar-se para dentro de si
mesma. Despertemos para o Real!
Encontrar-nos-emos um pouco mais conscientes na próxima edição, queiram os Deuses! ?
a b
Capa – A Importância do Ritual...................................Capa
Ritos Maçônicos – Ordem da Estrita Observância.................7
Editorial....................................................................................2
Trabalhos – O Livre Arbítrio...........................................................8
Matéria da Capa – A Importância do Ritual.....................3
- Uma Reflexão Sobre o Salmo 133..........................10
Destaques - A Origem do Acrônimo G∴A∴D∴U∴......4
Reflexões – Seja Você Mesmo....................................................11
Os Grandes Iniciados – Paulo de Tarso..............................6
Lançamentos – Livro...................................................................12
Boas Dicas......................................................................................12
A Importância do Ritual
O
Ritual, em sua concepção específica, é um
processo disciplinador de nossos atos e da vida. É
uma forma de ordenar a sucessão de fases, atos e atitudes,
destinadas a promover o desenvolvimento gradativo e
lógico dos acontecimentos da Natureza, em comunhão
com a atividade do ser humano, isto é, do ser vivo
pensante.
Não se trata de um acontecimento aleatório e
supersticioso, mas de um processo
científico e técnico, presente em todos os
fatos do mundo profano, embora se
manifeste mais claramente na esfera
religiosa, esotérica e, principalmente, nas
ordens iniciáticas como a Maçonaria. O
ritual nada tem de crendice e mistério,
representa ordem de processos, determina
que aquele que o pratica, faça a atração das
forças a serem mobilizadas; depois deverá
concentrá-las e, em seguida, de maneira
gradativa, dinamizar e direcioná-las para o
objetivo escolhido. Nem sempre esse
objetivo será nobre, e o iniciado deve ter
conhecimento de que a força do ritual
poderá ser utilizada tanto para o bem como para o mal,
dependendo da ritualística praticada; também, deverá
conhecer ambas as forças e, obviamente, seguir pela senda
do bem ao próximo.
Observamos as fases de um ritual nos dias que se
passam, na vida de todos os dias. Não seria um ritual
aquela sucessão de etapas, que realizamos logo que
acordamos pela manhã? E, quando nos atrasamos, não nos
sentimos mal o dia todo como se estivéssemos fora de
sintonia? Ou quando temos que pular alguma fase?
Dentro do ritual de nossas vidas, somos todos
Sérgio Sargo
sacerdotes. Uma das características do ritual é a repetição,
sem falhas dos gestos, palavras e ações, que, quando feitos
com concentração e motivação alegre, nos ligam com
arquétipos e energias muito benéficas às nossas vidas.
Ainda, mais importante, é a atuação de cada um dentro de
um ritual, destinado a nos ligar às energias superiores ou
mesmo significações filosóficas, em prol não apenas de quem
o executa, mas de algo maior e muito mais valioso.
O Ritual Maçônico se constitui de um
meio poderoso para fazer com que todos
aqueles que dele participam, atinjam um
estado superior de consciência, que, através
da repetição disciplinada e constante, com
grande requinte de detalhes e realizado com
extrema atenção e correção, realizado com
suavidade e obedecendo a certo ritmo, gera
equilíbrio emocional, calma interior, além de
colocar cada um em estado de atenção.
Nota-se que, quando o Venerável de
uma Loja está indisposto, desconcentrado,
cansado,
nervoso,
preocupado
ou
perturbado por emoções e/ou energias
estranhas, ocorre, desde o início do ritual,
uma “quebra” na prática do mesmo. As falas saem erradas,
pulam-se partes do ritual no que se refere a sua seqüência, e
tudo começa a ficar fora de sintonia. Os erros do Venerável
Mestre são logo acompanhados de erros dos demais Oficiais,
e, por fim, acaba por se instalar uma completa desarmonia
no ambiente da Loja, gerando completo desconforto
daqueles que participam.
A meditação, no início, serve para acalmar os ânimos,
relaxando os nervos, diminuindo a exaltação e o “stress” do
dia-a-dia, nos desligando das preocupações profanas. Nosso
ritual irá, com certeza, fluir melhor após uma meditação bem
realizada.
Toda escola iniciática estabelece um ritual, uma
liturgia a ser seguida de maneira irrepreensível. Não se
trata, apenas, de uma repetição de ações, mas,
principalmente, de se gerar uma forte energia que
alimente um egrégora, o qual, por sua vez, dará um
sentido e uma força mágica ao ritual e ao cerimonial. É
dessa seqüência cerimonial que a Iniciação retira seu mais
profundo significado, produzindo um impacto emocional
e espiritual necessário ao candidato, o que marcará sua
alma por toda a eternidade.
A Maçonaria, como herdeira e depositária de
ritualísticas advindas de sociedades muito mais antigas,
como a egípcia, por exemplo, transforma o indivíduo
atuando nele e no grupo como um todo, causando uma
transmutação interior.
O ritual tem uma importância capital na
Maçonaria, e, definitivamente, é um mau maçom aquele
que faz pouco caso da ritualística ou a realiza, apenas, de
maneira mecânica. Gestos, palavras, sons e posturas são
geradores e canalizadores de energia, sejam positivas ou
negativas. É responsabilidade dos Oficiais da Loja zelar
para que os Obreiros ajam conforme a maneira prevista na
ritualística, corrigindo desvios e impondo disciplina,
pontualidade, assiduidade, dedicação aos estudos e
conhecimento profundo de cada grau que o Obreiro venha a
praticar.
Sabe-se, por experiência, que Lojas, cujas colunas
abateram, relaxaram na disciplina e no rigor da prática
ritualística. E, quando o egrégora se enfraquece, o
mesmo, com o tempo, se desfaz; há uma quebra de sintonia e
o enfraquecimento do grupo.
Outra causa comum da dissolução das lojas é a fuga
dos Obreiros por falta de motivação. O principal responsável
é, geralmente, o Venerável, que negligencia suas obrigações e
deixa de preparar uma instrução ou um tema para debate
em cada Sessão. Os Obreiros se sentem frustrados por não
terem aprendido nada de novo naquela reunião e começam a
pensar ser uma perda de tempo ir à Loja.
É no embate de opiniões e nas contribuições de cada
membro do grupo que descobrimos novas formas de ver o
mundo e, então, buscamos o que há de mais fundamental na
Maçonaria: a investigação e busca da verdade.
Aprendizes Maçons, ânimo nessa nova e importante
etapa de vossas vidas, e lembrai-vos de que Aprendiz não
fala, apenas, simbolicamente, pois precisa mais ouvir do que
falar, para poder absorver, com mais eficácia, esse mundo
novo que se apresenta. ?
a b
A Origem do Acrônimo G∴A∴D∴U∴
"La Franc-Masoneria tiene buen cuidado de no definir el Gran Arquitecto, dejando
toda latitud a sus adeptos para que hagan del mismo una idea de acuerdo cons su filosofia.
Los Francmasones abandonam la teologia a los TEÓLOGOS, cuyos dogmas levantam apasionadas
discusiones cuando non conducen a las guerras o a persecuciones inicuas."
Oswald Wirth
Frederico Guilherme Costa
O
Rito Moderno, intelectualmente direcionado para
o verdadeiro princípio da tolerância, e em nome
da total liberdade de identificar-se com as consciências de
seus membros, desconsidera a afirmação Dogmática de
que o recipiendário é obrigado, no dia de sua Iniciação, a
afirmar solenemente a sua crença no G∴A∴D∴U∴,
fórmula que harmoniza o princípio da construção com o
Ideal Maçônico, na Construção do Edifício da Liberdade
Humana.
A Tradição Maçônica chama de "Deus" o Grande
Arquiteto do Universo, mas seria isso uma Tradição a
partir de 1717 ou desde mais além?
Todos sabemos que, a partir da chamada
Maçonaria dos Aceitos, erroneamente chamada de
especulativa, uma forte influência protestante fez-se
presente na sua primeira Constituição, através dos Irmãos
Pastores, responsáveis por sua redação, notadamente seu
compilador, Anderson.
Todavia, onde teria ele buscado o nome G∴A∴
D∴U∴?
"À espera da cidade dotada de sólidos fundamentos, da
qual Deus é o Arquiteto e Construtor" (Epístola aos Hebreus,
11, 10).
"Como sábio
Arquiteto, pus o
alicerce"(1ª Epístola
aos Coríntios, 3, 10).
Sabemos
que, nos Antigos
Deveres, nas raras
invocações Rituais,
encontraremos uma
forte influência do
Catolicismo e, um
pouco mais próximo
ao novo período, o
Credo
andersoniano.
Todavia,
merece
nossa consideração
o fato de a data da
primeira
condenação pontifícia ter ocorrido justamente em 1738,
quando os ingleses modificam, pela primeira vez, o
Livro
das Constituições, tornando-o mais próximo
ao Teísmo de Roma, condenação esta que não aconteceu
em 1723, quando o texto original, nitidamente Deísta, foi
aprovado e publicado pela Grande Loja de Londres.
Parece-nos ter sido uma preocupação constante a
introdução de nomes e episódios bíblicos para a formação
da nossa mitologia maçônica. Até mesmo a fórmula G∴
A∴D∴U∴, que nos parecia tão pessoal, foi buscada na
Epístola de Paulo...
Se entendermos nossa Arte como não dogmática,
somente um Maçom livre e de bons costumes poderá
entender essa Liberdade como a querem os franceses, que
em seu nome suprimiram das suas constituições, em 1877,
a fórmula do G∴A∴D∴U∴, o que provocou o
rompimento com a Inglaterra
e
o
início
da
sua
"irregularidade" perante a
Loja-Mãe
da
Moderna
Maçonaria,
oriunda
da
Grande Loja de Londres, de
1717, considerada "Maçonaria
Regular", ou seja, fundada por
maçons
autênticos,
regularmente
Iniciados
e
possuidores
dos
poderes
necessários para fundar Lojas.
Seria isso mesmo se a
afirmação
acima
fosse
verdadeira; acontece que,
segundo AMBELAIN, não é:
"En septiembre de 1714, en Londres, el Pastor
presbiteriano James Anderson educa a profanos en las ideas
masónicas y, a finales de ano, probablemente el dia de san Juan
de Invierno, funda una logia com siete de ellos.
Ahora bien, Anderson no es Maestro de Logia. Por lo
tanto, no puede transmitir la iniciación masónica. Ni siquiera es
masón regular, ya que no se ha encontrado ningrín rastro de su
iniciación, sino Capelian de logia, cosa muy diferente. Por
conseguiente, esas iniciaciones son totalmente irregulares, sin
ningún valor. Y aunque hubiera sido Compañero regular (lo que
no es el caso), seguiram siendo ilícitas, y ninguno de sus
iniciados podria ir más lejos. Tres anos más tarde, en 1717, esos
ocho masones irregulares constituirán cuatro logias, tan
irregulares como la primera." (Robert Ambelain. El Secreto
Masónico. Mertinez Roca. Págs. 219 e 220.).
Acreditamos, corajosamente, que, em momento
algum, nossos Irmãos franceses negaram a existência da
fórmula do Grande Arquiteto do Universo. Deixaram, sim,
fluir, e isto deve ser visto com o respeito devido a todo ser
que se pretendia livre de dogmas, a percepção íntima e
pessoal do Deus do seu próprio coração, quando e como esta
realidade manifestar-se na sua mente pequenina, perto do
Macro-ideal de um Universo em expansão e, ainda, quase
totalmente desconhecido. O mais são regras pessoais,
impostas e determinativas de algo que não se impõe, mas
oferece-se como demonstração
do mais profundo amor.
Esse amor representa a
Unidade, o princípio e o fim de
tudo. Ela não pretende eliminar
os contrários, mas estabelecer o
princípio da Ordem sobre a
desordem, ao qual o lema
escocista tão bem se ajusta:
ORDO AB CHAO.
A origem do acrônimo
"G∴A∴D∴U∴" está, portanto,
no
princípio
criador,
independente da fórmula ou
oposição. O G∴A∴D∴U∴não
exige a crença Nele; Ele simplesmente é. Uma Atualidade
não pode ser uma Realidade humana. Seu nome está inscrito
na Constituição da Maçonaria, o verdadeiro livro do
Conhecimento Sagrado. Somente através dessa Lei Sagrada,
que rege o Universo, será possível ascender do inferior até o
superior. Todavia, essa Constituição não foi escrita por mãos
humanas. Não foi Anderson quem a elaborou, e as Potências
a compilaram. Não, suas páginas estão brancas como a Alma
Universal. Apenas, o verdadeiro Iniciado, o Mestre
Exemplar, saberá gravar, no seu próprio coração, a Origem
do Acrônimo " G∴A∴D∴U∴", lendo, no silêncio da Paz
Profunda, as regras que lhe forem atribuídas. ?
a b
Paulo de Tarso
P
Giselda Sbragia*
rimeiro grande missionário e teólogo cristão,
também, chamado de Apóstolo dos Gentios,
Paulo, ou Saulo, nasceu em Tarso, então, um dos centros
intelectuais do Império Romano.
Cidadão romano por nascimento, pertencia a uma
família de fariseus fervorosos, tendo sido iniciado, desde
cedo, nas leis e tradições judaicas (At. 16,38; 22,29.).
Em Tarso, aprendeu o grego, o latim e o hebreu.
Mais tarde, em Jerusalém, estudou na escola de Gamaliel,
onde tomou contato com a dialética, processo que muito
viria a utilizar em suas especulações teológico-fisiológicas.
Essa formação intelectual torna compreensível sua
compreensão universalista do Cristianismo. Terminada a
educação rabinítica, volta a Tarso e, logo depois, a
Jerusalém. Durante esse tempo, torna-se fariseu exaltado,
perseguindo os cristãos. Tal procedimento, entretanto,
cedeu lugar a uma radical transformação, fruto da visão
que teve na estrada de Damasco. Convertido, Paulo se
retira para o deserto, aí se entregando, durante dois anos
de solitária contemplação, aos êxtases da revelação cristã.
De volta a Damasco, perseguições judaicas obrigaram-no a
fugir para Jerusalém, onde se encontra com o Apóstolo
Pedro. Convidado depois por Barnabé a tomar parte nos
trabalhos ministeriais da Igreja de Antióquia, visita
Jerusalém pela segunda vez e traça os rumos de um novo
apostolado de vanguarda, iniciando suas célebres jornadas
apologéticas. A primeira das três expedições paulinas
dirige-se a Chipre. Em pouco tempo, Paulo, que partira
para Jerusalém em 47 d.C., consegue converter o
procônsul Sérgio Paulo. O acontecimento garante o êxito
da missão, que se estendeu, também, às regiões de
Panfília, Pisídia e Licaônia, onde numerosas igrejas foram
fundadas.
Entre a primeira e a terceira jornada tem lugar o
Concílio Apostólico de Jerusalém (48
ou 49 d.C.), a que Paulo e Bernabé
comparecem
como
representantes da Igreja.
A segunda
jornada
missionária (50 d.C.) partiu em
direção à Ásia Menor e, seguindo
o rumo NE, atingiu Tróada, onde
uma visão misteriosa fez que Paulo se
dirigisse à Europa. Atravessou,
então, a Macedônia, visitou
Atenas,
estabelecendo-se
finalmente em Corinto.
Aí, além de organizar a
comunidade
cristã,
exerceu
grande
atividade apologética e
política.
Três
anos
depois,
retorna
à
Palestina, chegando a
Antioquia em 53 ou 54
d.C.
Logo
em
seguida,
inicia-se
a
terceira
jornada
missionária,
que,
refazendo rapidamente
o itinerário da anterior,
dirige-se a Éfeso, onde,
por mais de três anos,
desenvolve o apóstolo
intensa atividade doutrinária. Não longe dessa cidade,
porém, seus inimigos o atacam. Em Corinto e Galácia,
acusam-no de ser, apenas, um apóstolo secundário, estranho
aos doze primitivos companheiros de Jesus, e concluem que
seu Evangelho não passa de uma falsa interpretação dos
princípios judaico-cristãos. Em duas famosas epístolas, aos
gálatas e aos coríntios, Paulo responde às acusações,
refutando, ponto por ponto, as críticas de seus adversários.
Pouco antes de abandonar definitivamente a Grécia, escreve
a sua mais importante epístola, dirigida aos cristãos de
Roma, em que revê inúmeros fundamentos teológicos do
Cristianismo.
Ao regressar a Jerusalém, é acusado por fanáticos de
profanar os templos. Encarcerado em Cesaréia e, depois,
transferido para Roma, consegue ser absolvido. Em 61 d.C.,
realiza algumas missões, que o levam mais uma vez ao
Oriente e, provavelmente, à Espanha. De volta a Roma, os
judaizantes da comunidade o perseguem, acabando por
prendê-lo. Submetido a longo processo, foi decapitado (64
ou 65 d.C.) por ordem de Nero.
Paulo é o verdadeiro fundador do Cristianismo.
Como grande apóstolo dos gentios, coordenou o trabalho
das Sete Igrejas do Oriente, ou seja, um verdadeiro sistema
geográfico em função, numa tentativa de codificação da
doutrina cristã.
*A autora pertence às fileiras da Sociedade Brasileira de
Eubiose. ?
a b
Ordem da Estrita Observância
O
Rito da Ordem da Estrita Observância foi mais
uma inovação, feita pelo inglês Michel Andrés
Ramsay, figura de grande renome na Maçonaria, no século
XVIII.
O Rito da Ordem da Estrita Observância
despertou grande interesse, atraiu numerosos adeptos. O
objetivo de Michel Andrés Ramsay, fundando-o, foi uma
tentativa de pô-lo indiretamente a serviço de sua causa e,
também, de seus interesses particulares.
Jacques II, da família dos Stuarts, perdeu o trono
da Inglaterra para o usurpador Guilherme de Orange e foi
refugiar-se na França, no castelo de Saint-Germain-enLaye, onde foi recebido por Luis XIV com a mais
entusiástica cordialidade.
“Jacques II não viera só. Seguiam-no os seus
partidários e as tropas fiéis, das quais uma parte era
constituída por três regimentos escoceses” (*extraído do
livro “La Franc-Maçonnerie Ecossaise em France”, página
9, do escritor Albert Lantoine). Numerosos eram, também,
os acompanhantes irlandeses. Os escoceses e os irlandeses
eram católicos. Com apoio deles, foi fundada uma Loja
regular em Saint-Germain, cuja existência, já em 1688, era
assinalada, figurando durante algum tempo nos anuários
do Grand Orient de France.
Os partidários dos Stuarts espalharam que a
Maçonaria estava trabalhando para o retorno de Jacques II
ao trono da Inglaterra, que a Instituição era uma
continuação dos Templários e que as Lojas Maçônicas
eram possuidoras de fabulosos tesouros. Os verdadeiros
maçons, conhecedores dos verdadeiros objetivos da
Ordem e do que se propalava, revoltaram-se. Como
constituíam a minoria, o recurso foi retirar-se das Lojas
contagiadas por falsos doutrinadores.
Gerou-se um período de confusão, justamente, o
que desejavam os propaladores dos falsos informes. “Os
Jesuítas julgaram ter chegado o momento propício para
apoderarem-se da Instituição definitivamente. Para tanto,
fizeram aparecer em cena alguém de quem não se poderia
dizer, com justiça, se foi enganado ou se era enganador,
isto é, se sabia o que fazia e para quem trabalhava ou se
era mero instrumento, posto a serviço daqueles a quem
não conhecia.
Trata-se do Barão de Hund, renovador da crença
de que a Maçonaria era, efetivamente, uma continuação da
Ordem dos Templários. O Barão de Hund era homem
Tenório de Albuquerque
riquíssimo, generoso, mas presunçoso, amante de aventuras
e novidades. Iniciado na Maçonaria em Francofort, em 1742,
quando contava apenas 20 anos, dedicou-se à Ordem. Em
1784, mudou-se para Paris, onde foi iniciado nos Altos Graus
do Capítulo de Clermont. Compenetrado de que a
Maçonaria era a sucessora da Ordem dos Templários, passou
a fazer propaganda intensa disso.
Baseado no sistema de Altos Graus, organizado por
Michel Andrés Ramsay, o Barão de Hund resolveu organizar
nova associação, que denominou Ordem da Estrita
Observância, dividida em muitos Graus de Iniciação, com
um chefe superior e visível, para cujo cargo ele mesmo se
nomeou. O Barão de Hund forjou uma lenda, “declarando
ter sido iniciado e nomeado Cavaleiro Templário na França,
por um inglês, em presença do próprio Grão-Mestre da
Ordem, e que o Cavaleiro Marshall, Grão-Mestre da 7ª
Província, ao morrer, lhe transmitira a suprema dignidade
de que estava revestido, que o autorizava a propagar a
Ordem e a Maçonaria”.
Para comprovar as lendárias afirmações, o Barão de
Hund limitava-se a exibir um documento escrito em
caracteres desconhecidos, que ninguém conseguia
compreender, é claro.
SURGE OUTRO MISTERIOSO GRÃO-MESTRE
De espírito inventivo, declarou o Barão de Hund que
havia sido apresentado aos chefes desconhecidos, que lhe
ministraram instruções e lhe haviam concedido poderes para
armar cavaleiros. Como missionário, ele adotou os símbolos
maçônicos, adulterou as cerimônias da Maçonaria e iniciou
inúmeras pessoas, inclusive, muitos maçons, convencidos de
que Hund era senhor da verdade.
De súbito, surgiu, na França, outro misterioso GrãoMestre, um tal de Johnson. Ele afirmou ter sido enviado da
Escócia pelos famosos superiores desconhecidos, a fim de
revelar aos Irmãos verdadeiros segredos, fazê-los participar
das fabulosas riquezas da Ordem. Era um embusteiro. O
Barão de Hund foi obrigado a sair a público para
desmascarar o outro. Fez um apelo aos maçons,
“convidando-os a lhe jurarem obediência e fidelidade e a se
prepararem para seguir suas instruções. Para maior aparato
e convencimento de todos, o Barão fez ostentação de sua
fortuna e reafirmou saber onde se encontravam as fantásticas
riquezas dos Templários, prometeu exibi-las e andou
acenando com Altos Graus a muitas pessoas.
Príncipes, nobres, toda sorte de pessoas
importantes deixaram-se dominar pela esperança de
participar das lendárias riquezas e pela vaidade de vir a
possuir altos títulos e condecorações valiosas, entrando na
Ordem da Estrita Observância. Numerosas Lojas e
Capítulos novos foram instalados. Difundiu-se o novo
sistema, que ganhou muito terreno.
O Barão de Hund e os seus parceiros, com apoio
de homens poderosos, declararam heréticos os demais
sistemas, que passaram a ser hostilizados. As Lojas, não
filiadas à Estrita Observância, foram taxadas de
Observância relaxada pelas outras, cujos componentes se
intitulavam grandes maçons.
Chegou uma ocasião em que a Ordem da Estrita
Observância estava disseminada através de quase toda a
Europa, distribuída em 9 províncias, que abrangiam
muitos países. Era uma sociedade secreta predominante
em um velho mundo. Cada província era dividida em
prioratos; estes, em prefeituras, estas, em comandos; estes,
em Lojas.
OS GRAUS DA ESTRITA OBSERVÂNCIA
O Barão de Hund modificou muitos rituais
maçônicos, de acordo com seu espírito fantasioso, e
estabeleceu seus graus, a princípio, adicionando-lhes mais
um. Eram os seguintes:
• Graus Simbólicos: Aprendiz, Companheiro e
Mestre;
• Graus Superiores (Templários): Mestre Escocês,
Noviço, Templário (dividido em Cavaleiro, Aliado e PortaEstandarte);
• Eques Professus.
EXTINÇÃO DA ORDEM DA ESTRITA OBSERVÂNCIA
Imaginoso, o Barão de Hund, de tempos em tempos,
acenava com promessas novas. Chegou a asseverar ter
encontrado os tesouros dos Templários e que os iria
incorporar à Ordem.
Falava em construção de hospitais, de edifícios
próprios das Lojas, mas nada aparecia. Alguns adeptos
começaram a impacientar-se. Entarch, mais exaltado do que
os outros, publicou e espalhou um folheto (“A Pedra de
Toque”), em que divulgou os segredos da Estrita
Observância, os manejos e falsidades do Barão de Hund. Foi
um escândalo. Divulgada a organização da Ordem, surgiram
os mais acres comentários. Foi convocada uma Assembléia
ou Convenção para realizar—se em Wilhemstadt. Sob a
presidência do Duque Fernando de Brunswick, foi efetuada
a Assembléia em 16 de julho de 1782, em que se tratou da
reforma da Maçonaria, repúdio definitivo à lenda de ser a
Maçonaria uma continuação dos Templários e extinção da
Ordem da Estrita Observância. ?
a b
O Livre Arbítrio
N
ão há como dissociar o homem de seu destino:
a perfeição relativa ao Todo Perfeito. Contudo,
esse destino não está nas mãos de Deus ou do demônio,
conforme nos querem fazer crer as religiões, por não
existir determinismo ou fatalismo na evolução humana.
A faculdade de pensar, de raciocinar, colocou o
homem no topo da escala evolutiva, acima de seus
companheiros de jornada terrestre, os chamados
irracionais.
Sendo ele um espírito encarnado, dotado dessa
faculdade, está sujeito às intempéries que a vida oferece a
cada passo em seu caminhar, gregário na maior parte das
vidas e, às vezes, solitário.
René Descartes chegou ao ápice da questão, ao
concluir que, por deter o poder de raciocinar, o homem,
logicamente, é um ser existente, ou seja, “penso, logo
existo”, mas o existir não está diretamente ligado ao viver.
Existir é ser, e viver é ter, quer dizer, o homem tem, na
vida, a oportunidade de ser algo mais do que um simples
vivente, exatamente, por pensar. Ele existe porque pensa, e
o pensamento envolve o desenvolvimento da inteligência,
e essa, o da razão. Assim, interligando-se, essas conquistas
evolucionais acabam por determinar parâmetros, que
levam às ações e pensamentos e podem tornar o homem
ditoso ou desgraçado em suas romagens terrenas,
encarnação após encarnação, vida após vida.
Walter de Oliveira Bariani
Essa dualidade, graça e desgraça, decorrem da
Liberdade de Consciência, maior conquista da criatura face
ao seu Criador, que, em sua infinita misericórdia,
proporciona oportunidades incontáveis para que o homem
possa evoluir, a despeito de sua condição de réprobo de si
mesmo.
A posse da razão é o cadinho depurador das ações
divisionárias dessa dualidade, porquanto tudo que é
confrontado com a razão recebe a chancela do certo e/ou do
errado. Essa, por sua vez, amolda-se à moral cientifica,
confirmando seus estamentos filosóficos.
O Livre Arbítrio vem de ser exatamente o
determinante da Liberdade de Consciência, a encruzilhada
da moral e da razão, do pensar e do agir.
O Livro dos Espíritos, ao comentar o tema, relata-nos
na questão nº 843:
“ Tem o homem o livre arbítrio de seus atos?”
“Tendo a liberdade de pensar, tem igualmente a de agir.
Sem o livre arbítrio, o homem seria máquina.”
A cada ação, corresponde uma reação, é a Lei das
Causas e Efeitos. Dotado da liberdade de pensar, tem o
homem, automaticamente, a de agir, mas, ao direito de agir
conforme sua liberdade de consciência corresponde o dever
de circunscrevê-la aos crivos da razão e da moral, ou seja, de
acordo com os atos praticados, será glorificado ou execrado.
Um dos exemplos mais marcante de livre arbítrio é
encontrado nas páginas da Bíblia, mais precisamente na saga de
Adão e Eva, que, como sabemos, trata-se, única e
exclusivamente de personagens fictícios, utilizados como
símbolos do aparecimento do homem na face da terra, não
como elemento oriundo da teoria criacionista, mas dentro de
conceitos evolucionistas por excelência.
O paraíso ou éden é a inocência oriunda do não pensar
e, consequentemente, não saber. A árvore da vida, no meio do
paraíso, é o marco evolucional do homem que busca o
conhecimento apesar das dificuldades que a vida lhe interpõe a
cada passo, pois disse Deus:
“16. E deu-lhe esta ordem, e lhe disse: Come de todos os frutos
das árvores do paraíso. 17 Mas não comas do fruto da árvore da ciência
do bem e do mal. Porque, em qualquer tempo que comeres dele,
certissimamente, morrerás.” (Gênesis, 2: 16 e 17.)
Observe-se que a árvore proibida era a da ciência do
bem e do mal, ou seja, era a do conhecimento, que faria com que
o homem pudesse discernir, em suas ações, aquilo que lhe traria
alegria e o que poderia, ao mesmo tempo, causar-lhe a dor e os
tormentos da alma.
A serpente é o símbolo da inteligência; somente através
dela, é que se pode atingir o conhecimento. A narrativa bíblica nos
mostra que Eva, formada de uma parte de Adão, o homem,
portanto mais evoluída, arguiu de si mesma sobre a morte e
chegou à conclusão de que, caso comesse da fruta proibida,
certamente, não morreria, mas viveria com mais intensidade, dado
haver adquirido o conhecimento.
“4. Mas a serpente disse à
mulher: Bem podeis estar seguros
de que não haveis de morrer, 5
porque Deus sabe que, se comerdes
desse fruto, abrir-se-ão vossos olhos
e sereis como deuses conhecendo o
bem e o mal.” (Gênesis, 3: 4 e 5.)
Deus, como criador,
conhece sua criatura; sabendo-a
dotada de recursos necessários ao
pleno desenvolvimento mental,
moral e espiritual, coloca, ao seu alcance, o conhecimento para que
possa discernir entre o certo e o errado. Eva, simbolicamente, instigada
pela inteligência, usou do livre arbítrio e colheu o fruto e viu que era
formoso e agradável à vista e o comeu, ou seja, desafiou a proibição, o
cerceamento da liberdade de consciência, que impede a evolução
plena, figura de retórica, levando-nos aos desmandos dos líderes
religiosos de todos os tempos, que sempre utilizaram do pecado, para
determinar o que era proibido ao conhecimento do ser humano. Eva
tomou conhecimento de que, além do paraíso, existia a vida e de que,
como ser pensante, poderia determinar os rumos dessa vida.
Adão e Eva simbolizam a humanidade, o homem
criado simples e ignorante, mas que dispõe de elementos
naturais, tanto à sua volta quanto em si mesmo, para crescer
intelectualmente, despertando, a partir da inteligência
(serpente), o desejo de se conhecer para melhor aquilatar suas
ações, porque delas depende sua própria evolução.
A maldição, que Deus jogou sobre os ombros de Adão e
Eva, retrata as dificuldades que a humanidade enfrenta em sua
marcha evolutiva, porque, primeiramente, Ele se dirigiu à
serpente, como elemento da discórdia. Disse Ele:
“14 E o Senhor Deus disse à serpente: Pois que assim fizeste, tu
és maldita entre todos os animais e bestas da terra: tu andarás de rojo sobre
teu ventre e comerás terra todos os dias da tua vida. 15 Eu porei
inimizades entre ti e a mulher, entre a tua prosperidade e a dela. Ela te
pisará a cabeça, e tu procurarás morde-la no calcanhar.”
Essa frase bíblica tem sido usada pela humanidade, não
em seu significado simbólico, mas como se fosse uma condenação
verdadeira ao animal serpente, por isso as cobras são caçadas
impiedosamente e tidas como criaturas demoníacas. Mas o relato é
simbólico; a inteligência é apanágio superior, por isso maldita entre
aqueles que não a possuem ou que não podem usufruir
plenamente de suas propriedades intelectivas.
A serpente sempre desempenhou um papel importante e
multiforme como símbolo. Na China, é o símbolo yin (de yin e yang);
na Índia, as nadjas são consideradas como mediadoras entre os
deuses e os homens; a Kundalini é simbolizada como serpentes que
se enroscam desde a base da coluna vertebral até a cabeça,
considerada a sede da energia cósmica; no Egito, conheciam-se
diversas deusas serpentes; além disso, foi nesse país que os
arqueólogos encontraram o símbolo do Ouroboros, a serpente que
morde sua própria cauda, símbolo do que é eterno, que não tem
começo e nem fim; finalmente, no culto a Asclépio (ou Esculápio), a
serpente tem um papel importante como símbolo da autorrenovação.
Quanto à maldição de comer terra todos os dias, observemos que,
figurativamente, a terra não é alimento exclusivo da serpente, pois que toda
a humanidade se nutre da terra, e a inimizade entre a inteligência e a
mulher ficou no campo das conjeturas masculinas dominantes, onde a
mulher era considerada como ser
inferior e dominada pelo marido,
conforme o relato bíblico (Gênesis, 3:
16), onde Deus determinou à mulher
que os trabalhos de parto seriam
multiplicados, para que seus filhos
fossem paridos com dor, e que ficaria
debaixo do poder do marido.
A Adão, Deus determinou
que deveria tirar da terra o sustento à
força de seu trabalho, comendo o pão
oriundo do suor de seu rosto.
Não há progresso sem trabalho e não há paz sem a firme
determinação de conviver, respeitando as diferenças entre os povos.
Assim é a humanidade, que ainda busca se libertar dos liames e
tentáculos dos poderes religiosos e seculares, desatando os nós
górdios do dogmatismo insensato, para alçar vôos plenos da
liberdade de consciência, regulando-a pelo livre arbítrio, utilizando a
razão para crescer e evoluir sempre, em busca da perfeição, baseando
seus atos na mais pura moral e na mais elevada consciência de que é
um junto ao Pai, mas sabendo que o Pai é maior que todos. ?
a b
Uma Reflexão Sobre o Salmo 133
Autor desconhecido
"Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça,
o qual desce para a barba, a barba de Aarão e desce para a orla de suas vestes. É como o orvalho do Hermon,
que desce sobre os montes de Sião, porque ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre."
Na tradição hebraica, a figura de DAVI, rei de Israel, tem duplo
significado: o de fundador do poder militar judaico e o de
símbolo da aliança entre Deus e seu povo.
A história de Davi é narrada na Bíblia, nos livros I e II,
de Samuel. Nascido em Belém, na Judeia, entrou como harpista
na corte de Saul, primeiro rei de Israel. Na guerra contra os
filisteus, o jovem Davi, armado com uma funda, matou Golias,
o gigantesco campeão dos inimigos.
Essa vitória e outras, que se seguiram, despertou o
entusiasmo do povo, e, enciumado, o rei Saul resolveu eliminá-lo,
embora este se tivesse casado com sua filha, Micol, e fosse amigo
de Jônatas. Davi, então, fugiu da corte, vivendo em seguida em
vários lugares. Depois da morte de Saul e Jônatas, Davi regressou
à Judéia, e sua tribo o nomeou rei, ao mesmo tempo em que as
tribos restantes elegiam Isbaal, o outro filho de Saul. Na guerra,
que se seguiu, Isbaal foi morto, e Davi tornou-se rei de Israel,
fixando a capital em Jerusalém; para lá, transferiu a Arca da
Aliança, maior símbolo religioso dos israelitas.
Aarão é o primeiro nome lembrado toda vez que se
falar em religião judaica. A citação do seu nome evoca um
paradigma sacerdotal, a linhagem levita.
Aarão é o irmão mais velho de Moisés e seu principal
colaborador. Sua figura possui um peso próprio na tradição
bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe
sacerdotal dos judeus. Membro destacado da tribo de Levi,
viveu em torno do século XIV a.C. De acordo com a descrição
do Exôdo, era filho de Amram e Jocabed e três anos mais velho
que Moisés. Segundo a maioria dos biblicistas, se Moisés
encarnava a visão profética, Aarão simbolizava a necessidade de
um poderoso testamento sacerdotal.
Com tal preâmbulo, traçamos um perfil de Davi, autor
do Salmo em epígrafe, e de Aarão, citado no mesmo, para
comentarmos o sentido figurado de tal texto.
Reputado como local sagrado pelos habitantes originais
de Canaã, o monte Hermon situa-se na região Norte do território,
conhecido hoje como Palestina, na fronteira do Líbano com a
Síria, e se eleva a 2.800 metros de altitude. O seu cume está
permanentemente coberto de neve. Aos seus pés, tem origem o
rio Jordão, responsável por tornar fértil toda a região, conhecida
como vale do Jordão, que se estende da cidade de Dã até a região
de Edom, ao Sul do Mar Morto. A fertilidade, isto é, a própria
vida da região, é dádiva do monte Hermon. Se não fosse o
orvalho de suas vertentes, não existiria o Jordão. A região vizinha é
inóspita e sem chuvas. As águas cristalinas do Jordão asseguram a
irrigação e, com ela, a vida ao longo do vale verdejante.
É possível se entender o significado simbólico do "...
orvalho do Hermon" e a paráfrase da conclusão:
"Ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre".
A figura, “o óleo, que desce da cabeça de Arão, é como o
orvalho do Hermon, que, também, desce”, na verdade, é um
símile feito pelo poeta, para comparar as benesses da vida em
união. Tudo se passando como se ele tivesse dizendo que viver em
união é como ter Aarão como sacerdote, em íntimo contato com o
Criador, interpretando nossas dores e alegrias e oferecendo os
sacrifícios. Ou, então, é como ter garantida a vida, que frui do
Hermon até aos montes de Sião, assegurando a fertilidade da
região de onde vem nosso sustento.
Com essa comparação, entendemos o que o salmista nos
traz. Viver em união, como irmãos, é a superação de todos os males.
É sinônimo da máxima virtude humana. É quando os homens
ascendem ao clímax da felicidade. É a realização do EU coletivo.
Não seremos "eus", mas "nós". A felicidade da vida em união é
comparada em dois planos: o espiritual, simbolizado pelo óleo sobre
a cabeça, ungindo Arão, que permite ao homem alcançar o plano do
EU superior, e o material, representado alegoricamente pela água,
que, descendo do Hermon, assegura a vida pela perene fertilidade
do solo. De um lado, o espírito; de outro, o corpo, e, no meio, o
homem plenamente harmonizado consigo mesmo, com os demais
semelhantes, com a natureza (a terra) e com o Principio Criador. O
óleo, o homem, o monte e a água formam os símbolos e alegorias,
que nos levam a entender o significado da real união entre homens,
que se definem como Irmãos.
O Salmo 133 consagra o puro e verdadeiro amor fraternal,
essência para a construção dos novos tempos. "Ali ordena o
Senhor a sua benção, e a vida para sempre". Ele retrata os mistérios
da felicidade interior dos que vivem em harmonia com seus
irmãos. Felizes aqueles que compreendem o essencial desse
poema, (para alguns, oculto), e, muito mais do que isto,
conseguem viver essa experiência.
O objetivo primário é unir os Irmãos de tal forma, que
possam parecer um só corpo, uma só vontade, um só espírito,
formando um Templo coeso, cuja fundação se assenta no lema:
“Um por todos, todos por Um”. ?
a b
Seja Você Mesmo
N
ão importa se os vizinhos agem de forma
semelhante. Se vários colegas do trabalho
concordam entre si com certas questões. Se os parentes
falam a mesma coisa. Se a história reconta o passado
estimulada pelos fatos presentes. Se a mídia exibe a
mesma situação repetidamente. Se a maioria faz tudo
quanto faz. Conveniência?
Nada deve interessar se você não analisa
criticamente cada impressão que recebe. Portanto, é um
dever opor-se à opinião de terceiros sem apreciá-la
primeiramente, para não tropeçar e, pior, ao cair, apontar o
dedo da culpa para
os outros. Boa parte
da responsabilidade
pessoal é fruto da
consciência sobre si
mesmo,
admitindo
que se errou ao agir
inconscientemente.
Aquele
que
não
ilumina
o
seu
caminho através da
reflexão, vaga errante
nas picadas escuras
formadas
pelos
retalhos das ideias
alheias. Só você é
capaz
de
lançar
compreensão sobre os pensamentos e atos com os quais
convive. Seja você mesmo!
Por não ter consciência sobre o que pensa, o
homem concorda com muita coisa que sequer lhe diz
respeito, no intuito de, pelo menos, mostrar-se cordato
com os demais de convívio. Na ausência da opinião crítica
individual, resta-lhe a concordância cega do pensamento
coletivo. Medo de ser rejeitado? É um tipo de
a
Armando Corrêa de Siqueira Neto
compensação, ainda que despercebida, efetiva no seu
propósito. Parte e todo, pois, andam morosa e
empobrecidamente.
É preferível desagradar a alguns e evoluir
solitariamente a manter-se preso ao atraso do grupo.
Cumpre dizer, contudo, que não é pela discordância que as
pessoas se separam – ela, ao contrário, aproxima aqueles que
nela enxergam proveito -, mas pelo desinteresse que se
instala à medida que um avança e outro fica para trás. O ser
humano agrupa-se socialmente por interesses particulares
que atendam às necessidades e aos desejos próprios. Ao
perder tais proveitos,
dá
novo
direcionamento
às
relações,
buscando
inusitados horizontes,
ainda que negue a
importante mudança,
pelo sentimento de
culpa
que
pode
imprimir pressão e
pesar.
Não é simples
atravessar o deserto da
transformação pessoal
ao
separar-se
das
pessoas de convívio,
todavia há ganhos que
não apenas compensam, mas elevam o entendimento de que
a evolução cobra por cada passo dado, e o seu preço é mais
do que justo. Interessantes personagens atraem e são
atraídos, gerando renovada e oportuna roda de convivência,
além do alargamento da consciência que dá testemunho,
cada vez mais, dos próprios atos, por sua vez, frutos da
reflexão e não do acaso, que é par constante da inconsciência.
Seja você mesmo! ?
b
O
autor, nosso Irmão Celso Grinaldi Filho, é atualmente Gerente Nacional de
Vendas de uma grande organização do segmento editorial. Possui mais de
30 anos de experiência em gerenciamento de grandes equipes de vendas, tendo
como área de especialização as atividades de treinamento, planejamento e avaliação
de desempenho dessas equipes.
Este livro, O VENDEDOR TALENTOSO, discorre sobre a necessidade de pensar
como um vendedor, as suas opções de vendas, os passos iniciais e finais de uma venda, sobre
o atendimento, sobre os tipos de compradores, sobre a arte de vender, as virtudes de um
vendedor, os defeitos a serem evitados, os objetivos da venda, o merchandising, a construção
do futuro do vendedor e enfatiza o Decálogo do Vendedor. Além de se estudar, em
profundidade, as Técnicas de Venda, propriamente dita, o vendedor como imagem da
empresa, como superar as objeções de uma venda, como evitar que surjam obstáculos para a venda, o planejamento do trabalho de
venda, a busca da persistência e da criatividade, a promoção no ponto de venda e a relação Empresa/Vendedor Talentoso.
Agrega um Glossário de Termos Usuais em Vendas que o leitor não encontrará compilado em nenhuma obra similar.?
a Indicação de Livro b
Indico o livro “Pequena História da Maçonaria no Brasil” de autoria do Irmão João Ferreira Durão, pela editora
“Madras”. Trata-se de uma bela Obra, baseada em pesquisas históricas sobre a origem da Maçonaria brasileira.
a Arte Real – Edições Anteriores b
Além dos vários sites que disponibilizam nossa Revista, você poderá encontrar, para download, todas as edições
anteriores em nosso Portal www.entreirmaos.net .
?
a
b
A
rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007,
com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta
como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente,
via Internet, para mais de 12.500 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta
redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores.
Ao completar dois anos de idade, no último 24 de fevereiro, sua Revista Arte Real, de cara nova, sente-se
muito honrada em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o
estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do
momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º
Revisor: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ − 33º
Colaboradores nesta edição:
ArmandoCorrêa de Siqueira Neto – Federico Guilherme Costa– Giselda
Sbragia – Sérgio Sargo – Tenório Albuquerque – Walter Oliveira Bariani
Empresas Patrocinadoras:
Alexandre Dentista - Arte Real Software – CH Dedetizadora – CONCIV - CFC
Objetiva Auto Escola – Dirija Rent a Car - Livro (Celso Grinaldi) - López y López
Advogados – Maurílio Advocacia - Olheiros.com - Santana Pneus – Sul Minas Lab.
Fotográfico - Turmalina.
Contatos:
( (35) 3331-1288 - E-mail -
[email protected]
Skype – francisco.feitosa.da.fonseca - MSN –
[email protected]
Distribuição gratuita via Internet - Os textos editados são de inteira responsabilidade dos signatários.
Obrigado por prestigiar nosso trabalho. Temos um encontro marcado na próxima edição!!!
?