Breves apontamentos sobre a aids de cada um
Breves apontamentos sobre a aids de cada umI
Maycon Silva Lopes*
Resumo: Com base em vivências e observações específicas, analiso neste ensaio diversas
possibilidades de acionamento do binarismo pureza/impureza no discurso e práticas de prevenção
ao HIV. Considero que, ao passo que este é fundamental para a conformação dos soropositivos como
fontes de ameaça, ele atualiza a associação da epidemia ao temor e mesmo à morte – imagens
muitas vezes estruturantes das táticas preventivas da saúde pública. Observo ainda a sua
contextualização com o que poderíamos chamar de políticas do risco, as quais, ao instituírem o
controle nas nossas relações sexuais, faz dos doentes de aids uma espécie de vítima culpada. Ao
mesmo tempo, a tentativa de mudança de comportamento sexual pela via da racionalização do sexo
apresenta sérios limites e gera resultados muito variáveis, uma vez que se distancia de modo
considerável do imaginário erótico. Por fim, receio como algumas estratégias preventivas do
próprio movimento LGBT podem incorrer na reificação dessa população como grupo de risco,
categoria distintiva ante a moralização da epidemia da aids.
Palavras-chave: análise do discurso, sociologia da saúde, saúde coletiva.
Que idade você tem, vinte? Tem cara de doze. Já
nasceu de camisinha em punho, morrendo de medo
de pegar Aids. Vírus que mata. neguinho, vírus do
amor. Deu a bundinha, comeu cuzinho. pronto:
paranoia total.
ABREU, 2005, p. 85
Introduzindo o problema
Este trabalho não se trata rigorosamente de uma pesquisa empírica, mas
sim de reflexões sociológicas e de críticas culturais originadas com base em
vivências e observações acerca do HIV e da aids em diferentes contextos. A
renúncia do modelo canônico da escrita acadêmica em terceira pessoa e o uso do
pronome eu não foi apenas uma decisão – no sentido de comprometer-me no texto
Agradeço à professora doutora Ana Maria Brandão, do Instituto de Ciências Sociais da
Universidade do Minho (Portugal), por ter feito a primeira leitura deste ensaio e apresentado
valiosas contribuições, e aos pareceristas desta revista pela cuidadosas críticas do texto, as quais
considero decididamente imprescindíveis.
* Graduando em Ciências Sociais – UFBA.
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(CORNEJO, 2011) – como também o modo mais fluido que encontrei para narrar e
problematizar as situações que aqui apresento. Seria desleal da minha parte lançar
mão do “sujeito anônimo” das ciências sociais a fim de isentar-me do
estranhamento da minha própria experiência. Ao contrário, optei por deslocar esse
sujeito a fim de situá-lo na zona de desconforto e do risco na qual o eu – sob efeito
de diversos regimes de poder – é constantemente atravessado.
Mesmo após sucessivas revisões, no decorrer do texto pode parecer ao leitor
que há uma confusão entre noções de HIV e aids na minha escrita. Devo dizer que
não compreendo o vírus e a doença como equivalentes, como de fato não são;
todavia, dissociar um do outro como dois elementos autônomos seria uma tarefa
praticamente impossível, uma vez que estou lidando neste ensaio com imaginários
sociais, para os quais o soropositivo, enquanto “portador são” (GRMEK, 1994, p.
146), ou “infectado-mas-não-doente” (SONTAG, 2009, p. 127), goza de um estatuto
ambíguo e contraditório (SONTAG, 2009; CARVALHO, 2010).
Para além disso, alinhando-me ao conceito foucaultiano de dispositivo,
percebo a aids como um sistema articulador entre poder e saber que atua em
diferentes instâncias e com base em linhas de forças heterogêneas (CARVALHO,
2010). Desse modo, como elementos de um só dispositivo (o dispositivo da aids),
as ideias de vírus e de doença acabam por atuar juntas, o que também favorece à
impressão de tratarem-se de conceitos escorregadios. Não acredito, por fim, que
esse fato imprecise a análise. Pelo contrário, considero que com base nele
empreendemos uma mirada mais abrangente da multiplicidade de discursos à
baila em torno da aids.
Intenciono aqui explorar um espectro de questões políticas e sociais sobre
as quais tenho me debruçado nos últimos meses, sobretudo após uma prática
sexual desprotegida, que colocou em suspeição o meu estatuto sorológico. Esse
incidente desencadeou alguns meses de incerteza generalizada aliada a todo um
me imaginar infectado, levando-me já à uma constatação primeira: a de que a
dicotomia pureza/impureza, ou saudável/infectado(ável), ao arriscar a “verdade”
sobre o meu sangue, abalava também a minha própria identidade. E essa
habilidade de manejo identitário e redefinição do eu, conforme pontuara Sontag
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(2009), é um caráter exclusivo de determinadas doenças na nossa sociedade, como
a aids e o câncer1.
Discurso preventivo, risco e abejção
Lembro-me que, no início da minha tensão pré-exame laboratorial, estive
numa reunião da Rede Ex-Aequo, associação portuguesa de jovens LGBT e
simpatizantes, cuja pauta daquele dia, facilitada por um profissional de saúde,
coincidentemente era sobre a prevenção às DST. Num momento, antes de tudo, de
fragilidade emocional, buscava informações que me fizessem acreditar que eu não
havia sido infectado, embora no fundo soubesse que nesse terreno trataria apenas
em termos de probabilidades epidemiológicas, sendo que a mais infeliz destas era
igualmente possível, e portanto a mais assombrosa. Quando a palestra encerrou e
deu-se aberta à participação dos presentes, levantei a mão e perguntei se de fato a
circuncisão reduzia o risco de contaminação pelo HIV. A reação constrangida do
palestrante me fez sentir um traidor, pois de algum modo, ao democratizar essa
constatação científica – responsável aliás por formalizar a circuncisão pela ONU 2
como medida de proteção do HIV em países africanos – eu parecia estar a ir de
encontro com o que em cerca de uma hora palestrando sobre os males das DST ele
tentara convencer-nos: o uso inexorável do preservativo nas relações sexuais.
Nesse momento, dei-me conta de que nem todas os achados da comunidade
científica eram estrategicamente interessantes para levar ao domínio público, que
de tão leigo e imprudente tomaria a redução do risco como a eliminação deste. O
próprio palestrante, provavelmente para se desculpar, revelou que não costumava
falar de práticas que não garantem por completo a segurança das pessoas. Ou seja,
eu havia penetrado naquela zona do discurso a que Foucault (1997) chamara de
interdito, que, como efeito dos procedimentos de controle e de seleção da produção
discursiva, é resultado da exclusão das suas partes perigosas.
Na reunião, também observei que a todo momento se falava e se expunha
fotografias sobre o horror daquelas doenças, embora permanecesse intocado – e
Segundo Friedland (apud PLATTS, 1999, p. 15), a aids é diferente de outras enfermidades em razão
de que “está profundamente enraizada em nossas concepções sobre o valor social dos indivíduos e a
aceitabilidade do comportamento”.
2 Matéria publicada na Folha.com em 28 de março de 2007.
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por que não dizer omitido – o assunto de como lidar com elas. Mais: de que é
possível conviver com elas, de que existem tratamentos disponíveis e que, muito
embora não viabilizem a desinfecção do HIV, de fato garantem uma vida para além
da contaminação. Ora, enquanto pessoas praticantes de sexo, a rigor somos todos
potenciais infectados pela aids, e portanto o se (o possível) deve ser incorporado
como dimensão fundamental de qualquer política de saúde genuinamente
comprometida com o bem-estar das pessoas. A medicina que caracteriza a
contemporaneidade ocupa-se principalmente do regaste de doentes potenciais,
portanto, a verdade é que ela reconhece, sim, e trabalha tomando como referência a
nossa vulnerabilidade à doença, constituindo-se como medicina preventiva
(DELEUZE, 1992). No entanto, eu diria que os esforços que ela desempenha junto
aos não doentes muitas vezes desconsidera aqueles que já o são e aqueles que, do
grupo pertencente aos não doentes, ficarão infectados.
Limitar a palestra ao aspecto preventivo com o intuito de que seja eliminado
o risco de infecção das pessoas pode inclusive aumentar o risco de destruição
subjetiva ao qual somos expostos se descobrirmo-nos soropositivos. Essa é uma
forma de adotar o temor como política de saúde, repelindo de tal modo o mal, que
mais difícil do que preveni-lo torna-se incorporá-lo socialmente na figura dos seus
portadores. A este mal podemos, segundo Mary Douglas (1991), definir como
impureza, que significa transgressão à uma ordem que classifica rigidamente a
matéria. A questão é: como mensurar um lugar social àquele que possui a impureza
a que devemos a todo custo evitar? Como não nos tornarmos repelentes a nós
mesmos ao descobrirmo-nos permanentemente impuros? Aliás, o soropositivo não
apenas é considerado impuro – por ter atravessado uma fronteira que não deveria
– como também poluente, ao constituir um perigo para os outros (idem).
Recordo que certa feita recebemos no nosso apartamento de estudantes
uma visita que sabíamos ser soropositiva. Marcou-me nesse evento o fato de que
um amigo, ao saber da presença então vindoura, valido justamente de um pretexto
de assepsia (leia-se pureza), tratou de esconder as suas lâminas de barbear. Essa
memória é muito forte para mim, pois quando estava em dúvida sobre o meu
estado sorológico, perguntei-me se este mesmo amigo que vive comigo manteria às
escondidas o seu barbeador, ou melhor: se eu transformar-me-ia também nesse
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perigo que consiste em ser um sujeito poluente. Do ponto de vista humanista, a
dimensão mais cruel despertada pela epidemia da aids é essa imagem de fonte de
ameaça de que é dotado o soropositivo. Ela está associada à enorme ampliação do
discurso sobre o risco, que é estruturante da fronteira entre normalidade e doença
(AMORIM; SZAPIRO, 2008). Por sua vez, essa rígida divisão dá lugar a um minucioso
controle do risco, o qual pode provocar intolerâncias e preconceitos ao tornar
legítimo que se preserve de situações de risco a qualquer custo (idem).
Sobre morte e temores
Não obstante, não quero dizer que o cenário não vislumbre qualquer
mudança já em curso, que não esteja ganhando expressividade certas campanhas
contra o preconceito com portadores de HIV e doentes de aids, assim como
reportagens veiculadas por diversas mídias sobre vidas soropositivas estáveis. No
entanto, não posso ocultar o ainda muito estampado assombro ante o possível
contágio, porque, além da experiência relatada anteriormente, já acompanhei
amigos que aguardaram em descomunal ansiedade o resultado d'O Teste, como
referiu-se ao tal exame médico o escritor Caio Fernando Abreu em crônica 3 na qual
se revelou doente de aids.
Acredito que o temor permaneça porque, embora saibamos que ele já não
represente uma sentença fúnebre, o pano de fundo do HIV, ainda que mais distante,
continua sendo a morte4. Em decorrência da conquista por parte da ciência no
prolongamento da expectativa de vida dos soropositivos, tem sido recorrente o
pensamento de que é possível conviver com o vírus. Mas lá adiante ainda parece
acenar a morte, que estabeleceria uma espécie de prazo de validade, mesmo que
indeterminado, aos infectados. E em sociedades em que vigora o imperativo da
saúde perfeita, que regulamentam o prolongamento da vida seja lá em que
condições, a morte não seria menos que obscena (SONTAG, 2009).
Caio Fernando Abreu (1996, p. 102) escreveu “Voltei da Europa em junho me sentindo doente.
Febres, suores, perda de peso, manchas de pele. Procurei um médico e, à revelia dele, fiz O
Teste. Aquele. Depois de uma semana de espera agoniada, o resultado: HIV positivo”.
4 Em 1998, por exemplo, o slogan da Campanha Nacional contra a aids no Brasil (voltada para as
mulheres) foi “Seja viva, evite a aids”. Sabemos que o sinônimo de viva é esperta, contudo acredito
que a escolha do primeiro em detrimento do último deu-se pela óbvia razão de que a tomada de
atitude contrária, ou seja, permitir-se o contágio do vírus, significa permitir-se morrer. O antônimo
de viva seria desatenta ou imprudente, mas bem poderia ser também morta.
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Além do medo da morte, contamos ainda com o medo de possuirmos uma
densa confidência sobre as costas, cuja declaração pode alterar radicalmente as
nossas relações interpessoais e mesmo ameaçar-nos em forma de morte social.
Nesse ponto, acredito que a metáfora do armário e do assumir-se – que se refere
originalmente às comunidades gays e lésbicas – pode ser igualmente útil para
pensarmos a situação dos soropositivos, uma vez que, como um estigma que não é
visível, o processo de revelação ocorre principalmente por meio do discurso.
Sedgwick (2007, p. 28) pontua como “o tropo do armário está tão perto do centro
de algumas preocupações modernas” que com base na definição de pares tais quais
saúde/doença ou mesmo/diferente organiza toda a sua base cultural.
Outra forte mácula do HIV é o seu carimbo de contaminação por via sexual
(PELÚCIO; MISKOLCI, 2009), que recai como fomento de discriminação para o
soropositivo. O sexo remete a poros, fluidos e luxúria. O sexo, que já possui estreita
licitude na moral judaico-cristã, torna-se ainda mais execrável ao imaginar-se uma
contaminação; pior: uma contaminação em meio ao gozo. É nesse contexto que a
aids aparece como doença de comportamento (CASCAIS, 1997), doença dos
promíscuos, a doença dos doentes por excelência, pois que então os desviantes
sociais são tratados como enfermos, cujo escapar à norma é o sintoma de uma
patologia.
O sexo transformou-se numa corrente transmissora de vírus (SONTAG, 2009),
havendo curiosamente uma versão contemporânea dessa metáfora, que reside no
pensamento de que navegar em páginas pornográficas da web é pôr em risco a vida
útil do computador, pois que estas andam povoadas de vírus. Godinho (2009, p. 1)
comenta que “Donna Haraway arriscou a tese, já com vários seguidores, de que o
vírus da aids e os vírus de computador pertencem a um mesmo padrão já que
funcionam ao nível micro/molecular como informação codificada”. Por minha vez,
defendo que o imaginário de poluição das páginas pornográficas dialoga com o
pânico sexual e terror viral da aids, uma vez que todo corpo com que deleitamos
pode ser veículo de um vírus, esse inimigo invisível.
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A aids e o culto ao prazer
Outra característica distintiva do HIV é o grau de culpabilização que envolve
o seu portador. Não raro aquele que contrai o vírus é visto socialmente como um
estúpido: sacrificou a vida por breves momentos de prazer. Se a busca pela
longevidade significa lutar pelo não perecimento do corpo, qual o lugar destinado
ao efêmero que põe em risco a vida para muito além da terceira idade? Se be m que
nesse sentido os signos em circulação são ambíguos, pois rotineiramente
confrontamo-nos com mensagens tais quais “viva cada momento como se fosse o
único”, uma mensagem que, se levada a cabo, implica hedonismo, estímulo e
valorização do prazer imediato. Muito embora o nosso individualismo moderno
tenda a compreender as atitudes das pessoas como mera questão de escolha
racional, não podemos ignorar o fato de que é possível que um corpo seja de tal
modo interpelado, convocado ao ato sexual, que ainda que o sujeito possua
intenção de preservar-se, ele pode simplesmente privar-se da precaução e escapar
à lógica da racionalidade sanitária (MAIA, 2010).
Insisto em ressaltar que não alcançaríamos a dimensão concreta da relação sexual
como experiência cotidiana caso a discutíssemos como atores guiados pelo
primado da racionalidade, mas sim da razoabilidade, a qual, orientada por um
princípio prático, suspende certas questões a fim de atingir determinado fim
(GARFINKEL, 2006). E naquele momento de desejo e de prazer, o fim preciso é a sua
consumação, pela qual se torna perfeitamente viável desprover o cuidado de lugar
e ignorar a mensagem de perigo de uma realidade distante e anônima (PLATTS,
1999). Eu diria que perigo ali é interromper, não gozar, não gozar logo. Numa
perspectiva retrospectiva, após a “efemeridade” – o tempo que a nossa formação
moderna destinou à vazão de prazer – pode acontecer do deleite pelo deleite
perder abruptamente a sua condição valorativa, e aquele momento passado tão
depressa converte-se num grande problema, pois que a norma de preservação à
saúde já está demasiada incutida nas nossas subjetividades.
Ao discutirmos a associação entre aids e hedonismo, é importante lembrarmos
que, no Brasil, Cazuza foi uma das primeiras figuras públicas a assumir
nacionalmente ser vítima da doença. O emblema imagético da sua aparição como
doente de aids foi capa de um dos principais periódicos do país, a Veja, cuja
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apelativa manchete “Uma vítima da Aids agoniza em praça pública” 5, publicada em
1989, é acompanhada por uma assombrosa fotografia de debilidade física. A
intenção da revista era claramente pautar a doença com base no choque. A cara da
aids no Brasil do final da década de 1980 – mas tão forte de modo que p erdurasse
durante alguns anos – é Cazuza, amarelado de putrefação, sobre uma cadeira de
rodas e de feição esquelética de tão magro. Já doente, Cazuza, que era fartamente
descrito como hedonista, bissexual e orgiástico, escreveu numa das suas letras ter
visto a cara da morte, todavia, como afirmou o escritor Caio Fernando Abreu
(2002) nas suas Cartas, era nele mesmo que se via a cara da morte, face que era
menos da sua pessoa do que do mal que a arruinava.
Lembro-me que em meados da década de 1990, o meu irmão, então muito
magro, lamentava ter sido apelidado pela vizinhança jovem de Cazuza, alcunha
depreciativa digna de repulsa, não pela magreza em si, mas pela razão que fez de
Cazuza tão magro, e, por consequência, de Cazuza doente. Em 2004 foi lançando
pela Globo Filmes o longa-metragem biográfico Cazuza: o tempo não para, que
narra desde o início da sua trajetória artística no Barão Vermelho, grupo musical
em que como vocalista iniciou a sua carreira, até os seus últimos dias como doente
de aids. Na obra cinematográfica é muito clara a mensagem que conduz o
telespectador à conclusão de que Cazuza fez por merecer, demostrando uma lógica
clínica que valoriza a narrativa e a biografia e que traça uma relação de causalidade
entre o percurso individual e a chaga que o hostiliza, fazendo do doente de aids,
desse modo, uma vítima culpada (CASCAIS, 1997; SONTAG, 2009).
Conforme Carvalho (2010), essa imagem de vítima culpada diz respeito à
passagem da medicina da doença para a medicina da saúde (medicina preventiva),
a que referi anteriormente como característica das nossas sociedades
contemporâneas. Nessa nova racionalidade médica, a noção de risco é fundamental
para a mediação entre a saúde e a doença. Segundo a autora, que sustenta que “a
medicina preventiva transformou-se numa medicina do risco” (idem, p. 134), esse
novo contorno que envolve a medicina gerou pelo menos três consequências
imediatas, sendo elas: a intervenção e o controle do Estado na população a fim de
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Edição 1.077 de 26 de abril de 1989.
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protegê-la dos riscos a que está exposta, atribuição da responsabilidade ao homem
no seu adoecimento e a moralização da doença.
De fato muitas pessoas compartilham da ideia de que o portador do HIV é
uma espécie de suicida, aquele que facilitou para que o vírus acometesse-o, embora
valha dizer que a imagem de suicida não é monopólio apenas dos soropositivos ou
dos doentes de aids; os fumantes também carregam esse estigma atualmente, como
aqueles que se predispõem mais ou menos voluntariamente ao câncer pulmonar.
Com o advento do HIV, Carvalho (2010) advoga que o mundo passa a ser dividido
entre infectados e não infectados, e, mesmo entre infectados, é possível perceber
uma hierarquização interna entre os infectados culpados (promíscuos sexualmente
e toxicodependentes) e infectados inocentes (aqueles que contraíram o vírus por
transfusão de sangue, hemofílicos e crianças). Assim, juízos valorativos de
comportamento fazem confundir a normatividade social com a normatividade
médica (idem).
Revisando estratégias de saúde pública
Ao mimar corporalmente a excitação sexual, o
medo afigura-se-lhe como um desempenho secreto
e um bom aliado. Há nele uma “dor deliciosa”, que
vitaliza e faz valer a sua própria atração.
Perdigão apud CLÁUDIO e MATEUS, 2000
Enquanto reguladora social, a saúde pública, compreendida aqui como um
discurso – conjunto de enunciações apoiadas numa mesma formação discursiva
(FOUCAULT, 2003) – atua ante o HIV principalmente com base no imperativo use
camisinha (RIOS, 2005), sendo um dos não menos importantes vetores biopolíticos
de instauração e manutenção do dispositivo da aids. Na tentativa de orientar e
produzir certo conhecimento, atitude e prática sexual, o discurso hegemônico da
saúde pública transgride as fronteiras intimidade/publicidade e direito/dever, pois
que a proteção e o cuidado, à primeira vista especialmente interessantes para o
próprio indivíduo enquanto organismo vivo, transformam-se numa prudência e
garantia de saúde a que estamos todos obrigados. Utilizar o preservativo nas
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relações sexuais significa assim não apenas proteger-se, como, por extensão,
proteger todo o corpo social.
Quando a autovigilância fracassa e deixamos de utilizar o preservativo com
o nosso parceiro, é comum que comecemos a perguntar-nos sobre a vida que ele
leva, tentamos decifrar o seu comportamento e caráter, em suma, investigamos a
possibilidade desse Outro ser um possível contaminador do nosso corpo. Nesse
momento, acionamos uma série de preconceitos e estereótipos para fins de
problemáticas constatações: sua profissão, etnia, nacionalidade, identidade sexual,
entre outras categorias, a fim de coletarmos pistas sobre o seu estado sorológico.
Num estudo que envolveu práticas de risco em relações homossexuais, Maia
(2010) verificou que a percepção do risco de fato são baseadas em características
notáveis do parceiro, como aparência física, comportamento e discurso. Essas
inferências nem sempre são retrospectivas, elas podem ser feitas antes da relação
sexual em si. Seja como for, esse é mais um dos modos em que o dispositivo da aids
é acionado nas relações cotidianas.
Ironicamente, e como seguindo a vertente analítica foucaultiana não poderia
deixar de ser, o poder que delega o uso de preservativo como possibilidade única
de fazer sexo é o mesmo que cede espaços de emergência de um agenciamento
sexual transgressor, e nesse sentido a exposição ao risco pode constituir-se como
atitude sexual prazerosa (FERNÁNDEZ-DÁVILA, 2009), o que em parte6 explica a
adoção por inúmeras pessoas de “sexo anal desprotegido de forma intencional”
(SILVA, 2009) – mais conhecido como barebacking – com desconhecidos. Nesse
ponto, o erotismo pode ser descrito justamente com base na prática sexual
perigosa, colocando em questão certas regularidades, prescrições e fronteiras
(Lupton apud SILVA, 2010).
Entretanto, o nosso difuso repertório cultural permanece ambíguo 7: acabo
de assistir a um filme pornográfico contendo práticas de barebacking, e, ao abrir
Digo em parte porque, conforme aponta Silva (2010), além da identidade barebacker não se
apresentar de modo único, uniforme, estável ou fixo, os interesses, sensações e significados que
envolvem o sexo sem preservativo é igualmente plural, negociável, não podendo aqui reduzir essa
experiência erótica e afetiva à (aparentemente) simples fórmula risco-prazer.
7 Castiel (1996, p. 6) pontua sobre certas “características contraditórias das sociedades ocidentais
nas quais, simultaneamente, há estímulos para as pessoas consumirem múltiplas ofertas prazerosas
e alerta para os riscos e malefícios destas opções. Exemplos não faltam (fora da esfera sexual, são
evidentes as duplas mensagens relativas aos usos de tabaco, álcool e na gastronomia)”.
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outra página da web, deparo-me com o anúncio publicitário que me informa que
sexo só deve ser feito com preservativo. Aqui percebo que a segurança erótica que
tenta regular o meu prazer com sua mensagem negativa acaba por afastar-se do
meu desejo, muito mais dialógico com a perspectiva oferecida pela indústria
pornográfica. São incontáveis os trabalhos que constatam os limites da
comunicação social de prevenção ao HIV (PLATTS, 1999; PAZ, 2000; MOTA, 2009),
isso porque, segundo Knerr e Philphott (2008, p. 206), “tem se explorado pouco o
potencial do prazer como motivação para o sexo seguro” e, em concordância com a
epígrafe do trabalho dessas autoras, “a educação sexual raramente é sexy e a
erótica é raramente segura”.
Em geral a linguagem publicitária de prevenção ao HIV como mecanismo de
persuadir-nos para a adoção de determinado comportamento sexual fica muito
aquém do principal motor do sexo: obtenção de prazer e satisfação sexual; como se
sensibilidade e sensualidade não combinassem com o uso de preservativo. Pautada
no paradigma “desejo versus razão”, a abordagem pouco ou nada erótica que
comumente organiza o discurso da prevenção acabou por sacralizar o preservativo,
fazendo dele muito mais importante que o próprio ato sexual (CARVALHO, 2010).
Platts (1999, p. 81) propõe que os resultados positivos das estratégias
preventivas da saúde pública dar-se-iam pela “modificação mais que [pel]a
eliminação de certas condutas, de tal maneira que, finalmente, a mudança
signifique um esforço menos drástico da população”. Nesse sentido, ao afastar-se
da “ditadura do preservativo”, o discurso preventivo estaria mais próximo dos
próprios sujeitos, que negociam constantemente os seus conhecimentos acerca do
tema, dos riscos e dos parceiros com os quais se envolvem (SANTOS, 2004; MAIA,
2010).
É preciso ainda revermos a patente da funcionalidade 8 do temor com
relação à aids (PLATTS, 1999; SANTOS, 2004), a velada confiança de que a produção
de uma ansiedade sempre culmina na prevenção. Primeiro porque me parece claro
que “tanto o adoecer como a exposição a determinados riscos se constituem como
Após saber o diagnóstico do meu estado sorológico, a profissional de saúde que me recebeu disse
“serviu como susto”. Também já escutei de pessoas de gerações mais velhas que um dos motivos dos
jovens gays hoje em dia exporem-se ao risco é o fato de eles não serem contemporâneos à chamada
crise da aids, da década de 1980.
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modos possíveis de permanecer vivo e, por extensão, de levar a vida” (Vaz apud
CASTIEL, 1996), depois porque, se o pavor em conceber-me infectado levou-me, ao
menos momentaneamente, a adotar um comportamento sexual seguro, é
compreensível que horror semelhante faça com que o meu companheiro nem
sequer realize o teste a que me submeti, e, assim, inconforme-se e resista ao
imperativo da saúde, o qual passa sempre pela definição do estatuto sorológico do
indivíduo.
Caso a solução residisse precisamente no terror, seria necessário que
semelhante estado fosse mantido com persistência ao longo do tempo, porém
nenhum ser humano consegue viver sob tal estado, o que me faz duvidar da
eficácia desta medida (PLATTS, 1999). Aliás, como aponta Maia (2010, p. 390), o
próprio discurso excessivo sobre o risco, e a meu ver a incitação ao temor, podem
“servir para diminuir o seu impacto emocional e instaurar mecanismos de
integração e de normalização do perigo, permitindo a sua abstração e o seu
distanciamento e, por conseguinte, a exorcização do medo”.
Uma vez fui a um banheiro público onde, ao mirar o espelho, deparei-me
com uma mensagem do Ministério da Saúde que dizia algo como “Esta é a única
pessoa que pode obrigá-lo a fazer o teste de HIV”. Ora, no meu ponto de vista, o
susto causado por tal inusitada leitura, o estímulo moderno à autorregulação nesse
formato tão incisivo, que na verdade quer fazer parecer que a decisão em fazer o
teste está puramente sob nossa resolução, além de individualizar algo de amplas
consequências sociais, mais afasta que aproxima o interlocutor do centro de saúde
onde faria o tal exame. Portanto, a evocação da sorologia enquanto determinante
da vida é realizada de modo que se provoque atitudes muitas vezes contraditórias
com a intenção do chamado do marketing social, que provavelmente ainda não
deu-se conta da urgência de novos investimentos.
A aids como metáfora
Recordo-me que em 2010 um dos mais populares participantes da décima
edição do reality show “Big Brother Brasil” declarou em rede nacional que apenas
os homossexuais adoeciam de aids. O que precisamente chamou atenção no caso
foram os resquícios da ideologia demasiado (hetero)normativa de grupos de risco,
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que deixaram “marcas indeléveis no imaginário social no qual as sexualidades
dissidentes ainda são sinônimo de perigo” (PELÚCIO; MISCOLCI, 2009, p. 39). Essa é
uma das razões que fazem com que a aids não represente hoje um temor
homogêneo para todos os grupos. Mesmo depois de anos de campanhas e
noticiários, os preconceitos com relação à ela parecem persistir, o que se constitui
largamente como impasse para o almejado exercício de uma prática sexual segura
por toda a gente.
A aids nessas situações é a metáfora social da impossibilidade de afeto e
prazer entre pessoas do mesmo sexo, a metáfora da própria homofobia, que atua
produzindo sentimentos de repugnância e de ódio a certas práticas sexuais (PLATTS,
1999). Segundo Butler (2002, p. 150), “os discursos homofóbicos que entendem a
aids como o resultado da homossexualidade […] exploram e fortalecem este tropo
já circulante da homossexualidade representada como uma espécie de morte social
e psíquica”, ou “da homossexualidade como paradigma do patológico” (idem, p.
105).
Na minha experiência como militante da causa LGBT, estive em alguns
eventos destinados à discussão de políticas para a promoção de direitos dessa
população, sendo que em todos eles foram-me entregues preservativos. Seria
ingênuo afirmar que esses espaços apenas aglutinam diversas identidades, pois
não levaríamos em consideração as estratégias pelas quais eles formam-nas e
regulam-nas. Desse modo, a prevenção às DST atua como componente fundamental
na
construção
politicamente
correta
dessas
identidades,
arquitetando-as
especialmente às práticas sexuais.
Ora, sabemos que um dos modos de intervenção do Estado para controle da
epidemia da aids é a distribuição gratuita de preservativos em sessões de formação
e de informação sobre ela, em grandes festas e também entre pessoas consideradas
com risco acrescido de contrair HIV (CARVALHO, 2010). Não ignoro as lutas sociais
para controlar a transmissão do vírus, apenas pergunto-me de que modo é possível
fazê-lo sem que seja reafirmada a ideia de grupos de risco. Para tal discussão – que
por conta da complexidade não será possível desenvolver neste trabalho –
recuperaria a sugestão da afetividade enquanto investimento político (LOPES, 2002)
e portanto de um deslocamento tático do ato sexual para a amizade, defendida por
Primeiros Estudos, São Paulo, n. 1, p. 27-43, 2011
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Maycon Silva Lopes
Foucault (1981) como perturbadora e transgressora. Poderíamos articular essa
ideia à uma política de saúde voltada para as sexualidades dissidentes? É viável
promover estratégias de prevenção ao HIV internamente sem marcar tão
fortemente esses grupos pelas práticas sexuais e pelos riscos?
Algumas conclusões
O interlocutor do discurso preventivo tem sido unicamente aquele que até
aqui chegou sob custódia de uma “pureza”, a qual é claramente mediada pela ideia
da sorodiscordância. Por isso, torna-se interessante para o profissional de saúde
alertá-lo, a fim de que ele, ao dar-se conta de como é tão mais agradável estar
daquele lado (e não do Outro), possa resguardar a sua condição de corpo “sob
controle”, intocado pelo contágio.
A norma percebe portanto qualquer intercâmbio sexual não regulado como
sinônimo de perigo (DOUGLAS, 1991), perigo esse que é recrutado pelas campanhas
de saúde a fim de fazer frente à epidemia da aids. No entanto, a sanitarização do
sexo (CARVALHO, 2010) costuma estabelecer um discurso em que o uso do
preservativo é dissociado do imaginário erótico (MAIA, 2010), o que faz com que o
medo seja uma ferramenta pedagógica bastante questionável (SANTOS, 2004).
De acordo com Martins (2002), na fantasia do “risco zero” a modernidade
vive assombrada pelo fantasma da assepsia social. Vivemos numa era de políticas
do risco (CARVALHO, 2010), que faz com que o indivíduo contemporâneo esteja em
contínuo controle (DELEUZE, 1992), vigiando a si e ao outro. Nesse sentido, Carvalho
(2010, p. 189) afirma que “a aids é o nosso espelho”, o retrato do nosso
comportamento social. Esse dispositivo, na medida em que assegura que o vírus do
HIV é uma ameaça anônima e que portanto não devemos confiar nos nossos
parceiros, contribui definitivamente para a instauração do medo e da desconfiança
nas relações humanas (idem). Assim, compreendo a aids não somente como parte
da nossa experiência social (MURPHY, 1997), como também – enquanto inimiga sem
rosto e difusa – uma doença que bem pode residir em cada um de nós.
Primeiros Estudos, São Paulo, n. 1, p. 27-43, 2011
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Recebido em março/2011
Aprovado em junho/2011
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