PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Sexting: percepções de adolescentes sobre o
fenômeno e acerca do papel das relações familiares
Sexting: adolescents’ perceptions on the phenomenon and
about the role of family relationships
Sexting: percepciones de adolescentes sobre el fenómeno y
acerca del papel de las relaciones familiares
André Tavares Cardoso*
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
Brasil
Denise Falcke**
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
Brasil
Clarisse Pereira Mosmann***
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
Brasil
RESUMO
Pesquisas sobre sexting vêm abordando quantitativamente aspectos da
individualidade dos adolescentes, desconsiderando suas percepções.
Portanto, o objetivo dessa pesquisa qualitativa e descritiva foi conhecer a
percepção de adolescentes sobre o sexting e sobre o papel das relações
familiares no fenômeno. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
seis adolescentes entre 14 e 17 anos de uma escola da região metropolitana
de Porto Alegre, com ou sem envolvimento em sexting. A partir da análise
de conteúdo, os resultados mostraram que o fenômeno foi descrito como
comum e não negativo. Entretanto, os participantes o descreveram como
problemático caso ocorra o compartilhamento não autorizado. O exemplo
dos pais e o diálogo na família foram percebidos como influenciadores de
sexting ativo. Sugere-se que educadores, pais e terapeutas não o
qualifiquem pejorativamente. Também que ampliem a comunicação sobre
sexualidade para além do caráter informativo, bem como a discussão dos
riscos de exposição que o compartilhamento não autorizado do sexting
acarreta.
Palavras-chave: sexting, adolescência, família.
ABSTRACT
Sexting research has quantitatively addressed aspects of adolescent
individuality, disregarding their perceptions. Therefore, the purpose of this
qualitative and descriptive research was to know the adolescents' perception
about sexting and the role of family relationships in the phenomenon. Semi-
ISSN 1808-4281
Estudos e Pesquisas em Psicologia
Rio de Janeiro
v. 19
n. 3
p. 665-685
Setembro a
Dezembro de 2019
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
structured interviews were conducted with six adolescents between 14 and
17 years of age from a school in the metropolitan region of Porto Alegre city,
with or without involvement in sexting. From the content analysis, the
results showed that the phenomenon was described as common and nonnegative. However, participants described it as problematic if unauthorized
sharing occurs. Parents’ example and the dialogue in the family were
perceived as influencers of active sexting. It is suggested that educators,
parents and therapists do not qualify the phenomenon pejoratively. Also,
they should extend communication about sexuality beyond the informational
aspect, as well as the discussion of the exposure risks that the unauthorized
sharing of sexting entails.
Keywords: sexting, adolescence, family.
RESUMEN
Las encuestas sobre sexting vienen abordando cuantitativamente aspectos
de la individualidad de los adolescentes, desconsiderando sus percepciones.
Por lo tanto, el objetivo de esta investigación cualitativa y descriptiva fue
conocer la percepción de adolescentes sobre el sexting y del papel de las
relaciones familiares en el fenómeno. Se realizaron entrevistas
semiestructuradas con seis adolescentes entre 14 y 17 años de una escuela
de la región metropolitana de Porto Alegre, con o sin participación en
sexting. A partir del análisis de contenido, los resultados mostraron que el
fenómeno fue descrito como común y no negativo. Sin embargo, los
participantes lo describieron como problemático si se produce un
intercambio no autorizado. El ejemplo de los padres y el diálogo en la familia
fueron percibidos como influyentes de sexting activo. Se sugiere que los
educadores, padres y terapeutas no lo califiquen peyorativamente. También
que amplíen la comunicación sobre sexualidad más allá del carácter
informativo, así como la discusión de los riesgos de exposición que el
compartir no autorizado del sexting acarreta.
Palabras clave: sexting, adolescência, família.
O advento das novas tecnologias de comunicação por meio da
internet trouxe mudanças na forma de interação social. Além do
contato face a face, as pessoas passaram a se relacionar também de
forma virtual, especialmente os jovens e adolescentes (Assunção &
Matos, 2014), que são os maiores usuários da internet via celulares e
smartphones, tanto no Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística [IBGE] (2018), quanto em outros países
(Korenis & Billick, 2014; Strassberg, McKinnon, Sustaíta, & Rullo,
2013).
Dentre as diferentes formas de uso do smartphone, está a troca de
conteúdo sexual por meio de textos, imagens ou vídeos. Quando
alguém produz e envia ou recebe conteúdos sexuais seus ou de outra
pessoa, a literatura define esse comportamento como sexting (Rice et
al., 2012; Rood, Thackeray, Letson, Leder & Berlan, 2015). Tal
comportamento tem crescido e se tornado comum em diferentes
tipos de relacionamentos interpessoais, incluindo namoro, encontros
casuais e amizades, particularmente entre os adolescentes em idade
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
666
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
escolar (Delevi & Weisskirch, 2013; Drouin, Vogel, Surbey & Stills,
2013; Strassberg et al., 2013).
Entretanto, as pesquisas internacionais são heterogêneas ao
relacionarem aspectos como sexo, idade e os motivos que levam os
jovens ao envolvimento em sexting. Alguns estudos descreveram que
as meninas são quem mais produzem e enviam sexting (Burkett,
2015; Döring, 2014) e que os meninos são os que mais comumente
recebem tal conteúdo (Dir, Coskunpinar, Steiner, & Cyders, 2013;
Gordon-Messer, Bauermeister, Grodzinski, & Zimmerman, 2013).
Temple e Choi (2014) diferenciaram tais comportamentos como
sexting ativo e passivo. Definiram como sexting ativo o
comportamento de produzir e enviar conteúdo sexual de si ou de
outro, e como sexting passivo o comportamento de receber tal
conteúdo ou ser assediado a produzi-lo.
Porém, de acordo com Englander (2012), a constatação de que as
meninas são mais envolvidas em sexting ativo do que os meninos
pode ser questionada, pois são elas que recebem mais pressão para
produzir e enviar sexting. Além disso, Delevi e Weisskirch (2013)
sugeriram que as mulheres são mais propensas do que os homens a
se envolver em sexting dentro de um contexto de relacionamento
íntimo e de confiança, com o fim de manter ou fortalecer o
relacionamento. Já os homens, ao contrário das mulheres, parecem
utilizar o sexting como meio para atrair alguém a uma possível
atividade sexual futura.
Em relação à idade dos adolescentes, não há consenso na literatura
se são os mais novos ou não os mais envolvidos em sexting. Na
Inglaterra, os adolescentes mais velhos comparados aos mais novos
estiveram mais envolvidos no fenômeno (Livingstone & Görzig,
2014). O mesmo foi encontrado no estudo de Rice et al. (2012) nos
EUA, mas em contrapartida, no mesmo país o sexting foi bastante
prevalente entre os menores de 14 anos (Rood, Thackeray, Letson,
Leder, & Berlan, 2015). Sendo assim, cabe questionar se no contexto
brasileiro isso se ocorre da mesma forma, uma vez que o uso do
smartphone é comum entre adolescentes de diferentes faixas etárias.
No presente estudo, a adolescência será compreendida entre as
idades de 12 e 17 anos, conforme o que dispõe o Estatuto da Criança
e do Adolescente - ECA, (Lei n. 8069, 1990).
Quanto aos motivos para o engajamento em sexting há aqueles
ligados a um contexto de relacionamento e os que não estão. Entre
os primeiros aparecem o esforço para ser sexy, como forma de
diversão, flerte, ganhar atenção do parceiro como expectativa de
iniciar atividade sexual, como resposta a um pedido da outra pessoa
ou ao fato de ter recebido sexting da mesma (Drouin et al., 2013;
Henderson & Morgan, 2011).
Já os motivos que não envolvem namoro ou relacionamento afetivo
aparecem como forma de brincadeira entre amigos, com objetivo de
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
667
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
fortalecer a amizade, como uma moeda de popularidade (Albury &
Crawford, 2012; Ringrose, Livingstone, & Harvey, 2012) e como
forma de buscar novas sensações (Baumgartner, Sumter, Peter,
Valkenburg, & Livingstone, 2014). Também como uma necessidade
de pertencimento grupal, busca por autonomia e sensação de
onipotência (Macedo, Azevedo & Castan, 2010; Steinberg & Morris,
2001). Em uma pesquisa no México, adolescentes também citaram
problemas de identidade sexual, baixa autoestima, perceber-se
socialmente discriminado, ser aluno novo na turma e tentar
impressionar a outro com uma tentativa de iniciar um relacionamento
(Mejía-Soto, 2014).
Portanto, uma vez que o sexting pode servir como meio de interação
tanto em um relacionamento amoroso quanto de amizade é
importante pensar sobre a atitude do adolescente em relação ao
fenômeno. Nos Estados Unidos, o estudo de Strassberg et al. (2013)
com 606 adolescentes mostrou que os que viam o sexting como
errado foram os que menos enviaram imagens de si mesmos em
relação aos que o consideraram aceitável. Os participantes também
descreveram como possíveis consequências do sexting ativo o
recolhimento do celular, suspensão ou expulsão escolar, penas para
pornografia, prisão, prestação de serviços comunitários e multa.
Cabe notar que a percepção dos adolescentes a respeito de tais
consequências recaiu sobre a possibilidade de serem pegos e não de
estarem envolvidos em sexting, revelando que a prática do sexting
em si não foi vista como inadequada, mas sim a divulgação ou o
compartilhamento não autorizado das mensagens. Isso se coaduna
com o que descreveram adolescentes portugueses, de que a
exposição da vida publicamente era o que mais os preocupava no uso
intenso da internet (Assunção & Matos, 2014).
Entretanto, algumas pesquisas também demonstraram que o
envolvimento em sexting pelos adolescentes esteve associado a
problemas emocionais (Choiet al., 2016; Livingstone & Görzig, 2014;
Ouytsel, Ponnet, & Walrave, 2017; Temple et al., 2014; Temple &
Choi, 2014), a comportamentos sexuais de risco, como o não uso do
preservativo (Rice et al., 2012), uso de violência no namoro (Morelli,
Bianchi, Baiocco, Pezzuti, & Chirumbolo, 2016) e a implicações legais
(Korenis & Billick, 2014; Wolak, Finkelhor, & Mitchell, 2012). Esses
resultados estiveram relacionados tanto aos adolescentes que
receberam quanto aos que enviaram tais imagens.
Em relação às questões emocionais, Temple et al. (2014)
investigaram a associação entre sexting e saúde mental. Eles
revelaram que o envolvimento em sexting esteve significativamente
associado aos sintomas de depressão, impulsividade e uso de
substâncias, mas não foi preditor de tais problemas. Pode ser que os
adolescentes sob a influência de álcool e drogas fiquem mais
desinibidos e vulneráveis ao envolvimento em sexting nessas
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
668
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
circunstâncias. Talvez a relação entre sexting e o uso de substâncias
seja espúria, possivelmente devido à existência de variáveis
subjacentes compartilhadas entre os participantes, tais como
amizades que favorecem envolvimento em atos infracionais ou
características próprias da adolescência.
No que se refere aos comportamentos sexuais, Temple e Choi (2014)
em seu estudo longitudinal descreveram que os adolescentes que
enviaram imagens íntimas (sexting ativo) tiveram mais relações
sexuais no ano seguinte comparados aos que não enviaram (sexting
passivo). Isso leva a pensar que talvez a função do sexting ainda
precise ser compreendida no que se refere ao desenvolvimento
sexual dos adolescentes. De fato, a vivência da sexualidade na
adolescência tem um papel normativo no desenvolvimento e por isso
precisa ser estudada de forma integral e neutra, isto é, sem a
pressuposição de que ela traz apenas riscos (Tolman & McClelland,
2011).
A partir disso, pode-se indagar qual o papel do sexting na
adolescência, fase importante do ciclo vital que possui suas
peculiaridades. Por exemplo, sabe-se que é um período de muitas
transformações e descobertas e os adolescentes estão em pleno
processo de mudança do corpo, que biologicamente deixa de ser um
corpo infantil para tornar-se reprodutivamente apto (Bezerra,
Queiroz, & Oliveira, 2014). Eles também estão desenvolvendo novas
formas de intimidade e são confrontados com a necessidade de
aprender a regular o comportamento sexual. Assim, experimentam
uma tensão entre o desejo de autossatisfação e o atendimento das
expectativas sociais e familiares a respeito da sua sexualidade.
No Brasil, Oliveira, Béria e Schermann (2014) mostraram que os pais
viam o início da vida sexual como símbolo de maturidade para os
filhos, mas não para as filhas. Assim, visto que na família a
sexualidade ainda é vista como tabu pelos pais (González, Orcasita,
Carrillo, & Palma-García, 2017; Sevilla, Sanabria, Orcasita, & Palma,
2016), é importante conhecer o que o sexting representa aos
adolescentes.
Muitos pais não conversam com os filhos sobre o tema da
sexualidade por atribuírem um valor negativo a ele, pela dificuldade
de aceitar a sexualidade dos filhos, por acreditarem que falar
estimula os filhos a praticarem sexo (Gonçalves, Faleiro, & Malafaia,
2013) e por se sentirem despreparados e tímidos para tratar do tema
com eles (Sevilla et. al., 2016). Adiciona-se a isso o fato de que, na
escola, muitas vezes a educação sexual se resume aos aspectos
biológicos, reprodutivos e não supre as ansiedades dos adolescentes,
desconsiderando as dimensões prazerosa e benéfica (Gonçalves et
al., 2013). Especialmente no contexto atual brasileiro, em que a
sexualidade e o sintagma ideologia de gênero (Junqueira, 2018)
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
669
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
estão sendo discutidos (Projeto de lei da 'Escola sem Partido' que
avança na Câmara, 2018).
Sevilla et al. (2016) descreveram em seu estudo que os pais tinham
mais dificuldade em falar sobre sexo com seus filhos do que as mães.
Quando aconteciam conversas sobre sexualidade, elas se
concentravam na proteção das mulheres e na promoção da
sexualidade para os homens e a maior fluência no diálogo se dava
entre os subsistemas mãe-filha e pai-filho. Além disso, houve
discrepância na percepção entre os pais e os adolescentes no sentido
de que, para os pais, seria suficiente apenas mencionar de forma
diretiva certos tópicos sobre sexualidade, enquanto a expectativa dos
filhos era de que eles discutissem valores e dinâmicas de experiências
sexuais. Isso talvez explique porque os amigos e a internet são as
maiores fontes de informação sobre sexualidade entre os
adolescentes (Gondim et al., 2015), o que aponta para a
possibilidade de o uso das tecnologias ser mediador dessa troca de
informações.
Visto que as famílias ainda têm dificuldades em abordar o tema
sexualidade com seus filhos é importante investigar como, em
relação ao sexting, a comunicação entre pais e filhos intermediaria o
envolvimento destes no fenômeno. Sabe-se que a comunicação entre
os subsistemas na família é fundamental para uma boa interação
entre eles (Nichols & Schwartz, 2007; Vasconcellos, 2013) e que o
diálogo com os pais tem efeito protetor na vida dos adolescentes
(Gomide et al., 2005; Tomé, Camacho, De Matos, & Diniz, 2011). Por
exemplo, Moscoso-Alvarez, Rodríguez-Figueroa, Reyes-Pulliza e Colon
(2016) indicaram que a comunicação entre pais e filhos, teve um
papel importante na saúde mental dos adolescentes de Porto Rico.
Sendo assim, pode-se questionar se o mesmo ocorreria com o
sexting. Talvez o fenômeno possa ser percebido por adolescentes
como instrumento de comunicação familiar sobre sexualidade, assim
como servir como fonte de informação sobre ela.
Além do diálogo familiar é consenso na literatura que também as
atitudes e os comportamentos dos pais influenciam os filhos (Ferreira
et al., 2013; Toni & Silvares, 2016; Moscoso-Alvarez et al., 2016), o
que obviamente inclui a sexualidade. Em El Salvador, as atitudes da
família e dos amigos influenciaram o início da vida sexual dos
adolescentes participantes de um estudo (Ruiz-Canela et al., 2012).
Nele, a percepção de que os irmãos e amigos apoiam as relações
sexuais esteve associada com maior probabilidade de os adolescentes
praticarem sexo. Como fatores protetores do início da vida sexual
estiveram: supervisão dos pais, receber mensagens de amigos ou
irmãos apoiando a abstinência sexual e o apoio ao matrimônio por
parte dos pais.
Adiciona-se ainda que o comportamento dos pais, tanto virtual
quanto na vida fora da internet, induz à repetição do mesmo
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
670
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
comportamento nos filhos. Lam e Wong (2015), por exemplo,
mostraram que o vício de internet dos pais influenciou o vício de
internet dos filhos. De forma semelhante, Raphaelli, Azevedo e Hallal
(2011) mostraram que o uso de substâncias e uso de álcool pelos
familiares aumentou a possibilidade de consumo pelos adolescentes.
Por outro lado, a proximidade familiar, a relação positiva com os pais
e o monitoramento parental funcionam como fatores de proteção
para que os adolescentes não se envolvam em alguns
comportamentos de risco, tais como abuso de álcool e atividade
sexual sem preservativo (Kan, Cheng, Landale, & McHale, 2010;
Ciariano, Kliewer, & Rabaglietti, 2009; Roche, Achmed, & Blum,
2008).
É relevante ressaltar que a maioria destes estudos é de caráter
quantitativo e não enfatizam as percepções dos adolescentes, além
de se referirem aos contextos internacionais. No Brasil, em uma
busca no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES - com o descritor “sexting”, foram
encontrados dois artigos nacionais. Barros, Ribeiro e Quadrado
(2014) analisaram reportagens de internet sobre o fenômeno e
levantaram a questão de que, talvez, a fronteira entre o que é público
e privado esteja fragilizada, o que levaria os adolescentes ao
envolvimento em sexting. Por outro lado, Leal et al. (2017) relataram
que os adolescentes participantes de seu estudo estavam
familiarizados com o fenômeno, mas desconheciam o termo sexting.
Além disso, chamaram a atenção para a culpabilização,
especialmente das mulheres, quando do vazamento do conteúdo do
sexting.
Diante disso, justifica-se a realização de pesquisas, especialmente
qualitativas, para conhecer esse fenômeno em profundidade.
Portanto, o objetivo desse estudo qualitativo e descritivo foi conhecer
a percepção de adolescentes entre de uma escola pública da região
metropolitana de Porto Alegre, sobre sexting e acerca do papel das
relações familiares no fenômeno, pois a literatura supracitada aponta
os reflexos da família nos comportamentos dos filhos, carecendo
ainda saber se os filhos percebem tal associação em relação ao
sexting.
Método
Delineamento
Foi realizada uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e
descritivo (Creswell, 2010).
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
671
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Participantes
Os indivíduos foram convidados a participar por meio de divulgação
da pesquisa em uma escola pública da região metropolitana de Porto
Alegre, com ou sem envolvimento em sexting. Seis adolescentes
(Turato, 2008), três meninas e três meninos, com faixa etária entre
14 e 17 anos (Lei n. 8069, 1990) se inscreveram para participação no
estudo.
Aspectos éticos e instrumentos
Após o fornecimento de autorização escrita por parte da direção da
instituição e da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade foi feita a divulgação da proposta na escola. Os
participantes assinaram o Termo de Assentimento e trouxeram o
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelo responsável
legal.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista
semiestruturada, cujas perguntas foram elaboradas pelos autores: 1)
Você conhece o termo sexting? O que você conhece sobre o
compartilhamento de conteúdo sexual por adolescentes? 2) Quais
seriam os motivos que levam os adolescentes a se envolverem em
sexting? 3) Você conhece alguém que já vivenciou o envolvimento
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
672
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
em sexting? Como foi essa experiência? Quais foram as
consequências percebidas? Como reagiria se acontecesse com você?
4) O que você pensa sobre as consequências para o adolescente? E
sobre as consequências para a família? 5) Como você percebe a
relação entre o comportamento virtual dos pais, o tipo de
monitoramento sobre a vida virtual dos filhos e o sexting?
Procedimentos de coleta e análise dos dados
Os seis adolescentes interessados se inscreveram na secretaria da
escola, a qual passou os contatos para o pesquisador, que telefonou
fornecendo as informações necessárias, explicando os objetivos e as
etapas da pesquisa. Foi combinado horário em turno inverso a grade
de aula de cada participante. As entrevistas foram gravadas em
vídeo, pois melhora a compreensão do que foi dito pelos
participantes, bem como auxilia na posterior transcrição das falas.
Foram examinadas utilizando-se o método de análise de conteúdo
(Bauer, 2008), agrupadas em categorias aposteriori (Gibbs, 2009) e
à luz da teoria sistêmica (Nichols & Schwartz, 2007).
Resultados
Após a análise de conteúdo foram elaboradas quatro Categorias
Temáticas: Categoria I – Atitudes dos participantes sobre o sexting;
Categoria II – Motivos que levam ao envolvimento em sexting ativo;
Categoria III - Consequências para o adolescente e para a família do
compartilhamento não autorizado do sexting; Categoria IV - Relações
familiares e o envolvimento em sexting.
Categoria I - Atitudes dos participantes sobre o sexting
Os participantes não conheciam o fenômeno pelo termo sexting, mas
relataram ser um comportamento comum entre os adolescentes.
Todos disseram já ter se envolvido em sexting passivo, porém apenas
E01 e E06 relataram terem enviado fotos suas a alguém que estavam
namorando. Entretanto, E01 teve suas fotos divulgadas pelo então
namorado sem sua permissão.
Com exceção da participante E03, os demais disseram não conhecer
nenhum adolescente que nunca tenha, pelo menos, recebido sexting.
Além disso, foi unânime a percepção de que o envolvimento em
sexting passivo “não é um problema em si” (E05), mas sim o
compartilhamento não autorizado do conteúdo deste, como
exemplifica E06: “se tu namora alguém e tu confia muito [...] Não é
uma coisa ruim”. Entretanto, os entrevistados discordaram em
relação à atitude diante da prática do sexting ativo. Para as três
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
673
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
meninas entrevistadas, praticar sexting ativo, como disse E02: “é
errado. [...] O que eu posso levar de bom disso?”. Já para os demais
entrevistados a prática tanto de sexting ativo quanto passivo foi vista
como “normal” (E04, E05 e E06). Quanto à percepção dos
participantes sobre quem mais produz e envia imagens de si mesmo,
em relação ao sexo, não houve consenso.
Categoria II - Motivos que levam ao envolvimento em sexting
ativo
Em relação aos motivos que levam o adolescente a enviar fotos nuas,
foram descritas a impulsividade: “tipo tu não pensa na hora de
mandar” (E01); o sentimento de que não iria acontecer nada de
ruim: “Tu: - ’ah não devia, mas ah vou mandar. Não vai acontecer
nada’” (E03); o desejo de atender ao pedido do namorado e a
pressão dos pares: “mandam só pra agradar o namorado ou o
amigo”(E04); busca por atividade sexual futura: “mando uma foto
pra ela pra ver se ela se toca que eu quero transar com ela”(E05);
expectativa de “receber imagens de volta”(E05); o sentimento de
prazer em ver a foto do outro nu: “é só o prazer de ver a pessoa
pelada”(E06); a busca por popularidade: “vai dar hã... mais curtida...
vai ‘bombar’ mais”(E04); como forma “de brincadeira”(E04) entre
amigos e para chamar atenção dos pais: “eu acho que é uma maneira
de chamar atenção deles”(E03).
Categoria III - Consequências para o adolescente e para a
família do compartilhamento não autorizado do sexting
Como consequências do compartilhamento do sexting para o
adolescente, os participantes que não tiveram a experiência de terem
suas imagens divulgadas, citaram o julgamento por parte dos amigos
e familiares e a “fama ruim” (E02) que marca a história da pessoa:
“serão lembradas de vadia, piranha, puta e coisas assim” (E03); o
surgimento de mal-estar psicológico: “ficaria mal psicologicamente”
(E01); tristeza e desespero: “ficar muito triste e desesperada” (E03).
Além dessas percepções, a participante E01, que teve a experiência
de ter suas imagens divulgadas, relatou que as consequências para
ela foram o sentimento de vergonha e que se isolou socialmente: “eu
nunca mais quis ficar perto das pessoas. Eu me afastei total. De todo
mundo”; sentiu também o que relatou como “mal-estar psicológico
[...]eu senti nojo de mim”; iniciou o uso de drogas e autolesão, “me
envolvi com drogas e comecei a me cortar” e sofreu julgamento por
parte de amigos e familiares “eles te julgam muito”.
Os participantes relataram que as consequências para a família da
pessoa que sofreu a exposição indevida seriam o surgimento de
“raiva e vergonha [...] tristeza e decepção” (E02 e E03) nos pais.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
674
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Também, que a família sofreria o julgamento dos outros: “o olhar pra
essa família ficaria bem julgado” (E05).
Categoria IV - Relações familiares e o envolvimento em
sexting
Em relação a como as relações familiares influenciam o envolvimento
dos filhos em sexting não houve consenso entre os participantes. Os
meninos percebem o envolvimento em sexting de forma diferente do
que a família. Conforme E04: “Para os pais isso não é normal. Só que
pros amigos eu acho que é bem mais normal, porque isso aí [o
sexting] é muito famoso”. Já as meninas disseram que tanto elas
quanto seus pais veem o envolvimento no fenômeno como errado,
como disse E02: “minha mãe ficaria muito decepcionada [...] ela acha
muito errado”.
Quanto à influência do comportamento dos pais na internet, alguns
participantes disseram que “não tem nada a ver com o filho mandar”
(E05). Já outros pensam que “se os pais mandassem nudez entre
eles mesmos, daí eu acho que se o filho soubesse eu acho que
influenciaria” (E04).
Quanto ao monitoramento da vida virtual dos filhos, os participantes
disseram que, tanto o controle excessivo dos pais quanto o não
monitoramento, ambos influenciam o filho em relação ao
envolvimento em sexting ativo. Para eles, o controle excessivo da
vida virtual dos filhos pelos pais pode incentivar o envolvimento do
filho, pois os filhos “podem fazer de birra” (E05); “[...] aqueles pais
que mais olham, tão sempre em cima, os filhos são os que mais
fazem coisa errada” (E04). Por outro lado, o não monitoramento
facilitaria tal envolvimento: “se deixar muito solto é mais fácil de eles
mandarem” (E03). Portanto, o ideal, conforme os participantes E03 e
E06 seria: “haver um equilíbrio”.
Os participantes também relataram que a confiança mútua entre pais
e filhos e o diálogo na família são fatores que influenciam a atitude
dos filhos em relação ao sexting. Por exemplo, E02 disse ter muito
diálogo na família entre ela, a irmã e mãe: “a gente conversa sobre
tudo”. A participante E03 disse que a presença afetiva da mãe e sua
confiança são responsáveis por sua postura desfavorável sobre o
sexting: “Minha mãe [...] ela sempre esteve comigo em todos os
momentos e conversou comigo sobre todos os assuntos [...] é por
isso que eu formei essa opinião”. Já E01, que praticou sexting ativo e
teve suas imagens divulgadas, relatou ausência de diálogo e
distanciamento entre ela e os pais: “ninguém conversa com ninguém
[...] tu [fala de sua mãe] não olha as minhas coisas e eu não olho as
tuas”. A falta de diálogo na família também descrita por E06: “a
gente não conversa muito”.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
675
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Discussão
Os resultados mostram que, assim como descreveu Burkett (2015),
apesar de o sexting ser praticado pelos adolescentes de forma
crescente, eles não costumam utilizar este termo para se referir ao
fenômeno. O mesmo aponta o estudo brasileiro de Leal (2017).
Entretanto, é possível perceber que o envolvimento em sexting
passivo se dá mesmo que o adolescente não queira, pois, como
disseram os entrevistados, é comum receber sexting “mesmo sem
pedir”. Ademais, até mesmo os participantes cuja atitude diante do
sexting ativo é de desaprovação receberam conteúdo sexual via
smartphone. Esse resultado é corroborado pelo estudo de Strassberg
et al., (2013), que descreveu que o sexting passivo foi mais comum
do que o ativo. Esses achados indicam a relevância de pensar
estratégias para informar adolescentes, familiares e escolas sobre a
real possibilidade de que, mesmo aqueles adolescentes que não
desejam, poderão receber conteúdo de sexting, assim como auxiliálos em como lidar com essa situação.
Os participantes não viram o envolvimento em sexting como ruim,
não citando nenhuma consequência negativa do envolvimento no
fenômeno, mas sim do compartilhamento não autorizado do conteúdo
deste. Esse resultado é apoiado pela literatura (Assunção & Matos,
2014; Mejía-Soto, 2014; Strassberg et al., 2013) e leva à conclusão
de que o fenômeno em si não é um problema para os adolescentes,
mas parece se encaixar dentro do desenvolvimento da vida sexual
deles (Temple & Choi, 2014) e servir como um meio para dar vazão
às demandas que essa etapa do ciclo vital lhes impõe (Baumgartner
et al., 2014; Macedo et al., 2010; Steinberg & Morris, 2001).
Todavia, o compartilhamento não autorizado leva à exposição pública
e a consequências desagradáveis como isolamento, tristeza,
vergonha e culpa, como relatou E01 e também o estudo de Leal
(2017) com adolescentes do Sul do Brasil.
Cabe destacar que os entrevistados discordaram em relação à atitude
diante da prática do sexting ativo. Para as três meninas
entrevistadas, praticar sexting ativo “é errado”, enquanto para os
meninos a prática tanto de sexting ativo quanto passivo foi vista
como “normal”. Essa discordância pode ser pensada a partir do que
descreveram Oliveira et al., (2014) sobre a expectativa dos pais para
o início precoce da atividade sexual dos meninos a qual pode
contribuir para que estes adquiram tal atitude em relação ao sexting
ativo, já que os pais veem o início precoce da sexualidade dos
meninos como símbolo de maturidade. Além disso, por meio da troca
de conteúdo íntimo, o adolescente encontra uma maneira a mais de
desenvolver sua sexualidade utilizando uma ferramenta tecnológica
que faz parte do seu cotidiano (IBGE, 2018; Korenis & Billick, 2014;
Strassberg et al., 2013).
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
676
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Tal diferença de atitude entre os participantes se refletiu também no
que eles disseram sobre os motivadores de envolvimento em sexting
ativo. Para elas, um motivo de enviar imagens seria o desejo de
fortalecer a intimidade dentro de um contexto de relacionamento
amoroso, o que encontra apoio na literatura (Delevi & Weisskirch,
2013; Drouin et. al., 2013; Henderson & Morgan, 2011). Aliás, como
se pode perceber, foi exatamente este o motivador do envio de
imagens nuas da E01. Por outro lado, os meninos, semelhante ao que
mostraram Delevi e Weisskirch (2013), descreveram como um
motivador do sexting ativo o desejo de atrair alguém a uma possível
atividade sexual futura. Já em relação aos motivadores que não
envolvem relacionamento amoroso, a descrição dos participantes
encontra eco em alguns estudos (Albury & Crawford, 2012; Ringrose
et al., 2012).
No que diz respeito às percepções dos participantes sobre as relações
familiares e o envolvimento dos adolescentes em sexting, destaca-se
o que disseram sobre a importância do diálogo na família e confiança
mútua entre pais e filhos. Por exemplo, as entrevistadas 02 e 03
disseram existir diálogo na família e a presença de confiança mútua
entre elas e seus pais, o que aponta para a existência de fronteiras
nítidas (Nichols & Schwartz, 2007). Elas relacionaram esses aspectos
como importantes na definição de suas atitudes desfavoráveis em
relação ao sexting ativo.
Por outro lado, os entrevistados E01 e E06, que se envolveram em
sexting ativo, relataram haver falta de diálogo na família e a
existência de fronteiras rígidas (Nichols & Schwartz, 2007) entre eles
e os pais, como disse E01: “ninguém conversa com ninguém”. Apesar
de não se poder aqui atribuir relação de causalidade, é necessário
notar que a literatura apoia tais percepções, assinalando a
importância da comunicação na família e o efeito protetor do diálogo
familiar na vida dos adolescentes (Gomide et al., 2005; MoscosoAlvarez et al., 2016; Tomé et al., 2011). Apesar disso, as percepções
dos entrevistados confirmam que os pais ainda têm dificuldade de
dialogar sobre sexualidade com os filhos (González et al., 2017;
Sevilla et al., 2016). Destaca-se a importância que as famílias sejam
orientadas quanto à necessidade do estabelecimento de fronteiras
nítidas com os filhos, uma vez que o distanciamento estabelecido
pelas fronteiras rígidas na família foi percebido pelos adolescentes
como um motivador de sexting ativo.
Embora a literatura mostre que os comportamentos dos pais,
inclusive o que fazem na internet (Lam & Wong, 2015) repercutem
nos comportamentos dos filhos (Ferreira et al., 2013; Toni & Silvares,
2016; Moscoso-Alvarez et al., 2016), não houve consenso entre os
participantes a esse respeito. Alguns perceberam que aquilo que os
pais fazem dentro e fora da internet não influencia o envolvimento
dos filhos em sexting, enquanto outros disseram que sim.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
677
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Adiciona-se ainda o que os participantes disseram quanto ao tipo de
monitoramento dos pais sobre a vida virtual dos filhos e o sexting.
Para os adolescentes, o envolvimento em sexting ativo pode ser
influenciado pelo monitoramento excessivo de suas vidas virtuais
pelos pais e também pelo não monitoramento, polos opostos do
mesmo comportamento. Diante disso, é oportuno pensar que para o
adolescente o não monitoramento dos pais pode significar
distanciamento e desinteresse por parte deles em relação ao filho,
fato que se observou no relato de E01 e seu consequente
envolvimento em sexting ativo. Por sua vez, o monitoramento
excessivo pode transmitir a sensação de sufocamento e controle,
levando os filhos a “fazer de birra“. Portanto, o ideal estaria no
equilíbrio entre essas duas práticas, como referiram os próprios
adolescentes.
Entretanto, especificamente quanto ao tipo de monitoramento dos
pais e o envolvimento dos filhos em sexting ativo, não foram
localizados estudos até o momento. Porém, a literatura indica que o
monitoramento parental e a relação positiva com os pais funcionam
como fatores de proteção para os adolescentes (Kanet al., 2010;
Ciariano et al., 2009; Roche et al., 2008). Pode-se pensar, então,
que, apesar de o envolvimento em sexting, tanto passivo quanto
ativo, não ser percebido como problema para os participantes, um
fator de proteção residiria na orientação dos pais quanto ao risco de
exposição indevida que o envolvimento em sexting ativo traz consigo.
Faz-se importante auxiliar o adolescente na percepção de que, uma
vez enviado sexting, não se terá mais o controle sobre o que vai
acontecer com seu conteúdo. Caso haja o compartilhamento não
autorizado, isso pode trazer consequências para sua vida.
Considerações Finais
Esse estudo buscou investigar qualitativamente a percepção de
adolescentes sobre sexting e suas associações com as relações
familiares. Os resultados mostraram que o sexting entre adolescentes
é um fenômeno comum. Também que, atualmente, é praticamente
inevitável que, em algum momento, o adolescente se envolva no
fenômeno. Por isso, destaca-se a importância da família em relação à
atitude do adolescente frente ao sexting. Ela está diretamente
implicada no fenômeno, especialmente se o adolescente sofrer
exposição pública do conteúdo do sexting, pois os pais responderão
legalmente
por
quaisquer
implicações
resultantes
do
compartilhamento não autorizado. Assim, sugere-se que os pais
busquem meios de ampliar a comunicação na família e que a escola
seja um espaço de fomento para tal, por meio de palestras, oficinas e
discussões com adolescentes e familiares.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
678
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Além disso, o ambiente familiar também deve ser visto como um
importante lugar de fornecimento de informação e orientação sobre
sexualidade para o adolescente. Assim, sugere-se que a atitude em
relação ao sexting, tanto da família quanto dos educadores e dos
terapeutas, seja de não qualificar o fenômeno em si como problema,
pois ele faz parte da vivência da sexualidade dos adolescentes na
atualidade. Antes, os profissionais e os pais devem orientar os
adolescentes quanto aos riscos que o compartilhamento não
autorizado do conteúdo do sexting e a consequente exposição pública
trazem consigo. Sugere-se que, além de os pais conversarem com os
filhos sobre sexualidade, sejam promovidos grupos de discussão
entre os adolescentes na escola. Tais grupos podem propor atividades
educativas para alertar outros adolescentes sobre a possibilidade de
exposição da intimidade no mundo virtual e os orientar para o uso
seguro das tecnologias de informação e comunicação.
Como limitações do estudo observa-se o número reduzido de seis
participantes, não se podendo, assim, fazer afirmações generalizadas
a partir dos dados aqui apresentados. Esse número talvez se explique
pelo fato de que a participação demandaria uma exposição ao
pesquisador, bem como à secretaria da escola, uma vez que era o
local indicado de inscrição. Portanto, sugere-se a realização de
pesquisas quantitativas que complementem os dados aqui expostos,
verificando a prevalência do fenômeno entre os adolescentes de
outras regiões brasileiras, identificando outras variáveis e suas
associações com o sexting. Isso poderá auxiliar no melhor
entendimento sobre o fenômeno e no desenvolvimento de estratégias
para orientação de adolescentes, famílias, profissionais e educadores.
Referências
Albury, K., & Crawford, K. (2012). Sexting, consent and young
people’s ethics: Beyond Megan’s Story. Continuum: Jornal of
media
&
cultural
studies,
26(3),
463-473.
doi:10.1080/10304312.2012.665840
Assunção, R. S., & Matos, P. M. (2014). Perspectivas dos
adolescentes sobre o uso do facebook: Um estudo qualitativo.
Psicologia em estudo, 19(3), 539–547. doi:10.1590/141373722133716
Barros, S. da C., Ribeiro, P. R. C., & Quadrado, R. P. (2014). Sexting:
A espetacularização da sexualidade. Educação: Teoria e prática,
45(24), 197-215. doi:10.18675/1981-8106.vol24.n45.p197215
Bauer, M. W. (2008). Análise de conteúdo clássica: Uma revisão. In
M. W. Bauer., & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
679
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
texto, imagem e som: Um manual prático (pp. 189-217).
Petrópolis, RJ: Vozes.
Baumgartner, S. E., Sumter, S. R., Peter, J., Valkenburg, P. M., &
Livingstone, S. (2014). Does country context matter?
Investigating the predictors of teen sexting across Europe.
Computers
in
human
Behavior,
34,
157-164.
doi:10.1016/j.chb.2014.01.041
Bezerra, M. A. R., Queiroz, M. V. O., & Oliveira, K. N. S., (2014).
Reflexões acerca do adolescer e da saúde no ambiente escolar.
Journal of Human Growth and Development, 24(2), 175-180.
Recuperado
de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
104-12822014000200009&lng=pt&tlng=pt
Brasil (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Brasília, DF: Diário Oficial da União. Recuperado de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
Burkett, M. (2015). Sex(t) Talk: A qualitative analysis of young
adults’ negotiations of the pleasures and perils of sexting.
Sexuality & Culture, 19(4), 835–863. doi:10.1007/s12119-0159295-0
Choi, E. P., Wong, J. Y., Lo, H. H., Wong, W., Chio, J. H., & Fong, D.
Y. (2016).The impacts of using smartphone dating applications
on sexual risk behaviours in college students in Hong Kong.
PLoS ONE, 11(11), 1-15. doi:10.1371/journal.pone.0165394
Ciariano, S., Kliewer, W., & Rabaglietti, E. (2009). Adolescent risk
behavior in Italy and the Netherlands: A cross-national study of
psychosocial protective factors. European Psychologist, 14(3),
180-192.
Recuperado
de
https://econtent.hogrefe.com/doi/abs/10.1027/10169040.14.3.180
Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa. Porto Alegre, RS:
Artmed.
Delevi, R., & Weisskirch, R. S., (2013). Personality factors as
predictors of sexting. Computers in Human Behavior, 29, 2589–
2594. doi:10.1016/j.chb.2013.06.003
Dir, A. L., Coskunpinar, A., Steiner, J. L., & Cyders, M. A. (2013).
Understanding differences in sexting behaviors across gender,
relationship status, and sexual identity, and the role of
expectancies in sexting. Cyberpsychology, Behavior and Social
Networking, 16(8), 568-574. doi:10.1089/cyber.2012.0545
Döring, N. (2014). Consensual sexting among adolescents: Risk
prevention through abstinence education or safer sexting?.
Cyberpsychology: Journal of Psychosocial Research on
Cyberspace, 8(1). doi:10.5817/CP2014-1-9
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
680
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Drouin, M., Vogel, K. N., Surbey, A., & Stills, J. R. (2013). Let’s talk
about sexting, baby: Computer-mediated sexual behaviors
among young adults. Computers in Human Behavior, 29, 2530. doi:10.1016/j.chb.2012.12.030
Englander, E. (2012). Low risk associated with most teenage sexting:
A study of 617 18-year-olds. Massachusetts Aggression
Reduction
Center,
1-12.
Recuperado
de
http://www.marccenter.org
Ferreira, M., Nelas, P., Duarte, J., Grilo, C., Nave, F., & Albuquerque,
C. (2013). Family culture and adolescent sexuality. Aten
Primaria, 45(1), 216-222. doi:10.1016/S0212-6567(13)700258
Gomide, P. I. C., Salvo, C. G. de, Pinheiro, D. P. N., Sabbag, G. M.,
Garcia, S. C., Brino, R. D. F., & Thomazi, V. A. (2005).
Correlação entre práticas educativas, depressão, estresse e
habilidades sociais. Psicologia da Educação, 28, 23–50.
doi:10.1590/S1413-82712005000200008
Gonçalves, R. C., Faleiro, J. H., & Malafaia, G. (2013). Educação
sexual no contexto familiar e escolar: Impasses e desafios.
Holos, 29(5), 251-263. doi:10.15628/holos.2013.784
Gondim, P. S., Souto, N. F., Moreira, C. B., Cruz, M. E. C. da.,
Caetano, F. H. P., & Montesuma, F. G. (2015). Acessibilidade
dos adolescentes às fontes de informações sobre saúde sexual
e reprodutiva. Journal of human growth and development,
25(1), 50-53. doi:10.7322/jhgd.96767
González, V., Orcasita, L. T., Carrillo, J. P., & Palma-García, D. M.
(2017).Comunicación familiar y toma de decisiones em
sexualidad entre ascendientes y adolescentes. Revista
Latinoamericana de ciencias sociales, niñez y juventud, 15(1),
419-430. doi:10.11600/1692715x.1512605022016
Gordon-Messer, D., Bauermeister, J. A., Grodzinski, A., &
Zimmerman, M. (2013). Sexting among young adults. Journal
of
Adolescent
Health,
52,
301–306.
doi:10.1016/j.jadohealth.2012.05.013
Henderson, L., & Morgan, E. (2011). Sexting and sexual relationships
among teens and young adults. McNair Scholars Research
Journal,
7(1),
31-39.
Recuperado
de
https://scholarworks.boisestate.edu/mcnair_journal/vol7/iss1/9
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2018,
Dezembro). PNAD Contínua TIC 2017: Internet chega a três em
cada quatro domicílios do país. Agência IBGE notícias.
Recuperado de https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agenciasala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23445pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada-quatrodomicilios-do-pais
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
681
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Gibbs, G. (2009). Análise de dados qualitativos. Porto Alegre:
Artmed.
Junqueira, R. D. (2018). A invenção da “ideologia de gênero”: A
emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de
uma retórica reacionária antigênero. Psicologia política, 18(43),
449-502.
Recuperado
de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1
519-549X2018000300004&lng=pt&tlng=pt
Kan, M. L., Cheng, Y. A., Landale, N. S., & McHale, S. M. (2010).
Longitudinal predictors of change in number of sexual partners
across adolescence and early adulthood. Journal of Adolescent
Health, 46, 25-31. doi:10.1016/j.jadohealth.2009.05.002.
Korenis, P., & Billick, S. B. (2014). Forensic implications: Adolescent
sexting and cyberbullying. Psychiatric Quarterly, 85(1), 97–101.
doi:10.1007/s11126-013-9277-z
Lam, L. T., & Wong, E. M. Y. (2015). Stress moderates the
relationship between problematic Internet use by parents and
problematic Internet use by adolescents. The journal of
Adolescent Health: Official publication of the society for
adolescent
medicine,
56(3),
300–6.
doi:10.1016/j.jadohealth.2014.10.263
Leal, L. das N., Rodrigues, G. S., Silveira, I. D. da., Amaro, T. V.,
Santos, D. B., & Paludo, S. S. (2017). CEP em Selfie:
Abordando sexting com adolescentes como forma de exposição
virtual da sexualidade. Cadernos de Gênero e Diversidade, 1(3),
45-59. doi:10.9771/cgd.v3i1.17605
Livingstone, S., & Görzig, A. (2014). When adolescents receive sexual
messages on the internet: Explaining experiences of risk and
harm.
Computers
in
human
behavior,
33,
8-15.
doi:10.1016/j.chb.2013.12.021
Macedo, M. M. K., Azevedo, B. H., & Castan, J. U.
(2010).Adolescência e Psicanálise. In M. K. Macedo (Org.).
Adolescência e Psicanálise: intersecções possíveis (pp. 127148). Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.
Mejía-Soto, G. (2014). Sexting: una modalidad cada vez más
extendida de violencia sexual entre jóvenes. Perinatología y
reproducción humana, 28(4), 217-221. Recuperado de
http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
187-53372014000400007&lng=es&tlng=es
Morelli, M., Bianchi, D., Baiocco, R., Pezzuti, L., & Chirumbolo, A.
(2016). Sexting, psychological distress and dating violence
among adolescents and young adults. Psicothema, 28(2), 13742. doi:10.7334/psicothema2015.193
Moscoso-Alvarez, M. R., Rodríguez-Figueroa, L., Reyes-Pulliza, J. C.,
& Colon, H. M. (2016). Adolescentes de Puerto Rico: Una
mirada a su salud mental y su asociación con el entorno familiar
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
682
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
y escolar. Revista Puertorriqueña de Psicología, 27(2), 320-332.
Recuperado de http://psycnet.apa.org/record/2016-49195-008
Nichols, M. P., & Schwartz, R. C. (2007). Terapia Familiar: Conceitos
e métodos. Porto Alegre, RS: Artmed.
Oliveira, N. de P., Béria, J. U., & Schermann, L. B. (2014).
Sexualidade na adolescência: Um estudo com escolares da
cidade de Manaus/AM. Aletheia, (43-44), 129-146. Recuperado
de
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n43-44/n4344a10.pdf
Ouytsel, J. Van, Ponnet, K., & Walrave, M. (2017). Telematics and
informatics adolescent sexting from a social learning
perspective. Telematics and Informatics, 34(1), 287–298.
doi:10.1016/j.tele.2016.05.009
Projeto de lei da 'Escola sem Partido' avança na Câmara e proíbe
disciplinas sobre ‘gênero’ e ‘orientação sexual’. (2018, Maio 9).
G1.
Recuperado
de
https://g1.globo.com/educacao/noticia/projeto-de-lei-daescola-sem-partido-avanca-na-camara-e-proibe-disciplinassobre-genero-e-orientacao-sexual.ghtml
Raphaelli, C. O., Azevedo, M. R., & Hallal, P. C., (2011). Associação
entre comportamentos de risco à saúde de pais e adolescentes
em escolares de zona rural de um município do Sul do Brasil.
Cadernos de Saúde Pública, 27(12), 2429-2440. Recuperado de
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n12/14.pdf
Rice, E., Rhoades, H., Winetrobe, H., Sanchez, M., Montoya, J., Plant,
A., & Kordic, T. (2012). Sexually explicit cell phone messaging
associated with sexual risk among adolescents. Pediatrics,
130(4), 667-673. doi:10.1542/peds.2012-0021
Ringrose, J., Gill, R., Livingstone, S., & Harvey, L. (2012). A
qualitative study of children, young people and ‘sexting’: A
report prepared for the NSPCC. National Society for the
Prevention of Cruelty to Children, 5-71. Recuperado de
https://www.researchgate.net/publication/265741962
Roche, K. M., Achmed, S., & Blum, R. W. (2008). Enduring
consequences of parenting for risk behaviors from adolescence
into early adulthood. Social science & medicine, 66, 2023-2034.
doi:10.1111/j.1365-2214.2008.00864_4.x
Rood, C. J., Thackeray, J., Letson, M., Leder, R., & Berlan, E. (2015).
Prevalence of sexting, online solicitations, and offline meetings
among adolescents of a large child advocacy center with
suspected sexual abuse. Journal of Pediatric and Adolescent
Gynecology, 28(2). doi:10.1016/j.jpag.2015.02.024
Ruiz-Canela, M., López-del Burgo, C., Carlos, S., Calatrava, M.,
Osorio, A., & Irala, J. (2012). Familia, amigos y otras fuentes
de información asociadas al inicio de las relaciones sexuales en
adolescentes de El Salvador. Revista Panamericana de Salud
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
683
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Publica,
31(1),
54–61.
Recuperado
de
https://scielosp.org/pdf/rpsp/2012.v31n1/54-61/es
Sevilla, T. M., Sanabria, J. P., Orcasita, L. T., & Palma, D. M. (2016).
Consistencies and discrepancies in communication between
parents and teenage children about sexuality. Paidéia, 26(64),
139-147. doi:10.1590/1982-43272664201601
Steinberg, L., & Morris, A. S. (2001). Adolescent Development.
Annual Review of Psychology, 52, 83–110. doi:00664308/01/0201-0083$14.00
Strassberg, D. S., McKinnon, R. K., Sustaíta, M. A., & Rullo, J.
(2013). Sexting by high school students: An exploratory and
descriptive study. Archives of Sexual Behavior, 42(1), 15–21.
doi:10.1007/s10508-012-9969-8
Temple, J. R., & Choi, H. (2014). Longitudinal association between
teen sexting and sexual behavior. Perspectives on Sexual and
Reproductive Health, 47(5), 51–52. doi:10.1542/peds.20141974
Temple, J. R., Le, V. D., Berg, van den, P., Ling, Y., Paul, J. A., &
Temple, B. W. (2014). Brief report: Teen sexting and
psychosocial health. Journal of Adolescence, 37(1), 33-36.
doi:10.1016/j.adolescence.2013.10.008
Tolman, D. L., & McClelland, S. I. (2011). Normative sexuality
development in adolescence: A decade in review, 2000–2009.
Journal of Research on Adolescence, 21(1), 242-255.
doi:10.1111/j.1532-7795.2010.00726.x
Tomé, G., Camacho, I., Matos, G. M. de., & Diniz, J. A. (2011). A
influência da comunicação com a família e grupo de pares no
bem-estar e nos comportamentos de risco nos adolescentes
portugueses. Psicologia: Reflexão e Crítica, 249(4), 747-756.
doi:10.1590/S0102-79722011000400015
Toni, C. G. D. S., & Silvares, E. F. de M. (2013). Práticas educativas
parentais e comportamentos de saúde e risco na adolescência:
Um modelo preditivo. Psicologia Argumento, 31(400), 457.
doi:10.7213/psicol.argum.31.074.AO01
Turato, E. R. (2008). Tratado da metodologia da pesquisa clínicoqualitativa:
construção
teórico-epistemológica,
discussão
comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas (5a ed.).
Petrópolis, RJ: Vozes.
Vasconcellos, M. J. E. de (2013). Pensamento Sistêmico: o Novo
Paradigma da Ciência.10 ed. Campinas, SP: Papirus.
Wolak, J., Finkelhor, D., & Mitchell, K. J. (2012). How often are teens
arrested for sexting? Data from a national sample of police
cases. Pediatrics, 129(1), 4-12. doi:org/10.1542/peds.20112242
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
684
André Tavares Cardoso, Denise Falcke, Clarisse Pereira Mosmann
Endereço para correspondência
André Tavares Cardoso
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, CEP 93.022-750, São Leopoldo - RS, Brasil
Endereço eletrônico:
[email protected]
Denise Falcke
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, CEP 93.022-750, São Leopoldo - RS, Brasil
Endereço eletrônico:
[email protected]
Clarisse Pereira Mosmann
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, CEP 93.022-750, São Leopoldo - RS, Brasil
Endereço eletrônico:
[email protected]
Recebido em: 13/11/2018
Reformulado em: 19/08/2019
Aceito em: 22/08/2019
Notas
* Mestre em Psicologia, Terapeuta de Família e casal.
** Doutora em Psicologia. Professora titular do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Universidade do Vale do rio dos Sinos.
*** Doutora em Psicologia. Professora titular do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Universidade do Vale do rio dos Sinos.
Este artigo de revista Estudos e Pesquisas em Psicologia é licenciado sob uma
Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial 3.0 Não Adaptada.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 665-685, 2019.
685