Família, adolescência e estilos parentais1
Family, teenagers and parenting styles
Claudia Maria RINHEL-SILVA2
Elizabeth Piemonte CONSTANTINO3
Carina Alexandra RONDINI3
Resumo
O objetivo principal deste trabalho foi identificar os estilos parentais característicos de famílias provenientes de contextos de
alta vulnerabilidade social. A amostra foi composta por 62 adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos, de ambos os sexos, e suas
respectivas famílias. Para a coleta de dados, utilizou-se uma escala de exigência e responsividade, aplicada de forma coletiva nos
adolescentes, além da análise de documentos constantes nos prontuários das famílias. Os resultados principais indicaram que as
famílias eram geralmente numerosas, com estruturas diversas, e que os adolescentes percebiam seus pais mais como autoritativos
do que como negligentes.
Unitermos: Adolescentes. Contexto familiar. Estilos parentais.
Abstract
The goal of this research was to identify parenting styles among families from contexts of high social vulnerability. We therefore interviewed
62 teenagers of both sexes between the ages of 12 and 17 and their respective families. Research tools employed a scale of demandingness
and responsiveness applied collectively to the teenagers and an analysis was undertaken of documents from the families’ files. The main
findings showed that such families were normally large and varied in structure and that the teenagers perceived their parents to be more
authoritative than negligent.
Uniterms: Adolescents. Familiar context. Parental styles.
Em programas sociais para adolescentes em
situação de alta vulnerabilidade social4, desenvolvidos
pela Secretaria Municipal de Assistência Social do
município de Assis/SP, no qual se atua como psicólogos
em orientação de pais, têm surgido várias questões
envolvendo as relações familiares, como resultado do
enfraquecimento da autoridade dos pais. Parece estar
havendo uma transformação de valores, na qual os pais
ocupam o lugar dos filhos e vice-versa, o que pode
causar um descontrole das ações familiares. Nos dias
2
3
4
Artigo elaborado a partir da dissertação de C.M. RINHEL-SILVA, intitulada “Família, adolescência e estilos parentais”. Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, 2009.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Dom Antonio, 2100, 19806-900, Assis, SP, Brasil.
Correspondência para/Correspondence to: E.P. CONSTANTINO. E-mails: <
[email protected]>; <
[email protected]>.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Departamento de Psicologia Experimental e do Trabalho. Assis, SP, Brasil.
Vulnerabilidade Social divide-se em alta e baixa, conforme o Índice Paulista de Vulnerabilidade (IPVS): esse índice “é resultante da combinação da dimensão
socioeconômica, ou seja, a renda apropriada pelas famílias e o poder de geração da mesma por seus membros, associada a uma dimensão demográfica,
relacionada ao local de moradia e à fase do ciclo de vida familiar, que potencializa riscos ...” (Macedo, Kubilowski & Berthoud, 2006, p.43).
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
ESTILOS PARENTAIS
▼▼▼▼▼
1
221
atuais, os pais demonstram estar com dificuldades para
lidar com a educação dos filhos, no que se refere aos
limites.
criado pelo conjunto de suas atitudes, como as práticas
disciplinares e outros aspectos de sua interação com os
filhos (Darling & Steinberg, 1993).
Para entendimento das relações entre pais e
filhos, foi realizado este estudo, no ano de 2008, com o
objetivo de identificar a maneira como os adolescentes
percebem os estilos parentais em famílias sujeitas a
vulnerabilidade social.
Alguns estudos precursores, que se destacam
no entendimento das relações entre pais e filhos, são os
de Baumrind (1966, 1967, 1971). A autora discute as modalidades de controle parental, tomando os pais como
tipos especiais de liderança. Assim, investigou o modo
como os diferentes padrões de controle parental
poderiam afetar o desenvolvimento dos filhos, usando
como amostra crianças pré-escolares e seus pais. Os
resultados do estudo indicaram três tipos (chamados
posteriormente de estilos) de controles parentais - autoritário, autoritativo5 e permissivo -, sendo o estilo considerado como o contexto dentro do qual os pais agem
para socializar os filhos, de acordo com suas crenças e
valores (Darling & Steinberg, 1993).
Observa-se que os pais não conseguem equilibrar amor e limites e, apreensivos com a preocupação
de traumatizar os filhos, deixam de estabelecer expectativas firmes para que eles amadureçam e se tornem
independentes. A dimensão do afeto parece ter tomado
espaço, principalmente nas relações de pais e filhos, o
que provavelmente aconteceu, segundo Reichert e
Wagner (2007), por uma leitura equivocada, feita nos
anos 1970, das inovações educativas que preconizavam
a importância do amor em detrimento de uma educação mais rígida, ou seja, monitorada e controlada. Assim,
as famílias começaram a refutar as ações de controlar e
monitorar, ao buscar uma melhor qualidade da interação
entre pais e filhos.
A conduta dos pais em relação aos filhos está
intimamente ligada à colocação de regras, normas e
limites, pois, desde os primeiros anos de vida, o bebê
começa a construir seu referencial de atitudes por meio
do “olhar” e do comportamento do adulto. Recebe orientações a respeito do que é importante para preservar e
defender a vida, como habilidades sociais e estímulos
para crescer. Essa conduta é que possivelmente permitirá
a constituição do referencial de limites e a posterior formação de sua personalidade e conduta em sociedade.
C.M. RINHEL-SILVA et al.
Para pensar a problemática relativa às interações
familiares, isto é, como os adultos estão se comportando
na questão de limites e educação dos filhos, têm sido
realizados estudos na abordagem de estilos parentais.
Ao longo do tempo, tal abordagem tornou-se uma das
mais utilizadas formas de investigação acerca das interações socializadoras na família e sua influência sobre
os filhos (Teixeira, Bardagi & Gomes, 2004).
O estilo parental refere-se a um padrão de comportamento dos pais, expresso num clima emocional
Maccoby e Martin (1983) analisaram os estilos
parentais em termos do cruzamento das dimensões
exigência e responsividade. Na pesquisa, mantiveram
os estilos autoritário e autoritativo, propostos por
Baumrind (1967, 1971), ampliando o padrão permissivo
em dois novos estilos: indulgente e negligente. Assim,
os três estilos fixados inicialmente pela autora foram
transformados em quatro, passando a ser definidos por
meio das dimensões de exigência e responsividade6.
A dimensão exigência (demandingness) diz respeito
ao controle do comportamento e ao estabelecimento
de metas e padrões de conduta que inclui todas as
atitudes dos pais que buscam de alguma forma
controlar o comportamento dos filhos, impondo-lhes limites e estabelecendo regras. ... a dimensão
responsividade (responsiveness), cujo termo origina-se na perspectiva etológica e diz respeito à sincronicidade entre comportamento de filhos e de cuidadores, está relacionada à capacidade dos pais em
serem contingentes ao atender às necessidades e às
particularidades dos filhos (Teixeira et al., 2004, p.2).
Ainda mencionando características da dimensão
responsividade, Maccoby e Martin (1983) acrescentam
que os pais se mostram amorosos, responsivos e envolvidos com os filhos. Articulando com os estilos propostos por Baumrind (1966), os autores, conforme se frisou,
▼▼▼▼▼
5
222
6
O termo autoritativo origina-se do termo original authoritative, traduzido por pesquisadores brasileiros (Costa, Teixeira & Gomes, 2000).
Termos correspondentes a demandingness e responsiveness, respectivamente, no original em inglês.
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
definem quatro estilos de criação de filhos pelos pais:
autoritativo (níveis altos de exigência e responsividade);
autoritário (nível alto de exigência e baixo de responsividade); indulgente (nível alto de responsividade e baixo
de exigência) e negligente (níveis baixos de exigência e
responsividade).
Embora vários estudiosos internacionais sobre
o assunto tenham desenvolvido instrumentos para analisar os estilos parentais, pesquisadores brasileiros (Costa
et al., 2000; Gomide, 2006; Teixeira et al., 2004) também
aprimoraram instrumentos, com o intuito de estudar
os padrões de interação familiar e de melhorar as interações familiares quanto à educação dos filhos.
Os estudos citados mostraram-se importantes
na construção e investigação da influência do comportamento dos pais sobre os filhos adolescentes. A fim de
que os pais possam exercer papel de educadores ou
mesmo contribuir para a saúde mental de seus filhos, é
importante, de acordo com as pesquisas, equilibrar os
estilos parentais de exigência e responsividade; para
tanto, pensa-se que eles devem ser investidos de autoridade, o que provavelmente vem do conhecimento e da
experiência de vida.
No trabalho empreendido por Hutz e Bardagi
(2006), com o objetivo de avaliar as possíveis correlações
entre os estilos parentais percebidos pelos adolescentes
e seus níveis de indecisão profissional, ansiedade e
depressão, com 467 adolescentes de 15 a 20 anos, os
autores observaram que filhos de pais com os estilos
parentais autoritários e negligentes apresentaram maior
nível de depressão e ansiedade que os outros. No que
tange à indecisão profissional, não foram encontradas
correlações, entretanto, pôde-se verificar a importância
das interações familiares para o entendimento de como
a indecisão profissional está sendo vivenciada.
Outras pesquisas mostram a importância dos
estilos parentais no desenvolvimento de crianças e de
adolescentes. Weber, Brandenburg e Viezzer (2003a)
evidenciaram que 54,0% das crianças otimistas são
filhos de pais participativos ou autoritativos. Também
Weber, Stasiack e Brandenburg (2003b) constataram que
63.0% dos adolescentes com autoestima elevada eram
filhos de pais com o estilo parental participativo ou
autoritativo.
Steinberg (2001) salienta que adolescentes
criados em lares de estilo parental autoritativo apresentam menor depressão e ansiedade, maiores notas na
escola, maior autoconfiança e autoestima e ainda são
menos propensos a comportamentos antissociais,
delinquência e drogas. Pode-se observar, mediante os
resultados das pesquisas, que o estilo parental autoritativo mostrou ser o mais adequado para uma educação
saudável dos filhos. Nesse sentido, os pais precisam ser
firmes em relação a certa autoridade (ou seja, no nível
de exigência) e, ao mesmo tempo, responsivos no respeito e compreensão dos direitos dos filhos.
A pesquisa de Weber, Selig, Bernardi & Salvador
(2006), na qual os autores se propuseram a investigar a
transmissão intergeracional dos estilos parentais em 21
mulheres, respeitando a linearidade trigeracional, revelou que a transmissão intergeracional de estilos parentais aparece com um índice de 91,7%, ao passo que
apenas para 8,3% dos sujeitos analisados a transmissão
dos estilos parentais não foi efetivada.
ESTILOS PARENTAIS
Os resultados de algumas investigações demonstram a importância dos estilos parentais no comportamento dos filhos. Reichert e Wagner (2007) apontam que o desenvolvimento da autonomia parece estar
relacionado com os estilos educativos adotados pelos
pais. Em seu trabalho, realizado com 168 jovens, é possível notar que, na percepção do adolescente, a maioria
dos pais são considerados, em relação aos estilos parentais, como negligentes e autorizantes (autoritativos).
Destacou-se também que os pais têm o mesmo nível
de exigência tanto para os meninos quanto para as
meninas, porém, na dimensão responsividade, os dados
mostraram que os pais se apresentam mais responsivos
com os filhos do que com as filhas. Foi observado igualmente, na amostra, que um dos fatores que parece
interferir na relação entre pais e filhos, no sentido de
enfraquecê-la, é o fato de a maioria dos pais trabalhar
fora (63,7%), estando menos disponíveis para os filhos.
Não se evidenciou correlação entre estilos parentais e
autonomia, na pesquisa; todavia, pode-se considerar
que a mãe é a figura mais presente no processo de educação dos filhos. Na conclusão do estudo, o equilíbrio
de ambos os pais quanto aos estilos parentais é consi-
derado um fator de proteção, visto pelo bom desempenho acadêmico dos adolescentes da amostra.
A partir dos estudos mencionados e da prática
profissional na área da Assistência Social, questiona-se
como os adolescentes percebem os estilos parentais
223
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
característicos de famílias provenientes de contextos
de alta vulnerabilidade social. Assim, a identificação
desses estilos pelos adolescentes constituiu o objetivo
principal da presente pesquisa.
Método
Participantes
Trata-se de uma amostra por conveniência, composta por 62 adolescentes (40 meninos e 22 meninas),
de 12 a 17 anos, que frequentavam o programa social
Adolescer, da Secretaria Municipal de Assistência Social
da cidade de Assis (SP), e suas respectivas famílias.
Os adolescentes pertencem a diversos arranjos
familiares e estão inseridos num contexto de alta vulnerabilidade social: residem em bairros periféricos do
município, em áreas com focos de drogadição avaliados
como territórios críticos. Provêm de espaços caracterizados por distintos fatores geradores de vulnerabilidade: moradias precárias, baixa renda familiar, drogadição, pouca ou nenhuma qualificação profissional;
sobrevivem de subempregos (trabalhadores rurais, catadores de materiais reciclados, entre outros) e necessitam
de intervenções assistenciais para seu sustento.
Realizou-se, num primeiro momento, a caracterização das famílias dos adolescentes, por meio de análise
documental. Foi solicitado aos sujeitos participantes
que respondessem ao instrumento - escala de responsividade e exigência - no qual deveriam avaliar pai e
mãe (ou figuras de referência) separadamente. Entendeu-se como relevante que fossem mencionadas, no início
da escala, as figuras de referência, pois muitos dos adolescentes residiam com outras pessoas, que exerciam o
papel de pai e/ou mãe.
Os resultados da escala de exigência e responsividade foram analisados segundo critérios especificados em Teixeira et al. (2004), segundo os quais os
escores representam a soma dos itens que compõem
cada uma das escalas, separadamente para pai e mãe.
No caso dos escores combinados, foram somados os
itens concernentes a pais e mães para cada uma delas.
Análise estatística
As famílias dos adolescentes foram caracterizadas quanto a sua configuração familiar e número de
trabalhadores, a partir dos prontuários cadastrados na
Secretaria Municipal de Assistência Social de Assis.
Para estudar a existência de diferenças entre os
sexos para as variáveis exigência e responsividade de
pais, mães e combinadas, foi usado o teste t para amostras independentes, com nível de significância de 5%. A
fim de verificar a existência de diferenças entre as variáveis exigência e responsividade, para meninos e meninas, foi utilizado o teste t para dados pareados. Também
foi empregado o teste Qui-Quadrado, com a finalidade
de investigar possíveis diferenças entre sexos nas
classificações dos estilos parentais (combinação de exigência e responsividade), a partir dos escores combinados de pai e mãe.
Os dados foram colhidos na própria Secretaria
Municipal de Assistência Social, especificamente nas
instalações do Programa Adolescer, que atende em
média a 100 adolescentes por dia. Para apresentação da
proposta de pesquisa, foi feita uma reunião com todos
os adolescentes, quando foram esclarecidos os objetivos e formalizados os convites para a participação no
estudo. Aqueles que aceitaram o convite receberam o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que foi
por eles lido e assinado, e levado para que seus pais
autorizassem e ratificassem a participação na pesquisa.
Os índices de consistência interna (alpha de
Cronbach), obtidos na análise da escala de exigência,
foram: 0,85, para pais e mães combinados; 0,87, para os
pais; 0,91, para as mães. Os índices de consistência interna, obtidos na análise da escala de responsividade,
foram: para pais e mães combinados, 0,85; para os pais,
0,86 e, para as mães, 0,90. Os índices encontrados podem
ser considerados adequados para as análises efetivadas.
A realização do estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital Regional de Assis, Parecer nº
157/2008, atendendo aos requisitos de pesquisa com
Neste estudo, foi utilizada uma escala que avalia
os estilos parentais, ou seja, as dimensões de exigência
e responsividade, por meio de frases de autorrelato
(Teixeira et al., 2004). Cada escala é composta por 12
itens, do tipo Likert de 5 pontos.
C.M. RINHEL-SILVA et al.
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Instrumentos
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
seres humanos, conforme Resolução n° 196, de 10 de
outubro de 1996, da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa.
Resultados e Discussão
Observa-se (Tabela 1), que a configuração
familiar, tanto dos meninos como das meninas,
evidencia diver-sidades em relação ao vínculo parental,
em conso-nância com os dados mencionados por
outras pesqui-sas, como as do Instituto Brasileiro de
Geografia e Esta-tística (IBGE) (Brasil, 2006) e de Goldani
(1993).
Verificou-se também que, do total de mães
(n=59), a maioria, 44 (74,6%), trabalha; quanto aos pais
(n=28) e padrastos (n=21), todos trabalham (Tabela 1). O
fato de os pais trabalharem fora, de acordo com Pereira
(1995) e Reichert e Wagner (2007), pode ser um dos fatores
que interfere na relação entre pais e filhos, no sentido
de enfraquecê-la, visto que ficam pouco disponíveis
tanto para cuidar da casa como dos filhos. A situação
confirma as queixas dos pais, quando enfatizam que
têm que trabalhar a fim de garantir o sustento familiar e
que não há tempo para educar e impor limites aos filhos,
ficando a tarefa, muitas vezes, para a escola ou até
mesmo para a mídia.
Vê-se que as famílias dos meninos são mais
numerosas que as das meninas, bem como contam
com número maior de familiares que trabalham. No
que tange a famílias numerosas, Cecconello (2003) e
Predebon e Wagner (2005) as entendem como um dos
fatores de prevalência de problemas de comportamento
em adolescentes, destacando, ainda, como fator de
maior risco, o baixo nível socioeconômico, que engloba
a pobreza, a baixa remuneração parental, a baixa escolaridade dos pais, a ausência de um dos pais, aliados ao
contexto onde os adolescentes se inserem. A investigação parece estar em consonância com os dados
aqui apresentados, em que as famílias, além de serem
numerosas, residem em bairros periféricos do município,
em situação de alta vulnerabilidade social, conforme
mencionado pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade
Social - IPVS (São Paulo, 2000).
A maioria das meninas (19 - 86,4%) e dos meninos (38 - 95,0%) referiu-se à mãe como desempenhando
o “papel maternal”. Quanto ao “papel do pai”, 10 (55.6%)
meninas indicaram o próprio pai, enquanto 6 (33,3%)
apontaram o padrasto. Dentre os meninos, 22 (71,0%)
referiram-se ao pai, e 6 (19,4%) mencionaram o padrasto.
Outro dado importante é que, do total de meninos,
mais da metade (25 - 62,5%) possui pai ou padrasto que
exerce o papel de pai, enquanto entre as meninas esse
percentual é ligeiramente menor (59,1%) 13 meninas
(Tabela 1).
Diante dos novos arranjos familiares, a figura de
referência para os filhos é quem desempenha o papel
de imposição do limite, da autoridade e da realidade,
além de acumular a função do cuidado e da afetividade,
conforme ressaltam Wagner, Falke, Silveira e Mosmann
(2002) e Zamberlan (2008).
Pode-se notar, quando se compara a dimensão
exigência materna, que os meninos apresentam em
média escores mais altos (39,3) que as meninas (36,7)
(Tabela 2). Ainda em relação à exigência, agora avaliando
Tabela 1. Configuração familiar e pessoas economicamente ativas, segundo o sexo dos adolescentes (n=62). Assis (SP), 2008.
Meninas (n=22)
Familiares
Meninos (n=40)
Configuração familiar
Trabalhadores
Trabalhadores
n
%
n
%
n
%
n
%
20
90,9
14
070,0
39
97,5
30
076,9
100,0
18
45,0
18
100,0
10
45,5
10
Padrasto
3
13,6
3
100,0
7
17,5
7
100,0
Avó/Avô
Tia/Tio
Irmã(ão)
Prima(o)
Sobrinha(o)
2
09,1
1
050,0
7
17,5
2
028,6
2
09,1
2
100,0
5
12,5
1
020,0
15
68,2
1
006,7
31
77,5
6
019,4
0
00,0
0
000,0
1
02,5
0
000,0
0
00,0
0
000,0
2
05,0
0
000,0
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
ESTILOS PARENTAIS
Mãe
Pai
Configuração familiar
225
2012
o pai, pode-se ver que os pais são tratados como mais
exigentes com os meninos (32,1) do que com as meninas
(24,2).
Quando se analisa a dimensão responsividade
para mãe e pai, separadamente, percebe-se que as mães
das meninas apresentam escore médio de 36,2, e as
mães dos meninos, 40,3. Em relação à responsividade
paterna, para as meninas, encontra-se o escore médio
de 24,2, enquanto para os meninos este é de 30,7 (Tabela 2).
Verificou-se significância estatística no escore
médio de exigência para pai e mãe, percebido pelas
meninas (t (17) =3.326; p=0,004) e pelos meninos
(t(30)=3,701; p=0,001). O mesmo ocorreu para o escore
médio de responsividade (pai e mãe) para as meninas
(t(17)=3,365; p=0,004) e para os meninos (t(30)=4,552;
p=0,000).
Observa-se então que as mães têm escores mais
altos, tanto de exigência quanto de responsividade, em
relação aos filhos. Os dados são congruentes com os
estudos de Pacheco, Silveira e Schneider (2008) e com
as pesquisas de Teixeira et al. (2004, p.9), que concluíram
que:
Os resultados obtidos nas comparações dos níveis
de exigência e responsividade atribuídos a pais e
mães seguiram um padrão já observado em outros
estudos... ou seja, as mães foram percebidas como
mais responsivas e exigentes do que os pais, tanto
pelas filhas quanto pelos filhos. Tais resultados
podem estar confirmando uma maior proximidade
da mãe com os filhos, apontada em estudos anteriores,
nos quais as mães aparecem como bastante envolvidas na educação e desenvolvimento dos filhos,
suplantando em muitos aspectos a participação
paterna (grifos nossos).
Embora, culturalmente, o papel de impor regras
e limites seja relacionado à figura masculina, na prática,
como demonstra o presente estudo, é a mãe quem
vem assumindo esse papel. Tais dados são semelhantes
com aqueles destacados em outras investigações, como
as de Baumrind (1971), Predebon e Wagner (2005), Teixeira
et al. (2004), Wagner et al. (2002), Wagner, Predebon,
Mosmann e Verza (2005) e de Pacheco et al. (2008). Nesse
contexto, Wagner et al. (2002) salientaram a importância
da comunicação interpessoal na adolescência, tendo
observado que as mães, além de estarem ocupando o
papel da imposição dos limites para os filhos, também
foram consideradas pelos adolescentes da pesquisa
como a pessoa com quem eles mais se comunicam e
dialogam, na interação familiar.
Contudo, quando os dados são examinados em
relação à exigência e responsividade por sexo, encontram-se escores mais altos para os meninos, nas
duas dimensões (Tabela 2). As meninas perceberam
menores níveis de exigência e responsividade materna
e paterna do que os meninos. O escore médio das
dimensões exigência e responsividade, combinadas,
percebido pelas meninas, foi significativamente mais
baixo do que o dos meninos, tanto para exigência
(t(47)=-2.405; p=0,020), quanto para responsividade
(t(47)=-2.107; p=0,041). Também se verificou diferença
estatisticamente significativa no escore médio de exigência para o pai (t(47)=-2,206; p=0,032), em relação aos
meninos.
Quanto à dimensão responsividade, esta pesquisa encontrou os mesmos resultados obtidos no estudo
Tabela 2. Medidas de centralidade e variabilidade para as Escalas de Exigência e Responsividade (n=62). Assis (SP), 2008.
Variáveis
C.M. RINHEL-SILVA et al.
226
Meninos
Meninas
Total
DP
MD
M
DP
MD
M
DP
24,2
12,7
35,0
32,1
11,7
32,0
29,2
12,5
36,7
07,1
40,5
39,3
06,3
39,0
38,4
06,7
60,5
60,4
14,1
71,0
71,3
15,9
66,0
67,3
16,0
28,0
24,2
14,0
32,0
30,7
12,1
31,0
28,4
13,1
37,0
36,2
10,0
41,5
40,3
06,3
41,0
38,8
08,0
65,5
59,8
19,1
70,0
70,6
16,1
69,0
66,6
17.9
MD
M
23,0
37,5
Exigência
Pais(*)
Mães
Combinada
Responsividade
Pais(*)
Mães
Combinada
MD: Mediana; M: Média; DP: Desvio-Padrão;0 (*) Dados perdidos: 4 meninas e 9 meninos não responderam a esta questão.
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
de Reichert e Wagner (2007), ou seja, nessa dimensão,
os pais apresentaram-se mais responsivos com os filhos
do que com as filhas.
do total de 40, 25 (62,5%) residiam com pai ou padrasto,
enquanto entre as meninas esse percentual é ligeiramente menor (59,1%, 13 meninas) (Tabela 1). A questão
é abordada por Wagner et al. (2002) e Zamberlan e BiasoliAlves (2008), que discutem a importância da figura
paterna na relação parental, pois o pai representa para
o filho a disciplina, a autoridade e os valores morais.
Diferentemente, o presente estudo encontrou
na dimensão exigência uma divergência da literatura,
pois os pais, na percepção dos adolescentes, estão mais
exigentes com respeito aos meninos do que quanto às
meninas. Pode-se atribuir tal discordância às características específicas dos sujeitos deste estudo, ou
seja, os adolescentes participam de programas sociais,
residem em territórios críticos de alta vulnerabilidade
social, em locais em que se pode encontrar a predominância da drogadição, entre outros fatores geradores
de risco. Em decorrência disso, é possível que os pais
estejam fazendo maior exigência em relação aos meninos, pois as principais queixas e encaminhamentos
aos Programas Sociais advêm do sexo masculino, fato
este demonstrado pelo número de meninas e de
meninos aqui estudado. Levando em conta a situação
de vulnerabilidade, Macedo et al. (2006) encontraram,
em seus estudos, que os pais com IPVS alto evidenciam
maior rigor na imposição de regras, porque consideram que, quanto maior o risco ao qual os jovens estão
expostos, mais explicitada se torna a importância
atribuída à obediência, à boa educação e aos limites,
pois na visão dos pais, tais qualidades - quando presentes
nos jovens - desafiam as crenças que associam a
pobreza à delinquência.
Para a construção dos estilos parentais, as medidas de centralidade e dispersão foram calculadas
conforme os estudos citados por Teixeira et al. (2004,
p.7), para pais, mães e ambos, tendo sido realizadas
comparações (entre os sexos e entre as respostas dadas
quanto a pais e mães): “Devem ser desconsiderados,
para análise dos estilos parentais, aqueles casos cujos
escores sejam idênticos aos valores das medianas em
responsividade materna, paterna e combinada e
exigência materna, paterna e combinada”. Dessa forma,
chega-se aos resultados apresentados na Tabela 3.
Quase a metade das meninas (9 - 42,9%) considerou as mães como negligentes, enquanto quase
metade dos meninos (15 - 41,7%) atribuiu-lhe a condição
de autoritativas. Em relação ao pai, os escores apresentaram-se da mesma maneira, ou seja, a maioria das meninas avaliou-os como negligentes (9 - 52,9%), enquanto
a quase maioria dos meninos (13 - 46,4%) avaliou-os
como mais autoritativos.
Os resultados combinados para pai e mãe, de
acordo com o sexo, seguiram o mesmo padrão, de modo que, das meninas respondentes, (n=16), 10 (62,5%)
classificaram os pais como negligentes e, entre os meninos respondentes (n=28), 15 (53,6%) os consideraram
Tal divergência dos dados pode ser creditada,
igualmente, à maior convivência dos meninos com a
figura paterna. Aqui, os meninos apresentaram maior
percentual de convivência com a figura paterna, já que,
Tabela 3. Estilos parentais para mães, pais e os dois combinados, segundo o sexo do adolescente (n=62). Assis (SP), 2008.
Negligente
Indulgente
Autoritário
Autoritativo
n
%
n
%
n
%
n
%
Mãe
4
19,0
4
19,0
4
19,0
9
42,9
15
41,7
5
13,9
5
13,9
11
30,6
ESTILOS PARENTAIS
Menina
Menino
Pai
Menina
Menino
4
23,5
2
11,8
2
11,8
9
52,9
13
46,4
4
14,3
4
14,3
7
25,0
4
25,0
1
06,3
1
06,3
10
62,5
15
53,6
4
14,3
1
03,6
8
28,6
Combinados
Menina
Menino
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
227
2012
autoritativos. Para a explicação de tais resultados podem
ser levantado como hipóteses o fato de as meninas
terem apresentado menor convivência com a figura
paterna do que os meninos. E ainda, o fato de os meninos
estarem mais expostos a fatores de risco que as meninas,
como já discutido anteriormente. Entretanto, a confirmação dessas hipóteses requer a realização de novos
estudos.
Não se verificou significância estatística entre os
sexos (meninos e meninas) quanto aos quatro estilos
parentais (F2=5,529; gl=3; p=0,137). Contudo, fazendo a
mesma análise, tendo em vista agora apenas os participantes que classificaram seus pais como autoritativos
e negligentes (por serem dois extremos e também por
serem os estilos que ocorreram com maior frequência),
foi possível notar diferença estatística p=0,045 (teste
exato de Fisher).
A Figura 1 explicita as porcentagens dos estilos
parentais maternos, paternos e combinados, utilizando
como ponto de corte a mediana dos dados.
Os valores encontrados revelam que, de n=44
jovens, 19 (43,2%) percebem seus pais como autoritativos,
isto é, com altos níveis de exigência e de responsividade,
seguidos por 18 (40,9%) que os consideram negligentes,
5 (11,4%) autoritários e 2 (4,5%) indulgentes, na mesma
linha de outros estudos (Weber et al., 2003a; Reichert &
Wagner, 2007).
Tais resultados estão compatíveis com outros
trabalhos sobre os estilos parentais, os quais apontam
que, no estilo autoritativo, os pais estabelecem conduta,
50
45
40
35
43,2
40,9
37,8
33,3
35,1 35,6
%
30
C.M. RINHEL-SILVA et al.
228
25
20
15,8
13,3
15
11,4
15,8
13,3
10
4,5
5
0
Autoritativo
Autoritário
Mãe
Pai
Indulgente
Negligente
Combinado
Figura 1. Porcentagem dos estilos parentais para mães, pais e os
dois combinados (n=62). Assis (SP), 2008.
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2012
valorizam o respeito às regras e reconhecem as qualidades e competências dos filhos, demonstrando interesse por sua vida. Assim, levam os filhos a se relacionar
de forma positiva, com competência social, autoestima,
autoconfiança, desempenho acadêmico satisfatório,
otimismo, menores níveis de ansiedade, depressão e
stress, bem como menor propensão a comportamentos
antissociais, delinquência e drogas (Baumrind, 1966,
1971; Hutz & Bardagir, 2006; Steinberg, 2001; Teixeira
et al., 2004; Weber, Viezzer & Brandenburg, 2002; Weber
et al., 2003a; Weber et al., 2003b).
No caso específico desta pesquisa, parece que
os adolescentes estão avaliando seus pais de maneira
mais positiva, em relação à educação, do que eles próprios (pais) acreditam. Entretanto, nota-se diferença
mínima entre o estilo autoritativo e o negligente, o que
significa que grande número de adolescentes avalia seus
pais com baixa exigência e baixa responsividade. E esse
dado se torna relevante, na medida em que os filhos
criados nesse estilo geralmente apresentam os piores
índices de ajustamento entre os quatro outros estilos,
com menor índice de competência social e cognitiva,
maior nível de ansiedade e depressão, e maior índice de
problemas de comportamento (Hutz & Bardagir, 2006).
Nessa perspectiva, pode-se enfatizar:
Um aspecto de grande importância está no fato de
não só saber o que fazer para educar bem, como
também saber se o que está sendo feito é interpretado pela criança como se espera. Pode ocorrer
no relacionamento pais-filhos uma certa incompatibilidade de percepções e pensamentos, ou seja, a
visão que o filho tem sobre os comportamentos dos
pais é diferente da visão que os pais têm deles próprios. Pode-se dizer que está havendo uma incompatibilidade de percepções e pensamentos, ou seja,
a visão que o filho tem sobre os comportamentos
dos pais é diferente da visão que os pais têm deles
próprios (Weber, Prado, Viezzer & Brandenburg, 2004,
p.330).
Steinberg (2001) afirma não conhecer nenhum
estudo que indique que os adolescentes criados em
outros estilos se saiam melhor em suas habilidades do
que os filhos de pais com estilo parental autoritativo,
independentemente de sua origem racial, social ou
mesmo do estado marital de seus pais. Assim, os pais
precisam ser firmes em relação a certa autoridade (ou
seja, ao nível de exigência) e, ao mesmo tempo,
responsivos, respeitando e entendendo os direitos dos
filhos.
rizaram seus pais como negligentes, e os meninos, como
autoritativos.
Outro ponto a ser destacado é a importância de
os pais constituírem referências positivas para os seus
filhos, pois, conforme a pesquisa de Weber et al. (2006),
a transmissão intergeracional de estilos parentais aparece com um índice de 91,7%. Os estudos de La Taille
(1996), Postman (2000), Oliveira (2007) e Zamberlan (2008)
também enfatizam a responsabilidade dos adultos ou
figuras de referência nas relações parentais, nas quais
os filhos parecem se espelhar nas atitudes e comportamentos dos pais. Lima (2006) relata, em sua pesquisa,
que os adolescentes reproduziram em suas falas o
desejo de que sua família futura fosse igual à família de
origem, mesmo ressaltando os conflitos vivenciados
tanto com os irmãos quanto com os pais. Na mesma
perspectiva, Steinberg (2001) salienta que a competência
do adolescente é influenciada pelos pais - e não o
contrário.
Diante dos resultados, pode-se questionar se os
estilos parentais apresentados seriam específicos da
população estudada ou se eles podem ser entendidos
como característicos de famílias monoparentais, nas
quais a ausência de um dos progenitores poderia estar
afetando as relações familiares.
Em resumo, pode-se dizer que os principais resultados deste trabalho indicaram uma divergência em
relação aos estilos parentais, quando se considera o
sexo dos adolescentes participantes, o que significa que
novos estudos devem ser conduzidos, a fim de se verificar
tal tendência em populações com essas características
específicas.
Considerações Finais
O estudo realizado permite refletir sobre a importância das relações entre pais e filhos, para o desenvolvimento de programas sociais que envolvam a orientação de pais, no sentido de criar novas práticas que
visem a fortalecer os vínculos parentais de famílias
sujeitas a vulnerabilidade social.
Quando se considera o sexo na avaliação dos
estilos parentais, os pais foram percebidos diferentemente pelos adolescentes, ou seja, as meninas caracte-
Também é necessária a criação de oportunidades que propiciem diálogo e orientação, não só no
sentido de informar os pais sobre o desenvolvimento e
as mudanças na fase da adolescência, mas também de
salientar a importância do papel parental na educação
do filho adolescente. Em acréscimo, é oportuno enfatizar
a importância de se criarem espaços e ações que possibilitem uma aproximação entre a percepção e interpretação dos adolescentes quanto aos pais e vice-versa,
com a finalidade de fortalecer o papel da autoridade
parental para o funcionamento familiar saudável e o
bem-estar de seus membros.
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Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
2012
ESTILOS PARENTAIS
Os resultados apontam que os pais aparecem
como mais exigentes em relação aos meninos e menos
exigentes em relação às meninas, dados que diferem
daqueles discutidos pela literatura, revelando a necessidade de realizar novos estudos para explorar as
dimensões qualitativas dos estilos parentais, a fim de
compreender melhor as condutas que permeiam as
relações no contexto familiar.
Acredita-se que estudos sobre as relações parentais de indivíduos sujeitos a vulnerabilidade social, como
a presente pesquisa, podem representar contribuição
significativa à formulação de políticas públicas voltadas
à juventude e ao atendimento de suas famílias.
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230
Estudos de Psicologia I Campinas I 29(2) I 221-230 I abril - junho
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Recebido em: 21/7/2010
Versão final reapresentada em: 11/10/2011
Aprovado em: 18/10/2011