HÁ (UM) MÉTODO PAULO FREIRE?
Vol. 13 | Número Especial | 2021
RESUMO
O presente trabalho problematiza a existência de um método Paulo
Freire. Numa primeira parte apresenta antecedentes terminológicos e
históricos da palavra método. A seguir oferece alguns apontamentos de
Paulo Freire em relação ao método e o valor que outorgava à
curiosidade e compromisso político em relação ao método. Numa seção
posterior, ocupa-se das relações entre a presença ou não de um
método na formação docente e na relação que o ou a docente
estabelece consigo mesma. Finalmente, tece algumas considerações
finais a respeito de uma pedagógica infantil (menina) da pergunta e sua
relação com o método ou sua ausência.
Palavras-chave: Paulo Freire. Método. Formação de professores.
Pedagogia Infantil da pergunta.
Walter Omar Kohan
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ)
[email protected]
IS THERE (ONE) PAULO FREIRE METHOD?
ABSTRACT:
This article problematizes the existence of a Paulo Freire method. In the first
part, it presents the terminological and historical background of the word
method. Then, it offers some notes by Paulo Freire in relation to the method
and the value he gave to curiosity and political commitment in relation to
method. In a later section, it deals with the relationship between the presence
or absence of a method in teacher education and the relationship that the
teacher establishes with herself. Finally, it draws some final considerations
about a child pedagogy (girl) of the question and its relationship with the
presence of an absence of a method.
Keywords: Paulo Freire. Method. Teacher education. Child Pedagogy
of question.
Submetido em: 05/04/2021
Aceito em: 23/06/2021
Publicado em: 29/09/2021
https://doi.org/10.28998/2175-6600.2021v13nEspp1-15
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
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APRESENTAÇÃO
Estamos vivendo uma guerra sangrenta no Brasil. Não é uma guerra recente; ao
contrário, faz parte do projeto colonizador imposto há mais de cinco séculos em nossa
América (ou de uma vez por todas deveríamos chamá-la Abya Yala, o nome dessas terras
que antecedia à invasão europeia em vez de reproduzir o nome de um invasor?). As
comunidades indígenas, negras e, em geral, as mais empobrecidas são as que dão o mais
duro testemunho desta guerra. Elas também são os que resistem com mais dignidade e
fortaleza.
O aspecto mais específico do atual momento brasileiro é a virulência desta guerra, seu
caráter ostensivo e brutal, já que o atual governo de Jair Bolsonaro não faz nenhum esforço
para esconder seu desejo de exterminação. Pelo contrário, ele faz da afirmação da morte
uma autopromoção, seja na sua pulsão armamentista seja na sua criminal negação da
gravidade da pandemia para a saúde pública. É a consumação da necropolítica: "a
instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material dos corpos e
populações humanas" (MBEMBE, 2018, p. 10-11). Descrevamos, em palavras simples,
inspiradas em Foucault (2006), a política atual da administração bolsonarista: um dispositivo
de exercer o poder governamental para fazer morrer e não deixar viver. Esse é o dispositivo
que nos governa atualmente.
Faz parte desta política um absoluto desprezo pela educação e saúde públicas,
campos povoados por desigualdades que, em vez de combatê-las, esse dispositivo estimula
a partir de uma lógica meritocrática e empresarial; a falta de respeito à gestão democrática
em todos seus níveis; a militarização da escolarização; a absoluta carência de sensibilidade
para os problemas endêmicos da educação e saúde neste país. Pelo contrário, com a
pandemia, a situação tornou-se muito mais grave e preocupante devido às condições
precárias do sistema público de saúde e das escolas públicas fechadas por meses e agora
reabertas sem políticas de cuidado e vacinação apropriadas e sem que a população mais
pobre tenha mínimas condições de conectividade e acesso.
Neste contexto, Paulo Freire ocupa uma posição curiosa, erigido em inimigo por uma
administração que tem colocado até agora só economistas como ministros da educação. Já
durante sua vida, Paulo Freire havia respondido aos discursos conservadores que se
opunham à reconhecer a dimensão política da educação e hostilizavam qualquer pretensão
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de transformação social através da educação. Desde 2016, com a deterioração da situação
política no Brasil, esta posição em relação ao seu trabalho - que sempre esteve presente tornou-se muito mais incisiva; no golpe e nas manifestações antidemocráticas contra o
governo de Dilma apareceram bandeiras odiosas contra o professor pernambucano,
seguidas de vozes nas redes sociais que culpavam Paulo Freire por todos os problemas da
educação brasileira e o tornavam um símbolo não mais do divino, mas do diabólico.
Assim, o odiado Paulo Freire passou a ser parte do programa governamental de J.
Bolsonaro pela negativa: "expurgar a ideologia de Paulo Freire da educação brasileira" que
acabou sendo eleito em 2018; Paulo Freire continua sendo um inimigo explícito pelos
funcionários do regime. Algumas perguntas restam em nós: como é possível que esse
programa tenha sido o mais votado até mesmo pelo povo oprimido? Para além das paixões
tristes e alegres despertadas pelo educador das utopias, podemos superar o discurso do
ódio e considerar qual seria o valor de sua vida e de seu trabalho para pensar em nosso
devastado presente educacional? Em que medida, nesse ano dos cem anos de Paulo Freire
sua obra e sua vida podem nos ajudar a pensar problemas ou questões relevantes de nosso
presente?
Paulo Freire é um exemplo a mais onde coincidem tantas semelhanças entre o
governo atual e a ditadura de 1964: ambos pretendem expulsar Paulo Freire, idealizador de
um Plano Nacional de Alfabetização, da realidade educacional brasileira. Um educador
popular é considerado inimigo. Ele já não está vivo entre nós; então a expurgação ideológica
ocupa o lugar da prisão e do exílio. Mas a relação é a mesma: ditaduras não gostam de
educadores do povo nem de um povo letrado.
Precisamente a uma destas questões - relativa ao letramento do povo - vou me referir
neste pequeno ensaio: é preciso um método para alfabetizar e de um modo mais amplo, para
educar? Em outras palavras, é necessário, preciso ou conveniente que um educador ou
educadora adote um método específico, predeterminado, para realizar a sua tarefa? A figura
de Paulo Freire pode ser interessante para pensar essa questão por vários motivos. Como é
sabido, Paulo Freire criou um método de alfabetização, conhecido como “o método Paulo
Freire”. Ele tem gerado muitas práticas e estudos. Há muita coisa escrita sobre esse método.
Ele aparece aludido frequentemente nos ataques e nas defesas do educador de oprimidos.
Contudo, a tese que defenderemos neste texto é que mesmo por razões práticas e
contextuais ele tenha proposto um método, sua forma de se relacionar com esse e outros
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métodos ajuda a problematizar a ideia de método e sinaliza que cada educador deveria
procurar e encontrar seu próprio método, seu próprio caminho antes que aplicar o método
criado por outro, mesmo o método Paulo Freire. Há implicações políticas na exigência de que
docentes adotem um certo método. Essa exigência atravessa propostas autoproclamadas
democráticas ou autoritárias e são essas implicações que, esperamos, este texto ajude a
repensar.
Dessa forma, se este texto tem algum valor poderia ser o de nos ajudar a pensar
sobre os desdobramentos políticos que se seguem de algum caminho ou caminhos
pedagógicos, e também os efeitos políticos derivados da relação que mantemos com os
caminhos que seguimos quando educamos. Assim, se entendemos método no sentido amplo
do caminho, a questão que Paulo Freire nos ajuda a pensar não é tanto "método sim ou
método não" - já que sempre temos que caminhar por algum caminho - mas como nos
relacionamos com o método/caminho e as formas de caminhar na educação e que
implicações políticas essa determinação traz para o exercício docente.
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O "MÉTODO"
2.1 A palavra ‘método’ e algumas tradições dominantes
A etimologia da palavra "método" é grega: o dicionário dessa língua diz que méthodos
é uma palavra composta da preposição metá (entre, depois; além) e o substantivo hodós
(caminho) com o sentido de busca, procura, substituição e, derivado deles, busca de
conhecimento, investigação, forma de investigar, sistema (LIDDELL; SCOTT; JAMES, 1966).
Na modernidade europeia, um número significativo de filósofos, talvez por causa de sua
proximidade com as ciências naturais, dedicou obras ao método. Um deles foi F. Bacon que,
no século XVII, publicou o Novum Organum, que poderia ser traduzido como Novo Método e
que buscava um novo instrumento, mais empírico e menos especulativo para a filosofia.
Talvez o mais conhecido destes trabalhos seja o Discurso sobre o Método de R. Descartes
(originalmente intitulado "Discurso sobre o método para conduzir bem a razão na busca da
verdade na ciência") que, para muitos, foi um marco para o que deveria ser entendido como
investigação filosófica legítima, baseado em suas quatro regras: evidência, análise, ordem e
enumeração (DESCARTES, 2003). Desta forma, o método foi entendido como a única
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maneira de acessar conhecimentos certos e verdadeiros; um procedimento com etapas
claramente definidas e sequenciadas.
Quase todas as correntes contemporâneas da filosofia europeia, algumas das quais
influenciaram fortemente Paulo Freire, questionam a imagem cartesiana do método. A
filosofia Hermenêutica, por exemplo, se opõe a este valor do método científico como garantia
de verdade, rejeitando sua aplicabilidade universal. Por exemplo, Hans-Georg Gadamer, em
Verdade e Método, enfatiza a importância das humanidades que resistem à hegemonia do
conceito cartesiano de método. A este conceito de método, Gadamer opõe a noção de
Bildung, com o sentido de uma formação cultural processual. (GADAMER, 1977).
Poderíamos multiplicar as referências em outras correntes de pensamento, mas talvez seja
mais interessante ir diretamente ao conceito de método.
2.2. Método: curiosidade e compromisso político
Freire não escreveu um texto dedicado exclusivamente ao "método", embora ele se
refira a ele em várias obras, especialmente desde seu primeiro período, e muitos autores
próximos a ele escreveram livros sobre seu método (BRANDÃO, 1981; ver também a
entrada “método” em STRECK; REDIN; ZITKOSKI, 2018). Já no exílio, coordenando o setor
de Educação do Conselho Mundial de Igrejas em Genebra, Suíça, Paulo Freire realizou
várias campanhas de alfabetização, particularmente em países africanos de colonização
portuguesa e em alguns países latino-americanos. Por razões complexas, a aplicação do
método nestas campanhas ofereceu "resultados" contrastantes; em algumas, pouco
expressivos em termos quantitativos, algo que Paulo Freire nunca negou mas, pelo contrário,
debateu e escreveu sobre (por exemplo, ver FREIRE 2007 [1997] e 2010 [1992]).
É bem conhecido que Paulo Freire, além de seus livros monológicos, escreveu vários
livros em diálogo e deu inúmeras entrevistas. Na verdade, ele preferiu esta forma de escrita,
e a seguir vamos nos ocupar de uma destas entrevistas, que se concentra precisamente na
questão do método. A entrevista foi conduzida por Nilcéa Lemos Pelandré, que na época
estava fazendo sua pesquisa de doutorado sobre os efeitos a longo prazo do método Paulo
Freire.
Nilcéa, que é professora de Metodologia de Ensino na Universidade Federal de Santa
Catarina, começa a entrevista argumentando que há muito debate sobre os aspectos
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filosóficos e políticos do método Paulo Freire, mas que ela preferiria se concentrar nos
efeitos do método sobre os níveis de leitura e escrita daqueles que foram ensinados a ler e
escrever por ele. Porém, apesar de seus esforços, a entrevista concentra-se mais no que
mais interessa a Freire: precisamente os aspectos filosófico-políticos do método, que ela
mesma abre com sua primeira pergunta sobre os princípios cardeais do método, em termos
filosóficos, políticos e pragmáticos. Devido à sua importância, transcreverei a primeira parte
da longa resposta de Paulo Freire:
Eu começaria a responder sua pergunta fazendo umas considerações que me
parecem, do ponto de vista epistemológico, importantes. Considerações em torno da
expressão que você usou, e que não é só você que usa, todos usam, quando me
perguntou sobre ‘o método’. Eu preferiria dizer que não tenho método. O que eu tinha,
quando muito jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era a curiosidade
de um lado e o compromisso político do outro, em face dos renegados, dos negados,
dos proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O que eu tentei fazer, e continuo
fazendo hoje, foi ter uma compreensão que eu chamaria de crítica ou de dialética da
prática educativa, dentro da qual, necessariamente, há uma certa metodologia, um
certo método. (PELANDRÉ, 2014, p. 14)
Vale a pena prestar atenção a cada detalhe da resposta. Em primeiro lugar, Paulo
Freire assinala que ele precisa fazer considerações importantes do ponto de vista
epistemológico: "Eu preferiria dizer que não tenho método". E então justifica e dá outros
nomes ao que se chamou de método em sua juventude: a curiosidade e o compromisso
político. Estes são conceitos importantes que estão situados em lugares diferentes do
processo educativo em relação ao método. Se o método está presente mais no meio do
processo, no interior dele, a curiosidade está mais fortemente implicada no início e o
compromisso político guia a viagem educacional desde o final, como um horizonte. Se o
método tem a ver com a forma como educamos, a curiosidade fala da razão ou motivo pela
qual educamos e o compromisso político se refere ao sentido ou para quê o fazemos. Se a
curiosidade é um princípio do qual partimos e que nos impulsiona a andar, o método é uma
forma de transitar, andar, e o compromisso político alude ao significado de educar.
Assim Paulo Freire deixa muito claro que sua principal preocupação sempre foi com
questões de princípios e sentidos de educar, muito mais do que com questões de caminhos,
métodos ou metodologias. É claro que ele tinha um método no sentido de que era necessário
caminhar de alguma forma, mas - e este esclarecimento também é muito significativo - era
mais um método de saber (epistemológico) do que de ensinar (pedagógico). Por que este
esclarecimento é importante? Porque mostra que para Paulo Freire, se era necessário
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antecipar um determinado caminho ou forma de saber, ele não era necessário por razões
pedagógicas, para ensinar, mas por razões epistemológicas, já que era uma forma de
produzir conhecimento: o método era mais epistemológico do que pedagógico.
Vamos deter-nos um pouco mais nessas duas coisas que Paulo Freire afirmou ter
quando era jovem: curiosidade e compromisso político. E antes de entrarmos nelas,
notaremos um detalhe: "não importa o tempo". Paulo Freire parece querer nos alertar para o
fato de que esta questão, situado em sua juventude, vai além dos tempos; que, na verdade,
ele a levanta em relação à sua juventude porque está sendo questionado sobre aquele
tempo, o tempo de suas campanhas de alfabetização; mas na realidade é uma questão que
está relacionada a qualquer tempo no campo da alfabetização, e não apenas ao tempo de
suas campanhas de alfabetização.
Vejamos então esses dois componentes do "jovem" Freire: curiosidade e
compromisso político. A primeira é uma condição para que educadores e educadoras de
todas as idades eduquem pessoas de qualquer idade. Freire o diz da maneira mais diversa
possível, em seus textos, em suas Cartas a Cristina (FREIRE, 2008 [1994]) e a Nathercia
(LACERDA, 2016), em sua vida. Talvez no livro falado com Antonio Faundez, Por uma
pedagogia da pergunta, é onde ele o faz da forma mais explícita e claramente: educar
significa, sobretudo, alimentar a curiosidade que está na base de cada pergunta, por isso é
necessária uma pedagogia da pergunta e não da resposta (FREIRE; FAUNDEZ, 2013
[1985]). Sem curiosidade não há conhecimento, não há educação, nada que valha a pena.
Também neste texto, a curiosidade precisa ser cuidada e nutrida e está associada ao modo
de vida de uma menina. É por isso que a infância ou meninice, entendida como uma
possibilidade de existência e não como uma etapa da vida, é antes algo que educa e não
algo a ser educado, como temos argumentado amplamente em outros lugares (KOHAN,
2019; 2020). Uma vida educadora cuida para manter viva essa curiosidade e inquietação
infantil, a fim de educar pessoas de todas as idades.
Por outro lado, o compromisso político com os "renegados, negados, proibidos de ler a
palavra, relendo o mundo" é outro componente insubstituível e não negociável dos
educadores de todas as idades. É a educação como política: uma política que não é definida
por um dogma particular, mas por um estar junto a um sujeito político caracterizado por sua
negação. É uma posição política ao educar. Há um sujeito político que foi roubado de sua
condição existencial e política; um sujeito que não pode ser quem é, que é impedido de
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realizar sua vocação para conhecer e ser mais. Portanto, qualquer prática educacional que
mereça este nome precisa se colocar como sentido que esse sujeito impedido, oprimido e
negado pode se tornar quem ele ou ela é.
Paulo Freire deu nomes diferentes a este compromisso. Mesmo nas linhas que
seguem o parágrafo transcrito, ele esclarece: "Prefiro me entender como um homem curioso
e pesquisador de uma certa concepção democrática, radical e progressiva da prática
educacional". Ou seja, que o compromisso político com os negados é aqui chamado de
concepção democrática, radical e progressista da prática educacional. Não estamos tão
preocupados agora com estas nuances. O que importa é perceber que a questão do método
específico para educar é secundária à curiosidade e ao compromisso político que move uma
prática educacional, aos princípios e sentidos que inspiram esse caminho.
2.3. Formação: tornando-se o método que somos
Na continuação dessa mesma primeira resposta na entrevista, Freire desenvolve um
pouco mais estas afirmações, alterando ligeiramente a apresentação. Ele oferece três
fundamentos da prática educacional: a) toda prática educacional é política; b) toda prática
educacional é projetada fora de si mesma para um amanhã aberto e problemático; c) toda
prática educacional é cognitiva, ou seja, um processo de conhecimento composto de
assuntos igualmente legítimos, trate-se de educadores ou aprendizes. E então ele sugere
transferir esta análise para a alfabetização, para o qual ele faz uma distinção entre gramática
e linguagem: a gramática, suas regras, é a única coisa que pode ser ensinada; a linguagem,
por outro lado, é aprendida socialmente; portanto, a alfabetização é um ato criativo e,
estritamente falando, ninguém ensina ninguém a ler e escrever. É por isso que não pode
haver nenhum método para alfabetizar.
Que não exista antecipadamente um método não significa que o alfabetizador ou
alfabetizadora não precise saber algumas das coisas necessárias para uma passagem
tranquila por este caminho: por exemplo, que para alfabetizar é necessário partir da
linguagem cotidiana dos alfabetizandos e alfabetizandas, resultado de uma leitura do mundo
que precede a leitura da palavra; que a proximidade cultural entre alfabetizador(a) e
alfabetizando(a) facilita o processo; que o reconhecimento do conhecimento dos-as
alfabetizandos(as) o(a)s encoraja a olhar mais além; também não significa que não existam
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requisitos linguísticos, nem limitações fonéticas para o processo de alfabetização.
Finalmente, a ausência de um método também não significa que não existam técnicas que
possam auxiliar neste processo. O que Paulo Freire quer significar é que nenhuma técnica
pode ser auto-contida ou considerada aplicável a qualquer contexto ou imutável, e que cada
educador(a) / alfabetizador(a) precisa se relacionar criativamente com qualquer técnica que
ele ou ela opte por praticar.
Outro aspecto que Paulo Freire considera importante tornar explícito é a formação de
alfabetizadores e alfabetizadoras. Ele é muito claro a este respeito: "a formação contínua se
baseia na reflexão sobre a prática. É pensando criticamente na prática que se destila desta
prática a teoria que já se conhece ou não" (p. 20); em outras palavras, a formação precisa
ser mais política e filosófica do que metodológica ou técnica.
Quando Nircéa perguntou a Paulo Freire se as orientações eram as mesmas nos
diferentes países onde o método era aplicado, Paulo Freire foi muito claro: "É pensando
criticamente a prática que você desembute dessa prática a teoria que você já conhecia ou
não.". Mais uma vez: a formação é filosófica, trata-se de pensar criticamente sobre a prática
e voltar sempre mais da prática para a teoria e da teoria para a prática.
Se até este ponto Paulo Freire tem sido muito claro sobre a subordinação do método à
sua dimensão política e filosófica, torna-se ainda mais claro quando Nircéa pergunta se ele
aplicou sua teoria em sua administração como Secretário de Educação da cidade de São
Paulo. Por causa da importância da resposta, transcrevo, abaixo, uma parte dela:
Nós trabalhamos seguindo muita gente, não necessariamente Paulo Freire. Dizíamos
sempre que não havia necessidade de seguir Paulo Freire, nem João, nem ninguém.
A exigência é que fosse aplicada uma pedagogia progressista. O que importava era
saber se o educador tinha uma cultura dialógica e aberta, respeitosa com o povo. No
fundo, cada educador é um método. Não tem que estar bitolando.
Vamos prestar muita atenção. Na primeira parte de sua resposta, Paulo Freire tinha
apresentado o Movimento de Educação de Adultos (MOVA) de São Paulo, criado durante
sua administração, e também tinha falado de suas parcerias com os movimentos populares
dos subúrbios de São Paulo. Ele também tinha mencionado como a administração sucessiva
e reacionária de Paulo Maluf colocou um fim a todo este trabalho político. Em seguida, ele
passou a se referir afirmativamente à sua administração. Mais uma vez, Paulo Freire não fala
de métodos ou técnicas: ele afirma que as orientações para as práticas educacionais eram
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plurais durante sua administração e que a exigência era que os educadores e educadoras
aplicassem uma pedagogia progressista, palavra que ele já havia utilizado no início da
entrevista para se referir ao significado político da prática educacional, como democrático e
radical. E ele explicita sua compreensão desta exigência a partir de considerações
epistemológicas, filosóficas e políticas: uma cultura de diálogo e abertura, de respeito ao
povo. Então, Paulo Freire termina sua resposta com uma declaração extraordinária: "No final,
cada educador é um método", seguido de um esclarecimento: "não tem que estar bitolando”.
Paulo Freire parece querer passar de um extremo para o outro. Diante das culturas
autoritárias, presentes inclusive no meio educacional; perante a rigidez daqueles que aplicam
receitas rígidas, unificadoras e totalizadoras, ele exige uma maleabilidade metodológica em
termos de coerência política, filosófica e epistemológica de uma prática pedagógica. O que
importa no ato educativo está muito mais nestas dimensões que na unidade metodológica.
Entretanto, há algo mais: "Cada educador é um método". Isto significa que não
podemos separar quem alfabetiza de como alfabetiza porque cada pessoa alfabetizadora se
faz e se encontra na forma que encontra para afirmar seu compromisso epistemológico,
filosófico e político numa educação emancipatória. Não há como separar o método de
alfabetização da pessoa alfabetizadora. Além disso, não há nenhum método de alfabetização
fora de uma existência alfabetizadora. "Cada educador é um método”. É por isso que a tarefa
de encontrar o próprio caminho é insubstituível para aqueles e aquelas que dedicam suas
vidas à educação popular, porque nessa forma, que só cabe em quem a encontrou a partir
de um processo dialógico e reflexivo estará refletida a especificidade com que essa vida
educadora busca realizar seu compromisso epistemológico, filosófico e político com a
educação popular.
"Cada educador é um método". Toda vez que afirmamos algo, não afirmamos outras
coisas. Vejamos o que esta frase não afirma, o que ela poderia ter afirmado sobre a relação
entre cada educador(a) e o método que Paulo Freire preferiu não afirmar, entre tantos outros
possíveis. Primeiro, a questão do gênero que, sabemos, era sensível a Paulo Freire e
também por isso estamos explicitando em nosso texto, mesmo que trave ou torne mais
emaranhada a sua leitura. Segundo, Paulo Freire poderia ter afirmado algo oposto e mais
radical: "Cada educador (ou educadora) não é um método". Em certo sentido, são frases
opostas: a primeira identifica cada educador (e educadora) com um método; a segunda nega
esta identificação. Entretanto, em outro sentido, ao lê-las, as frases tornam-se mais próximas
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se o “um” tem o sentido de numeral, unidade: ao identificar cada educador com um método,
o método se multiplica para cada educador, e assim cada educador não é um método único.
Finalmente, vejamos outras variantes de verbos que Paulo Freire poderia ter usado no lugar
do verbo ser: "Cada educador tem (aplica, procura, encontra, assume, busca, descobre,
inventa, cria, concebe, traça, esboça, delineia, projeta) um (seu) método". Nenhuma dessas
frases seria necessariamente falsa para Paulo Freire. Pelo contrário, talvez o educador
pernambucano considerasse todas elas como verdadeiras ou com sentidos interessantes.
Cada uma delas enfatiza uma dimensão diferente na relação de cada educador(a) com um
método.
Contudo, nenhum verbo, como o verbo “ser”, mostra a impossibilidade de separar o
método de seu executor: não há nenhum método fora de uma existência que o cubra com
significados epistemológicos, filosóficos e políticos; o método está na dimensão ontológica do
ser educador ou educadora. Mesmo assim, talvez exista um verbo que, imaginamos, seja
ainda mais consistente e atento a essa dimensão democraticamente aberta e errante na
relação de cada educador e educadora com seu método. Por isso, se tivermos que
reescrever essa frase diríamos: “cada educador e educadora está um método”. Dessa forma
estaríamos indicando uma relação menos fixa e mais aberta às trajetórias dessas vidas
educadoras na sua relação com um método.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS ANTIMETÓDICAS
Como durante toda sua vida, mesmo mais de 20 anos após sua morte, Paulo Freire
continua a dividir águas. Estamos nos aproximando do 100º aniversário de seu nascimento e
as águas estão se tornando cada vez mais agitadas e turbulentas. O mesmo sucede com
seu “método”: estão aqueles que o deificam e aqueles que o defenestram. Aqueles que o
consideram milagroso (com o método Paulo Freire seria logo resolvido o analfabetismo no
Brasil) e aqueles que o acham errado e perigoso e, portanto, deveria ser expurgado da
educação brasileira. Neste breve ensaio, tentamos tomar outro caminho: olhar para Paulo
Freire como um companheiro a fim de problematizar a forma como a questão do método
pode ser pensada neste momento; não tanto para entender seu método e defendê-lo ou
condená-lo, mas para pensar como ele pode nos inspirar a levantar algumas perguntas sobre
a forma como cada educador se relaciona ou poderia se relacionar com sua própria forma de
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viver uma vida educadora. Os leitores e as leitoras deste texto poderão dizer acerca da força
ou da fraqueza deste exercício para pensar sua própria relação com o método.
Descobrimos uma inspiração: "cada educador é um método". O verbo "ser" pode ter o
valor de uma identidade, uma qualidade, uma possibilidade, uma dimensão, uma
contingência, um risco, uma aposta, uma ousadia. E tantas outras coisas. Sugerimos uma
leve nuance: "Cada educador ou educadora está um método". O novo verbo indicaria uma
relação mais provisória, mutável, livre? com o método. Em qualquer caso, a frase também
mostra uma inseparabilidade e uma condição: não há método fora de quem o coloca em
prática: mais do que isso, na educação popular, talvez praticar um método signifique todas
essas coisas juntas: (re)criá-lo, inventá-lo, vivê-lo, ser ele, estar ele. E mais algumas que
deixo as leitoras e leitoras imaginar. Neste sentido, devido à inseparabilidade entre o método
e seu praticante, inventar um método faz parte da invenção de si como educador ou
educadora: inventar um método faz parte da tarefa artística de educar, parte de inventar a si
mesmo(a) educador(a). Não há método (invenção de) sem invenção de si.
Estas considerações, filosóficas e políticas, que podem parecer abstratas e
descontextualizadas, podem nos ajudar a pensar sobre nossas práticas educacionais nestes
tempos de tanta hostilidade e precariedade nas condições do trabalho pedagógico. Destas
afirmações, pode-se deduzir como consequência que a ânsia contemporânea por métodos
pré-determinados, eficientes e bem objetivos que nos ajudem a empreender nosso caminho
educacional, bem como a obsessão por avaliações padronizadas para medir nosso trabalho
pedagógico pode ser uma forma de nos desviar de uma dimensão insubstituível em uma vida
educativa: a tarefa artística de encontrar nossa própria forma de educar. Questionar esta
urgência e a necessidade de encontrar um método seguro também pode nos ajudar a pensar
no que colocamos de lado quando o fazemos, e também nos princípios e sentidos que
damos à nossa tarefa: é possível que um método possa nos garantir bons "resultados" mas,
ao mesmo tempo, ferir algo da curiosidade que sustenta nossa busca? O que estamos
ensinando além das coisas que acreditamos ensinar quando nos mostramos seguindo um
caminho já determinado por outros e não estando em busca de nosso próprio caminho? Que
política cognitiva afirmamos e abrimos no espaço educacional disponível quando aplicamos
uma estratégia metodológica definida de antemão?
A questão do método nos leva a perguntar "como?": "como explicar este programa?",
"como alfabetizar esta pessoa incapaz de aprender ou ler alguma coisa?", "como fazer com
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que tal pessoa saiba tal coisa”? “Como fazer...?" As exigências de um sistema educacional,
com suas exigências de planejar, objetivar, medir, avaliar, reforçam nossa preocupação com
os "como...".
Ao mesmo tempo, esta exigência talvez nos faça perder de vista outras perguntas,
aquelas que começam com "por quê?": "por que pressupomos que alguém é incapaz de
aprender e não pensamos que talvez sejamos nós incapazes de ensinar?", "por que
prestamos atenção ao que atendemos em nossa prática?", "por que estamos tão obcecados
com a busca de um método?", "por que nos perguntamos o que perguntamos?", "por que
não nos perguntamos o que não nos perguntamos?". E também perguntas pelo "para quê?":
"para que alfabetizar?", "para que medir e avaliar tanto em vez de escutar e atentar?", "para
que dedicar uma vida inteira à educação?" ... Estou dando apenas alguns exemplos de
perguntas. Não há perguntas que sejam em si mesmas necessárias ou indispensáveis e
outras que sejam descartáveis ou superficiais; adequadas ou inadequadas; importantes ou
banais. Mas pode ser significativo considerar quais perguntas poderiam ser mais sensíveis e
coerentes com nossos compromissos e significados filosóficos e políticos para acompanhar
as nossas práticas educadoras.
Perceber os princípios e sentidos que Paulo Freire afirma para a educação popular no
lugar do método pode nos ajudar a rever as questões que somos encorajados a expressar e
pensar cotidianamente; por exemplo, prestar atenção às questões de "por quê?" e "para
quê?" que são tão frequentemente deslocadas ou consideradas inúteis diante da urgência
das questões de "como". Basicamente, é uma questão de nos perguntarmos o que
precisamos nos perguntar a nós mesmos, porque assim como cada educador ou educadora
é ou está sendo seu método, cada educador ou educadora é ou está sendo também as suas
perguntas, as perguntas que se atreve a viver, em seu corpo, em seus sonhos, em sua vida
educativa.
Dessa forma, em última análise, a questão do método esteja relacionada a uma
pedagogia (infantil ou menina) da pergunta. Deixemos isso claro imediatamente: a pedagogia
(infantil ou menina) da pergunta não é um método. Ela sugere princípios e sentidos para
educar e posiciona a educadora ou educador como alguém que está permanente e
infantilmente perguntando-se pelos sentidos de sua prática.
Chegou a hora de terminar. Nada melhor do que terminar com perguntas. Porque se
as perguntas são uma infância para o pensamento, uma espécie de convite para o
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pensamento nascer, terminar com perguntas significa que estamos terminando por começar,
que estamos fazendo do fim um começo, um convite, um novo começo. Ajudamos a pensar,
com Paulo Freire, sobre o método? Ou ajudamos a pensar, com o método, sobre Paulo
Freire? Ou ajudamos a pensar sobre nós mesmos? Ou ajudamo-nos a pensarmo-nos nós
mesmos? As perguntas continuam surgindo: "Afirmamos um método?", "recriamos uma
pergunta?", "temos ou não temos sido um método?", “o estamos sendo?” "temos ou não sido
uma pergunta?", "temos (re)inventado a nós mesmos?", "honramos uma pedagogia (infantil
ou menina) da pergunta?". Quem sabe, uma pedagogia menina da pergunta tenha algumas
qualidades contagiantes.
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