Artigo: OS 200 anos de Marx e o destino de sua obra
OS 200 ANOS DE MARX E O DESTINO DE SUA OBRA
THE 200 YEARS OF MARX AND THE DESTINY OF HIS WORK
Ester Vaisman
RESUMO
O artigo pretende abordar de modo breve algumas características da recepção da obra de
Marx tanto ao longo do século XX quanto na atualidade, indicando simultaneamente as
possíveis causas das ocorrências sucessivas ao longo do tempo de distorções e malentendidos. Ao final do texto apontam-se as razões para o necessário balanço crítico acerca
dos problemas assim identificados, os quais acarretam danos severos no plano teórico e no
plano prático.
PALAVRAS-CHAVE: Marx. Marxismo. Marxologia. Stalinismo. Gnosiologia. Ontologia.
ABSTRACT
The article intends to address some characteristics of the reception of the Marx’ work
throughout the twentieth century and nowadays. It also intend to indicate the possible causes
of these problems that generate distortions and misunderstandings. At the end of the text it
points out the reasons for the necessary critical assessment of the problems thus identified,
problems that bring on severe damages in theoretical and practical terms.
KEY WORDS: Marx. Marxism. Marxology. Stalinism. Gnosiology. Ontology.
INTRODUÇÃO
Estou convencida – e o itinerário de pesquisa criado na UFMG, por J. Chasin há pouco
mais de trinta anos tem demonstrado - que décadas são necessárias para recuperar
devidamente o pensamento de Marx. Não afirmo que fomos exitosos nessa empreitada: a
modéstia criada e nutrida ao longo de mais de quarenta anos de pesquisa e docência, em que
obstáculos de diferentes aspectos se colocaram no caminho, me impedem de cair em
postulações arrogantes ou autocomplacentes. Mesmo porque G. Lukács, o filósofo que buscou
intensamente em sua obra de maturidade o “retorno a Marx”, se vivo, muito provavelmente
não afirmaria que seu empenho tivesse atingido a meta almejada. Isso não significa, no
entanto, que tal empreitada seja absolutamente inviável, ou que o objetivo de identificar o que
Marx efetivamente pensou e escreveu seja algo como um ideal regulador: meta posta no
horizonte a orientar nossa conduta, mas sabidamente inatingível. Definitivamente não é isso.
Doutora. Professora titular do Departamento de Filosofia da UFMG. E-mail:
[email protected].
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Trata-se muito mais de reconhecer, de imediato, a dificuldade da tarefa, identificando o modo
como a herança marxiana foi e tem sido recebida.
1 O DESTINO TRÁGICO DO PENSAMENTO DE MARX E A REDESCOBERTA DE
SEU PENSAMENTO
Antes de tudo é forçoso reconhecer que o pensamento de Marx conheceu um destino
teórico trágico.1 Essa constatação perturbadora, necessário ponto de partida para qualquer
empenho em se debruçar sobre a obra do autor, deve ser reconhecida como uma das múltiplas
vicissitudes contraditórias do século passado, mas que insiste em permanecer até nossos dias,
embora com aspectos distintos.
O itinerário que marca e demarca tal destino nos leva a afirmar que quanto mais foi
invocado, tanto menos era efetivamente conhecido. E o desconhecimento maior e mais
comprometedor se deu precisamente no concernente ao seu universo filosófico, mas com
amplas e graves repercussões para todas as áreas, tendo em vista o caráter decisivo daquele
tipo de reflexão para a devida apreensão do tecido teórico da obra marxiana. Em realidade,
são muito recentes os esforços de resgate nesse âmbito; de fato só principiaram a ocorrer por
efeito dos dilemas críticos em que vieram a desembocar e ruir os “herdeiros” práticos e
teóricos que dominaram o século XX, mas que insistem, apesar da debacle, em dominar a
cena nos dias que correm, apesar da sua caducidade comprovada teórica e praticamente.
Esforços recentes e, infelizmente, limitados se sintetizam no propósito de redescobrir
Marx. Trata-se de caminho trabalhoso e multifacético, nem sempre na “crista da onda”, mas o
único apropriado nas condições existentes para apreensão do pensamento marxiano, submerso
por décadas sob a aludida nuvem de desconhecimento e deformação que obviamente não
beneficia a inteligência nem a existência global em nossos tempos.
Tempos esses vividos em que as manifestações mais clamorosas são determinadas
figurações da subjetividade - a razão manipuladora e a desrazão – cujo enraizamento objetivo
se encontra, “no prolongamento da utilidade histórica do capital” (CHASIN, 1989, p. 3) e de
sua forma de sociabilidade, “sob cuja lógica e regência move-se o universo humano-societário
1
Reflexões dessa natureza foram desenvolvidas em parte já em minha tese de doutorado defendida em 1996
(FaE-UFMG), cujo título é A determinação marxiana da ideologia. Passados 22 anos, mantenho a avaliação
realizada e considero que nesse intervalo de tempo a situação só fez piorar por motivos cujo sentido básico
indico mais à frente.
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contemporâneo”, com as mais devastadoras consequências, tanto para o indivíduo quanto para
a sociedade, que se vergam debaixo das piores renúncias.
Na atualidade, a interrogação de rigor – sobre a irredutível natureza social humana e a
historicidade intrínseca à sociabilidade, conquistas da obra de Marx – constitui a plataforma
geral que pode vir a dinamizar o clareamento do ser e saber da cotidianeidade, como o
entendimento e a prática da atividade científica. Nesse resgate da subjetividade ativa,
racionalmente potencializada, o oponente que ela tem de enfrentar são as mil faces de sua
negação, que se reiteram impiedosamente em todos os espaços tanto individuais quanto
sociais, desde a renúncia cética até a impertinência da desrazão.
É evidente que não é o caso aqui de tematizar em termos concretos e amplos o
conjunto dessa problemática, tão vital em nosso tempo, mas o de afirmar o destino trágico do
pensamento marxiano e indicar brevemente suas razões e consequências, alertando para o que
está em causa. Em outras palavras, a denúncia acerca do destino do legado de Marx não é uma
questão meramente acadêmica, como os desavisados ou deletérios poderiam conjecturar, mas
se trata de problema crucial a ser compreendido e superado, tendo em vista a sua íntima
conexão com os desafios de nosso tempo, sejam eles práticos ou teóricos.
Colocando o argumento de outra maneira: está-se num determinado lugar e numa
determinada época, e tais condições alteram o modo por meio do qual algo possa ser
apreendido. A obra de Marx tem diante de si uma barragem, uma série de obstáculos de várias
ordens e níveis de complexidade que devem ser enfrentados e superados para que se possa
chegar até aquilo que ele realmente pensou e escreveu. Marx morreu em 1883, e nesse
intervalo de tempo até hoje ocorreram diversas situações, tanto no plano histórico concreto
quanto no plano das ideias, todas no sentido de tornar mais penosa a compreensão e a
assimilação do pensador alemão. Além disso, deve-se reconhecer também que na atualidade
tornou-se ato de coragem e ousadia sustentar a ideia de que Marx seja ainda um pensador a
ser redescoberto.
O itinerário trágico que marca e demarca a trajetória do pensamento de Marx – aqui
meramente aludido, pois não se tem a pretensão nesse espaço de configurá-lo concretamente
em suas marchas e contramarchas – tem início pouco depois de sua morte, pois
já se impunha e prevalecia a paródia da II Internacional; e dadas as condições e
urgências políticas, em que se desenvolveu a tentativa de recuperação de sua obra
pela socialdemocracia russa [...] esse resgate ficou sempre confinado a limites muito
estreitos, [...] vindo a desaparecer por completo com a caricatura teórica da ‘era
stalinista’, que se irradiou pelo mundo e pela qual, ainda hoje, salvo em restritos
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bolsões de especialistas, o ideário marxiano é em geral tomado e combatido.
(CHASIN, 1989, p. 28).
Fenômeno não muito diferente ocorre também com os assim denominados “inimigos
sérios” de Marx, que sem nenhuma inibição e rigor preferem construir “o monstro por conta
própria do que lidar com sua legítima figura intelectual” (CHASIN, 1989, p. 29).
Como consequência, o valor intrínseco do pensamento de Marx – com raríssimas
exceções: Korsch, Gramsci e Lukács, nos anos vinte do século passado, embora tenham
passado a ser conhecidos como “clássicos da heresia” e seus esforços não podem ser
reconhecidos como resolutivos – dado em parte a alta complexidade do problema que
defrontaram –, ficou profundamente obscurecido.
Basta lembrar que Lukács só no decênio posterior infletiu em direção às
instaurações filosóficas de Marx, trilhando a partir de então e pelo resto da vida um
itinerário de recuperação e desenvolvimento da herança marxiana, que culminou na
velhice, cujos resultados, todavia, não exerceram até agora a devida influência.
(CHASIN, 1989, p. 29).2
O quadro histórico-teórico do marxismo se reduz, todavia, dado o seu largo
predomínio, ao marxismo vulgar. Trata-se, sinteticamente, de um indigente esquema de
fórmulas:
nascido da adversidade soviética para a transição socialista [...] amálgama do
voluntarismo político, entoado pela impotência revolucionária em face das
transformações sociais não realizadas e da exacerbação racionalista do cientificismo
da II Internacional, que assegura a mecanicidade da sucessão dos modos de
produção. O primeiro sustenta e reitera a fidelidade ao objetivo não cumprido, o
segundo a validade da rota arbitrária, assumida como sucedâneo. Em suma mera
idealidade política para cobertura e reforço do exercício político real, substitutivo da
revolução social impossível”. (CHASIN, 1989, p. 29).
Em suma, tem-se, como uma espécie de maré montante, o avolumar-se de tendências
de interpretação, cuja culminância e cristalização, incluída aí a mediação da II Internacional,
num “marxismo” que, sinteticamente, reduz o pensamento de Marx a uma espécie de teoria
econômica da infalibilidade do advento de inflexões históricas, para as quais a atividade
humana é considerada mero epifenômeno. Evidentemente que os impasses e irrealizações
decorrentes da suposta transição socialista no leste e em outras localidades intensificaram
2
É bem verdade que nas últimas décadas publicações de Lukács e sobre ele se avolumaram notadamente no
Brasil, mas uma avaliação preliminar sobre seu impacto indica – pelo menos até o momento – que seu
pensamento padece de um destino semelhante daquele de Marx: vulgarização deformante, com raras exceções.
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ainda mais a obliteração do quadro herdado, transformando, desse modo, o já combalido
exercício teórico marxista em mera ideologia (é claro no sentido pejorativo) de sustentação do
poder de Estado.
Seja como for, no que concerne aos esforços de renovação da letra marxiana, a partir
de meados do século passado, é possível constatar, entretanto, o início de uma reação que
mirava reverter o quadro desastroso em que se encontrava o pensamento de Marx, mas de
outro, é necessário frisar, foi “movida também por vetores teóricos extramarxistas, que
moldaram sua fisionomia” (CHASIN, 1989, p. 29, grifo nosso). Trata-se da polêmica
gnosiológica que buscava fundamentar e estabelecer o estatuto científico do discurso
marxiano, ou seja,
a movimentação epistemologista em torno da obra marxiana, cujo esgotamento é
recente, mas cujo prolongamento atmosférico ainda se vive. Porém, a dada altura de
seu curso, a sofisticação dessa inclinação reflexiva foi insuficiente para impedir a
contradita de uma nova reação de caráter político que, à unilateralidade deformante
do epistemologismo, pretendeu responder com a unilateralidade igualmente
deformante do politicismo – identificação da reflexão marxiana como centrada e
fundada na política. (CHASIN, 1989, p. 29).
Em uma palavra, o destino trágico da herança do pensamento de Marx tem início com
o emergir da II Internacional, conhece a total decadência com a vulgata stalinista e seus
prolongamentos e se viu reforçado, não obstante evidentes e importantes diferenças “pela
especulação epistemologista e politicista, formas de descaracterização e perda da revolução
teórica realizada por Marx” (CHASIN, 1989, p. 29). O predomínio dessas duas ordens de
interpretação implica, de fato a perda do
centro nervoso do pensamento marxiano, - a problemática, real e idealmente
inalienável, da emancipação humana ou do trabalho, na qual e somente pela qual a
própria questão da prática radical ou crítico-revolucionária encontra seu télos,
identificando na universalidade da trama das atividades sociais seu território próprio
e resolutivo, em distinção à finitude da política, meio circunscrito dos atos negativos
nos processos reais de transformação. (CHASIN, 1999, p. 11).
Nesse contexto, restou desconhecida a problemática do
ser e destino do homem que abstrata e muitas vezes mesquinhamente atravessa a
história recente da filosofia, [e que] não é para Marx meramente que a pobreza de
uso, acabou por conferir ao termo humanismo; não é um glacê sobre o oco, mas a
questão prático-teórica por excelência, o problema permanente e constante, que não
desparece nem pode ser suprimido. (CHASIN, 1989, p. 30).
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2 O LEGADO DE MARX
A obra de Marx se encontra formulada no interior de uma longa tradição de vários
séculos, e pode ser concebida como o resultado de um longo itinerário do pensamento
ocidental e, enquanto tal, sua contribuição específica se constitui como continuidade e
descontinuidade simultâneas com determinadas vertentes, tratando-se de um diverso padrão
de racionalidade regido por uma ontologia de caráter estatutário. Após a publicação da obra
tardia de Lukács3 e de um conjunto relativamente expressivo de pesquisas a respeito do tema,
há evidências suficientes que os escritos de Marx acompanham e são o resultado, por
continuidade e descontinuidade, do mais consistente posicionamento ontológico que atravessa
a história da filosofia.
Mas do quê se trata? Com o intuito de responder em termos breves a questão4 pode-se
dizer que não se trata evidentemente da ontologia tradicional, nem muito menos das tentativas
de fundo fenomenológico muito conhecidas na contemporaneidade. Ademais, não consiste
em uma teoria filosófica, isto é um campo especializado da filosofia, que se caracterize e se
resolva por andamentos autônomos e a priori da razão, na exata medida em que o pensamento
de Marx é absolutamente avesso a qualquer procedimento especulativo, a qualquer tipo de
espírito de sistema como também incompatível com as querelas da fundamentação tão ao
gosto dos estudiosos da filosofia. Trata-se de ontologia de caráter estatutário porque se
constitui em uma
ordem do reconhecimento ou reprodução teórica da identidade, natureza e
constituição das coisas em si (seres ou entes) por seus complexos categoriais mais
gerais e decisivos, independentemente, em qualquer plano, de se tornarem objetos de
prática ou reflexão. Nesse sentido, é a teoria do reconhecimento da objetividade
histórico-imanente em suas distintas formas e apresentações (natureza e sociedade).
É o momento mais abstrato do reconhecimento da identidade das coisas em si,
enquanto tal um dos momentos distintos da unidade do saber, do qual participa um
segundo, sob forma concreta, que é a ciência. (VAISMAN; ALVES, 2009, p. 9).
Desse modo, ao contrário de certas noções muito familiares no campo da filosofia, é
preciso sublinhar que não se trata de um movimento cognitivo por via de uma razão
autossustentada, muito ao contrário! Mesmo porque a ontologia, por caráter, propósitos e até
mesmo por sua definição clássica, tem por alvo o reconhecimento do por-si das coisas.
3
Trata-se da obra postumamente publicada Para a ontologia do ser social.
Conferir trabalhos do Grupo de Pesquisa Marxologia – Filosofia e Estudos Confluentes – Diretório dos Grupos
de Pesquisa do CNPq e também o livro de J. Chasin (2009).
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Examinando com cuidado certos aspectos dos escritos marxianos, se constata que já
no período de constituição de seu itinerário intelectual, em que Marx se digladiou com as
vertentes herdeiras da especulatividade hegeliana, é possível identificar em seus contornos
mais decisivos o seu roteiro gnosiológico mesmo que in nuce. Nas suas formulações críticas a
Feuerbach, Sitrner, Bruno Bauer, dentre outros, e ao próprio Hegel, Marx
rejeita qualquer tipo de construtivismo especulativo, seja este resultante de alguma
tentativa de correção sofisticada – mas, sempre formalizante – dos limites das
ciências do entendimento, seja ele - o que vem a ser tão unilateral e equivocado qualquer tipo de edificação, por mais elevada ou tortuosa que seja, de algum cogito
transcendental. (VAISMAN, 2006, p. 328).
Evidentemente, tal roteiro se adensa e se apresenta cabalmente constituído em sua
obra de maturidade, O capital, mesmo que seu autor não tenha nos legado nenhum tratado
autônomo e sistemático acerca da questão, o que já é indicação relevante da sua aversão a
projetos gnosiológicos concebidos a priori.
Em outras palavras, ontologia estatutária marxiana não é um sistema abstrato de
verdades absolutas ao feitio tradicional, mas um estatuto teórico, cuja fisionomia é traçada por
um feixe de lineamentos categoriais enquanto formas de existência do ser social. Ademais, de
modo plenamente coerente com o reconhecimento do por-si das coisas, na posição ontológica,
o vínculo do entendimento é a objetividade, que se orienta e objetiva pela escavação do objeto
real.
Assim sendo, o legado de Marx não pode ser compreendido, como costumeiramente
tem se alardeado, como um modelo, seja de qualquer natureza for – inclusive o soi disant
modelo dialético,
pois seu itinerário filosófico-científico é a apreensão da lógica objetiva dos seres e
processos, é a concreção conceitual da regência imanente das existências, e não a
logificação da pletora fenomênica pela atribuição a ela de um nexo exterior a ela
previamente construído, não importante aqui se este construto seja uma inferência a
partir de uma saturação empírica, face à qual, na sequência, se independentiza.
(VAISMAN, 2006, p. 240).
Não resta dúvida, principalmente depois da publicação da obra tardia de Lukács
(2012; 2013) – mas, não só! – que os escritos de Marx acompanham e são o resultado, por
continuidade e descontinuidade, do mais consistente posicionamento ontológico que atravessa
a história da filosofia. Nesse sentido, podemos afirmar, sem nenhum tom de arrogância ou
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precipitação, que o estatuto e os lineamentos ontológicos da obra de Marx são ponto de
chegada de um itinerário clássico, mais de duas vezes milenar.
REFERÊNCIAS
CHASIN, J. A sucessão na Crise e a Crise na Esquerda. Ensaio 17/18. São Paulo: Editora
Ensaio, 1989.
CHASIN, J. Marx: estatuto ontológico e resolução metodológica. São Paulo: Boitempo
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CHASIN, J. Rota e Prospectiva de Um Projeto Marxista. Ensaios Ad Hominem. São Paulo:
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LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo editorial, v. I, 2012 e
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VAISMAN, E. Marx e a filosofia: elementos para a discussão ainda necessária. Nova
Economia, Belo Horizonte, 16(2)327-341, maio agosto de 2006.
VAISMAN, E.; ALVES, A. J. L. Apresentação. In: CHASIN, J. Marx: estatuto ontológico e
resolução metodológica. São Paulo: Boitempo editorial, 2009.
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