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Profª Ma. Luana Ferreira dos Santos – Universidade Estadual de Santa Cruz
Profª Ma. Luana Vieira Toledo – Universidade Federal de Viçosa
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Prof. Me. Luiz Renato da Silva Rocha – Faculdade de Música do Espírito Santo
Profª Ma. Luma Sarai de Oliveira – Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dr. Michel da Costa – Universidade Metropolitana de Santos
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Prof. Dr. Marcelo Máximo Purificação – Fundação Integrada Municipal de Ensino Superior
Prof. Me. Marcos Aurelio Alves e Silva – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
Prof. Me. Marcos Roberto Gregolin – Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná
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Prof. Me. Pedro Panhoca da Silva – Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Prof. Me. Ricardo Sérgio da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Prof. Me. Renan Monteiro do Nascimento – Universidade de Brasília
Prof. Me. Renato Faria da Gama – Instituto Gama – Medicina Personalizada e Integrativa
Profª Ma. Renata Luciane Polsaque Young Blood – UniSecal
Prof. Me. Robson Lucas Soares da Silva – Universidade Federal da Paraíba
Prof. Me. Sebastião André Barbosa Junior – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Profª Ma. Silene Ribeiro Miranda Barbosa – Consultoria Brasileira de Ensino, Pesquisa e Extensão
Profª Ma. Solange Aparecida de Souza Monteiro – Instituto Federal de São Paulo
Prof. Dr. Sulivan Pereira Dantas – Prefeitura Municipal de Fortaleza
Profª Ma. Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Prof. Me. Tallys Newton Fernandes de Matos – Universidade Estadual do Ceará
Profª Ma. Thatianny Jasmine Castro Martins de Carvalho – Universidade Federal do Piauí
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Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Bibliotecária:
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Camila Alves de Cremo
Mariane Aparecida Freitas
Luiza Alves Batista
Os autores
Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro
Pedro Henrique Abreu Moura
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P429
Os percursos da botânica e suas descobertas 2 /
Organizadores Vanessa da Fontoura Custódio
Monteiro, Pedro Henrique Abreu Moura. – Ponta
Grossa - PR: Atena, 2021.
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5983-264-4
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.644211607
1. Botânica. I. Monteiro, Vanessa da Fontoura Custódio
(Organizadora). II. Moura, Pedro Henrique Abreu
(Organizador). III. Título.
CDD 580
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
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escopo da divulgação desta obra.
APRESENTAÇÃO
Dada a essencialidade das plantas na manutenção da vida na Terra, estudos sobre
a estrutura e funcionamento dos vegetais, bem como suas interações com o ambiente são
importantes para gerar conhecimentos úteis para o avanço da Ciência, possibilitando a
criação de soluções frente aos desafios que se apresentam.
Esta obra, intitulada “Os percursos da Botânica e suas descobertas 2”, apresentase como uma continuação de seu primeiro volume, publicado no ano de 2020, sob a
organização de Jesus Rodrigues Lemos. Na ocasião, foram apresentados resultados de
pesquisas básicas e aplicadas em diferentes subáreas da Botânica.
A fim de incorporar novas descobertas científicas, este segundo volume traz
resultados de pesquisas importantes desenvolvidas em diferentes regiões do Brasil e
também na Colômbia.
O primeiro capítulo fornece informações importantes para os estudos sobre a
taxonomia e biologia floral de Passiflora glandulosa Cav. (Passifloraceae), espécie nativa
da flora brasileira, através da caracterização morfoanatômica e histoquímica das estruturas
secretoras florais e extraflorais.
O segundo capítulo traz resultados de análises histoquímicas e morfoanatômicas de
outra espécie nativa do Brasil, a Solanum melissarum Bohs. (Solanaceae), que apresenta
potencial medicinal em suas folhas.
No terceiro capítulo, os autores, colombianos e brasileiros, apresentam a capacidade
de germinação de sementes de Alnus acuminata Kunth (Betulaceae), uma espécie arbórea
recomendada para planos de recuperação de áreas degradadas na Região Andina.
O quarto capítulo propicia uma visão de como as novas tecnologias podem alavancar
a divulgação científica. O mundo está mais tecnológico e as ações de popularização da
Ciência devem acompanhar esse desenvolvimento. Os autores do capítulo utilizaram o QR
Code como uma ferramenta para divulgação de conhecimentos botânicos. Essa abordagem
é importante, pois tende a diminuir a “cegueira botânica”, que é falta de habilidade das
pessoas em perceber as plantas no cotidiano.
Por fim, o quinto capítulo refere-se à composição florística da região da Represa
de Alagados, no estado do Paraná. É um projeto de grande relevância para ações de
restauração e conservação de zonas ripárias - Áreas de Preservação Permanente (APP).
Desejamos a cada autor que contribuiu com esta obra os nossos agradecimentos,
e aos leitores, desejamos uma excelente leitura. Que os resultados das pesquisas
apresentadas aqui juntamente com os trabalhos do primeiro volume possam despertar o
interesse de novos cientistas para mais descobertas em Botânica.
Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro
Pedro Henrique Abreu Moura
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
NECTÁRIOS FLORAIS E EXTRAFLORAIS EM Passiflora glandulosa CAV
Marcos Vinicius Batista Soares
Jorgeane Valéria Casique
Andreza Stephanie de Souza Pereira
Rafaella Georgia Lima Damasceno
Wendell Vilhena de Carvalho
Cyntia Stella Porfírio Dias
https://doi.org/10.22533/at.ed.6442116071
CAPÍTULO 2 ...............................................................................................................18
MORFOANATOMIA E HISTOQUÍMICA DAS FOLHAS DE Solanum melissarum BOHS.
(SOLANACEAE)
Lília Cristina de Souza Barbosa
Juliana de Fátima Sales
Christiano Peres Coelho
Kelly Juliane Telles Nascimento
Diego Ismael Rocha
https://doi.org/10.22533/at.ed.6442116072
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................30
EFECTO DE DIVERSOS FACTORES EN LA GERMINACIÓN Y DESARROLLO TEMPRANO
DE Alnus acuminata KUNTH (BETULACEAE)
Carolina Ramos-Montaño
Juraci Alves de Oliveira
Eduardo Fontes Araujo
Nataly Poveda-Díaz
Karen L. Pulido-Herrera
https://doi.org/10.22533/at.ed.6442116073
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................45
QR CODE COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DE DADOS BOTÂNICOS
NO PARQUE PEDRA DA CEBOLA, VITÓRIA-ES
Luana Palomo Mussallem
Danilo Camargo Santos
Richard Campos Rangel
Aleide Cristina de Camargo
https://doi.org/10.22533/at.ed.6442116074
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................64
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA REGENERAÇÃO NATURAL DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA
ARBÓREA NA PONTE PRETA, REPRESA DE ALAGADOS (FASE 1)
Mateus Alexandre
Elisana Milan
Rosemeri S. Moro
SUMÁRIO
Melissa Koch F. S. Nogueira
https://doi.org/10.22533/at.ed.6442116075
SOBRE OS ORGANIZADORES ............................................................................... 70
ÍNDICE REMISSIVO ...................................................................................................71
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
NECTÁRIOS FLORAIS E EXTRAFLORAIS EM
Passiflora glandulosa CAV
Data de aceite: 01/07/2021
Data de submissão 06/04/2021
Marcos Vinicius Batista Soares
Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Programa de Pós-Graduação em Botânica
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/4258949379784759
Jorgeane Valéria Casique
Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Programa de Pós-Graduação em Botânica
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/4515716909833483
Andreza Stephanie de Souza Pereira
Universidade Estadual de Campinas; Programa
de Pós-Graduação em Biologia Vegetal
Campinas – São Paulo
http://lattes.cnpq.br/1240834290975655
Rafaella Georgia Lima Damasceno
Universidade Federal Rural da Amazônia /
Museu Paraense Emílio Goeldi; Mestrado em
Ciências Biológicas – Botânica Tropical
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/9404108200980094
Wendell Vilhena de Carvalho
Universidade Federal Rural da Amazônia /
Museu Paraense Emílio Goeldi; Mestrado em
Ciências Biológicas – Botânica Tropical
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/0915401375976526
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Cyntia Stella Porfírio Dias
Universidade Federal Rural da Amazônia /
Museu Paraense Emílio Goeldi; Mestrado em
Ciências Biológicas – Botânica Tropical
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/0827660370509412
RESUMO: Passiflora L. é o gênero mais
representativo
em
Passifloraceae,
suas
espécies caracterizam-se por apresentarem
abundantes nectários florais (NF’s) e extraflorais
(NEF’s). O objetivo deste estudo foi descrever a
morfoanatomia das estruturas secretoras florais
e extraflorais em Passiflora glandulosa Cav.,
e utilizar testes histoquímicos para detectar a
presença de açúcares nos seus exsudatos.
Amostras de lâminas foliares, pecíolos, brácteas
e sépalas foram fixadas e submetidas a técnicas
usuais em anatomia vegetal e microscopia
eletrônica de varredura. Cortes frescos dessas
estruturas e seus aparentes exsudatos foram
analisados através da histoquímica. Em P.
glandulosa, os NF’s e os NEF’s consistem de um
tecido secretor, com uma epiderme em paliçada
uni ou bi estratificada. Além disso, os testes
histoquímicos mostraram uma reação positiva
para polissacarídeos totais e açúcares redutores.
Assim, confirma-se que as estruturas secretoras
florais e foliares de P. glandulosa são de fato
nectários florais e extraflorais, respectivamente.
Estes
resultados
fornecem
informações
importantes para os estudos sobre a taxonomia e
biologia floral desta espécie.
PALAVRAS-CHAVE: Estrutura Secretora, Formiga,
Histoquímica, Morfoanatomia, Passifloraceae.
Capítulo 1
1
FLORAL AND EXTRAFLORAL NECTARIES IN Passiflora glandulosa CAV
ABSTRACT: Passiflora L. is the most representative genus in Passifloraceae, its species are
characterized by present abundant floral (FN) and extrafloral (EFN) nectaries. The aim of this
study was to describe the morphoanatomy of the floral and extrafloral secretory structures in
Passiflora glandulosa Cav., and to use histochemical tests to detect the presence of sugars in
its exudates. Samples of leaf blades, petioles, bractes and sepals were fixed and subjected
to the usual techniques in plant anatomy and scanning electron microscopy. Fresh sections
of these structures and their apparent exudates were analyzed using histochemistry. In P.
glandulosa, FN and EFN consist of a secretory tissue, with uni or bistratified palisade epidermis.
In addition, the histochemical tests showed a positive reaction for total polysaccharides
and reducing sugars. Thus, it is confirmed that the floral and leaf secretory structures of P.
glandulosa are in fact floral and extrafloral nectaries, respectively. These results provide
important information for studies on the taxonomy and floral biology of this species.
KEYWORDS: Secretory Structure, Ant, Histochemistry, Morphoanatomy, Passifloraceae.
1 | INTRODUÇÃO
Passiflora L. é um gênero pantropical pertencente à Passifloraceae Juss. ex
Roussel. O gênero apresenta cerca de 525 espécies, das quais 147 são encontradas no
Brasil (CERVI, 2005; FLORA DO BRASIL, 2020). As espécies do gênero possuem hábito
escandente herbáceo ou lenhoso, com gavinhas axilares, folhas com variadas formas,
flores com androginóforo e estaminódios com número e formas variados (CERVI, 1997;
SOUZA; LORENZI, 2008; MONDIN et al., 2011).
As glândulas secretoras em Passiflora são frequentemente encontradas em
diferentes partes da planta, e sua localização e forma são comumente utilizadas na
taxonomia de suas espécies (MONDIN et al., 2011; WOSCH et al., 2015; FARIAS et al.,
2016; LEMOS et al., 2017). Pode-se encontrar estas glândulas no pecíolo em posições
e formas diferenciadas, no limbo foliar em diversas regiões, em estípulas, nas brácteas
e nas sépalas (ROCHA et al., 2009; MONDIN et al., 2011; WOSCH et al., 2015; FARIAS
et al., 2016; LEMOS et al., 2017). Essas glândulas podem ser classificadas como florais
e extraflorais, segundo sua posição na planta, sendo florais quando estão presentes nas
sépalas ou tubo do cálice e pétalas, e extraflorais quando são encontradas no caule, nas
folhas (limbo e pecíolo), estípulas e brácteas (KROSNICK; FREUDENSTEIN, 2005). Além
disso, são também classificadas como nupciais e extra nupciais, respectivamente, quando
estão associadas à polinização ou não.
Os nectários frequentemente encontrados em Passiflora secretam açúcares
atrativos para uma variedade de insetos, principalmente formigas, formigas estas
que protegem a planta contra herbivoria (DURKEE, 1982). Os nectários geralmente
consistem de três componentes: uma epiderme com ou sem tricomas e estômatos, um
parênquima especializado que produz ou armazena o néctar e, um feixe vascular composto
majoritariamente por floema (FAHN, 1979; PACINI et al., 2003; NEPI, 2007).
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 1
2
Os estudos anatômicos com Passifloraceae são extensos, principalmente quanto
às regiões vegetativas, destacam-se: Solereder (1908), primeiro estudo realizado
para Passiflora envolvendo a descrição anatômica da folha; descrições confirmadas
posteriormente por Metcalfe e Chalk (1950); Ayensu e Stern (1964) realizaram um estudo
anatômico do caule de 44 espécies de Passifloraceae; Rao e Dave (1979) elaboraram
estudos anatômicos em gavinhas de Passiflora; Hearn (2004, 2009) analisou a evolução
de caracteres anatômicos do caule e da raiz no gênero Adenia Forssk.; Farias et al. (2016)
discorreram sobre a anatomia foliar de P. subg. Decaloba (DC.) Rchb.; Silva et al. (2016)
analisaram os nectários extraflorais de Passiflora; e Lemos et al. (2017) realizaram uma
revisão estrutural das glândulas foliares em Passiflora.
Sobre estudos envolvendo a anatomia floral de Passifloraceae, podemos destacar:
Puri (1947), que realizou um estudo de anatomia floral para algumas espécies da família,
com destaque para o sistema vascular; Durkee et al. (1981) e Durkee (1982), cujos enfoques
das análises anatômicas foram os nectários florais de algumas espécies de Passiflora;
Koschnitzke e Sazima (1997) analisaram a biologia floral de cinco espécies de Passiflora;
Silvério e Mariath (2010) analisaram a formação da superfície estigmática em P. elegans
Mast.
Assim, apesar da ampla utilização taxonômica dessas estruturas em Passiflora, a
presença de nectários foi de fato comprovada para poucos táxons do gênero, de modo que a
identidade dessas glândulas, morfoanatomia, composição química dos exsudatos e função
ainda são pouco descritas para as espécies de Passiflora. E diante do exposto, para melhor
compreender a diversidade e morfologia das glândulas secretoras florais e extraflorais em
P. glandulosa Cav., o presente estudo teve como objetivos realizar análises morfológicas,
anatômicas e histoquímicas das glândulas presentes nas diferentes regiões da planta, a fim
de contribuir para a ampliação da base de dados sobre estruturas secretoras em Passiflora.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Amostragem
Ramos vegetativos e flores de indivíduos de Passiflora glandulosa Cav. foram
coletados de plantas crescendo em três diferentes localidades no estado do Pará, Brasil,
duas no município de Belém (Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi –
MPEG e Ilha de Cotijuba) e outra no município de Santo Antônio do Tauá. Vouchers foram
depositados no herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG 221231, 221242, 221273 e
221274). Os forrageadores observados foram coletados, armazenados em álcool comercial
e posteriormente enviados para identificação por especialista no Museu Paraense Emílio
Goeldi. A ocorrência de glicose nos exsudatos foi verificada através do teste com glicofita
Plus no ambiente natural da espécie (Accu-chek active – Roche).
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Capítulo 1
3
As nomenclaturas estruturais (morfologia externa e interna) foram baseadas em
Metcalfe e Chalk (1950), Fahn (1979), Lemos et al. (2017).
2.2 Análise anatômica
Para as análises anatômicas, o material coletado foi fixado em FAA 70%
(JOHANSEN, 1940) e FNT (LILLIE, 1948 apud CLARK, 1973), posteriormente conservado
em álcool etílico diluído (70%). Passado o processo de fixação e estocagem/conservação,
as amostras foram desidratadas em série etílica (álcool etílico) (JOHANSEN, 1940) e
incluídas em hidroxietilmetacrilato (historesin Leica®; GERRITS e SMID, 1983). Cortes
seriados transversais e longitudinais das regiões medianas (5-7 μm de espessura) foram
realizados em micrótomo rotativo (Leica® modelo RM 2245) e corados em azul de toluidina
pH 4,4 aquoso (O’BRIEN et al., 1965). As lâminas permanentes foram montadas em resina
sintética Permount® (Fisher Chemical).
2.3 Histoquímica
Os testes histoquímicos utilizados foram: reagente de Fehling para açúcares
redutores (SASS, 1951); reagente de lugol para a detecção de amido (JOHANSEN, 1940);
reagente de Schiff (PAS – periodic acid schiff) para carboidratos insolúveis (JENSEN, 1962);
vermelho de rutênio para substâncias pécticas (JENSEN, 1962); e Xylidine Ponceau para
proteínas (VIDAL, 1970). Sendo realizado o controle em todos os testes. Algumas seções
também foram montadas e observadas sem tratamento para a verificação do aspecto
natural da secreção (branco).
As lâminas obtidas foram fotomicrografadas em câmera digital Cannon modelo
A65015, acoplada em microscópio Zeiss modelo 426126.
2.4 Microscopia eletrônica de varredura
Para a análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), amostras florais
desidratadas foram processadas em secador de ponto crítico de CO2, montadas em
suportes metálicos (stubs) e metalizadas em ouro com 20 nm de espessura por 150
segundos por corrente de 25 mA. As eletromicrografias foram obtidas em microscópio
eletrônico de varredura Leo modelo 1450 VP, com escalas micrométricas projetadas nas
mesmas condições ópticas. As imagens foram obtidas no Laboratório de Microscopia
Eletrônica de Varredura do MPEG.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Aspectos morfológicos
Planta de hábito trepador com caule glabro; apresenta pecíolo canaliculado com a
presença de duas glândulas de formato esferoidal à elipsoide próximo à base; folhas inteiras
ovalado-oblongas a oblongo-lanceoladas, com glândulas do tipo ocelo côncavo próximas
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Capítulo 1
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à margem, margem foliar lisa ou levemente ondulada; brácteas linear-lanceoladas em
número de três próximos ao ápice do pedicelo, presença 2-6 glândulas elipsoides marginais;
flores com hipanto cilíndrico, sépalas oblongas de coloração escarlate ou levemente
rosadas com pequena arista no ápice com glândulas do tipo ocelo nas margens, pétalas
iguais as sépalas em cor e forma, arista ausente, corona com 2-3 séries de filamentos
esbranquiçados, androginóforo elevando estames de posição ereta, ovário elipsoidal de
coloração esbranquiçada.
Passiflora glandulosa Cav. é identificada pela presença de abundantes glândulas
secretoras, encontradas nas flores (sépalas) (Figura 1A-F), brácteas (Figura 1G-H), limbo
foliar (Figura 1I-K) e pecíolo (Figura 1L-M), cujos exsudatos analisados in natura com glicofita
foram positivos para glicose (Figura 1E), por isso essas glândulas foram caracterizadas
como nectários florais (NF’s) e extraflorais (NEF’s). Os NEF’s são encontrados na face
adaxial da base do pecíolo como um par de glândulas esverdeadas e convexas (Figura
1L); no limbo foliar são evidentes na face abaxial, como estruturas areoladas semelhantes
a ocelos castanhos (Figura 1J), característica comumente descrita para as glândulas de
P. subg. Decaloba (DC.) Rchb., distribuídas ordenadamente próximas à margem (Figura
1I); e nas brácteas, que apresentam de 2-6 glândulas esverdeadas, convexas, dispostas
alternadamente nas margens (Figura 1G). Os NF’s analisados, estão presentes na região
abaxial das sépalas, próximas às margens destas estruturas, distribuídas aleatoriamente
na superfície apical, tanto do botão floral (Figura 1A) quanto da flor pós-antese (Figura 1C).
As formigas observadas visitando os nectários florais e extraflorais de P. glandulosa
(pecíolo, limbo foliar, brácteas e sépalas) pertencem ao gênero Nylanderia Emery, 1906
(Formicidae) (Figura 1A, B, I).
3.2 Aspectos anatômicos
O limbo foliar, em vista frontal, apresenta a superfície da face adaxial, na região
da internervura, constituída de células heterodimensionais de paredes anticlinais retas
a onduladas (Figura 2A), e na região de nervura, as células são alongadas de paredes
anticlinais retas (Figura 2B). A face abaxial hipoestomática é constituída de células
semelhantes as da face adaxial, com numerosos tricomas tectores, unicelulares, de formato
cônico, inseridos de 1-4 em células epidérmicas arredondadas (Figura 2B-C), incluindo
estômatos paracíticos (Figura 2B), distribuídos aleatoriamente na superfície. A glândula
nectarífera (ocelos), localizada na região intercostal desta face é de formato côncavo,
apresentando células heterodimensionais de parede anticlinal reta à ondulada e o lúmen é
circundado pelos tricomas tectores já descritos anteriormente (Figura 2D).
A glândula nectarífera (ocelos) da região intercostal, em seção transversal, apresenta
uma cutícula delgada distendida, duas camadas de células colunares sobrepostas e
justapostas, e aproximadamente duas camadas de parênquima nectarífero, (Figura 2E). O
mesofilo do limbo foliar, em seção transversal, é dorsiventral, com epiderme unisseriada,
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
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em ambas as faces, células heterodimensionais de parede periclinal reta e cutícula delgada,
seguida de uma camada de parênquima paliçádico e aproximadamente duas camadas de
parênquima lacunoso (Figura 2E).
A nervura central, em seção transversal, é biconvexa, sendo a face abaxial mais
ampla e proeminente (Figura 2F). A epiderme, de ambas as faces, é uniestratificada e
apresenta células semelhantes as do mesofilo, sendo revestida por uma cutícula espessa.
O colênquima anelar é formado por cerca de duas camadas na face adaxial e de três
camadas na abaxial. No parênquima fundamental, encontra-se um feixe vascular colateral
disposto em arco aberto e abundantes idioblastos, contendo drusas de oxalato de cálcio e
também, evidentes compostos fenólicos (Figura 2F), essa região da folha não apresenta
nectários.
Os nectários extraflorais, estruturados presentes no limbo foliar (Figura 2D), pecíolo
(Figura 2G), brácteas (Figura 2H-I), e os nectários florais presentes nas sépalas (Figura
3A-H), em seção transversal, apresentam características estruturais bem semelhantes.
Estes nectários são aqui melhor descritos através das imagens das glândulas das sépalas
(Figura 3). Os nectários apresentam uma cutícula delgada, algumas vezes distendida
devido ao acúmulo de néctar no espaço subcuticular, epiderme secretora estratificada,
formada por duas camadas de células colunares sobrepostas e justapostas (Figura 3CD). Aproximadamente três a duas camadas de parênquima nectarífero e três camadas de
parênquima subnectarífero, abundantes idioblastos cristalíferos e com aparente conteúdo
fenólico (Figura 3E), distribuídos aleatoriamente, observados nas regiões do parênquima
nectarífero e subnectarífero, os feixes vasculares são colaterais com ramificações do xilema
e floema, mas somente com o floema se ramificando até as proximidades do parênquima
nectarífero (Figura 3F-H).
3.3 Histoquímica
A análise histoquímica dos NEF’s (limbo foliar, pecíolo) e dos NF’s (brácteas e
sépalas) descritos, revelaram compostos heterogêneos semelhantes, quanto aos testes
positivos, nos ocelos do limbo foliar (Figura 4A-B), pecíolo (Figura 4C-E), brácteas (Figura
4F-H) e sépalas (Figura 4I-M) analisados, como: proteínas, (Figura 4A, D), monossacarídeos
(açúcares redutores) (Figura 4E-F), polissacarídeos totais (Figura 4B-C; G) e amido (Figura
4H) (Tabela 1).
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Capítulo 1
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Figura 1. Aspectos morfológicos dos nectários e interação com formigas em Passiflora glandulosa
Cav. A) Botão floral e formigas Nylanderia sp (Formicidae) coletando néctar nas sépalas e brácteas,
notar ocorrência de nectários apenas nas sépalas (S) e ausência destes nas pétalas (P). B) Brácteas
na base do botão floral (seta branca) e coleta de néctar por formigas. C) Flor em antese e distribuição
de nectários (seta branca) nas margens das sépalas (S) e, ausência nas pétalas (P). D) Detalhe NF
(ocelo) da sépala e gotícula de néctar. E) Teste positivo com Glicofita Plus para néctar na sépala. F)
Nectário da sépala em MEV, notar cutícula com acúmulo de néctar. G) Detalhe NF nas brácteas com
gotícula de néctar. H) NF da bráctea em MEV, detalhe acúmulo de néctar na região subepidérmica
(seta branca). I) Limbo foliar, superfície abaxial com NEF’s tipo ocelo próximos à margem foliar
(quadrado branco) e forrageamento de formigas (seta branca). J) Detalhe NEF do limbo foliar. K) NEF
do limbo foliar (ocelo)em MEV, cutícula com acúmulo de néctar na região subepidérmica (seta branca).
L) NEF do pecíolo. M) NEF do pecíolo em MEV. Escalas: F, 150 µm; K, 200 µm; D, H, 250 µm; G, M,
300 µm; J, L, 400 µm; B, 2 mm; A, 5 mm; I, 1 cm; C, 1,5 cm.
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Os nectários florais identificados nas sépalas e brácteas de P. glandulosa são aqui
detalhados anatomicamente pela primeira vez. Os nectários são glândulas especializadas
do tecido vegetal que secretam uma substância denominada néctar, a qual é composta
por aminoácidos, monossacarídeos, dissacarídeos, água, proteínas e outros compostos
(FAHN, 1979; ELIAS, 1983).
NF
NEF
Fehling
Lugol
Reagente de
Schiff - PAS
Vermelho de
Rutênio
Xilidine
Ponceau
Pecíolo
+
+
+
-
+
Limbo foliar
+
+
+
-
+
Bráctea
+
+
+
-
+
Sépala
+
+
+
-
+
*NF = Nectário Floral; NEF = Nectário Extrafloral.
Tabela1. Histoquímica das glândulas nectaríferas de Passiflora glandulosa Cav.
Os nectários florais identificados nas sépalas e brácteas de P. glandulosa são aqui
detalhados anatomicamente pela primeira vez. Os nectários são glândulas especializadas
do tecido vegetal que secretam uma substância denominada néctar, a qual é composta
por aminoácidos, monossacarídeos, dissacarídeos, água, proteínas e outros compostos
(FAHN, 1979; ELIAS, 1983). Os nectários geralmente consistem de três componentes: uma
epiderme com ou sem tricomas e estômatos, um parênquima especializado que produz
ou armazena o néctar e, um feixe vascular composto majoritariamente por floema (FAHN,
1979; PACINI et al., 2003; NEPI, 2007). A principal função dos nectários de Passiflora, e de
diversas outras plantas, está em oferecer recompensas, como o néctar, para as formigas
que em troca, protegem a planta contra-ataque de herbívoros (SMILEY, 1986; LABEYRIE
et al., 2001; DÁTILLO et al., 2009, CARDOSO, 2010).
Outro mecanismo de autodefesa de Passiflora é a mimetização das glândulas foliares
em ovos de Heliconius Kluk, 1780 (Nymphalidae), borboletas que ovipositam nas folhas, e
sua forma larval causa excessivo dano às plantas, devido à alta taxa de herbivoria (CASTRO
et al., 2018). Esse mecanismo de autodefesa impede a oviposição de outras borboletas nas
folhas, já que as larvas de algumas espécies de Heliconius têm comportamento canibal
(CASTRO et al., 2018). Outro fator de proteção são os tricomas tectores curvos, em forma
de gancho, que lesionam a derme das larvas levando-as à morte (ULMER; MACDOUGAL,
2004; ENGLER-CHAOUAT; GILBERT, 2007; CASTRO et al., 2018).
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Figura 2. Análise de Microscopia de Luz da folha de Passiflora glandulosa Cav. A) Superfície adaxial,
tricomas ausentes. B) Superfície abaxial com tricomas tectores. C) Detalhe tricomas tectores da face
abaxial. D) Vista frontal do NEF (ocelo) na superfície abaxial. E) Vista transversal do NEF (ocelo) do
limbo foliar. F) Vista transversal da nervura central da folha, com abundantes idioblastos. G) Vista
longitudinal do NEF do pecíolo. H) Vista transversal do NEF do pecíolo. I) Vista transversal do NEF da
bráctea, notar a cutícula com néctar acumulado (seta preta). Escalas: C, 10 µm; A-B, D, 20 µm; E, G-I,
50 µm; F, 100 µm.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
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Labeyrie et al. (2001) descobriram que a espécie P. glandulosa Cav. se beneficia
de visitas de duas espécies simpátricas de formigas na Guiana Francesa, uma delas é
ativamente diurna e a outra noturna. Entretanto, espécies simpátricas de Passiflora de
florestas neotropicais sucessionais da Costa Rica não estavam associadas a espécies de
formigas em particular ou vice-versa (APPLE; FEENER, 2001).
Quase todas as espécies de Passiflora do continente americano têm nectários
extraflorais (NEF’s), os quais são comumente relatados (DURKEE et al., 1981; SILVA et
al., 2016; LEMOS et al., 2017; CASTRO et al., 2018). Os nectários florais (NF’s) também
foram analisados em espécies de Passifloraceae (DURKEE et al., 1981; DURKEE, 1982).
Os NEF’s e os NF’s consistem de um tecido secretor, epiderme em paliçada uni ou bi
estratificado, decorrente da protoderme por meio de divisões anticlinais e periclinais,
parênquima glandular originado do meristema fundamental, xilema e floema, elementos
formados do procâmbio (ROCHA et al., 2009). Espécies de climas tropicais que apresentam
NEF’s são predominantes em locais com abundância de formigas, sendo que tais condições
climáticas são muito favoráveis à proliferação de formigas, cujo comportamento social
e seus incríveis sistemas de comunicação permitem defender recursos com eficiência
(KAMINSKI et al., 2009; NASCIMENTO; BARBOSA, 2014).
Os nectários podem ser estruturados ou não (ESCALANTE-PÉREZ; HEIL, 2012),
e o néctar pode ser exsudato por células ou tricomas epidérmicos, poros, ruptura ou
permeabilidade da cutícula, ou por estômatos modificados (FAHN, 1979). Plantas
polinizadas por animais que requerem grandes quantidades de néctar geralmente
apresentam nectários estruturados e armazenamento de amido no parênquima nectarífero
para suprir as altas taxas de secreção de néctar (PACINI; NEPI, 2007).
As características anatômicas dos nectários estruturados, floral e extrafloral,
presentes em P. glandulosa foram semelhantes as já descritas para outras espécies de
Passiflora (DURKEE et al., 1981; DURKEE, 1982; NASCIMENTO; BARBOSA, 2014; SILVA
et al., 2016; LEMOS et al., 2017).
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Figura 3. Análise de Microscopia de Luz do NF da sépala de Passiflora glandulosa Cav. A) Vista
transversal evidenciando o NF, sem acúmulo de néctar no espaço subcuticular e parênquima com
abundantes idioblastos. B) Vista transversal do NF, evidenciando o acúmulo de néctar no espaço
subcuticular. C) Epiderme secretora estratificada do NF, em destaque, o início do acúmulo de néctar
no espaço subcuticular (*). D) Região secretora do NF, já com a cutícula distendida devido ao acúmulo
de néctar no espaço subcuticular. E) Detalhe dos idioblastos cristalíferos e de idioblastos de conteúdo
fenólico encontrados no parênquima subnectarífero. F) Vista transversal de NF próximo a margem da
sépala. G) Visão transversal do nectário da sépala com a presença de feixes colaterais próximos do
parênquima nectarífero. H) Detalhe de um dos feixes vasculares, com a terminação dos feixes (floema
e xilema) (cabeça de seta), adentrando no parênquima subnectarífero. Escalas: C-D, H, 20 µm; A-B,
F-G, 150 µm; E, 100 µm.
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Figura 4. Histoquímica de nectários florais e extraflorais de Passiflora glandulosa Cav. A) Xylidine
Ponceau, ocelo folha. B) Reagente PAS, bráctea. C) Reagente PAS, pecíolo. D) Xylidine Ponceau,
pecíolo. E) Reagente de Fehling, sépala. F) Reagente de Fehling, bráctea. G) Reagente PAS, sépala
H) Reagente de Fehling, sépala. Escalas: D-F, 10 µm; B-C, G-H, 50 µm; A, 100 µm.
A secreção de néctar requer energia metabólica, sendo o néctar uma substância
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com muitos compostos, principalmente glicose, frutose, sacarose e traços de aminoácidos
(THADEO et al., 2008; ESCALANTE-PÉREZ et al., 2012). Flavonoides também podem
ser encontrados no nectário extrafloral de espécies de Passiflora, bem como alcalóides,
terpenos e compostos fenólicos (CARDOSO-GUSTAVSON et al., 2013). Aminoácidos e
proteínas também podem estar presentes nas secreções de NEF’s e NF’s, o que influenciaria
na capacidade das plantas de recrutar formigas (KRAM et al., 2008; ESCALANTE-PÉREZ;
HEIL, 2012; CASTRO et al., 2018).
A presença de ocelos no limbo foliar de P. glandulosa é um dado importante para a
taxonomia do grupo, pois esta estrutura é comumente descrita para espécies de P. subg.
Decaloba (DC.) Rchb., sendo geralmente encontrado na base do limbo foliar (FARIAS et
al., 2016). Além disso, glândulas do tipo ocelo encontradas nas brácteas e sépalas são
pouco comuns no gênero Passiflora (SILVA et al., 2016; LEMOS et al., 2017).
4 | CONCLUSÃO
Diante dos resultados alcançados através das análises anatômicas e histoquímicas
notou-se a distribuição dos NEF’s e dos NF’s presentes em Passiflora glandulosa. Mostrouse também que esta espécie oferece o néctar para formigas como uma recompensa,
concretizando com o referido inseto, uma relação simbiótica de proteção contra possíveis
herbívoros. Salientamos que, os dados anatômicos apresentados neste estudo mostram
como é relevante pesquisar as Passiflora, principalmente as espécies ocorrentes na
Amazônia. Os estudos histoquímicos aqui apresentados, foram realizados para melhor
compreensão da composição química do exsudato dos nectários. Ainda assim, acreditase que estudos complementares histoquímicos, bem como ultra estruturais dos nectários
são necessários, para melhor entendimento da relação mutualística entre espécies de
Passiflora e formigas, relacionando, principalmente, os metabólitos especializados com a
atratividade de diferentes espécies de formigas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), ao Laboratório de Anatomia Vegetal da Coordenação de Botânica do
Museu Paraense Emílio Goeldi, pela infraestrutura concedida e ao Dr. Fernando Carvalho,
entomólogo, pela identificação das formigas observadas na espécie durante o estudo.
REFERÊNCIAS
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of nectary attributes and ant behavior on patterns in facultative ant-plant mutualisms. Oecologia,
v. 127, p. 409-416, 2001.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
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13
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CARDOSO-GUSTAVSON, P.; ANDREAZZA, N.L.; SAWAYA, A.C.H.F. et al. 2013. Only Attract Ants?
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Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 1
17
CAPÍTULO 2
MORFOANATOMIA E HISTOQUÍMICA DAS FOLHAS
DE Solanum melissarum BOHS. (SOLANACEAE)
Data de aceite: 01/07/2021
Data de submissão: 05/04/2021
Lília Cristina de Souza Barbosa
Universidade Federal de Goiás, Instituto de
Patologia Tropical e Saúde Pública (UFG/
IPTSP), Departamento de Biotecnologia
(Debiotec)
Goiânia-Goiás
http://lattes.cnpq.br/7659416317950461
Juliana de Fátima Sales
Instituto Federal de Ciência, Tecnologia
e Educação (IFGoiano), Laboratório de
Sementes
Rio Verde-Goiás
http://lattes.cnpq.br/1250229850106551
Christiano Peres Coelho
Universidade Federal de Jataí, Instituto de
Biociências, Herbário Jataiense
Jataí-Goiás
http://lattes.cnpq.br/8056431123617847
Kelly Juliane Telles Nascimento
Instituto Federal de Ciência, Tecnologia
e Educação (IFGoiano), Laboratório de
Sementes
Rio Verde-Goiás
http://lattes.cnpq.br/8307885141367986
Diego Ismael Rocha
Universidade Federal de Viçosa, Departamento
de Agronomia
Viçosa-Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4605133416300475
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
RESUMO: Solanum melissarum Bohs, conhecida
como “baga-de-veado” e “tomarillo”, pertence
à família Solanaceae e apresenta pouco
conhecimento acerca de sua biologia. Dessa
forma, esse trabalho objetivou-se realizar análises
histoquímicas das folhas de S. melissarum.
As folhas desta espécie foram coletadas de
indivíduos encontrados em área de floresta
semidecidual, conhecida como “Mata-do-Açude”,
no município de Jataí, estado de Goiás. As folhas
foram observadas macroscopicamente. Secções
transversais da lâmina foliar e pecíolo foram
incluídas em historesina e obtidas em micrótomo
rotativo para análise anatômica, enquanto que as
secções feitas com micrótomo de mesa, foram
submetidas a testes histoquímicos para análise
de lipídios, proteínas, polissacarídeos neutros,
compostos fenólicos, taninos, alcaloides,
mucilagem e lignina. A folha apresenta lâmina
foliar simples e peciolada. A epiderme da lâmina
foliar apresenta tricomas estrelados e estômatos
anomocíticos e o pecíolo possui areia cristalina.
Dentre os compostos detectados, destacase a ocorrência de alcaloides e compostos
fenólicos nas células epidérmicas e tricomas. Os
alcaloides e compostos fenólicos são metabólitos
comuns nas espécies de Solanum L. e apesar
de não ser conhecido o uso de S. melissarum
pela população, se observa que esta espécie
apresenta potencial medicinal em suas folhas.
PALAVRAS-CHAVE: Alcaloides, areia cristalina,
compostos fenólicos, tomarillo, tricomas tectores
estrelares.
Capítulo 2
18
ANATOMY, MORPHOLOGY AND HISTOCHEMISTRY OF LEAVES OF Solanum
melissarum BOHS. (SOLANACEAE)
ABSTRACT: Solanum melissarum Bohs, known as “baga-de-veado” and “tomarillo”, belongs
to the Solanaceae family and has little knowledge about its biology. Thus, this research aimed
to study histochemical analyzes of the leaves of S. melissarum. The leaves of this species
were collected from individuals found in an area of semideciduous forest, known as “Mata-doAçude”, in the municipality of Jataí, state of Goiás. The leaves were observed macroscopically.
Cross sections of the leaf blade and petiole were included in historesin and obtained in a
rotating microtome for anatomical analysis, while the sections made with a table microtome
were subjected to histochemical tests to analyze lipids, proteins, neutral polysaccharides,
phenolic compounds, tannins, alkaloids, mucilage and lignin. The leaf has a simple and
petiolate leaf blade. The leaf blade epidermis has starred trichomes and anomocytic stomata
and the petiole has crystalline sand. Among the compounds detected, the occurrence of
alkaloids and phenolic compounds in epidermal cells and trichomes is highlighted. Alkaloids
and phenolic compounds are common metabolites in the species of Solanum L. and although
the use of S. melissarum by the population is not known, it is observed that this species has
medicinal potential in its leaves.
KEYWORDS: Alkaloids, crystal sand, phenolic compounds, tamarillo, stellar trichomes.
1 | INTRODUÇÃO
Solanum L. pertence à família Solanaceae e é um dos maiores e mais diversificados
gêneros nas Angiospermas, com aproximadamente 1.500 espécies distribuídas pelo
mundo, com centro de diversidade de espécies na América Central e do Sul (BOHS, 2007).
O gênero Solanum compreende espécies de grande importância alimentícia e na agricultura
(cultiváveis), tais como batata-inglesa (Solanum tuberosum L.), tomate (S. lycopersicum
L.), berinjela (S. melongena L.), jurubeba (S. paniculatum L.), jiló (S. aethiopicum L.) e
espécies nativas com uso medicinal como o “cubiu” (S. sessiflorum Dunal) e a lobeira (S.
lycocarpum St. Hil.).
Solanum melissarum Bohs, popularmente conhecida como “tomarillo” ou “baga-deveado” e “tomarillo”, pertence à família Solanaceae e apresenta porte arbustivo de até 2
metros de altura (BOHS, 1989). Esta espécie é rara e endêmica do Brasil, com registros
nos estados da Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo
(BOHS, 1995; CARVALHO; BOVINI, 2006; AGRA et al., 2009; FELICIANO; SALIMENA,
2011). A ocorrência de S. melissarum foi verificada no perímetro urbano do município de
Jataí-Goiás, pelo professor Dr. Christiano Peres Coelho, em uma área denominada “Mata
do Açude”. A Mata do Açude é uma área aproximada de 15 hectares de Floresta Estacional
Semidecidual e porções de Cerrado Sentido Restrito, situada aos fundos da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente (SMMA), de Jataí-Goiás. A SMMA apresenta esforços em
manter e preservar a Mata do Açude, porém esta se encontra sob forte influência da
população e vem sendo degradada.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
19
O Brasil detém uma das maiores diversidades biológicas do mundo, com uma flora
rica, que desperta interesses de comunidades científicas para o estudo, conservação e
utilização racional destes recursos (SOUZA; FELFILI, 2006). As espécies arbóreas nativas
têm sido altamente exploradas no nosso país (SANTOS; PAULA, 2009). Assim, este
trabalho teve por objetivo caracterizar a morfoanatomia e a histoquímica de suas folhas a
fim de fornecer mais conhecimentos sobre a biologia de S. melissarum endêmica da Mata
Atlântica, mas de ocorrência rara no Cerrado da região sudoeste do estado de Goiás.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Coleta e identificação
As folhas adultas e completamente expandidas foram coletadas de três indivíduos
de Solanum melissarum, na Mata do Açude, em Jataí-Goiás (17º51’34”S e 51º43’33”O).
A identificação de S. melissarum foi confirmada pela pesquisadora Dra. Lynn Bohs,
especialista em Solanaceae, do Departamento de Biologia, da Universidade de Utah, nos
Estados Unidos. As amostras estão registradas no Herbário Jataiense, do Instituto de
Biociências, da Universidade Federal de Jataí, sob o número HJ-6321.
2.2 Análise da morfologia
As folhas foram observadas macroscopicamente e classificadas de acordo com
GONÇALVES; LORENZI (2007).
2.3 Preparo das lâminas histológicas e análises em microscopia de luz (ML)
Para o preparo das lâminas histológicas para os estudos anatômicos foram
confeccionadas conforme metodologias usuais de microtécnica vegetal. Secções
transversais das lâminas foliares e do pecíolo foram fixadas em solução de FAA 70%
e desidratadas em série etanólica crescente (JOHANSEN, 1940). Em seguida foram
incluídas em resina metacrilato (Leica Historesin®, Heidelberg, Alemanha), conforme
especificações do fabricante. As secções transversais foram obtidas em micrótomo rotativo
[Leica, RM2235] em 5 µm de espessura e coradas em azul de toluidina (O´BRIEN et al.,
1964). As micrografias foram obtidas em microscópio de luz [Leica, DM750] e obtidas com
câmera digital [Leica, ICC50HD].e as escalas acompanham as imagens.
2.4 Testes histoquímicos
Para as análises histoquímicas foram realizadas a partir de amostras da lâmina
foliar e do pecíolo, recém-coletadas seccionadas em micrótomo de mesa e também,
incluídas em resina. Os testes histoquímicos realizados foram: PAS/Reagente de Schiff
para polissacarídeos neutros (MCMANUS, 1948), azul de toluidina para mucilagens
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
20
(O’BRIEN et al., 1964), vanilina clorídrica (MACE; ROWELL, 1974) para evidenciação
de compostos tânicos, dicromato de potássio para compostos fenólicos (GABE, 1968),
Xylidine Ponceau para proteínas (VIDAL, 1970), Reagente de Wagner para alcaloides
(FURR; MAHLBERG, 1981), lugol para amido, Sudan IV para lipídeos e floroglucinol para
ligninas pelo (JOHANSEN, 1940).
2.5 Preparo e análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV)
Para as análises em MEV, as secções das lâminas foliares foram fixadas em solução
de Karnovsky (KARNOVSKY, 1965) por 24 horas e pós-desidratadas em série crescente de
acetona. Em seguida foram submetidas à secagem ao ponto crítico de CO2 (Autosamdri®,
815, Series A, Tousimis Research Corporation, Rockville, Maryland 20852, USA. Com um
porta-amostra de 4 cavidades cilíndricas) e metalização em ouro (Desk V, Denton Vacuum
LLC, Moorestown, New Jersey, USA. Equipado com o acessório de carbono). As análises em
equipamento MEV (JSM – 6610, Jeol, Tokyo, Japan, equipado com EDS, Thermo scientific
NSS Spectral Imaging) foram realizadas no Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta
Resolução (LabMic), da Universidade Federal de Goiás.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
S. melissarum possui folhas simples, glabras nas faces adaxial e abaxial.
Apresentam formato elíptico, ápice cuspidado, base oblíqua, margem inteira, ondulada e
pecíolo cilíndrico (Figura 1A). A morfologia de S. melissarum corrobora com as observações
feitas em S. cernuum (ALVES et al., 2007) e em Solanum pseudocapsicum (SANGHVI et
al., 2011).
As análises anatômicas permitiram observar que as células epidérmicas propriamente
ditas apresentam paredes periclinais levemente sinuosas (Figura 2A). S. granulosoleprosum também apresentou epiderme com células com paredes pericliniais levemente
sinuosas e esta disposição pode estar associada à adaptação ecofisiológica para evitar a
perda excessiva de água nas plantas (MEDRI; LLERAS, 1980; PICOLI et al., 2013). Em
secção transversal, a epiderme é unisseriada, com cutícula espessa (Figura 1B). FERREIRA
et al. (2002) verificaram a cutícula espessa também em Nicandra physaloides, S. viarum
e S. americanum e esses autores justificam a importância dessa cutícula na ecologia das
espécies para superar a atividade de herbicidas. e os estômatos. Características similares
das células epidérmicas foram observadas em S. pseudocapsicum (ALIERO et al., 2006).
Os estômatos de S. melissarum estavam situados ao mesmo nível das células
epidérmicas propriamente ditas (Figuras 1B e 2B), assim como em S. granuloso-leprosum
(PICOLI et al., 2013). Quanto ao arranjo das células subsidiárias em relação ás célulasguarda, os estômatos de S. melissarum eram do tipo anomocíticos (Figura 2B), assim
como foram encontrados também em outras espécies da família Solanaceae, como
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
21
em Solanum viarum e S. americanum (FERREIRA et al., 2002), S. palinacanthum, S.
sisymbriifolium e S. euacanthum (COSA et al., 2002), S. lycocarpum (ELIAS et al., 2003),
S. pseudocapsicum (ALIERO et al., 2006), S. crinitum e S. gomphodes (ARAÚJO et al.,
2010). Entretanto, diferentemente dessas espécies, foram observados que os estômatos
em S. melissarum foram encontrados apenas na epiderme abaxial, o que caracteriza a
folha como hipostomática. Apesar de BENÍTEZ DE ROJAS (2007) citar que os estômatos
do tipo anisocíticos serem mais frequentes em espécies de Solanum L., pode se observar
não há um padrão típico de estômatos nas espécies deste gênero, o que infere que não é
um caracter taxonômico.
A superfície da lâmina foliar de S. melissarum apresentavam tricomas glandulares
(Figura 2B) e tectores multicelulares simples e ramificados foram observados (Figuras 1C,
2C e 2D), similarmente aos verificados por FERREIRA et al. (2002), ALIERO et al (2006),
ARAÚJO et al. (2010), BURROWS et al. (2013) e PICOLI et al. (2013). De acordo com
METCALFE e CHALK (1979), esses tricomas ramificados são classificados como tricomas
tectores estrelados e são característicos na família Solanaceae.
Os tricomas são células epidérmicas diferenciadas amplamente distribuídas na
superfície da maioria das plantas (LIU et al., 2017), que se desenvolvem ontogenicamente
a partir de células epidérmicas (BURROWS et al., 2013). Nas plantas, tricomas apresentam
morfologias e estruturas diversas, sendo normalmente categorizados em tricomas tectores
e glandulares (LIU et al., 2017). Quanto às funções ecofisiológicas, os tricomas tectores
fornecem o resfriamento das folhas ao diminuir a absorção de radiação e reduz a transpiração
por aumentar a camada limítrofe e defesa mecânica contra herbívoros como uma barreira
biomecânica (SKELTON et al., 2012). Por sua vez, os tricomas glandulares sintetizam e
armazenam diversas substâncias químicas do metabolismo primário e secundário para
resistir aos insetos e demais herbívoros (LIU et al., 2017).
O mesofilo foliar é dorsiventral, com uma única camada de parênquima paliçádico
e várias camadas de parênquima lacunoso (Figura 1B), como em Nicandra physaloides,
Solanum viarum e S. americanum (FERREIRA et al., 2002).
A nervura central da
lâmina foliar é biconvexa (Figura 1D) e apresentou epiderme unisseriada, colênquima
angular subjacente, parênquima de preenchimento, idioblastos com cristais de oxalato
de cálcio (CaOx) em tipo areia cristalina e feixe vascular do tipo bicolateral envolto por
fibras esclerenquimáticas (Figuras 1D e E). A estrutura biconvexa com parênquima de
preenchimento, colênquima angular e com idioblastos contendo areia cristalina foi também
verificado em Solanum sisymbriifolium (COSA et al., 2002), S. lycocarpum (ELIAS et
al., 2003) e S. granuloso-leprosum (PICOLI et al., 2013). Cristais de CaOx podem ser
encontrados em diferentes tipos nas plantas, como em drusas, ráfides e areia cristalina, por
exemplo. Eles são formados em vacúolos de células especializadas chamadas idioblastos,
que apresentam estrutura e conteúdo distintos das células vizinhas (GÓMEZ-ESPINOZA
et al., 2020). Nas plantas, esses cristais funcionam como depósitos intravacuolar e suas
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
22
diferentes funções são discutidas. A função biológica dos cristais de CaOx nas plantas
ainda não é completamente compreendida (PYLRO et al., 2013). Apesar da fonte de
reserva de cálcio ser a função mais atribuída, a mobilidade deste íon para a translocação
do floema nas plantas é pequena e os cristais de CaOx serem encontrados em órgãos
a serem descartados, o que sugere que estes estejam envolvidos no metabolismo de
excreção excessiva de cálcio nas plantas (PAIVA, 2019).
Figura 1. Análises morfoanatômicas das folhas de Solanum melissarum Bohs. A) Aspecto geral
da morfologia externa da folha. B) Detalhe do mesofilo foliar. C) Detalhe de tricoma tector multicelular
estrelado. D) Aspecto geral da nervura central. E) Detalhe do colênquima angular. F) Aspecto geral do
pecíolo. G) Detalhe de idioblasto de areia cristalina. AC – areia cristalina, Col – colênquima angular,
Ep Ab – epiderme abaxial, Ep Ad – epiderme adaxial, FV – feixe vascular bicolateral, PL – parênquima
lacunoso, PP – parênquima paliçádico, PQ – parênquima fundamental, TT – tricoma tector multicelular
estrelado, Asterisco (*) – estômato.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
23
Figura 2. Eletromicrografias das folhas de Solanum melissarum Bohs. A) Epiderme adaxial com
células epidérmicas comuns; B) Epiderme abaxial com estômatos anomocíticos e tricoma glandular;
C e D) Tricomas tectoras estrelados. Est – Estômatos; TG – tricoma glandular; TT – tricoma tector
estrelado.
O pecíolo de S. melissarum apresentou epiderme unisseriada com cutícula espessa,
colênquima angular subjacente com aproximadamente 4 a 6 camadas de célula seguido do
parênquima fundamental e feixe vascular bicolateral, com dois feixes vasculares acessórios,
de formato circular (Figura 1F). Idioblastos de areia cristalina estiveram presentes (Figuras
1F e G).
As análises histoquímicas realizadas estão ilustradas na figura 3 e sintetizadas
na tabela 1. Foi verificada a presença de alcaloides nos tricomas glandulares da lâmina
foliar de S.melissarum (Figura 3A) e nas células epidérmicas e parenquimáticas do pecíolo
(Figura 3D). Na lâmina foliar e no pecíolo foram observados células parenquimáticas
e tricomas com taninos (Figura 3B). Os elementos de vaso das nervuras foliares e do
pecíolo apresentaram reação positiva para floroglucinol, o que detectou a presença de
lignina (Figura 3C). O pecíolo apresentou células parenquimáticas com amido, formando
uma bainha amilífera (Figura 3E). A cutícula da lâmina foliar e do pecíolo é espessa e
reagiu positivamente para Sudan IV, além disso, tricomas tectores apresentaram lipídios
(Figura 3F). As células epidérmicas da lâmina foliar e do pecíolo possuíram mucilagens
(Figura 3G). Compostos fenólicos foram evidenciados na epiderme foliar e no parênquima
da lâmina foliar e do pecíolo (Figura 3H). Polissacarídeos neutros foram observados nas
células do parênquima de preenchimento do pecíolo (Figura 3I).
Os alcaloides e flavonoides constituem os metabólitos mais frequentes em espécies
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
24
do gênero Solanum L. (SILVA et al., 2003), além de antocianinas, saponinas, taninos e
compostos fenólicos (JAINU; DEVI, 2006). Análises fitoquímicas detectaram a presença de
alcaloides, saponinas, taninos e flavonoides nas folhas de S. lycopersicum (WAHUA et al.,
2020) e S. capsicoides (DHARMAN; ANILKUMAR, 2018). SHILPHA et al. (2015) relatam que
alcaloides esteroidais encontrados em espécies deste gênero, são amplamente utilizados
na indústria farmacêutica como matéria-prima para produção de drogas esteroidais, como
a progesterona e cortisol. Espécies do gênero Solanum L. apresentam diversas atividades
biológicas, tais como antifúngica, moluscida e citotóxica (BASILIO et al., 2007).
As características anatômicas e histoquímicas analisadas na lâmina foliar e no
pecíolo das folhas de S. melissarum corroboram com dados publicados para a anatomia
de outras espécies do gênero Solanum L. já estudadas. Dentre estas características
anatômicas, pode-se destacar a presença de colênquima angular, tricomas tectores
multicelulares estrelados e idioblastos de areia cristalina e histoquímicas, estão a presença
de alcaloides e flavonoides.
Figura 3. Análises histoquímicas das folhas de S. melissarum Bohs. A: secção transversal da
lâmina foliar. B – I: secções transversais do pecíolo. A) Tricoma glandular (seta) com alcalóides; B)
Tricomas tector simples (seta) e células parenquimáticas (Pq) contendo taninos; C) Detalhe dos
elementos de vaso (EV) da nervura demonstrando lignina; D) Epiderme e parênquima do pecíolo
contendo alcalóides; E) Detalhe da bainha amilífera (BA); F) Tricoma tector simples contendo lipídios;
G) célula epidérmica (seta) com mucilagem; H) Epiderme (Ep) e parênquima com compostos fenólicos
(Pq); I) células epidérmicas (Ep), parenquimáticas (Pq) e colênquima (Col) contendo polissacarídeos
neutros. BA – bainha amílifera, Col – colênquima angular, Ep – epiderme; Ep Ab – epiderme abaxial,
EV – elementos de vaso, Pq – parênquima fundamental. Barras = 50 µm.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
25
REAÇÃO HISTOQUÍMICA
LÂMINA FOLIAR
PECÍOLO
Sudan IV
+
+
Lugol
+
+
P.A.S./Reagente de Schiff
-
+
Vanilina clorídrica
+
-
Dicromato de potássio
+
+
Reagente de Wagner
+
+
Floroglucinol
+
+
Xylidine Ponceau
-
-
Azul de toluidina
+
+
Tabela 1 – Resumo das análises histoquímicas das folhas de Solanum melissarum Bohs.
4 | CONCLUSÃO
Acredita-se que esses resultados constituem informações importantes para estudos
taxonômicos e farmacobotânicos do gênero Solanum L. Entretanto, são inexistentes
informações empíricas e científicas sobre os usos de S. melissarum pela população. Apesar
de ser desconhecido o uso de S. melissarum pela população, foi possível observar que esta
espécie apresenta potencial medicinal em suas folhas.
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Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 2
29
CAPÍTULO 3
EFECTO DE DIVERSOS FACTORES EN LA
GERMINACIÓN Y DESARROLLO TEMPRANO DE
Alnus acuminata KUNTH (BETULACEAE)
Data de aceite: 01/07/2021
Carolina Ramos-Montaño
Escuela de Ciencias Biológicas, Laboratorio de
Fisiología Vegetal, Universidad Pedagógica y
Tecnológica de Colombia
Tunja, Colombia
https://orcid.org/0000-0002-4808-5694
Juraci Alves de Oliveira
Laboratório de Biofísica, Departamento de
Biologia, Universidade Federal de Viçosa,
Avenida Peter Henry Rolfs, Campus
Universitário
Viçosa-MG, Brasil
https://orcid.org/0000-0003-0150-2291
Eduardo Fontes Araujo
Laboratório de Sementes, Departamento
de Fitotecnia, Universidade Federal de
Viçosa, Avenida Peter Henry Rolfs, Campus
Universitário
Viçosa-MG, Brasil
https://orcid.org/0000-0002-5322-6797
Nataly Poveda-Díaz
Escuela de Ciencias Biológicas, Grupo
Ecología de Organismos, Universidad
Pedagógica y Tecnológica de Colombia
Tunja, Colombia
https://orcid.org/0000-0003-4561-4121
Karen L. Pulido-Herrera
Escuela de Ciencias Biológicas, Grupo
Ecología de Organismos, Universidad
Pedagógica y Tecnológica de Colombia
Tunja, Colombia
https://orcid.org/0000-0003-3144-6550
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
RESUMEN: Alnus acuminata es una especie
arbórea
recomendada
para
planes
de
recuperación de zonas degradadas en la
región Andina. Sin embargo, sus capacidades
germinativas han sido poco estudiadas y las
investigaciones existentes muestran una gran
variación en los porcentajes de germinación.
Nosotros intentamos explicar las causas de
estas variaciones evaluando el efecto del año
de cosecha, el sustrato, la edad de la semilla,
la temperatura la estratificación, y la luz en
la germinación y desarrollo temprano de A.
acuminata, a través de seis experimentos simples
o combinados que tuvieron lugar entre 2015 y
2019. Hicimos comparaciones entre: cosechas
de 2014, 2015 y 2016; sustratos germitest y
arena-humus; temperatura constante a 25°C y
alterna 20-30°C; fotoperiodo 12/12h y oscuridad;
tratamientos de estratificación húmeda a 4°C
con fotoperiodo o en oscuridad; estratificación
en semillas de diferentes edades, hasta 300
días de almacenamiento. Finalmente, para
verificar el efecto de la luz hicimos seguimiento
de 35 días a germinados provenientes de
tratamientos con y sin fotoperiodo. Las semillas
de A. acuminata presentaron una alta variabilidad
germinativa entre cosechas y la germinación
máxima no superó el 30%. Las condiciones
óptimas para germinación de A. acuminata
fueron: almacenamiento a bajas temperaturas,
pretratamiento de estratificación de pocos días,
sustrato germitest y temperaturas alternas 2030°C con fotoperiodo 12/12h. La estratificación
húmeda no tuvo efecto en la oscuridad, pero
sí con fotoperiodo. Se demostró que semillas
almacenadas a bajas temperaturas mantienen
Capítulo 3
30
la viabilidad incluso 300 días después de la cosecha, aparentemente mediante regulación
del tamaño del embrión y un menor contenido de humedad. El efecto positivo de la luz fue
verificado al comprobar que estimulaba la emergencia y expansión cotiledonar, el fototropismo
positivo, el desarrollo de hojas verdaderas y la sobrevivencia de plántulas.
PALABRAS CLAVE: Cosecha, temperatura, estratificación, fotoperíodo, tiempo poscosecha.
ABSTRACT: Alnus acuminata is a tree species with the potential to recovering degraded
zones in the Andean region. However, its germination has been little studied, and the current
knowledge shows a great variability in germination percentages. We tried to explain the causes
of these variations by evaluating the effect of harvest, seed age, temperature, stratification,
and light on germination and early development. From 2015 to 2019, we conducted six
experiments to compare the effect of: Harvest year (2014, 2015, 2016), germitest and sandhumus substrate, constant (25°C) and alternant temperature (20-30°C), 12/12h photoperiod
and dark, and moist stratification at different storing duration (until 300 days). Finally, to study
the effect of light, during 35 days, we monitored the development of germinants after seed
germination with or without photoperiod. We found a high variation in the germination of A.
acuminata, but the máximum percentage did not exceed 30%. The optimal conditions were:
Storing at chilling temperatures, pretreatment of cold moist stratificaton by 48 days, germitest
substate, and alternate temperatures of 20-30 with photoperiod 12/12h. The cold moist
stratification was not effective in the dark. Seeds stored at chilling temperatures conserved
the viability until 300 postharvest days, apparently throughout the regulation of embryo size
and the reduction of humidity content. The positive effect of light caused a rapid emergency
and expantion of cotyledons, phototropism, and development of true leaves, and a better
seedlings survival.
KEYWORDS: Harvest, temperature, stratification, photoperiod, postharvest time.
1 | INTRODUCCIÓN
El género Alnus es un grupo de árboles y arbustos comúnmente conocidos como
alisos, representado en cuatro subgéneros de amplia distribución en Asia, Europa y el
continente americano. Los registros palinológicos de Alnus datan de más de 50 millones
de años de antigüedad y aunque su expansión geográfica ha sido a lo largo del hemisferio
norte, algunas especies se adaptaron a los ambientes tropicales descendiendo desde
Norteamérica hasta Centro y Suramérica (CHEN y LI, 2004, LEOPOLD et al., 2012). La
madera del aliso es valorizada y pese a tratarse de árboles de bajo porte son un componente
importante de los diversos ecosistemas de bosque, especialmente por su capacidad de fijar
nitrógeno, lo que les da un considerable potencial de uso en sistemas agroforestales y
planes de recuperación de suelos. El aliso es considerado como especie pionera debido a
su rápido crecimiento inicial (CORDERO y BOSHIER, 2003; SANTI et al., 2013; DEPTUŁA
et al., 2020), lo que le convierte en un óptimo candidato para reducir la erosión del suelo y
recuperar áreas afectadas por minería (UL HAQ et al., 2021).
El aliso andino Alnus acuminata es un árbol que puede alcanzar hasta 30 m y es
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
31
la especie de Alnus más representativa en Suramérica. Se distribuye en la cordillera de
los Andes entre 1.500 hasta 3.000 metros de altitud, soportando periódicamente bajas
temperaturas y estableciéndose en las zonas ribereñas, siendo un componente estructural
del bosque de galería. A. acuminata es reconocida como una especie nativa de importancia
para la reforestación, gracias a su sistema radicular extenso, regeneración en zonas
abiertas, rápido crecimiento y capacidad de fijación de nutrientes (MURCIA, 1997; OSPINA
et al., 2005; CASTAÑO-VILLA et al., 2014; URGILES et al., 2014). Con relación a su
autoecología, se ha observado presencia de flores o frutos durante todo el año (ROJAS
Y GOMEZ CÓRDOBA, 2008). Cada kilogramo contiene entre dos y cuatro millones de
semillas de A. acuminata que, a pesar de tener una pérdida rápida de viabilidad, dan lugar
a 50.000 – 100.000 plántulas (CORDERO Y BOSHIER, 2003; OSPINA et al., 2005).
Las semillas de A. acuminata miden entre 1.5 y 3 mm, y se forman en una estructura
cónica dehiscente o estróbilo de brácteas duras, que cambia de color verde a marrón cuando
está madura. Cada semilla consta del pericarpio, cobertura seminal y embrión, que ocupa
la mayor parte de la semilla; las semillas de Alnus carecen de endospermo (HARRINGTON
et al., 2008). Características fisiológicas de las semillas como la dormancia, la longevidad y
la respuesta de la germinación a la luz varían entre especies del género Alnus y en el caso
específico de A. acuminata aún han sido poco estudiadas.
Las flores masculinas y femeninas del aliso están presentes en el mismo individuo
y la dispersión de semillas es anemófila. En general se ha reportado que en los estróbilos
se produce una fracción considerable de semillas vacías, con porcentajes que varían
dependiendo del lote (HARRINGTON et al., 2008). Para varias especies de Alnus, una
óptima germinación requiere de pretratamientos de estratificación en frío, que pueden durar
hasta 180 días, o del uso de temperaturas alternas en el germinador (BASKIN Y BASKIN,
2001; DE ATRIP Y O’REILLY, 2005; GOSLING et al., 2009; HARRINGTON et al., 2008;
MAPA, 2009). Los escasos estudios de germinación en A. acuminata reportan resultados
variables en los porcentajes de germinación, que van desde 1% hasta 80%, una longevidad
de las semillas menor a un año y un efecto positivo de la luz en la germinación (RUIZ Y
OROZCO, 1986; ACEÑOLAZA, 1997).
Dada la importancia de A. acuminata en los ecosistemas altoandinos, y el
conocimiento limitado con relación a sus patrones germinativos, que es un obstáculo para
el desarrollo de metodologías que mejoren su potencial de uso en planes de restauración,
el presente estudio se enfocó en el efecto de diferentes factores sobre la germinación
de A. acuminata. Con el fin de descubrir cómo el año de cosecha, la edad de la semilla,
la estratificación, el sustrato, la temperatura y la luz participan en la gran variabilidad de
germinación reportada, y establecer cuáles son las condiciones óptimas que maximizan la
germinación.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
32
2 | METODOLOGÍA
2.1 Procedimiento base
Las semillas de A. acuminata usadas durante los experimentos fueron suministradas
por la empresa forestal El semillero S.A. Durante la realización del estudio fueron usadas
semillas cosechadas en diciembre de 2014, junio de 2015 y febrero de 2016. La información
del proveedor indicó una pureza promedio del 60%, y el pretratamiento recomendado por la
empresa era de mínimo 24 horas de imbibición en agua a temperatura ambiente antes de
colocar las semillas a germinar. Las semillas fueron almacenadas en ambiente seco a 4°C
y 35% de humedad relativa hasta el experimento correspondiente.
Se realizaron un total de seis experimentos. El procedimiento base para la mayoría
de estos consistió en colocar las semillas totalmente sumergidas en agua desionizada
durante 48 horas en frascos de 30 ml protegidos de la luz. Luego 0.1±0.005 g de las
semillas preimbibidas fueron colocadas en cajas de germinación estándar de 10X10 cm con
el sustrato correspondiente. A excepción del experimento 2, en todos los casos el sustrato
germinativo fue papel germitest, humedecido con unos 6 ml de agua (2.5 veces el peso del
papel). Las cajas fueron llevadas a cámara de germinación para ajustar las condiciones
específicas de luz, temperatura y fotoperiodo para cada experimento. La luz dentro de la
cámara provenía de cuatro lámparas fluorescentes de 35 vatios, que al estar encendidas
generaban una radiación aproximada de 50 µmol m-1 s-1. Cada caja de germinación con
semillas fue definida como una réplica, y se consideró una semilla germinada cuando la
radícula emerge a través del pericarpio. El número de semillas germinadas fue registrado
cada tres o cuatro días hasta estabilización de la curva y con esa misma periodicidad fue
aleatorizada la posición de las cajas dentro de la cámara de germinación.
Experimento 1: Efecto de la cosecha en la germinación
Seis réplicas de cada lote de semillas: 2014, 2015 y 2016 fueron colocados a
germinar a temperatura constante de 25° y sin luz.
Experimento 2: Efecto de la cosecha, temperatura y sustrato en la germinación
Semillas del lote 2014 y lote 2015 fueron sometidas a germinación bajo dos
condiciones de temperatura: Constante a 25°C y alterna 20-30°C (12/12 h). Adicionalmente
fueron evaluados dos tipos de sustrato: mezcla orgánica de arena-humus en proporción 1:1
y papel germitest. El diseño final fue de tres factores con 4 réplicas.
Experimento 3: Efecto de la estratificación húmeda en la germinación
Semillas de la colecta de 2015 fueron sometidas a diferentes niveles de estratificación
en oscuridad. Las semillas control recibieron el pretratamiento base de imbibición a 25°C por
48 horas. Las semillas sometidas a estratificación fueron sumergidas en agua desionizada
y mantenidas en refrigeración a 4°C durante 7, 15, 30, 45 y 60 días, tiempo al final del cual
fueron colocadas en cajas de germinación. Se registró la germinación en 6 réplicas por
tratamiento, bajo condiciones de temperatura alterna 20-30°C (12/12h) sin luz.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
33
Experimento 4: Efecto de la luz y la estratificación.
Para este experimento se activó el fotoperíodo 12/12 h en la cámara de germinación
con temperaturas alternas 20-30°C y para las semillas sin fotoperiodo se cubrieron las
cajas de germinación en plástico negro. Semillas del lote 2015 fueron sometidas a cuatro
tratamientos: Control (preimbibición a 25° por 48 horas) con y sin fotoperíodo, estratificación
(preimbibición a 4°C por 48 horas) con y sin fotoperíodo. Se montaron 5 réplicas para cada
uno de los cuatro tratamientos.
Experimento 5: Efecto de la estratificación y la edad en la viabilidad y tamaño de
embrión.
La viabilidad de las semillas se estableció por medio de la prueba de viabilidad
de cloruro de trifenil tetrazolio (TTC). Semillas del mismo lote fueron separadas en dos
grupos, uno almacenado a temperatura ambiente y otro mantenido en nevera a 4°C. Cada
50 días, se colocaron semillas en preimbibición húmeda por 48 horas, a la temperatura
correspondiente en cada caso, y se diseccionaron 300 semillas para test de viabilidad.
Una prueba positiva se registró cuando hubo tinción total del embrión (Figura 1). Seis
embriones además fueron medidos polar y ecuatorialmente para calcular el área de tamaño
en milímetros. Adicionalmente, cinco réplicas de 0.5 g de semillas fueron pesadas en fresco
y secadas en horno para calcular el porcentaje de humedad.
Figura 1. A. Semilla de A. acuminata. B. Embrión viable por método de tinción con CTT.
Experimento 6: Efecto de la luz en el desarrollo temprano
Los primeros 24 germinados de los 2 tratamientos: Estratificación con fotoperíodo
y estratificación sin luz, provenientes del experimento 4, fueron separados y mantenidos
sobre papel germitest humedecido a temperatura de 25°C y fotoperiodo 12/12 durante 10
días, tiempo en el cual se evaluó:
La emergencia cotiledonar (Figura 2.A): Porcentaje de germinados donde los
cotiledones expulsaron la envoltura seminal, pero aún permanecen cerrados.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
34
La expansión cotiledonar (Figura 2.B): Porcentaje de germinados con cotiledones
abiertos y orientados en posición perpendicular con el eje de crecimiento.
El fototropismo positivo (Figura 2.C): Porcentaje de germinados que se orientan en
posición vertical en dirección a la luz, con cotiledones en máxima exposición.
Una vez evidente la diferenciación radicular, los germinados fueron trasferidos para
bandejas con arena estéril, donde el seguimiento se extendió por dos semanas más para
registrar la aparición de la primera hoja verdadera con una medida mínima de 2 mm (Figura
2.D), y la presencia de dos o más hojas verdaderas (Figura 2.E). La presencia de hojas
verdaderas fue considerada como la característica que demarca el paso de germinado a
plántula.
Figura 2. Desarrollo temprano de A. acuminata. A. Emergencia cotiledonar; B. Expansión cotiledonar;
C. Fototropismo positivo; D. Aparición de la primera hoja verdadera; E. Dos hojas verdaderas.
2.2 Análisis estadístico
Los datos de germinación fueron corregidos por la pureza y expresados en
porcentaje. Inicialmente se verificó la distribución normal de resultados de los experimentos
1 a 5 con el test de Kolmogorov-Smirnov y la probabilidad de Lilliefors. Luego se comparó
los efectos de los diferentes factores, independientes o en posible interacción, mediante
ANOVA y comparación múltiple de medias de Fisher LSD. Todas las pruebas estadísticas
fueron desarrolladas con el software Statistica v.10.0 (StatSoft, Inc.).
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
35
3 | RESULTADOS
Bajo condiciones de temperatura constante, la media de germinación del 2014
(19.74±2.25%) fue mayor a la del 2015 (13.13±2.77%), que a su vez fue mayor a la del 2016
(5.33±0.53%) (Figura 3). Por otra parte, las temperaturas alternas 20-30°C estimularon
significativamente la germinación en comparación con la temperatura constante a 25°C,
alcanzando 28.54±3.04% en el lote 2014 y 19.8±0.74% en el lote 2015. Además, las
semillas en temperaturas alternas germinaron en un tiempo medio de 24 días, mientras
que las semillas a 25°C demoraron 30 días en germitest y 42 días en sustrato orgánico. El
papel germitest fue el mejor sustrato para la germinación de A. acuminata, pues en sustrato
orgánico a 25°C la germinación se redujo en 37% y 49% para 2014 y 2015 respectivamente
(Figura 4).
Figura 3. Germinación de A. acuminata en tres cosechas diferentes, bajo condiciones estándar de 25°C
y fotoperíodo 12/12 h.
La estratificación húmeda a 4°C no tuvo efectos positivos en la germinación de
semillas en condiciones de oscuridad y temperaturas alternas 20-30°C (Figura 5). Los
pretratamientos de 7 y 15 días de estratificación dieron una germinación similar al control
(germinación promedio: 21.7±3.9%) pero al aumentar los tiempos de pretratamiento la
germinación fue cada vez menor: 11.9%, 5.2% y 1.83% con 30, 45 y 60 días, respectivamente.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
36
Figura 4. Efecto de la temperatura y el sustrato en semillas de A. acuminata de cosecha 2014 y 2015,
en condiciones de oscuridad.
Figura 5. Efecto de estratificación húmeda en frío (4°C) de 7, 15, 30, 45 y 60 días, en la germinación de
A. acuminata. Condiciones de germinación: Temperaturas alternas 20-30°C, sin luz.
Las semillas con mayor germinación en este estudio fueron aquellas que recibieron
estratificación húmeda de 48 horas con fotoperiodo (29.25±1.7%) y el tratamiento menos
eficiente fue la imbibición normal a 25°C en condiciones de oscuridad (19.8±2.1%) (Figura
6). Al comparar los tratamientos con el mismo tipo de imbibición, fue notorio que el efecto
de la luz llevó a una mayor germinación en ambos casos, aunque el efecto de la luz no fue
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
37
estadísticamente significativo (Efecto de la estratificación: F=12.25, p<0.01. Efecto de la
luz: F=0.64, p=0.43).
Figura 6. Geminación del pretratamiento de estratificación húmeda a 4°C versus preimbibición a 25°C,
con y sin fotoperíodo de 12/12 horas. Temperatura alterna 20-30°C.
La estratificación húmeda operó en la semilla regulando el tamaño del embrión, al
mismo tiempo que mantuvo un bajo contenido de humedad. Esto permitió que semillas con
200 o más días de almacenamiento tuvieran una viabilidad significativamente menor a la de
semillas conservadas a temperatura ambiente y sin estratificar (Figura 7).
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
38
Figura 7. Efecto de la estratificación húmeda (4°C) sobre la viabilidad (A), el contenido de humedad (B)
y el tamaño del embrión (C).
La luz tuvo una influencia positiva en todos los parámetros de desarrollo temprano. Las
plántulas que provenían de semillas germinadas en oscuridad presentaron una frecuencia
menor de emergencia cotiledonar (-12.5%), expansión cotiledonar (-12.5%), fototropismo
positivo (-16.6%), aparición de la primera hoja verdadera (-25.5%), presencia de dos o más
hojas verdaderas (-20.1%) y sobrevivencia (-34.5%), a lo largo de un seguimiento de 35
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
39
días (Figura 8). La diferencia en las distribuciones de la respuesta múltiple fue altamente
significativa (X2=21.89, g. l=5, p<0.01).
Figura 8. Efecto de la luz sobre el desarrollo temprano, a lo largo de 35 días de seguimiento en
fotoperiodo 12/12 h. Los porcentajes corresponden a la frecuencia relativa de un N inicial de 24
germinados.
4 | DISCUSIÓN
En este estudio A. acuminata presentó una germinación menor al 30% y diferencias
significativas entre años de cosecha, rasgo que no es común en las especies del género
Alnus. Se han reportado porcentajes de germinación inferiores al 50% en Alnus glutinosa,
Alnus incana, Alnus serrulata y Alnus viridis (HARRINGTON et al., 2008). Sin embargo,
para el caso específico de A. acuminata la germinación encontrada es suficiente para
asegurar la producción de más de 100.000 plántulas por kilo de semillas.
Los resultados también demostraron la alta variabilidad germinativa reportada
para A. acuminata, que se ha sugerido estar relacionadas a diferencias en el potencial
germinativo entre árboles semilleros, e incluso en un mismo árbol semillero. En un estudio
en Guatemala se comparó a 50 árboles de una misma población y se encontró valores
germinativos entre 2.5% y 94% (MURILLO, 1998), mientras en un estudio similar en
Argentina se evaluó 10 árboles con porcentajes entre 24% y 79% (ACEÑOLAZA, 1997).
Esta amplia variación en la capacidad germinativa de A. acuminata estaría relacionada
además con el tamaño del estróbilo y la posición que la semilla ocupa en el estróbilo (RUIZ
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
40
Y OROZCO, 1986).
Previamente se había reportado que la capacidad germinativa de A. acuminata
aumenta con un tiempo de almacenamiento de 20 días y que aparentemente una parte de
las semillas alcanza la madurez durante ese período (RUIZ Y OROZCO, 1986). En casos
similares con otras especies se ha considerado que el almacenamiento a temperaturas
frías es per se una estratificación seca (COUSINS et al., 2014). Sin almacenamiento a
bajas temperaturas la viabilidad de las semillas de Alnus se reduce significativamente en
unos pocos meses (ACEÑOLAZA, 1997; BASKIN Y BASKIN, 2001). En este estudio se
observó que las semillas más antiguas, colectadas en el 2014 y almacenadas a bajas
temperaturas aún conservaban su capacidad germinativa a mediados del 2016.
Se comprobó con los diferentes experimentos que las mejores condiciones para
germinar las semillas de A. acuminata son: papel germitest como sustrato, temperaturas
alternas 20-30°C y condiciones de luz 12/12 h. La germinación también fue favorecida por
un pretratamiento de imbibición a 4°C por 48 horas, que indicaría que las semillas de A.
acuminata tienen algún grado de dormancia.
Al igual que A. acuminata, existen varias especies de Alnus que tienen su
germinación óptima con temperaturas alternas 20-30°C (BASKIN Y BASKIN, 2001; MAPA,
2009) lo que se atribuye a los contrastes climáticos que estas plantas experimentan en su
área de distribución y que determinan la época favorable para la germinación. A. acuminata
soporta una alta variabilidad diurna de temperatura, típica de los ecosistemas altoandinos,
que se amplía especialmente en la época seca, justamente la época recomendada para la
colecta de semillas (OSPINA et al., 2005). No obstante, la máxima germinación registrada
en este estudio se dio cuando las temperaturas alternas 20-30°C eran combinadas con luz
y estratificación húmeda a 4°C.
En un estudio comparativo de especies arbóreas en un mismo ecosistema, se
encontró una especie con interacción positiva de luz y temperatura alterna, otra con efecto
positivo de la temperatura alterna independiente de la luz, otra con efecto positivo de la
luz y poco dependiente de la temperatura, y una última especie de rápida germinación y
totalmente irresponsiva a luz o temperatura (VARGAS FIGUEROA et al., 2015). Lo que
sugiere que las especies presentan diferenciación de sus estrategias regenerativas para
asegurar su coexistencia. Otros estudios han sugerido que las temperaturas alternas
compensan la germinación de semillas fotoblásticas en ausencia de luz, mientras que la
luz no tiene el mismo efecto compensatorio en semillas que requieran de oscilaciones de
temperatura (SIMÃO Y TAKAKI, 2008). Aunque en este estudio no se evaluó el efecto de
la luz de manera independiente, sí existen reportes de que a 25°C la luz cuadriplica la
germinación de semillas de A. acuminata en comparación con condiciones de oscuridad
(ARAYA et al., 2000).
La preimbibición a 4°C o estratificación húmeda aumentó la viabilidad y germinación,
regulando el tamaño del embrión y el contenido de humedad. Estos rasgos corresponden
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
41
a semillas con una dormancia morfofisiológica (BASKIN Y BASKIN, 2004), que sería
superada con aplicación de giberelina (DE ATRIP Y O’REILLY, 2007; POVEDA-DÍAZ et al.,
2020). Otras especies de aliso como A. glutinosa presenta óptimos de germinación con 30
días de estratificación; A. crispa y A. virilis tienen tratamientos recomendados de hasta 60
y 90 días respectivamente (HARRINGTON et al., 2008).
Finalmente, este estudio demostró que la presencia de luz durante la germinación
es fundamental en todos los pasos del desarrollo temprano de A. acuminata. Al final de
35 días de seguimiento, la supervivencia hasta este estado de plántula era del 54% en
comparación con sólo el 21% cuando las semillas habían germinado en oscuridad. Dado
que esta especie inicia simbiosis con Frankia y micorrizas a temprana edad (CORDERO Y
BOSHIER, 2003; BECERRA et al., 2009), con el sustrato adecuado estas plántulas de 35
días ya tienen opciones favorables de crecimiento. Ensayos similares que evalúen el éxito
germinativo mediante el número de plántulas viables son recomendables para verificar los
efectos de otros factores ambientales en A. acuminata.
5 | CONCLUSIONES
Las semillas de A. acuminata presentan una alta variabilidad germinativa entre
cosechas y edad de la semilla, que explicarían a su vez la alta variabilidad en los porcentajes
de germinación reportados. Las condiciones óptimas para germinación de A. acuminata
fueron: almacenamiento a bajas temperaturas, pretratamiento de estratificación de pocos
días, sustrato germitest y temperaturas alternas 20-30°C con fotoperiodo 12/12 h. Además,
se recomienda evaluar el éxito germinativo con el conteo de plántulas viables.
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Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 3
44
CAPÍTULO 4
QR CODE COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA DE DADOS BOTÂNICOS NO PARQUE
PEDRA DA CEBOLA, VITÓRIA-ES
Data de aceite: 01/07/2021
Data de submissão: 06/05/2021
Luana Palomo Mussallem
Centro Universitário Salesiano – Unisales
Vitória – ES
http://lattes.cnpq.br/6960260896773944
Danilo Camargo Santos
Centro Universitário Salesiano – Unisales
Vitória – ES
http://lattes.cnpq.br/9193838397412920
Richard Campos Rangel
Centro Universitário Salesiano – Unisales
Vitória – ES
http://lattes.cnpq.br/6758607158413021
Aleide Cristina de Camargo
Centro Universitário Salesiano – Unisales
Vitória – ES
http://lattes.cnpq.br/1360114141758631
RESUMO: As ferramentas tecnológicas vêm
facilitando o modo de vida da sociedade, por
exemplo, o QR Code, um código bidimensional
de barras que armazena várias informações,
podendo ser uma ótima estratégia para a
divulgação de informações científicas complexas,
como a Botânica. O objetivo dessa pesquisa foi
criar um site para armazenar as informações
das espécies e verificar o uso do QR Code
como ferramenta de divulgação científica de
informações botânicas, no Parque Pedra da
Cebola, Vitória-ES. No site ficou armazenado
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
informações de 18 espécies vegetais e as placas
de identificações que continham o QR Code,
para que o visitante do parque pudesse acessar
as informações. Isso possibilita aos visitantes
adquirirem mais conhecimentos científicos para
somar ao entretenimento. A coleta de dados foi
feita através de um questionário semiestruturado,
disposto no próprio site, acessível pelo próprio
celular. Desta forma foram 59 respondentes, a
maioria tinha ensino superior completo e idade
entre 21 e 40 anos. O QR Code foi efetivo
em despertar maior interesse pelas plantas,
possibilitando uma aproximação dos visitantes
com as espécies. Porém, os resultados mostram
que é necessário um conhecimento prévio
sobre a utilização da tecnologia por partes dos
visitantes, além de incentivos para acessar o QR
Code.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia. Informação.
Plantas.
QR CODE AS A SCIENTIFIC
DISSIMINATION TOOL FOR BOTANICAL
DATA IN THE “PEDRA DA CEBOLA” PARK,
VITÓRIA-ES
ABSTRACT: Technological tools are increasingly
embedded in people’s daily lives, facilitating
the way they live. Among these tools, we can
mention the QR Code, a two-dimensional bar
code that stores various information, which
can be a great strategy for the dissemination of
complex scientific information, such as Botany.
This enables the human being to acquire more
scientific knowledge to develop in society. The
objective of this research was to verify the use of
the QR Code as a tool for scientific dissemination
Capítulo 4
45
of botanical information, in Pedra da Cebola Park, Vitória-ES. A website was created with
information on 18 botanical species, as well as nameplates that contained the QR Code,
so that the park visitor could access the information. Data collection was done through a
questionnaire, available on the website, accessible by mobile phone. Most respondents
had completed higher education and were between 21 and 40 years old. The QR Code was
effective in arousing greater interest in the plants, allowing a closer contact between the
visitors and the species. However, the results show that prior knowledge about the use of
technology by visitors is required, as well as incentives to access the QR Code.
KEYWORDS: Technology. Information. Plants.
1 | INTRODUÇÃO
Os avanços na tecnologia têm provocado diversos impactos na sociedade, na forma
como ela vive e se organiza, provocando diversas transformações sociais e culturais. Ou
seja, a tecnologia passou a fazer parte do modo pelo qual o ser humano se desenvolve e
se relaciona entre si e com o meio no qual está inserido (KOHN; MORAES, 2007).
Vivemos dias de intensa interferência de inovações científicas/tecnológicas
no contexto social. As relações humanas são fortemente ressignificadas pela
influência desses aparatos e nosso cotidiano é totalmente permeado por eles
(VALÉRIO; BAZZO, 2006, s/p).
As novas interfaces entre o mundo real e virtual possibilitam as mais diversas
formas de comunicação e interlocução. Nesse contexto, pode-se citar o QR Code, que
significa “Quick Responsive Code” (código de resposta rápida). Por se tratar de um código
de imagem preto e branco bidimensional, a sua implementação possui baixo custo. Através
da codificação binária representada por pequenos quadrados pretos e brancos em uma
imagem, qualquer mensagem de texto pode ser escrita ou lida, sendo o uso mais comum a
codificação de endereços “Web”. Desta forma, uma etiqueta com o QR Code pode funcionar
como um gatilho para que dispositivos móveis, como “smartphones” e “tablets”, acessem
informações relevantes a um objeto real via internet (WAVE, 2019).
A utilização do QR Code está cada vez mais difundida como ferramenta integradora
em projetos educacionais. Por ser uma via entre objetos reais e informações disponíveis
na internet, é possível integrar vários tipos de mídia, como: texto, áudio, vídeos, aplicativos,
jogos e outros, em um ambiente de aprendizagem como salas de aula, museus, parques,
laboratórios e outros (RIBAS et al, 2017).
O QR Code é uma ferramenta que também pode ser utilizada na divulgação
científica, já que o objetivo da tecnologia é armazenar informações e disponibilizá-las para
que as pessoas tenham acesso rápido a elas.
De acordo com Bueno (apud BUENO, 2010, p. 02) a divulgação científica é a
“[…] utilização de recursos, técnicas, processos e produtos (veículos ou canais) para a
veiculação de informações científicas, tecnológicas ou associadas a inovações ao público
leigo”. É “a tradução de uma linguagem especializada para uma leiga, visando a atingir um
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
46
público mais amplo” (ALBAGLI, 1996, p. 397). Assim, essa tecnologia pode ser utilizada
para a divulgação científica de diversas áreas, como a Botânica.
Segundo Kinoshita e outros (apud ARAÚJO; SILVA, 2015) a Botânica está
diretamente ligada com o cotidiano das pessoas, pois basta olhar ao redor e reparar que
na nossa alimentação, nas roupas que vestimos e nos lugares bonitos que gostamos de
visitar, há sempre vegetais permeando nossas rotinas. Porém, normalmente as pessoas
demonstram pouco interesse pelo assunto, e por isso é necessário utilizar ferramentas
atrativas que geram maior interesse, como QR Code. Esta ferramenta associada ao ensino
de botânica, proporciona ao indivíduo maior interação com o conteúdo, pois ao adquirir
informações das plantas, faz com que este tenha maior interesse e cuidado (RODRIGUES,
2017).
Considerando o exposto acima, o objetivo desta pesquisa foi criar um site para
armazenar as informações de espécies botânicas e verificar a eficiência do uso do QR
Code como ferramenta de divulgação científica, com ênfase em informações botânicas do
Parque da Pedra da Cebola, Vitória-ES. É importante ressaltar que os parques ecológicos
são, costumeiramente, espaços abertos para visitação sem que seja necessária uma
intenção prévia de estudo e pesquisa por parte dos frequentadores. Porém, a quantidade de
informações que poderiam ser transmitidas é, sem dúvida, extensa e pouco explorada. Em
termos práticos, esse trabalho visou oferecer aos visitantes um aumento de conhecimento
sobre as espécies botânicas ali presentes, tornando a visita mais agradável, divertida e
educativa.
2 | METODOLOGIA
2.1 Área de estudo e participantes da pesquisa
O local escolhido para ser realizada a pesquisa foi o Parque Pedra da Cebola (mapa
01), localizado no município de Vitória/ES, entre os bairros Jardim da Penha e Mata da
Praia, em frente a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), no segundo semestre
de 2019.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
47
Mapa 1 – Imagem de satélite do Parque Pedra da Cebola (limites indicados pela linha vermelha).
Fonte: Google Maps (2019).
Segundo a Prefeitura de Vitória (2019), o local onde o parque foi fundado,
em novembro de 1997, era uma pedreira da mineradora Vale, chamada “Pedreira de
Goiabeiras”. A região é considerada a primeira área recuperada de atividades provenientes
de mineração do município. O parque recebeu esse nome devido a uma grande formação
rochosa, ter o aspecto visual de uma cebola, localizada na parte mais alta e central do
parque, o que foi provocado pelo processo geológico erosivo de desgaste rochoso.
O parque tem cerca de 100.000m², com espécies da Mata Atlântica e de Restinga,
além de espécies nativas do local e variedades de animais, como aves e répteis. Possui
também um campo de futebol e, ao seu lado, uma área ampla onde ocorrem vários eventos
esportivos, sociais, culturais, entre outros. Logo, os visitantes do parque o procuram para
descansar, passear, praticar esporte, participar de eventos, conhecer o parque ou até
mesmo para realização de pesquisas (PREFEITURA DE VITÓRIA, 2019).
Dessa forma, os participantes da pesquisa são os próprios visitantes que se mostram
interessados em saber curiosidades de algumas espécies de plantas existentes no parque.
Nesse sentido, não houve quaisquer critérios de exclusão, seja por identidade de gênero,
raça, religião, idade e classe social. Não foi necessário conhecimento na área de botânica,
porém, foi preciso ter conhecimento prévio em como usar um “smartphone”, aplicativos e
acesso à internet, além de ter um aparelho com essas funções.
2.2 Procedimentos e implementação
A primeira etapa da pesquisa de campo foi a escolha e identificação das espécies
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
48
botânicas utilizadas na pesquisa. Os critérios de escolha das espécies foram (1) a
proximidade da área de maior circulação de visitantes (quanto mais próximo, melhor), (2)
a ocorrência em trilhas mais utilizadas do parque e (3) plantas utilizadas pelo setor de
Educação Ambiental em rotas educativas. Assim, foram escolhidas 18 espécies de plantas,
que foram utilizadas para divulgar suas informações, como mostra a tabela 01.
Nome popular
Nome Científico
Albizia
Albizia julibrissin
Algodoeiro
Hibiscus tiliaceus
Árvore do Viajante
Ravenala madagascariensis
Bougainville
Bougainvillea spectabilis
Candelabro
Euphorbia ingens
Chapéu de Napoleão
Thevetia peruviana
Espirradeira
Nerium oleander
Fícus
Ficus macrophylla
Ipê de Jardim
Tecoma stans
Hibisco-colibri
Euphorbia trigona
Palmeira Imperial
Roystonea oleracea
Pândano
Pandanus utilis
Pata de elefante
Beucarnea recurvata
Pata de vaca
Bauhinia variegata var. variegata
Pau Brasil
Paubrasilia echinata
Planta Prata
Leucophyllum frutescens
Rosa do deserto
Adenium obesum
Urucum
Bixa orellana
Tabela 01 – Espécies do parque escolhidas para a pesquisa.
Fonte: Elaboração própria (2019).
O próximo passo foi a criação do site na “Wix”, uma plataforma “online” gratuita de
criação e edição de site, para armazenar os dados técnicos das espécies. As informações
foram dispostas em dois formatos: (1) vídeo, no qual os dados foram expostos de forma
mais simplificada e de fácil entendimento, (2) e texto, que continha informações com termos
mais técnicos e/ou científicos.
Também na plataforma Wix foi disponibilizado o questionário, que inicialmente
pede ao participante informações pessoais, como: faixa etária (0-20, 21-40, 41-60, 6180 e 81-100), grau de escolaridade (Ensino Fundamental Completo, Ensino Fundamental
Incompleto, Ensino Médio Completo, Ensino Médio Incompleto, Ensino Superior Completo
e Ensino Superior Incompleto). Posteriormente são feitas as seguintes afirmações:
1 - O QR-Code deixou o passeio pelo parque mais interessante.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
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2 - Aprendi mais sobre as plantas do parque usando o QR-Code.
3 - Só tive acesso às informações botânicas através do QR-Code.
4 - As informações contidas no(s) vídeo(s) foram de fácil entendimento.
5 - As informações contidas na(s) ficha(s) técnica(s) foram de fácil entendimento.
Para cada afirmação, o participante foi convidado a responder qual das opções abaixo
se aplica à percepção dele, sendo: (1) discordo plenamente, (2) discordo parcialmente, (3)
indiferente, (4) concordo parcialmente e (5) concordo plenamente. Por fim foi perguntado ao
participante se ele só assistiu aos vídeos ou só leu as informações contidas na(s) ficha(s)
técnica(s) ou assistiu os vídeos e leu as informações contidas na(s) ficha(s) técnica(s).
O participante ainda poderia preencher uma caixa de texto, caso quisesse deixar algum
comentário.
Para acessar o site foi necessário (1) internet “wi-fi” ou por dados móveis e (2)
um “smartphone” ou “tablet”. Caso o sistema operacional do dispositivo seja “android”, é
necessário que o participante da pesquisa faça o download de um aplicativo leitor de QR
Code. Em IOS, a própria câmera já faz a leitura. Vale ressaltar que o parque disponibiliza
rede de internet “wi-fi” gratuita, mas para acessar é necessário fazer um cadastro no
navegador.
Posteriormente, foram feitas placas de identificação (imagem 01) das espécies
contendo o nome popular, nome científico, logomarca do Centro Universitário Salesiano,
logomarca do projeto e dois QR Codes: um que abre as informações das espécies e outro
para a pessoa responder ao questionário.
Imagem 01 – Placa de identificação de uma das espécies escolhidas.
Fonte: Elaboração própria (2019).
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As placas foram impressas nas dimensões 27,5x20 cm e plastificadas, para preservar
a impressão contra eventos climáticos. Elas foram fixadas em um suporte, composto por
uma placa de madeira com dimensões 28 x 21 cm e com haste de 1,20m de altura com
3 cm de comprimento e 3 cm de largura. Para a instalação dos suportes, foi necessário
a ajuda de um profissional. Para tanto, foram disponibilizados jardineiros da Prefeitura
Municipal de Vitória para que a instalação fosse feita de maneira correta.
A coleta de dados dos participantes da pesquisa foi feita em duas etapas: A primeira
consistiu apenas de observação da pesquisadora, durante duas semanas, a fim de verificar
se as placas e os QR Codes nelas inseridas despertariam o interesse ou a curiosidade
dos visitantes que por elas passassem, sem nenhuma interferência ou nenhum tipo de
incentivo.
Já na segunda etapa foi feita a divulgação do projeto, durante 3 semanas, quando
houve apresentação do QR Code através de uma abordagem aos visitantes de forma nãoinvasiva e incentivadora com três perguntas: 1) se o visitante havia reparado em algumas
placas com QR Code espalhadas pelo parque; 2) se fizeram a leitura do QR Code e 3)
qual a frequência de visita dele no parque. Uma vez tendo respondido às perguntas, davase início a explicação do projeto. Dependendo do interesse e das respostas, o visitante
era convidado a participar do questionário. Porém, vale salientar que os participantes da
pesquisa poderiam também responder o questionário sem nenhuma abordagem, ou seja,
de forma espontânea.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A publicação do site resultou no armazenamento de informações de 18 espécies,
que ficou organizado da seguinte maneira:
1 - Página principal: denominada de “início” (imagem 02), contendo informações
sobre o projeto, atalhos para acessar as páginas das espécies, horário de
funcionamento do parque e “entre em contato” (nome, e-mail, assunto, mensagem).
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Imagem 02 – Parte superior da página principal do site.
Fonte: Elaboração própria (2019).
2 – Pesquisa: página que contém as perguntas do questionário.
3 - Páginas das espécies: denominada de “plantas”, contendo informações das 18
espécies. Na aba de cada espécie, são disponibilizados título, o nome popular e o
nome científico; logo abaixo há o vídeo de 1 minuto (aproximadamente), contendo
as informações gerais da planta; após, um “link” para abrir o questionário, seguido
do texto da ficha técnica com as seguintes informações: nome científico, família,
gênero, características morfológicas, informações ecológicas, distribuição geográfica
e utilidades. Por fim, o site apresenta a localização; bancos de imagens usadas nos
vídeos com os devidos créditos; as referências e, no final, um atalho para abrir as
informações das outras espécies.
Para criar um “website” com fins educativos é necessário, sempre, pensar no
usuário, ou seja, na praticidade do site para que seja despertado no usuário o interesse
pelo conteúdo. Nesse contexto, a navegação e o conteúdo disponibilizado são os dois
critérios mais importantes, que precisam ser trabalhados de forma fácil, rápida e objetiva
(LINS; MARIN, 2011).
Por isso, o site foi criado com base nos critérios supracitados, para que o visitante
pudesse ter facilidade em acessar as informações e entendê-las. “Justifica-se assim a
adoção desta tecnologia para facilitar o ensino e a disseminação das informações” (LINS;
MARIN, 2011, p. 113).
Com o site pronto e as placas de identificação já instaladas, foram feitas observações
para verificar a efetividade das placas no despertar do interesse e da curiosidade nos
visitantes do parque sobre as informações das plantas. Primeiramente, foi observado que
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Capítulo 4
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a maior parte dos usuários leem a placa e veem a planta, mas não usam o QR Code, muito
menos respondem ao questionário. Porém, uma pequena parte dos usuários, além de ler e
interagir com a planta, fazem a leitura do QR Code para verificar mais informações. Dentro
dessa minoria, poucos responderam o questionário. Há possibilidade desses usuários não
saberem como fazer a leitura, pois é necessário baixar um aplicativo de leitor de QR Code
no smartphone, se o sistema operacional for “android”. Porém, uma vez baixado, basta
fazer a leitura usando a câmera que os dados decodificados aparecem na tela (WAVE,
2019).
Yabe, citado por Fernandes, Souza e Corrêa (2013, s/p), salienta que para a
expansão do uso do QR Code é necessário lidar com algumas dificuldades referentes
à própria assimilação da utilização do código. Primeiro, levanta-se a necessidade de um
período de adaptação e ajustes da tecnologia à cultura social em que ela será inserida, ou
seja, existe um intervalo entre o início da utilização da tecnologia e a sua aceitação pelo
público.
No segundo momento, depois da observação, foi feita a divulgação do projeto como
forma de direcionar os visitantes a responder o questionário, a fim de divulgar informações
mais apuradas sobre o uso do QR Code, abordando-os com as três perguntas iniciais.
Foi constatado nas respostas que a maioria dos visitantes havia reparado nas placas de
identificação com o QR Code, mas não fizeram a leitura. Porém, depois da divulgação
do projeto, houve maior interesse e participação dos visitantes, que passaram também a
responder o questionário.
Dessa forma 59 respondentes preencheram o questionário, sendo que não houve
participação de pessoas com faixa etária entre 81 e 100 anos (gráfico 1).
Gráfico 01 – Faixa etária dos visitantes que responderam ao questionário.
Fonte: Elaboração própria (2019).
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Em primeira análise, foi observado que a maior parte dos interessados, no quesito
faixa etária, foi de pessoas com idades entre 21 e 40. Podemos associar isso ao fato de
que essas pessoas são mais interessadas em tecnologias contemporâneas e possuem
maior adesão a formas não convencionais de transmissão de informação. Atrelada a isso,
temos o fator translocação, em que pode-se assumir que pessoas acima dessa faixa etária
possuem menor disponibilidade e/ou interesse em fazer grandes passeios, e que abaixo
dessa idade é necessário, em várias ocasiões, o acompanhamento de pessoas mais velhas.
Os dados encontrados na presente pesquisa são corroborados pelo estudo sobre
“percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil” realizado pelo Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE), em 2015. Eles comparam a faixa etária com o interesse do
entrevistado em ciência e tecnologia, revelando que participantes entre 16 a 54 anos são
interessados e/ou muito interessados por ciência e tecnologia. Já na faixa etária de 55 anos
ou mais, o percentual de muito interessado e/ou interessado é similar comparado com o
pouco interessado e nada interessado, como mostra no gráfico 02 abaixo.
Gráfico 02 – Percentual de entrevistados segundo o interesse declarado em ciência e tecnologia, por
faixa etária.
Fonte: CGEE (2015).
Já na questão de escolaridade (gráfico 03), foi observado que a maior parte dos
participantes possuíam um nível alto de escolaridade, principalmente com ensino superior
completo. Provavelmente isso se deve ao fato dessa pesquisa ter cunho científico, com
termos apropriados e complexos, além do fato dessas pessoas terem maior consciência
da importância de pesquisas científicas. Nota-se pouca participação dos outros níveis de
escolaridade.
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Gráfico 03 – Nível de escolaridade dos visitantes que responderam o questionário.
Fonte: Elaboração própria (2019).
No mesmo estudo, o CGEE (2015) também analisou o nível de escolaridade
quanto ao interesse em ciência e tecnologia. O gráfico 04 indica que entre os participantes
que possuem ensino superior completo, 51% são muito interessados e apenas 2% não
possuem nenhum interesse em ciência e tecnologia. Já nos outros níveis de escolaridade
vai decaindo o nível de interesse.
Gráfico 04 – Percentual de entrevistados segundo o interesse declarado em ciência e tecnologia, por
escolaridade.
Fonte: adaptado CGEE (2015).
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Em uma análise mais profunda, fazendo uma conexão entre as variáveis quantitativas
pesquisadas sobre os respondentes, observa-se que dentre os participantes com Ensino
Superior Completo (maioria dos que responderam ao questionário), a maior parte possui
entre 21 e 40 anos, o que também corresponde ao maior grupo no quesito “faixa etária”.
Em uma breve análise, uma das hipóteses que se pode levantar é de que aqueles
mais ligados atualmente em trabalhos científicos por métodos não-ortodoxos, são também
aqueles que estão em idade condizente com a faixa mais ativa da sociedade atual,
inclusive academicamente, pois percebemos que grande parte dos que estão nessa faixa
possui Ensino Superior, completo ou não. Isso retrata a realidade de parte da sociedade
em que vivemos, para qual o estudo e à formação, seja para fins de conhecimento, de
inclusão no mercado de trabalho ou por puro hobby, obriga, ainda que indiretamente, os
jovens e adultos a se manterem atualizados sobre como as novas tecnologias podem ser
trabalhadas para os mais diversos fins (SILVA, 2011).
Em outra perspectiva, aqueles correspondentes a faixa entre 41 e 60 anos, o
segundo grupo com mais participação na amostragem, também possuem um nível de
escolaridade compatível com o grupo anterior, em que mais de 65% possuem ensino
médio ou superior completos. Apesar de já serem pessoas com uma vivência maior, que
em sua juventude conviveram com tecnologias diferentes, ou até mesmo a ausência de
tecnologias eletrônicas, o nível de escolaridade é diretamente relacionável ao interesse em
se atualizarem sobre as novas tecnologias e suas aplicações, principalmente em trabalhos
de cunho científico (RAPOSO; GÜNTHER, 2008).
Por outro lado, o perfil dos participantes da faixa etária 0 a 20 anos é bem variado,
pois abrange, em sua maioria, estudantes de todos os níveis, ingressantes no mercado
de trabalho e que já convivem com tecnologia desde muito jovens (PAIVA; COSTA, 2015).
A segunda parte do questionário envolvia afirmações em relação do QR Code
utilizado na pesquisa. A princípio, foi avaliada se a tecnologia proporcionava aos visitantes
um diferencial na sua visita ao parque, sem levar em consideração as informações nela
contida. Em significativa margem, o nível de satisfação do uso da tecnologia foi positivo,
havendo apenas uma pontuação em discordância (gráfico 05).
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Capítulo 4
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Gráfico 05 – Primeira pergunta do questionário.
Fonte: Elaboração própria (2019).
Oliveira (2017) indica que uma das vantagens de usar o QR Code em ambientes
como praça e também no ensino e aprendizagem, é proporcionar ao visitante uma
aproximação com as plantas, além da obtenção de informações sobre essas espécies.
Também foi disponibilizado aos participantes um espaço para críticas, sugestões e/
ou reclamações (com participação não obrigatória). Da amostragem total, pouco menos
de 50% contribuíram com observações. Em suma, foram feitas críticas positivas, como
“Muito bom, tecnologia favorecendo os visitantes do parque” (RESPONDENTE 01, 2019).
Em contrapartida, o respondente 02 (2019) afirmou “[...] O QR Code possibilita que apenas
quem tem celular aprenda sobre as plantas! É um passeio que visa o contato com a
natureza se transforma, em novamente, enfiar a cara no celular”.
De fato, utilizar o celular é a única forma de acessar as informações das espécies
contidas no QR Code e, por tabela, acaba selecionando o público participante. Por outro
lado, emprega o uso da tecnologia a favor do conhecimento científico, fazendo com que
desperte o interesse e o “cuidado com o patrimônio arbóreo da cidade, uma vez que é
disponibilizada a informação referente às árvores de forma digital, atual e didática”
(RODRIGUES, 2017, s/p). Nesse cenário o respondente 03 (2019) salienta que é “muito
bom o uso de uma ferramenta relativamente nova para a inserção de novas metodologias
de ensino e aprendizado”.
Outro ponto que seleciona o público para obtenção das informações é a necessidade
de usar a internet, embora complemente a experiência do QR CODE, acaba deixando sem
informação aqueles usuários que por ventura não tenham acesso à rede. Em contrapartida,
Silveira e Sandrini (2014, p. 116) dizem que “a internet tem sido um ambiente propício para
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Capítulo 4
57
a multiplicação de iniciativas de divulgação científica”.
Outra parte do questionário tinha como intuito investigar os conhecimentos adquiridos
pelos participantes por meio do QR Code (gráfico 06), levando em consideração possível
conhecimento prévio e influência do trabalho de apresentação que o setor de Educação
Ambiental realiza no parque sobre o mesmo assunto. A aceitação foi igualmente ampla e foi
observado que as informações contidas tanto em vídeo quanto na ficha técnica agregaram
conhecimento aos visitantes, que em grande maioria dos casos, não possuíam muito
conhecimento sobre as plantas. Um maior número de participantes também confirmou que
tiveram acesso àquelas informações exclusivamente pelo QR Code.
Gráfico 06 – Medição do conhecimento adquirido através do QR Code.
Fonte: Elaboração própria (2019).
O QR Code aplicado a educação mostra-se como uma tecnologia simples e, quando
usada corretamente, pode ser utilizada de diversas formas, trazendo, diversos benefícios,
desde o acesso às informações, interações sociais e uso do “smartphone” como forma de
produzir e transmitir conhecimento. E quando aplicado ao ambiente natural, proporciona
aos indivíduos uma percepção e conexão com a natureza, principalmente o incentivo de
usar a tecnologia para este fim (COLMAN, 2019).
Moura e colaboradores (2019) mostraram que há uma percepção maior das plantas
por parte dos indivíduos que passavam pelo local, pois o QR Code despertava interesse para
saber quais as informações contidas nele. E complementam que o uso de tal tecnologia,
associada à ciência, une os conhecimentos científicos com os saberes populares. Isso vai
de encontro à afirmação do respondente 04 (2019), que comentou: “assistimos os vídeos e
achei muito importante a abordagem e o conhecimento sobre as plantas”.
As últimas afirmações do questionário eram sobre as informações técnicas (gráfico
07), em relação ao linguajar, termos e peculiaridades, tanto dos vídeos quanto das fichas
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Capítulo 4
58
técnicas de cada uma das plantas. Ou seja, dizem respeito ao uso da Divulgação Científica
propriamente dita, pois o QR Code divulgou informações elaboradas e transformadas para
uma linguagem mais acessível, ou seja, aquele que tem acesso à informação precisa
entender o que está sendo transmitido (PASQUALI apud MASSARANI, 1998).
A análise do gráfico 07 indica que houve um padrão de satisfação, nas informações
contidas no site. Em sua maioria, os respondentes consideraram excelentes as informações
transmitidas por vídeo e texto, a nível de terminologia, entretenimento e conhecimento bruto.
Salvo uma análise negativa, todas as outras apontaram que os termos eram apropriados
para todas as idades alvo, níveis de instrução e mesmo aqueles sem nível de instrução
formal.
Gráfico 07 – Nível de entendimento das informações contidas no QR Code.
Fonte: Elaboração própria (2019).
Também foram analisados alguns comentários feitos a respeito da compreensão
das informações. O respondente 05 (2019) escreveu “muito explicativo”. Já o respondente
06 (2019) afirmou que existem “informações superinteressantes e linguagem de fácil
compreensão. Excelente trabalho!!!”.
Porém, o respondente 07 (2019) comentou: “Parabenizo pelo trabalho. Considero
que a linguagem do vídeo é bastante especializada. Para o público visitante talvez seja
mais útil e interessante o uso de termos e de informações mais acessíveis”. É importante
ressaltar que alguns termos científicos se fazem necessários, pois dependendo da forma
simplificada da tradução, pode haver equívocos na exatidão da informação a ser transmitida
(BUENO, 2010).
Promover a divulgação científica sem cair no reducionismo e banalização
dos conteúdos científicos e tecnológicos, propiciando uma cultura científica
que capacite os cidadãos a discursarem livremente sobre ciências, com o
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
59
mínimo de noção sobre os processos e implicações da ciência no cotidiano
das pessoas, certamente é um desafio e uma atitude de responsabilidade
social (JACOBUCCI, 2008).
Também foi questionado aos respondentes qual das fontes de informações
disponibilizadas no site, acessível pelo QR Code, os mesmos utilizaram (gráfico 08). Muitos
deles assistiram a ambos (vídeos e as fichas técnicas), outros apenas leram as fichas
técnicas e poucos assistiram somente aos vídeos.
Gráfico 08 – Fonte das informações acessadas pelos respondentes.
Fonte: Elaboração própria (2019).
Em um primeiro momento, esses dados foram um pouco conflitantes com as
expectativas em relação ao resultado deste questionário, pois era esperado que, pela
facilidade de linguagem e apelo visual mais chamativo, os vídeos fossem mais vistos do
que os textos. Provavelmente isso ocorreu porque o vídeo necessita de mais dados móveis
para ser acessado, assim como consome mais do “wi-fi” disponibilizado pelo parque. Muitos
visitantes afirmaram que a velocidade da internet, nos dias mais movimentados do parque
era reduzida, não sendo suficiente para carregar os vídeos, e que em muitas vezes só o
texto carregava por completo. Como alguns visitantes desejavam seguir com seu passeio,
não queriam demandar tanto tempo aguardando que o vídeo carregasse. Essa informação
foi coletada em diferentes dias e com participantes distintos.
Outro ponto que deve ser levado em consideração quando se faz um trabalho em
espaços abertos, ou seja, com acesso a um grande número de pessoas, é o vandalismo.
Encontramos várias placas de identificação viradas e algumas sujas. Em diversos estudos,
verificamos a presença do vandalismo em parques urbanos, seja por falta de cuidado e/ou
segurança no local. Aliprandi (2010, p. 22) justifica dizendo que “as pessoas em geral não
têm muito cuidado com aquilo com que não se identificam”.
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Capítulo 4
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4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tecnologia QR Code associada aos conhecimentos botânicos proporcionou ao
usuário uma aproximação com a natureza ao seu redor, fazendo com que ele tenha uma
maior percepção e valorização sobre as espécies botânicas do parque. Comumente em
parques e museus, as informações estão dispostas em grandes placas informativas ou
através de guias. Assim, o QR Code como ferramenta de divulgação científica se mostra
uma boa alternativa não só para comunicar aos visitantes informações relevantes sobre as
plantas, mas também para integrar novas mídias à experiência dos visitantes.
Os resultados demonstram que o QR Code é uma via de comunicação que pode
contribuir com a divulgação científica envolvendo mídias e linguagens diferentes dos
métodos tradicionais, como placas informativas e guias. Entretanto, exige do público um
conhecimento prévio do uso desta tecnologia e acesso à internet.
A partir disso, verificou-se que os visitantes, por livre e espontânea vontade,
observam as placas de identificação e veem a planta, mas muitos não fazem a leitura do
QR Code, o que pode ser provocado pela falta de conhecimento sobre o funcionamento
dessa tecnologia. Por isso, usar QR Code como forma espontânea de divulgar informações
botânicas não foi tão eficaz, pois os visitantes do Parque Pedra da Cebola precisaram de
mais estímulos para poder acessar o QR Code, o que foi observado logo após a divulgação
do projeto. Porém, uma vez estimulada há uma participação e interesse em saber mais
informações das espécies.
Diante dessas conclusões, sugere-se que seja feita mais divulgação e incentivo à
ciência e à tecnologia em ambientes propícios, como o Parque da Pedra da Cebola. Por
fim, caso o parque deseje colocar o QR Code como atrativo, deve-se investir em melhorias
na qualidade e velocidade da internet. Dessa forma, pessoas que não tenham acesso à
internet pelos dados móveis podem acessar as informações botânicas com mais facilidade,
principalmente em dias mais movimentados do parque.
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VALÉRIO, Marcelo; BAZZO, Walter Antonio. O papel da divulgação científica em nossa sociedade
de risco. Revista Iberoamericana de Ciência, Tecnologia, Sociedad e Innovaciónn, v. 7, n. 2,
p.1-10, dez. 2006. Disponível em: <https://www.oei.es/historico/revistactsi/numero7/articulo02b.htm>.
Acesso em: 09 nov. 2019.
WAVE, Denso. História do QR Code. Disponível em: <https://www.qrcode.com/history/>. Acesso em:
07 nov. 2019.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 4
63
CAPÍTULO 5
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA REGENERAÇÃO
NATURAL DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA ARBÓREA NA
PONTE PRETA, REPRESA DE ALAGADOS (FASE 1)
Data de aceite: 01/07/2021
Mateus Alexandre
Participante/Bolsista PROEX; UEPG;
Licenciatura em Ciências Biológicas
Elisana Milan
Participante/Supervisora; Bióloga; Consultora
Florestal
Rosemeri S. Moro
Participante/Supervisora; Pesquisadora Sênior,
PPG em Geografia; UEPG
88 indivíduos determinados em 24 espécies
pertencentes a 14 famílias botânicas. As espécies
mais presentes no estrato de regeneração
natural foram Amphilophium crucigerum (pentede-macaco), Myrcia hebepetala (aperta-goela),
Allophylus edulis (vacum) e Ocotea puberula
(canela-guaicá). Estas espécies podem ser
empregadas na restauração da floresta ripária,
bem como complementar os dados sobre o
Parna dos Campos Gerais, sendo utilizadas no
planejamento de uso desta UC.
PALAVRAS-CHAVE: Conservação da Natureza.
Paisagem Ripária. Ambiente e Sociedade.
Melissa Koch F. S. Nogueira
Participante/Supervisora; UEPG/DEBIO
RESUMO: O projeto Herbário da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (HUPG): instrumento
de ensino, pesquisa e extensão, buscou
elucidar a composição de espécies envolvidas
na regeneração natural da floresta da margem
direita do rio Pitangui represado em Alagados,
no município de Ponta Grossa. Visto a
inexistência destes dados e a importância do
rio como manancial de abastecimento de água
de Ponta Grossa/PR, buscou-se formar base
de dados para futuras ações de conservação e
recuperação de ambientes ripários, bem como
para o plano de manejo do Parque Nacional
(Parna) dos Campos Gerais. Nove parcelas
amostrais de 4m2 foram alocadas de forma
paralela ao leito do rio, totalizando 36m2. Foram
coletados e determinados todos os indivíduos
com altura inferior à 30 cm e Diâmetro à Altura da
Base ≤ 5cm. Até o momento foram amostrados
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
ABSTRACT: The Herbarium project of the
State University of Ponta Grossa (HUPG): an
instrument for teaching, research and extension,
sought to elucidate the composition of species
involved in the natural regeneration of the forest
on the right bank of the Pitangui river dammed
in Alagados, in the municipality of Ponta Grossa.
Given the inexistence of these data and the
importance of the river as a source of water
supply in Ponta Grossa / PR, an attempt was
made to form a database for future conservation
and recovery actions in riparian environments, as
well as for the National Park management plan
(Parna) of Campos Gerais. Nine 4m2 sample
plots were allocated parallel to the riverbed,
totaling 36m2. All individuals with a height of less
than 30 cm and a diameter at the base height of ≤
5 cm were collected and determined. To date, 88
individuals have been sampled from 24 species
belonging to 14 botanical families. The species
most present in the natural regeneration stratum
were Amphilophium crucigerum (monkey comb),
Capítulo 5
64
Myrcia hebepetala (squeeze), Allophylus edulis (vacum) and Ocotea puberula (cinnamonguaicá). These species can be used in the restoration of the riparian forest, as well as
complement the data on Parna dos Campos Gerais, being used in planning the use of this
UC.
KEYWORDS: Nature Conservation. Riparian landscape. Environment and Society.
NOME DO PROJETO
Herbário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HUPG): instrumento de
ensino, pesquisa e extensão.
PÚBLICO-ALVO
As ações extensionistas desse projeto de extensão são destinadas a população do
Município de Ponta Grossa/PR.
MUNICÍPIOS ATINGIDOS
Ponta Grossa no estado do Paraná é o município atingido através das ações
extensionistas de parte desse projeto de extensão.
LOCAL DE EXECUÇÃO
As ações extensionistas desse projeto de extensão foram realizadas no Município de
Ponta Grossa/PR na região da Represa de Alagados (rio Pitangui) e também no Herbário
(HUPG) da UEPG.
JUSTIFICATIVA
Inexistência de dados a respeito da regeneração natural da floresta ripária (Área de
Proteção Permanente – APP) que compõe a região da Represa de Alagados (rio Pitangui).
No local ocorre a captação de 38% da água de abastecimento do município de Ponta
Grossa e dados de regeneração arbórea permitem avaliar a qualidade da proteção do
manancial. Outro fator relevante é estar a área inserida no do Parque Nacional dos Campos
Gerais, uma Unidade de Conservação Federal de proteção integral, criada em 2006 e sem
Plano de Manejo. Assim, de suma importância a produção de conhecimento acerca da
Unidade de Conservação e sua divulgação.
OBJETIVOS
Levantar a composição florística da regeneração natural da floresta ripária que
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 5
65
compõe parte da Represa de Alagados no rio Pitangui, em Ponta Grossa/PR.
Complementar uma lista de espécies da regeneração natural da floresta ripária do
rio Pitangui, como subsídios para ações de conservação e restauração do ambiente ripário.
Fornecer base de dados florísticos da área estudada para futuros documentos
oficiais do Parque Nacional dos Campos Gerais, como zoneamento de seu Plano de
Manejo, subsidiando seu planejamento e gestão.
Gerar informações sobre a vegetação ripária do rio Pitangui, visando uma gestão
adequada de suas áreas de preservação permanente pelos órgãos competentes e
promovendo o fortalecimento de ações de conservação e manutenção dos recursos
naturais locais.
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos foram divididos em quatro fases:
Fase 1: mediante o recorte espacial do trabalho, foi selecionado o local de coleta,
entre as coordenadas geográficas 60°20’60’’S; 72°32’65’’W (Figura 1), no município de
Ponta Grossa, a aproximadamente 943 m.s.n.m de altitude, na margem direita do rio
Pitangui na Represa de Alagados. Seleção por fotointerpretação supervisionada em
imagens SPOT 5, cedidas pelo governo de Estado do Paraná.
Figura 1 - Localização da área de estudo no entorno da Ponte Preta, rio Pitangui, Ponta Grossa, PR.
Fonte: os autores.
Fase 2: verificação in loco da existência de regeneração natural da floresta ripária
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 5
66
no local e realização de pré-testes. Como a área de estudo está compreendida no Parque
Nacional dos Campos Gerais, obtenção da autorização para a pesquisa em Unidades de
Conservação Federal.
Fase 3: alocadas nove parcelas disjuntas e paralelas ao curso do rio, em três linhas
de três parcelas cada, medindo 2x2 m (4 m2), totalizando 36 m2 (Figura 2). Em cada parcela
foram amostrados todos os indivíduos com Diâmetro à Altura da Base (DAB) ≤ 5 cm e altura
até 30 cm (LAMPRECHT, 1990), medidos com paquímetro. As amostras foram herborizadas
no Herbário HUPG, seguindo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012) e
determinadas por comparação com o acervo do Herbário, com a literatura especializada
e consulta à especialistas na área botânica. Os nomes científicos das espécies seguiram
o enquadramento do APG IV (2016), com revisão nomenclatural na base de dados do site
The Plant List® do Kew Gardens.
Fase 4: levantamento bibliográfico sobre a área de estudo, visando a contextualização
da mesma com seu entorno e com a realidade regional, visto que se localiza em APP e UC
federal de proteção integral.
Figura 2 – Croqui da disposição das parcelas amostrais na área de estudo Ponte Preta (Represa de
Alagados), rio Pitangui, PR.
Fonte: os autores.
RESULTADOS
A área de estudo localiza-se no Primeiro Planalto Paranaense (PPP), composto pela
unidade litológica Complexo Granítico Cunhaporanga (MELO; GUIMARÃES; SANTANA,
2010), com relevo ondulado, em ambiente de regime hídrico não saturado e composto pelo
solo do tipo LATOSSOLO VERMELHO (NOGUEIRA, 2018). Trata-se de um ambiente de
transição (região ecotonal) entre o Primeiro e o Segundo Planalto Paranaense, na Escarpa
Devoniana. Esses são os principais fatores ambientais determinantes da regeneração
natural, além do processo de represamento artificial do rio Pitangui no Reservatório de
Alagados e de fontes vizinhas de propágulos.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 5
67
Como resultados parciais, foram amostrados 88 indivíduos de 24 espécies,
pertencentes a 14 famílias botânicas (Tabela 1). As espécies mais presentes no estrato de
regeneração natural foram Amphilophium crucigerum com 31 indivíduos, seguido de Myrcia
hebepetala com 6, Allophylus edulis e Ocotea puberula com 5 cada. As demais espécies
apresentaram de quatro até um indivíduo.
FAMÍLIA
Bignoniaceae
Celastraceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Lauraceae
Malvaceae
Monimiaceae
Myrtaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Sapindaceae
GÊNERO/ESPÉCIE
Amphilophium crucigerum (L.) L. G. Lohmann
NOME COMUM
Pente-de--macaco
Maytenus evonymoides Reissek
Papagaio
Bernardia pulchella (Baill.). Mull.
Canela-de-virá
Sebastiania commersoniana (Baill.)L. B. S. & Downs
Branquilho
Lonchocarpus subglaucescens Benth.
Espinho-de-lontra
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Canela-guaicá
Nectandra angustifolia (Schrad.) Nees & Mart.
Canela
Cryptocarya aschersoniana Mez
Canela-fogo
Pavonia sepium A. St.- Hill
Rosa-do-mato
Mollinedia uleana Perkins
Capixim
Mollinedia clavigera Tul.
Capixim
Myrciaria delicatula (DC.) O. Berg
Cambuízinho
Myrcia multiflora (Lam.) DC
Guamirirm
Myrcia hebepetala DC.
Aperta-goela
Myrcia hatschbachii D. Legrand
Caingá
Rudgea jasminoides (Cham.) Mull
Jasmim-do-mato
Coussarea contracta (Walp.) Benth. & Hook
Jasmim
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Juvevê
Allophylus edulis Radlk.
Vacum
Matayba elaeagnoides Radlk.
Miguel-pintado
Casearia sp.
Guaçatunga
Styracaceae
Styrax leprosus Hook. & Arn
Carne-de-vaca
Thymellacaceae
Daphnopsis sellowiana Taub.
Embira
Salicaceae
Tabela 1 – Composição da regeneração natural da floresta ripária que compõem a região da Represa
de Alagados/PR (rio Pitangui).
Fonte: os autores.
As famílias botânicas com maior número de espécies foram Myrtaceae (4), seguida
de Lauraceae (3), sendo que Bignoniaceae, Euphorbiaceae, Monimiaceae, Rubiaceae
e Sapindaceae apresentaram duas espécies cada e as demais famílias apenas um
representante.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 5
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir até o momento que as espécies identificadas pertencem a
uma floresta secundária em estágio médio de regeneração, conforme os parâmetros
estabelecidos pela Resolução Conama 388/2007. Foi observado que as espécies são
comuns à locais mais conservados da bacia do Alagados (CARMO et al., 2010; MORO,
2011), indicando que a vegetação local tem plenas condições para regenerar e substituir as
espécies atuais na direção de uma floresta madura e saudável, desde que preservada de
impactos antrópicos. A lista de espécies gerada, bem como demais dados serão fornecidos
às instituições que realizarão o plano de manejo do Parna dos Campos Gerais e outras que
possivelmente realizem ações de restauração e conservação da floresta ripária em APP.
APOIO
PROEX/UEPG. Fundação Araucária.
REFERÊNCIAS
APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of
flowering plants: APG IV. Bot. J. Linn. Soc., v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016.
CARMO, M.B.; MORO, R.S.; NOGUEIRA, M.K.F.S.; KACZMARECH, R. A vegetação ripária ao longo
do Rio Pitangui. In: GEALH, A.M.; MELO, M.S.; MORO, R.S. (Orgs.). Pitangui, rio de contrastes: seus
lugares, seus peixes, sua gente. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2010. Cap. 6, p. 73-85. ISBN: 978-85-7798119-9.
CONAMA. Resolução no 2/94. Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio
e avançado de regeneração da Mata Atlântica no Estado do Paraná (regulamentação do artigo 6º do
Decreto 750/93). Convalidada pela Res. CONAMA no 388, de 23 de fevereiro de 2007.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 2.ed.
Rio de Janeiro, 2012. (Série Manuais Técnicos em Geociências).
LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos: ecossistemas florestais e respectivas espécies arbóreas –
possibilidades e métodos de aproveitamento sustentado. Curitiba: GTZ, 1990. 343p.
MELO, M.S.; GUIMARAES, G.B.; SANTANA, A.C. Fisiografia da bacia do rio Pitangui. In: GEALH, A.M.;
MELO, M.S.; MORO, R.S. (Orgs.). Pitangui, rio de contrastes: seus lugares, seus peixes, sua gente.
Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2010. Cap. 1, p. 11-21.
MORO, R.F. Regeneração natural da vegetação mesófila e higrófila em uma área ripária no Rio
Jotuba, Carambeí - PR. Ponta Grossa, 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Ciências Biológicas), Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG, Ponta Grossa, PR.
THE PLANT LIST®. Disponível em: <http://www.theplantlist.org/>. Acesso em: set 2020.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Capítulo 5
69
SOBRE OS ORGANIZADORES
VANESSA DA FONTOURA CUSTÓDIO MONTEIRO - Possui graduação em Ciências
Biológicas pelo Centro Universitário de Barra Mansa (2009), licenciatura plena em Ciências
Biológicas pela Universidade Vale do Rio Verde (2011), especialização em Avaliação de Flora
e Fauna em Estudos Ambientais (2011) pela Universidade Federal de Lavras, mestrado (2014)
e doutorado (2017) em Botânica Aplicada também pela Universidade Federal de Lavras.
Atualmente, faz parte do corpo docente do curso de Ciências Biológicas da Universidade do
Vale do Sapucaí (UNIVÁS) e atua como professora formadora no curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas EaD da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É membro
do corpo editorial da Atena Editora. Já ocupou o cargo temporário de docente na Universidade
Federal de Itajubá (UNIFEI). Ministrou aulas de Biologia no Cursinho Assistencial e Centro
de Inteligência e Cultura (CACIC). Foi bolsista de Apoio Técnico na Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) - Campo Experimental de Maria da Fé. Possui
experiência na área de Botânica, com ênfase em Ecofisiologia Vegetal, Ecologia e Educação
Ambiental. Tem interesse em pesquisas com foco em ecofisiologia de plantas e no ensino de
Botânica.
PEDRO HENRIQUE ABREU MOURA - Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal
de Lavras (UFLA). Mestre e Doutor em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição, onde
também realizou pós-doutorado na área de fruticultura. Desde 2015, atua como pesquisador
na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), lotado no Campo
Experimental de Maria da Fé. Desenvolve pesquisa e extensão nas áreas de Olivicultura e
Fruticultura. Participa na organização de eventos de transferência e difusão de tecnologias
para produtores, técnicos e estudantes, bem como ações de popularização da Ciência para
a comunidade em geral. É membro do corpo editorial da Atena Editora. Possui experiência
na área de Fruticultura, principalmente no manejo de oliveira e de outras frutíferas de clima
temperado.
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Sobre os organizadores
70
ÍNDICE REMISSIVO
A
Alcaloides 18, 21, 24, 25
Allophylus edulis 64, 65, 68
Alnus acuminata 30, 31, 42, 43, 44
Amphilophium crucigerum 64, 68
Anatomia vegetal 1, 13
B
Betulaceae 30, 42, 43, 44
Botânica 1, 13, 15, 16, 27, 45, 47, 48, 61, 62, 67, 70
C
Células epidérmicas 5, 18, 21, 22, 24, 25
Composição florística 64, 65
Compostos fenólicos 6, 13, 18, 21, 24, 25
Conservação da natureza 64
Cosecha 30, 31, 32, 33, 37, 40
Cristais de oxalato de cálcio 22
D
Desarrollo temprano 30, 34, 35, 39, 40, 42
Divulgação científica 45, 46, 47, 58, 59, 61, 62, 63
E
Educação ambiental 49, 58, 70
Estratificación 30, 31, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 41, 42
F
Floresta ripária 64, 65, 66, 68, 69
Folhas 2, 4, 8, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28
Formigas 2, 5, 7, 8, 10, 13, 14, 15
Fotoperíodo 31, 34, 36, 38
Funções ecofisiológicas 22
G
Germinación 30, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 40, 41, 42, 43, 44
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Índice Remissivo
71
Glândulas secretoras 2, 3, 5
H
Histoquímica 1, 4, 6, 8, 12, 18, 20, 26
I
Informações botânicas 45, 47, 50, 61
M
Morfoanatomia 1, 3, 18, 20
Myrcia hebepetala 64, 65, 68
N
Nectários extraflorais 3, 6, 10, 16
Nectários florais 1, 3, 5, 6, 8, 10, 12
O
Ocotea puberula 64, 65, 68
P
Parques ecológicos 47
Passifloraceae 1, 2, 3, 10, 14, 15, 16
Passiflora glandulosa 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 11, 12, 13, 15
Placas 45, 50, 51, 52, 53, 60, 61
Plano de manejo 64, 65, 66, 69
Plantas 3, 8, 10, 13, 14, 21, 22, 23, 27, 28, 29, 41, 45, 47, 48, 49, 50, 52, 57, 58, 59, 61,
62, 70
Potencial medicinal 18, 26
Q
QR Code 45, 46, 47, 50, 51, 53, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63
Quick Responsive Code 46
R
Regeneração natural 64, 65, 66, 67, 68, 69
S
Solanaceae 18, 19, 20, 21, 22, 26, 27, 29
Solanum melissarum 18, 19, 20, 23, 24, 26
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Índice Remissivo
72
T
Tecnologia 18, 45, 46, 47, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 61, 62, 63
Temperatura 30, 31, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 41
Tiempo poscosecha 31
Tricomas 2, 5, 8, 9, 10, 18, 22, 24, 25
Os percursos da botânica e suas descobertas 2
Índice Remissivo
73