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2013, Revista de Letras
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Este artigo trata da questão da relação entre história e literatura e terá como foco os dois capítulos finais do romance Memórias de Adriano, que apresentam e discutem a importância da história e da ficção na construção do romance. Paralelamente, são apresentadas de forma breve algumas posturas teóricas sobre a questão da ficção histórica.
Estudos Linguísticos e Literários
Partindo das discussões sobre literatura, memória e história, objetiva-se, neste estudo, analisar o romance distópico O conto da Aia, [1985] (2017), de Margareth Atwood, como um gênero literário capaz de retomar vestígios da memória. Sustenta-se aqui, a associação entre memória e distopia como algo que se fundamenta no argumento de que textos distópicos são formas de retomar a tradição, problematizando riscos sociais e políticos e ressignificando as questões decorrentes do campo da formação das identidades. Assim, propõe-se, neste estudo, tecer algumas reflexões sobre os rastros do passado realocados sob a forma de ficção e ambientados em um futuro pós-apocalíptico no romance, mobilizando o conceito antropológico de valência diferencial dos sexos e o conceito de memória para estabelecer alguns caminhos comparativos entre as personagens deste romance e alguns arquétipos bíblicos.
Acácio e Maria da Conceição Videira têm história semelhante à de outros portugueses que, na primeira metade do século XX, saíram de seu país natal para buscar nova vida nas colônias portuguesas em África e presenciaram a dissolução do sonho com as lutas de independência. Ao abrirem sua casa para uma equipe de filmagem e nos permitirem registrar o relato de suas vidas, os Videiras tornaram possível o empreendimento de um olhar estrangeiro para dentro de parte da história do colonialismo português em Angola, país no qual aportaram na década de 1940 e viveram durante 30 anos. Aqui nos interessava a experiência do casal sobre os fatos e a abertura para a descoberta de um tempo que não nos pertencia. Não se tratava de uma análise sistemática dos conflitos políticos para criar uma narrativa sobre a estada dos portugueses em Angola, embora essa questão estivesse latente; tampouco apresentar um discurso nostálgico sobre tempos irrecuperáveis. Pretendíamos nos aproximar da experiência das coisas, que se encarregaria de dizer, na intimidade da família Videira, os conflitos e contradições que resistiam ao tempo. É no relato pessoal deste casal que a memória tentava cumprir a impossível tarefa de recontar toda uma vida, desde Trás-os-Montes (região do Rio Douro, em Portugal), passando por Angola, e chegando a Contagem, Minas Gerais, onde até hoje Maria da Conceição reside.
Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade
Este artigo pretende, por um lado, analisar a Vida de Augusto na obra de Suetônio visando nela identificar elementos que nos permitam associá-la ao domínio da memória do Principado Romano no século II da Era Comum. Por outro lado, objetiva-se observar, a partir da mesma obra, os possíveis aspectos que podem estar relacionados mais precisamente ao governo do imperador romano Adriano.
Numisma: Estudos interdisciplinares sobre Numismática Antiga, 2024
Este capítulo trata de duas narrativas contrapostas: a tradição textual aristocrática, misógina e crítica dos imperadores, por um lado; e as moedas, emitidas pelos próprios imperadores e em busca da sua glorificação. Ambas são tendenciosas, como toda e qualquer narrativa, mas seu contraste pode contribuir para buscar entender de maneira mais intricada as situações e narrativas históricas. Neste caso, estudamos a narrativa da História Augusta e outras fontes literárias sobre a vida de Adriano e algumas moedas cunhadas em seu Principado. Para isso, não se pode deixar de acenar para o predomínio, por tanto tempo, de uma historiografia moderna também ela pouco afeita à diversidade, como se os padrões modernos e cientificistas pudessem ser acomodados à visão aristocrática antiga. Neste aspecto, as moedas permitem questionar a naturalidade tanto do discurso aristocrático antigo, como da historiografia normativa e conservadora da modernidade.
2001
Teodoro de Almeida é hoje um entre muitos paradoxos da fortuna literária. Polígrafo oratoriano do Iluminismo católico português, estendeu a sua obra por vastos domínios do saber: filosofia (ontologia, ética, metafísica, lógica, e até psicologia), religião (parenética e teologia), ciências físico-naturais. Cultivou o verso e a prosa literária. Os seus livros de filosofia natural, sucessivamente reeditados, foram os principais responsáveis pela divulgação dos conhecimentos científicos entre os leitores do século XVIII. Uma narrativa sua, de 1779, O Feliz Independente do Mundo e da Fortuna, teve leitores fiéis durante cerca de cem anos. E todavia, de uma vida cheia e obra vasta, hoje pouco resta nas actuais referências da nossa cultura.
Língua e Literatura, 2009
A pesquisa sobre memórias de rios e lagos amazônicos pos sibilitou um encontro entre dois escritores-Dalcídio Ju ran d ir e Benedicto Monteiro-traduzindo, do universo literário criado por es ses dois autores, vivências do mundo amazônico. Nesse sentido, é pos sível afirmar que no romance Marajó, de Dalcídio Jurandir e no conto O peixe, de Benedicto Monteiro, há um a representação do "médico po pular" que atua nos espaços da Amazônia ribeirinha. As especificidades e funções atribuídas a esse personagem, no plano do enunciado e da enunciação, auxiliam na reconstituição das memórias amazônicas traduzidas no plano da ficção. O tom de oralidade presente no conto O peixe, enriquece o convencional papel do narrador, refletindo as vivências e experiências do autor em prestadas à angústia de um ho mem dividido entre as coisas de Deus e as tentações do Diabo: águas, peixes, plantas, musgos, cores, cheiros e sabores, elementos de um m undo particular, se agregam à geografia dos rios, lagos, furos, igarapés, que materializam constelação de signos amazônicos. Palavras-chave: literatura; memória amazônica; narrador/persona gem; espaço; tempo; crítica literária 1 Professora da Universidade Federal do Pará 126 VIDAL. E. L. Memórias de Rios e de Lagos na ficção amazônica Ah, todo o cais é um a saudade de pedra! E vós, ó coisas navais, meus velhos brinquedos de sonho! Componde fora de mim a minha vida interior! Sede vós os frutos da árvore da minha imaginação. Tema de cantos meus, sangue nas veias da minha inteligência, Vosso seja o laço que me une ao exterior pela estética, Fomecei-me metáforas, imagens, literatura, Porque em real verdade, a sério, literalmente, Minhas sensações são um barco de quilha pro ar, Minha imaginação uma âncora meio submersa, Minha ãnsia um remo partido, E a tessitura de meus nervos uma rede a secar na praia!" (Álvaro de Campos)
Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, 2012
Em O tempo e o romance de 1952, Adam Abraham Mendilow (1972) destaca a importância do tempo na narrativa ainda no século XX, o que é visível desde o título do primeiro item da parte inicial do livro: "A obsessão do século XX pelo tempo". Numa determinada passagem de seu ensaio, cita Henry James (apud Mendilow, 1972, p. 19) para quem "o lado de maior difi culdade (do romancista) e, portanto, de maior dignidade (...), consiste em dar a impressão de duração, de lapso e acumulação do tempo. Do meu ponto de vista, este é, em conjunto, o problema mais duro que o artista tem de enfrentar na fi cção." No Prefácio de 1971 ao mesmo livro de Mendilow, Dionísio de Oliveira Toledo (1972, p. xv) lembra que o autor de O tempo e o romance "se apercebia que a sua 'época via a conquista do espaço pelo tempo'" e isso o teria levado ao estudo sobre o tempo. Todavia, ao ver do prefaciador, estar-se-ia assistindo, no momento em que escreve o Prefácio, à "conquista do tempo pelo espaço", o que seria "a lição do estruturalismo desde o seu nascimento." Também no conhecido texto "Espaço e linguagem" (de Figures, de 1966), que tem como base o livro de Matoré, L'espace humain, Gérard Genette (1972)-refl etindo sobre uma frase do linguista: "'Existe um espaço contemporâneo" (Matoré apud Genette, 1972, p. 99, grifo do autor)-afi rma que essa ideia implica, entre outras hipóteses, a de que "a linguagem, o pensamento, a arte contemporânea são espacializados ou pelo menos comprovam uma ampliação notável da importância concedida ao espaço, manifestam uma valorização do espaço" (Genette, 1972, p. 99, grifo do autor). Certamente é em vista dessa espacialização da linguagem que Toledo (1972) supõe que estudos como o de Mendilow só auxiliam a análise de narrativas do passado. Arrisca ainda dizer o seguinte: Na verdade, parece que o romance, como foi entendido nos países dito subdesenvolvidos (seriam estes os casos de Cem anos de solidão ou, entre nós, de Quarup), uma vez que "textos" como os de Philippe
As distopias literárias são obras que tratam de um futuro hipotético onde o controle exercido sobre os indivíduos é total e irrestrito. Tal controle tenta se estender inclusive sobre a memória dos sujeitos, como forma de controlar seu passado e por conseguinte, seu futuro. Em Admirável Mundo Novo, 1984 e Fahrenheit 451, a questão da memória é retomada constantemente por Huxley, Orwell e Bradbury, respectivamente. Em comum a estes autores está a função da memória de dotar a vida dos personagens de sentido, oferecer-lhes explicações e potencial crítico que acabam por culminar no confronto direto com os regimes que os oprimem. As memórias dos personagens se entrecruzam com o discurso oficial dos regimes distópicos, discurso este que insiste em suas próprias verdades e nega o factual em nome delas. Nos regimes distópicos evidencia-se a necessidade de haver um controle da verdade pelo grupo que detém o poder, com isso, todo saber não-oficial ou que seja desinteressante para os detentores do poder é sistematicamente abolido. Neste processo a história é modificada de modo que não existam vestígios materiais para provar ou negar o que está sendo dito e para que o passado possa, no futuro, continuar a ser alterado. É neste sentido que um dos slogans do Ingsoc, partido do controla a Oceania, em 1984 é "quem controla o passado, controla o futuro", que aprendese a ter ojeriza a tudo que é antigo em Admirável Mundo Novo e que a história é apenas copiada mecanicamente pelos alunos de Fahrenheit 451, ou que os museus tenham se convertido em meros acervos virtuais e que nas três distopias aqui citadas o controle ou extinção dos livros seja símbolo do fim da memória. Como conseqüência disso os personagens centrais destas obras tentam recompor debilmente suas memórias, amarrar seus fios frágeis como forma de resistência aos regimes que os oprimem. A memória é, nesses casos, expressão não dos fatos decorridos, já que não é possível provar os fatos lembrados, mas modo de expressão da subjetividade dos protagonistas e da sua afirmação enquanto indivíduos num meio que lhes é hostil e que exige um comportamento de massa.
Economic Alternatives, 2016
BMJ Quality & Safety, 2011
Zephyrus 82, 167-185, 2018
Archaeozoology of Southwest Asia and Adjacent Areas XIV, 2024
Philosophies, 2023
Mağallaẗ al-tarbiyaẗ (Al-Azhar), 2021
Advances in Interventional Cardiology, 2018
Transplantation proceedings, 1992
Endocrine-Related Cancer, 2008
Journal of Tropical Medicine, 2021
Differentiation, 2010