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Reflexões sobre o "marxismo cultural" (2020)

https://doi.org/10.5281/zenodo.3900667

Neste ensaio discute-se a ideia de “Marxismo Cultural”, a qual segmentos da direita se referem comumente em diferentes países e que, no Brasil, é citada por membros do atual governo federal. Procura-se mostrar o caráter filosoficamente idealista e politicamente reacionário dessa ideologia, analisando sua origem em relação à crítica do ascenso das revoluções burguesas, principalmente no final do século XVIII, e ao ideário conservador defendido por apoiadores da ditadura iniciada com o golpe de 1964.

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BOLETIM DE CONJUNTURA 76 BOCA Ano II | Volume 1 | Nº 3| Boa Vista | 2020 http://revista.ufrr.br/boca ISSN: 2675-1488 http://doi.org/10.5281/zenodo.3900667 BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca REFLEXÕES SOBRE O “MARXISMO CULTURAL” Michel Goulart da Silva* Resumo Neste ensaio discute-se a ideia de “Marxismo Cultural”, a qual segmentos da direita se referem comumente em diferentes países e que, no Brasil, é citada por membros do atual governo federal. Procura-se mostrar o caráter filosoficamente idealist a e politicamente reacionário dessa ideologia, analisando sua origem em relação à crítica do ascenso das revoluções burguesa s, principalmente no final do século XVIII, e ao ideário conservador defendido p or apoiadores da ditadura iniciada com o golp e de 1964. Palavras-chave: Conservadorismo; Ideologia; Revoluções Burguesas. Abstract In this essay, an idea of “Cultural Marxism” is discussed based on the common reference of right-wing intellectuals in different countries and countries in Brazil, cited by members of the current federal government. It seeks to show the philosophically idealistic and politically reactive character of this ideology analyzing its origin in relation to the criticism of the rise of the bourgeois revolutions mainly at the end of the 18th century, and to the conservative ideas defended by developers of the dictatorship started with the 1964 coup. 77 Keywords: Bourgeois Revolutions; Conservatism; Ideology. Bolsonaro, às vésperas da posse como presidente, prometeu “combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino”. Uma das falas mais recorrentes dos membros do governo e de seus apoiadores tem sido a de que a vitória eleitoral de Bolsonaro teria significado a derrota do “marxismo cultural”, inspiração teórica dos governos de FHC, Lula e Dilma. Segundo o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em um artigo publicado logo após a posse do governo, “o marxismo cultural governou por dentro de um sistema aparentemente liberal e democrático, construído por meio de corrupção, intimidação e controle de pensamento”. Ricardo Vélez Rodríguez, na sua posse como Ministro da Educação, afirmou que o “marxismo cultural é uma coisa que faz mal para a saúde. A saúde da mente, do corpo e da alma”. Segundo o ex-ministro, “somos pessoas individualizadas. O marxismo cultural passa a borracha em cima disso e nos considera massa. Nós não somos massa, somos indivíduos”. Esses fragmentos mostram parte das ideias do segmento que constitui um setor ideológico reacionário do governo Bolsonaro, do qual fazem parte o próprio Bolsonaro, seus filhos e o ex-ministro * Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atua no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC). Email para contato: [email protected] BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca Weintraub. Esse setor apresenta o “marxismo cultural” como uma perspectiva assumida pela esquerda ao deixar de buscar o poder pelas armas, e passar a fazer sua disputa política no âmbito da cultura. O uso dessa expressão “data do início da década de 1990. Seus primeiros usuários são cristãos fundamentalistas, ultraconservadores, supremacistas – enfim, a extrema-direita estadunidense” (COSTA, 2020, p. 37-8). No entendimento desse setor, a instituição precursora do marxismo cultural foi a Escola de Frankfurt pelas seguintes razões: imigrou para os Estados Unidos em sua fuga ao nazismo, é constituída por judeus, combinou as teorias dos judeus Marx e Freud e, sobretudo, promoveu a arte moderna (combatida pelos nazistas, como já vimos), contaminando o espírito da contracultura dos anos 19 60 . Em su m a , a Escola de Frankfurt seria uma instituição de fachada do comunismo (COSTA, 2020, p. 38). Esse setor parte da tese fundamental de que todos os males da cultura – feminismo, ação afirmativa, liberação sexual, direitos LGBTQ, decadência da educação tradicional e ambientalismo – são responsabilidade da insidiosa influência da Escola de Frankfurt. Lukács e Gramsci também são responsáveis, mas têm peso menor porque não imigraram para os Estados Unidos. Os adeptos do marxismo cult u ra são acusados de ensinar sexo e homossexualidade às crianças, promover a destruição da família , controlar os meios de comunicação e promover o engodo de massas, esvaziar as igrejas e promover o consumo de bebidas (COSTA, 2020, p. 40). 78 Os defensores do “marxismo cultural” iriam pouco a pouco tomando o controle de instituições como escolas, universidades, editoras e a imprensa, além de influenciar as artes e o entretenimento. Segundo eles, seriam expressões do “marxismo cultural” o petismo, a Rede Globo, o Partido Democrat a dos Estados Unidos, a ONU e até mesmo a cinematografia de Hollywood. A elaboração dessas teorias, quando relacionadas às posições defendidas por Bolsonaro, costuma ser atribuída a Olavo de Carvalho. O “guru” do presidente apresenta em seus textos discussões sobre a construção de uma certa “hegemonia cultural” de verniz gramsciano, ao perceber o crescimento desse referencial teórico dentro da esquerda, nos anos 1980. Segundo Carvalho (2014, p. 57), diferente do poder, “a hegemonia é o domínio psicológico sobre a multidão”. O pretenso filósofo afirma que, para Gramsci, era preciso “amestrar o povo para o socialismo antes de fazer a revolução. Fazer com que todos pensassem, sentissem e agissem como membros de Estado comunista enquanto ainda vivendo num quadro externo capitalista” (CARVALHO, 2014, p. 57). Para tanto, “Gramsci exige que toda a atividade cultural e científica se reduza à mera propaganda política, mais ou menos disfarçada” (CARVALHO, 2014, p. 66). Como consequência dessas ações, em poucas décadas, o marxismo cultural tornou-se a influência predominante nas universida d es, na mídia, no show business e nos meios editoriais do Ocidente. (...) Dificilmente se encontrará hoje um romance, um filme, uma peça de teatro, um livro didático o nde as crenças do marx ism o BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca cultural, no mais das vezes não reconhecidas como tais, não estejam presentes como toda a virulência do seu conteúdo calunioso e perverso (CARVALHO, 2014, p. 162). Contudo, antes de Olavo de Carvalho outros autores apresentaram discussões que contribuíram para as teorias mais recentes sobre a suposta dominação do “marxismo cultural”. No livro Ocidente traído, publicado em 1980, Jorge Boaventura, colaborador da Escola Superior de Guerra e do Ministério da Educação durante a ditadura, apresenta contribuições nesse sentido. Com prefácio do sociólogo Gilberto Freire, apoiador da ditadura, Boaventura faz uma longa análise sobre as mudanças táticas que vinham ocorrendo no debate realizado pelos comunistas, em especial a partir da influência do eurocomunismo, se referindo, por exemplo, a “planejada e pertinaz infiltração” nos veículos de comunicação (BOAVENTURA, 1980, p. 47). Em sua análise, afirma que a “abertura política”, processo de transição política controlado pelos próprios ditadores, “do ponto de vista dos adeptos do marxismoleninismo, não tem outro interesse senão o de permitir uma atuação mais desembaraçada de seus agentes” (BOAVENTURA, 1980, p. 48). Soma-se a essas formulações, no caso do governo Bolsonaro, um conjunto de teorias conspiratórias elaboradas por militares da reserva, normalmente publicadas em livros e revistas da editora Biblioteca do Exército (BIBLIEX), sobre uma suposta vitória da esquerda no processo de 79 transição para a Nova República. Para esses setores, ainda que tenham conseguido vencer a guerra contra os “comunistas” no campo de batalha, teriam sido derrotados no debate sobre o período na opinião pública. Percebe-se que, depois da ditadura, “os discursos dos militares expressam um grande ressentimento, pois a sociedade teria deixado de reconhecer sua relevância política e a importância histórica de suas ações” (SILVA, 2011, p. 187). Esses setores atribuem a derrota justamente à infiltração das esquerdas em igrejas, na imprensa e em outros órgãos e instituições, tendo como objetivo doutrinar as pessoas. Esse tipo de afirmação encontra-se, entre outros, no livro “Brasil sempre” (1987), que tenta ser uma resposta aos resultados da larga e cuidadosa pesquisa do projeto “Brasil: nunca mais”. Nessa obra, identificand o a utilização do referencial gramsciano por parte das esquerdas, define o termo “infiltrar” como “introduzir, em cada organismo associativo da sociedade civil, militantes do PC, estruturados em uma Organização de Base, que terão a si atribuídas as tarefas subsequentes de organizar, doutrinar e mobilizar os integrantes do organismo em pauta” (GIORDANI, 1986, p. 134). Nesse mesmo texto aparece a ideia de “doutrinar”, entendida como “incutir, na mente das massas, os princípios da ideologia marxista, como se f osse a solução para tosos os problemas do mundo” (GIORDANI, 1986, p. 141). O termo “doutrinação” é bastante comum nas denúncias dos setores que atualmente enxergam em tudo o “marxismo cultural”. BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca Embora coloquem o marxismo como centro da denúncia, essas teorizações veem como inimigo as ideias anteriores ao próprio nascimento de Karl Marx. Jorge Boaventura esclarece a origem do inimigo atualmente combatido por Bolsonaro, quando aponta que “o Ocidente cristão está sendo descristianizado e tornado materialista, diante de falsas elites paralisadas pelos erros com os quais se deixaram comprometer desde há muito” e da “superposição agnóstica ao quadro fundamental dos valores do Cristianismo (BOAVENTURA, 1980, p. 34). Para os ideólogos que combatem o “marxismo cultural”, as revoluções burguesas teriam colocado em cena a dominação da filosofia materialista sobre a sociedade, deixando em risco os valores do Ocidente. Boaventura (1980, p. 178-9) afirma que o Ocidente estaria se descristianizando “por causa de um liberalismo impregnado de naturalismo, de egoísmo e de uma miopia histórica terrível que o mantinha, como ainda hoje o mantém, aparentemente sem consciência de que, a cada dia que passa, cava mais e mais a própria sepultura”. Para esses setores, até mesmo a sistematização de um conhecimento científico, em especial a partir do Renascimento, associado ao fortalecimento da burguesia, é algo que coloca em risco seu idealismo religioso, assumindo posturas reacionárias em relação a qualquer coisa que tente explicar a realidade a partir de sua concretude. Por essa razão, 80 o governo Bolsonaro desde o começou apresentou as Ciências Humanas como suas inimigas, explicitando o entendimento de que essas áreas do conhecimento cumpririam apenas o p a p el d e doutrinar crianças e jovens, atribuindo a áreas como a História e Sociologia um caráter de ideologia “esquerdista”. Para o governo e muitos de seus apoiadores, as Ciências Humanas seriam áreas do conhecimento dominadas pelas ideias de pensadores considerados perigosos, como Marx e Paulo Freire (SILVA, 2020, p. 80-81). Em seu combate ao “marxismo cultural”, esses setores mostram sua enorme dificuldade em analisar a realidade concreta, não percebendo que a postura dos partidos comunistas não tem relação com transformações nas posturas táticas trazidas pelo eurocomunismo, mas com o abandono da estratégia revolucionária pelo stalinismo e suas variantes muitas décadas antes. Em sua simplificação da realidade, os reacionários identificam equivocadamente o marxismo aos regimes burocráticos que governaram a União Soviética e seus satélites do Leste Europeu. Esses países foram governados por uma burocracia que, manipulando conceitos do marxismo para justificar seus próprios interesses materiais, ao conter ou até mesmo reprimir a mobilização independente dos trabalhadores, abriram as portas para a restauração capitalista. Desde a década de 1920, a política stalinista havia atuado por controlar ou mesmo impedir revoluções e, quando chegaram ao poder, fazer uma política de “coexistência pacífica” com as potências imperialistas. Entre as políticas do stalinismo, uma das principais foi a das frentes populares, por meio de sua participação em governos burgueses. BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca Os reacionários, ao fazerem o combate contra o “marxismo cultural”, estão fazendo o combate a uma versão deturpada de marxismo que, no final das contas, é uma versão da própria democracia burguesa. No limite, não seria equivocado afirmar que Bolsonaro, seu mentor e seus seguidores são completamente contrários até mesmo às conquistas da democracia liberal nascida das Revoluções Burguesas. O combate dos reacionários contra o “marxismo cultural” esconde o medo do proletariado. Os reacionários entendem que a entrada em cena do proletariado pode vir a colocar em risco qualquer forma de dominação, como ocorreu na dinâmica europeia, que redundou nas revoluções de 1848. Emundo Burke, um dos principais pensadores do ideário conservador, crítico dos processos revolucionários francês, no final do século XVIII, afirmava em 1790: A ocupação de um cabelereiro, ou de um fabricante de velas – para não mencionar outras ocupações mais servis –, não pode ser motivo de honra para qualquer pessoa. Essas categorias de homens não devem ser oprimidas pelo Estado, embora este último sofra a opressão quando cidadãos como eles, individual ou coletivamente, têm a permissão de comandar” (BURKE, 2014, p. 71). Esse desprezo por um governo de pessoas que ocupam profissões “servis” fica mais claro quando 81 se verifica a forma como encara a desigualdade. Segundo Burke (2014, p. 72), a característica essencial da propriedade, resultante dos princípios combinados de sua aquisição e conservação, consiste em ser desigual. Por conseguinte, torna -se necessário protegê-la da possibilidade de qualquer perigo, uma vez excita a inveja e estimula a rapacidade. Para essas ideologias reacionárias, qualquer forma de reformismo é uma ameaça ao mundo Ocidental. Elas expressam uma ideia de liberdade baseada em escolhas individuais, denunciando qualquer forma estatal como opressora e combatendo as organizações dos trabalhadores. Os reacionários muito comumente afirmam que suas ideias, um amálgama idealista de interpretações sem sentido, tem o mesmo status que o marxismo, que é uma compreensão científica da realidade. Coisa parecida dizem sobre o criacionismo em relação ao evolucionismo, afirmando que ambas seriam interpretações válidas. Usam para isso um discurso relativista semelhante àquele difundido pelos defensores do pósmodernismo, para os quais seria impossível investigar uma realidade concreta, se limitando a construir narrativas que apresentam interpretações parciais. Portanto, percebe um embate que não se resume a uma disputa de narrativas, mas que se dá entre racionalismo e irracionalismo, conhecimento científico e senso comum. Os defensores de um suposto domínio do “marxismo cultural” na sociedade parte de uma percepção completamente distorcida da realidade, mostrando falta de compromisso com a análise e a interpretação da realidade concreta. BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca REFERÊNCIAS BOAVENTURA, Jorge. Ocidente traído. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1980. BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. São Paulo: Edipro, 2014. CARVALHO, Olavo de. A Nova Era e a revolução cultural. 4ª edição. São Paulo: Vide Editorial, 2014. COSTA, Iná Camargo. Dialética do marxismo cultural. São Paulo: Expressão Popular, 2020. GIORDANI, Marco Pollo. Brasil: sempre. Porto Alegre: Tchê!, 1986. SILVA, Michel Goulart da. “Os militares brasileiros e a ´grande mentira´”. In: SOUSA, Fernando Ponte de; SILVA, Michel Goulart. (orgs.). Ditadura, repressão e conservadorismo. Florianópolis: Em Debate / UFSC, 2011. SILVA, Michel Goulart da. “Reflexões sobre a história das Ciências Humanas”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 1, n. 2, 2020. 82 BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020 www.revista.ufrr.br/boca BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) Ano II | Volume 1 | Nº 3| Boa Vista |2020 http://revista.ufrr.br/boca Editor chefe: 83 Elói Martins Senhoras Conselho Editorial Antonio Ozai da Silva, Universidade Estadual de Maringá Vitor Stuart Gabriel de Pieri, Universidade do Est ad o d o Rio de Janeiro Charles Pennaforte, Universidade Federal de Pelotas Eduardo Devés, Universidad de Santiago de Chile Eloi Martins Senhoras, Universidade Federal de Roraima Patrícia Nasser de Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais Conselho Científico Claudete de Castro Silva Vitte, Universidade Estadu al d e Campinas Fabiano de Araújo Moreira, Universidade de São Paulo Flávia Carolina de Resende Fagundes, Universidade Feevale Hudson do Vale de Oliveira, Instituto Federal de Roraima Laodicéia Amorim Weersma, Universidade de Fortaleza Marcos Antônio Fávaro Martins, Universidade Paulista Marcos Leandro Mondardo, Universidade Federal da Grande Dourados Reinaldo Miranda de Sá Teles, Universidade de São Paulo Rozane Pereira Ignácio, Universidade Estadual de Roraima BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 1, n. 3, Boa Vista, 2020