UFMA/CCSO/CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
01 – Quais os modos de existência do capital industrial? Dê exemplos que ilustrem a importância dos mesmos.
Marx considerou que o capital industrial é o único modo de existência do capital em que este tem por função não só apropriar-se do mais valor ou do produto excedente, mas também cria-la. Assinala ainda, que a existência do caráter capitalista de produção implica a oposição entre o capitalista e o trabalhador, que dizer, a vontade e consciência do primeiro conflitante de vista industrial.
Cada capital isolado começa sua marcha vital sob forma de determinada soma de dinheiro, manifestando como capital monetário. Com o dinheiro, o capitalista compra mercadoruas de determinado gênero:
Meios de produção e
Forca de trabalho
Podendo ser represenrado:
D-M ˂ F
Mp
Aqui D significa dinheiro, M mercadoria, F a FORCA DE TRABALHO E Mp os meios de produção. Em consequência desta modificação na forma do caoitak, o seu proprietário passa a ter a sua disposição tudo quanto é forma monetária; agora, ele possui um capital da mesma grandeza, mas sob forma de capital produtivo.
Assim, pois, o primeiro estádio no movimento do capital, consiste na transformação do capital monetário em produtivo.
Depois disso, começa o processo de produção, no qual se opera o consumo produtivo das mercadorias, compradas pelo capitalista. Este consumo se expressa no fato de que os operários gastam seu trabalho, as matérias-primas são reelaboradas, queima-se o combustível e as máquinas desgastam-se. O capital muda novamente de forma: como resultado do processo de produção, o capital adiantado, ou despendido, cristaliza-se numa determinada massa de mercadorias e assume a forma de capital mercantil. Entretanto, em primeiro lugar, estas já não são aquelas mercadorias compradas pelo capitalista ao iniciar seu negócio, mas artigos acabados, fabricados; era segundo lugar, o valor desta massa de mercadorias é superior ao valor inicial do capital, uma vez que nele está contida a mais-valia produzida pelos operários.
Este estádio no movimento do capital pode ser representado do seguinte modo:
F
M
<
...P
...M'
Mp
Aqui, a letra P significa a produção e as reticências antes e depois dela mostram que o processo de circulação foi interrompido e opera-se o processo de produção, ao passo que M’ significa o capital em forma mercantil, cujo valor cresceu em consequência do trabalho acrescentado pelos operários.
Assim, pois, o segundo estádio no movimento do capital consiste na transformação do capital produtivo em mercantil.
Não se detém aí o movimento do capital. As mercadorias produzidas devem ser realizadas. Em troca das mercadorias produzidas, o capitalista recebe determinada soma de dinheiro.
Este ato da circulação pode ser representado do seguinte modo:
M’ — D'
Aqui, a letra D’ significa o capital em forma monetária acrescido de uma grandeza igual a mais-valia.
O capital muda de forma pela terceira vez: novamente assume a forma de capital monetário. Agora, porém, o seu dono vê-se possuidor de uma soma de dinheiro maior do que a que possuía inicialmente. O objetivo da produção capitalista, que consiste na extração de mais-valia, foi atingido.
Assim, pois, o terceiro estádio no movimento do capital consiste na transformação do capital mercantil em monetário.
O dinheiro ganho com a venda das mercadorias é novamente invertido pelo capitalista na compra de meios de produção e de força de trabalho necessários para que continue a produção e todo o processo volta a repetir-se.
São estes os três estádios que o capital percorre sucessivamente em seu movimento. Em cada um destes três estádios, o capital cumpre uma função correspondente. A transformação do capital monetário nos elementos do capital produtivo assegura a unificação dos meios de produção, pertencentes aos capitalistas, com a força de trabalho dos operários assalariados; sem tal unificação, o processo de produção não se pode operar. A função do capital produtivo consiste na criação, pelo trabalho dos operários assalariados, de uma massa de mercadorias de novo valor e, consequentemente, também de mais-valia. A função do capital mercantil, em primeiro lugar, consiste em, através da venda da massa de mercadorias produzidas, fazer voltar ao capitalista, em forma monetária, o capital adiantado por ele para a produção e, em segundo lugar, em realizar, sob a forma monetária, a mais-valia criada no processo de produção.
Estes três estádios são percorridos pelo capital industrial em seu movimento. Por capital industrial, neste sentido, compreende-se qualquer capital empregado na produção de mercadorias, independentemente do fato de que seja ele invertido na indústria ou na agricultura.
02 - Segundo Marx (1985, L-II, p.45), “O ciclo do capital monetário é (...) a mais unilateral e, por isso, a mais contundente característica forma de manifestação do ciclo do capital industrial”. Explique o argumento do autor para essa afirmação.
Por fim, se examinamos a fórmula D-M…P…M’-D’ como forma especial do processo cíclico do capital ao lado das outras formas a serem examinadas mais adiante, vemos que ela se caracteriza pelo seguinte: 1. Surge como ciclo do capital monetário, pois o capital industrial, em sua forma-dinheiro, como capital monetário, constitui tanto o ponto de partida como o ponto de retorno de seu processo total. A própria fórmula expressa que o dinheiro não é gasto como dinheiro, mas apenas adiantado, ou seja, é somente a forma-dinheiro do capital, capital monetário. Ela significa, além disso, que é o valor de troca, e não o valor de uso, que constitui a finalidade própria do movimento. É justamente porque a forma-dinheiro do valor constitui sua forma de manifestação independente e palpável que a forma de circulação D…D’, cujo ponto de partida e de chegada é o dinheiro efetivo, o ato de fazer dinheiro, expressa do modo mais palpável a mola propulsora da produção capitalista. O processo de produção aparece apenas como inevitável elo intermediário, um mal necessário ao ato de fazer dinheiro. {Por isso, todas as nações em que impera o modo de produção capitalista são periodicamente tomadas pela ilusão de querer fazer dinheiro sem a mediação do processo de produção.} 2. O estágio da produção, a função de P, constitui nesse ciclo a interrupção das duas fases da circulação D-M…M’-D’, que, por sua vez, não é mais do que a mediação da circulação simples D-M-D’. O processo de produção aparece na forma do próprio processo cíclico, formal e expressamente, como aquilo que ele é no modo de produção capitalista: um simples meio para a valorização do valor adiantado, o que significa dizer que o objetivo último da produção é o enriquecimento. 3. Porque a sequência das fases é iniciada com D-M, o segundo elo da circulação é M’-D’; portanto, o ponto de partida é D, o capital monetário a ser valorizado, e o ponto de chegada é D’, o capital monetário valorizado D + d, no qual D figura como capital realizado ao lado de seu rebento d. Isso distingue o ciclo D dos dois outros ciclos P e M’, e de modo duplo. Por um lado, por meio da forma-dinheiro dos dois extremos; o dinheiro é, no entanto, a forma de existência independente e palpável do valor, o valor do produto em sua forma-valor independente, na qual se apaga todo e qualquer rastro do valor de uso das mercadorias. Por outro lado, a forma P…P não se torna necessária para P…P’ (P + p), e na forma M’…M’ não é mais visível qualquer diferença de valor entre os dois extremos. A fórmula D…D’ se caracteriza, portanto, pelo fato de que, por um lado, o valor do capital constitui o ponto de partida, e o valor de capital valorizado o ponto de retorno – de modo que o desembolso do valor de capital aparece como meio e o valor de capital valorizado como finalidade de toda a operação – e, por outro, que essa relação é expressa em forma-dinheiro, na forma-valor independente e que, portanto, o capital monetário se expressa como dinheiro que pare dinheiro. A criação de mais-valor por meio do valor é não apenas expresso como o alfa e o ômega do processo como também aparece concretamente na forma reluzente do dinheiro.
Como D’, o capital monetário realizado como resultado de M’-D’, a fase complementar e conclusiva de D-M, encontra-se absolutamente na mesma forma em que iniciou seu primeiro ciclo, ele pode agora reiniciar o mesmo ciclo como capital monetário aumentado (acumulado): D’ = D + d; e, pelo menos na forma de D…D’, não está expresso que, na repetição do ciclo, a circulação de d se separe da de D. Portanto, considerado em sua forma primeira e de um ponto de vista formal, o ciclo do capital monetário expressa apenas o processo de valorização e acumulação. Nele, o consumo é expresso apenas como consumo produtivo, por meio de D-M<T Mp, a única operação incluída nesse ciclo do capital individual D-T, que, do lado do trabalhador, é T-D ou M-D; ele é, portanto, a primeira fase da circulação, que serve de mediação para seu consumo individual: T-D-M (meios de subsistência). A segunda fase D-M não integra o ciclo do capital individual, mas é introduzida e pressuposta por ele, já que o trabalhador, para poder se manter no mercado, sempre como matéria explorável pelo capitalista, necessita, antes de tudo, viver, isto é, sustentar-se mediante seu consumo individual. Mas esse consumo é aqui apenas pressuposto como condição do consumo produtivo da força de trabalho pelo capital; ou seja, apenas na medida em que o trabalhador se conserva e reproduz como força de trabalho por meio de seu consumo individual. Mas Mp, as verdadeiras mercadorias que entram no ciclo, constituem apenas o alimento do consumo produtivo. A operação T-D serve de mediação ao consumo individual do trabalhador, possibilitando a transformação dos meios de subsistência em sua carne e em seu sangue. Certamente, o capitalista também precisa estar presente, ou seja, também precisa comer e consumir para atuar como capitalista. Para isso, ele só precisaria, a rigor, consumir como qualquer trabalhador, e mais do que isso não é exigido por essa forma do processo de circulação. E, considerado do ponto de vista formal, nem mesmo isso, uma vez que a fórmula se conclui com D’, isto é, com um resultado que pode voltar a funcionar imediatamente como capital monetário aumentado. Em M’-D’ está diretamente incluída a venda de M’; mas M’-D’, venda de um lado, é D-M, compra de outro, e a mercadoria, ao final, é comprada apenas em razão de seu valor de uso, a fim de entrar (desconsiderando as vendas intermediárias) no processo de consumo, seja este individual ou produtivo, de acordo com a natureza do artigo comprado. Mas esse consumo não entra no ciclo do capital individual, cujo produto é M’; este produto é, pelo contrário, expelido do ciclo como mercadoria a ser vendida. M’ é expressamente destinada ao consumo alheio. É por isso que, em porta-vozes do sistema mercantilista (que se baseia na fórmula D-M…P…M’-D’), encontramos prolixos sermões sobre a necessidade de o capitalista individual consumir como um trabalhador, do mesmo modo como as nações capitalistas devem deixar que outras nações ineptas consumam suas mercadorias e se entreguem exclusivamente ao processo de consumo, enquanto as primeiras, ao contrário, devem fazer do consumo produtivo a missão de sua vida.
03 – Explique o significado de tempo de circulação e dê exemplos de como o mesmo pode se manifestar para uma empresa do ramo industrial.
O tempo que o valor capital permanece na fase que se situa na esfera da produção (...P...) denomina-se tempo de produção. O tempo que se tarda para percorrer as duas fases da circulação, denomina-se tempo de circulação. A soma desses dois é o tempo global que o capital tarda para percorrer o seu ciclo completou seu tempo de rotação. As interrupções normais do processo de trabalho ( à noite e nos fins de semana, por exemplo); não se incluem aqui aquelas interrupções decorrentes da variações irregulares do mercado, de crises, etc.
04 - Segundo Marx (1985, L-II, p.91), “Quanto mais o tempo de circulação do capital for zero ou se aproximar de zero, tanto mais funciona o capital, tanto maior se torna sua produtividade e autovalorização”. Paradoxalmente, essa situação também pode se relacionar a crise econômica. Explique.
Para Marx, tempo de curso e tempo de produção excluem-se mutuamente. Durante seu tempo de curso, o capital não atua como capital produtivo e, por isso, não produz mercadoria nem mais-valor. Se considerarmos o ciclo em sua forma mais simples, em que o valor de capital passa inteiramente e de uma só vez de uma fase a outra, é então palpável que o processo de produção – e, com ele, a autovalorização do capital – é interrompido enquanto dura seu tempo de circulação e que a duração deste último determina a velocidade da renovação do primeiro. Ao contrário, se as diferentes partes do capital percorrem o ciclo umas depois das outras, de modo que o ciclo do valor de capital inteiro se realiza sucessivamente no ciclo de suas diferentes porções, é evidente que quanto mais longa for a permanência de suas partes alíquotas na esfera da circulação, menor terá de ser sua parte que atua constantemente na esfera da produção. Assim, a expansão e a contração do tempo de curso agem como limite negativo à contração e à expansão do tempo de produção, ou da extensão na qual um capital de dada grandeza pode funcionar como capital produtivo. Quanto mais as metamorfoses da circulação do capital são apenas ideais, isto é, quanto mais o tempo de curso é = 0 ou próximo de zero, tanto mais atua o capital e tanto maior se torna sua produtividade e autovalorização. Se, por exemplo, um capitalista trabalha por encomenda, recebendo o pagamento na entrega do produto, e o pagamento se efetua com seus próprios meios de produção, então seu tempo de circulação se aproxima de zero.
Portanto, o tempo de curso do capital limita, em geral, seu tempo de produção e, por conseguinte, seu processo de valorização. E os limita, também, em relação à sua duração. Mas esta pode aumentar ou diminuir de modos muito diversos e, assim, limitar em graus muito diversos o tempo de produção do capital. Mas o que a economia política vê é a aparência, a saber, o efeito que o tempo de circulação exerce sobre o processo de valorização do capital em geral. Ela toma esse efeito negativo como positivo, porque suas consequências são positivas. Ela se agarra tanto mais a essa aparência porque nela crê encontrar a prova de que o capital contém em si uma fonte mística de autovalorização, que flui na esfera da circulação, independentemente de seu processo de produção e, portanto, da exploração do trabalho.
No interior da esfera da circulação, o capital percorre – numa ou noutra ordem de sucessão – as duas fases contrárias M-D e D-M. Seu tempo de curso se decompõe, assim, em duas partes: o tempo que ele precisa para se transformar de mercadoria em dinheiro e o tempo necessário para efetuar a transformação contrária. Da análise da circulação simples de mercadorias (Livro I, cap. 3), já sabemos que M-D, a venda, constitui a parte mais difícil de sua metamorfose e, portanto, em condições normais, ocupa a maior parte do tempo de curso. Como dinheiro, o valor encontra-se numa forma que pode ser convertida a qualquer momento. Como mercadoria, ele deve primeiro converter-se em dinheiro para então assumir essa forma imediatamente cambiável e poder ser utilizado quando se queira. No entanto, no processo de circulação do capital, em sua fase D-M, trata-se de sua transformação em mercadorias que constituam determinados elementos do capital produtivo num dado investimento. É possível que os meios de produção não estejam disponíveis no mercado, mas tenham de ser produzidos ou trazidos de mercados longínquos, ou que se apresentem falhas em sua oferta normal, mudanças de preços etc.; em suma, uma grande variedade de circunstâncias que não podem ser reconhecidas na simples operação D-M, mas que consomem, nessa parte da fase da circulação, ora mais, ora menos tempo. É igualmente possível que as operações M-D e D-M, que são separadas no tempo, possam também estar separadas no espaço, que o mercado de compra e o mercado de venda sejam espacialmente distintos. Nas fábricas, por exemplo, os compradores e os vendedores frequentemente são pessoas distintas. A circulação é tão necessária à produção de mercadorias quanto a própria produção, ou seja, os agentes da circulação são tão necessários quanto os agentes da produção. O processo de reprodução engloba ambas as funções do capital e, portanto, também implica a necessidade da representação dessas funções, seja pelos próprios capitalistas, seja por seus agentes, os trabalhadores assalariados. Mas isso não é razão para confundir os agentes da circulação com os agentes da produção, e tampouco as funções do capital mercadoria e do capital monetário com as do capital produtivo. Os agentes da circulação têm de ser pagos pelos agentes da produção. Mas se os capitalistas, ao comprarem e venderem entre si, não criam com esse ato qualquer produto ou valor, isso não se altera em nada quando o volume de seu negócio lhes permite e exige que transfiram essa função a outrem. Em muitos negócios, compradores e vendedores são pagos com uma porcentagem do lucro. Dizer que eles são pagos pelos consumidores não ajuda em nada. Os consumidores só podem pagar na medida em que eles mesmos, como agentes da produção, produzem um equivalente em mercadorias ou se apropriam de tal equivalente dos agentes da produção, seja com base num título jurídico (como seus associés [sócios] etc.), seja por meio da prestação de serviços pessoais.
05 – O que Marx entende por “rotação do capital”? Faça a simulação de um caso.
Todo capital efetua seu ciclo ininterruptamente, repetindo-se constantemente. E, ao fazê-lo, realiza sua rotação. Denomina-se rotação do capital o ciclo por ele realizado e considerado não como um ato singular, mas como um processo que se renova e se repete periodicamente. Diferentes capitais efetuam suas rotações com velocidades diversas, na dependência do tempo de produção e de circulação de tais ou quais mercadorias.
Do exposto, Marx concluiu que a rotação do capital mercantil possui caráter dependente da periodicidade e renovação de todo o processo de reprodução, do qual só participa ao abreviar as metamorfoses do capital industrial difere de maneira como a rotação mercantil se relaciona com a determinação do lucro e do preço, portanto.
A soma do tempo de produção e do tempo de circulação do capital constitui o tempo de rotação do capital. Ou seja, o tempo de rotação do capital é o intervalo de tempo a partir do momento em que é adiantando sob uma determinada forma (monetária, produtiva ou mercantil), até o momento em que o capital retorna ao capitalista sob aquela mesma forma, mas já incrementado de uma grandeza igual a mais-valia.
Assim como a jornada de trabalho é a unidade de medida natural para a função da força de trabalho, o ano é a unidade de medida natural para as rotações do capital em processo. A base natural dessa unidade de medida repousa sobre o fato de que os mais importantes frutos da terra na zona temperada, que é o seio da produção capitalista, são produtos anuais. Ao ano, como unidade medida do tempo de rotação, chamaremos de R; ao tempo de rotação de um determinado capital, r; e ao número de suas rotações, n; de modo que n = R/r. Se, por exemplo, o tempo de rotação, r, for de 3 meses, teremos n = 12/3 = 4, o que significa que o capital realiza 4 rotações no ano. Se r = 18 meses, então n = 12/18 = ⅔, ou seja, o capital realiza em 1 ano apenas ⅔ de seu tempo de rotação. Se seu tempo de rotação abarcar vários anos, ele será então calculado por múltiplos de um ano. Para o capitalista, o tempo de rotação de seu capital é o tempo durante o qual ele tem de desembolsar seu capital a fim de valorizá-lo e recuperá-lo em sua forma original.
06 – O que diferencia a circulação do capital fixo da circulação do capital circulante? Dê um exemplo concreto.
As diferentes partes do capital produtivo não giram da mesma maneira. A diferença da rotação das diversas partes do capital produtivo decorre das diferenças do modo segundo o qual cada uma delas transfere seu valor para o produto. De acordo com isto, o capital divide-se em fixo e circulante.
Denomina-se capital fixo a parte do capital produtivo que, apesar de inteiramente incorporado a produção, transfere seu valor para o produto não de uma vez, mas parceladamente, durante uma série de períodos de produção. Trata-se da parte do capital gasta na construção do edifício e das instalações e na compra de máquinas e equipamentos. Se, por exemplo, uma determinada máquina funciona durante dez anos, neste caso, anualmente, a décima parte do valor desta máquina é transferida para a mercadoria produzida com a sua participação. Os elementos do capital fixo servem aos objetivos da produção geralmente durante muitos anos; vão-se depreciando ano a ano, até que finalmente tornam-se imprestáveis para continuar produzindo. É nisto que consiste o desgaste físico das máquinas e equipamentos.
Ao lado da depreciação física, os instrumentos de produção também estão sujeitos ao desgaste moral. Exemplo: A máquina, tendo servido durante 5 ou 10 anos, pode achar-se ainda bastante conservada, mas, se por esse tempo tiver sido produzida outra máquina do mesmo tipo, porém mais aperfeiçoada, mais produtiva, ou mais barata, isto acarretará a depreciação da máquina antiga. Por isto, o capitalista tem interesse em utilizar o equipamento completamente no menor prazo possível. Daqui a tendência dos capitalistas a prolongação do dia de trabalho, a intensificação do trabalho, a introdução em suas empresas do trabalho ininterrupto, por turnos.
Denomina-se capital circulante aquela parte do capital produtivo cujo valor retorna integralmente ao capitalista durante um período de produção, sob a forma de dinheiro, com a realização da mercadoria. Trata-se da parte do capital gasta na compra de força de trabalho e também daqueles meios de produção — matérias-primas, combustível e materiais auxiliares —, que não entram na composição do capital fixo. Deve-se notar aqui que o valor das matérias-primas, dos combustíveis e dos materiais consumidos transfere-se integralmente para as mercadorias durante um mesmo período de produção, enquanto que os gastos com a compra de força de trabalho retornam ao capitalista com um excedente (com a adição da mais-valia).
Durante este período, enquanto cada capital fixo realiza apenas uma rotação, o capital circulante consegue efetuar várias rotações.
Ao realizar a venda das mercadorias, o capitalista recebe determinada soma de dinheiro, na qual estão contidos:
O valor daquela parte do capital fixo que foi transferida para a mercadoria no processo de produção,
O valor do capital circulante e
A mais-valia.
Para continuar a produção, o capitalista inverte novamente a quantia recebida, correspondente ao capital circulante, na contratação de operários, na compra de matérias-primas, combustíveis e materiais auxiliares.
O capitalista utiliza a quantia correspondente a parte do valor do capital fixo transferida a mercadoria para reposição do desgaste das máquinas, equipamentos e instalações, isto é, para fins de amortização.
A amortização é a reposição, sob a forma de dinheiro, do valor do capital fixo, mediante descontos periódicos correspondentes ao desgaste daquele capital. Uma parte destes descontos para amortização é empregada pelo capitalista nos reparos dos instrumentos, equipamentos, instalações, etc., desgastados. Mas, a parte principal dos descontos para amortização é mantida pelos capitalistas sob a forma de dinheiro (habitualmente nos bancos) a fim de oportunamente adquirir novas máquinas para substituir as antigas, ou construir novos edifícios quando os antigos se mostrarem insatisfatórios.
A economia política marxista estabelece distinção entre a divisão do capital em fixo e circulante e a divisão do capital em constante e variável. O capital constante e o capital variável diferenciam-se entre si segundo o papel que desempenham no processo de exploração dos operários pelos capitalistas, ao passo que a diferença entre o capital fixo e o circulante é estabelecida segundo o caráter da rotação.
Estes dois modos de divisão do capital podem ser representados da seguinte maneira:
Divisão segundo o papel
no processo de exploração
Divisão de acordo com
o caráter da rotação
Capital constante
Edifícios e instalações fabris
Capital fixo
Equipamentos, máquinas
Matérias-primas, combustíveis, materiais auxiliares
Capital variável
Salários dos operários
Capital circulante
A economia política burguesa reconhece somente a divisão do capital em fixo e circulante, uma vez que esta divisão do capital, por si só, não mostra o papel da força de trabalho na criação da mais-valia, mas, contrariamente, encobre a diferença radical entre os gastos do capitalista na contratação de força de trabalho e os gastos com matérias-primas, combustíveis, etc. mascara a exploração do trabalho assalariado pelos capitalistas.
Ou seja, a diferença entre o capital fixo e o circulante refere-se apenas – e isso está correto – à circulação distinta, à rotação dos distintos componentes do capital produtivo.
07 – Porque o desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação apresenta um efeito contraditório do ponto de vista da acumulação do capital, de acordo com Marx?
O capitalista tem interesse que a rotação seja o mais rápida possível. Quando se acelera o processo de rotação do capital, com intuito de acumular capital, pode ocorrer de não ser absorvida ocasionando falta de demanda, o que gera um processo de crise, dificultando esse processo de acumulação.
08 – Qual a diferença entre tempo de produção e tempo de trabalho? Mostre como essa diferença se apresenta para as empresas.
09 – Qual a importância do sistema de crédito e do processo de centralização para a rotação do capital? Dê um exemplo concreto ou simule um caso que ilustre o fato.
10 – Segundo Marx, apenas na aparência os recursos usados para pagamento de salários têm origem na esfera da circulação. Explique.
11 – De acordo com Marx, o capital monetário fortalece a aparência quanto à origem da mais-valia. Explique.
A produção capitalista, como vimos,
não produz apenas mercadoria e mais-valia; reproduz, e em escala sempre ascendente, a classe dos trabalhadores assalariados e transforma a imensa maioria dos
produtores diretos em trabalhadores assalariados. D - M P M' - D', como
o primeiro pressuposto de seu funcionamento é a existência permanente da classe
dos trabalhadores assalariados, pressupõe portanto o capital sob a forma de capital
produtivo e por isso a forma do ciclo do capital produtivo.
12 - Dê exemplos de como o capital monetário se expressa na economia contemporânea e da importância do mesmo para as empresas.
O capital monetário em sua complexidade se expressa hierarquicamente acima do capital produtivo e comercial. Sendo os dois últimos dependentes do credito do capital bancário. Além disso capital monetário pode estar inserido em algumas empresas majoritariamente de forma financeira mesmo tendo uma gênese industrial com o passar do tempo obteve um viés financeiro por exemplo: as montadoras que obtém mais valia no longo prazo em forma de juros das prestações.
13 – O que significam os departamentos D1 e D2 em “O Capital”? Dê exemplos de como os mesmos podem se apresentar na economia brasileira contemporânea.
O departamento 1 trata-se dos meios de produção , ou seja , a maquinaria que por sua forma devem ou pelo menos deve entrar no consumo produtivo .
O departamento 2 trata-se dos bens de consumo não duráveis que entram no consumo individual da classe capitalista e da classe trabalhadora.
Exemplos :
14) - Quanto as relações entre D1 e D2, quais as suposições operacionais de Marx e qual a importância dessas suposições?
Marx supõe que a produção anual se dá por capital constante, capital variável e mais valia e este capital constante é produzido pelo Departamento 1, além disso, parte da produção anual representada por esse capital é dada pela substituição do capital constante pelas indústrias do Departamento I e II. O capital variável é consumido pelos trabalhadores de ambos os departamentos. A mais valia vai ser consumida de duas formas:
1) Sob a forma de renda para a compra de produtos de subsistência e de luxo;
2) Sob a forma de capital.
O Departamento 1 fornece sua mercadoria em forma de máquinas, etc, produzido por trabalhadores deste Departamento para o Departamento 2 e este, sob a forma de capital constante para este Departamento será operado pelos trabalhadores para a produção de bens de consumo.
15) - Em que circunstância a relação entre D1 e D2 pode expressar crise econômica? Dê um exemplo concreto ou simule um caso que ilustre o fato.
Marx divide a economia em dois amplos setores, Departamentos I e II. O Departamento I da economia produz os meios de produção: fábricas produzindo maquinários, por exemplo. O Departamento II produz bens de consumo: alimento, vestuário, etc. Marx mostra que para acontecer seja a reprodução simples ou ampliada, ambos os Departamentos devem produzir bens em certas proporções.
Porém o que geralmente acontece é que a produção proporcional desses bens é acidental. Os capitalistas produzem, não para si, mas para o mercado. Não há qualquer garantia de que o que foi produzido será consumido. Se isso acontece ou não depende da existência de uma efetiva demanda para a mercadoria. Na maioria das vezes essa demanda não é sufi resultado é uma crise econômica.
Por exemplo, digamos que capitalistas no Departamento I (meios de produção) cortem os salários de seus trabalhadores para aumentar a taxa de mais-valia. Esses trabalhadores então conseguirão comprar menos produtos no Departamento II (bens de consumo). Os capitalistas do Departamento II podem reagir a esse declínio no mercado através de cortes nos gastos com novos equipamentos ou instalações. Os capitalistas do Departamento I, atingidos por essa queda na demanda para seus produtos, podem demitir trabalhadores, o que, em contrapartida, levará os capitalistas do Departamento II a fazerem o mesmo
16 – De que maneira a tendência de aumento da composição orgânica do capital afeta D1 e D2?
Foi – e é – por necessidades sociais que os humanos começaram a trocar mercadorias (M).
Outrora trocando-as directamente, surgiu a determinado momento histórico o dinheiro (D) como meio para facilitar a troca entre mercadorias. M D M
Surge também a possibilidade de sobressaltos na circulação, que ocorrem quando por algum motivo as pessoas deixam de colocar dinheiro em circulação, são as ditas crises. Entretanto, no capitalismo, o dinheiro deixou de ser um meio para trocas entre mercadorias de valor equivalente, passando elas a ser o meio para a obtenção de mais-dinheiro (D’), sendo agora este a ser o fim. D M(...P...)M’ D'
Porque a partir de uma quantidade de dinheiro busca-se obter mais dinheiro – D’ –, tornaram-se as crises inerentes ao capitalismo. De que forma?
O Lucro decorre da Mais-Valia (m). Sendo que esta provém da diferençaentre o valor produzido por um trabalhador e o salário que lhe é pago. Por outras palavras, é o tempo de trabalho não remunerado. Logo, o lucro vem directamente ou indirectamente do trabalho humano, do trabalhador. Daí, ainda podemos calcular a taxa de exploração (m’), por exemplo, se o valor produzido por um trabalhador durante um ano é de 40000$ e a mais-valia de 20000$, então: [1]
O que interessa ao capitalista é o lucro e a busca por maiores taxas de lucro. Ele precisa de saber se o valor que legalmente rouba aos seus trabalhadores – a mais-valia (m) – é superior ao capital que investe em capital constante (k) e capital variável (v). Sendo o capital constante a maquinaria, matérias-primas… e o capital variável a compra de força de trabalho aos trabalhadores. Logo, matematicamente a taxa de lucro representa-se assim:
Juntando as duas equações, em que m=m’v, obtemos:
Ficando claro que a taxa de lucro (l’) é proporcional à taxa de exploração (m’). E além desse pormenor completamente insignificante², vê-se a interdependência entre a taxa de lucro e a composição orgânica do capital, que é a relação entre capital constante (k) e capital variável (v).
O incessante e impetuoso desenvolvimento técnico, impulsionado pela concorrência entre capitalistas, obriga-os a investirem em maquinaria (capital constante) que lhes permite produzir o mesmo com menos tempo de “trabalho vivo”(capital variável). Portanto, na sua busca pela reprodução de capital, tendem a investir mais em capital constante (k) e menos em capital variável (v), aumentando tendencialmente a composição orgânica do capital (coc) e a taxa de lucro tende a diminuir. O desemprego resulta deste maior investimento em capital constante em prejuízo do capital variável, tornando-se assim também mais difícil aos capitalistas obter a mais-valia.
Os capitalistas para contrariar a tendência para a baixa taxa de lucro tendem a aumentar a taxa de exploração. Simultaneamente, incentivam ao consumo enquanto o poder de compra dos trabalhadores tende a baixar. Esta diminuição poder de compra – que em Portugal conhecemos bem – é um dos motivos para se comprar menos mercadorias. Assim, a tal circulação D-M-D ’abranda e… dão-se as crises.
O capitalismo para “sobreviver” às suas próprias contradições desenvolveu uma enorme financeirização da economia, trocando-se o dinheiro directamente por mais dinheiro e sem passar directamente pela produção.Tal não tem utilidade social e funciona meramente por considerações especulativas. O D-D’ é a espera de que as mercadorias, onde os “pacotes de investimento” se levantam, subam de valor. Mas a valorização dessas mercadorias estão limitadas pela dita economia real – como explicado acima – e o sistema financeiro tem sempre o momento em que cai na realidade…
É certo que o funcionamento da economia não tem esta simplicidade, mas limitamo-nos a referir a base onde toda a dinâmica capitalista – cada vez mais complexa – assenta.
17- Porque as funções desempenhadas pelo capital monetário podem potencializar ou amenizar as crises relativas à relação entre D1 e D2?
Por que as funções desempenhadas pelo capital monetário podem potencializar ou amenizar as crises relativas à relação entre D1 e D2 Vemos que, na medida em que a necessidade de capital monetário
Vemos que, na medida em que a necessidade de capital monetário provém da duração do período de trabalho, este é condicionado por duas
circunstâncias. Primeiramente, que o dinheiro é, em geral, a forma que todo
capital individual (abstraindo do crédito) tem de assumir para se transformar em capital produtivo; isso deriva da essência da produção capitalista e, em geral, da essência da produção de mercadorias. Em segundo lugar, que a grandeza do adiantamento necessário em dinheiro
[j] provém da circunstância de que, durante um intervalo mais longo, força de trabalho e meios de produção são constantemente subtraídos à sociedade, sem que, durante esse período, restitua-se a ela um produto que possa ser reconvertido em dinheiro.
A primeira circunstância, a de que o capital a ser adiantado tenha de sê-lo sob a forma-dinheiro, não é suprimida pela própria forma desse dinheiro, seja ela a de dinheiro metálico, dinheiro creditício, signo de valor etc. A segunda circunstância não é de modo algum afetada pela identidade do meio monetário ou pela forma de produção, que permitem que trabalho, meios de subsistência e meios de produção sejam subtraídos à sociedade sem lançar,em retorno, um equivalente na circulação.
quando o capital monetário vai além de sua função como capital bancário, como capital de crédito a serviço dos grandes proprietários diretos de meios de produção e se converte na ponta mais concentrada da propriedade capitalista, propriedade das condições sociais de produção a cada dia envolvendo dimensões mais extensas – e exigindo maiores volumes de inversões para extrair o mais-valor. Isto é, quando o capital monetário subordina o conjunto do processo de extração da mais-valia, ao mesmo tempo impulsionando e exigindo não apenas a extração de mais-valor, mas que seja realizada mais intensa e mais rapidamente e, simultaneamente, distanciando-se aparentemente do processo efetivo de produção do valor.
Em outros termos, o advento do capital monetário (o capital como mercadoria) socializa, torna expandido e crescentemente social – nacional e internacionalmente – o processo de extração de mais-valor. Ao mesmo tempo, obscurece e nega a base social sobre a qual se ergue.
Ao longo do último século XX, entretanto, importantes modificações ocorreram tanto no sentido do processo de fusão entre capitais bancários e industriais, quanto na especialização de inúmeras funções do capital monetário a partir principalmente da segunda metade do século, envolvendo diversas atividades (crédito, seguros, corretagem, câmbio, investimentos, dívidas públicas, etc.). Marx assinalava as diversas modalidades da existência do capital de comércio de dinheiro, genericamente definido como capital bancário, no século XIX – casas de câmbio, câmaras de compensação, caixas, etc., implicando numa extensa divisão técnica do trabalho:
O fenômeno das crises, em suas diversas configurações (superprodução, subconsumo, especulação, destruição de forças produtivas), permanece um elemento constitutivo da dinâmica capitalista. A cada dia são mais graves e mais agudas as crises sociais e o sofrimento que infligem a gigantescas massas populares, mas isso não significa de maneira mecânica que a dinâmica capitalista seja posta em xeque por tais crises. Dramaticamente, entreatnto, crises sociais podem devastar conquistas dos trabalhadores e reassentar as bases para o aprofundamento da exploração, ainda que ao custo de enorme destruição social (apodrecimento das relações sociais, devastação da natureza, etc.).
O descompasso real entre capital fictício e capital efetivamente respaldado no processo de reprodução ampliada do valor se aprofunda com o predomíno do capital monetário, o que prenuncia crises dramáticas do próprio capital na atualidade. Também aqui a correlação entre crises e processos de transformação social não deve ser estabelecida de maneira mecânica pois, em diversas circunstâncias, a queima ou a destruição de excedentes ou de capitais especulativos recompôs a dinâmica inter-capitalista, aprofundando a expropriação de grandes massas de trabalhadores.