CARACTERIZAÇÃO DOS FLUIDOS ASSOCIADOS À
PARAGÊNESE MINERAL DOS ALBITITOS
URANÍFEROS E ENCAIXANTES GNÁISSICAS DA
JAZIDA LAGOA DA RABICHA, PROVÍNCIA
URANÍFERA DE LAGOA REAL, BAHIA.
Lucilia Aparecida Ramos de Oliveira
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência
e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como
requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre
2010
Comissão Nacional de Energia Nuclear
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e
Materiais
CARACTERIZAÇÃO DOS FLUIDOS ASSOCIADOS À PARAGÊNESE MINERAL
DOS ALBITITOS URANÍFEROS E ENCAIXANTES GNÁISSICAS DA JAZIDA
LAGOA DA RABICHA, PROVÍNCIA URANÍFERA DE LAGOA REAL, BAHIA.
Lucilia Aparecida Ramos de Oliveira
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e
Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito
parcial à obtenção do Grau de Mestre
Área de concentração: Ciência e Tecnologia dos Minerais e Meio
Ambiente
Orientador: Dr. Francisco Javier Rios
Coorientador: Dr. Kazuo Fuzikawa
Belo Horizonte
2010
À minha família... Fonte de força e inspiração sempre...
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) pelo auxílio financeiro
concedido durante o mestrado e ao Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CNEN/
CDTN) pela infraestrutura e suporte técnico.
Ao meu orientador prof. Dr. Francisco Javier Rios, por acreditar em mim e na
interdisciplinaridade, pelo apoio, dedicação, confiança e compreensão durante todos esses anos.
Ao meu coorientador prof. Dr. Kazuo Fuzikawa pela paciência, amizade e disponibilidade
para nossas longas discussões.
Às Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), por fornecer o material que possibilitou a
execução deste trabalho. Em especial, ao Geólogo Evando Carele de Matos.
Aos profissionais que tornaram possível a obtenção dos resultados. Ao prof. Dr.
Christoph A. Heinrich e Markus Wälle do ETH Zurich e também a o prof. Dr. Bruce W. D.
Yardley e equipe da Universidade de Leeds, pela realização das análises de LA-ICP-MS. Ao Dr.
Luiz A. R. Garcia pelas análises de microssonda eletrônica acrescidas de valiosas discussões.
À equipe do Laboratório de Difratometria de Raios-X do CDTN. Ao Chico Rocha pela
confecção das lâminas e ensinamento do seu árduo trabalho.
A todos os professores do Curso de Pós-Graduação pelos ensinamentos, e a toda equipe da
secretaria: Roseli, Cerisa e Fulgêncio. Também aos funcionários da biblioteca Virgínia, Nívea e
Lenira pelo apoio técnico e correções das referências bibliográficas.
A todos os amigos do Setor de Tecnologia Mineral. E à equipe do Laboratório de
Inclusões Fluidas e Metalogênese que se tornou minha segunda família ao longo desses quatro
anos e meio de convivência, desde a graduação. Prof. Dr. José Marques Correia Neves que
sempre compartilhou comigo de sua vasta experiência, sobretudo orientando-me na área de
cristaloquímica. Prof. Dr. Alexandre O. Chaves por me ajudar a enxergar a importância da
química nos trabalhos geológicos. Msc. James V. Alves pelas importantes dicas geológicas.
Ana Rosa, Yuri e Aurélio pelas dicas, apoio e amizade. Aos “meus queridos bolsistas de
Iniciação Científica” Lucas e Nadja pela ajuda incondicional em todos os momentos, sem
vocês teria sido muito mais difícil. E um agradecimento especial às sempre amigas Tati,
Soninha e Beth por todo o suporte técnico e pessoal, este trabalho também é de vocês.
Aos amigos das turmas de mestrado de 2007 e 2008. Em especial à nossa turma
carinhosamente chamada de “Turma das Jibóias”: Fábio (Jiji), Camila Lacerda, Priscila,
Marina, Marcos, Juscelino, Lino e Rodrigo, vocês tornaram esses dois anos muito mais
divertidos.
A todos os amigos do CDTN em especial Nelson, Paulinho, Olivia, Vlamir, Adriana,
Carol, Fausto, Perpetua, Estefânia, Romário, Nino, Paulo Márcio e Antero.
Aos bons amigos da química: Jack, Cleiber, Carlinha, Xandão, Rodrigo, Rose, Michel,
Douglas, Fábio, Diego, Alison, Ivan e Gisele, que são muito mais do que colegas de profissão.
E aos novos amigos do curso de geologia, em especial a prof. Dr. Maria Lourdes (Lourdinha),
coordenadora do curso de graduação em geologia, pelo apoio e incentivo.
A todos os meus amigos que compreenderam o longo período de ausência e isolamento
devido ao trabalho, e mesmo assim continuaram ao meu lado, me incentivando sempre. Em
especial aos grandes amigos: Juninho, Xandy, Teco, Nathália Camila, Cabrito, Vanessa,
Ricardo, Tião, Bruno, Leo, Dani, Marina, Livia, Claudinha e Gil que já fazem parte da minha
vida há muitos e bons anos. E também, aos novos amigos, em especial aos geólogos
argentinos Tito, Lucho e Remix pelos conselhos geológicos e intercambio cultural. Vocês são
ÓTIMOS.
A minha família, meu pai, avós, tios, tias e primos que sempre acreditaram e confiaram
em mim. Agradecimento muito especial às pessoas mais importantes da minha vida, minha
mãe Dayse que sempre foi minha fonte de inspiração e força; meu irmão Daniel e sua esposa
Jusceli pelo carinho e amizade incondicionais; meus sobrinhos lindos Carolzinha, Jéssica e
Danielzinho, pelo amor que, nos momentos em que mais precisei me deu força para continuar.
Enfim, a todos que de alguma maneira participaram do meu trabalho e da minha vida
durante essa inesquecível jornada, o meu mais sincero: MUITO OBRIGADA!!!
E o meu maior agradecimento: a DEUS e ao maior sentimento do mundo o AMOR.
"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei;
Não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.
As facilidades nos impedem de caminhar.
Mesmo as críticas nos auxiliam muito."
(Chico Xavier)
CARACTERIZAÇÃO DOS FLUIDOS ASSOCIADOS À PARAGÊNESE MINERAL DOS
ALBITITOS URANÍFEROS E ENCAIXANTES GNÁISSICAS DA JAZIDA LAGOA DA
RABICHA, PROVÍNCIA URANÍFERA DE LAGOA REAL, BAHIA
Lucilia Aparecida Ramos de Oliveira
RESUMO
O Brasil possui atualmente a sétima maior reserva de urânio do mundo. A Província
Uranífera de Lagoa Real (PULR) está localizada na região centro-sul do estado da Bahia. Ao
longo de uma estrutura helicoidal, com orientação norte-sul, de aproximadamente 33 km de
extensão, estão concentradas mais de 30 anomalias de urânio. A anomalia 03 (AN03),
denominada Lagoa da Rabicha, está localizada na região centro-sul dessa estrutura e foi
descoberta e mapeada pela NUCLEBRÁS (Empresas Nucleares Brasileiras), na década de 80.
A Mina da Cachoeira (AN13), localizada na região norte da PULR, é atualmente a única
jazida de urânio em fase de produção no Brasil e na América do Sul.
Tendo em vista o crescimento da demanda energética no Brasil e no mundo, estudos e
pesquisas petrogenéticas aplicadas ao estudo de jazidas de urânio são relevantes tanto para
que se possa aumentar seu potencial de prospecção quanto para auxiliar na possível
descoberta de futuras ocorrências.
Nos últimos anos, análises de inclusões fluidas (IF) vêm sendo amplamente utilizadas
no estudo da gênese das jazidas de urânio da PULR e ainda assim existem dúvidas sobre a
metalogênese das mineralizações uraníferas.
Nesse contexto este trabalho teve como principal objetivo estudar os minerais e fluidos
associados a um setor representativo dos albititos uraníferos (rochas portadoras de
mineralização uranífera) e rochas encaixantes gnáissicas da Jazida Lagoa da Rabicha. Dessa
forma, procurou-se elaborar um quadro geral dos fluidos encontrados nesse setor,
estabelecendo uma comparação com estudos realizados por diversos autores em outros setores
de Lagoa Real, tentando-se mostrar a evolução das soluções, ao tempo que ocorria a
precipitação de uraninita.
As metodologias de trabalho utilizadas foram petrografia, a microssonda eletrônica
(ME), a ablação a laser (LA-ICP-MS) e os estudos de inclusões fluidas (IF).
Foram estudados os fluidos presentes no piroxênio, granada e plagioclásio, constituintes
da sequência mineralógica dessa jazida.
O fluido mais antigo foi encontrado no piroxênio aegirina-augita, de composição aquosalina (sem fases carbônicas) contendo Ca, Fe e Mg, salinidades de 9-13 wt% NaCl e
temperatura de homogeneização entre 220 e 290 ºC. Concomitantemente ocorreu uma
remobilização e precipitação de uraninita. Essa remobilização e precipitação de urânio
também foi registrada nas granadas, originadas a partir de fluidos aquo-salinos com Na, Mg,
Sr, Ba e Pb, sob condições de temperatura e salinidade próximas as do piroxênio.
Nas amostras estudadas não foi encontrado o piroxênio diopsídico precoce
(magmático), com fluidos aquo-salinos [H2O + Na, Rb, Ba (16%wt NaCl)], estudado por
Chaves et al (2007) na Jazida da Cachoeira (Anomalia 13, norte de Lagoa Real).
Isto provavelmente é consequência de que a intensidade do metamorfismo no setor da
Rabicha foi maior do que na Cachoeira, preservando assim muito pouco da textura magmática
pré-existente.
Salienta-se que é notória a ocorrência de uma diluição dos fluidos, presentes nos
minerais piroxênio e granada, quando se observa as jazidas no sentido N→S
(AN13→AN09→AN03). Também foi verificado que o volume de anfibólios aumenta no
centro e norte de Lagoa Real.
A precipitação do plagioclásio (que forma a estrutura dos albititos) ocorreu
posteriormente, a partir de um fluido bem menos salino, provavelmente com pouco ou
nenhum CO2 associado. Uma remobilização e precipitação de urânio também esta associada a
esta fase.
Nas amostras estudadas não foram encontrados carbonatos. Portanto, não foi possível
cruzar dados com dados preliminares obtidos por Fuzikawa (1982) em fluidos primários de
carbonatos, que evidenciaram a presença de soluções aquo-carbônicas (H2O + CO2 +CH4),
que sugerem condições redutoras para essa fase evolutiva.
O estudo de inclusões fluidas nas encaixantes gnáissicas dos albititos foi focado nos
plagioclásios, com o intuito de comparar as soluções associadas ao metassomatismo sódico
que teria afetado corpos mineralizados e rochas hospedeiras. Nos gnaisses foi registrada a
presença de fluidos aquo-carbônicos precoces de salinidade intermediária, associados aos
plagioclásios precoces.
Entretanto, as soluções que precipitaram os plagioclásios tardios eram de composição
aquo-salina de baixa salinidade, equivalentes aquelas encontradas nos plagioclásios dos
albititos. Fluidos tardios aquo-carbônicos foram encontrados em alguns cristais de quartzo da
matriz gnáissica. A presença de CO2 foi verificada sistematicamente no quartzo de veios
formados tardiamente, que cortam gnaisses e albititos, revelando condições oxidantes para os
últimos estágios de precipitação mineral no setor da Rabicha.
Sobre a presença de fluidos em todas as fases minerais estudadas os dados apresentados
demonstram que o Evento Brasiliano não obliterou os fluidos pré-existentes.
Entretanto, com exceção do plagioclásio precoce do gnaisse encaixante dos albititos, os
fluidos aquo-carbônicos não são facilmente encontrados nos minerais precoces da paragênese.
Isso pode ser explicado pelo fato de esse fluido ser anterior ao evento de deformação
Brasiliano. Durante esse evento as inclusões contendo o CO2 dos minerais precoces poderiam
ter crepitado devido à diferença de pressão, restando poucas evidências deste fluido nas
rochas.
Isto, aliado ao fato de não se ter encontrado um fluido característico associado ao
Brasiliano, sugere que este evento deformacional deve ter sido predominantemente térmico,
uma vez que fluidos anteriores ao evento foram preservados.
CHARACTERIZATION OF FLUIDS ASSOCIATED TO MINERAL PARAGENESIS OF
URANIFEROUS ALBITITES AND THEIR GNEISSIC EMBEDDING ROCKS FROM
LAGOA DA RABICHA URANIUM DEPOSIT, LAGOA REAL, BAHIA.
Lucilia Aparecida Ramos de Oliveira
ABSTRACT
Brazil has now the seventh largest uranium reserve in the world. The Lagoa Real
Uranium Province (PULR) is located in central-south region of Bahia State. Along a helical
structure, north-south oriented, with approximately 33 km long, there are 34 known uranium
mineralized areas. In its central-south portion is located anomaly 03 (AN03), named Lagoa da
Rabicha, discovered and mapped by NUCLEBRÁS (Brazilian Nuclear Enterprises), in the
80s. The Cachoeira Mine (AN13), located in northern PULR, is currently the only uranium
mine in production in Brazil and even in South America.
Nowadays it is observed a growth in energy demand in Brazil and also worldwide and
studies and research applied to the petrogenetic uranium deposits are relevant both to be able
to increase their potential for exploration and to assist in the possible future occurrences
discovery.
In recent years, fluid inclusions analysis (FI) have been widely used to study the genesis
of uranium deposits in PULR and even thought there are still doubts about the uranium
mineralization metallogenesis at Lagoa Real.
Therefore, this work aimed to study the minerals and fluids associated with Lagoa da
Rabicha albitites uraniferous and gneissic host rocks. In this way it was prepared an overview
of the fluids found in this sector, establishing a comparison with several authors’ studies in
this and others Lagoa Real anomalies, trying to show the solutions evolution, at the same t ime
that happened the uraninite precipitation.
Petrography, electronic microprobe, laser ablation (LA-ICP-MS) and fluid inclusion
studies were the applied methodologies.
The fluids inclusions assemblages present in pyroxene, garnet and plagioclase, the main
mineralogical constituents, were studied.
The older fluid was found in aegirine-augite pyroxene and had aquo-saline composition
(without carbonic phases) with Ca, Fe and Mg, 9-13 wt% NaCl salinities and homogenization
temperatures between 220 and 290 ºC. Concomitantly, occurred a uraninite remobilization
and precipitation. This uranium remobilization and precipitation was also registered in
garnets, formed from aquo-salines fluids with Na, Mg, Sr, Ba and Pb, under temperatures and
salinities conditions close to those of pyroxene.
In the studied samples it was not found the precocious diopsidic pyroxene (magmatic),
with aquo-salines fluids [H2O + Na, Rb, Ba (16%wt NaCl)], studies by Chaves et al (2007) in
Cachoeira Mine (Anomaly 13, north of Lagoa Real). This is probably a consequence of a
more intense metamorphism in the Rabicha sector when compared to Cachoeira Mine region,
preserving very little the pre-existing magmatic texture.
It is worthy to note that occurs a dilution of the fluids present in pyroxene and garnet,
when the uranium occurrences are observed in the N→S direction (AN13→AN09→AN03). It
was also observed that the amphibole volume increases in the center and north portion of
Lagoa Real.
The plagioclase precipitation (which forms the albitite structure) occurred lately from a
less saline fluid, probably with little or no associated CO2. One uranium remobilization and
precipitation is also associated to this phase.
In the studied samples carbonate was not found. It was not possible to compare data
with some preliminary data from Fuzikawa (1982) in primary fluids from carbonate, where
the presence of aquo-carbonic solutions (H2O + CO2 +CH4) suggest reducing conditions for
this evolutionary phase.
The fluid inclusion studies in albitites host rocks were focused in plagioclase, in order to
compare the solutions associated to the sodium metassomatism that would have affected the
mineralized bodies and host rocks. In the gneisses it was registered the presence of precocious
aquo-carbonic fluids with intermediate salinities, associated do precocious plagioclases.
However, the solutions that precipitate the late plagioclase had aquo-saline composition with
low salinity, similar to those found in plagioclase from albitites. Late aquo-carbonic fluids
were found in some quartz grains in the gneissic matrix. The CO2 occurrence was
systematically verified in lately formed quartz veins that cut gneisses and albitites, showing
oxidizing conditions for the last mineral precipitation stages in the Rabicha sector.
About the presence of fluids in all the studied mineral phases, the shown data
demonstrate that the Brasiliano Event (Pan African Event) had not obliterated the pre-existing
fluids.
However, with exception to early plagioclase from gneiss albitite host rock, the aquocarbonic fluids are not easily found in precocious minerals. This might be explained by the
fact that this fluid is previous to the Brasiliano deformation event. During this event the
inclusions containing the CO2 from the precocious minerals may have crepitated due to the
pressure difference, remaining little evidence of this fluid in the rocks.
This observation, associated to the fact that no characteristic fluid was found related to
Brasiliano, suggest that this deformation event must have been predominantly thermal, since
previous fluids were preserved.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AN03
Jazida Lagoa da Rabicha – Anomalia 03
AN09
Jazida do Engenho – Anomalia 09
AN13
Mina da Cachoeira – Anomalia 13
CDTN
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
CNEN
Comissão Nacional de Energia Nuclear
EIA
Energy Information Administration
EDS
Energy Dispersive Spectroscopy
ETR
Elementos Terras Raras
F113
Furo de sondagem vertical 113 da AN03
IF
Inclusões Fluidas
INB
Indústrias Nucleares Brasileiras
LA
Ablação a laser
LA-ICP-MS
Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado por Ablação à
Laser (Laser Ablation - Inductive Coupled Plasma - Mass Spectrometer)
LIFM
Laboratório de Inclusões Fluidas e Metalogênese
LLP
Laboratório de Laminação e Polimento
LR
Lagoa Real
ME
Microssonda Eletrônica
MS
Espectrômetro de Massa
NUCLEBRÁS Empresas Nucleares Brasileiras
PULR
Província Uranífera Lagoa Real
SETEM
Serviço de Tecnologia Mineral
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
Te
Temperatura eutética
Tf
Temperatura de fusão
Th
Temperatura de homogeneização
URA
Unidade de Concentração de Urânio
WDS
Wavelength Dispersive Spectroscopy
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Produção mundial de U3O8 em mil toneladas (IBRAM, 2008) ........................ 25
FIGURA 2 – Reservas mundiais de urânio (IBRAM, 2008). ............................................... 26
FIGURA 3 – Principais ocorrências de urânio no Brasil (CPRM, 2008), mostrando a
localização da PULR. ........................................................................................................... 27
FIGURA 4 – Exemplos de IF encontradas em piroxênio do albitito uranífero da Mina da
Cachoeira. A) trifásica; B) bifásica. ...................................................................................... 28
FIGURA 5 – Mapa de Localização da PULR (modificado de OSAKA, AMARAL, 1998). . 30
FIGURA 6 – Mapa geológico do Cráton do São Francisco e sua localização no mapa do
Brasil (modificado de ALKIMIN et. al. 1993). ..................................................................... 31
FIGURA 7 – Mapa geológico da PULR. A AN03 corresponde à Jazida Lagoa da Rabicha
(Modificado de mapa elaborado por Cláudio Raposo e James V. Alves – NUCLEBRÁS). ... 33
FIGURA 8 – Estrutura caracterizando a torção helicoidal. ST – São Timóteo, LR – Lagoa
Real, LG – Lagoa Grande, MB – Monsenhor Bastos. (retirado de CRUZ et al, 2007). .......... 36
FIGURA 9 – Mapa radiométrico e seção vertical da AN03 (adaptado de RAPOSO, MATOS,
1982). .................................................................................................................................. 38
FIGURA 10 – Perfil esquemático do Furo de sondagem 113 (Desenhado por L.E.D.
AMORIM baseado em informações constantes em NUCLEBRÁS, 1981 e RAPOSO,
MATOS, 1982). ................................................................................................................... 39
FIGURA 11 – Mapa de locação de furos e limites das reservas, Jazida Lagoa da Rabicha,
AN03 (Modificado de RAPOSO, MATOS, 1982). ............................................................... 49
FIGURA 12 – Microscópios (A) Leica DMRXP e (B) ORTHOLUX II POL-BK, ambos
pertencentes ao LIFM/CDTN. .............................................................................................. 52
FIGURA 13 – (A) Platina CHAIXMECA acoplada ao microscópio petrográfico
ORTHOLUX II POL-BK e (B) Platina FTIR600 – LINKAM acoplada ao microsópio Leica
DMRXP. .............................................................................................................................. 56
FIGURA 14 – Imagens da platina de esmagamento CHAIXMECA acoplada ao microscópio
OLYMPUS BX51. (A) platina e microscópio; (B) detalhe da platina. .................................. 57
FIGURA 15 – Aspecto mesoscópico dos albititos. A) Amostra 200907-12 B) Amostra
200907-24. ........................................................................................................................... 59
FIGURA 16 – Plagioclásio tardio (albita recristalizada) no albitito mostrando contatos retos e
pontos triplos, nicóis cruzados. Amostra 200907-19. ............................................................ 60
FIGURA 17 – Agregados de piroxênio. Amostra 200907-19 (Px-piroxênio, Plg-plagioclásio
precoce, Ab-plagioclásio tardio). .......................................................................................... 61
FIGURA 18 – Agregados de piroxênio associado ao anfibólio e a granada. Amostra 20090722 (Anf-anfibólio, Px-piroxênio, Mg-magnetita, Gr-granada, Ab-plagioclásio tardio). ......... 61
FIGURA 19 – Anfibólio com alteração para biotita; titanita, fluorita e uraninita. Amostra
200907-24 (Anf-anfibólio, Biot-biotita, Tit-titanita, Fl-fluorita, Plg-Plagioclásio precoce, Abplagioclásio tardio)............................................................................................................... 62
FIGURA 20 – Agregados de granada com uraninita. Amostra 200907-22. .......................... 62
FIGURA 21 – Microclina entre grãos de plagioclásio tardio (albita recristalizada), nicóis
cruzados. Amostra 200907-19. (Mcr-microclina, Ab-plagioclásio tardio). ............................ 63
FIGURA 22 – Biotita tabular. Amostra 200907-20 (Anf-anfibólio, Biot-biotita, Tit-titanita,
Ab-plagioclásio tardio)......................................................................................................... 64
FIGURA 23 – Titanita associada a granada e uraninita. A) Nicóis paralelos B) Nicóis
cruzados. Amostra 200907-22 (Gr-granada, Tit-titanita, Ura-uraninita). ............................... 65
FIGURA 24 – A) Minerais máficos no albitito mineralizado (plagioclásio tardio, anfibólio,
piroxênio, biotita, uraninita, zircão e magnetita). B) Fotomicrografia com luz refletida para
destacar a magnetita martitizada. Amostra 200907-23. ......................................................... 66
FIGURA 25 – Epidoto (Allanita) e apatita - Amostra 200907-22 (Ep-epidoto, Apt-apatita). 67
FIGURA 26 – Clorita e zircão associados aos minerais máficos do albitito mineralizado Amostra 200907-24. (Anf-anfibólio, Tit-titanita, Zr-zircão). ................................................ 67
FIGURA 27 – Aspecto mesoscópico do anfibolito em contato com o microclina gnaisse.
Amostra 200907-13. ............................................................................................................ 68
FIGURA 28 – Anfibolito. A) Fotomicrografia da região central do albitito com
predominância de anfibólio e biotita, os cristais menores são apatita, titatina, quartzo e
plagioclásio. B) Região mais próxima ao contato com o microclina gnaisse onde predominam
titanita e apatita. Amostra 200907-13. (Anf-anfibólio, Biot-biotita, Tit-titanita, Apt-apatita,
Mg-magnetita) ..................................................................................................................... 69
FIGURA 29 – Aspecto mesoscópico do microclina gnaisse. A) Amostra 200907-17 B)
Amostra 200907-18. ............................................................................................................ 70
FIGURA 30 – A) Fotomicrografia da microclina com algumas inclusões de quartzo. Amostra
200907-16. Nicóis cruzados. B) Fotomicrografia mostrando o aspecto do plagioclásio
precoce. Amostra 200907-18. Nicóis cruzados. (Mcr-microclina, Qtz-quartzo) .................... 71
FIGURA 31 – Fotomicrografias dos dois tipos de plagioclásio, plagioclásio precoce (Plg) e
plagioclásio tardio (Ab), mostrando indicação do processo de albitização. (A) Nicóis
paralelos; (B) nicóis cruzados; (C) detalhe mostrando o processo de albitização no microclina
gnaisse, cristal de plagioclásio tardio ao centro de um cristal de plagioclásio precoce. .......... 72
FIGURA 32 – Fotomicrografia dos minerais acessórios do microclina gnaisse. A) Magnetita,
titanita e anfibólio. Amostra 200907-18. B) Magnetita, titanita, apatita e piroxênio. Amostra
200907-17. (Mg-magnetita, Tit-titanita, Biot-biotita, Anf-anfibólio, Apt-apatita, Px-piroxênio)
............................................................................................................................................ 73
FIGURA 33 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o piroxênio do
albitito, amostra 200907-21. ................................................................................................. 74
FIGURA 34 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do albitito,
amostra 200907-23............................................................................................................... 74
FIGURA 35 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a granada do albitito,
amostra 200907-21............................................................................................................... 75
FIGURA 36 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a albita do albitito,
amostra 200907-23............................................................................................................... 75
FIGURA 37 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a microclina do
albitito, amostra 200907-21. ................................................................................................. 75
FIGURA 38 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a titanita do albitito,
amostra 200907-23. (A) titanita com maior teor de ferro, alumínio e nióbio. (B) titanita com
menor teor de ferro e nióbio e maior teor de titânio. ............................................................. 76
FIGURA 39 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do albitito,
amostra 200907-21............................................................................................................... 76
FIGURA 40 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a apatita do albitito,
amostra 200907-21............................................................................................................... 77
FIGURA 41 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o zircão do albitito,
amostra 200907-23............................................................................................................... 77
FIGURA 42 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a alanita do albitito,
amostra 200907-21............................................................................................................... 77
FIGURA 43 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a magnetita do
albitito, amostra 200907-21. ................................................................................................. 78
FIGURA 44 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a ilmenita do albitito,
amostra 200907-23............................................................................................................... 78
FIGURA 45 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a uraninita do albitito,
amostra 200907-23. Os elementos que aparecem que não fazem parte da composição do
mineral devem ser interferência do hospedeiro. .................................................................... 78
FIGURA 46 – Imagem de elétrons retroespalhados de um cristal de granada (Gr) com
inclusões de titanita (Tit), apatita (Apt), zircão (Zr) e uraninita (Ura). Amostra 200907-21... 79
FIGURA 47 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do
anfibolito, amostra 200907-13.............................................................................................. 80
FIGURA 48 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do anfibolito,
amostra 200907-13............................................................................................................... 80
FIGURA 49 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o piroxênio do
microclina gnaisse, amostra 200907-13. ............................................................................... 81
FIGURA 50 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do
microclina gnaisse, amostra 200907-18. ............................................................................... 81
FIGURA 51 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a albita do microclina
gnaisse, amostra 200907-18. ................................................................................................ 81
FIGURA 52 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do
microclina gnaisse, amostra 200907-18. ............................................................................... 82
FIGURA 53 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o zircão do
microclina gnaisse, amostra 200907-18. ............................................................................... 82
FIGURA 54 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a ilmenita do
microclina gnaisse, amostra 200907-18. ............................................................................... 82
FIGURA 55 – Imagem de elétrons retroespalhados dos minerais do microclina gnaisse. A)
amostra 200907-18 e B) amostra 200907-13 (qtz-quartzo, Zr-zircão, albt-albita, anf-anfibólio,
Tit-titanita, Px-piroxênio, OxFe-óxido de ferro). .................................................................. 83
FIGURA 56 – Classificação de piroxênios estudados nas amostras 200907-13 e 200907-21.
Ae-aegerina; Jd-Jadeita; Wo-Wollastonita; En-Enstatita; Fs-Ferrosilita. Classificação
utilizando o software PX-NOM (STURM, 2002). ................................................................ 85
FIGURA 57 – Classificação de piroxênio estudado na amostra 200907-13. Wo-Wollastonita;
En-Enstatita; Fs-Ferrosilita. Classificação utilizando o software PX-NOM (STURM, 2002). 86
FIGURA 58 – Diagramas para classificação dos anfibólios da amostra 200907-13
{Hornblenda comum: (Ca,Na,K)2-3(Mg,Fe2+,Fe3+,Al)5[Si6(Si,Al)2O22](OH,F)2 / Edenita:
NaCa2Mg5[Si7 AlO22](OH,F)2}. Gerados a partir do software MINPET 2.0. ......................... 87
FIGURA 59 – Imagem de elétrons retroespalhados dos feldspatos presentes no microclina
gnaisse. Amostra 200907-18. Composição: 1 e 5 – Andesina; 2 – Oligoclásio; 3 e 4 –
Feldspato Alcalino (microclina). .......................................................................................... 90
FIGURA 60 – Diagrama ternário para classificação dos feldspatos. Obtido pelo software
MINPET 2.0 ........................................................................................................................ 91
FIGURA 61 – Imagens de elétrons retroespalhados das titanitas mostrando as diferenças
composicionais. (A) Albitito – ordem crescente dos teores de Fe, Nb e Al: 2-3-1. (B)
Microclina gnaisse – ordem crescente do teor de Fe: 4-3-5-6................................................ 92
FIGURA 62 – Diagramas relacionando a composição das titanitas nas rochas estudadas. (A)
Al2O3 x TiO2, (B) FeO x TiO2, (C) FeO x Al2O3. Obtidos com o software Minpet 2.0. ......... 93
FIGURA 63 – Gráfico de elementos traço para as titanitas do anfibolito na amostra 20090713. (A) todos os elementos. (B) detalhe mostrando os elementos presentes em quantidade
menor que 600ppm. ............................................................................................................. 94
FIGURA 64 – Gráfico de elementos traço para as titanitas do microclina gnaisse na amostra
200907-13. (A) todos os elementos. (B) detalhe mostrando os elementos presentes em
quantidade inferior a 700ppm. .............................................................................................. 95
FIGURA 65 – Gráfico de elementos traço para a albita (plagioclásio tardio) do albitito. (A)
albitito mineralizado (100907-23). (B) albitito não mineralizado (200907-20)...................... 95
FIGURA 66 – Gráfico de elementos traço para o anfibólio do albitito. (A) albitito
mineralizado (100907-23). (B) albitito não mineralizado (200907-20). ................................ 96
FIGURA 67– Gráfico da composição em elementos traço no piroxênio do albitito
mineralizado, amostra 200907-23......................................................................................... 96
FIGURA 68 – Fotomicrografia de inclusões fluidas primárias bifásicas presentes no
piroxênio, amostra 200907-24. ............................................................................................. 98
FIGURA 69 – Fotomicrografia de inclusões fluidas primárias bifásicas presentes na granada,
amostra 200907-22............................................................................................................... 98
FIGURA 70 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásicas presentes no plagioclásio tardio
do albitito uranífero, amostra 200907-22. ............................................................................. 99
FIGURA 71 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásicas presentes no plagioclásio tardio
do albitito, amostra 200907-20. ............................................................................................ 99
FIGURA 72 – Fotomicrografia de inclusão fluida bifásica na biotita. Amostra 200907-23. 100
FIGURA 73 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásica no plagioclásio tardio do gnaisse.
Amostra 200907-18. .......................................................................................................... 101
FIGURA 74 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásica no quartzo do gnaisse. Amostra
200907-18. (A) aquo-salina, (B) aquo-carbônica. ............................................................... 101
FIGURA 75 – (A) IF primárias na titanita. (B) Prováveis melt inclusions na titanita.......... 102
FIGURA 76 – Histograma mostrando as temperaturas eutéticas obtidas para as IF do
piroxênio no albitito. .......................................................................................................... 103
FIGURA 77 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do
piroxênio no albitito. .......................................................................................................... 104
FIGURA 78 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF
do piroxênio no albitito. ..................................................................................................... 104
FIGURA 79 – Diagrama de salinidade em NaCl versus temperatura de homogeneização de IF
em piroxênio e granada do albitito. .................................................................................... 105
FIGURA 80 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do
plagioclásio tardio no albitito. ............................................................................................ 106
FIGURA 81 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF do
plagioclásio tardio no albitito. ............................................................................................ 107
FIGURA 82 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF
do plagioclásio tardio no albitito. ....................................................................................... 107
FIGURA 83 – Diagrama de salinidade em NaCl versus temperatura de homogeneização de IF
em plagioclásio tardio do albitito e do microclina gnaisse. ................................................. 108
FIGURA 84 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF da granada
no albitito........................................................................................................................... 109
FIGURA 85 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF da
granada no albitito.............................................................................................................. 109
FIGURA 86 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF
da granada no albitito. ........................................................................................................ 110
FIGURA 87 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do
plagioclásio tardio no microclina gnaisse. .......................................................................... 111
FIGURA 88 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF do
plagioclásio tardio no microclina gnaisse. .......................................................................... 111
FIGURA 89 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF
do plagioclásio tardio no microclina gnaisse....................................................................... 112
FIGURA 90 – Carta comparativa de liberação de gases para classificação durante o
esmagamento (modificado de FUZIKAWA, 1985)............................................................. 113
FIGURA 91 – Fotomicrografia da sequência de esmagamento de cristais de plagioclásio em
amostras de albitito e microclina gnaisse, meio de imersão utilizado glicerina. (A) e (B)
microclina gnaisse - amostra 200907-18; (C) e (D) albitito não mineralizado - amostra
200907-20; (E) e (F) amostra albitito mineralizado - 200907-22; (G) e (H) albitito
mineralizado - amostra 200907-21; (I) e (J) albitito mineralizado - amostra 200907-24; (K) e
(L) albitito mineralizado - amostra 200907-23.................................................................... 115
FIGURA 92 – Fotomicrografia da fase final do esmagamento da amostra 200907-20 em
cloreto de bário mostrando que não houve a precipitação de carbonato de bário. ................ 116
FIGURA 93 – Gráfico das isócoras associadas ao geotermômetro para estimar a pressão
mínima de formação de piroxênio e plagioclásio tardio do albitito, e de carbonatos associados
a veios que cortam os albititos. ........................................................................................... 122
FIGURA 94 – Diagrama comparativo das IF da AN09 com AN03 no piroxênio e na granada
do albitito........................................................................................................................... 124
FIGURA 95 – Diagrama comparativo das IF nos diferentes tipos de plagioclásio no
microclina gnaisse e no albitito. ......................................................................................... 128
FIGURA 96 – Quadro geral dos fluidos em Lagoa Real considerando os albititos e suas
encaixantes gnáissicas nas diferentes fases deformação. ..................................................... 133
FIGURA 97 – Gráfico esquemático quadro geral dos fluidos sugerido para LR. ................ 134
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Equivalência Energética (IBRAM, 2008)....................................................... 24
TABELA 2 – Datações na Província Uranífera Lagoa Real. ................................................ 40
TABELA 3 – Identificação e descrição das amostras coletadas no furo de sondagem 113
(F113). As amostras marcadas de colorido foram as efetivamente estudadas. ....................... 50
TABELA 4 – Composição química das granadas das séries piralspita e ugrandita. (KLEIN,
2008) ................................................................................................................................... 88
TABELA 5 – Análise química, por ME, representativa de granadas encontradas em granadaalbitito (200907-21). Planilha para cálculo de fórmula mineral (BRADY et al, 2009)........... 89
TABELA 6 – Dados obtidos após o esmagamento em amostras de microclina gnaisse e
albitito. .............................................................................................................................. 112
TABELA 7 – Comparação das propriedades observadas nas titanitas de albititos, gnaisses e
anfibolitos de LR. .............................................................................................................. 120
TABELA 8 – Comparativo dos dados obtidos neste trabalho com os dados obtidos por Souza
(2009) e Oliveira et al (2007) para os piroxênios e granadas do albitito. ............................. 123
TABELA 9 – Composição química das rochas representativas de LR utilizadas em Lobato e
Fyfe (1990) para realizar o balanço de massa. .................................................................... 126
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 24
1.1.
OBJETIVOS ............................................................................................... 28
1.2.
JUSTIFICATIVAS ..................................................................................... 29
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA .............................................................................................. 30
2.1.
LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA ...................................................... 30
2.2.
GEOLOGIA REGIONAL ........................................................................... 31
2.3.
GEOLOGIA LOCAL .................................................................................. 34
2.4.
DATAÇÕES ............................................................................................... 40
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS ....................................................... 43
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS ................................................................................... 49
4.1.
AMOSTRAGEM ........................................................................................ 49
4.2.
PETROGRAFIA ......................................................................................... 52
4.3.
MICROSSONDA ELETRÔNICA .............................................................. 53
4.4.
ESPECTROMETRIA DE MASSA COM PLASMA INDUTIVAMENTE
ACOPLADO POR ABLAÇÃO A LASER .......................................................................... 54
4.5.
MICROSCOPIA DAS INCLUSÕES FLUIDAS ......................................... 55
4.6.
MICROTERMOMETRIA DE INCLUSÕES FLUIDAS ............................. 56
4.7.
PLATINA DE ESMAGAMENTO .............................................................. 57
CAPÍTULO 5. RESULTADOS ......................................................................................... 58
5.1.
PETROGRAFIA ......................................................................................... 58
5.2.
MICROSSONDA ELETRÔNICA .............................................................. 74
5.2.1.
ANÁLISES QUALITATIVAS ................................................................... 74
5.2.2.
ANÁLISES QUANTITATIVAS................................................................. 83
5.3.
LA-ICP-MS ................................................................................................ 94
5.4.
INCLUSÕES FLUIDAS ............................................................................. 97
5.4.1.
MICROSCOPIA DAS INCLUSÕES FLUIDAS ......................................... 97
5.4.1.1.
Albititos ...................................................................................................... 97
5.4.1.2.
Microclina gnaisse .................................................................................... 100
5.4.2.
MICROTERMOMETRIA......................................................................... 102
5.4.2.1.
Albitito ..................................................................................................... 103
5.4.2.2.
Microclina Gnaisse ................................................................................... 110
5.4.3.
PLATINA DE ESMAGAMENTO ............................................................ 112
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO ........................................................................................... 117
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES ....................................................................................... 135
7.1.
ALBITITOS E GNAISSES ....................................................................... 135
7.2.
CONCLUSÕES GENÉTICAS .................................................................. 136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 137
ANEXOS
.......................................................................................................................143
24
CAPÍTULO 1.
INTRODUÇÃO
O urânio foi descoberto em 1789 por Klaproth a partir do mineral pechblenda. Somente
em 1896, Becherel descobriu a radioatividade quando acidentalmente expôs uma rocha que
continha urânio a uma chapa fotográfica (CUNEY, KYSER, 2009; INB, 2008).
Esse elemento possui número atômico 92 e pode ser encontrado na natureza na forma de
três isótopos,
234
U,
235
Ue
238
U, sendo o isótopo de massa 238 o mais estável (que existe em
maior abundância). É o elemento químico natural mais pesado.
O isótopo de massa 235 é fissionável e ocorre na natureza em uma proporção de 0,7%.
Para a sua utilização em reatores nucleares é necessário o seu “enriquecimento” que aumenta
essa concentração para aproximadamente 3,2%.
Antes da década de 40, o urânio era usado para dar cor a vidros e cerâmicas vitrificadas.
Os minerais de urânio eram também utilizados como fonte de seu isótopo filho, o
o tratamento do câncer. Em 1942, a fissão nuclear controlada do
235
226
Ra, para
U foi realizada, o que
levou ao desenvolvimento de seu uso na geração de energia nuclear (PLANT et al, 1999).
A principal aplicação comercial do urânio é na geração de energia elétrica, como
combustível em reatores nucleares de potência (INB, 2008).
A energia nuclear tem se tornado uma fonte de energia muito importante nos últimos
tempos principalmente pelo fato de tratar-se de energia limpa, ou seja, não emite gases que
contribuem para o efeito estufa além de apresentar um alto rendimento energético (TAB. 1).
TABELA 1 – Equivalência Energética (IBRAM, 2008)
Urânio
Petróleo
Carvão
1 Kg
10 ton
20 ton
Aproximadamente 17% da eletricidade do mundo é gerada a partir dos 440 reatores
nucleares espalhados por 30 países e 8% de toda a energia consumida no mundo é de origem
nuclear (EIA, 2007).
O Brasil é o décimo segundo maior produtor mundial de urânio (INB, 2008) e sua
produção é de cerca de 230 ton/ano de U3O8 concentrado, podendo atingir a capacidade
nominal de 400 ton/ano (FIG. 1). O Canadá é o maior produtor mundial com 9,8 mil ton,
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
25
seguido pela Austrália com 8 mil ton e Cazaquistão com 5 mil toneladas/ano. Esses três países
são responsáveis por mais da metade da produção mundial de urânio (IBRAM, 2008).
FIGURA 1 – Produção mundial de U3O8 em mil toneladas (IBRAM, 2008)
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) controlam todas as atividades de suprimento do
combustível nuclear no Brasil, desde a explotação do urânio até o fornecimento do
combustível às usinas para a geração de energia (IBRAM, 2008).
O Brasil possui atualmente a sétima maior reserva de urânio do mundo (FIG. 2), que
alcança 310 mil toneladas, ou seja, 7% das reservas mundiais (IBRAM, 2008). A Mina da
Cachoeira (AN13) localizada na Província Uranífera de Lagoa Real (PULR), em Lagoa Real,
BA, é atualmente a única jazida de urânio em fase de produção no Brasil e na América do Sul
(FIG. 3).
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
FIGURA 2 – Reservas mundiais de urânio (IBRAM, 2008).
26
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
27
FIGURA 3 – Principais ocorrências de urânio no Brasil (CPRM, 2008), mostrando a localização da PULR.
Tendo em vista o crescimento da demanda energética no Brasil e no mundo, estudos e
pesquisas petrogenéticas aplicadas às jazidas de urânio são relevantes tanto para que se possa
aumentar seu potencial de prospecção quanto para auxiliar na possível descoberta de futuras
ocorrências.
Nos últimos anos, o estudo de inclusões fluidas (IF) em minerais (FIG. 4), vêm sendo
amplamente utilizado para entender a gênese e metalogênese de jazidas de urânio (ex:
FUZIKAWA, ALVES, 1988; OLIVEIRA et al, 2007; SOUZA, 2009). O estudo dessas IF tem
sido de grande relevância econômica e científica em trabalhos relacionados com as
geociências, visto que os resultados obtidos podem auxiliar na determinação das condições
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
28
físico-químicas de formação de cristalização e formação depósitos minerais, bem como das
condições do processo evolutivo dos mesmos (FUZIKAWA, 1985; ROEDDER, 1984).
(A)
(B)
(B)
(A)
FIGURA 4 – Exemplos de IF encontradas em piroxênio do albitito uranífero da Mina da Cachoeira. A) trifásica;
B) bifásica.
Neste contexto, o estudo de IF juntamente com análises químicas e petrográficas de
minerais associados ao urânio de Lagoa Real é de extrema importância para uma melhor
compreensão da gênese dos depósitos da província.
1.1.
OBJETIVOS
Este estudo tem como principal objetivo a caracterização dos fluidos e minerais
presentes nos albititos, rochas portadoras da mineralização uranífera da Jazida Lagoa da
Rabicha (AN03), e em suas encaixantes gnáissicas, utilizando-se como principais ferramentas
petrografia microscópica, microssonda eletrônica (ME), ablação a laser (LA-ICP-MS) e
estudos de IF. Todas as amostras estudadas são provenientes da anomalia Lagoa da Rabicha
(AN03) da PULR.
Os estudos visam contribuir para o conhecimento mais preciso dos processos
metalogenéticos que auxiliarão na compreensão dos processos geológicos relacionados à
concentração de U e à formação de seus depósitos.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
1.2.
29
JUSTIFICATIVAS
Na PULR estão localizadas mais de 30 anomalias de urânio. Uma delas, a anomalia 13
(AN13), atualmente denominada Jazida Cachoeira, é a única mina de urânio em produção no
Brasil e na América do Sul. Embora nos últimos cinco anos tenha ocorrido uma retomada da
produção de urânio em nosso País, as reservas da Cachoeira são limitadas e, certamente, não
poderão atender à demanda futura do Brasil.
Uma das maiores jazidas uraníferas já identificadas na PULR está localizada na AN03,
denominada Lagoa da Rabicha, descoberta e mapeada pela NUCLEBRÁS (Empresas
Nucleares Brasileiras), na década de 80.
Ainda existem dúvidas sobre a metalogênese das mineralizações uraníferas de Lagoa
Real. Este trabalho possibilitou uma ampliação na base de dados geoquímicos dos fluidos da
AN03 permitindo uma análise mais detalhada dos modelos genéticos já existentes ( CHAVES
et al, 2007; CRUZ, 2004; FYFE, 1979; GEISEL SOBRINHO, 1981; LOBATO, 1985; LOBATO;
FYFE, 1990; MARUEJOL, 1989, dentre outros). Com isso novas propostas sobre a evolução
metalogenética da jazida poderão ser feitas uma vez que os modelos existentes são
conflitantes entre si e com novos dados talvez seja possível aprimorar, discutir e avaliar esses
modelos.
Nos últimos anos, o Laboratório de Inclusões Fluidas e Metalogênese (LIFM) do Centro
de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), retomou a pesquisa metalogenética dos
corpos uraníferos dessa província numa ampla abordagem geoquímica e mineralógica,
utilizando novas metodologias analíticas, visando rever hipóteses anteriormente estabelecidas,
obter novos dados e apresentar conclusões que possam contribuir para ampliar o
conhecimento da principal Província Uranífera do Brasil.
Conclui-se então que o desenvolvimento de pesquisas metalogenéticas, baseadas em
estudos mineralógicos, geoquímicos e de IF nas rochas da AN03 e de sua encaixante
contribuirão para o melhor conhecimento das anomalias de urânio já conhecidas e,
possivelmente, para a elaboração de guias de prospecção que permitam a localização de novos
alvos mineralizados em um contexto geológico semelhante ao da PULR.
30
CAPÍTULO 2.
2.1.
GEOLOGIA
LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA
A PULR está localizada na região centro-sul do estado da Bahia, nos municípios de
Caetité e Lagoa Real. Abrange uma área definida pelas coordenadas geográficas 42º09’42º23’W e 13º45’-14º07’S (OSAKA, AMARAL, 1998) (FIG. 5), na porção centro-sul do
Cráton do São Francisco (ALKIMIN et al, 1993; ALMEIDA, 1977) (FIG. 6).
O acesso, partindo-se de Salvador, segue as rodovias asfaltadas BR116 e BR030 que
interligam essa cidade à Vitória da Conquista-Brumado-Caetité. O percurso total é de
aproximadamente 740 km. Depois de Caetité, percorre-se 28 km até a cidade de Maniaçu,
pela BR122 asfaltada seguindo-se, posteriormente, em uma estrada com boa qualidade,
embora não pavimentada, por 12 km até a Jazida da Lagoa Rabicha e à Unidade de
Concentração de Urânio (URA) (FIG. 5).
FIGURA 5 – Mapa de Localização da PULR (modificado de OSAKA, AMARAL, 1998).
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
31
FIGURA 6 – Mapa geológico do Cráton do São Francisco e sua localização no mapa do Brasil (modificado de
ALKIMIN et. al. 1993).
2.2.
GEOLOGIA REGIONAL
As mineralizações de urânio estão hospedadas em rochas granito-gnáissicas
denominadas Complexo Ígneo-Metamórfico de Lagoa Real (COSTA et al, 1985) e Granito
São Timóteo (FIG. 7). Esse complexo corta rochas migmatíticas Arqueanas. (FIG. 7)
O Complexo Ígneo-Metamórfico Lagoa Real, assim denominado por Costa et al (1985),
é simplificadamente chamado de Complexo Lagoa Real por outros autores como Arcanjo et al
(2000) e Cruz (2004). No presente trabalho será adotada a primeira nomenclatura.
O Complexo Ígneo-Metamórfico Lagoa Real está localizado na porção sul do
Aulacógeno Paramirim, que é constituído pelas rochas da Suíte intrusiva Lagoa Real e por um
conjunto de rochas diabásicas, anfibolíticas e charnoquíticas que ocorrem intercaladas com os
litotipos daquela suíte (ARCANJO et al, 2000; CRUZ, 2004).
A Suite intrusiva Lagoa Real compreende um conjunto de granitos, gnaisses e albititos.
As rochas deste Complexo têm como encaixantes os ortognaisses do Complexo Paramirim e
os terrenos Greenstones Belts Ibitira-Ubiraçaba e Umburanas de idade Arqueana (CRUZ,
2004).
Este Complexo faz contato com as rochas da infraestrutura através das zonas de
cisalhamento Licínio de Almeida, a oeste, e São Timóteo, a leste (CRUZ, 2004). O
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
32
aulacógeno Paramirim, no qual se insere a PULR é delimitado na parte leste pela Chapada
Diamantina e a oeste pela Serra do Espinhaço (SOUZA, 2009).
As rochas portadoras de mineralização uranífera foram denominadas albititos por Geisel
Sobrinho et al (1980), e são constituídas essencialmente por albita-oligoclásio, numa
proporção volumétrica estimada superior a 60% do volume (FUZIKAWA, ALVES, 1988;
MATOS et al, 2003). Essas rochas ocorrem como corpos tabulares e lenticulares de tamanhos
diversos desde alguns metros de comprimento até quilômetros de extensão encaixados no
Complexo Lagoa Ígneo-Metamórfico Real (SOUZA, 2009).
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
33
FIGURA 7 – Mapa geológico da PULR. A AN03 corresponde à Jazida Lagoa da Rabicha (Modificado de mapa elaborado por Cláudio Raposo e James V. Alves –
NUCLEBRÁS).
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
2.3.
34
GEOLOGIA LOCAL
Como mencionado no item anterior, o Complexo Ígneo-Metamórfico Lagoa Real é
constituído basicamente por granitóides alcalinos a subalcalinos, ortognaisses e albititos, que
correspondem a metadioritos e quartzo-monzodioritos metamorfisados, ambos ricos em albita,
e anfibolitos (CRUZ, 2004).
Granitóides:
Os granitóides localizam-se nas imediações das anomalias Monsenhor Bastos
(AN02/12), Engenho (AN09), Cachoeira (AN13) e na região de São Timóteo. Eles são a
unidade predominante ocorrendo em dimensões batolíticas; são rochas isotrópicas a semiisotrópicas, de coloração cinza a cinza-rosada, de granulação fina a média e têm composição
variando de quartzo-dioritos a granitos com hornblenda e biotita. Eles possuem basicidade
mais elevada (plagioclásios andesíticos) no núcleo e menos elevada (plagioclásios
oligoclásicos) nas bordas (BRITO et al, 1984; MORAES et al, 1980; OLIVEIRA et al, 1985).
Os granitóides podem ser classificados como rochas metaígneas ainda possuindo
texturas originais preservadas, com uma associação mineralógica e várias texturas
deformacionais sinmetamórficas bem desenvolvidas (CRUZ, 2004). Possuem textura
poligonizada que situam-se em um domínio metamórfico de alto grau de fácies anfibolitogranulito. Exibem em muitos locais textura granoblástica poligonizada com sinais de
orientação cataclástica e indícios de ação metassomática (OLIVEIRA et al, 1985).
Gnaisses:
Os gnaisses são as rochas encaixantes dos albititos portadores da mineralização
uranífera. São rochas metamórficas, bandadas, quartzo-feldspáticas. São caracterizados por
sua composição variável de microclina e plagioclásio, contendo quartzo (~5 a 20%) e sendo
os minerais máficos dominantes a biotita, anfibólio e piroxênio. Possuem granulação fina a
média, cor acinzentada e apresentam normalmente evidências de ação cataclástica
(OLIVEIRA et al, 1985).
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
35
Anfibolitos:
Os anfibolitos formam corpos tabulares, de expessuras extremamente variáveis entre 0,3
e 25 metros, distribuídos por todo o Complexo Ígneo-Metamórfico Lagoa Real. Sua
composição básica em volume da rocha é hornblenda 45-55%, biotita 5-15% e plagioclásio
25-45%. São mesocráticos e apresentam coloração verde escura a preto-esverdeada,
equigranular, nematoblástica, marcada pela orientação da hornblenda, e anisotrópica (CRUZ,
2004).
Os anfibolitos estão orientados em três direções distintas. Os corpos com direção
N45ºW estão ligeiramente concordantes com a foliação geral das rochas (N40ºW). Possuem
comprimento de até 400 m, espessura média da ordem de 10 m e extensão em profundidade,
obtida por sondagem, de 290 m. Corpos intrusivos sob a forma de diques verticais têm
direções N10ºW e N75W e cortam obliquamente as rochas, em geral interceptam os corpos
uraníferos, depreciando a reserva em até 10% (NUCLEBRÁS, 1984).
Albititos:
Os albititos são as rochas hospedeiras da mineralização e encontram-se encaixados nas
rochas gnáissicas. Os contatos com as rochas gnáissicas geralmente são gradacionais,
podendo ser abruptos. Ocorrem sob a forma de corpos lenticulares e tabulares, sigmóides,
alongados em planta e concordantes com a direção geral da foliação regional (SOUZA, 2009).
Essas rochas possuem distribuição ampla na área, mas possuem concentração notável
nas regiões de Monsenhor Bastos (AN02/12), Lagoa da Capivara, Lagoa da Rabicha (AN03),
Quebradas (AN08/11), Engenho (AN09) e Cachoeira (AN13) (BRITO et al, 1984;
OLIVEIRA et al, 1985).
Os albititos da Suite intrusiva Lagoa Real mergulham para W na extremidade sul dos
alinhamentos exibindo atitude vertical na parte central e mergulho para E na extremidade norte
caracterizando uma torção helicoidal (FIG. 8).
Os albititos são formados por plagioclásio, piroxênio, granada, anfibólio, biotita, sendo
os acessórios mais comuns a titanita, apatita, zircão, fluorita, calcita, magnetita e hematita.
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
36
FIGURA 8 – Estrutura caracterizando a torção helicoidal. ST – São Timóteo, LR – Lagoa Real, LG – Lagoa
Grande, MB – Monsenhor Bastos. (retirado de CRUZ et al, 2007).
A mineralização é constituída principalmente por uraninita e pechblenda (MATOS et al,
2003). A uraninita ocorre em cristais microcristalinos e microgranulares, predominantemente
associada aos minerais máficos, granada e piroxênio (PRATES, 2008).
Alguns minerais secundários de urânio foram descritos como, por exemplo, torbernita
(RIBEIRO et al, 1984), uranofana, beta-uranofana, autunita, sklodowskita, haiweeita
(CHAVES, 2005), tyuyamunita e provável vanuralita (PRATES, 2008).
A AN03 está localizada na área centro-sul da estrutura helicoidal. Essa estrutura
apresenta mergulho de 56º para SW e a foliação das rochas metassomáticas é regionalmente
concordante com o posicionamento submeridiano das rochas do Espinhaço Setentrional.
Nesta anomalia a persistência da mineralização uranífera foi comprovada por sondagem
até 700 metros de profundidade. A espessura média mineralizada é da ordem de seis metros
(VILAÇA, HASHIZUNE, 1982).
As amostras estudadas foram coletadas no furo de sondagem vertical 113 (F113), de
profundidade 283,52 m na cota 980,50 m. O F113 foi realizado pela GEOSOL em outubro de
1981 e exibiu recuperação média de 99,99%. A descrição deste furo encontra-se no ANEXO
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
37
A, conforme o relatório de descrição de testemunhos da NUCLEBRÁS (1981) (FIG. 9 e 10) e
na reinterpretação durante este trabalho.
A partir da descrição do F113 (ANEXO A) é possível observar que: a radiação de fundo
é de aproximadamente 70 cps; os primeiros pacotes de albititos são centimétricos, não
mineralizados, encontram-se intercalados com a rocha encaixante, brechas e são
ocasionalmente cortados por veios de quartzo; a passagem da zona mineralizada para a estéril
é brusca; o albitito mineralizado possui foliação média de 45ºSW; e que existem dois pacotes
de albitito mineralizado sendo o mais profundo mais espesso e de maior radioatividade média.
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
FIGURA 9 – Mapa radiométrico e seção vertical da AN03 (adaptado de RAPOSO, MATOS, 1982).
38
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
39
FIGURA 10 – Perfil esquemático do Furo de sondagem 113 (Desenhado por L.E.D. AMORIM baseado em
informações constantes em NUCLEBRÁS, 1981 e RAPOSO, MATOS, 1982).
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
2.4.
40
DATAÇÕES
Muitas determinações de idades, baseadas em diversas metodologias, foram realizadas
em rochas e minerais da PULR (TAB. 2). A interpretação dessas determinações permitiu
estabelecer algumas hipóteses sobre a gênese das rochas bem como da mineralização
uranífera. Essas hipóteses são contraditórias mesmo quando observamos as datações
realizadas pelos diferentes autores.
TABELA 2 – Datações na Província Uranífera Lagoa Real.
Método
Rocha / Mineral
Idade
Referências
Albititos / Autunita
U-Th-Pb / ME
10,9 Ma
AVELAR (2008)
Albititos / Uranofana
U-Th-Pb / ME
26,7 Ma
AVELAR (2008)
Albititos / Uraninita
U/Pb - LA-ICP-MS
605 ± 170 Ma
CHAVES et al (2007)
Albititos / Uraninitas
U/Pb
820 Ma
STEIN et al (1980)
Albititos / Titanitas
U/Pb
960 Ma
PIMENTEL et al (1994)
Albitito
U/Pb
1395 Ma com retrabalhamento a
480 Ma
TURPIN et al (1988)
1700 a 1720 Ma
CORDANI et al (1992)
1725 Ma
TURPIN et al (1988)
1743 ± 28 Ma
CRUZ (2004)
Granito ST / Zircões
Granito ST / Zircões
Gnaisses / Titanitas
U/Pb
207
206
Pb /Pb
Intrusões Granito ST e
Albitito / Zircões
Pb207/Pb206
1746 Ma
PIMENTEL et al (1994)
Albititos / Uraninitas
U/Pb - LA-ICP-MS
1868 ± 69 Ma
CHAVES et al (2007)
Albititos / Zircões
U/Pb - LA-ICP-MS
1904±44 Ma e 483 ±100 Ma
CHAVES et al (2007)
Gnaisse / Zircões
U/Pb - LA-ICP-MS
2009 ± 78 Ma
CHAVES et al (2007)
Albititos / Titanitas
U-Th-Pb / ME
2052 ± 80 Ma, 1701 ± 57 Ma,
1488 ± 64 Ma, 1298 ± 69 Ma,
1108 ± 78 Ma e 978 ± 58 Ma
AVELAR (2008)
Trabalhos de Turpin et al., 1988 e Cordani et al., 1992 em zircões do Granito São
Timóteo mostraram uma idade de cristalização de 1700 a 1725 Ma. Turpin et al., 1988
obtiveram uma discórdia com intercepto superior em 1395 Ma em um concentrado de
minerais pesados, atribuindo essa idade à mineralização de urânio, com rejuvenescimento em
480 Ma. Stein et al., 1980 determinaram idades U/Pb de 820 Ma em uraninitas.
De acordo com Pimentel et al (1994) a alteração hidrotermal, a formação do albitito e a
mineralização de urânio são contemporâneas, datadas de 960 Ma, e nos finais do Ciclo
Brasiliano (aproximadamente 500 Ma) ocorreu recristalização, remobilização e perda de
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
41
chumbo. Esses autores concluíram a partir da datação da intrusão do Granito São Timóteo e
dos Albititos (1746 Ma), que o protólito do albitito é o próprio granito.
A partir da datação em titanitas dos gnaisses de Lagoa Real, Cruz (2004) obteve a idade
mínima para a formação das titanitas (1743 ± 28 Ma) muito próximas das idades até então
conhecidas para a cristalização do granito, o que leva a concluir que a cristalização da titanita
ocorreu no episódio magmático.
Chaves et al (2007) dataram zircões de gnaisses (2009 ± 78 Ma) e albititos uraníferos
(1904 ± 44 Ma e 483 ± 100 Ma) por LA-ICP-MS correlacionando os gnaisses ao processo de
cristalização magmática e ao evento orogenético Orosiriano e os albititos retrabalhados no
Brasiliano. Esses autores dataram também uraninitas associadas a granadas (1868 ± 69 Ma) e
epidotos (605 ± 170 Ma). A origem de ambos os minerais foi relacionada ao evento
orogenético Orosiriano no intercepto superior e ao Brasiliano no intercepto inferior.
Avelar (2008) estudou titanita e zircão, com teores variáveis de urânio e chumbo, por
datação química U-Th-Pb em ME. A titanita revelou várias idades, entre elas 2052 ± 80 Ma,
idade semelhante à obtida por zircões nos gnaisses por Chaves et al (2007) e, portanto,
correlacionada à cristalização magmática. Outras cinco idades foram obtidas e relacionadas
pela autora aos eventos hidrotermais sofridos pelo mineral que estão associados às faixas de
cisalhamento.
Uranofanas ricas em Fe e Pb datadas por Avelar (2008) apresentaram cinco idades
diferentes próximas daquelas obtidas para a titanita. Essas “uranofanas” são, segundo Prates
(2008), o registro de múltiplas mobilizações de urânio e chumbo ao longo do Proterozóico e
relacionadas com os eventos hidrotermais anteriormente referidos.
Ainda segundo Prates (2008) o termo “uranofana” não deve ser entendido no sentido
mineralógico, mas sim como sinônimo de um dos diversos complexos que mobilizam a
uranila [UO2]2+, portadora do U6+, tais como: (CO3)2-, HCO3-, (PO4)3-, (VO4)3-, (MoO4)4-,
H4SiO4, (H3SiO4)-, (H2SiO4)2-, OH-, etc.
Outros minerais foram datados por Avelar (2008). Para a allanita foram obtidas cinco
idades superiores à idade da Terra sugerindo que o Pb mobilizado nos eventos hidrotermais,
incorporou-se sucessivamente neste mineral que existia, pelo menos em parte, junto com a
titanita. Para o epidoto, observou-se uma única idade muito antiga que foi interpretada como
uma incorporação de chumbo em um único evento, possivelmente o Brasiliano, o que indica
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA
42
sua formação mais tardia na rocha. E, para uranofana e autunita idades mais novas foram
obtidas (26,7 Ma e 10,9 Ma respectivamente) indicando intemperismo recente.
Nos últimos 25 anos foram apresentadas várias propostas para explicar a gênese das
mineralizações uraníferas em Lagoa Real. Ainda existem, entretanto grandes dúvidas sobre a
origem e composição dos fluidos mineralizadores que originaram a PULR. Essas hipóteses
(ex: FYFE, 1979; LOBATO, 1985; MARUEJOL, 1989) e suas relações com as datações aqui
citadas serão detalhadas no próximo capítulo.
43
CAPÍTULO 3.
MODELOS METALOGENÉTICOS
Muitas hipóteses metalogenéticas têm sido propostas para a mineralização de urânio na
PULR, desde sua descoberta na década de 70. Essas hipóteses, baseadas nos conhecimentos
geológicos disponíveis nas respectivas épocas de suas formulações são, por isso, divergentes,
quando não conflitantes entre si. Uma síntese e uma análise crítica dessas idéias serão
apresentadas a seguir.
Fyfe (1979)
Este autor afirma que na formação de albititos cisalhados e gnáissicos observam-se
feldspatos potássicos transformando-se em feldspatos sódicos, biotita e hornblenda
transformando-se em aegirina, granada e epidoto, e também magnetita e hematita. Esse fato
indica um processo de oxidação uma vez que os primeiros possuem Fe2+ e dão origem aos
outros que possuem Fe3+ em sua estrutura. Com o processo de albitização houve lixiviação de
sílica. E, para que haja a lixiviação da sílica é necessário dispor de fluido com elevada
concentração de Na+, concentração moderada de Ca2+, concentração baixa de K+, Mg2+ e SiO2
e capacidade de oxidação. Além disso, esse fluido teria que ser metamórfico. O urânio seria
tardio no processo uma vez que a deposição do urânio parece ter sido fortemente controlada
pela temperatura, sendo que a associação U-albitito parece ser derivada de rochas típicas de
um complexo de “greenstone” granítico.
Ainda segundo esse autor as dobras monoclinais encontradas nas zonas mineralizadas e
no Espinhaço são estruturas muito comuns nas regiões alpinas, onde ocorrem extensas falhas
de empurrão. Acredita-se, portanto, que os “greenstones” graníticos foram empurrados sobre
sedimentos e que o falhamento teria criado automaticamente um gradiente térmico invertido.
Se esse modelo é correto, a deposição uranífera ocorreria sempre durante a fase de inversão
térmica e a temperatura de formação da uraninita não ultrapassaria os 500ºC.
Fyfe afirma ainda, que é de grande importância verificar a relação entre as zonas
mineralizadas e as zonas grafitosas no Espinhaço uma vez que uma situação ideal para mover
o urânio seria a existência de camadas intercaladas do tipo Mar Negro e do tipo quartzito
hematítico.
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS
44
Finalmente para este autor a composição do plagioclásio varia de acordo com o tempo
de cristalização. E, durante o processo de albitização, ao mesmo tempo em que havia o
resfriamento, a deposição do urânio poderia ter estado relacionada a uma composição bem
definida do plagioclásio. Os fluidos seriam injetados nas zonas e fraturas do embasamento,
provocando o metassomatismo sódico e a formação dos corpos de albititos mineralizados em
urânio. Lobato et al (1982, 1983a, 1983b) e Lobato (1985) reforçam o modelo proposto por
Fyfe (1979).
Geisel Sobrinho (1981)
Esse autor concorda com Fyfe (1979) quando se trata do desenvolvimento de uma
inversão no gradiente térmico e diz que essa inversão pode ser suficiente para ocasionar
migração diferencial de íons K+ e Na+. E ainda que a ocorrência de inversões de gradientes
térmicos poderia ocasionar a localização de sódio em formas tabulares ao longo de fraturas
reativadas em função da mobilidade desse elemento conduzindo a mineralização uranífera nos
albititos.
Propõe que as rochas cataclásticas e metassomáticas da área do projeto Lagoa Real, bem
como a mineralização se relacionariam intimamente com processos diapíricos policíclicos.
Sendo assim os soerguimentos sucessivos desses diápiros culminaram com um
posicionamento epizonal ao se iniciar o ciclo Brasiliano.
Ainda segundo esse autor a reativação diapírica teria originado eventos metassomáticos
superpostos a eventos cataclásticos, que afetaram rochas granitizadas do embasamento
arqueano, metassedimentos e metavulcânicas do Proterozóico. A tendência à estrutura em
arco dos albititos e a disposição helicoidal da foliação constituem indícios de estrutura
dômica, provavelmente relacionada à diapirismo. O fenômeno diapírico que se manifestou na
área teve um efeito dinâmico e termal associado ao soerguimento.
Finalmente afirma que o efeito “disparador” que gera as condições de desequilíbrio para
a instalação de um fenômeno metassomático poderia ser provocado por diapirismo. A
complexidade das variáveis envolvidas durante o evento metassomático é considerável,
devendo-se levar em conta que durante um ciclo tectônico/metamórfico mais de uma fase de
substituição pode ter ocorrido. O autor acredita que as “fontes” de fluidos, bem como de
sódio, potássio e urânio tenham sido predominantemente os sedimentos (granitizados,
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS
45
metamorfoseados, ou metassomatizados) do Pré-Cambriano e que parte desses sedimentos é
de origem marinha, uma vez que a água do mar é a fonte natural de sódio.
De acordo com essa proposta alguns indícios de mineralização uranífera em rochas dos
Complexos Metamórficos ou “Greenstone Belts” revelam que estas litologias poderiam
constituir “rocha fonte” para mineralização uranífera de Lagoa Real e que as rochas de origem
predominantemente sedimentar, envolvidas ou afetadas pelo diapirismo, constituíram uma
fonte ideal de urânio.
Stein et al (1980)
Propuseram uma hipótese de evolução desde o estabelecimento de uma crosta oceânica,
com a formação de arcos de ilha e sedimentação vulcanoquímica no Arqueano, até o início da
individualização das bacias de sedimentação acompanhada de extensos vulcanismos do
Proterozóico Médio, comparando esses processos de albitização aos da antiga União Soviética
e da Suécia. Para esses autores os albititos e a mineralização uranífera já teriam se formado
nessa época, através de processos ultra metamórficos que teriam gerado os fluidos alcalinos
responsáveis pelo metassomatismo. A atual distribuição dos corpos de albititos na PULR seria
o resultado da reconcentração do urânio ao longo de falhas reativadas no Evento Brasiliano e
até mesmo em épocas anteriores.
Ainda de acordo com esses autores, o metassomatismo que deu origem aos albititos de
Lagoa Real teria favorecido o desenvolvimento de um zoneamento no que diz respeito à
distribuição espacial das principais ocorrências minerais da região de Lagoa Real. A
mineralização de urânio teria ficado envolvida pelas mineralizações de cassiterita e, mais
externamente, de barita, vindo em seguida as mineralizações de chumbo, zinco e cobre da
Chapada Diamantina. Para esses autores, tais mineralizações seriam paragenéticas e
associadas a fenômenos endógenos ligadas a uma atividade magmática de idade
Paleoproterozóica.
Fuzikawa e Alves
As pesquisas de Fuzikawa (1980) e Fuzikawa (1982) indicam que o fluido mineralizante
foi rico em sódio e o transporte de urânio ocorreu em condições oxidantes e sob a forma de
carbonato de uranila. A deposição do urânio teria, portanto, ocorrido em função da presença
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS
46
de barreiras geoquímicas redutoras, que levariam à formação de carbonatos e a martitização
da magnetita. Em seus estudos Alves e Fuzikawa (1984) demonstraram que os fluidos
mineralizantes são encontrados tanto nas rochas mineralizadas quanto nas suas encaixantes e
que devem ter possuído elevada salinidade.
Lobato e Fyfe
Lobato (1985) e Lobato e Fyfe (1990) deram às idéias de Stein et al (1980) e Geisel
Sobrinho (1981) um novo conceito onde, o metassomatismo sódico que deu origem aos
albititos teria se desenvolvido ao mesmo tempo que as fases deformacionais observadas
nessas rochas. As transformações texturais sin-deformacionais estariam associadas a reações
metamórficas de oxidação-redução e desidratação. O metassomatismo teria ocorrido
preferencialmente ao longo de zonas de cisalhamento. Tais reações seriam acompanhadas por
fase fluida oxidante, rica em sódio e a precipitação da uraninita teria sido controlada pela
redução da fase fluida via oxidação do Fe2+ para Fe3+ presente nos minerais máficos.
A partir da assinatura isotópica encontrada em inclusões fluidas dos albititos, Lobato
(1985) sugeriu que o fluido mineralizante seria proveniente das rochas metassedimentares do
Supergrupo Espinhaço, conforme proposto anteriormente por Fyfe (1979).
Maruejol
Maruejol et al (1987) e Maruejol (1989) concluíram que uma alteração tardi-magmática
estaria limitada aos albititos, e que os minerais ricos em elementos incompatíveis presentes
nas rochas encaixantes seriam a fonte para o urânio do Complexo Lagoa Real.
De acordo com essa teoria, o cavalgamento tardi-brasiliano não teria papel genético
sobre a mineralização uranífera. Essas estruturas teriam um papel secundário na formação dos
corpos de albititos e da mineralização de urânio, sendo responsáveis somente por alguma
redistribuição da mineralização.
Para Turpin et al (1988) e Maruejol (1989) o metassomatismo que deu origem aos
albititos é anterior ao desenvolvimento das zonas de cisalhamento, a circulação dos fluidos
responsáveis pela alteração das rochas do Complexo Lagoa Real, pelo transporte do urânio e
seriam Mesoproterozóicos pois, ocorreram 300 Ma após a intrusão dos granitos anorogênicos
desse complexo.
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS
47
Cruz (2004)
Essa autora também discute as relações entre metassomatismo e albitização
individualizando a ocorrência de um evento metamórfico e três eventos metassomáticos, com
base nas relações texturais observadas nas rochas do Complexo Ígneo-Metamórfico Lagoa
Real. Para a autora, o metassomatismo sódico que predominou sobre o metassomatismo
cálcico foi anterior às fases de deformação e provocou a albitização dos granitóides São
Timóteo.
A diferença entre os modelos propostos por Cruz (2004) e Maruejol (1989) refere-se à
época da albitização que, segundo Maruejol (1989) ocorreu ainda no Mesoproterozóico. Para
Cruz (2004) a instalação dos corpos de albititos deve-se à presença de intrusões graníticas que
foram fonte de fluidos ricos em sódio e elementos menores, além de captar o urânio das
rochas encaixantes, de acordo com o proposto por Maruejol (1989).
De acordo com essa autora, no Complexo Ígneo Metamórfico Lagoa Real é importante
a relação entre a deformação dos granitóides e a formação das rochas gnáissicas já que, em
várias exposições, as relações texturais presentes em tectonitos com diferentes graus de
deformação sugerem a geração dos gnaisses, albititos, microclinitos e oligoclasitos a partir
dos granitóides desse complexo.
Ao contrário do que havia sido sugerido por Fyfe (1979), Lobato (1985) e Lobato e Fyfe
(1990), Cruz (2004) observa que a análise microestrutural levada a efeito nos tectonitos do
Complexo Ígneo Metamórfico Lagoa Real mostrou que a transformação da microclina em
albita está relacionada com um evento metassomático precoce, que precede ao evento
deformacional que individualizou os corpos de albititos e demais tectonitos do Complexo.
Chaves et al (2007)
Para estes autores, o urânio está associado ao magmatismo sienítico com idade mínima
de 1904±44 Ma; as rochas sieníticas ricas em albita e em titanita uranífera deformaram-se
devido ao desenvolvimento de zonas de cisalhamento dúcteis orosirianas. Posteriormente,
reações metamórficas levaram a precipitação da uraninita sob controle redox. Outra geração
de uraninitas ocorreu durante a reativação das zonas de cisalhamento e este metamorfismo foi
promovido pela orogênese Brasiliana.
CAPÍTULO 3. MODELOS METALOGENÉTICOS
48
Devido aos estudos micropetrográficos que indicaram uma forte anisotropia na foliação
metamórfica gerada durante o desenvolvimento das zonas de cisalhamento dúctil, Chaves et al
(2007) classificam essas rochas como sienitos e não como albititos hidrotermais. E, como o
quartzo está ausente nas porções de rocha magmática preservada, não haveria razão para se
acreditar que o Granito São Timóteo passou por metassomatismo para gerar os albititos.
Ainda segundo estes autores a existência de cristais de titanita com concentrações de
urânio pode ser explicada através da substituição do Ti4+ por U4+, e o mecanismo químico
para a precipitação da uraninita sugere que ocorreram reações de oxi-redução em várias
etapas.
Diferentemente do proposto por Maruejol (1989), Lobato e Fyfe (1990) e Cruz (2004),
Chaves et al (2007) propõem que as principais fontes do urânio seriam essas rochas sieníticas
ricas em albita e em titanita uranífera.
49
CAPÍTULO 4.
4.1.
METODOLOGIAS
AMOSTRAGEM
Foram coletadas 13 amostras representativas dos testemunhos de sondagem do F113 da
AN03 em setembro de 2007. Na TAB. 3 encontram-se as classificações das amostras com
suas respectivas profundidades, descrições e radioatividades médias, medidas com o
cintilômetro SRAT SPP2, em cintilações por segundo (100 cps foram considerados como o
valor de background).
A FIG. 11 mostra o mapa de furos de sondagem da AN03 com a localização do F113.
FIGURA 11 – Mapa de locação de furos e limites das reservas, Jazida Lagoa da Rabicha, AN03 (Modificado de
RAPOSO, MATOS, 1982).
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
50
TABELA 3 – Identificação e descrição das amostras coletadas no furo de sondagem 113 (F113). As amostras marcadas de colorido foram as efetivamente estudadas.
Amostra
200907-12
200907-13
Rocha
Granada-piroxênio
albitito
Microclina gnaisse /
Anfibolito
Profundidade
RAD.
(m)
(cps)
23
100
27
100
200907-14
Biotita albitito
38,0
100
200907-15
Piroxênio albitito
51,0
100
200907-16
Microclina gnaisse
56,0
100
Descrição (Modificado de NUCLEBRÁS, 1981)
Amostra apresenta granada e piroxênio como minerais máficos principais e ainda, biotita, anfibólio,
magnetita, titanita e, localmente, epidoto e carbonato. Pouco a medianamente oxidada, foliada.
Apresenta contato entre microclina gnaisse e o anfibolito rico em biotita. Localmente o microclina
gnaisse apresenta-se brechóide sendo formado por fragmentos de piroxênio, anfibólio e carbonato.
Biotita como máfico principal, com anfibólio, piroxênio, magnetita, granada, titanita e, localmente,
epidoto e carbonato. Pouco a medianamente oxidado, foliado. Aspecto oceolar-cataclástico.
Possui piroxênio como máfico principal, com granada, anfibólio, magnetita. Rocha muito oxidada e
fraturada, pouco foliada (incipientemente gnáissica), granoblástica, localmente brechóide.
Gnaisse rico em microclina, tem como máfico predominante piroxênio e em menor quantidade biotita,
anfibólio, granada e titanita. Pouco oxidada e fraturada, pouco foliada
Gnaisse rico em microclina com anfibólio, biotita, granada, magnetita e titanita. Pouco a medianamente
200907-17
Microclina gnaisse
60,5
100
oxidada e fraturada, foliada (ocorre conturbação na foliação). Localmente observa-se palhetas mais
desenvolvidas de biotita e cristais maiores de piroxênio.
200907-18
Microclina gnaisse
89,0
100
200907-19
Piroxênio albitito
100,9
100
Microclina gnaisse com oligoclásio, biotita (máfico principal), anfibólio, magnetita, titanita e pirita
(rara). Pouco oxidada, muito foliada (observa-se conturbação na foliação).
Abitito com piroxênio como mineral principal, com granada, anfibólio, magnetita, titanita e carbonato
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
51
(ocorre ao longo de fraturas). Aspecto sacaroidal, pouco oxidado, medianamente fraturado e pouco
foliado.
200907-20
Piroxênio albitito
212,5
100
Com anfibólio, biotita, magnetita, titanita (associada aos máficos) e, localmente pirita e carbonato. Notase, por vezes, cavidades de dissolução. Pouco oxidada, medianamente fraturada e foliada.
Com anfibólio, biotita, magnetita, titanita (associada aos máficos) e, localmente pirita e carbonato. Nota-
200907-21
Piroxênio albitito
214,0
340
se, por vezes, cavidades de dissolução. Pouco oxidada, medianamente fraturada e foliada. Aspecto
sacaroidal.
Com anfibólio, biotita, magnetita, titanita (associada aos máficos) e, localmente pirita e carbonato.
200907-22
Piroxênio albitito
227,0
210
Notam-se, por vezes, cavidades de dissolução. Pouco oxidada, medianamente fraturada e foliada.
Aspecto sacaroidal. O piroxênio forma agregados que imprimem foliação a rocha.
Albitito rico em magnetita, com anfibólio, biotita, titanita (associada aos máficos) e, localmente pirita e
200907-23
Piroxênio albitito
229,0
2000
carbonato. Nota-se, por vezes, cavidades de dissolução. Pouco oxidada, medianamente fraturada e muito
foliada. Aspecto sacaroidal.
Com anfibólio, biotita, magnetita, titanita (associada aos máficos) e, localmente pirita e carbonato. Nota-
200907-24
Piroxênio albitito
230,0
750
se, por vezes, cavidades de dissolução. Pouco oxidada, medianamente fraturada e foliada. Aspecto
sacaroidal.
* Legenda:
Microclina Gnaisse
Anfibolito/Microclina Gnaisse
Albitito
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
4.2.
52
PETROGRAFIA
Os estudos petrográficos são introdutórios para qualquer trabalho de estudos
mineralógicos. Eles iniciam-se pela descrição macroscópica e posterior seleção da orientação
adequada para o corte e a confecção das lâminas polidas (petrográficas), que devem atingir
uma espessura de aproximadamente 0,03mm (KERR, 1977) com um ótimo nível de
polimento da superfície que facilite a visualização e identificação dos minerais.
Os estudos ao microscópio petrográfico, além da determinação dos minerais por suas
propriedades ópticas, são particularmente importantes para a descrição e interpretação de
texturas e intercrescimentos dos minerais que constituem a rocha (FIGUEIREDO, 2000).
Os equipamentos utilizados na análise petrográfica foram os microscópios Leica
DMRXP e ORTHOLUX II POL-BK, pertencentes ao LIFM, do Serviço de Tecnologia
Mineral (SETEM) do CDTN (FIG. 12).
(A)
(B)
FIGURA 12 – Microscópios (A) Leica DMRXP e (B) ORTHOLUX II POL-BK, ambos pertencentes ao
LIFM/CDTN.
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
4.3.
53
MICROSSONDA ELETRÔNICA
Em geociências a ME é uma técnica muito importante pelo fato de fornecer em termos
de óxidos a composição química dos minerais permitindo, juntamente com as informações
petrográficas, a sua caracterização e classificação.
O princípio dessa técnica analítica é baseado na incidência de um feixe de elétrons
(1µm diâmetro) sobre a superfície polida e metalizada do mineral (FIGUEIREDO, 2000). A
emissão de raios X resultante é detectada e analisada com espectrômetros de dispersão de
comprimento de onda ou de energia (SKOOG et al, 2002).
A análise por ME é realizada em amostras com superfícies planas e polidas uma vez
que, irregularidades na superfície das amostras são responsáveis por imprecisões analíticas
devido à absorção excessiva dos raios X, efeito esse que é maior para elementos de baixo
número atômico (GOMES et al, 1984).
Essa técnica é muito importante na determinação da composição elementar dos minerais
(SKOOG et al, 2002), pois analisa qualitativa e quantitativamente um amplo espectro de
elementos químicos desde o Berílio (Z=4) até o Urânio (Z=92) com a vantagem adicional de
ser uma metodologia não destrutiva e, com um limite de detecção de até 500 ppm.
Para análises qualitativas em ME é utilizado como método o EDS (Energy Dispersive
Spectroscopy) e para análises quantitativas o WDS (Wavelength Dispersive Spectroscopy). O
EDS consiste em um detector sólido (Si-Li mais comum) que coleta e transfere para um
analisador multicanal todo o espectro de raios X. Através de WDS analisa-se a separação dos
raios X de várias energias através de difração (CHANDLER, 1977; SKOOG et al, 2002).
O EDS é muito eficiente para as análises qualitativas, pois fornece o espectro completo
da amostra rapidamente. Possui, porém, uma baixa resolução de seus espectros o que torna
imprescindível a utilização do WDS quando se pretende confirmar a presença de um
determinado elemento na amostra ou conhecer a real concentração dos elementos.
O inconveniente das análises por WDS é a exigência de padronização prévia dos
elementos de interesse e a necessidade desses elementos serem analisados separadamente.
Todos esses fatores tornam o tempo de análise mais longo quando comparado ao EDS.
As análises por EDS e WDS são técnicas complementares, uma vez que é necessário
um conhecimento preliminar (EDS) das amostras seguido de análises quantitativas (WDS)
dos minerais de maior interesse.
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
54
As principais limitações da ME são: o tamanho máximo da amostra (100 mm²); a
impossibilidade de análise de elementos leves como hidrogênio, hélio e lítio; e o fato de que
não diferencia os estados de valência nem isótopos.
Para os estudos por ME foi utilizado equipamento JEOL pertencente ao consórcio
UFMG-CDTN, com imageamento de elétrons retroespalhados e secundários, com tensão de
aceleração de 20 kV e corrente de feixe de elétrons de 25 nA.
Foram utilizadas como referências as metodologias propostas por Gomes (1984) e Reed
(1995).
4.4.
ESPECTROMETRIA
DE
MASSA
COM
PLASMA
INDUTIVAMENTE
ACOPLADO POR ABLAÇÃO A LASER
O LA-ICP-MS (Laser Ablation – Inductive Coupled Plasma – Mass Spectrometer) é
uma excelente técnica para análise química de elementos traços em minerais e estudos
composicionais de suas IF, pois combina a alta resolução espacial das sondas a laser com
elevada sensibilidade, baixos limites de detecção e capacidade para análises multi-elementares
(ALLAN et al, 2005).
A espectrometria de massa atômica é uma ferramenta largamente utilizada na
identificação dos elementos presentes em amostras e na determinação de suas concentrações
(SKOOG et al, 2002).
As análises por espectrometria de massa são simplificadamente divididas nas seguintes
etapas (SKOOG et al, 2002): 1ª) atomização; 2ª) conversão dos átomos em feixes de íons; 3ª)
separação dos íons com base na razão massa/carga e 4ª) contagem do número de íons de cada
tipo.
Nas duas primeiras etapas estão envolvidos o Plasma (ICP), como atomizador e
ionizador, e a Ablação a Laser (LA), para a introdução da amostra. As duas últimas etapas
ocorrem no espectrômetro de massa (MS) propriamente dito.
Resumidamente, nessa metodologia, a amostra é vaporizada através do LA e
transportada pelo gás de arraste (argônio) para o interior do ICP onde os íons são criados e
acelerados. Os íons entram então no MS onde são separados por sua razão massa/carga,
utilizando para isso quadrupolos, campos magnéticos, etc. E, finalmente, são encaminhados a
um detector que converte os sinais obtidos em espectros (LONGERICH et al, 2001).
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
55
Neste trabalho as análises utilizando o LA-ICP-MS em piroxênio, anfibólio,
plagioclásio, biotita e epidoto foram realizadas no LA-ICP-MS Laboratory do Institute of
Geological Science da Universidade de Leeds, Inglaterra, pelo Professor Bruce Yardley e sua
equipe. O equipamento utilizado foi o ICP-MS Agilent 7500c e o sistema de LA Geolas Q. O
padrão utilizado foi o NIST 610.
As análises de LA-ICP-MS em titanitas foram realizadas pelo Professor Christoph A.
Heinrich e sua equipe, no Institute of Isotope Geochemistry and Mineral Resources do Swiss
Federal Institute of Tecnology Zurich (ETH). Os equipamentos utilizados foram: sistema de
laser ArF Excimer Laser (CompexPro, Coherent, Göttingen, Germany) e o ICP-MS Elan 6100
DRC (PerkinElmer SCIEX, Thornhill, Canada). O padrão utilizado foi o NIST SRM 610.
4.5.
MICROSCOPIA DAS INCLUSÕES FLUIDAS
A microscopia das IF é a etapa inicial para o estudo de IF. Esses estudos são altamente
relevantes no âmbito das geociências uma vez que podem permitir o conhecimento da gênese
dos minerais e rochas de interesse, através da análise dde seus fluidos geradores.
A morfologia das IF e das fases sólidas nelas presentes, número de fases existentes,
diferentes proporções entre as fases, viscosidade das fases líquidas, cores das fases líquidas e
gasosas, índices de refração e birrefringência das fases sólidas, bem como informações
relevantes sobre o modo de ocorrência das IF no mineral e a classificação genética em
primárias, secundárias ou pseudo-secundárias, podem ser satisfatoriamente estudadas com
microscópio petrográfico (FUZIKAWA, 1985). Uma classificação incorreta das IF pode
conduzir a conclusões errôneas sobre a petrogênese de uma rocha ou sobre a gênese de uma
jazida (FUZIKAWA, 1985; SHEPHERD et al, 1985). Roedder (1984), estabeleceu uma lista
de critérios para auxiliar na classificação genética das IF.
Para a microscopia das IF foram utilizados os microscópios petrográficos, Leica
DMRXP e ORTHOLUX II POL-BK pertencentes ao LIFM/SETEM/CDTN (FIG. 12).
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
4.6.
56
MICROTERMOMETRIA DE INCLUSÕES FLUIDAS
Os estudos microtermométricos são efetuados em platinas especiais que se adaptam aos
microscópios petrográficos e nas quais as amostras podem ser resfriadas ou aquecidas. Essa
técnica constitui a principal ferramenta no estudo de IF.
As mudanças de temperatura poderão induzir mudanças de fases das substâncias
presentes nas IF. O modo como essas mudanças ocorrem e suas respectivas temperaturas são
comparadas com as de sistemas que já foram experimentalmente estudados e assim,
informações sobre a composição química, a densidade dos fluidos e as temperaturas e
pressões mínimas de formação das IF podem também ser determinadas (ROEDDER, 1984;
FUZIKAWA, 1985).
Para este trabalho foram utilizadas as platinas CHAIXMECA (acoplada ao microscópio
ORTHOLUX II POL-BK) e FTIR600 – LINKAM (acoplada ao microscópio Leica DMRXP)
(FIG. 13).
Em ambas as platinas o resfriamento até -196ºC é atingido pela circulação de nitrogênio
líquido e o aquecimento até 600°C é conseguido através de uma resistência elétrica.
(A)
(B)
FIGURA 13 – (A) Platina CHAIXMECA acoplada ao microscópio petrográfico ORTHOLUX II POL-BK e (B)
Platina FTIR600 – LINKAM acoplada ao microsópio Leica DMRXP.
CAPÍTULO 4. METODOLOGIAS
4.7.
57
PLATINA DE ESMAGAMENTO
De acordo com Fuzikawa (1985) e Roedder (1984) a platina de esmagamento é um
método destrutivo simples de análise das fases gasosas das IF e que pode permitir a
identificação qualitativa da composição da fase gasosa presente (RASUMY, 1957, 1960a,
1960b), principalmente quando essa fase é constituída de dióxido de carbono (CO2) ou
hidrocarbonetos leves, como o metano (CH4).
O procedimento consiste no esmagamento de um grão do mineral que possua IF, imerso
em um meio líquido apropriado. Utiliza-se para tanto uma platina de esmagamento e observase ao microscópio o processo de liberação dos gases (ROEDDER, 1984; SHEPHERD et al,
1985).
Para a realização do esmagamento foi utilizada a platina de esmagamento francesa
CHAIXMECA, acoplada ao microscópio óptico OLYMPUS BX51 (FIG. 14). Os testes foram
realizados utilizando-se glicerina como meio de imersão. Posteriormente utilizou-se solução
saturada de cloreto de bário (BaCl2) para verificar se havia CO2 presente nos fluidos liberados
uma vez que entre as duas substâncias em meio aquoso ocorre a reação:
BaCl2(aq) + CO2(g) + H2O(l) → BaCO3(s) + 2HCl(aq)
(A)
(B)
FIGURA 14 – Imagens da platina de esmagamento CHAIXMECA acoplada ao microscópio OLYMPUS BX51.
(A) platina e microscópio; (B) detalhe da platina.
58
CAPÍTULO 5.
RESULTADOS
Foram estudadas amostras de albititos mineralizados e não mineralizados da Jazida
Lagoa da Rabicha (AN03), da rocha encaixante (microclina gnaisse) e de um anfibolito que
corta todas essas rochas.
Inicialmente a petrografia permitiu estabelecer a composição mineralógica de cada
amostra e verificar sua microtextura e sua microestrutura. A microssonda eletrônica permitiu
não só o estabelecimento da composição química dos minerais, mas também a variação dos
diferentes elementos constituintes nas diferentes zonas de crescimento ou diferentes partes do
mineral (cristal). O LA-ICP-MS permitiu determinar quantitativamente os elementos traços
presentes nos principais minerais das rochas.
Após as caracterizações mineralógica e química foram realizados estudos de inclusões
fluidas nos plagioclásios dos albititos e gnaisses e nas granadas e piroxênios dos albititos para
melhor caracterização dos fluidos presentes nestas rochas. IF não foram estudadas nos
anfibolitos uma vez que não foram observadas nessas rochas.
Finalmente foram efetuados testes de esmagamento em plagioclásios do gnaisse e
albititos mineralizados e não mineralizados com o intuito de se verificar a existência de
fluidos carbônicos nestes sistemas.
5.1.
PETROGRAFIA
Para as análises petrográficas foram confeccionadas lâminas delgadas polidas das
seguintes amostras: albitito mineralizado (200907-21, 200907-22, 200907-23 e 200907-24),
albitito não mineralizado (200907-12, 200907-19 e 200907-20), anfibolito/microclina gnaisse
(200907-13) e microclina gnaisse (200907-16, 200907-17 e 200907-18). A confecção dessas
lâminas foi realizada no Laboratório de Laminação e Polimento (LLP) do CDTN.
A petrografia dessas amostras apresentou características similares às muitas descrições
anteriores, desde os tempos da NUCLEBRÁS (décadas de 70 e 80) até descrições realizadas
por outros autores durante estudos das rochas relacionadas com a mineralização de urânio em
Lagoa Real (ex: COSTA et al, 1985; LOBATO et al, 1980; LOBATO et al, 1985,
MARUEJOL, 1989; PRATES, FUZIKAWA, 1985).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
59
Albititos:
Foram analisadas amostras de granada-piroxênio albitito (200907-12 e 200907-21) e de
piroxênio albitito (200907-19, 200907-20, 200907-22, 200907-23 e 200907-24).
Os albititos têm normalmente coloração cinza esbranquiçada, aspecto sacaroidal e
bandamento gnáissico, podendo exibir “porfiroclastos” milimétricos de feldspato de até 3
mm. Os minerais máficos formam agregados entre si e freqüentemente envolvem esses
porfiroclastos (FIG.15).
Nessas lâminas os principais minerais encontrados foram: plagioclásio, piroxênio,
anfibólio e granada; e em menor quantidade podem ser observados: microclina, biotita,
titanita, magnetita (com sinais de martitização), apatita, epidoto, zircão, ilmenita, clorita,
fluorita e quartzo. As amostras mineralizadas (200907-21, 200907-22, 200907-23 e 20090724) possuem ainda uraninita associada, principalmente, ao anfibólio, piroxênio e a magnetita.
A uraninita também pode ser observada nos cristais de plagioclásio, titanita e biotita com
menor freqüência. É possível observar ainda os halos pleocróicos formados devido ao
decaimento radioativo do urânio.
(A)
(B)
FIGURA 15 – Aspecto mesoscópico dos albititos. A) Amostra 200907-12 B) Amostra 200907-24.
Em geral nos albititos observou-se predominantemente textura fina a grossa,
comumente granoblástica a granoblástica poligonizada. Em algumas amostras observa-se
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
60
textura granolepidoblástica que é definida pela orientação das palhetas de biotita. Piroxênio e
anfibólio formam agregados lenticulares.
Foram identificados dois tipos de plagioclásio no albitito. O primeiro plagioclásio,
classificado posteriormente como albita, possui geminação polissintética segundo a Lei da
Albita, é xenoblástico e inequigranular. Apresenta extinção fracamente ondulante, regiões
poligonizadas e contatos retos entre os cristais, mostrando pontos triplos (FIG. 16). Este
plagioclásio será aqui denominado de plagioclásio tardio (Ab).
O outro tipo de plagioclásio, menos abundante, será aqui denominado de plagioclásio
precoce (Plg) por ser considerado anterior ao primeiro e que apresenta sinais de alteração
(possivelmente sericita).
FIGURA 16 – Plagioclásio tardio (albita recristalizada) no albitito mostrando contatos retos e pontos triplos,
nicóis cruzados. Amostra 200907-19.
O piroxênio possui coloração verde claro a verde amarelado, ocorre em agregados e
está comumente associado a granada e/ou anfibólio. Possui hábito granular a xenoblástico
(FIG. 17, 18). Nas amostras mineralizadas o piroxênio apresenta inclusões de uraninita.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
61
FIGURA 17 – Agregados de piroxênio. Amostra 200907-19 (Px-piroxênio, Plg-plagioclásio precoce, Abplagioclásio tardio).
FIGURA 18 – Agregados de piroxênio associado ao anfibólio e a granada. Amostra 200907-22 (Anf-anfibólio,
Px-piroxênio, Mg-magnetita, Gr-granada, Ab-plagioclásio tardio).
O
anfibólio
é
do
grupo
dos
anfibólios
cálcicos
ou
horblenda
(Ca,Na)2-3(Mg,Fe,Al)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2. Têm cristais geralmente tabulares com coloração
verde a verde azulada, xenoblásticos a sub-idioblásticos. Está associado aos cristais de
piroxênio e exibe alteração para biotita (FIG. 19).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
62
FIGURA 19 – Anfibólio com alteração para biotita; titanita, fluorita e uraninita. Amostra 200907-24 (Anfanfibólio, Biot-biotita, Tit-titanita, Fl-fluorita, Plg-Plagioclásio precoce, Ab-plagioclásio tardio).
A granada é da série da Ugrandita [Ca3(Cr,Al,Fe)2Si3O8]. É xenoblástica de coloração
castanha, freqüentemente fraturada. Ocorre isolada ou em agregados entre si e/ou com cristais
de piroxênio e titanita (FIG. 20, 23).
FIGURA 20 – Agregados de granada com uraninita. Amostra 200907-22.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
63
A microclina apresenta coloração branca e não a rósea que é característica. A microclina
de cor branca é responsável por erros durante a classificação mesoscópica, devido ao critério
para caracterização mesoscópica dos albititos, baseada em sua cor branca (PRATES,
FUZIKAWA, 1985). Ocorre em quantidade subordinada (no máximo 10% em porcentagem
volumétrica estimada da rocha). Os cristais são xenoblásticos e raramente apresentam
poligonização. Apresentam-se intercalados aos cristais de plagioclásio (FIG. 21).
A biotita possui coloração marrom avermelhada, é subidioblástica a tabular e, às vezes,
está orientada segundo a foliação da rocha (FIG. 22).
A titanita tem coloração castanha clara e algumas vezes avermelhada. Ocorre em
agregados apresentando-se em pequenos cristais quando comparada aos demais constituintes
da rocha. Esses cristais são irregulares a granulares e localmente idioblásticos (FIG. 23).
FIGURA 21 – Microclina entre grãos de plagioclásio tardio (albita recristalizada), nicóis cruzados. Amostra
200907-19. (Mcr-microclina, Ab-plagioclásio tardio).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
64
FIGURA 22 – Biotita tabular. Amostra 200907-20 (Anf-anfibólio, Biot-biotita, Tit-titanita, Ab-plagioclásio
tardio).
A magnetita apresenta textura xenoblástica a subidioblástica e ocorre disseminada na
rocha principalmente associada aos minerais máficos. Algumas vezes é possível visualizar
cristais em forma de cubos e octaedros. Geralmente está martitizada. (FIG. 24)
Os minerais apatita (FIG. 25), epidoto (principalmente alanita) (FIG. 25), zircão (FIG.
24 A, 26), clorita (FIG. 26), fluorita (FIG. 19), ilmenita e quartzo (FIG. 21) foram observados
em menor quantidade em algumas amostras. A apatita ocorre em cristais idioblásticos a
subidioblásticos associada aos minerais máficos. A alanita aparece em cristais xenoblásticos,
o zircão é subédrico, a ilmenita está normalmente associada à magnetita, a clorita ocorre em
palhetas aciculares e associada ao anfibólio. Finalmente, a fluorita, quando observada,
encontra-se isolada entre os grãos de plagioclásio. O quartzo está presente somente em
amostras de albitito não mineralizado.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
65
(A)
(B)
FIGURA 23 – Titanita associada a granada e uraninita. A) Nicóis paralelos B) Nicóis cruzados. Amostra
200907-22 (Gr-granada, Tit-titanita, Ura-uraninita).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
66
(A)
(B)
FIGURA 24 – A) Minerais máficos no albitito mineralizado (plagioclásio tardio, anfibólio, piroxênio, biotita,
uraninita, zircão e magnetita). B) Fotomicrografia com luz refletida para destacar a magnetita martitizada.
Amostra 200907-23.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
67
FIGURA 25 – Epidoto (Allanita) e apatita - Amostra 200907-22 (Ep-epidoto, Apt-apatita).
FIGURA 26 – Clorita e zircão associados aos minerais máficos do albitito mineralizado - Amostra 200907-24.
(Anf-anfibólio, Tit-titanita, Zr-zircão).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
68
Anfibolito
A amostra 200907-13 apresenta o contato entre o anfibolito e o microclina gnaisse. Uma
descrição dos minerais presentes no microclina gnaisse será detalhada juntamente com as
demais amostras dessa rocha a seguir (FIG. 27).
FIGURA 27 – Aspecto mesoscópico do anfibolito em contato com o microclina gnaisse. Amostra 200907-13.
Nessa lâmina os principais minerais observados foram anfibólio, biotita, titanita, apatita
e magnetita e, em menor quantidade, plagioclásio e quartzo.
O anfibolito tem coloração verde escura a preto-esverdeada, textura fanerítica média,
inequigranular e nematoblástica marcada pela orientação planar do anfibólio.
O anfibólio é o mineral predominante na rocha, é subédrico e tabular e, freqüentemente,
apresenta-se alterado para biotita. As suas propriedades ópticas indicam tratar-se de
hornblenda (FIG. 28).
A biotita é tabular, com cristais de tamanhos similares aos dos anfibólios e aparecendo
inclusas nesses. Titanita, apatita e magnetita podem ser encontrados em maior quantidade em
uma faixa próxima ao contato com o microclina gnaisse, mas também podem estar
disseminadas pela rocha. A titanita algumas vezes aparece com zonamento e, em alguns
casos, com inclusões minerais. Apatita e magnetita são subidiomórficas. Plagioclásio e
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
69
quartzo aparecem disseminados na rocha em cristais de granulação fina e xenoblásticos,
aparecendo em maior quantidade também no contato (FIG. 28).
(A)
(B)
FIGURA 28 – Anfibolito. A) Fotomicrografia da região central do albitito com predominância de anfibólio e
biotita, os cristais menores são apatita, titatina, quartzo e plagioclásio. B) Região mais próxima ao contato com o
microclina gnaisse onde predominam titanita e apatita. Amostra 200907-13. (Anf-anfibólio, Biot-biotita, Tittitanita, Apt-apatita, Mg-magnetita)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
70
Microclina Gnaisse
As amostras de microclina gnaisse estudadas são 200907-16, 200907-17, 200907-18 e
200907-13 (contato com anfibolito). Os principais minerais observados são microclina,
plagioclágios e quartzo e em menor quantidade piroxênio, anfibólio, biotita, titanita, apatita,
magnetita e zircão.
Essa rocha possui coloração variando de rósea a creme rosada com bandamento gnáissico e
textura granoblástica inequigranular (FIG. 29).
(A)
(B)
FIGURA 29 – Aspecto mesoscópico do microclina gnaisse. A) Amostra 200907-17 B) Amostra 200907-18.
A microclina é de coloração rósea a branca, ocorre associada ao plagioclásio e, por vezes,
apresenta inclusões de quartzo (FIG. 30 A). É comum encontrar cristais de plagioclásio originados
a partir da microclina. O quartzo apresenta cristais xenomórficos com extinção ondulante.
Os plagioclásios precoces (primeira geração) apresentam grãos poligonais, porém menos
poligonizados e maiores que o plagioclásio tardio dos albititos, com fortes evidências de alteração
química. Os cristais alterados possuem diversas inclusões minerais provenientes desse processo
(FIG. 30 B). Localmente observa-se outra geração de plagioclásio que será aqui denominada
plagioclásio tardio (Ab), que é similar ao do albitito apresentando regiões poligonizadas e
contatos retos e recurvados entre os cristais.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
71
A FIG. 31 mostra a relação entre estes dois tipos de plagioclásio. É possível observar,
em detalhe, um pequeno grão do plagioclásio tardio no centro do plagioclásio precoce o que
nos mostra como deve ter ocorrido o processo de albitização, onde a albita recristalizada
(plagioclásio tardio) se deposita substituindo o plagioclásio precoce.
(A)
(B)
FIGURA 30 – A) Fotomicrografia da microclina com algumas inclusões de quartzo. Amostra 200907-16. Nicóis
cruzados. B) Fotomicrografia mostrando o aspecto do plagioclásio precoce. Amostra 200907-18. Nicóis
cruzados. (Mcr-microclina, Qtz-quartzo)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
(A)
72
(B)
(C)
FIGURA 31 – Fotomicrografias dos dois tipos de plagioclásio, plagioclásio precoce (Plg) e plagioclásio tardio
(Ab), mostrando indicação do processo de albitização. (A) Nicóis paralelos; (B) nicóis cruzados; (C) detalhe
mostrando o processo de albitização no microclina gnaisse, cristal de plagioclásio tardio ao centro de um cristal
de plagioclásio precoce.
Os minerais máficos ocorrem disseminados na rocha e, por vezes, associados entre si, sendo
o piroxênio o principal deles. A titanita tem coloração castanha clara, aparece em agregados
apresentando pequenos cristais em relação aos demais constituintes da rocha, apresenta
zonamento e às vezes inclusões minerais (FIG 32).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
73
(A)
(B)
FIGURA 32 – Fotomicrografia dos minerais acessórios do microclina gnaisse. A) Magnetita, titanita e anfibólio.
Amostra 200907-18. B) Magnetita, titanita, apatita e piroxênio. Amostra 200907-17. (Mg-magnetita, Tit-titanita,
Biot-biotita, Anf-anfibólio, Apt-apatita, Px-piroxênio)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
5.2.
74
MICROSSONDA ELETRÔNICA
Através dessa metodologia foram analisadas qualitativa (EDS) e quantitativamente
(WDS) as amostras: 200907-13, 200907-18, 200907-20, 200907-21, 200907-23.
5.2.1. ANÁLISES QUALITATIVAS
Albitito
As amostras 200907-20, 200907-21 e 200907-23 foram analisadas por ME sendo que a
primeira foi estudada somente qualitativamente enquanto as demais o foram qualitativa e
quantitativamente.
Os principais minerais analisados qualitativamente foram: piroxênio (FIG. 33),
anfibólio (FIG. 34), granada (FIG. 35), albita (FIG. 36), microclina (FIG. 37), titanita
(FIG. 38), biotita (FIG. 39), apatita (FIG. 40), zircão (FIG. 41), epidoto (alanita) (FIG. 42),
magnetita (FIG. 43), ilmenita (FIG. 44) e uraninita (200907-21 e 200907-23) (FIG. 45).
FIGURA 33 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o piroxênio do albitito, amostra 20090721.
FIGURA 34 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do albitito, amostra 20090723.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
75
FIGURA 35 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a granada do albitito, amostra 20090721.
FIGURA 36 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a albita do albitito, amostra 200907-23.
FIGURA 37 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a microclina do albitito, amostra
200907-21.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
76
FIGURA 38 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a titanita do albitito, amostra 200907-23.
(A) titanita com maior teor de ferro, alumínio e nióbio. (B) titanita com menor teor de ferro e nióbio e maior teor
de titânio.
FIGURA 39 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do albitito, amostra 200907-21.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
77
FIGURA 40 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a apatita do albitito, amostra 200907-21.
FIGURA 41 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o zircão do albitito, amostra 200907-23.
FIGURA 42 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a alanita do albitito, amostra 200907-21.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
78
FIGURA 43 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a magnetita do albitito, amostra 20090721.
FIGURA 44 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a ilmenita do albitito, amostra 20090723.
FIGURA 45 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a uraninita do albitito, amostra 20090723. Os elementos que aparecem que não fazem parte da composição do mineral devem ser interferência do
hospedeiro.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
79
A FIG. 46 mostra uma imagem de elétrons retroespalhados indicando alguns minerais
inclusos em uma amostra de granada de abitito.
FIGURA 46 – Imagem de elétrons retroespalhados de um cristal de granada (Gr) com inclusões de titanita (Tit),
apatita (Apt), zircão (Zr) e uraninita (Ura). Amostra 200907-21.
Anfibolito
Através das análises qualitativas por ME foram confirmadas as ocorrências de anfibólio
(FIG. 47), biotita (FIG. 48), titanita, apatita, óxido de ferro (magnetita) e pequenas inclusões
de zircão. Apatita, titanita e óxido de ferro (magnetita) estão concentrados principalmente na
região de contato entre o anfibolito e o microclina gnaisse.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
80
FIGURA 47 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do anfibolito, amostra
200907-13.
FIGURA 48 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do anfibolito, amostra 20090713.
Microclina Gnaisse
Qualitativamente, nas amostras 200907-13 e 200907-18, foram reconhecidos piroxênio
(FIG. 49), anfibólio (FIG. 50), albita (FIG. 51), microclina, quartzo, titanita, biotita (FIG. 52),
apatita, zircão (FIG. 53) e ilmenita (FIG. 54).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
81
FIGURA 49 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o piroxênio do microclina gnaisse,
amostra 200907-13.
FIGURA 50 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o anfibólio do microclina gnaisse,
amostra 200907-18.
FIGURA 51 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a albita do microclina gnaisse, amostra
200907-18.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
82
FIGURA 52 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a biotita do microclina gnaisse, amostra
200907-18.
FIGURA 53 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para o zircão do microclina gnaisse, amostra
200907-18.
FIGURA 54 – Espectrograma de análise qualitativa (EDS) de ME para a ilmenita do microclina gnaisse,
amostra 200907-18.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
83
A FIG. 55 apresenta uma imagem de elétrons retroespalhados de duas áreas distintas do
microclina gnaisse mostrando os minerais analisados.
(A)
(B)
FIGURA 55 – Imagem de elétrons retroespalhados dos minerais do microclina gnaisse. A) amostra 200907-18 e
B) amostra 200907-13 (qtz-quartzo, Zr-zircão, albt-albita, anf-anfibólio, Tit-titanita, Px-piroxênio, OxFe-óxido
de ferro).
5.2.2. ANÁLISES QUANTITATIVAS
Devido à grande quantidade de minerais encontrados nas rochas estudadas, nem todos
puderam ser quantitativamente analisados. Portanto, foram selecionados para essas análises
somente os minerais considerados mais relevantes para as comparações que serão feitas no
Capítulo 6 – Discussão. Vale ressaltar também as dificuldades existentes quando se realiza as
análises por WDS, como o tempo gasto para padronização dos elementos a serem
quantificados, o tempo gasto para análise de cada elemento e o fato de que a microssonda não
diferencia números de oxidação dos elementos, o que é um problema principalmente para o
ferro que pode ter valência 2 e 3 e foi analisado como Fe2+.
Piroxênios
Os minerais do grupo do piroxênio são inosilicatos, ou seja, silicatos onde os tetraedros
de silício e oxigênio estão compartilhando dois de seus vértices formando cadeias simples.
Possuem fórmula química generalizada por Klein (2008) como XYZ2O6, onde X pode ser
Na+, Ca2+, Mn2+, Fe2+, Mg2+ e Li+, com coordenação 6 e 8; Y pode ser Mn2+, Fe2+, Mg2+, Fe3+,
Al3+, Cr3+ e Ti4+, com coordenação 6; e Z representa Si4+ e Al3+ na coordenação tetraédrica.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
84
Eles são divididos em grupos que podem ou não formar solução sólida entre si dependendo da
proporção entre os cátions presentes nas posições X e Y.
Os piroxênios podem incluir minerais de sistemas cristalinos ortorrômbico e
monoclínico. Os piroxênios estudados por ME são chamados de clinopiroxênios e cristalizamse no sistema monoclínico. Eles fazem parte do grupo de solução sólida diopisídio
(CaMgSi2O6)-hendenbergita (Ca,FeSi2O6)-augita [(Ca,Na)(Mg,Fe,Al)(Si,Al)2O6] (DEER et
al, 1974).
Durante as análises quantitativas (WDS) da ME foram analisados piroxênios das
amostras 200907-13 (contato entre anfibolito e microclina gnaisse), 200907-13 (microclina
gnaisse) e 200907-21 (albitito).
Os piroxênios do contato anfibolito/microclina gnaisse e do albitito foram classificados
como
aegerina-augita
(FIG.
56).
A
augita
é
um
piroxênio
de
fórmula
(Ca,Na)(Mg,Fe,Al)(Si,Al)2O6 no qual existe substituição do Ca2+ por Na+ no sítio de
coordenação 8; entre os cátions Mg2+, Fe2+ e Al3+ no sítio de coordenação 6; e de Al3+ e Si4+
no sítio tetraédrico. A aegerina é um piroxênio que tem fórmula NaFe3+Si2O6 e, portanto, a
aegerina-augita é, na verdade, um membro intermediário da série da augita onde ocorre a
seguinte substituição:
Na+Fe3+
Ca2+(Mg2+,Fe2+)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
85
FIGURA 56 – Classificação de piroxênios estudados nas amostras 200907-13 e 200907-21. Ae-aegerina; JdJadeita; Wo-Wollastonita; En-Enstatita; Fs-Ferrosilita. Classificação utilizando o software PX-NOM (STURM,
2002).
Foram analisados dois piroxênios no gnaisse sendo que um foi classificado como
diopsídio (CaMgSi2O6) e o outro como augita [(Ca,Na)(Mg,Fe,Al)(Si,Al)2O6]. Na realidade as
duas análises encontram-se próximo ao limite de composição entre diopisídio, hedenbergita e
augita (FIG. 57). Isso ocorre devido as substituições que ocorrem nos sítios de coordenação 8
(Ca2+ e Na+) e 6 (Mg2+, Fe2+ e Al3+ ).
Para o tratamento dos dados referentes à classificação dos piroxênios foi utilizado o
software PX-NOM (STURM, 2002). Os dados referentes a essas classificações encontram-se
no ANEXO B.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
86
FIGURA 57 – Classificação de piroxênio estudado na amostra 200907-13. Wo-Wollastonita; En-Enstatita; FsFerrosilita. Classificação utilizando o software PX-NOM (STURM, 2002).
Anfibólios
Os
minerais
do
grupo
do
anfibólio
possuem
formula
química
geral
A0-1X2Y5Z8Si22(OH,F)2 onde A pode ser Na+ ou K+; X, Ca2+, Na+, Mn2+, Fe2+, Mg2+ e Li+; Y,
Mn2+, Fe2+, Mg2+, Fe3+, Al3+ e Ti4+; e Z se refere a Si4+ e Al3+ (KLEIN, 2008). Eles são
inossilicatos, ou seja, seus tetraedros de silício e oxigênio formam cadeias duplas. Os
anfibólios assim como os piroxênios podem ser monoclínicos ou ortorrômbicos (DEER et al,
1974).
A estrutura dos anfibólios permite substituições entre os íons e por isso os minerais
dessa classe mineral possuem composição química muito variável. Esse fato dificulta muito
os cálculos para a classificação dos minerais desse grupo uma vez que além da possibilidade
da presença de vários elementos, esses muitas vezes podem ocupar mais de um sítio em sua
estrutura cristalina (DEER et al, 1974).
Durante as análises por WDS foram analisados somente os anfibólios da amostra
200907-13 presentes no anfibolito e no contato deste com o microclina gnaisse. Estes
anfibólios foram classificados como do grupo dos anfibólios cálcicos, grupo das hornblendas
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
87
(FIG. 58A) e apresentaram composição variando entre Edenita e Edenita-Horblenda
(FIG. 58B). Os dados obtidos que levaram a esses resultados estão no ANEXO B.
2
BNa
A lka li
N a -C a
Fe -M g-M n
C a lc ic
0
0
2
BC a + BN a
(A)
1
Pa r
Pa r g as ite
E d Hbl
Silic ic
E de nite
Hbl
E de nite
Mg/(Mg+Fe2)
Fe a
Fe r r oa n
Pa r
Pa r g as ite
Hbl
Fe
Silic ic
Fe r r oEd
Fe
Fe r r o-E de nite E de nite
Fe r r oHbl Pa r
Pa r g as ite
Hbl
0
8,0
(B)
7,5
7,0
6,5
6,0
5,5
TSi
FIGURA 58 – Diagramas para classificação dos anfibólios da amostra 200907-13 {Hornblenda comum:
(Ca,Na,K)2-3(Mg,Fe2+,Fe3+,Al)5[Si6(Si,Al)2O22](OH,F)2 / Edenita: NaCa2Mg5[Si7AlO22](OH,F)2}. Gerados a
partir do software MINPET 2.0.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
88
Granadas
As granadas fazem parte do grupo de silicatos onde os tetraedros de silício e oxigênio
encontram-se isolados, ou seja, a ligação entre esses tetraedros ocorre somente pela interação
destes com cátions intersticiais (cátions de coordenação 8 e 6). Sua fórmula química geral
pode ser representada por A3B2(SiO4)3, onde A se refere aos sítios de cátions com
coordenação 8 e B aos sítios de coordenação 6. Devido às possibilidades de substituições
nestes dois sítios (A e B) as granadas formam duas séries onde ocorrem substituições
isomorfas (TAB. 4) (DEER et al, 1975a; KLEIN, 2008).
TABELA 4 – Composição química das granadas das séries piralspita e ugrandita. (KLEIN, 2008)
Piralspita
Piropo
Almandina
Espessartita
Mg3Al2Si3O12
Fe3 Al2Si3O12
Mn3Al2Si3O12
Ugrandita
Uvarovita
Grossulária
Andradita
Ca3Cr2 Si3O12
Ca3Al2Si3O12
Ca3Fe3+2Si3O12
A granada estudada por WDS pertence à amostra de granada-albitito 200907-21 e a
composição obtida foi andradita (entre 75 a 82%), como mostrado na TAB. 5. Nota-se que há
uma certa porcentagem de almandina, grossulária e granada com titânio, o que mostra que há
substituição em certa quantidade de Ca2+ por Fe2+, no sítio A, e de Al3+ por Fe3+ e Ti4+, no
sítio B.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
89
TABELA 5 – Análise química, por ME, representativa de granadas encontradas em granada-albitito (20090721). Planilha para cálculo de fórmula mineral (BRADY et al, 2009).
SiO2
TiO2
Al2O3
Fe2O3
FeO
CaO
Total
Oxigênios
TSi
TAl
Al VI
Fe3+
Fe2+
Ti
Mg
Ca
Almandina
Piropo
Grossulária
Espessartita
Uvarovita
Ca-Ti Gt
Andradita
Total
200907-21 Granada-1
36,38
0,42
1,46
25,50
4,16
31,00
98,92
12
2,98
0,00
0,15
1,63
0,30
0,03
0,00
2,82
9,48
0,00
7,36
0,00
0,00
1,35
81,83
100
200907-21 Granada-2
36,50
0,52
2,26
24,96
4,14
31,21
99,59
12
3,07
0,00
0,22
1,58
0,29
0,03
0,00
2,81
9,36
0,00
11,05
0,00
0,00
1,62
77,97
100
200907-21 Granada-3
36,25
0,57
3,43
24,81
3,19
31,74
99,71
12
3,02
0,00
0,34
1,55
0,22
0,04
0,00
2,83
7,28
0,00
16,20
0,00
0,00
1,72
74,80
100
Feldspatos
Os minerais do grupo do feldspato são, em geral, expressos no diagrama ternário com os
extremos ortoclásio (Or; KAlSi3O8) – albita (Ab; NaAlSi3O8) – anortita (Na; CaAl2Si2 O8). Os
membros da série entre Or-Ab são denominados feldspatos alcalinos ou potássicos e os
membros entre Ab-An são denominados plagioclásios. Dentro destas séries, o feldspato é
caracterizado em função de suas porcentagens moleculares entre Or-Ab-Na (DEER et al,
1975b).
Foram realizadas análises por WDS nos plagioclásios das amostras 200907-13, 20090718 e 200907-21.
Durante os estudos petrográficos verificou-se que os feldspatos do microclina gnaisse,
por vezes apareciam muito alterados (plagioclásio precoce) e, por isso, uma amostra (20090718) foi analisada por ME visando-se conhecer as possíveis diferentes composições desses
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
90
feldspatos (FIG. 59). Como pode ser observado no diagrama da FIG. 60 observou-se para
esses feldspatos uma diversidade composicional onde feldspatos alcalinos, ortoclásio
(microclina) e plagioclásios, andesina e oligoclásio podem ser encontrados.
Na amostra 200907-13 foram estudados plagioclásios do contato anfibolito/microclina
gnaisse e no microclina gnaisse e ambos foram reconhecidos com oligoclásio. Já na amostra
de albitito, 200907-21 foi analisado somente o feldspato alcalino, classificado como
microclina, uma vez que, outros autores já definiram a composição do plagioclásio tardio
como sendo albita-oligoclásio (CRUZ, 2004; MARUEJOL, 1989).
FIGURA 59 – Imagem de elétrons retroespalhados dos feldspatos presentes no microclina gnaisse. Amostra
200907-18. Composição: 1 e 5 – Andesina; 2 – Oligoclásio; 3 e 4 – Feldspato Alcalino (microclina).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
91
FIGURA 60 – Diagrama ternário para classificação dos feldspatos. Obtido pelo software MINPET 2.0
Titanita
A titanita, CaTiO(SiO4), é um mineral da classe dos nesossilicatos, como a granada, e
cristaliza-se no sistema cristalino monoclínico. Na estrutura da titanita as cadeias formadas
pelos octaedros de TiO se ligam aos tetraedros de silício. Essa estrutura da titanita forma
cavidades que vão “abrigar” os cátions de Ca2+. (DEER et al, 1975a; KLEIN, 2008)
A partir de imagens de elétrons retroespalhados foi possível visualizar nas titanitas do
albitito, do microclina gnaisse e do anfibolito diferenças de tonalidade. No gnaisse e no
anfibolito o aspecto é de zonamento e no albitito é de alteração (FIG. 61). Sabe-se que na ME
a diferença de tonalidade entre os minerais é função da massa molecular, ou seja, quanto mais
elementos pesados o mineral tiver mais clara será sua imagem. No gnaisse observa-se que o
centro do cristal de titanita aparece mais escuro do que as extremidades enquanto que no
albitito existe também uma diferença de tonalidade, porém as titanitas de coloração diferente
estão com aspecto de misturadas, o que sugere algum tipo de alteração.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
92
(A)
(B)
FIGURA 61 – Imagens de elétrons retroespalhados das titanitas mostrando as diferenças composicionais. (A)
Albitito – ordem crescente dos teores de Fe, Nb e Al: 2-3-1. (B) Microclina gnaisse – ordem crescente do teor de
Fe: 4-3-5-6.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
93
No tratamento dos dados (ANEXO B) observou-se uma variação nos teores de Fe x Ti,
e Al x Ti (FIG. 62) e, também que as titanitas de coloração “mais clara” nas imagens de
elétrons retroespalhados apresentam maior teor de Fe e Al.
4
5
4
3
FeO
Al2O3
3
2
2
1
1
30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
0
30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
TiO2
(A)
(B)
TiO2
4
FeO
3
2
1
0
(C)
1
2
3
4
5
Al2O3
FIGURA 62 – Diagramas relacionando a composição das titanitas nas rochas estudadas. (A) Al2O3 x TiO2, (B)
FeO x TiO2, (C) FeO x Al2O3. Obtidos com o software Minpet 2.0.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
5.3.
94
LA-ICP-MS
Estudos por LA-ICP-MS foram realizados em minerais das amostras 200907-13,
200907-20 e 200907-23 visando a identificação dos elementos traços presentes.
Na amostra 200907-13 foram estudadas as titanitas presentes no anfibolito e no gnaisse,
na amostra 200907-20 de albitito não mineralizado foram estudados plagioclásio tardio (albita
recristalizada) e anfibólio, na amostra 200907-23 de albitito mineralizado os minerais
plagioclásio tardio (albita recristalizada), anfibólio e piroxênio. As tabelas com os valores
obtidos para todos os elementos analisados encontram-se no ANEXO C.
Para o tratamento dos dados foi feita uma padronização dos resultados obtidos
considerando como padrão o teor médio de silício presente em cada mineral a partir dos
resultados das análises por ME.
As titanitas presentes no anfibolito apresentaram os elementos traço nióbio, cério e
neodímio em quantidades superiores a 600ppm (FIG. 63A) e os elementos vanádio, ítrio,
manganês, lantânio, urânio, samário, tório, háfnio, európio,estrôncio, itérbio e chumbo (206)
em quantidades inferiores a 600ppm (FIG 63 B).
(A)
(B)
FIGURA 63 – Gráfico de elementos traço para as titanitas do anfibolito na amostra 200907-13. (A) todos os
elementos. (B) detalhe mostrando os elementos presentes em quantidade menor que 600ppm.
Já as titanitas do microclina gnaisse (amostra 200907-13) apresentaram nióbio, ítrio,
cério e neodímio como elementos traço principais, em quantidades superiores a 700 ppm
(FIG. 64 A), e os elementos vanádio, manganês, samário, európio, itérbio, lantânio, háfnio,
urânio (235), urânio (238), estrôncio, chumbo (206) e tório em quantidades inferiores a 700
ppm sendo que os quatro últimos estão presentes em quantidade inferior a 100 ppm (FIG.
64B).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
(A)
95
(B)
FIGURA 64 – Gráfico de elementos traço para as titanitas do microclina gnaisse na amostra 200907-13. (A)
todos os elementos. (B) detalhe mostrando os elementos presentes em quantidade inferior a 700ppm.
A albita (plagioclásio tardio) presente no albitito mineralizado (amostra 200907-23)
apresenta teor de estrôncio acima de 200 ppm com excessão de uma amostra que possui
apenas 88 ppm desse elemento. Apresenta também cério, chumbo (208) e urânio (238) em
teor inferior a 50 ppm (FIG. 65 A). Esse mesmo mineral analisado no albitito não
mineralizado apresenta também teor de estrôncio acima de 200 ppm e chumbo (208) abaixo
de 50 ppm, diferenciando-se então do albitito mineralizado por não apresentar nem cério e
nem urânio em teor considerável (FIG. 65 B).
FIGURA 65 – Gráfico de elementos traço para a albita (plagioclásio tardio) do albitito. (A) albitito mineralizado
(100907-23). (B) albitito não mineralizado (200907-20).
No anfibólio presente no albitito mineralizado todos os elementos traço determinados
apresentaram teor inferior a 70 ppm e no albitito não mineralizado os teores foram inferiores a
40 ppm. Os elementos encontrados no albitito mineralizado foram estrôncio, ítrio, cério,
neodímio, samário, chumbo e urânio além de európio, lantânio, itérbio e háfnio porém em
quantidades inferiores a 2 ppm (FIG. 66 A). No albitito não mineralizado os elementos
encontrados foram os mesmos do albitito mineralizado, com excessão do urânio que não
aparece nessa amostra em quantidade detectável (FIG. 66 B).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
(A)
96
(B)
FIGURA 66 – Gráfico de elementos traço para o anfibólio do albitito. (A) albitito mineralizado (100907-23).
(B) albitito não mineralizado (200907-20).
O piroxênio foi estudado no albitito mineralizado e apresentou em sua composição
quase todos os elementos traço analisados em teores inferiores a 15 ppm (FIG. 67).
FIGURA 67– Gráfico da composição em elementos traço no piroxênio do albitito mineralizado, amostra
200907-23.
Foram analisados também biotita e epidoto (alanita). Na biotita não foi detectado a
presença dos elementos traço analisados em quantitadade significativa e no epidoto pode ter
havido alguma interferência nos resultados e eles não são considerados mensuráveis uma vez
que trata-se de uma alanita e possui, portanto, ETR em grande quantidades.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
5.4.
97
INCLUSÕES FLUIDAS
5.4.1. MICROSCOPIA DAS INCLUSÕES FLUIDAS
Como mencionado no Capítulo 4, a etapa inicial do estudo das IF é a microscopia, onde
as inclusões são reconhecidas e classificadas para que seja possível seguir para as etapas
posteriores.
Foram realizados estudos de agrupamentos de IF em piroxênio, granada e plagioclásio
tardio dos albititos e em plagioclásios do microclina gnaisse. Foram encontradas IF em outros
minerais como, por exemplo, em biotita no albitito e em quartzo do microclina gnaisse. Não
foram, porém, realizados estudos nas IF desses minerais para que não houvesse desvio do
principal objetivo do trabalho gerando assim uma quantidade inapropriada de dados. Não foi
possível encontrar IF nos minerais do anfibolito. Um dos principais motivos é o fato dos
minerais presentes na amostra serem muito escuros e apresentarem pouca transparência
mesmo quando se utilizou um equipamento com luz infravermelha.
5.4.1.1.
Albititos
Nos albititos foram encontradas IF em piroxênio, granada, plagioclásio tardio e biotita
que serão descritas a seguir.
Piroxênios:
As IF presentes no piroxênio são classificadas como primárias e aparecem tanto em
agrupamentos quanto isoladas no cristal. Possuem, em geral, forma alongada, algumas vezes
arredondada ou mesmo sem forma definida, orientadas no sentido da clivagem do cristal
(FIG. 68).
Essas IF são bifásicas com uma fase aquosa e outra gasosa, não possuindo, porém, uma
razão líquido/vapor constante (10 a 15% vapor). Os tamanhos são variados raramente
ultrapassando 40 μm, sendo a maioria bem menor (10 a 20 µm).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
98
FIGURA 68 – Fotomicrografia de inclusões fluidas primárias bifásicas presentes no piroxênio, amostra 20090724.
Granada
As IF encontradas na granada são primárias, pequenas e, raramente ultrapassam 20 µ m.
Encontram-se em agrupamentos dispersos no cristal e têm formatos poligonizados, semi
poligonizados e irregulares. São normalmente bifásicas (líquido/gás), com a fase gasosa
ocupando cerca de 10 a 15% da IF (FIG. 69). Raras IF trifásicas foram observadas.
FIGURA 69 – Fotomicrografia de inclusões fluidas primárias bifásicas presentes na granada, amostra 20090722.
Plagioclásio tardio
No plagioclásio tardio foram encontrados dois tipos de IF. No primeiro tipo, as IF são
bifásicas, a proporção da fase gasosa é de 5 a 10% gás, o tamanho é variado, algumas
chegando a 60 μm, mas a maioria apresentando tamanho máximo de 20 μm. Possuem
formatos irregulares, muitas vezes com sinais de estrangulamento. São encontradas isoladas
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
99
no centro do cristal ou em pequenos agrupamentos, o que permite classificá-las como IF
primárias (FIG 70).
FIGURA 70 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásicas presentes no plagioclásio tardio do albitito
uranífero, amostra 200907-22.
O segundo tipo é formado por IF monofásicas de formas diversas, arredondadas,
compridas e algumas apresentando estrangulamento. São, provavelmente, secundárias,
contendo somente uma fase aquosa. Ocorrem sempre em agrupamentos orientadas em uma
mesma direção/plano e têm os mais variados tamanhos (de >5 a 30µm) (FIG. 71).
FIGURA 71 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásicas presentes no plagioclásio tardio do albitito,
amostra 200907-20.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
100
Biotita
Na biotita foram encontradas poucas IF bifásicas com uma fase gasosa (~10% gás) e
outra aquosa. São alongadas seguindo sempre a clivagem do cristal e isoladas caracterizando
IF primárias. Os tamanhos variam de 10 a 30 µm (FIG. 72).
FIGURA 72 – Fotomicrografia de inclusão fluida bifásica na biotita. Amostra 200907-23.
5.4.1.2.
Microclina gnaisse
No microclina gnaisse foram estudadas IF em duas gerações de plagioclásios. Também
foram observadas IF no quartzo e titanita.
Plagioclásios
As IF estudadas na geração precoce de plagioclásio ocorrem em agrupamentos, são
primárias, aquo-carbônicas, bifásicas (líquido-gás) e trifásicas (líquido aquoso-líquido
carbônico-gás). Possuem formato romboédrico e seu tamanho que raramente ultrapassa 20μm
(AMORIM et al, 2009).
As IF encontradas no plagioclásio tardio do gnaisse foram classificadas como primárias.
Elas possuem duas fases, uma aquosa e outra gasosa sendo que a fase gasosa corresponde,
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
101
aproximadamente, a 10% do volume da IF. Essas IF são em geral pequenas possuindo
tamanho médio de 15 µ m. Raras inclusões com tamanho superior foram visualizadas.
Possuem formatos irregulares, sendo por vezes compridas, achatadas ou arredondadas, e
algumas são estranguladas (FIG. 73).
FIGURA 73 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásica no plagioclásio tardio do gnaisse. Amostra 20090718.
Quartzo
No quartzo foram encontradas IF bifásicas (líquido/gás). As IF bifásicas foram
classificadas em dois grupos ambos de IF secundárias ocorrendo muitas vezes próximo ao
contato do quartzo com os feldspatos. Ambos os tipos de IF possuem os mais variados
tamanhos, podendo chegar a 60 µm. O que diferencia os dois grupos é que em um as IF
possuem a bolha escura e outras características de IF carbônica e no outro elas são
aparentemente aquo-salinas (FIG. 74).
(A)
(B)
FIGURA 74 – Fotomicrografia de inclusões fluidas bifásica no quartzo do gnaisse. Amostra 200907-18. (A)
aquo-salina, (B) aquo-carbônica.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
102
Titanita
A titanita apresenta diminutas IF (< 5 μm) primárias, aparentemente monofásicas e
trilhas de IF secundárias também menores do que 5 μm (FIG. 75A).
Interessante destacar a presença de inclusões sólidas (< 50 µm) que apresentam formas
que lembram melt inclusions, com várias fases sólidas diferentes (FIG. 75B).
(A)
(B)
FIGURA 75 – (A) IF primárias na titanita. (B) Prováveis melt inclusions na titanita.
5.4.2. MICROTERMOMETRIA
Estudos microtermométricos de resfriamento e aquecimento foram realizados nas IF das
lâminas 200907-18, 200907-22, e 200907-24 utilizando-se as platinas CHAIXMECA e
FTIR600 – LINKAM. Ressalta-se aqui a dificuldade desse estudo principalmente nas IF dos
piroxênios e granadas devido a suas cores, formas e tamanhos (muitas vezes pequenos), e
também a redução da visibilidade e escurecimento dos minerais durante as medidas. Esse fato
foi observado também por Fuzikawa e Alves (1988) e Souza (2009).
Os dados foram tratados no programa MacFlinCor 0.93 para o sistema H2O-NaCl-[KCl]
(BODNAR, VITYK, 1994). O programa forneceu várias propriedades intrínsecas aos
sistemas e também dados que possibilitaram a obtenção dos gráficos relativos às isócoras
(P X T) (ANEXO D).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
5.4.2.1.
103
Albitito
Piroxênio
Foram analisadas 20 IF representativas primárias e bifásicas no piroxênio da amostra
200907-24. Essas IF apresentaram temperatura eutética (T eut) entre -48°C e -52 ºC estando a
maior parte das medidas concentradas entre -49 e -50 ºC (FIG. 76). A temperatura de fusão
final (T f) foi medida entre -6 e -9 °C (FIG. 77). A temperatura de homogeneização (para
líquido) forneceu valores entre 220 e 290 °C (FIG. 78). Durante as medidas, as IF não
apresentaram evidências da presença de nenhum tipo de fluido carbônico e foram
classificadas como aquo-salinas.
Os dados foram tratados com o programa MacFlinCor 0.93, obtendo-se uma salinidade
variando entre 9 e 13 % equivalente em peso de NaCl para o fluido estudado. Foi possível
determinar também outras propriedades tais como fração molar do NaCl (média de 0,036),
densidade (média de 0,9 g/cm³), volume molar médio de (21,9 cm³/mol), pressão (média de
488 bar) e temperaturas (474 °C) críticas do fluido (ANEXO D).
Foi também elaborado o diagrama de % NaCl x Th
total
onde verificou-se que as IF
exibem um conjunto bem definido de valores de salinidade (FIG. 79). Foram traçadas também
as isócoras para essas IF (ANEXO E) que confirmaram a existência de um conjunto definido.
FIGURA 76 – Histograma mostrando as temperaturas eutéticas obtidas para as IF do piroxênio no albitito.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
104
FIGURA 77 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do piroxênio no albitito.
FIGURA 78 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF do piroxênio no
albitito.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
105
FIGURA 79 – Diagrama de salinidade em NaCl versus temperatura de homogeneização de IF em piroxênio e
granada do albitito.
Chaves et al (2007) descrevem nos albititos da Jazida da Cachoeira (AN13) dois tipos
de piroxênios sendo um deles precoce, raro e outro predominante, metamórfico. Oliveira et al
(2007) estudaram IF em ambos os tipos de piroxênio em amostras da Jazida Cachoeira
(AN13) e obtiveram valores de -11 a -15 ºC para fusão do gelo em ambos os piroxênios. Para
o denominado piroxênio precoce, as temperaturas eutéticas obtidas foram entre –63 e -70 °C e
para o piroxênio metamórfico de -50 a -55 °C.
Souza (2009) também estudou IF nos piroxênios metamórficos da Jazida do Engenho
(AN09) obtendo Tf entre -9 a -16 °C e Te de -52 a -54 °C.
O piroxênio precoce não foi encontrado nos albititos da Jazida Lagoa da Rabicha.
Plagioclásio
Os resultados obtidos para as IF no plagioclásio tardio do albitito encontram-se no
ANEXO D. Foram analisadas 16 IF nesse mineral e os fluidos não apresentaram
características de composição carbônica e foram portanto classificadas como aquo-salinas.
A faixa de temperatura de fusão foi de -0,3 a -4 °C (FIG. 80) e a temperatura eutética
obtida é bem variável, de -33 a -54 °C (FIG. 81), ficando porém o pico principal restrito ao
intervalo de -41 a -42 °C. A temperatura de homogeneização obtida ficou na faixa de 223 a
383 °C (FIG. 82), sendo o pico principal e mais representativo em torno de 253°C. Esses
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
106
resultados permitiram determinar a salinidade equivalente em NaCl que foi, assim como os
resultados microtermométricos, muito variável, em uma faixa de 0,2 a 7%.
Foram determinadas também outras propriedades do fluido tais como densidade média,
0,79
g/cm³,
fração
molar
média
de
0,009
(NaCl),
volume
molar
médio
de
23,4 cm³/mol, temperatura crítica média 399 ºC e pressão crítica média 282 bar.
Com os dados obtidos pelo programa MacFlinCor 0.93 foram geradas isócoras
(ANEXO E), onde observa-se a divisão em dois grupos mais significativos (uma inclusão se
diferenciou de todas as demais). Em um diagrama de salinidade em função da temperatura de
homogeneização (FIG. 83) observou-se uma grande dispersão dos resultados, mas podem ser
definidos dois grupos distintos de IF (um com Th acima de 300ºC e outro próximo de 250°C).
Fuzikawa e Alves (1988) obtiveram medidas de temperatura de fusão do gelo próximas
a -2,0ºC em IF primárias de albitas. Entretanto, para as diferentes amostras estudadas por
estes autores a salinidade apresentou uma ampla dispersão.
Alves e Fuzikawa (1984) mostraram que as IF em plagioclásios dos albititos de Lagoa
Real podem apresentar efeito de dilatação quando submetidas a superaquecimentos. Por isso,
presume-se que durante o aquecimento, pequenas porções do fluido possam ter vazado por
microfissuras produzidas na inclusão, o que explicaria a dispersão das medidas de
homogeneização.
Souza (2009) também estudou as IF em plagioclásio tardio do albitito da AN09
encontrando resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho e as mesmas dispersões nos
valores de Tf e Th.
FIGURA 80 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do plagioclásio tardio no
albitito.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
107
FIGURA 81 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF do plagioclásio tardio no
albitito.
FIGURA 82 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF do plagioclásio
tardio no albitito.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
108
FIGURA 83 – Diagrama de salinidade em NaCl versus temperatura de homogeneização de IF em plagioclásio
tardio do albitito e do microclina gnaisse.
Granada
Os resultados obtidos para as IF da granada estão no ANEXO D. Treze IF foram
estudadas nesse mineral e os fluidos não apresentaram características de composição
carbônica e por tanto foram classificadas como aquosas.
Foram obtidas faixas de temperatura de fusão do gelo de -7 a -11 °C (FIG. 84),
temperatura eutética de -48 a -54 °C (FIG. 85) e temperatura de homogeneização de 200 a
240 °C(FIG. 86). A salinidade equivalente em NaCl obtida com esses resultados apresentou
uma faixa de 10 a 14%.
Outras propriedades do fluido foram determinadas, como por exemplo, densidade
média, 0,94 g/cm³; fração molar média de 0,042 (NaCl); volume molar médio de 20,3
cm³/mol; temperatura crítica média 488 ºC e pressão crítica média 526 bar.
Em um diagrama de salinidade em função da temperatura de homogeneização (FIG. 79)
verificou-se a existência de um grupo de IF com características semelhantes entre si e de
salinidades parecidas com o piroxênio, porém com temperaturas de homogeneização
ligeiramente menores. As isócoras geradas a partir dos dados obtidos através do MacFlinCor
0.93 encontram-se no ANEXO E, sendo possível confirmar a existência de um grupo
consistente de IF.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
FIGURA 84 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF da granada no albitito.
FIGURA 85 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF da granada no albitito.
109
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
110
FIGURA 86 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF da granada no
albitito.
Oliveira et al (2007) obtiveram valores de -12ºC para fusão do gelo em granadas de
albititos da Jazida da Cachoeira (AN13). A salinidade para essa temperatura corresponde a
cerca de 16% em peso equivalente de NaCl, sendo um pouco mais salino que o fluido
encontrado em granadas da AN03. Souza (2009) também estudou granadas da AN09 obtendo
salinidade de aproximadamente 13% em equivalente NaCl.
5.4.2.2.
Microclina Gnaisse
Amorim et al (2009) estudaram IF no plagioclásio precoce do microclina gnaisse da
AN03 (amostra 200907-18). Essas IF foram descritas como primárias, aquo-carbônicas, com
a fase gasosa sendo de CO2 puro, de média a alta salinidade (13% NaCl) e baixa densidade do
CO2 (0,3 g/cm³).
As IF presentes plagioclásio tardio do microclina gnaisse são aquo-salinas e
apresentaram, em geral, resultados um tanto quanto dispersos. Suas temperaturas de fusão
variaram de -1 a -7 °C (FIG. 87), temperatura eutética de -40 a -56 °C (FIG. 88) e temperatura
de homogeneização de 170 a 300 °C (FIG. 89).
Dados referentes à densidade, fração molar, volume molar, temperatura e pressão
críticas e salinidades das IF foram determinados com o auxílio do software MacFlinCor 0.93.
As salinidades encontradas situam-se na faixa entre 0,3 a 10 % equivalente em NaCl, a
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
111
densidade média é 0,87 g/cm³, a fração molar média é 0,014 (NaCl), o volume molar médio é
de 21,5 cm³/mol, temperatura crítica 417°C e pressão crítica 330 bar.
A partir dos dados obtidos foi possível criar um diagrama de salinidade versus
temperatura de homogeneização (FIG. 83) e também as isócoras para o sistema de IF
(ANEXO E). Esses gráficos corroboram para a confirmação de que as IF apresentam dados
um pouco dispersos entre si, mas pelo diagrama salinidade/T h pode-se perceber que em geral
as IF do plagioclásio tardio do microclina gnaisse possuem Th ligeiramente menores do que o
plagioclásio tardio do albitito.
FIGURA 87 – Histograma mostrando as temperaturas de fusão obtidas para as IF do plagioclásio tardio no
microclina gnaisse.
FIGURA 88 – Histograma mostrando as temperaturas de eutéticas obtidas para as IF do plagioclásio tardio no
microclina gnaisse.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
112
FIGURA 89 – Histograma mostrando as temperaturas de homogeneização obtidas para as IF do plagioclásio
tardio no microclina gnaisse.
5.4.3. PLATINA DE ESMAGAMENTO
Para a execução do esmagamento foram selecionados grãos representativos do
plagioclásio no microclina gnaisse e no albitito. Foram analisadas uma amostra de microclina
gnaisse (200907-18), um albitito não mineralizado (200907-20) e quatro albititos
mineralizados (200907-21, 200907-22, 200907-24 e 200907-23) visando-se verificar como
seria a evolução das bolhas quando se varia o grau de mineralização das amostras.
Em todas as amostras foi verificada a liberação de um gás de composição carbônica,
mas presente em pequena quantidade, que foi comparada com a carta comparativa de
liberação de gases encontrada em Fuzikawa (1985) (FIG. 90). Os resultados obtidos estão
relatados na TAB. 6 e as imagens estão na (FIG. 91).
TABELA 6 – Dados obtidos após o esmagamento em amostras de microclina gnaisse e albitito.
Amostra
200907-18
200907-20
200907-22
200907-21
200907-24
200907-23
Radioatividade em cps
100
100
210
340
750
2000
Grau de liberação de gases
Fraca
Muito fraca
Muito fraca
Muito fraca
Fraca / muito fraca
Fraca
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
113
FIGURA 90 – Carta comparativa de liberação de gases para classificação durante o esmagamento (modificado
de FUZIKAWA, 1985).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
114
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(F)
(G)
(H)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
115
(I)
(J)
(K)
(L)
FIGURA 91 – Fotomicrografia da sequência de esmagamento de cristais de plagioclásio em amostras de albitito
e microclina gnaisse, meio de imersão utilizado glicerina. (A) e (B) microclina gnaisse - amostra 200907-18; (C)
e (D) albitito não mineralizado - amostra 200907-20; (E) e (F) amostra albitito mineralizado - 200907-22; (G) e
(H) albitito mineralizado - amostra 200907-21; (I) e (J) albitito mineralizado - amostra 200907-24; (K) e (L)
albitito mineralizado - amostra 200907-23.
Após a classificação da quantidade de gases obtidos foram realizados testes utilizandose como meio de imersão o cloreto de bário. Durante esse teste não foi observada a formação
do carbonato de bário em nenhuma das amostras, o que indica que provavelmente o fluido
não deve ser CO2 ou que, se este estiver presente, é em pequena quantidade uma vez que não
foi possível confirmar sua presença (FIG. 92).
CAPÍTULO 5. RESULTADOS
116
FIGURA 92 – Fotomicrografia da fase final do esmagamento da amostra 200907-20 em cloreto de bário
mostrando que não houve a precipitação de carbonato de bário.
117
CAPÍTULO 6.
DISCUSSÃO
A origem das mineralizações de urânio é frequentemente relacionada a fontes
magmáticas associadas a fluidos de temperaturas que ultrapassam os 300°C, que podem
originar anomalias uraníferas em diferentes tipos de rochas. Em Lagoa Real (LR), estudos
anteriores (CRUZ, 2004; LOBATO, 1985; MARUEJOL, 1989; LOBATO, FYFE, 1990)
sugerem que os corpos mineralizados de albititos e os gnaisses encaixantes destes corpos
foram originados a partir da deformação de rochas granitóides (Granito São Timóteo).
Lobato et al (1982) mostram a ocorrência de um processo metassomático a partir de
balanço de massa das rochas onde observa-se clara alteração envolvendo remoção de sílica e
potássio ao mesmo tempo em que ocorre a adição de sódio e alumínio. Segundo Cruz (2004)
diferentes eventos de metassomatismo e metamorfismo teriam participado da formação destas
rochas. Entretanto, como detalhado em capítulos anteriores, a linha evolutiva proposta por
Chaves et al (2007) sugere a inexistência de eventos metassomáticos de Na.
Para Cuney e Kyser (2009), o evento de deformação do Brasiliano teria levado ao
completo desaparecimento da textura inicial nos albititos, impedindo a reconstituição de uma
sucessão paragenética e o desenvolvimento de estudos de IF que permitam caracterizar as
soluções responsáveis pelos processos de alteração e mineralização.
Considerando as diferentes propostas dos autores acima citados, sobre a origem da
mineralização uranífera, este trabalho de Dissertação procurou levantar dados que permitam
conhecer melhor a metalogênese do depósito da Lagoa da Rabicha, verificando tendências
composicionais confiáveis nos fluidos encontrados em minerais dos albititos e seus gnaisses
encaixantes. Procurou, também, aprofundar o conhecimento micro-composicional dos
minerais dos albititos, anfibolitos e encaixantes gnáissicas.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
118
ASPECTOS MINERALÓGICOS NOS TIPOS DE ROCHAS ESTUDADOS
Diversos autores estudaram a associação mineralógica de LR com o intuito de conhecer
melhor a sua paragênese (CHAVES et al, 2007; CRUZ, 2004; MARUEJOL, 1989; PRATES,
FUZIKAWA, 1985; SOUZA, 2009; entre outros). Neste trabalho faz-se uma comparação com
resultados obtidos por estes autores, na tentativa de compreender melhor a relação entre esses
minerais utilizando como base principal os estudos dos fluidos presentes em albititos e
encaixantes gnáissicas.
Chaves et al (2007) afirmam existir nos albititos da região de LR minerais prédeformacionais (piroxênio precoce diopsídico, titanita precoce uranífera e plagioclásio
precoce) que preservam características magmáticas da rocha precursora (sienito). Estes
mesmos autores classificam como fase metamórfica a associação mineralógica formada a
partir dos eventos deformacionais (piroxênio metamórfico aegerina-augita, anfibólio, granada,
plagioclásio tardio). De acordo com essa proposta, os albititos (sienitos deformados) não
teriam vínculo genético com os gnaisses, nem com o granito São Timóteo.
Cruz (2004), Lobato (1985) e Maruejol (1989) propõem, em contrapartida, um vínculo
genético entre o granito São Timóteo, gnaisses e albitito. Esses últimos seriam o produto final,
originados por metassomatismo.
Piroxênios e suas diferentes composições
Chaves et al (2007) obtiveram, por ME, composição aegirina-augita para o piroxênio
metamórfico dos albititos e composição diopsídio-augita para o piroxênio precoce. Neste
trabalho não foi observado o piroxênio precoce (magmático) nas rochas, porém foi obtida,
também por ME, composição de aegirina-augita para o único piroxênio encontrado nos
albititos estudados. Portanto, a composição é semelhante aos dados do piroxênio metamórfico
de Chaves et al (2007). Cruz (2004) também encontrou composição aegirina-augita para o
piroxênio predominantemente encontrado no albitito. Já Maruejol (1989) obteve composição
hedembergita-diopsídio para piroxênios do albitito.
Cruz (2004) obteve composição hedembergita-diopsídio para o piroxênio do gnaisse.
Entretanto, o piroxênio encontrado neste trabalho no gnaisse foi classificado como diopsídioaugita, composição similar a obtita por Chaves et al (2007) para o piroxênio precoce do
albitito.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
119
Surge então a questão: Porque não foi encontrado o piroxênio precoce (magmático) nos
albititos da AN03? Poderia o piroxênio encontrado no microclina gnaisse ser o mesmo
piroxênio precoce observado por Chaves et al (2007) nos albititos da Jazida da Cachoeira
(AN13)? Esta pergunta será abordada no item final deste capítulo.
Granada
A granada é um mineral característico de rochas metamórficas podendo, raramente, ser
encontrado em alguns tipos de rochas ígneas (DEER et al, 1975a). Neste trabalho a granada
foi classificada como andradita, mesma composição encontrada em outras jazidas uraníferas
de Lagoa Real (CHAVES et al, 2007; CRUZ, 2004; LOBATO, FYFE, 1990; MARUEJOL,
1989; SOUZA, 2009).
Plagioclásios
No microclina gnaisse foram estudadas duas gerações de plagioclásio. A geração
precoce apresenta muita alteração, e os resultados obtidos mostraram que a composição dele
varia de oligoclásio a andesina. O plagioclásio tardio (recristalizado) do gnaisse apresentou
composição albítitica. Os dados são coincidentes com os obtidos por Cruz (2004). Para a
microclina presente no gnaisse, os dados de Cruz (2004) também são coincidentes.
No albitito o plagioclásio tardio (recristalizado) foi analisado qualitativamente por ME
tendo sido classificado como albita o que é condizente com dados obtidos por Cruz (2004) e
Prates (2008) que obtiveram composição albita a albita-oligoclásio para este mineral.
Titanita
A titanita encontrada no microclina gnaisse é petrologicamente muito diferente da
encontrada no albitito. Entretanto, é bastante parecida com a titanita encontrada no anfibolito
(TAB. 7). Do ponto de vista genético as titanitas do gnaisse e anfibolito devem representar
relictos das fases magmáticas precursoras. O estudo das prováveis melt inclusions encontradas
nestas titanitas poderá contribuir para melhor conhecimento dessas fases.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
120
TABELA 7 – Comparação das propriedades observadas nas titanitas de albititos, gnaisses e anfibolitos de LR.
Gnaisse
Albitito
Anfibolito
Inclusões
sólidas
Poucas
(óxido de ferro?)
Muitas
(ilmenita, mica com muito
Ca, uraninita)
Poucas
Zoneamento
Claro zoneamento observado
na ME
(não observado ao
microscópio)
Incipiente
Zonada
(Núcleo preservado)
Composição
ME
CaTiO(SiO4)
Com Fe e Nb substituindo Ti
e Al substituindo Si
CaTiO(SiO4)
Com Fe e Nb substituindo Ti
e Al substituindo Si
CaTiO(SiO4)
Com Fe e Nb substituindo Ti
e Al substituindo Si
Traços
LA-ICP-MS
Nb, Y, Ce e Nd > 700 ppm
V, Mn, La, Sm, Eu, Yb, Hf,
U235 < 700 ppm
U238, Sr, Pb206, Th < 100 ppm
Não analisado
Nb, Ce, Nd > 600 ppm
V, Mn, La, Y < 600ppm
U, Sr, Pb206, Th, Sm, Eu, Yb,
Hf, < 200 ppm
IF
IF primárias < 10μm
IF secundárias < 10µm
Pequenas (Engenho e
Cachoeira)*
Não apresenta
Não apresenta
Prováveis
Melt
Prováveis
Inclusions
*
Souza (2009) e Chaves et al (2009)
Chaves et al (2007) encontraram na Jazida da Cachoeira (AN13) uma titanita precoce
uranífera (interpretada como pertencente a uma fase magmática precursora sienítica) e uma
titanita não uranífera originada em uma fase metamórfica posterior. Neste trabalho não foi
encontrada a titanita precoce (uranífera). Porém, nos três tipos de rocha estudados (gnaisse,
anfibolito e albitito) foi encontrada uma variedade de titanita com teor de ferro oscilando
junto com o teor de titânio, e apresentando teores importantes de nióbio. Supõe-se que o ferro
e o nióbio estão substituindo o titânio na estrutura desta titanita. No gnaisse e no anfibolito a
titanita é zonada, já no albitito esse mineral apresenta várias inclusões minerais e imagem de
elétrons retroespalhados (ME) (FIG. 61) que sugerem alteração.
Pelo método LA-ICP-MS foram estudadas titanitas no anfibolito e gnaisse. Estas
apresentaram traços de Pb (207 e 206) abaixo de 20 ppm e Pb(206) entre 17 e 65 ppm, não
havendo diferença detectável entre as duas amostras. O teor de U (235) variou de 80 a 195
ppm nas titanitas do anfibolito e de 60 a 330 ppm no gnaisse. O U (238) variou de 28 a 48
ppm no anfibolito, e de 19 a 83 ppm no gnaisse. Observa-se, portanto que as titanitas das três
rochas (albitito, anfibolito e microclina gnaisse) não apresentaram teores de chumbo e urânio
consideráveis, dentro dos limites de detecção da ME. E que os teores destes elementos
analisados por LA-ICP-MS são realmente muito baixos.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
121
Os dados obtidos mostram que a titanita do albitito é diferente das titanitas presentes no
microclina gnaisse e no anfibolito.
Para Cruz (2004), as titanitas dos gnaisses seriam relictos do protólito ígneo (anterior à
deformação que originou os gnaisses). E para Chaves et al (2007) a titanita precoce
(magmática), rica em urânio, é um relicto de uma rocha sienítica que teria sido precursora dos
albititos. As titanitas perderiam o urânio durante a primeira fase de metamorfismo, tendo sido
este mineral remobilizado pelo fluido existente, ocorrendo posteriormente a precipitação da
uraninita, por meio de reações redox. Para esses autores, nesse processo a titanita foi
recristalizada, dando origem à titanita predominante (metamórfica) que não possui urânio.
Surge, então, uma pergunta: Porque não se encontrou a titanita precoce (uranífera) no
albitito da AN03? A resposta para esta pergunta será abordada no ultimo item das discussões.
ISÓCORAS, GEOTERMÔMETROS E PRESSÃO DE FORMAÇÃO
Lobato et al (1983a) e Lobato et al (1983b) obtiveram temperaturas de 500ºC – 540ºC
(P = 4 kbar) para os albititos a partir de geotermometria de isótopos. Estes resultados foram
obtidos a partir dos pares isotópicos quartzo-piroxênio, quartzo-magnetita e quatzo-feldspato.
Cruz (2004) obteve, temperaturas entre 580ºC (P = 5 kbar) e 745ºC (P = 10 kbar) nos
albititos, utilizando o método para calcular T e p de equilíbrio de paragêneses minerais, HbPl,
desenvolvido por Holland & Blundy (1994) para o qual foram escolhidas seções de texturas
poligonais em feldspato. Nos gnaisses, pelo mesmo método, a temperatura varia entre 667ºC
(P = 5 kbar) e 715ºC (P = 10 kbar).
Baseado nestes dados, e considerando o intervalo de 500 a 600 °C, foi feita uma
estimação, utilizando as isócoras obtidas para os fluidos do piroxênio e plagioclásio tardio do
albitito (ANEXO E) (FIG. 93).
Utilizando o geotermômetro de 500 °C como temperatura de referência, a interseção
com as isócoras sugerem que o processo de formação do piroxênio e do plagioclásio tardio
ocorreu sob condições de pressão de 2,5 a 3,2 kbar, considerando a região onde ocorre a
maior concentração das isócoras. Estas pressões são correspondentes a uma faixa de
profundidade de 7,5 a 9,6 km para o piroxênio e para o plagioclásio tardio. Esse resultado é
compatível com o obtido por Souza (2009) para os piroxênios e plagioclásios estudados na
AN09.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
122
Considerando a mesma faixa de temperatura (500 ºC) foi desenvolvida uma estimativa
da pressão de formação dos carbonatos de veios e brechas que cortam o albitito, levando em
conta para isso os dados de fluidos carbônicos (CO2 + CH4) obtidos em Fuzikawa (1982). Os
resultados sugerem que esses veios foram formados a uma pressão mínima de 2,9 kbar, o que
corresponde a uma profundidade mínima de formação de 8,7 km (FIG. 93).
FIGURA 93 - Gráfico das isócoras associadas ao geotermômetro para estimar a pressão mínima de formação de
piroxênio e plagioclásio tardio do albitito, e de carbonatos associados a veios que cortam os albititos.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
123
SOBRE OS FLUIDOS ESTUDADOS EM GRANADAS E PIROXÊNIOS
A TAB. 8 mostra os resultados obtidos na AN03 e uma comparação com os resultados
obtidos em piroxênio e granada por Oliveira et al (2007) (AN13) e Souza (2009) (AN09).
TABELA 8 – Comparativo dos dados obtidos neste trabalho com os dados obtidos por Souza (2009) e Oliveira
et al (2007) para os piroxênios e granadas do albitito.
Piroxênio
Área
Te (°C)
Th (°C)
Tf (°C)
Salinidade (NaCl)
Referências
-52 a -54 240 a 330
-9 a -16
16%
SOUZA (2009)
Engenho (AN09)
-48 a -52 224 a 288
-6 a -9
11%
Este trabalho
Rabicha (AN03)
-50 a -55
-11 a -15
17%
OLIVEIRA et al (2007)
Cachoeira (AN13)
-63 a -70
-11 a -13
16%
OLIVEIRA et al (2007)
Cachoeira (AN13)
Px magmático
Granada
Área
Te (°C)
Th (°C)
Tf (°C)
Salinidade (NaCl)
Referências
-52 a -53 200 a 230
-7 a -10
13%
SOUZA (2009)
Engenho (AN09)
-54 a -48 200 a 240
-7 a -11
12%
Este trabalho
Rabicha (AN03)
-51 a -54
-9 a -14
15%
OLIVEIRA et al (2007)
Cachoeira (AN13)
Observando os dados da TAB. 8 e FIG. 94 podemos inferir que os fluidos encontrados em
piroxênios e granadas de albititos (exceto o piroxênio precoce), nas três diferentes jazidas, são
equivalentes. Porém é notória também a ocorrência de uma diluição destes fluidos quando se
observa as jazidas no sentido N→S (AN13→AN09→AN03).
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
124
FIGURA 94 - Diagrama comparativo das IF da AN09 com AN03 no piroxênio e na granada do albitito.
Observando estes resultados surgem algumas questões: (a) Porque a salinidade dos
fluidos diminui no sentido norte/sul da PULR? E (b) Porque não encontramos o piroxênio
precoce (magmático) na AN03?
Aqui podemos, na tentativa de responder essas questões, pensar em dois fatos. Para a
primeira questão devemos supor o que poderia ter levado a diluição. A percolação de fluidos
meteóricos seria pouco provável, dada a profundidade de formação do mineral. Considerando
a faixa de pressão dos fluidos dos albititos, presume-se que o sistema era provavelmente
fechado, sem probabilidade de ingresso de fluido meteórico externo que possa diluir as
soluções. Isto nos leva a conclusão de que essa diluição ocorreu devido a alguma
transformação química restrita ao sistema. Uma provável reação que originaria a diluição do
fluido seria a alteração do anfibólio para piroxênio, onde a água proveniente da estrutura do
anfibólio seria acrescida as soluções. Nesse caso essa alteração (anfibólio→piroxênio)
ocorreria mais intensamente no sentido N→S da região. No entanto, nas amostras da AN03
estudadas não há evidencias dessa alteração, embora Cruz (2004) afirme que o piroxênio, nos
albititos de LR, é um produto da alteração dos anfibólios.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
125
E porque não encontramos o piroxênio magmático na AN03? Podemos inferir que o
piroxênio magmático não foi preservado na AN03 devido ao fato de que a intensidade do
metamorfismo nesta região foi maior do que na AN13, preservando assim muito pouco da
textura magmática pré-existente.
SOBRE O METASSOMATISMO SÓDICO
Ocorreu, de fato, um processo de metassomatismo sódico nos corpos albitíticos e
encaixantes?
Os estudos de Cruz (2004) sugerem que o volume de albita nos granitos e nos gnaisses
(somando-se porfiroclastos e grãos recristalizados) não varia. Isto indica que, uma hipotética
transformação de granitos para gnaisses, teria ocorrido sob condições de conservação de
massa. Entretanto, a mesma autora afirma que "o plagioclásio da encaixante não poderia ter
sido a fonte de sódio usado na formação da albita, tendo em vista que a sericitização não foi
um processo eficiente durante a deformação dos granitóides. Sendo assim, o Na deve ter
vindo de fontes externas". Ainda de acordo com Cruz (2004), a fonte de Na seriam os granitos
anorogênicos Potiraguá (meso-Neo Proterozóicos).
Uma comparação desenvolvida por Lobato e Fyfe (1990), a partir de análises químicas
de gnaisses regionais, gnaisses hospedeiros dos albititos (transicionais) e albititos, mostra que
há diferenças evidentes no balanço de massa entre esses três tipos de rocha, onde nos albititos
houve uma perda de SiO2, K2O, Rb e Ba, ao mesmo tempo em que se observa ganho de Na2O,
CaO, Fe2O3(t), Sr, Pb, V, U, Nb, Zr e Y (TAB. 9). O incremento médio de Na2O foi de 5,83g e
a perda de K2O de 5,00g (LOBATO et al, 1982). Lobato e Fyfe (1990) estimavam em 10% o
volume perdido entre a associação original (gnaisse) e a alterada (albitito).
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
126
TABELA 9 – Composição química das rochas representativas de LR utilizadas em Lobato e Fyfe (1990) para
realizar o balanço de massa.
Gnaisse
Gnaisses
Albitito
Regional
Transicionais
(mineralizado + não mineralizado)
SiO2
68 – 74%
64 – 71%
55 – 61%
K2O
4,9 – 5,9%
2,9 – 6%
0,2 – 1,3%
Na2O
3,3%
3,3 – 5,5%
9,8 – 10,5%
CaO
0,5 – 2%
1,4 – 7,6%
1 – 13,3%
Fe2O3t
2.9 – 3,9%
2,2 – 6,9%
3,7 – 11,1%
Sr
58 – 229 ppm
74 – 395 ppm
115 – 460 ppm
Pb
24 – 33 ppm
8 – 29 ppm
30 – 794 ppm
V
3 – 12 ppm
1 – 10 ppm
40 – 569 ppm
U
2,9 – 3,6 ppm
2,9 – 10,8 ppm
16 – 6200 ppm
Nb
16 – 35 ppm
8 – 72 ppm
26 – 222 ppm
Zn
75 – 87 ppm
14 – 162 ppm
15 – 161 ppm
Y
25 – 68 ppm
12 – 60 ppm
29 – 116 ppm
Rb
139 – 200 ppm
73 – 150 ppm
11 – 65 ppm
Ba
727 – 2253 ppm
71 – 2118 ppm
37 – 1053 ppm
Entretanto Chaves (informação verbal¹), ao considerar que não existe vinculação
genética entre gnaisses derivados dos granitos São Timóteo e albititos, sugere que um
processo isoquímico poderia ser considerado para explicar as mudanças mineralógicas
verificadas (ex. recristalização de plagioclásio em grãos poligonizados de albita). Embora
ainda não existam estudos detalhados para comproar esta idéia.
Nesta dissertação não foi possível estudar o fluido precoce que originou os cristais de
plagioclásio da fase pré-deformacional dos albititos. Portanto, não sabemos se o fluido
(aquoso de baixa salinidade) que precipitou os grãos poligonizados de albita (plagioclásio
tardio) foi o mesmo que originou o plagioclásio precoce.
Entretanto, a situação é bem diferente nas encaixantes gnáissicas. Aqui o plagioclásio
precoce ocorre como porfiroclastos alterados para micas (provavelmente sericita). Além
disso, esses cristais apresentam re-precipitação de albita ao longo de fraturas que cortam a
matriz, substituindo a textura original do mineral precoce.
Esse plagioclásio precoce do gnaisse apresenta inclusões primárias aquo-carbônicas
(CO2 puro) de média a alta salinidade (13% NaCl) e baixa densidade do CO 2 (0,3 g/cm³)
(AMORIM et al, 2009).
¹ informação fornecida por Alexandre de Oliveira Chaves, durante visita técnica ao LIFM, em agosto 2009.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
127
É importante ressaltar que o fluido aquo-carbônico não é facilmente encontrado nos
gnaisses encaixantes dos albititos. Isso pode ser explicado pelo fato de esse fluido ser anterior
ao evento de deformação e, que durante esse evento, as inclusões contendo o CO2 crepitaram
devido à diferença de pressão, restando poucas evidências deste fluido na rocha.
Sobre esse assunto Fuzikawa e Alves (1988) dizem que, aparentemente, o grau de
intensidade tectônica que agiu sobre as rochas foi o fator que causou a eliminação de grande
parte do fluido carbônico. Estes autores observaram também que quanto maior o grau de
deformação das rochas estudadas, menor a quantidade de IF encontradas tanto aquocarbônicas quanto aquo-salinas.
Neste trabalho, no plagioclásio tardio (albita) do microclina gnaisse foram encontrados
fluidos aquo-salinos com valores de salinidade variáveis (em uma faixa de 0,3 a 10 % NaCl).
Entretanto, o plagioclásio tardio (poligonizado) do albitito apresentou salinidade 0,2 a
7% NaCl. Estes dados são concordantes com os dados obtidos por Souza (2009), na AN09 ao
norte de Lagoa Real, que obteve uma faixa de 0,6% a 6% NaCl.
Um diagrama que relaciona as IF em plagioclásio pode ser visto na FIG. 95. Quando
correlacionamos os outros parâmetros físico-químicos (Te, Th e Tf) para os fluidos estudados
no plagioclásio tardio do albitito e do microclina gnaisse observamos que se concentram
prioritariamente em uma faixa definida de salinidade e T h, ainda que uma pequena população
(no gnaisse) indique valores mais altos de salinidade. Estas diferenças de salinidade podem
ser conseqüência da ocorrência de processos de diluição. A dispersão na T h dos plagioclásios
é explicada em Alves e Fuzikawa (1984) como conseqüência de processos de dilatação das IF
por superaquecimento das mesmas durante os repetidos processos de aquecimento durante a
microtermometria. Entretanto, a princípio, esses fluidos são equivalentes e, portanto de
mesma origem.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
128
FIGURA 95 – Diagrama comparativo das IF nos diferentes tipos de plagioclásio no microclina gnaisse e no
albitito.
Percebe-se que o fluido aquo-carbônico do plagioclásio precoce do gnaisse possui T h e
salinidade bem diferentes dos fluidos encontrados no plagioclásio tardio (poligonal) (FIG. 95)
indicando claramente tratar-se de soluções composicional e geneticamente diferentes quando
comparados com os fluidos tardios.
Com os dados disponíveis não foi possível fazer uma comparação sobre a origem, entre
os fluidos do plagioclásio precoce do albitito com o do gnaisse, uma vez que o plagioclásio
precoce do albitito não apresenta IF.
Interessante destacar que o esmagamento de frações de plagioclásio do albitito sugere a
presença de fluidos carbônicos em pequena quantidade. Seria esse fluido carbônico, presente
no albitito, provavelmente como fluidos presentes em IF muito pequenas, o mesmo
encontrado no plagioclásio precoce do microclina gnaisse?
O fato de IF não terem sido encontradas nesse mineral pode também ser decorrência do
metamorfismo intenso sofrido pelos albititos ao longo das zonas de cisalhamento, o que pode
ter levado a obliteração destes fluidos.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
129
ESTUDOS ANTERIORES DE IF POR LA-ICP-MS
Chaves et al (2009), analisaram por LA-ICP-MS, IF presentes no piroxênio precoce
(magmático) e na granada do albitito. Estes autores constataram nos fluidos do piroxênio
precoce a presença dos elementos Na, Rb, e Ba. Estes mesmos elementos aparecem nos
fluidos da granada, mesmo sendo incompatíveis com a estrutura desse mineral. Para eles a
granada teria se formado a partir do piroxênio precoce e esses elementos teriam se acumulado
no fluido juntamente com Mg, Sr, Pb, U235 e U238.
Souza (2009) estudou, pelo mesmo método, IF presentes no piroxênio metamórfico, no
plagioclásio tardio e na granada do albitito. Encontrou no piroxênio metamórfico teores
elevados de Ca, Fe e Mg. No plagioclásio tardio obtiveram teor expressivo para o Ca e traços
dos elementos Na, K, Ca, Mg, Fe, Cu, Zn, As, Sr, Sb, Ba e Pb. Porém relata que não se pode
garantir a representatividade destes dados uma vez que, as IF analisadas eram muito pequenas
(< 10 μm) e que, quando se estuda IF em mineral hospedeiro que não seja o quartzo, as
composições desses fluidos pode mudar como decorrência de trocas iônicas entre o fluido e o
hospedeiro (CRAWFORD, HOLLISTER, 1992). Souza (2009) ainda considera que o teor
elevado de Ca nas IF do plagioclásio tardio pode ser devido a interferências do hospedeiro
que possui composição padrão de An10.
Souza (2009) sobre as granadas constatou a presença dos mesmos elementos
encontrados por Chaves et al (2009) acrescentando-se Zn e Cu. Afirma que o cobre veio com
o fluido que precipitou a granada, mas não ficou na sua estrutura. Finalmente infere que, esse
mesmo Cu presente no fluido pode ter originado o mineral de urânio tobernita
(Cu[(UO2)(PO4)]2) citado por Ribeiro et al (1984) como presente em Lagoa Real, e explica a
presença do Zn pela afinidade deste elemento com o Cu.
RESULTADOS OBTIDOS VERSUS TRABALHOS ANTERIORES
A presença de fluidos em todas as fases minerais estudadas sugere que o Evento
Brasiliano não obliterou os fluidos pré-existentes, ao contrário do que é afirmado em Cuney e
Kyser (2009). Afirmamos isso considerando: (a) os fluidos primários aquo-carbônicos
encontrados no plagioclásio precoce do gnaisse, (b) os fluidos encontrados no piroxênio
precoce da AN13 (OLIVEIRA et al, 2007), e (c) o fato de a albitização dos albititos ter
ocorrido após a formação do piroxênio e da granada.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
130
Alves e Fuzikawa (1984), Fuzikawa (1980, 1982), Fuzikawa et al (1988) e Fuzikawa e
Alves (1988) desenvolveram estudos de IF em Lagoa Real que chamaram a atenção para a
tendência de um aumento na presença de anfibólios e no volume dos fluidos entre as
anomalias da região no sentido S→N. Esta tendência foi confirmada quando comparamos os
resultados obtidos neste trabalho (AN03) com outros dados realizados recentemente em outras
anomalias (AN09 e AN13) (ex. OLIVEIRA et al, 2007; SOUZA, 2009). Isto é condizente
com a afirmação feita neste trabalho de que a AN03 (Sul) possui menor quantidade de fluidos
devido à maior intensidade dos eventos metamórficos na região sul de LR.
Pode-se afirmar que existem, pelo menos, duas ou três gerações de fluido aquocarbônico nos albititos e encaixantes da região de LR. Uma primeira geração, anterior aos
eventos deformacionais, é encontrada raramente nos minerais (ex. plagioclásio precoce do
gnaisse). Esse fluido pode ter sido obliterado durante a deformação. Uma segunda geração se
encontra presente nos veios de quartzo que cortam as rochas da região. E outro fluido tardio
foi estudado por Fuzikawa (1982) nos carbonatos de alguns corpos de albititos de Lagoa Real.
Esse fluido é composto por um sistema de CO2 e traços de CH4.
Sendo assim podemos elaborar um quadro geral com os fluidos encontrados no setor da
AN03, estabelecendo uma comparação com estudos realizados por diversos autores em outros
setores de Lagoa Real, tentando-se mostrar a evolução das soluções, ao tempo que ocorria a
precipitação de uraninita. (FIG. 96 e 97)
O fluido mais antigo foi encontrado no piroxênio aegirina-augita, de composição aquosalina (sem fases carbônicas) contendo Ca, Fe e Mg, salinidades de 9-13 wt% NaCl e
temperatura de homogeneização entre 220 e 290 ºC. Concomitantemente ocorreu uma
remobilização e precipitação de uraninita. Essa remobilização e precipitação de urânio
também foi registrada nas granadas, originadas a partir de fluidos aquo-salinos com Na, Mg,
Sr, Ba e Pb, sob condições de temperatura e salinidade próximas as do piroxênio.
Nas amostras estudadas não foi encontrado o piroxênio diopsídico precoce
(magmático), com fluidos aquo-salinos (H2O + Na, Rb, Ba (16%wt NaCl), estudado por
Chaves et al (2007) na Jazida da Cachoeira (Anomalia 13, norte de Lagoa Real).
Isto provavelmente é conseqüência de que a intensidade do metamorfismo no setor da
Rabicha foi maior do que na Cachoeira, preservando assim muito pouco da textura magmática
pré-existente.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
131
Salienta-se que é notória a ocorrência de uma diluição dos fluidos, presentes nos
minerais piroxênio e granada, quando se observa as jazidas no sentido N→S
(AN13→AN09→AN03). Também foi verificado que o volume de anfibólios aumenta no
centro e norte de Lagoa Real.
A precipitação do plagioclásio tardio ocorreu posteriormente a partir de um fluido bem
menos salino, provavelmente com pouco ou nenhum CO 2 associado. As soluções eram
compostas por H2O + Na + Mg + K + Ca + Mn + Fe + Cu + Zn + As + Sr + Sb + Ba + Pb
(SOUZA, 2009). Uma remobilização e precipitação de urânio também estaria associada a esta
fase.
Nas amostras estudadas não foram encontrados carbonatos. Portanto não foi possível
cruzar dados com os dados preliminares obtidos por Fuzikawa (1982) em fluidos primários de
carbonatos, que evidenciaram a presença de fluidos aquo-carbonicos (H2O + CO2 +CH4), que
sugerem condições redutoras para essa fase evolutiva.
O estudo de inclusões fluidas nas encaixantes gnáissicas dos albititos foi focado nos
plagioclásios, com o intuito de comparar as soluções associadas ao metassomatismo sódico
que teria afetado corpos mineralizados e rochas hospedeiras. Nos gnaisses foi registrada a
presença de fluidos aquo-carbônicos precoces de salinidade intermediária (13%wt NaCl),
associados aos plagioclásios precoces.
Entretanto, as soluções que precipitaram os plagioclásios tardios eram de composição
aquo-salina de baixa salinidade, equivalentes aquelas encontradas nos plagioclásios dos
albititos. Fluidos tardios aquo-carbônicos foram encontrados em alguns cristais de quartzo da
matriz gnáissica. A presença de CO2 foi verificada sistematicamente no quartzo de veios
formados tardiamente, que cortam gnaisses e albititos, revelando condições oxidantes para os
últimos estágios de precipitação mineral no setor da Rabicha.
Os veios tardios de quartzo estudados por Fuzikawa e Alves (1988) registram, na fase
carbônica, a presença exclusiva de CO2, mostrando condições oxidantes.
Sobre a presença de fluidos em todas as fases minerais estudadas os dados apresentados
demonstram que o Evento Brasiliano não obliterou os fluidos pré-existentes.
Do ponto de vista comparativo com trabalhos anteriores podemos afirmar que:
a)
Não foram observadas na AN03 as gerações precoces (magmáticas) estudadas por
Chaves et al (2007) na Jazida da Cachoeira. Podemos inferir que o evento de deformação que
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
132
ocorreu nesta área foi suficiente para alterar as feições ígneas primárias da rocha. Por outro
lado, podemos supor que o piroxênio presente no microclina gnaisse seja o mesmo piroxênio
precoce (magmático) descrito por Chaves et al (2007), uma vez que estes apresentam
composições semelhantes. Este fato poderá ser confirmado posteriormente quando for
possível estudar os fluidos presentes no piroxênio do microclina gnaisse.
b)
Entretanto, também de acordo com Chaves et al (2007) seria de esperar que os fluidos
presentes no plagioclásio precoce (magmático) do albitito fossem diferentes dos fluidos
encontrados para o plagioclásio precoce da encaixante gnáissica. Este fato não pode ser
comprovado uma vez que não foram encontradas IF no plagioclásio precoce do albitito da
AN03.
c)
O Brasiliano deve ter sido predominantemente térmico, uma vez que fluidos anteriores
ao evento foram preservados.
d)
A precipitação do plagioclásio tardio ocorreu após a formação de piroxênios e granadas
nos albititos, sob condições bem diferentes de temperatura e salinidade, e provavelmente em
épocas diferentes. Essa precipitação afetou também as encaixantes e tem todas as
características de metassomatismo sódico. Evidentemente esse metassomatismo não está
associado ao Granito São Timóteo. É provável que o fluido liberado pela reação de alteração
do anfibólio para piroxênio tenha diluído as soluções presentes nas rochas precipitado o
plagioclásio tardio.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
133
FIGURA 96 – Quadro geral dos fluidos em Lagoa Real considerando os albititos e suas encaixantes gnáissicas
nas diferentes fases deformação.
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO
FIGURA 97 – Gráfico esquemático quadro geral dos fluidos sugerido para LR.
134
135
CAPÍTULO 7.
7.1.
CONCLUSÕES
ALBITITOS E GNAISSES
Não foram observadas na AN03 as gerações minerais precoces (titanita e piroxênio)
encontrados por Chaves et al (2007) nos albititos da Jazida da Cachoeira (AN13). Isto
provavelmente é consequência de que a intensidade do metamorfismo nesta região foi
maior do que na AN13, preservando assim muito pouco da textura magmática préexistente.
Os fluidos associados a piroxênio e granada, possuem características semelhantes, com
pequenas variações e são equivalentes nas três diferentes jazidas (Rabicha, Cachoeira e
Engenho).
É notória a ocorrência de uma diluição dos fluidos, presentes nos minerais piroxênio e
granada, quando se observa as jazidas no sentido N→S (AN13→AN09→AN03). Também
foi verificado que o volume de anfibólios aumenta no centro e norte de Lagoa Real.
Sugere-se que teria ocorrido uma alteração do anfibólio para piroxênio, onde a água
proveniente da estrutura do anfibólio seria acrescida as soluções. Essa alteração ocorreria
mais intensamente no sentido N→S da região.
Os fluidos associados ao metassomatismo sódico, que gerou o plagioclásio tardio
(albitítico) nos albititos, possuem salinidades muito inferiores às observadas no piroxênio e
na granada portanto, o plagioclásio poderia ter sido originado a partir de um processo de
diluição.
A formação de piroxênio e plagioclásio ocorreu sob condições de pressão equivalente a 3,5
kbar e profundidade de aproximadamente 8,5 km.
É provável que o fluido liberado pela reação de alteração do anfibólio→piroxênio tenha
diluído as soluções presentes nas rochas e precipitado o plagioclásio tardio.
A precipitação do plagioclásio tardio ocorreu após a formação de piroxênios e granadas
nos albititos e afetou também as encaixantes, tendo todas as características de
metassomatismo sódico.
O esmagamento de frações de plagioclásio do albitito sugere a presença de fluidos
carbônicos em pequena quantidade.
Os fluidos encontrados no plagioclásio tardio do microclina gnaisse e do albitito são
equivalentes e, provavelmente de mesma origem.
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
136
Existem, pelo menos, três gerações de fluido aquo-carbônicos presente na região de Lagoa
Real.
7.2.
CONCLUSÕES GENÉTICAS
Com exceção do plagioclásio precoce do gnaisse encaixante dos albititos, o fluido aquocarbônico não é facilmente encontrado nos minerais precoces. Isso pode ser explicado pelo
fato de esse fluido ser anterior ao evento de deformação Brasiliano. Durante esse evento as
inclusões contendo o CO2 poderiam ter crepitado devido à diferença de pressão, restando
poucas evidências deste fluido nas rochas.
A AN03 possui menor quantidade de fluidos do que as AN09 e AN13 devido a maior
intensidade dos eventos metamórficos na região sul de LR.
A presença de fluidos em todas as fases minerais estudadas demonstram que o Evento
Brasiliano não obliterou os fluidos pré-existentes.
O Brasiliano deve ter sido predominantemente térmico.
137
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ANEXOS
143
ANEXOS
ANEXOS
144
ANEXO A – DESCRIÇÃO DO FURO DE SONDAGEM 113 (F113) DA AN03
ANEXOS
145
0 – 20m: esta região do furo foi destruída, mas supõe-se que as rochas que afloram são
constituídas basicamente de albitito e gnaisse intemperizados.
20,0 – 42,70 m: albitito ordinário (ALBT) pouco a medianamente oxidado e fraturado,
medianamente foliado (30º-60º), gnáissico, e por vezes ocelar-cataclástico. A radioatividade
média é de 70 cps. Rocha com biotita, anfibólio, piroxênio, magnetita, granada, titanita e,
localmente, epidoto e carbonato. Está cortada em 30,60 m por um veio de quartzo discordante
(25º) de 4 cm de espessura. Apresenta variações de composição sendo, por vezes, que
classificada de:
Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) – 20,60-20,90 m; 21,20-22,20 m;
37,00-38,30 m;
Magnetita albitito (MAAB) – 20,90-21,20 m;
Granada-piroxênio-albitito (GPAB), sendo a granada formada a partir do piroxênio –
22,20-27,20 m;
Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) brechóide – 27,20-32,80 m;
Brecha (BRCH) formada por fragmentos de piroxênio, anfibólio, albitito ordinário e
carbonato – 32,80-34,30 m
Anfibolito (ANFB) de aspecto brechóide com biotização e carbonato – 34,80-35,40
m; 36,60-37,00m.
42,70 – 51,00 m: Piroxênio albitito (POAB) um pouco oxidado e fraturado, pouco
foliado, incipientemente gnáissico, granoblástica e localmente brechóide. Os minerais
presentes são granada, anfibólio, magnetita e titanita. Foliação média 30º-40º e radioatividade
média 70 cps.
Albitito ordinário (ALBT) – 49,00-49,40 m
51,00 – 57,80 m: Magnetita albitito (MAAB) pouco oxidado e fraturado, pouco a
medianamente foliada, levemente gnáissica e granoblástica. Com biotita, anfibólio, granada e
titanita. Foliação média 20º-30º e radioatividade média 75 cps.
57,80 – 63,00 m: Albita-microclina-quartzo-metassomatito e microclina-albita-quartzo-
metassomatito (AMQM / MAQM) rocha pouco a medianamente oxidada e fraturada,
medianamente foliada, com conturbação na foliação, gnáissica e granoblástica. Localmente
observam-se palhetas mais desenvolvidas de biotita e cristais maiores de piroxênio. Com
ANEXOS
146
anfibólio, biotita, granada, magnetita e titanita. Foliação média 20-º-40º e radioatividade
média 70 cps.
63,00 – 84,90 m: Magnetita albitito (MAAB) pouco oxidado e fraturado, medianamente
foliado, gnáissico e granolepidoblástica. Foliação média 40º e radioatividade média 75 cps.
Possui biotita como máfico predominante, anfibólio, pirita, titanita e localmente granada.
Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) – 65,20-68,30 m
Biotita Albitito (BIAB) – 82,90-83,50 m; 84,40-84,90 m
84,90 – 96,70 m: Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) com biotita como
máfico principal, oligoclásio, anfibólio, magnetita, titanita e raramente pirita. Pouco oxidado e
fraturado, muito foliado, gnáissico, com conturbação na foliação e ocelar-cataclástico.
Foliação média 70 cps.
96,70 – 101,20 m: Piroxênio albitito (POAB) com granada, anfibólio, magnetita, titanita
e carbonato ocorrendo ao longo de fraturas. Rocha com aspecto sacaroidal, pouco oxidada,
medianamente fraturada, pouco foliada e granolepidoblástica. Foliação média 60º e
radioatividade média 75 cps.
101,20 – 116,40 m: Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) pouco oxidado,
medianamente fraturado e foliado (50º-60º), gnáissico e por vezes ocelar-cataclástico, a
radioatividade média é de 70 cps. Com anfibólio, biotita, granada, magnetita, titanita e
epidoto a partir de 113,60 m.
Albitito ordinário (ALBT) – 107,00-109,50 m
Brecha (BRCH) composta por fragmentos de quartzo e de anfibólio – 111,20-111,25
m
Albitito ordinário (ALBT) com veio de quartzo concordante (50º) com 4 cm de
espessura a 112,25 m – 111,25-112,75 m
Brecha (BRCH) – 112,75-113,10 m
116,40 – 126,00 m: Albitito ordinário (ALBT) com frequentes intercalações
centimétricas de AMQM. Rocha pouco oxidada e fraturada, muito foliada, gnáissica com
perturbação na foliação. Foliação média 30º-50º e radioatividade média 70 cps. Os minerais
presentes são oligoclásio, biotita, anfibólio, magnetita, granada e titanita.
ANEXOS
147
126,00 – 137,00 m: Granada albitito (GRAB) medianamente oxidada, fraturada e
foliada, incipientemente gnáissica e por vezes cataclástica. Com anfibólio, biotita, piroxênio,
epidoto, magnetita, pirita e carbonato. Foliação média 30º-50º e radioatividade 900/300 cps
no nível 134,75-136,75 m. A mineralização uranífera não é visível, mas a radioatividade
manifesta-se, principalmente, nos níveis com maior concentração de piroxênio.
Albitito ordinário (ALBT) – 126,40-127,80 m; 128,50-131,60 m
Granada-piroxênio-albitito (GPAB) – 133,75-137,00 m
137,00 – 188,70 m: Albitito ordinário (ALBT) com anfibólio, biotita, magnetita sob a
forma de cristais subédricos de até 1 cm, titanita, piroxênio, epidoto localmente, granada a
partir de 163,00 m, pirita rara e, eventualmente, microclina e carbonato que ocorre
principalmente ao longo de fraturas. Rocha pouco a medianamente oxidada e fraturada,
foliada / gnáissica com conturbações na foliação. Foliação média 30º-50º e radiação média de
65 cps.
microclina-albita-quartzo-metassomatito ??? (MAQM) – 137,00-141,30 m
Piroxênio albitito (POAB) – 159,90-160,20 m
Albita-microclina-quartzo-metassomatito ??? (AMQM) Muito oxidada – 160,30163,20 m
Piroxênio albitito (POAB / PGAB) com aspécto brechóide – 163,30-166,00 m
(PAAB) – 166,00-168,30 m
188,70 – 212,00 m: Albita-microclina-quartzo-metassomatito (AMQM) com biotita
como máfico principal, anfibólio, magnetita ocorrendo principalmente a partir de 309,00 m,
titanita, carbonato e localmente granada. Rocha pouco oxidada, muito foliada, gnáissica e
ocelar-cataclástica. Foliação média 30º-50º e radioatividade média 70 cps.
Veio de quartzo (QRTZ) discordante com a foliação (60º) com3 cm de espessura –
189,70 m
Brecha (BRCH) com quartzo – 195,75-196,00 m
Albitito ordinário (ALBT) – 198,00-198,30 m
212,00 – 235,75 m: Piroxênio-granada-albitito (PGAB) / granada-piroxênio-abitito
(GPAB) com anfibólio, magnetita, titanita associada aos máficos e localmente pirita. Ocorre
processo de transformação parcial do piroxênio em epidoto e granada. Observa-se por vezes
cavidades de dissolução. Rocha pouco oxidada, medianamente fraturada e foliada, levemente
gnáissica e ocelar cataclástica. Em 240,00 m observa-se uma microfalha, de pequeno rejeito,
ANEXOS
148
com mudança no valor angular do mergulho da foliação (de cerca de 70º para
aproximadamente 30º). Ocorre mineralização primária de uraninita associada principalmente
ao piroxênio e a granada. Foliação média de 45º. Os níveis radioativos são: 300/100 cps –
217,50-229,00 m; 6000/700 cps – 229,00-230,00 m; 340/150 cps – 230,00-232,25 m; 160/100
cps – 235,50-235,75 m.
Albitito ordinário (ALBT) – 212,00-212,50 m; 234,50-235,25 m
Brecha (BRCH) composta por quartzo, piroxênio e anfibólio – 212,50-212,70 m
Albitito ordinário (ALBT) com níveis centimétricos de POAB – 212,70-215,25 m
Piroxênio anfibólio albitito (PAAB) onde ocorre processo de transformação parcial
do piroxênio em epidoto e granada – 215,25-217,00 m; 229,50-230,00 m
Piroxênio albitito (POAB) – 230,00-230,50 m; 233,75-234,00 m
(PAAB) – 230,50-231,75 m
235,75 – 248,90 m: Biotita albitito (BIAB) com freqüentes intercalações centimétricas
de ALBT. Apresenta anfibólio, magnetita, titanita, granada e pirita ocorrendo em fraturas
associada à biotita. Localmente oxidada, medianamente fraturada, muito foliada, gnáissica
com flexuras na foliação e ocelar-cataclástica. Foliação média: 45º em 235,75-239,30 m; 10º20º em 239,30-241,00 m e 40º em 241,00-248,90 m. Radioatividade media 65 cps.
248,90 – 276,60 m: Albita-microclina-quartzo-metassomatito e microclina-albita-
quartzo-metassomatito (MAQM / AMQM) com oligoclásio, biotita como máfico principal,
anfibólio, magnetita, titanita, pirita e localmente carbonato. Pouco oxidada e fraturada, muito
fraturada e gnáissica com flexuras na foliação, oceloar cataclástica. Foliação média 30º a 50º e
radioatividade média de 70 cps.
Biotita albitito (BIAB) – 250,75-251,90 m; 257,60-257,90 m; 262,80-263,20 m;
274,80-275,00 m; 275,60-276,20 m
Albitito ordinário (ALBT) com biotita como máfico predominante, anfibólio, titanita,
pirita, raramente granada e, localmente, microclina. Não oxidada, pouco fraturada, muito
foliada, gnáissica com flexuras na foliação e ocelar cataclástica. Foliação média 40º/50º e
radioatividade média 70 cps.
ANEXOS
149
ANEXO B – DADOS QUANTITATIVOS DE MICROSSONDA ELETRÔNICA
ANEXOS
150
Tabela 1 – Dados de microssonda eletrônica para os piroxênios.
Amostra
Na2O
FeO
200907-13 Contato - Piroxenio-1
3,10
13,88
200907-13 Contato - Piroxenio-2
2,95
14,71
200907-13 Contato - Piroxenio-3
3,05
14,43
200907-13 Gnaisse - Piroxenio-1
2,49
14,69
200907-13 Gnaisse - Piroxenio-2
2,49
13,65
200907-21 Piroxenio-1
4,06
17,80
200907-21 Piroxenio-2
4,39
18,01
TiO2
0,07
0,06
0,08
0,04
0,06
0,08
0,06
Tabela 2 – Dados de microssonda eletrônica para os anfibólios.
Amostra
Na2O
FeO
200907-13 Anfibolio-1
2,08
18,08
200907-13 Anfibolio-2
2,29
18,95
200907-13 Anfibolio-3
2,29
18,51
200907-13 Anfibolio-4
2,47
19,12
200907-13 Anfibolio-5
2,16
17,80
200907-13 Anfibolio-6
2,03
18,78
TiO2
0,28
0,30
0,31
0,34
0,28
0,29
Tabela 3 – Dados de microssonda eletrônica para as granadas.
Amostra
Na2O
FeO
TiO2
200907-21 Granada-1
0,16
27,11
0,42
200907-21 Granada-2
0,08
26,60
0,52
200907-21 Granada-3
0,04
25,51
0,57
MgO
9,04
9,14
9,29
9,12
9,86
7,42
7,41
MgO
11,18
11,46
11,46
11,49
11,46
11,61
MgO
0,00
0,00
0,00
CaO
18,52
19,28
18,71
20,05
19,60
16,58
16,58
CaO
10,57
10,29
10,53
10,48
10,69
10,69
CaO
31,00
31,21
31,74
Al2O3
1,98
1,54
1,56
1,33
1,33
1,68
1,71
Al2O3
8,06
8,03
8,30
8,47
8,33
8,20
Al2O3
1,46
2,26
3,43
K2O
0,09
0,04
0,00
0,00
0,01
0,02
0,02
K2O
1,61
1,64
1,58
1,62
1,62
1,63
K2O
0,02
0,02
0,00
SiO2
43,00
43,50
42,96
43,77
45,02
43,94
SiO2
36,38
36,50
36,25
SiO2
50,80
53,24
52,72
52,58
52,82
49,34
53,30
P2O5
0,01
0,02
0,00
0,00
0,02
0,02
P2O5
0,04
0,00
0,03
Total
97,48
100,96
99,84
100,31
99,83
96,98
101,48
Total
94,87
96,49
95,94
97,77
97,38
97,19
Total
96,58
97,19
97,57
ANEXOS
Tabela 4 – Dados de microssonda eletrônica para os feldspatos.
Amostra
Na2O
FeO
200907-13 Contato - Albita-1
11,52
0,04
200907-13 Contato - Albita-2
11,25
0,11
200907-13 Gnaisse - Albita-1
10,91
0,09
200907-13 Gnaisse - Albita-2
11,14
0,18
200907-21 Microclina-1
0,76
0,07
200907-21 Microclina-2
0,75
0,06
200907-18 Feldspato-1
10,27
0,07
200907-18 Feldspato-2
11,12
0,00
200907-18 Feldspato-3
0,82
0,08
200907-18 Feldspato-4
0,72
0,02
200907-18 Feldspato-5
10,14
0,13
151
TiO2
0,02
0,00
0,00
0,00
0,13
0,01
0,00
0,00
0,03
0,03
0,00
MgO
0,00
0,00
0,00
0,00
0,01
0,00
0,00
0,00
0,00
0,01
0,00
CaO
1,08
1,31
1,42
1,15
0,02
0,00
2,86
1,41
0,04
0,10
2,54
Al2O3
20,13
20,25
20,68
20,16
18,54
18,81
21,31
20,24
18,07
18,53
20,48
K2O
0,19
0,16
0,25
0,25
15,21
16,47
0,21
0,28
16,16
16,33
0,18
SiO2
67,85
68,16
66,61
67,32
63,82
66,43
64,13
66,69
63,06
66,39
64,22
P2O5
0,00
0,00
0,00
0,00
0,02
0,05
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Total
100,83
101,23
99,96
100,19
98,58
102,57
98,84
99,74
98,26
102,12
97,67
ANEXOS
Tabela 5 – Dados de microssonda eletrônica para as titanitas.
Amostra
SiO2
TiO2
200907-23 Titanita-1
29,83
30,11
200907-23 Titanita-2
29,60
35,72
200907-23 Titanita-3
29,60
30,78
200907-13 Anfibolito - Titanita-1
28,71
34,37
200907-13 Anfibolito - Titanita-2
30,01
33,39
200907-13 Anfibolito - Titanita-3
30,78
34,09
200907-13 Anfibolito - Titanita-4
30,81
36,00
200907-13 Anfibolito - Titanita-5
30,26
35,63
200907-13 Contato - Titanita-1
29,51
35,09
200907-13 Gnaisse - Titanita-1
30,93
33,94
200907-13 Gnaisse - Titanita-2
31,13
33,57
200907-13 Gnaisse - Titanita-3
29,85
33,48
200907-13 Gnaisse - Titanita-4
29,97
37,97
200907-13 Gnaisse - Titanita-5
29,10
33,78
200907-13 Gnaisse - Titanita-6
29,56
31,88
200907-13 Gnaisse - Titanita-7
29,05
32,06
200907-13 Gnaisse - Titanita-8
28,68
33,29
200907-13 Gnaisse - Titanita-9
29,50
36,29
200907-13 Gnaisse - Titanita-10
30,38
37,95
200907-13 Gnaisse - Titanita-11
29,44
32,37
200907-13 Gnaisse - Titanita-12
29,42
31,88
200907-18 Titanita-1
30,20
32,69
200907-18 Titanita-2
29,49
32,29
na = não analisado
152
CaO
26,69
27,56
27,26
27,01
27,55
27,76
27,96
27,52
27,92
27,13
26,96
27,35
28,26
27,52
27,39
26,91
26,96
27,45
28,08
26,91
27,50
27,38
26,78
FeO
3,30
1,59
3,35
2,16
2,87
2,40
2,06
1,98
2,19
2,69
2,78
2,57
1,39
2,90
2,95
2,96
2,38
1,93
1,19
3,19
3,05
1,56
1,98
Al2O3
2,96
1,54
3,32
1,93
2,60
2,41
1,84
1,90
1,99
2,11
2,18
2,29
0,99
2,19
2,62
2,52
2,22
0,89
1,05
2,29
2,72
4,22
4,20
Nb2O5
2,05
0,58
0,80
na
na
na
na
na
0,27
0,00
0,00
0,57
0,19
0,49
0,46
0,49
0,63
0,63
0,20
0,74
0,42
0,66
0,92
F
1,57
0,78
1,90
na
na
na
na
na
1,15
na
na
na
na
na
na
1,72
1,29
0,94
0,90
1,33
1,38
1,38
1,28
†
H20
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
PbO
0,00
0,02
0,00
na
na
na
na
na
0,00
0,00
0,01
0,02
0,01
0,04
0,00
0,04
0,00
0,03
0,03
0,00
0,01
0,05
0,00
UO2
0,00
0,00
0,07
na
na
na
na
na
0,00
0,06
0,00
0,00
0,00
0,04
0,01
0,00
0,00
0,01
0,00
0,01
0,00
0,02
0,02
Total
97,51
98,38
98,08
95,18
97,42
98,43
99,67
98,29
99,12
97,87
97,62
97,15
99,78
97,04
95,87
96,75
96,45
98,68
100,78
97,28
97,38
99,17
97,95
ANEXOS
ANEXO C – TABELAS COM OS DADOS RELATIVOS ÀS ANÁLISES DE
LA-ICP-MS
153
ANEXOS
154
Tabela 6 – Dados referentes aos elementos traço, obtidos por LA-ICP-MS para as titanitas do anfibolito e gnaisse (amostra 200907-13). Valores normalizados a partir do teor
de Si obtido nas análises de ME para este mineral. (µg/g = ppm)
V
Mn
Nb
Sr
Y
La
Ce
Nd
Sm
Eu
Yb
Lu
Hf
Pb206
Pb207
Pb208
Th232
U235
U238
TIT 1- Anfibolito
µg/g
577,46
µg/g
445,89
µg/g
1652,45
µg/g
62,64
µg/g
550,61
µg/g
310,13
µg/g
1318,18
µg/g
888,22
µg/g
198,25
µg/g
67,07
µg/g
38,94
µg/g
4,96
µg/g
7,73
µg/g
19,54
µg/g
5,40
µg/g
10,08
µg/g
86,14
µg/g
103,02
µg/g
47,63
TIT 2 - Anfibolito
495,66
315,92
1168,97
34,45
428,87
21,92
154,52
250,03
102,52
46,81
30,12
4,20
3,52
21,80
6,27
4,73
5,57
79,96
32,64
TIT 3- Anfibolito
481,89
329,88
1186,56
193,29
411,76
340,66
1164,62
708,49
146,46
47,96
31,66
3,80
78,59
31,43
6,96
9,80
77,51
195,03
47,84
TIT 4 - Anfibolito
459,44
332,29
1040,92
112,25
403,06
131,35
504,97
385,58
104,54
41,04
29,44
3,58
24,81
24,43
6,85
9,28
30,46
150,68
31,24
TIT 5- Anfibolito
481,06
336,61
1285,87
117,89
455,24
230,84
845,14
585,67
130,40
51,16
31,26
4,23
54,04
23,32
5,62
7,06
59,85
120,97
44,77
TIT 6 - Anfibolito
418,01
255,91
914,61
60,10
352,21
113,58
490,10
387,77
105,55
39,77
22,16
3,12
12,47
25,27
4,51
7,22
32,12
0,00
28,40
TIT 7 - Anfibolito
494,91
340,17
1314,79
58,78
510,68
232,02
950,95
736,59
165,58
60,23
36,24
5,27
18,98
29,08
6,01
8,83
66,05
137,35
46,98
TIT 8 - Anfibolito
506,19
372,58
1379,94
62,77
468,70
276,42
1103,13
766,75
151,30
56,82
28,44
4,39
5,29
30,40
9,11
12,67
80,71
82,41
42,13
TIT 1 - M. Gnaisse
588,41
394,12
3243,07
53,88
2933,69
165,01
957,91
1518,77
704,84
186,74
250,93
30,39
9,23
34,02
7,61
8,02
51,99
330,71
81,16
TIT 2 - M. Gnaisse
205,28
182,67
1269,86
70,66
1091,81
78,32
438,38
665,65
288,71
71,46
97,44
13,26
452,20
65,14
9,56
7,30
25,17
138,64
54,26
TIT 3 - M. Gnaisse
567,71
442,64
2440,64
54,00
2125,36
240,27
1167,22 1373,38
534,35
148,80
180,22
23,16
17,46
38,24
7,90
10,10
66,56
208,70
82,85
TIT 4 - M. Gnaisse
240,55
165,71
1205,27
51,58
1043,31
67,27
387,26
608,79
265,57
68,35
95,74
12,52
4,71
19,75
5,30
6,03
19,65
126,39
32,92
TIT 5 - M. Gnaisse
453,14
371,18
2058,17
42,41
1328,25
264,20
1174,62 1303,44
443,20
98,61
107,98
13,43
10,75
25,23
7,30
11,29
78,64
77,43
54,36
TIT 6 - M. Gnaisse
176,75
134,01
546,69
59,96
227,10
75,30
342,76
79,84
26,95
26,18
3,00
1,68
17,89
4,79
4,84
18,85
60,80
19,05
AMOSTRA
322,43
ANEXOS
155
Tabela 7 – Dados referentes aos elementos traço, obtidos por LA-ICP-MS para os anfibólios e albitas do albitito não mineralizado (amostra 200907-20). Valores
normalizados a partir do teor de Si obtido nas análises de ME para este mineral. (µg/g = ppm)
Ni
Sr
Y
La
Ce
Nd
Sm
Eu
Yb
Lu
Hf
Pb
Th232
U238
AMOSTRAS
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
Anfibólio 1
0,00
13,13
32,80
3,31
16,51
22,40
6,22
2,67
3,51
0,70
1,19
2,25
0,00
0,00
Anfibólio 2
0,00
13,82
33,92
2,83
14,76
21,38
6,18
2,67
4,19
0,84
1,54
2,52
0,00
0,00
Anfibólio 3
0,86
12,18
28,09
2,68
14,35
17,09
5,68
2,09
3,17
0,54
0,87
2,33
0,00
0,00
Anfibólio 4
0,00
13,07
34,68
3,41
16,84
22,52
7,47
2,85
3,61
0,85
1,16
2,59
0,00
0,00
Anfibólio 5
0,00
13,26
31,10
2,35
13,72
18,41
5,10
2,38
3,94
0,63
0,89
2,44
0,00
0,00
Anfibólio 6
0,00
13,15
27,78
2,47
13,73
16,44
6,60
2,09
3,99
0,69
0,58
2,52
0,00
0,00
Anfibólio 7
0,00
13,27
33,73
3,17
15,74
19,19
6,90
2,84
4,87
0,81
1,15
2,18
0,00
0,00
Anfibólio 8
0,00
13,08
30,95
3,04
15,05
19,85
7,34
2,71
3,66
0,75
1,21
2,44
0,00
0,00
Anfibólio 9
0,00
13,87
37,72
2,80
14,85
19,42
7,27
2,95
4,36
0,72
1,22
2,41
0,00
0,00
Anfibólio 10
0,00
13,32
37,33
3,32
15,65
19,07
7,85
2,26
4,88
0,76
1,10
2,31
0,00
0,00
Anfibólio 11
0,00
12,48
21,09
2,44
10,39
13,25
4,39
1,94
2,30
0,44
1,01
3,61
0,00
0,09
Anfibólio 12
0,00
13,28
32,13
2,65
13,70
17,39
5,59
2,12
3,74
0,75
1,27
2,49
0,00
0,00
Albita 1
0,00
231,89
0,00
0,32
0,22
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
11,11
0,00
0,00
Albita 2
0,00
230,11
0,00
0,23
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
10,74
0,00
0,00
Albita 3
0,00
215,12
0,00
0,16
0,17
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
9,50
0,00
0,00
Albita 4
0,00
321,76
32,42
1981,36 3884,69 1172,55
108,85
30,51
2,07
0,27
0,00
37,41
345,95
14,38
ANEXOS
156
Tabela 8 – Dados referentes aos elementos traço, obtidos por LA-ICP-MS para os anfibólios, piroxênios e albitas do albitito mineralizado (amostra 200907-23). Valores
normalizados a partir do teor de Si obtido nas análises de ME para este mineral. (µg/g = ppm)
Ni
Sr
Y
La
Ce
Nd
Sm
Eu
Yb
Lu
Hf
Pb
Th232
U238
AMOSTRAS
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
µg/g
Anfibólio 1
0,00
18,14
12,16
1,09
7,31
8,19
2,62
0,82
1,00
0,14
1,12
5,54
0,00
64,40
Anfibólio 2
0,00
18,54
13,39
1,53
8,05
10,22
2,04
0,77
0,96
0,22
2,08
5,54
0,00
0,17
Anfibólio 3
0,00
18,60
19,22
2,29
10,74
12,10
3,46
1,47
1,56
0,21
1,99
5,97
0,00
3,85
Anfibólio 4
0,00
21,54
14,67
1,62
7,87
9,35
2,35
1,19
1,34
0,34
1,24
5,12
0,00
19,98
Anfibólio 5
0,00
18,29
20,38
2,90
14,15
16,74
3,42
1,34
1,70
0,42
2,33
5,43
0,00
2,08
Anfibólio 6
0,00
17,61
17,81
1,83
10,68
15,48
3,40
1,40
1,65
0,43
1,74
4,91
0,00
0,00
Anfibólio 7
0,00
17,66
19,06
1,40
7,46
10,72
3,50
1,70
1,49
0,42
1,30
4,52
0,00
0,00
Anfibólio 8
0,00
18,89
25,59
2,32
12,12
16,58
3,88
1,78
1,85
0,39
1,93
4,54
0,00
26,13
Piroxênio 1
1,58
10,70
4,26
0,00
0,40
1,05
1,15
0,00
0,61
0,46
2,28
2,57
0,00
0,00
Piroxênio 2
0,00
9,98
4,43
0,00
0,70
1,47
0,81
0,00
1,27
0,34
1,87
2,33
0,00
0,88
Piroxênio 3
0,00
12,58
6,59
0,14
0,87
2,15
1,16
0,43
1,64
0,48
1,68
2,92
0,00
0,10
Albita 1
0,00
279,98
0,00
0,30
0,30
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,56
0,00
0,00
Albita 2
0,00
299,33
0,00
0,26
0,19
0,00
0,00
0,23
0,00
0,00
0,00
24,49
0,00
9,43
Albita 3
0,00
268,36
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
21,50
0,00
49,01
Albita 4
0,00
292,00
0,00
0,31
0,31
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
25,44
0,00
0,00
Albita 5
0,00
288,75
0,00
0,26
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
27,05
0,00
0,00
Albita 6
0,00
311,82
0,00
0,25
0,26
0,00
0,27
0,00
0,00
0,00
0,00
26,51
0,00
0,68
Albita 7
0,00
310,45
0,00
0,12
0,26
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
25,58
0,00
0,00
Albita 8
1,68
308,63
0,00
0,19
0,27
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
24,72
0,00
19,45
Albita 9
0,00
322,51
0,00
0,27
0,30
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
27,77
0,00
0,00
Albita 10
0,00
243,57
0,00
0,15
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
17,18
0,00
1,26
Albita 11
0,00
266,62
75,50
0,31
8,49
12,46
7,91
4,42
6,19
0,84
0,00
21,10
16,19
2171,90
Albita 12
0,00
87,80
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
7,60
0,00
0,86
Albita 13
0,00
251,91
0,00
0,17
0,22
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,77
0,00
0,00
Albita 14
0,00
240,17
0,00
0,26
0,25
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
20,55
0,00
0,33
Albita 15
0,00
269,15
0,33
0,30
0,42
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
20,59
0,00
10,72
Albita 16
0,00
284,51
0,00
0,25
0,23
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,61
0,00
0,00
Albita 17
0,00
303,37
0,44
0,00
0,36
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
23,72
0,00
8,14
Albita 18
0,00
263,04
0,00
0,00
0,21
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,59
0,00
0,00
Albita 19
0,00
276,54
0,00
3,05
5,81
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
17,98
0,00
7,57
Albita 20
0,00
274,44
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
18,38
0,00
10,60
ANEXOS
Albita 21
Albita 22
Albita 23
Albita 24
Albita 25
Albita 26
157
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
259,85
238,87
311,68
283,20
286,68
280,65
0,00
0,48
0,30
0,00
0,00
0,00
0,00
0,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,54
0,22
0,00
0,26
0,34
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,74
1,10
0,00
0,00
0,00
0,00
0,29
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,79
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
19,11
17,49
18,43
22,76
25,00
22,64
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
6,22
48,64
4,86
0,00
0,00
0,00
ANEXOS
158
ANEXO D – DADOS MICROTERMOMÉTRICOS DAS INCLUSÕES FLUIDAS
ANEXOS
159
TABELA 9 - Dados microtermométricos de IF no plagioclásio tardio no microclina gnaisse tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar &
Vityk).
Amostra
IF
Tf (°C)
Th (°C)
Th to NaCl/(NaCl+KCl) Te (°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
TC (°C)
PC (bar)
d(l)
(g/cm³)
Vol. molar(l)
(cm³/mol)
200907-18
1
-2,0
174
L
1
-41,5
0,580
3,278
0,010
404
296
0,92
20,02
200907-18
2
-6,7
293
L
1
-39,7
1,923
10,101 0,033
467
468
0,841
23,02
200907-18
3
-2,6
174
L
1
-39,7
0,756
4,232
0,013
413
320
0,927
20,01
200907-18
4
-0,9
193
L
1
-42,2
0,258
1,487
0,005
388
252
0,886
20,55
200907-18
5
-0,2
193
L
1
-42,0
0,057
0,331
0,001
377
225
0,877
20,59
200907-18
6
-0,7
177
L
1
-39,5
0,200
1,158
0,004
384
244
0,902
20,15
200907-18
7
-4,2
293
L
1
-55,1
1,223
6,669
0,022
436
382
0,798
23,68
200907-18
8
-5,5
293
L
1
-51,1
1,592
8,513
0,028
453
429
0,822
23,30
200907-18
9
-5,0
231
L
1
-42,3
1,451
7,818
0,025
446
411
0,896
21,24
200907-18
10
-2,4
202
L
1
-45,7
0,697
3,916
0,012
410
312
0,896
20,66
200907-18
11
-5,9
263
L
1
-52,0
1,703
9,054
0,030
458
442
0,869
22,12
200907-18
12
-1,3
263
L
1
-39,7
0,375
2,143
0,007
394
267
0,791
23,12
200907-18
13
-4,8
231
L
1
-48,0
1,394
7,536
0,025
444
404
0,893
21,30
200907-18
14
-1,1
183
L
1
-43,0
0,316
1,816
0,006
391
260
0,9
20,28
200907-18
15
-1,3
233
L
1
-44,8
0,375
2,143
0,007
394
267
0,839
21,80
200907-18
16
-2,1
263
L
1
-49,0
0,609
3,438
0,011
406
300
0,807
22,87
Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); T e = temperatura eutética; M = molalidade; X = fração molar; Tc =
temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d(l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar(l) = volume molar da fase líquida.
ANEXOS
160
TABELA 10 - Dados microtermométricos de IF no plagioclásio tardio no albitito tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra
IF
Tf (°C)
Th (°C)
Th to NaCl/(NaCl+KCl) Te (°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
TC (°C)
PC (bar)
d(l)
(g/cm³)
Vol. molar(l)
(cm³/mol)
200907-22
1
-1,7
225
L
1
-41,8
0,492
2,794
0,009
400
284
0,857
21,44
200907-22
2
-4,3
333
L
1
-54,1
1,251
6,815
0,022
437
386
0,728
25,98
200907-22
3
-0,8
233
L
1
-39,1
0,229
1,322
0,004
386
248
0,831
21,88
200907-22
4
-0,7
238
L
1
-40,8
0,200
1,158
0,004
384
244
0,821
22,13
200907-22
5
-1,2
243
L
1
-40,8
0,346
1,979
0,006
392
263
0,822
22,20
200907-22
6
-1,2
224
L
1
-41,1
0,346
1,979
0,006
392
263
0,851
21,46
200907-22
7
-2,2
223
L
1
-41,1
0,639
3,598
0,011
407
304
0,867
21,28
200907-22
8
-2,4
246
L
1
-42,1
0,697
3,916
0,012
410
312
0,839
22,05
200907-22
9
-1,2
235
L
1
-40,5
0,346
1,979
0,006
392
263
0,835
21,87
200907-22
10
-2,4
227
L
1
-38,4
0,697
3,916
0,012
410
312
0,865
21,38
200907-22
11
-1,2
253
L
1
-45,0
0,346
1,979
0,006
392
263
0,806
22,64
200907-22
12
-1,7
223
L
1
-39,7
0,492
2,794
0,009
400
284
0,860
21,37
200907-22
13
-2,2
236
L
1
-32,6
0,639
3,598
0,011
407
304
0,850
21,72
200907-22
14
-2,7
306
L
1
-48,2
0,786
4,389
0,014
415
324
0,743
25,01
200907-22
15
-0,4
243
L
1
-41,3
0,114
0,662
0,002
380
232
0,808
22,41
200907-22
16
-2,3
304
L
1
-41,2
0,668
3,757
0,012
409
308
0,737
25,10
200907-22
17
-1,3
323
L
1
-42,0
0,375
2,143
0,007
394
267
0,669
27,33
200907-22
18
-0,5
358
L
1
-46,0
0,143
0,827
0,003
381
236
0,552
32,85
200907-22
19
-0,1
306
L
1
-41,9
0,028
0,166
0,001
376
221
0,675
26,74
200907-22
20
-0,3
297
L
1
-44,1
0,085
0,497
0,002
379
229
0,701
25,81
200907-22
21
-2,5
253
L
1
-39,7
0,727
4,074
0,013
412
316
0,830
22,33
200907-22
22
-1,8
253
L
1
-41,9
0,521
2,956
0,009
401
288
0,818
22,48
200907-22
23
-1,6
253
L
1
-43,3
0,462
2,632
0,008
398
280
0,814
22,53
200907-22
24
-2,2
253
L
1
-41,3
0,639
3,598
0,011
407
304
0,825
22,38
200907-22
25
-2,6
253
L
1
-41,1
0,756
4,232
0,013
413
320
0,832
22,29
Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Te = temperatura eutética; M = molalidade; X = fração molar; T c =
temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d(l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar(l) = volume molar da fase líquida.
ANEXOS
161
TABELA 11 - Dados microtermométricos de IF no piroxênio metamórfico no albitito tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra
IF
Tf (°C)
Th (°C)
Th to NaCl/(NaCl+KCl) Te (°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
TC (°C)
PC (bar)
d(l)
(g/cm³)
Vol. molar(l)
(cm³/mol)
200907-24
1
-6,60
224
L
1
-49,1
1,895
9,973
0,033
466
465
0,921
21,01
200907-24
2
-8,80
243
L
1
-51,1
2,473
12,630
0,043
490
531
0,923
21,39
200907-24
3
-7,00
238
L
1
-49,6
2,003
10,481
0,035
470
478
0,911
21,33
200907-24
4
-6,40
267
L
1
-49,3
1,841
9,714
0,032
463
459
0,871
22,17
200907-24
5
-8,30
264
L
1
-48,7
2,345
12,055
0,041
484
517
0,897
21,94
200907-24
6
-8,50
261
L
1
-49,1
2,397
12,287
0,041
486
522
0,902
21,81
200907-24
7
-7,00
273
L
1
-50,3
2,003
10,481
0,035
470
478
0,871
22,31
200907-24
8
-8,00
265
L
1
-50,1
2,268
11,702
0,039
481
508
0,892
21,96
200907-24
9
-6,70
271
L
1
-50,5
1,923
10,101
0,033
467
468
0,870
22,25
200907-24
10
-6,20
288
L
1
-51,7
1,786
9,452
0,031
461
452
0,840
22,93
Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); T e = temperatura eutética; M = molalidade; X = fração molar; T c =
temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d(l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar(l) = volume molar da fase líquida.
ANEXOS
162
TABELA 12 – Dados microtermométricos de IF na granada no albitito tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra
IF
Tf (°C)
Th (°C)
Th to NaCl/(NaCl+KCl) Te (°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
TC (°C)
PC (bar)
d(l)
(g/cm³)
Vol. molar(l)
(cm³/mol)
200907-22GR
1
-8,3
203
L
1
-53,9
2,345
12,055
0,041
484
517
0,956
20,59
200907-22GR
2
-8,1
213
L
1
-52,4
2,294
11,821
0,040
482
511
0,945
20,77
200907-22GR
3
-8,8
207
L
1
-53,2
2,473
12,630
0,043
490
531
0,956
20,66
200907-22GR
4
-8,7
217
L
1
-52,8
2,448
12,516
0,042
489
528
0,947
20,82
200907-22GR
5
-8,5
209
L
1
-53,0
2,397
12,287
0,041
486
522
0,952
20,66
200907-22GR
6
-10,7
236
L
1
-52,8
2,942
14,673
0,050
509
582
0,945
21,19
200907-22GR
7
-10,4
237
L
1
-53,7
2,870
14,364
0,049
506
574
0,942
21,22
200907-22GR
8
-9,5
229
L
1
-51,7
2,649
13,408
0,046
497
550
0,943
21,09
200907-22GR
9
-10,2
234
L
1
-52,4
2,822
14,156
0,048
504
569
0,944
21,15
200907-22GR
10
-8,0
218
L
1
-44,6
2,268
11,702
0,039
481
508
0,940
13,00
200907-22GR
11
-6,9
220
L
1
-49,6
1,977
10,355
0,034
469
475
0,928
20,89
200907-22GR
12
-7,2
225
L
1
-48,5
2,057
10,731
0,036
473
484
0,926
21,02
200907-22GR
13
-7,4
216
L
1
-48,2
2,110
10,978
0,037
475
490
0,937
20,83
Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); T e = temperatura eutética; M = molalidade; X = fração molar; T c =
temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d(l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar(l) = volume molar da fase líquida.
ANEXOS
163
ANEXO E – ISÓCORAS
ANEXOS
164
Figura 1 – Isócoras dos fluidos no plagioclásio tardio (albita) no microclina gnaisse obtidas a partir dos dados
fornecidos pelo software MacFlincor.
Figura 2 – Isócoras dos fluidos no plagioclásio tardio (albita) no albitito obtidas a partir dos dados fornecidos
pelo software MacFlincor.
ANEXOS
165
Figura 3 – Isócoras dos fluidos do piroxênio no albitito obtidas a partir dos dados fornecidos pelo software
MacFlincor.
Figura 4 – Isócoras dos fluidos da granada no albitito obtidas a partir dos dados fornecidos pelo software
MacFlincor.