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Vespas MS Auko et al

Checklist of wasp (Hymenoptera, Vespidae) from Mato Grosso do Sul, Brazil. This is a preliminary survey of wasps (Vespidae) conducted in a representative points of the biomes from Mato Grosso do Sul: Pantanal, Chaco, Cerrado and Atlantic Forest, covering periods of sampling between 2006 to 2011, being the fi rst eff ort to quantify the Vespidae fauna for this State. The samples were concentrated primarily in areas with good conservation status, as Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Reserva Particular do Patrimônio Natural Eng. Eliezer Batista (RPPNEEB), Maciço do Urucum, riparian forests of the rivers Aporé and Sucuriú, Atlantic Forest fragments of Dourados municipality and Brazilian Chaco. The sampling techniques employed were: active search, with entomological nets and Malaise and Möerick traps. The methods were not standardized for the locations. In total 105 species in 35 genera of Vespidae were recorded for Mato Grosso do Sul. The genera with high richness were: Omicron and Zethus, with 10 species each one. Among the solitary wasps, Pachodynerus guadulpensis was the most abundant, with 32 individuals. To the social wasps Agelaia multipicta, Polybia ignobilis, and Polybia (gr. occidentalis) sp. were the most abundant. Trimeria rubra (Masarinae) was sampled for the fi rst time in Mato Grosso do Sul State. The knowledge status of biodiversity is fundamental for future strategies of management's plans, resulting in the selection of priority areas for conservation.

Iheringia Série Zoologia Museu de Ciências Naturais e-ISSN 1678-4766 www.scielo.br/isz Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul, Brasil Tiago Henrique Auko1,2, Vander Carbonari2, Daniele Guedes Ribeiro1,2 & Rogério Silvestre1,2 1. Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Brasil. ([email protected]) 2. Laboratório de Ecologia de Hymenoptera - Hecolab, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Brasil. Recebido 22 novembro 2016 Aceito 6 fevereiro 2017 DOI: 10.1590/1678-4766e2017125 ABSTRACT. Checklist of wasp (Hymenoptera, Vespidae) from Mato Grosso do Sul, Brazil. This is a preliminary survey of wasps (Vespidae) conducted in a representative points of the biomes from Mato Grosso do Sul: Pantanal, Chaco, Cerrado and Atlantic Forest, covering periods of sampling between 2006 to 2011, being the irst efort to quantify the Vespidae fauna for this State. The samples were concentrated primarily in areas with good conservation status, as Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Reserva Particular do Patrimônio Natural Eng. Eliezer Batista (RPPNEEB), Maciço do Urucum, riparian forests of the rivers Aporé and Sucuriú, Atlantic Forest fragments of Dourados municipality and Brazilian Chaco. The sampling techniques employed were: active search, with entomological nets and Malaise and Möerick traps. The methods were not standardized for the locations. In total 105 species in 35 genera of Vespidae were recorded for Mato Grosso do Sul. The genera with high richness were: Omicron and Zethus, with 10 species each one. Among the solitary wasps, Pachodynerus guadulpensis was the most abundant, with 32 individuals. To the social wasps Agelaia multipicta, Polybia ignobilis, and Polybia (gr. occidentalis) sp. were the most abundant. Trimeria rubra (Masarinae) was sampled for the irst time in Mato Grosso do Sul State. The knowledge status of biodiversity is fundamental for future strategies of management’s plans, resulting in the selection of priority areas for conservation. KEYWORDS. Polistinae, Eumeninae, Masarinae, Serra da Bodoquena, Biota-MS Program. RESUMO. Este levantamento preliminar de vespas (Vespidae), realizado em pontos representativos dos biomas do Mato Grosso do Sul: Pantanal, Chaco, Cerrado e Mata Atlântica, abrange períodos de coletas entre 2006 a 2011, sendo a primeira tentativa de quantiicar a fauna de Vespidae para o estado. A amostragem concentrou-se basicamente em áreas com bom estado de conservação, como o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPNEEB), Maciço do Urucum, matas ciliares dos rios Aporé e Sucuriú, fragmento de mata Atlântica em Dourados e itoisionomias do Chaco Brasileiro. As técnicas de coletas empregadas foram: busca ativa, com rede entomológica e com armadilhas de Malaise e Möerick. Os métodos de amostragem não foram padronizados em todas as localidades. No total 105 espécies em 35 gêneros de Vespidae foram registrados para o Mato Grosso do Sul. Os gêneros com maior riqueza foram: Omicron e Zethus, com 10 espécies cada; entre as vespas solitárias, Pachodynerus guadulpensis foi a que obteve o maior número de indivíduos (32). Entre as vespas sociais, Agelaia multipicta, Polybia ignobilis e Polybia (gr. occidentalis) sp. foram as mais abundantes. Trimeria rubra (Masarinae) foi amostrada pela primeira vez no Chaco Brasileiro. O conhecimento da biodiversidade do estado é fundamental para estratégias futuras de planos de manejos, implicando na escolha de áreas prioritárias para a Conservação. PALAVRAS-CHAVE. Polistinae, Eumeninae, Masarinae, Serra da Bodoquena, Programa Biota-MS. Os Vespidae, popularmente conhecidos como vespas e marimbondos, são insetos cosmopolitas e distribuemse preferencialmente em áreas tropicais. No mundo são conhecidas 5.000 espécies e 268 gêneros, em seis subfamílias descritas, porém apenas três ocorrem na América do Sul (Brothers & Finnamore, 1993; Carpenter & Marques, 2001; Pickett & Carpenter, 2010). Eumeninae, com 3.579 espécies e 210 gêneros registrados no Mundo, apresenta a maior riqueza do grupo, aproximadamente 279 espécies em 32 gêneros foram registradas para o Brasil (Willink & Roig-Alsina, 1998; Carpenter & Garcete-Barrett, 2002; Pickett & Carpenter, 2010; Auko & Silvestre, 2015). Polistinae, também cosmopolita, possui 958 espécies e 26 gêneros Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017. conhecidos, sendo que 22 destes gêneros e 304 espécies ocorrem no Brasil, com 106 espécies endêmicas no país (Carpenter & Marques, 2001). Masarinae restringe sua distribuição a áreas secas da Austrália, Sul da África, Mediterrâneo e na Região Neotropical, mas precisamente em áreas andinas, conta com 298 espécies e 14 gêneros catalogadas no mundo (Sarmiento & Carpenter, 2006). Os vespídeos podem ser encontrados nos mais variados hábitats, ocupando áreas desde o nível do mar até pouco mais de quatro mil metros de altitude (Sarmiento, 1997). Suas larvas se desenvolvem às custas de proteína animal adquirida pelo adulto, que por sua vez, alimenta-se basicamente de néctar, mas podem consumir também açúcares excretado de pulgões e secreções de cadáveres (O’Donnell, 1995). 1 Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ... O conhecimento da diversidade de Vespidae no Brasil ainda é bastante reduzido para a maioria dos estados, salvo os trabalhos localizados na Mata Atlântica de São Paulo (Togni, 2009) e da Bahia (Santos et al., 2007), no Cerrado de São Paulo (Mechi, 1996; Mechi & Moraes, 2000; Junior & Noll, 2011), Goiás (Santos, 1996; Raw, 1998a), Mato Grosso (Diniz & Kitayama, 1998), Minas Gerais (Elpino-Campos et al., 2007) e Bahia (Santos et al., 2009). Na Floresta Amazônica existem levantamentos no Pará (Silveira, 2002; Silva, 2007; Silva & Silveira, 2009), no Amazonas (Silveira et al., 2008), no Acre (Souza et al., 2003; Morato et al., 2008) e no Amapá (Raw, 1998b). No Pampa as vespas foram estudadas por Hermes & Köhler (2004) e Somavila (2010). Em lorestas estacionais temos coletas em São Paulo (Gomes & Noll, 2009; Junior & Noll, 2011). Para a América do Sul, os inventários de Vespidae são restritos ao Peru (Rasmussen & Asenjo, 2009), Paraguai (Garcete-Barrett, 1996) e Colômbia (Sarmiento, 1997, 1999). As vespas apresentam uma relação bastante estreita com a matriz itoisionômica; a composição da comunidade destes insetos pode ser utilizada para a avaliação de algumas variáveis ambientais, indicando a integridade e a complexidade do ecossistema em questão (Morato, 2004; Loyola & Martins, 2008). Este inventário da composição de Vespidae no Mato Grosso do Sul tem como objetivo contribuir para o conhecimento da biota do estado, que é extremamente heterogêneo em termos de hábitats e que vem sofrendo uma acelerada perda de seus ecossistemas naturais. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo. O estado do Mato Grosso do Sul situa-se na porção central da grande área diagonal de formações abertas da América do Sul, que se estende desde a Caatinga no nordeste do Brasil até o Chaco na Argentina, onde ocorrem áreas de contato entre o Pantanal, o Chaco e o Cerrado. Esta diagonal de áreas abertas abriga grande diversidade de ecossistemas, incluindo um elevado número de espécies de lora e fauna endêmicas (Bucher, 1980; Vanzolini, 1988; Zanella, 2011). Dentre os componentes itoisionômicos que a compõe encontram-se as matas estacionais (deciduais e semideciduais), que exercem um papel chave na distribuição de diversos elementos da Biota (Prado & Gibbs, 1993; Morrone et al., 2004; Silvestre et al., 2012). No sul do estado encontram-se diversas “manchas” com elementos de Mata Atlântica, estendendo-se até a Serra da Bodoquena (Pott & Pott, 2003). Este levantamento de vespas realizado no Mato Grosso do Sul é resultado de uma série de projetos independentes, explorando os diferentes ecossistemas: Pantanal, Chaco, Floresta Estacional, Cerrado e Mata Atlântica. As localidades amostradas foram representadas em cinco pontos (Fig. 1). Os pontos amostrados dentro das cinco localidades foram georeferenciados e são indicados na Tab.I. A Serra da Bodoquena é constituída por um planalto escarpado a oeste, no sentido da planície do Pantanal, ligandoIheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017. AUKO et al. Fig. 1. Localidades amostradas para a fauna de Vespidae no Mato Grosso do Sul, Brasil entre 2006 e 2011. se à planície de do Rio Miranda. Totaliza cerca de 300 km de comprimento e 20 a 50 km de largura, sustentadas por rochas calcárias (Boggiani et al., 1993). Apresenta vegetação nativa de Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, Cerrado, Cerradão e áreas de encraves. Nos topos dos morros apresenta aloramentos rochosos magmáticos e, em elevações acima de 400 m, surge à formação de Campo Rupestre, com ocorrência de cactáceas. Foram realizadas oito expedições de coletas na Serra da Bodoquena, entre os anos de 2007 a 2011, com dez sítios amostrados. A região do Aporé-Sucuriú foi amostrada para visitantes florais e as vespas foram encaminhadas ao Laboratório de Ecologia de Hymenoptera da FCBA-UFGD. As coletas foram realizadas na bacia dos Aporé e Sucuriú, envolvendo os municípios de Chapadão do Sul, Inocência e Costa Rica. Este complexo caracteriza-se por apresentar itoisionomias que vão desde o Campo Limpo ao Cerrado sentido restrito, incluindo brejos e vegetação exótica com eucalipto (Pagotto & Souza, 2006). A Mata do Azulão, localizada no sul do estado, no município de Dourados, consiste em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Atlântica, de aproximadamente 10 ha, com grande atividade agrícola e pecuária na região de entorno. Duas localidades foram amostradas na região do Pantanal, sendo elas: Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista e o Maciço do Urucum, ambas localizadas no município de Corumbá, na bacia do Rio Paraguai, com as formações lorestais de Floresta Estacional (mata seca), Matas Ciliares e Cordilheiras. Na região de Porto Murtinho temos a formação lorestal de Chaco, com as transições lorísticas e ecótonos de diferentes regiões itoecológicas, sendo reconhecidas as seguintes itoisionomias: Savana Estépica GramíneoLenhosa, Savana Estépica Arbórea, Parque de Carandazais, formações de encrave Chaco/Floresta Decidual e Chaco/ Cerrado, brejos, banhados e salitres (Abdon & Silva, 2006; Noguchi et al., 2009). 2 Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ... AUKO et al. Tabela I. Pontos de coletas de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no período entre 2006 a 2011 no Mato Grosso do Sul, Brasil. Localidade 1. SERRA DA BODOQUENA Faz. Califórnia Faz. Marambaia Faz. Santa Laura Faz. Santa Maria Faz. Pitangueiras Faz. Campo Verde Rio Taquaral Faz. Boqueirão RPPN Cara da Onça Cachoeira do Apa 2. APORÉ-SUCURIÚ 3. DOURADOS 4. PANTANAL Maciço do Urucum Serra do Amolar 5. CHACO Faz. Porto Conceição Faz. Santa Virgínia Coordenadas Data 56°50’57”S, 20°42’11”W 56°47’31”S, 20°50’26”W 56°44’54”S, 20°47’59”W 56°45’48”S, 21°25’39”W 56°35’20”S, 20°52’13”W 56°45’40”S, 21°22’49”W 56°38’14”S, 21°06’27”W 56°43’08”S, 21°07’14”W 56°44’13”S, 20°44’24”W 57°32’13”S, 22°09’49”W 52°30’00”S, 19°13’00”W 54°55’05”S, 22°12’24”W II.2007; XI.2009 V.2007 XI.2007; IV.2008 II.2008 IV.2008; XI.2009 XII.2008 XI.2009 X.2011 XII.2011 V.2010 2006 2009/2010 57°28’00”S, 19°11’00”W 57°28’27”S, 18°05’25”W V.2011; IX.2011 VII.2010; III.2011 57°54’38”S, 21°29’05”W 57°53’54”S, 21°43’10”W XI.2010 V.2011 Métodos de coleta. Para este inventário rápido contemplando a diversidade de vespas (Vespidae) no Mato Grosso do Sul, as seguintes técnicas de amostragens foram empregadas de forma não padronizadas: Coleta ativa. Rede entomológica: nesta metodologia incluem-se a observação em lugares que proporcionam algum tipo de recurso para as vespas, como observações de lores, ranchos abandonados e barrancos de rios. Esta foi a única técnica de coleta utilizada em todas as áreas do Mato Grosso do Sul amostradas neste trabalho. Coleta passiva. Armadilha de Möericke: usada em coletas realizadas no Chaco e na Serra da Bodoquena. Ao todo foram dispostas 550 bandejas amarelas, contendo água e detergente, sendo 50 por expedição de coleta, distando 10 m uma armadilha da outra. Armadilha de Malaise. Esta técnica foi utilizada no Chaco, na Serra da Bodoquena e no Pantanal (RPPN). Ao todo no inventário foram recolhidas 30 amostras, dispostas rente ao solo, por quatro dias consecutivos. O material foi comparado com os espécimes depositados na coleção referência do Museu de Zoologia da USP e alguns exemplares foram determinados por especialistas de seus respectivos grupos. O material testemunho foi depositado na coleção de Hymenoptera do Museu de Biodiversidade da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (MuBio/UFGD), sob curadoria do Prof. Dr. Rogério Silvestre. Polistini, também com oito espécies e um gênero (Polistes Latreille). Masarinae, com oito registros, foi representado apenas pelos Masarini, com dois gêneros e duas espécies (Ceramiopsis paraguayensis Bertoni, 1921 e Trimeria rubra Hermes & Melo, 2006). Os gêneros que apresentaram a maior riqueza entre todos os Vespidae amostrados foram Omicron Saussure e Zethus Fabricius com 10 espécies cada, enquanto que a maior abundância em números de registros foi de Polybia (gr. occidentalis) sp., Agelaia multipicta (Haliday, 1836) e Polybia ignobilis (Haliday, 1836), respectivamente com 84, 64 e 60 registros. Entre as vespas solitárias, Pachodynerus guadulpensis (Saussure, 1853) foi a que obteve o maior número de indivíduos (32). Foram amostradas 52 espécies na Serra da Bodoquena, 39 no Pantanal, 28 no Chaco, 25 na região do Aporé-Sucuriú e 20 em Dourados. Sessenta e nove espécies foram registradas em apenas uma das localidades amostradas. Quatro espécies – Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824), Polybia sericea (Oliver, 1791), P. ignobilis e P. (gr. occidentalis) sp. – estão presentes em todas as áreas amostradas. Agelaia multipicta, Zeta argillaceum (Linnaeus, 1758), Pachodynerus guadulpensis e Hypalastoroides brasiliensis (Saussure, 1856) foram encontradas em quatro das cinco regiões amostradas. RESULTADOS Não existem estimativas do número total de vespas para o Brasil, devido à carência de estudos taxonômicos e sistemáticos (Souza et al., 2003). A ocorrência de 105 espécies e de 35 gêneros no Mato Grosso do Sul conirma uma alta diversidade imaginada para este estado, considerando que muitas regiões no estado ainda não foram amostradas, principalmente na bacia do rio Paraná. Segundo Santos et al. (2007), ambientes estruturalmente mais complexos tendem a apresentar maior riqueza e maior diversidade de espécies de vespas devido à maior oferta de microhábitats, Foram amostrados 648 indivíduos, com 105 espécies e 35 gêneros registrados, representando as três subfamílias presentes na Região Neotropical (Tab. II). Eumeninae foi o grupo taxonômico mais rico, com 66 espécies, 21 gêneros e 230 indivíduos capturados. Polistinae, com 409 exemplares capturados é representado pelos Epiponini, com 21 espécies e 10 gêneros, pelos Mischocyttarini com oito espécies e um gênero (Mischcyttarus Saussure) e pelos Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017. DISCUSSÃO 3 Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ... AUKO et al. Tab. II. Lista das espécies de vespas (Hymenoptera: Vespidae) amostradas no Mato Grosso do Sul de 2006 a 2011 (SB, Serra da Bodoquena; P, Pantanal; Ch, Chaco; AS, Complexo Aporé-Sucuriú; MA, Mata do Azulão). Espécies Vespidae Eumeninae Alphamenes sp. Ancistroceroides atripes (Fox, 1902) Ancistroceroides alasteroides (Saussure, 1852) Ancistroceroides conjunctus (Fox, 1902) Ancistroceroides ruimaculatus (Fox, 1902) Ancistroceroides venustus (Brethes, 1905) Ancistroceroides sp. Antezumia sp. Brachymenes dyscherus (Saussure, 1852) Cyphomenes anisitsii (Brethes, 1906) Eumenes rufomaculatus Fox, 1899 Hypalastoroides brasiliensis (Saussure, 1856) Hypalastoroides elongatus (Brethes, 1906) Hypalastoroides nitidus (Brethes, 1906) Hypalastoroides paraguayensis Zavattari, 1911 Hypancistrocerus advena (Saussure, 1856) Hypancistrocerus relectorius (Dalla Torre, 1904) Hypalastoroides sp. Minixi brasilianum (Saussure, 1875) Minixi sufusum (Fox, 1899) Monobia angulosa Saussure, 1852 Monobia apicalipennis Saussure, 1852 Montezumia azurescens (Spinola, 1851) Montezumia ferruginea Saussure, 1856 Montezumia infernalis (Spinola, 1851) Montezumia petiolata de Saussure, 1856 Montezumia sp. Omicron criticum richardsi Giordani Soika, 1978 Omicron paranymphum (Zavattari, 1912) Omicron ruicolle schunkei Giordani Soika, 1978 Omicron spegazzinii Brethes, 1905 Omicron tegulare (Fox, 1899) Omicron tuberculatum (Fox, 1899) Omicron sp. 1 Omicron sp. 2 Omicron sp. 3 Omicron sp. 4 Pachymenes ghilianii (Spinola, 1851) Pachymenes picturatus (Fox, 1899) Pachymenes sp. Pachodynerus brevithorax (Saussure, 1852) Pachodynerus corumbae (Fox, 1902) Pachodynerus grandis Willink & Roig-Alsina, 1998 Pachodynerus guadulpensis (Saussure, 1853) Pachodynerus nasidens (Latreille, 1812) Pachodynerus serrulatus Brèthes, 1920 Parancistrocerus longicornutus (Dalla Torre, 1904) Parancistrocerus sp. 1 Parancistrocerus sp. 2 Plagiolabra andina Brethes, 1906 Plagiolabra nigra Schulthess, 1903 Santamenes novarae (Saussure, 1867) Stenodynerus sufusus (Fox, 1902) Stenodynerus sp. Stenonartonia apicipennis (Fox, 1902) Zeta argillaceum (Linnaeus, 1758) Zethus chapadensis Bohart & Stange, 1965 Zethus cylindricus Fox, 1899 Zethus dubius Smith, 1857 Zethus iheringi Zavattari, 1912 Zethus hilarianus Saussure, 1856 Zethus mexicanus Bohart & Stange, 1965 Zethus romandinus Saussure, 1852 Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017. SB P Localidades Ch AS MA 1 7 4 1 6 1 2 1 1 2 6 2 2 6 2 2 2 9 1 2 3 4 17 4 3 1 2 1 9 7 - 1 2 1 2 3 1 1 1 1 4 1 3 3 1 1 4 1 1 1 2 1 1 3 1 1 1 1 1 11 1 1 2 1 1 3 1 1 1 1 3 1 1 1 1 2 4 2 2 6 1 1 1 - 3 1 1 10 2 1 1 4 Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ... AUKO et al. Tab. II. Cont. Espécies Zethus schrottkyanus von Ihering, 1911 Zethus sessilis Fox, 1899 Zethus (gr. almecos) sp. Masarinae Ceramiopsis paraguayensis Bertoni, 1921 Trimeria rubra Hermes & Melo, 2006 Polistinae Agelaia multipicta (Haliday, 1836) Agelaia pallipes (Schrottky, 1911) Apoica lavissima Vecht, 1972 Apoica pallens (Fabricius, 1804) Brachygastra augusti (Saussure, 1854) Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824) Brachygastra moulae Richards, 1978 Brachygastra istulosa Naumann, 1968 Metapolybia sp. Mischocyttarus sp. 1 Mischocyttarus sp. 2 Mischocyttarus sp. 3 Mischocyttarus sp. 4 Mischocyttarus sp. 5 Mischocyttarus sp. 6 Mischocyttarus sp. 7 Mischocyttarus sp. 8 Parachartegus smithii Saussure, 1854 Polistes canadensis (Linnaeus, 1758) Polistes ferreri Saussure, 1853 Polistes simillimus Zikan, 1951 Polistes versicolor (Olivier, 1792) Polistes sp. 1 Polistes sp. 2 Polistes sp. 3 Polistes sp. 4 Polybia sericea (Oliver, 1796) Polybia ignobilis (Haliday, 1836) Polybia (gr. occidentalis) sp. Polybia paulista Ihering, 1896 Polybia sp. Protonectarina sylveirae (Saussure, 1854) Protopolybia exigua (Saussure, 1906) Protopolybia sedula (Saussure, 1854) Pseudopolybia vespiceps (Ducke, 1907) Synoeca cyanea (Fabricius, 1775) Synoeca surinama (Linnaeus, 1767) maior disponibilidade e diversidade de recursos alimentares e de substratos de nidiicação. Garcete-Barrett (1996), em um inventário rápido na Reserva Nacional del Bosque Mbaracayú no Paraguai, registrou 28 espécies de Polistinae e 15 de Eumeninae, totalizando 43 espécies. Diniz & Kitayama (1998) levantaram na Chapada dos Guimarães 36 espécies, em 50 exemplares amostrados, indicando uma alta diversidade deste grupo para o Cerrado. Hermes & Köhler (2004) identiicaram 70 espécies provenientes da área do Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Se considerarmos apenas a fauna de Polistinae, veriicamos que Silveira (2002) na Amazônia, amostrou 79 espécies em 18 gêneros, em um período de um ano, enfatizando que 2/3 da diversidade das vespas sociais do Brasil está nesta região e grande parte desta fauna é endêmica. Na Bahia, Santos et al. (2009) amostraram 19 Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017. SB - P 1 1 1 Localidades Ch 1 - AS 1 MA - 47 2 4 2 13 2 1 1 5 1 1 2 1 17 5 9 14 1 14 37 33 10 1 - 2 8 2 2 2 1 2 7 3 7 2 7 8 12 1 1 1 1 1 5 8 36 - 1 1 4 11 3 3 1 7 7 6 1 1 1 - 1 4 1 1 1 6 5 3 2 3 5 1 1 - espécies em 13 gêneros de vespas sociais, distribuídas em três itoisionomias diferentes de Cerrado. No Mato Grosso do Sul foram registradas 37 espécies e 12 gêneros. Apesar das metodologias de coleta nos trabalhos serem diferentes, em relação principalmente ao número de amostras e esforço amostral, a diversidade no MS foi relativamente alta em comparação com outros inventários na América do Sul. Mesmo sendo utilizados métodos não padronizados nas cinco regiões amostradas no estado, observamos uma alta beta diversidade; isto indica uma forte tendência na substituição das espécies nas diferentes assembleias de vespas que coexistem nos diferentes ecossistemas no Mato Grosso do Sul, corroborando com a ideia de que a heterogeneidade ambiental infere uma elevada diversidade de vespas (Loyola & Martins, 2008). Fatores como o estado de conservação das áreas estudadas, a disponibilidade de recursos alimentares, os locais de nidificação e a sazonalidade, podem ser 5 Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ... determinantes na alta dissimilaridade entre as comunidades de vespas (Santos et al., 2009). Este levantamento preliminar da fauna de Vespidae em algumas regiões do Mato Grosso do Sul, traz um número expressivo de primeiros registros de ocorrência de espécies para o estado. Isso se deve ao fato de nunca ter sido feito um inventário sistematizado nesta região. A principal coleta realizada até então foi anterior à divisão do Mato Grosso (Richards, 1978); consequentemente os registros que encontramos na literatura são apenas para o MT, mesmo que possivelmente tenham sido feitas coletas em territórios que hoje pertencem ao MS. Inventariar a assembleia de Vespidae em ecossistemas naturais resulta em uma ferramenta capaz de interpretar as condições ambientais e o estado de conservação das áreas. Estes insetos possuem características fundamentais para serem utilizados como bioindicadores em planos de manejo, por serem abundantes em inventários da entomofauna, serem de fácil identiicação e por apresentarem um baixo custo de amostragem (Morato & Campos, 2000). O gênero Agelaia, por exemplo, é amostrado exclusivamente em áreas contínuas de lorestas (Silveira, 2002) e pode ser um indicador expressivo da conservação das áreas cobertas por lorestas no MS. Concluímos que o Mato Grosso do Sul possui um mosaico de ecossistemas, muitas vezes integrados, distribuídos ao longo de um vasto território, proporcionando uma coniguração heterogênea na estrutura da comunidade, o que relete uma alta beta-diversidade dessas vespas e gera um imenso campo para estudos biogeográicos e ecológicos. Agradecimentos. Agradecemos a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciências e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e a Superintendência de Ciências e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Sucitec/MS) pelo convite de participação neste fascículo especial da Iheringia, Série Zoologia e o suporte inanceiro para sua publicação. Agradecemos a Sérgio Ricardo Andena (Universidade Estadual de Feira e Santana – BA), Fernando Noll (UNESP), Marcel Hermes (UFPR) e Bolívar Garcete-Barrett (UFPR), pela identiicação dos espécimes. A Camila Aoki (UFMS - Campus de Aquidauana), pelos dados fornecidos referentes ao Complexo Aporé-Sucuriú e Maciço do Urucum. Aos pesquisadores do Laboratório de Ecologia de Hymenoptera: Manoel Fernando Demétrio, pelas sugestões ao manuscrito e Bhrenno Maykon Trad, Felipe Varussa e Nelson Rodrigues da Silva e pelas coletas de campo. Ao CNPq, pelo apoio inanceiro. Agradecemos ao Instituto Homem Pantaneiro de Corumbá e ao ICMBio de Bonito, pela autorização de coleta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abdon, M. M. & Silva, J. S. V. 2006. Identiicação de padrões em imagens Landsat-ETM+ para interpretação da vegetação arbórea do cerrado na sub-região de Cáceres, no Pantanal do estado do Mato Grosso. In: Semana de Geograia da Unemat, 9. (SEMAGEO), Cáceres/MT. Anais.... Cáceres, Unemat, p. 1-13. Auko, T. H. & Silvestre, R. 2015. First records of Plagiolabra von Schulthess (Hymenoptera: Vespidae) from Brazil. Check list 11(1):1-2. Boggiani, P. C.; Fairchild, T. R. & Coimbra, A. M. 1993. 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