Iheringia
Série Zoologia
Museu de Ciências Naturais
e-ISSN 1678-4766
www.scielo.br/isz
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae)
no Mato Grosso do Sul, Brasil
Tiago Henrique Auko1,2, Vander Carbonari2, Daniele Guedes Ribeiro1,2 & Rogério Silvestre1,2
1. Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), Brasil. (
[email protected])
2. Laboratório de Ecologia de Hymenoptera - Hecolab, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Brasil.
Recebido 22 novembro 2016
Aceito 6 fevereiro 2017
DOI: 10.1590/1678-4766e2017125
ABSTRACT. Checklist of wasp (Hymenoptera, Vespidae) from Mato Grosso do Sul, Brazil. This is a preliminary survey of wasps (Vespidae)
conducted in a representative points of the biomes from Mato Grosso do Sul: Pantanal, Chaco, Cerrado and Atlantic Forest, covering periods of sampling
between 2006 to 2011, being the irst efort to quantify the Vespidae fauna for this State. The samples were concentrated primarily in areas with good
conservation status, as Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Reserva Particular do Patrimônio Natural Eng. Eliezer Batista (RPPNEEB), Maciço
do Urucum, riparian forests of the rivers Aporé and Sucuriú, Atlantic Forest fragments of Dourados municipality and Brazilian Chaco. The sampling
techniques employed were: active search, with entomological nets and Malaise and Möerick traps. The methods were not standardized for the locations.
In total 105 species in 35 genera of Vespidae were recorded for Mato Grosso do Sul. The genera with high richness were: Omicron and Zethus, with
10 species each one. Among the solitary wasps, Pachodynerus guadulpensis was the most abundant, with 32 individuals. To the social wasps Agelaia
multipicta, Polybia ignobilis, and Polybia (gr. occidentalis) sp. were the most abundant. Trimeria rubra (Masarinae) was sampled for the irst time in
Mato Grosso do Sul State. The knowledge status of biodiversity is fundamental for future strategies of management’s plans, resulting in the selection
of priority areas for conservation.
KEYWORDS. Polistinae, Eumeninae, Masarinae, Serra da Bodoquena, Biota-MS Program.
RESUMO. Este levantamento preliminar de vespas (Vespidae), realizado em pontos representativos dos biomas do Mato Grosso do Sul: Pantanal, Chaco,
Cerrado e Mata Atlântica, abrange períodos de coletas entre 2006 a 2011, sendo a primeira tentativa de quantiicar a fauna de Vespidae para o estado. A
amostragem concentrou-se basicamente em áreas com bom estado de conservação, como o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Reserva Particular
do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPNEEB), Maciço do Urucum, matas ciliares dos rios Aporé e Sucuriú, fragmento de mata Atlântica
em Dourados e itoisionomias do Chaco Brasileiro. As técnicas de coletas empregadas foram: busca ativa, com rede entomológica e com armadilhas
de Malaise e Möerick. Os métodos de amostragem não foram padronizados em todas as localidades. No total 105 espécies em 35 gêneros de Vespidae
foram registrados para o Mato Grosso do Sul. Os gêneros com maior riqueza foram: Omicron e Zethus, com 10 espécies cada; entre as vespas solitárias,
Pachodynerus guadulpensis foi a que obteve o maior número de indivíduos (32). Entre as vespas sociais, Agelaia multipicta, Polybia ignobilis e Polybia
(gr. occidentalis) sp. foram as mais abundantes. Trimeria rubra (Masarinae) foi amostrada pela primeira vez no Chaco Brasileiro. O conhecimento da
biodiversidade do estado é fundamental para estratégias futuras de planos de manejos, implicando na escolha de áreas prioritárias para a Conservação.
PALAVRAS-CHAVE. Polistinae, Eumeninae, Masarinae, Serra da Bodoquena, Programa Biota-MS.
Os Vespidae, popularmente conhecidos como vespas
e marimbondos, são insetos cosmopolitas e distribuemse preferencialmente em áreas tropicais. No mundo são
conhecidas 5.000 espécies e 268 gêneros, em seis subfamílias
descritas, porém apenas três ocorrem na América do Sul
(Brothers & Finnamore, 1993; Carpenter & Marques,
2001; Pickett & Carpenter, 2010).
Eumeninae, com 3.579 espécies e 210 gêneros
registrados no Mundo, apresenta a maior riqueza do
grupo, aproximadamente 279 espécies em 32 gêneros
foram registradas para o Brasil (Willink & Roig-Alsina,
1998; Carpenter & Garcete-Barrett, 2002; Pickett &
Carpenter, 2010; Auko & Silvestre, 2015). Polistinae,
também cosmopolita, possui 958 espécies e 26 gêneros
Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017.
conhecidos, sendo que 22 destes gêneros e 304 espécies
ocorrem no Brasil, com 106 espécies endêmicas no país
(Carpenter & Marques, 2001). Masarinae restringe
sua distribuição a áreas secas da Austrália, Sul da África,
Mediterrâneo e na Região Neotropical, mas precisamente
em áreas andinas, conta com 298 espécies e 14 gêneros
catalogadas no mundo (Sarmiento & Carpenter, 2006).
Os vespídeos podem ser encontrados nos mais variados
hábitats, ocupando áreas desde o nível do mar até pouco mais
de quatro mil metros de altitude (Sarmiento, 1997). Suas
larvas se desenvolvem às custas de proteína animal adquirida
pelo adulto, que por sua vez, alimenta-se basicamente de
néctar, mas podem consumir também açúcares excretado
de pulgões e secreções de cadáveres (O’Donnell, 1995).
1
Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ...
O conhecimento da diversidade de Vespidae no
Brasil ainda é bastante reduzido para a maioria dos estados,
salvo os trabalhos localizados na Mata Atlântica de São
Paulo (Togni, 2009) e da Bahia (Santos et al., 2007), no
Cerrado de São Paulo (Mechi, 1996; Mechi & Moraes,
2000; Junior & Noll, 2011), Goiás (Santos, 1996; Raw,
1998a), Mato Grosso (Diniz & Kitayama, 1998), Minas
Gerais (Elpino-Campos et al., 2007) e Bahia (Santos et al.,
2009). Na Floresta Amazônica existem levantamentos no
Pará (Silveira, 2002; Silva, 2007; Silva & Silveira, 2009),
no Amazonas (Silveira et al., 2008), no Acre (Souza et al.,
2003; Morato et al., 2008) e no Amapá (Raw, 1998b). No
Pampa as vespas foram estudadas por Hermes & Köhler
(2004) e Somavila (2010). Em lorestas estacionais temos
coletas em São Paulo (Gomes & Noll, 2009; Junior & Noll,
2011). Para a América do Sul, os inventários de Vespidae
são restritos ao Peru (Rasmussen & Asenjo, 2009), Paraguai
(Garcete-Barrett, 1996) e Colômbia (Sarmiento, 1997,
1999).
As vespas apresentam uma relação bastante estreita
com a matriz itoisionômica; a composição da comunidade
destes insetos pode ser utilizada para a avaliação de
algumas variáveis ambientais, indicando a integridade e a
complexidade do ecossistema em questão (Morato, 2004;
Loyola & Martins, 2008). Este inventário da composição
de Vespidae no Mato Grosso do Sul tem como objetivo
contribuir para o conhecimento da biota do estado, que é
extremamente heterogêneo em termos de hábitats e que vem
sofrendo uma acelerada perda de seus ecossistemas naturais.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo. O estado do Mato Grosso do
Sul situa-se na porção central da grande área diagonal de
formações abertas da América do Sul, que se estende desde
a Caatinga no nordeste do Brasil até o Chaco na Argentina,
onde ocorrem áreas de contato entre o Pantanal, o Chaco
e o Cerrado. Esta diagonal de áreas abertas abriga grande
diversidade de ecossistemas, incluindo um elevado número
de espécies de lora e fauna endêmicas (Bucher, 1980;
Vanzolini, 1988; Zanella, 2011). Dentre os componentes
itoisionômicos que a compõe encontram-se as matas
estacionais (deciduais e semideciduais), que exercem um
papel chave na distribuição de diversos elementos da Biota
(Prado & Gibbs, 1993; Morrone et al., 2004; Silvestre et
al., 2012). No sul do estado encontram-se diversas “manchas”
com elementos de Mata Atlântica, estendendo-se até a Serra
da Bodoquena (Pott & Pott, 2003).
Este levantamento de vespas realizado no Mato Grosso
do Sul é resultado de uma série de projetos independentes,
explorando os diferentes ecossistemas: Pantanal, Chaco,
Floresta Estacional, Cerrado e Mata Atlântica. As localidades
amostradas foram representadas em cinco pontos (Fig. 1).
Os pontos amostrados dentro das cinco localidades foram
georeferenciados e são indicados na Tab.I.
A Serra da Bodoquena é constituída por um planalto
escarpado a oeste, no sentido da planície do Pantanal, ligandoIheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017.
AUKO et al.
Fig. 1. Localidades amostradas para a fauna de Vespidae no Mato Grosso
do Sul, Brasil entre 2006 e 2011.
se à planície de do Rio Miranda. Totaliza cerca de 300 km
de comprimento e 20 a 50 km de largura, sustentadas por
rochas calcárias (Boggiani et al., 1993). Apresenta vegetação
nativa de Floresta Estacional Decidual e Semidecidual,
Cerrado, Cerradão e áreas de encraves. Nos topos dos morros
apresenta aloramentos rochosos magmáticos e, em elevações
acima de 400 m, surge à formação de Campo Rupestre, com
ocorrência de cactáceas. Foram realizadas oito expedições
de coletas na Serra da Bodoquena, entre os anos de 2007 a
2011, com dez sítios amostrados.
A região do Aporé-Sucuriú foi amostrada para
visitantes florais e as vespas foram encaminhadas ao
Laboratório de Ecologia de Hymenoptera da FCBA-UFGD.
As coletas foram realizadas na bacia dos Aporé e Sucuriú,
envolvendo os municípios de Chapadão do Sul, Inocência
e Costa Rica. Este complexo caracteriza-se por apresentar
itoisionomias que vão desde o Campo Limpo ao Cerrado
sentido restrito, incluindo brejos e vegetação exótica com
eucalipto (Pagotto & Souza, 2006).
A Mata do Azulão, localizada no sul do estado, no
município de Dourados, consiste em um fragmento de Floresta
Estacional Semidecidual Atlântica, de aproximadamente 10
ha, com grande atividade agrícola e pecuária na região de
entorno.
Duas localidades foram amostradas na região do
Pantanal, sendo elas: Reserva Particular do Patrimônio
Natural Engenheiro Eliezer Batista e o Maciço do Urucum,
ambas localizadas no município de Corumbá, na bacia do Rio
Paraguai, com as formações lorestais de Floresta Estacional
(mata seca), Matas Ciliares e Cordilheiras.
Na região de Porto Murtinho temos a formação
lorestal de Chaco, com as transições lorísticas e ecótonos
de diferentes regiões itoecológicas, sendo reconhecidas
as seguintes itoisionomias: Savana Estépica GramíneoLenhosa, Savana Estépica Arbórea, Parque de Carandazais,
formações de encrave Chaco/Floresta Decidual e Chaco/
Cerrado, brejos, banhados e salitres (Abdon & Silva, 2006;
Noguchi et al., 2009).
2
Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ...
AUKO et al.
Tabela I. Pontos de coletas de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no período entre 2006 a 2011 no Mato Grosso do Sul, Brasil.
Localidade
1. SERRA DA BODOQUENA
Faz. Califórnia
Faz. Marambaia
Faz. Santa Laura
Faz. Santa Maria
Faz. Pitangueiras
Faz. Campo Verde
Rio Taquaral
Faz. Boqueirão
RPPN Cara da Onça
Cachoeira do Apa
2. APORÉ-SUCURIÚ
3. DOURADOS
4. PANTANAL
Maciço do Urucum
Serra do Amolar
5. CHACO
Faz. Porto Conceição
Faz. Santa Virgínia
Coordenadas
Data
56°50’57”S, 20°42’11”W
56°47’31”S, 20°50’26”W
56°44’54”S, 20°47’59”W
56°45’48”S, 21°25’39”W
56°35’20”S, 20°52’13”W
56°45’40”S, 21°22’49”W
56°38’14”S, 21°06’27”W
56°43’08”S, 21°07’14”W
56°44’13”S, 20°44’24”W
57°32’13”S, 22°09’49”W
52°30’00”S, 19°13’00”W
54°55’05”S, 22°12’24”W
II.2007; XI.2009
V.2007
XI.2007; IV.2008
II.2008
IV.2008; XI.2009
XII.2008
XI.2009
X.2011
XII.2011
V.2010
2006
2009/2010
57°28’00”S, 19°11’00”W
57°28’27”S, 18°05’25”W
V.2011; IX.2011
VII.2010; III.2011
57°54’38”S, 21°29’05”W
57°53’54”S, 21°43’10”W
XI.2010
V.2011
Métodos de coleta. Para este inventário rápido
contemplando a diversidade de vespas (Vespidae) no Mato
Grosso do Sul, as seguintes técnicas de amostragens foram
empregadas de forma não padronizadas:
Coleta ativa. Rede entomológica: nesta metodologia
incluem-se a observação em lugares que proporcionam algum
tipo de recurso para as vespas, como observações de lores,
ranchos abandonados e barrancos de rios. Esta foi a única
técnica de coleta utilizada em todas as áreas do Mato Grosso
do Sul amostradas neste trabalho.
Coleta passiva. Armadilha de Möericke: usada em
coletas realizadas no Chaco e na Serra da Bodoquena. Ao
todo foram dispostas 550 bandejas amarelas, contendo água
e detergente, sendo 50 por expedição de coleta, distando 10
m uma armadilha da outra.
Armadilha de Malaise. Esta técnica foi utilizada no
Chaco, na Serra da Bodoquena e no Pantanal (RPPN). Ao
todo no inventário foram recolhidas 30 amostras, dispostas
rente ao solo, por quatro dias consecutivos.
O material foi comparado com os espécimes
depositados na coleção referência do Museu de Zoologia
da USP e alguns exemplares foram determinados por
especialistas de seus respectivos grupos. O material
testemunho foi depositado na coleção de Hymenoptera
do Museu de Biodiversidade da Faculdade de Ciências
Biológicas e Ambientais (MuBio/UFGD), sob curadoria
do Prof. Dr. Rogério Silvestre.
Polistini, também com oito espécies e um gênero (Polistes
Latreille). Masarinae, com oito registros, foi representado
apenas pelos Masarini, com dois gêneros e duas espécies
(Ceramiopsis paraguayensis Bertoni, 1921 e Trimeria rubra
Hermes & Melo, 2006).
Os gêneros que apresentaram a maior riqueza entre
todos os Vespidae amostrados foram Omicron Saussure e
Zethus Fabricius com 10 espécies cada, enquanto que a
maior abundância em números de registros foi de Polybia
(gr. occidentalis) sp., Agelaia multipicta (Haliday, 1836) e
Polybia ignobilis (Haliday, 1836), respectivamente com 84,
64 e 60 registros. Entre as vespas solitárias, Pachodynerus
guadulpensis (Saussure, 1853) foi a que obteve o maior
número de indivíduos (32).
Foram amostradas 52 espécies na Serra da Bodoquena,
39 no Pantanal, 28 no Chaco, 25 na região do Aporé-Sucuriú
e 20 em Dourados. Sessenta e nove espécies foram registradas
em apenas uma das localidades amostradas. Quatro espécies
– Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824), Polybia
sericea (Oliver, 1791), P. ignobilis e P. (gr. occidentalis)
sp. – estão presentes em todas as áreas amostradas. Agelaia
multipicta, Zeta argillaceum (Linnaeus, 1758), Pachodynerus
guadulpensis e Hypalastoroides brasiliensis (Saussure, 1856)
foram encontradas em quatro das cinco regiões amostradas.
RESULTADOS
Não existem estimativas do número total de vespas
para o Brasil, devido à carência de estudos taxonômicos
e sistemáticos (Souza et al., 2003). A ocorrência de 105
espécies e de 35 gêneros no Mato Grosso do Sul conirma uma
alta diversidade imaginada para este estado, considerando
que muitas regiões no estado ainda não foram amostradas,
principalmente na bacia do rio Paraná. Segundo Santos
et al. (2007), ambientes estruturalmente mais complexos
tendem a apresentar maior riqueza e maior diversidade de
espécies de vespas devido à maior oferta de microhábitats,
Foram amostrados 648 indivíduos, com 105 espécies
e 35 gêneros registrados, representando as três subfamílias
presentes na Região Neotropical (Tab. II). Eumeninae
foi o grupo taxonômico mais rico, com 66 espécies, 21
gêneros e 230 indivíduos capturados. Polistinae, com 409
exemplares capturados é representado pelos Epiponini, com
21 espécies e 10 gêneros, pelos Mischocyttarini com oito
espécies e um gênero (Mischcyttarus Saussure) e pelos
Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017.
DISCUSSÃO
3
Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ...
AUKO et al.
Tab. II. Lista das espécies de vespas (Hymenoptera: Vespidae) amostradas no Mato Grosso do Sul de 2006 a 2011 (SB, Serra da Bodoquena; P, Pantanal;
Ch, Chaco; AS, Complexo Aporé-Sucuriú; MA, Mata do Azulão).
Espécies
Vespidae
Eumeninae
Alphamenes sp.
Ancistroceroides atripes (Fox, 1902)
Ancistroceroides alasteroides (Saussure, 1852)
Ancistroceroides conjunctus (Fox, 1902)
Ancistroceroides ruimaculatus (Fox, 1902)
Ancistroceroides venustus (Brethes, 1905)
Ancistroceroides sp.
Antezumia sp.
Brachymenes dyscherus (Saussure, 1852)
Cyphomenes anisitsii (Brethes, 1906)
Eumenes rufomaculatus Fox, 1899
Hypalastoroides brasiliensis (Saussure, 1856)
Hypalastoroides elongatus (Brethes, 1906)
Hypalastoroides nitidus (Brethes, 1906)
Hypalastoroides paraguayensis Zavattari, 1911
Hypancistrocerus advena (Saussure, 1856)
Hypancistrocerus relectorius (Dalla Torre, 1904)
Hypalastoroides sp.
Minixi brasilianum (Saussure, 1875)
Minixi sufusum (Fox, 1899)
Monobia angulosa Saussure, 1852
Monobia apicalipennis Saussure, 1852
Montezumia azurescens (Spinola, 1851)
Montezumia ferruginea Saussure, 1856
Montezumia infernalis (Spinola, 1851)
Montezumia petiolata de Saussure, 1856
Montezumia sp.
Omicron criticum richardsi Giordani Soika, 1978
Omicron paranymphum (Zavattari, 1912)
Omicron ruicolle schunkei Giordani Soika, 1978
Omicron spegazzinii Brethes, 1905
Omicron tegulare (Fox, 1899)
Omicron tuberculatum (Fox, 1899)
Omicron sp. 1
Omicron sp. 2
Omicron sp. 3
Omicron sp. 4
Pachymenes ghilianii (Spinola, 1851)
Pachymenes picturatus (Fox, 1899)
Pachymenes sp.
Pachodynerus brevithorax (Saussure, 1852)
Pachodynerus corumbae (Fox, 1902)
Pachodynerus grandis Willink & Roig-Alsina, 1998
Pachodynerus guadulpensis (Saussure, 1853)
Pachodynerus nasidens (Latreille, 1812)
Pachodynerus serrulatus Brèthes, 1920
Parancistrocerus longicornutus (Dalla Torre, 1904)
Parancistrocerus sp. 1
Parancistrocerus sp. 2
Plagiolabra andina Brethes, 1906
Plagiolabra nigra Schulthess, 1903
Santamenes novarae (Saussure, 1867)
Stenodynerus sufusus (Fox, 1902)
Stenodynerus sp.
Stenonartonia apicipennis (Fox, 1902)
Zeta argillaceum (Linnaeus, 1758)
Zethus chapadensis Bohart & Stange, 1965
Zethus cylindricus Fox, 1899
Zethus dubius Smith, 1857
Zethus iheringi Zavattari, 1912
Zethus hilarianus Saussure, 1856
Zethus mexicanus Bohart & Stange, 1965
Zethus romandinus Saussure, 1852
Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017.
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Localidades
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1
1
4
Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ...
AUKO et al.
Tab. II. Cont.
Espécies
Zethus schrottkyanus von Ihering, 1911
Zethus sessilis Fox, 1899
Zethus (gr. almecos) sp.
Masarinae
Ceramiopsis paraguayensis Bertoni, 1921
Trimeria rubra Hermes & Melo, 2006
Polistinae
Agelaia multipicta (Haliday, 1836)
Agelaia pallipes (Schrottky, 1911)
Apoica lavissima Vecht, 1972
Apoica pallens (Fabricius, 1804)
Brachygastra augusti (Saussure, 1854)
Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824)
Brachygastra moulae Richards, 1978
Brachygastra istulosa Naumann, 1968
Metapolybia sp.
Mischocyttarus sp. 1
Mischocyttarus sp. 2
Mischocyttarus sp. 3
Mischocyttarus sp. 4
Mischocyttarus sp. 5
Mischocyttarus sp. 6
Mischocyttarus sp. 7
Mischocyttarus sp. 8
Parachartegus smithii Saussure, 1854
Polistes canadensis (Linnaeus, 1758)
Polistes ferreri Saussure, 1853
Polistes simillimus Zikan, 1951
Polistes versicolor (Olivier, 1792)
Polistes sp. 1
Polistes sp. 2
Polistes sp. 3
Polistes sp. 4
Polybia sericea (Oliver, 1796)
Polybia ignobilis (Haliday, 1836)
Polybia (gr. occidentalis) sp.
Polybia paulista Ihering, 1896
Polybia sp.
Protonectarina sylveirae (Saussure, 1854)
Protopolybia exigua (Saussure, 1906)
Protopolybia sedula (Saussure, 1854)
Pseudopolybia vespiceps (Ducke, 1907)
Synoeca cyanea (Fabricius, 1775)
Synoeca surinama (Linnaeus, 1767)
maior disponibilidade e diversidade de recursos alimentares
e de substratos de nidiicação.
Garcete-Barrett (1996), em um inventário rápido
na Reserva Nacional del Bosque Mbaracayú no Paraguai,
registrou 28 espécies de Polistinae e 15 de Eumeninae,
totalizando 43 espécies. Diniz & Kitayama (1998) levantaram
na Chapada dos Guimarães 36 espécies, em 50 exemplares
amostrados, indicando uma alta diversidade deste grupo
para o Cerrado. Hermes & Köhler (2004) identiicaram 70
espécies provenientes da área do Cinturão Verde de Santa
Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.
Se considerarmos apenas a fauna de Polistinae,
veriicamos que Silveira (2002) na Amazônia, amostrou
79 espécies em 18 gêneros, em um período de um ano,
enfatizando que 2/3 da diversidade das vespas sociais
do Brasil está nesta região e grande parte desta fauna é
endêmica. Na Bahia, Santos et al. (2009) amostraram 19
Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017125, 2017.
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1
1
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espécies em 13 gêneros de vespas sociais, distribuídas em
três itoisionomias diferentes de Cerrado. No Mato Grosso
do Sul foram registradas 37 espécies e 12 gêneros.
Apesar das metodologias de coleta nos trabalhos serem
diferentes, em relação principalmente ao número de amostras
e esforço amostral, a diversidade no MS foi relativamente
alta em comparação com outros inventários na América do
Sul. Mesmo sendo utilizados métodos não padronizados
nas cinco regiões amostradas no estado, observamos uma
alta beta diversidade; isto indica uma forte tendência na
substituição das espécies nas diferentes assembleias de vespas
que coexistem nos diferentes ecossistemas no Mato Grosso
do Sul, corroborando com a ideia de que a heterogeneidade
ambiental infere uma elevada diversidade de vespas (Loyola
& Martins, 2008). Fatores como o estado de conservação das
áreas estudadas, a disponibilidade de recursos alimentares,
os locais de nidificação e a sazonalidade, podem ser
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Inventário de vespas (Hymenoptera, Vespidae) no Mato Grosso do Sul ...
determinantes na alta dissimilaridade entre as comunidades
de vespas (Santos et al., 2009).
Este levantamento preliminar da fauna de Vespidae
em algumas regiões do Mato Grosso do Sul, traz um número
expressivo de primeiros registros de ocorrência de espécies
para o estado. Isso se deve ao fato de nunca ter sido feito
um inventário sistematizado nesta região. A principal coleta
realizada até então foi anterior à divisão do Mato Grosso
(Richards, 1978); consequentemente os registros que
encontramos na literatura são apenas para o MT, mesmo
que possivelmente tenham sido feitas coletas em territórios
que hoje pertencem ao MS.
Inventariar a assembleia de Vespidae em ecossistemas
naturais resulta em uma ferramenta capaz de interpretar as
condições ambientais e o estado de conservação das áreas.
Estes insetos possuem características fundamentais para
serem utilizados como bioindicadores em planos de manejo,
por serem abundantes em inventários da entomofauna,
serem de fácil identiicação e por apresentarem um baixo
custo de amostragem (Morato & Campos, 2000). O gênero
Agelaia, por exemplo, é amostrado exclusivamente em
áreas contínuas de lorestas (Silveira, 2002) e pode ser um
indicador expressivo da conservação das áreas cobertas por
lorestas no MS.
Concluímos que o Mato Grosso do Sul possui
um mosaico de ecossistemas, muitas vezes integrados,
distribuídos ao longo de um vasto território, proporcionando
uma coniguração heterogênea na estrutura da comunidade,
o que relete uma alta beta-diversidade dessas vespas e gera
um imenso campo para estudos biogeográicos e ecológicos.
Agradecimentos. Agradecemos a Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento do Ensino, Ciências e Tecnologia do Estado de Mato
Grosso do Sul (Fundect) e a Superintendência de Ciências e Tecnologia do
Estado de Mato Grosso do Sul (Sucitec/MS) pelo convite de participação
neste fascículo especial da Iheringia, Série Zoologia e o suporte inanceiro
para sua publicação. Agradecemos a Sérgio Ricardo Andena (Universidade
Estadual de Feira e Santana – BA), Fernando Noll (UNESP), Marcel
Hermes (UFPR) e Bolívar Garcete-Barrett (UFPR), pela identiicação dos
espécimes. A Camila Aoki (UFMS - Campus de Aquidauana), pelos dados
fornecidos referentes ao Complexo Aporé-Sucuriú e Maciço do Urucum.
Aos pesquisadores do Laboratório de Ecologia de Hymenoptera: Manoel
Fernando Demétrio, pelas sugestões ao manuscrito e Bhrenno Maykon Trad,
Felipe Varussa e Nelson Rodrigues da Silva e pelas coletas de campo. Ao
CNPq, pelo apoio inanceiro. Agradecemos ao Instituto Homem Pantaneiro
de Corumbá e ao ICMBio de Bonito, pela autorização de coleta.
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