Figuras de prosa: a ideia da “prosa” como questão de poesia
Marcos Siscar1
A maior parte das pessoas nunca teria visto arte
se não conhecesse essa palavra.
Laura Erber, Os esquilos de Pavlov
O confronto com a prosa
A distinção entre prosa e poesia é um vau muito antigo e provavelmente bem
pouco profundo. Ela reitera o dispositivo tradicional da oposição e da hierarquia que
vem sendo contestado, mas também indiretamente reafirmado, com especial ênfase nas
últimas décadas. Por isso mesmo, não basta simplesmente retornar ao assunto, quando
ele vem à superfície, hoje, graças à metáfora da passagem rumo à prosa (“Vers la
prose” [“Rumo à prosa”] é o título de um ensaio de Pierre Alféri). É preciso, antes de
mais nada, entender o que, do ponto de vista do contemporâneo, está em jogo nessa
outra emergência (nos dois sentidos dessa palavra): no fato de que a questão vem
novamente à tona e de que chega com determinada urgência.
Em 1985, com “Ideia da prosa” (texto retomado posteriormente em “O fim do
poema”), Agamben já apontava para a necessidade de avaliar o enjambement, na poesia,
por oposição a um ideal de autonomia associado à ilusão de verdade. Ainda que
responda a uma indagação filosófica, a declaração constitui um marco para se entender
a importância que o contemporâneo vem dando ao problema da prosa na poesia, no
âmbito da crítica universitária ou do jornalismo, e o próprio interesse da poesia pelas
diversas “figura(s) de prosa”, segundo a expressão de Agamben. Mas a discussão não
deixa de remeter, igualmente, a propostas mais voluntariosas de transposição do “poema
em poema” para o poema “em prosa” e, em alguns casos, à passagem pura e simples
para a escrita narrativa como “gênero” herdeiro ou substituto da tarefa literária antes
conferida à poesia.
Em Agamben, especificamente, a prosa é a metáfora filosófica de um pensamento
que se constrói à vista de todos, lugar despossuído do ideal messiânico da revelação
1
Departamento de Teoria Literária, Universidade Estadual de Campinas, Brasil. E-mail:
[email protected]
(como explica João Barrento, no prefácio da edição portuguesa do livro), associado
tradicionalmente à palavra poética. O branco de Mallarmé, parte de uma suposta busca
pela autonomia poética, é aí o contraponto necessário do enjambement, dispositivo de
oscilação entre prosa e poesia, única figura que poderia definir o poético,
paradoxalmente, por associação ao fluxo da prosa. Para Agamben, o enjambement seria
o símbolo da aspiração ao “essencial hibridismo de todo discurso humano”2. Ainda que
a poesia, posteriormente, seja reaproximada do poder de hesitação e de suspensão do
enjambement, em “O fim do poema”, não é descabido especular sobre a sugestão subreptícia de transposição do poema que palpita na nomeação de seu “fim”, como gesto na
direção de uma ideia de prosa3.
Não por acaso, essas considerações de Agamben aparecem em meados dos anos
1980 quando, em diversas partes, se anuncia o “fim das vanguardas” experimentais,
para as quais, como se sabe, Mallarmé teve um papel importante. Trata-se de um
momento percebido como de esvaziamento e de fechamento, que coincide com a
intensificação de um discurso sobre a crise da arte4. A questão da transposição do
poema se coloca, então, do ponto de vista da poética e da história literária, na
perspectiva das possíveis “saídas” da poesia, entendida eventualmente como recusa das
oposições que a imobilizam. Uso a palavra de propósito, uma vez que Sorties é um
título importante do crítico e poeta francês Jean-Marie Gleize, publicado em 2009. O
trabalho de Gleize, a partir da leitura de Ponge e do “objetivismo” americano, nesse
sentido, é bastante significativo e desemboca, em 1999, no livro Les chiens noirs de la
prose [Os cães pretos da prosa]. Na escrita de Gleize, a urgência da “nudez” (a nudez da
literalidade) remete diretamente ao desejo de “prosa”, a partir de uma crítica da
subjetividade e da figuração poéticas.
Alguns anos depois, outro autor relevante para a discussão sobre a prosa na
poesia, o poeta Pierre Alféri (aliás, tradutor de Agamben para o francês), já havia
acrescentado sua voz ao debate com um curto texto, “Vers la prose”, bastante
elucidativo sobre o assunto. O texto não deixa de precaver-se contra abordagens
ingenuamente opositivas: “A prosa não é um gênero, nem o oposto da poesia”. Aliás, o
2
Agamben. Ideia da prosa, p. 32.
Agamben. “O fim do poema”, texto publicado originalmente em 1996. O procedimento é bem distinto
daquele que ocupa Merleau-Ponty, em ensaio de 1952, intitulado La prose du monde, no qual se trata, a
propósito da literatura, de empreender uma distinção entre o prosaico e o não prosaico (isto é, “grande
prosa”).
4
Permito-me remeter a meu texto “O tombeau das vanguardas”, a ser publicado pela revista Alea, v.16, n.
2, 2014.
3
próprio título permite-se uma ambivalência: a palavra “vers” é também “verso”5, o que
complica a simples ideia do gesto de contradição. Entretanto, é preciso reconhecer que a
semântica mais comum da palavra “vers”, nesse tipo de expressão (significando
“rumo”, “na direção de”), é confirmada pelo texto, para quem a prosa é um “ideal” ou,
pelo menos, um “horizonte”: “A prosa não é um gênero, nem o oposto da poesia. É o
ideal baixo da literatura, em outras palavras, um horizonte, e lhe insufla um ritmo, uma
política.”6.
Se reconhecermos que, de fato, “mais do nunca, a poesia hoje se defronta com a
prosa”, como afirma Jean-Michel Maulpoix7, o cálculo desse ritmo e a discussão sobre
essa política – aos quais se refere Alféri – são fundamentais. Num momento em que a
questão ganha fóruns amplos8, é necessário não perder de vista o contexto moderno da
discussão sobre a prosa, os percursos teóricos que o debate contemporâneo ajuda a
reconhecer e a reconstituir. Apenas assim é possível entender em que consiste seu
horizonte, suas consequências político-institucionais e, sobretudo, que tipo de desafio
esse debate coloca à poética e à poesia do presente.
A poesia e seus limites
A primeira proposição que gostaria de fazer, em relação ao tema, é a de que a
prosa é uma questão de poesia. Melhor dizendo, aquilo que chamamos “prosa”, quando
discutimos a relação entre prosa e poesia, constitui uma das questões fundamentais,
senão a mais importante, da reflexão que a poesia moderna vem fazendo sobre si
mesma. Nesse sentido, interessa-me a questão da “prosa” como um problema
tradicionalmente, ou convencionalmente – embora não exclusivamente –, da
competência e do interesse da poética.
É sabido que, da diferença com a prosa, a poesia e a teoria literária do século XX
habituaram-se a retirar uma definição da poesia, tratando-a como uma interrupção da
5
Como chamam a atenção Masé Lemos e Paula Glenadel, na apresentação à tradução brasileira do
ensaio, publicada na revista Alea, em 2013.
6
Alféri. “Vers la prose”. Todas as citações utilizadas neste ensaio foram traduzidas pelo autor; a cada
passo, o original é apresentado em nota. “La prose n'est ni un genre ni l'opposé de la poésie. Elle est
l'idéal bas de la littérature, autrement dit un horizon, et lui souffle un rythme, une politique.”.
7
Maulpoix. “La poésie française depuis 1950”; “plus que jamais, la poésie est aujourd’hui aux prises
avec la prose”.
8
Em trabalhos universitários no Brasil (Masé Lemos, Marcelo Jacques de Moraes), na Argentina
(Florencia Garramuño), nos EUA (em números especiais de revista como Formes Poétiques
Contemporaines, n.10, “Envers La prose”) ou com a organização de colóquios (como “Dialectique de la
prose et de la poésie”, Université François-Rabelais), para citar apenas exemplos recentes.
prosa – ou do prosaísmo – da linguagem. Para me ater a um exemplo conhecido, a
constituição do poético a partir de sua diferença em relação à prosa é um elemento
basilar da poietica de Paul Valéry. Entretanto, ou talvez por isso mesmo, cada vez que a
poesia dessa grande época se sente concernida pela prosa (lhe concede espaço, caminha
na sua direção, perdendo a clareza ou a necessidade de suas fronteiras e de suas tarefas),
a evidência de um mal estar tende a se instalar. Chamo de “discurso da crise” a elevação
desse mal-estar a elemento constitutivo da reflexão que a poesia faz sobre sua situação.
Nesse sentido, a questão poética da prosa não deixa de ser um avatar, uma nova e
singular metamorfose, da chamada “crise da poesia”. Se o paralelo for pertinente, essa
crise poderia ser redefinida como negociação contínua (sujeita a vários tons: pensativo,
resistente, autonomista, hibridizante) que a poesia realiza com a prosa, ou seja, com
aquilo que eu nomearia como a questão dos seus limites. Se há uma história da crise,
essa história poderia eventualmente ser narrada como percurso da relação com a ideia
de prosa, relação marcada pela atitude frequentemente hostil que agita o discurso
poético contra si mesmo, como tradição ou como instituição; e um dos estados dessa
crise seria a interrogação contemporânea sobre a passagem para a prosa, para o
horizonte da prosa ou, pelo menos, para aquilo que se promete com esse nome.
Antes de abordar mais diretamente o assunto, é preciso lembrar que a história das
negociações da poesia com a prosa é mais comumente relatada pelo viés da emergência
do poema em prosa. Se, em séculos anteriores, assuntos prosaicos se valiam do verso
para se legitimar no campo das “belas letras”, a reflexão moderna sobre a situação e
sobre as possibilidades históricas da poesia levou-nos a buscar outra relação com o real
(dando destaque a tudo aquilo que é contemporâneo, por exemplo), mas também outra
relação com a forma (recusando o aspecto normativo da tradição poética). É no
cruzamento entre essas duas preocupações que se poderia explicar a aproximação com a
prosa. Não por acaso, a aproximação coincide com as ambivalências (ou
“contradições”) da assim chamada “modernidade” e tem um ponto de referência
fundamental em Baudelaire, autor de Spleen de Paris (ou Pequenos poemas em prosa),
livro que vem ganhando prestígio na fortuna crítica recente do autor. É em Spleen de
Paris que Gleize, por exemplo, encontrará as evidências de algo como um ideal baixo
da literatura, por oposição ao ideal alto de As flores do mal, opondo ao mistério sublime
dos gatos (fechados nas quatro paredes dos poemas em verso) a figura mais prosaica do
cachorro (que passa sem destino pelas ruas dos poemas em prosa).
A história do investimento que a poesia faz na prosa, como recurso expressivo, é
vasta e sua discussão é antiga. Basta lembrar que a história da “forma” poema em prosa,
como subgênero (aliás, tradicionalmente considerado “menor”) da poesia, representante
metonímico de sua relação com a prosa, vem sendo trabalhada seriamente como questão
universitária desde pelo menos os anos 1950, nomeadamente, com o trabalho de
Suzanne Bernard. No que tange à relação entre prosa e poesia, portanto, a questão do
poema em prosa é a abordagem mais tradicional, do ponto de vista da genealogia das
formas e do sentido das tradições.
De minha parte, creio que a relação entre prosa e poesia não se limita à história do
poema em prosa, nem revela seus aspectos mais decisivos por meio dela. Tampouco se
acomoda à mera inversão da hierarquia, pela exposição de casos em que a prosa poética
promoveria a apropriação da “poesia” em uma tradição de prosa. Parece mais
consistente retomar a resposta de Agamben à questão da prosa como momento exemplar
de uma das vertentes da reflexão contemporânea, que passa a considerar a questão por
um prisma mais “pensante”. Este já era, antes de Agamben, o caso de Michel Deguy,
por exemplo em Donnant Donnant (de 1981), quando evoca a “hesitação prolongada
entre poema e prosa”, adaptando a hesitação valeriana entre som e sentido ao contexto
de uma discussão mais ampla sobre o lugar prosaico da poesia. Agamben, por sua vez,
evita pensar em termos de distinção e de hierarquia de gêneros. Sua abordagem dá
destaque ao hibridismo que, nas últimas décadas, tem ocupado um lugar importante na
reflexão sobre a literatura e sobre a cultura, associando-a diretamente a questões que são
ao mesmo tempo de filosofia, de política e de antropologia, como é o caso da noção de
comunidade. Em termos mais próximos da discussão recente sobre a poesia, essa
“mestiçagem da poesia com os outros gêneros”, na expressão de Jean-Claude Pinson9,
faz parte do horizonte de nossa época.
Creio que um pensamento do hibridismo é necessário, nas suas diversas
manifestações. De certo modo, a própria poesia aponta para ele, ao colocar em primeiro
plano a difícil questão de seus limites, de suas margens; ou seja, no fundo, a questão de
seu “outro”. Essa problemática, inclusive, tem muito a ganhar no contato com o
pensamento filosófico, a fim de superar falsos problemas e conflitos destituídos de
horizonte interdisciplinar. Entretanto, também me parece importante manter em
perspectiva os dados mais imediatos do discurso e da vida literária, em especial do
9
“Apud Guillaume. Poétiques et poésies contemporaines, p. 49.
modo como se manifestam especificamente na obra (poesia, crítica, escritos diversos)
dos poetas. Uma história da relação entre prosa e poesia precisaria atentar para as
tensões e negociações teóricas e históricas que a motivam, e não apenas para suas
misturas (isto é, para seu ideal de mistura), frequentemente conflituosas. Nesses pontos
de tensão, em que oscilam os limites dos gêneros, sempre em metamorfose (em
discussão, em redefinição), estão os pontos sensíveis que nos ajudam a reconhecer os
desafios estéticos e culturais do contemporâneo. A considerar a questão poética da
prosa, inserida num caldo de “debate” (palavra importante para Gleize), a atenção ao
modo de constituição das suas contradições e das suas crises é um momento
fundamental.
Qual seria, então, o sentido específico do desejo de ir rumo à prosa? “Digo a
Jacques Roubaud que é realmente o caso de ir rumo à prosa, uma prosa que seja prosa”,
afirma Gleize10. O que dizer do ritmo e da política que estão em perspectiva nesse
desejo de horizonte, a fim de sair daquilo que é nomeado como “poesia”?
Do ponto de vista da negociação entre a poesia e seus limites, um dos momentos
mais significativos da história do poema em prosa talvez seja a obra de Francis Ponge,
autor em que a questão ganha corpo e coerência com aquilo que parece estar em jogo,
hoje. Pode-se dizer que, em Ponge, a relação com a prosa assume, mais diretamente, um
sentido “autocrítico”11. Encontramos, em Parti pris des choses (1942), em Lyres (1961)
e sobretudo nos Proêmes (1948), procedimentos em contradição declarada com o
“formalismo” e com o “lirismo”, a serviço de uma poética que relativiza seus elementos
mais básicos como o privilégio do verso, a unidade do poema, a metáfora como
produtora de sentido, o sujeito como centro de interesse do poema: uma pulsão na
direção da prosa, do inacabamento das notas e rascunhos, dá testemunho de um desejo
de superar o universo da “poesia”. Em livro recente, organizado por Gleize, Ponge é “o
nome de um poeta para quem a poesia já não existia. Francis Ponge é o nome de um
poeta para quem a poesia ainda não existia. [...] Ele falava de ‘poesia batida achatada
Apud Destremau. “Entretien avec Jean-Marie Gleize”. “Je dis à Jacques Roubaud qu'il y a bien lieu
d'aller vers une prose, une prose qui soit une prose”.
11
Esse escopo autocrítico já definia a relação que as vanguardas do início do século XX tinham com a
poesia. Mas, no que se refere especificamente ao diálogo com a prosa, Ponge constitui um marco
importante, no qual a exploração dos limites da poesia permite uma objetivação que pretende superar não
apenas as convenções do gênero, mas até mesmo o caráter organizador do sujeito lírico e, portanto, a
própria oposição entre sujeito e objeto.
10
em prosa’ ou de ‘prosa achatada’ [...] Francis Ponge realmente é, como pretendia, um
‘suscitador’”12.
Ainda que devamos considerar o aporte significativo da tradição americana,
inclusive na leitura recente de Ponge, a matriz pongiana não deixa de ser um momento
decisivo para se compreenderem as atuais poéticas francesas da “literalidade”, como a
de Gleize (autor de vários estudos sobre Ponge), de Alféri ou, ainda, de Nathalie
Quintane, Christophe Tarkos, Olivier Cadiot, Christophe Hanna, Emmanuel Hocquard,
entre outros – todas, ainda que de modo distinto, interessadas pela prosa, hostis ao
assim denominado “novo lirismo” (repensado como “lirismo crítico”, por Jean-Michel
Maulpoix), naquilo que tem constituído um dos debates mais intensos e relevantes das
últimas décadas na França13.
No Brasil, de João Cabral (que não gostava de ser chamado de “poeta”14) a Carlito
Azevedo (que reivindica diretamente a noção de “prosa”), a questão se manifesta em
contexto diverso15, mas encontra pontos de contato significativos.
A prosa como horizonte
O afastamento da excepcionalidade, do “milagre” ou do “halo” poéticos
(GLEIZE, 1999), a recusa do lirismo e da expressão subjetiva, a incorporação da
linguagem do real imediato e nu (resumida pela imagem do “cão”), a crítica à figuração,
à formalização do poema como unidade acabada, ainda que não sejam capazes de
distinguir formalmente o texto escrito em verso do texto escrito em prosa, como lembra
Florencia Garramuño16, fazem parte da discussão contemporânea sobre o assunto, pela
via de uma resistência a elementos nomeadamente “poéticos”.
Gleize. Ponge, résolument, contracapa do livro; “un nom d’un poète pour qui la poésie n’existait plus.
Francis Ponge est le nom d’un poète pour qui la poésie n’existait pas encore. [...] Il parlait de ‘poésie
tapée aplatie en prose’ ou de ‘prose aplatie’ [...] Francis Ponge est bien, comme il le prétendait, un
‘suscitateur’.”
13
Esse debate é reconstituído por Michel Collot, em “Lyrisme et littéralité”.
14
Bonvicino. “Um encontro com João Cabral”.
15
Em atenção especificamente ao contexto linguístico e institucional francês, remeto à discussão de
Marcelo Jacques de Moraes (2014, no prelo) sobre Gleize. Na Argentina, o trabalho de Tamara
Kamenszain, cuja obra reunida tem por título La novela de la poesía (2012), também dá testemunho
muito claro da importância do paradigma da prosa, hoje.
16
A autora observa, em seu estudo sobre o “passo da prosa” no contemporâneo, que é difícil sustentar
diferenças de forma “cuando se contrastan los poemas en prosa con poemas en verso que poca diferencia
tienen en esa expansión de lo poético [a desliricização da lírica moderna] – salvando el corte del verso –
con los poemas en prosa” (2013, no prelo).
12
Para entender plenamente o alcance da discussão, é preciso não perder de vista a
concepção de poesia que ela coloca em jogo. Se hoje muitos discursos ensaiam uma
aproximação meditada à ideia de prosa, isso se explica não apenas em oposição ao
“lirismo” ou a hegemonias determinadas, mas também como uma espécie de recusa do
terreno dito “autonomista” em que teria se movido a poesia na tradição moderna – de
Mallarmé (tradicional exemplo da “poesia pura”) aos autores próximos à revista Tel
Quel, do “esteticismo” do fim do século XIX ao “formalismo” estruturalista. Os debates
em torno da “desrealização” como centro da tradição poética moderna (sobretudo,
francesa), como sabemos, se firmaram a partir do trabalho de Hugo Friedrich (1978) e
constituem momento decisivo das reformulações críticas sobre o assunto, a partir do
final dos anos 1960, por autores como Michael Hamburger (2007), Paul de Man (1999),
Alfonso Berardinelli (2007), entre outros. Esses debates evidenciam sobejamente que a
discussão (colocada, aliás explicitamente, por Berardinelli em termos de uma passagem
da “poesia” à “prosa”) está relacionada com a recusa da poesia como expressão
“autônoma”, isto é, aquela que procura um lugar de exceção e, aproveitando-se do
privilégio de sua condição, mistifica o espaço da linguagem, virando as costas para a
experiência comum, para o real, para a sociedade.
O debate com Mallarmé reaparece, por isso, em vários desses autores17. Em
Gleize (1999), Mallarmé está relacionado com o verso, com o mistério, com o “recuo”
reivindicado pelo poeta, embora apareça também como “suscitador” de um
deslocamento em termos do trabalho com a página, lugar onde a obra de Mallarmé
continuaria a “mostrar as unhas” (p. 208). Com ele, em todo caso, ainda estamos
distantes da “poesia objetiva possível”. Aproximar-se da prosa seria uma maneira de dar
um passo na direção do real, da imediatez antes excluída pelo sentido do “mistério”;
significaria abandonar a autocomplacência sublimadora que desdenha da vida e de suas
múltiplas vozes.
É verdade que Gleize reivindica uma solução em aberto para a poesia. Trata-se de
uma obra que recusa claramente o “dualismo”. Para o autor, Ponge e Denis Roche
fariam parte de um momento em que a poesia passou pela “fase crítica” em relação a
seu próprio mito; a tarefa do contemporâneo seria, mais especificamente, a de elaborar
os novos dispositivos e de fazer a sua teoria. A escrita poética de Gleize evoca, por isso,
A raridade poética que defendia Mallarmé, associada a uma política da “distinção”, a uma teoria da
“versificação”, a certo cratilismo poético, colocaram o poeta como paradigma do formalismo mistificador
e de uma visão da poesia descolada da vida comum. Tais paradigmas vêm sendo colocados em xeque pela
crítica do poeta.
17
não exatamente a transposição de “portas”, a consideração de um “depois”, mas a
situação de quem está permanentemente no trânsito dos “corredores”. O horizonte, aqui,
não é apenas o da poesia em prosa, mas o da “prosa em prosa” ou o do “devir-prosa”,
nas expressões usadas pelo autor18.
Entretanto, o desejo de superação rumo a um ideal “antipoético”19 não deixa de
pulsar entre as precauções teóricas e a ostensiva militância, emergindo nos paradigmas
de entendimento dos “dispositivos” contemporâneos. Se se trata, por exemplo, de
buscar a nudez integral, esse procedimento é associado frequentemente por Gleize ao
trabalho de limpeza da poesia: a imagem, que está presente também em Valéry e em
Ponge, é aqui adaptada e amplificada, de uma maneira que seria preciso averiguar,
juntamente com o estatuto dado à “literalidade” ou ao real.
No contexto de uma apresentação do problema poético da prosa, não custa
lembrar que muitos críticos do século XX, retomando o julgamento hegeliano do
descompasso entre a modernidade e o caráter fundador (“épico”) da poesia, usaram a
prosa como figura de atualidade para reforçar a centralidade da escrita romanesca.
Refiro-me não apenas à tradição inaugurada pelos escritos de Lukacs, mas também às
restrições que críticos como Barthes fazem à poesia, na sua visão da modernidade20. No
caso dos literalistas franceses, o horizonte da prosa é usado (num movimento distinto,
mas complementar) para assumir esse lugar que a modernidade poética teria
negligenciado, no qual o real comunica com a plasticidade e com o hibridismo. Assumir
a prosa é caminhar, como diz Alféri, na direção do “ideal baixo” da poesia, é descolarse da mistificação da altura e do sublime, atribuída à tradição poética e ao nome
“poesia”.
Renomeações da poesia
“La poésie est inadmissible” [“A poesia é inadmissível”] é a conhecida
formulação de Denis Roche (1967), a qual, dos anos 1960 para cá, acabou ganhando
estatuto de verdadeiro slogan da contestação literalista. De maneira que a oposição ao
lirismo, na sua formulação mais conclusiva, se não é uma oposição à escrita poética, é
claramente uma oposição ao nome “poesia”. A reflexão do próprio Michel Deguy, com
18
Gleize. Les chiens noirs de la prose, p. 87.
Gleize. Sorties, p. 44.
20
Silva. “Os tons da escrita & o lugar da poesia”.
19
quem Gleize entretém um debate consistente (sobre a plasticidade do híbrido, sobre a
questão do sublime e da figuração), converge com a dele em relação ao desconforto da
nomeação: embora encare seu trabalho como uma reflexão “no interesse da poesia”,
Deguy (2010) baseia-se claramente na constatação de que esta, a poesia, já não existe;
ou melhor, aquilo que chamamos “poesia”, hoje, está em mera relação de homonímia
com o que outrora atendia por esse nome.
Há, como é evidente, diferenças fundamentais entre o tratamento da “homonímia”
(em Deguy), a declaração do “inadmissível” (em Denis Roche) e a definição de poesia
como aquilo que não comporta uma “solução” (em Gleize). Entretanto, elas têm um
ponto comum: o de que o mecanismo da discussão sobre os limites da poesia é hoje um
mecanismo de nomeação ou de renomeação. Trata-se, no caso da “poesia objetiva
possível”, de retomar uma tradição poética que se estabelece a partir de uma crítica à
“auréola” do poeta (projeto já presente em Baudelaire, como devemos lembrar), dando a
essa tradição contornos atualizados e atribuindo-lhe o nome de “prosa”. Para Gleize,
assim como para alguns outros, a direção a ser trilhada é da “postpoésie” (“póspoesia”), aquilo que sobrevém à poesia na direção da prosa, da “prosa em prosa”. Tão
mais fundamental é a questão do nome quando a designação poesia, isso que chamamos
poesia (“Lapoésie” [“A-poesia”], para não falar da “repoésie” [“re-poesia”] ou da
“neopoésie” [“neo-poesia”]), é associada com aquilo que há de mais conservador: uma
espécie de “parnaso contemporâneo” preso ao universo escolar, baseado numa postura
cultural elitista e salvaguardado por uma presunção de autonomia.
Se “poesia” não é um gênero (como afirma Alféri), devemos concluir que é mais
exatamente um nome que deve ser destruído, mesmo quando a substituição é,
ironicamente, substituição pelo mesmo: “Substituir a palavra poesia pela palavra
poesia”21; mesmo quando, no final das contas, isso continua a ser chamado de poesia,
de acordo com outra formulação do mesmo autor22); mesmo quando se busca aquilo que
não tem necessariamente um nome23, ou quando não se tem certeza de que ainda haverá
um nome, um após. Apesar da complexidade da operação, resta que a poesia – a
designação pela qual se indica o elemento problemático – “não é grande coisa, ou
nada”, segundo Gleize24.
Gleize. Sorties, p. 31. “Remplacer le mot poésie par le mot poésie”.
Idem, p. 47.
23
Idem, p. 45.
24
Idem, p. 46.
21
22
O fato significativo da discussão sobre a prosa é, então, que o dispositivo central
da inserção no debate é o da manipulação do nome, substituição do mesmo pelo outro,
do mesmo pelo mesmo – em todo caso, uma operação de renomeação. O fenômeno de
oposição ao status quo do gênero, o ideal “antipoético”, que é antigo (e que já foi
designado como “ódio”, em Verlaine, ao fazer o elogio dos “poetas malditos”), tem essa
particularidade, ou talvez essa novidade, contemporânea: o fato de que a aversão à
instituição poesia traduz-se, estrategicamente, como uma recusa do nome “poesia” (e
seus derivados, como “poeta”, “poema” e daí por diante). A estratégia mobiliza o
caráter performativo da nomeação a fim de reforçar o conteúdo de determinada crítica
(mas também de determinada política) literária ou cultural.
A oposição às hegemonias dirige-se a um ideal (“baixo”) e faz da renomeação seu
gesto inaugural. A troca de nome claramente não é uma operação inocente, nunca é
meramente uma alternativa simples, apenas uma troca de embalagem: mais
essencialmente, ela modifica o jogo interno do sistema, a relação com a convenção ou
com as convenções. Se a questão da “prosa” não é meramente “formal”, é porque a
diferença se dá em termos de uma transformação da prática institucional daquilo que
vinha, até então, sendo chamado “poesia”. O próprio Alféri reconhece nesse
procedimento uma troca de horizonte estético e político. Nesse sentido, não deixa de ser
relevante constatar que Alféri vem se especializando atualmente em textos narrativos
aos quais dá o nome de “romance”, como é o caso Kiwi: Roman-feuilleton [Kiwi:
romance-folhetim], de 2012, no qual – descontada a leve ironia da palavra “folhetim” –
fica bem clara a alteração do enfoque literário, político e comercial do texto. E que,
inversamente, um livro como Météo des plages, de Christian Prigent, traga como
subtítulo “Roman en vers”, publicação apresentada como livro de poesia, ainda que seja
também um romance, mas um romance escrito para que o romance seja tué dans l’oeuf,
abortado. Essas diferentes estratégias não são exatamente experiências pacíficas de
hibridismo: ao remeter à questão formal de modo irônico, o debate sobre o horizonte
político e institucional da escrita é colocado em primeiro plano.
Sem desconsiderar a complexidade do “sentido inacessível” que Gleize25 atribui
ao acontecimento da renomeação “pós-poética”, é necessário também, ao mesmo
tempo, refletir sobre os ritmos e os lugares colocados em perspectiva pela renomeação.
Por meio desses ritmos e lugares, o tratamento da diferença de gêneros comunica com
25
Idem, p. 31.
determinadas políticas de educação e de cultura, determinada relação entre a literatura e
o leitor. Evidentemente, a renomeação não deixa de encontrar ecos nas opções formais
desses autores: a predominância de textos escritos sem o recurso do verso, o uso do
fragmento, a colagem, o “flash” de realidade, a “lista”, a estética do “rascunho” etc.
Mas é importante observar que, a esses procedimentos (aliás característicos da tradição
“poética” mais reconhecida), se soma um esforço de recategorização das obras e de sua
redistribuição no espaço institucional.
O que o caso de Alféri nos ajuda a enxergar é que uma das consequências
possíveis do procedimento da renomeação é a alteração no espaço de circulação, de
leitura e de discussão dos textos. O que está em jogo, em última instância, não é apenas
uma negociação com as diferentes visões da prática poética, mas a escolha de uma
tradição, de um lugar cultural, de determinado tipo de relação com o texto à qual essas
novas práticas de escrita, a partir de agora, se reportariam.
Em Gleize (por exemplo, em Les chiens noirs de la prose e Sorties), a discussão
sobre os limites da poesia não abandona tão facilmente o universo de referências da
tradição poética. Seu percurso revela uma tentativa (relativamente familiar aos projetos
críticos de vanguarda) de redesenhar essa tradição, reconstituir famílias, distinguir
projetos, colocando o poeta na nudez do seu “être-chien” [“ser-cão”], por meio de uma
poética do rascunho e da experiência aporética dos “corredores”. O recente Sorties
retoma amplamente o debate fragmentário de Les chiens noirs de la prose,
aprofundando o exame de seus pressupostos e de suas consequências; composto por
ensaios sobre história da poesia e poesia contemporânea, o livro faz também algumas
experiências retóricas, exibindo sumários de livros (à maneira de Hocquard) e
reproduzindo documentos diversos, inclusive páginas inteiras de Les chiens noirs de la
prose.
É verdade que o dispositivo da renomeação, ao qual me referi, encontra espaço e
sintonia com a discussão mais ampla sobre o contemporâneo da poesia como época de
“diversidade”26, de dissolução das hierarquias e convivência de projetos de diversa
ordem – isto é, como época de livres redefinições. A renomeação envolve, entretanto,
além da reorganização genealógica (da tradição como tradição de escrita objetiva, por
exemplo), novos efeitos hierárquicos. O espaçamento da renomeação não requisita,
necessariamente, um mecanismo substitutivo, mas é significativo o fato de que se baseia
26
Siscar. “O tombeau das vanguardas”, texto no prelo.
em um discurso de limpeza, que indicia o desejo da tabula rasa (“Agora a cena está
vazia. Os louros estão cortados. O chão está plano, solo livre, lavado, simplificado”, diz
o primeiro texto de Sorties27.
A discussão francesa sobre a passagem rumo à “prosa”, nesse ponto, reaproximase das estratégias da vanguarda tradicional, de seu tratamento específico da ideia de
crise, de seu interesse, eu diria, em exteriorizar ou em recalcar a crise. O diálogo que a
maioria desses poetas mantém com a tradição objetivista americana e a reivindicação
que fazem de uma inserção ativa (discretamente coletiva) no debate são significativos.
Poetas como Charles Reznikoff, George Oppen, Carl Rakosi e Louis Zukofsky são
mencionados como influências importantes pelos próprios interessados 28.
Apesar do prefixo, a pós-poesia não é exatamente pós-moderna, ou de “pósvanguarda”, a não ser que auscultemos nesses termos os fantasmas, as reelaborações, as
contradições próprias a esse desejo de ruptura histórica. Lembremos que a crítica ao
lirismo já fazia parte das questões da vanguarda do início do século: em seu texto
programático mais conhecido, “L'esprit nouveau et les poètes”, Apollinaire se manifesta
sobre o lirismo como um domínio entre outros da experiência literária em curso na sua
época; porém, essa experiência é concebida em termos de “aventura” ou de
“preparação”. Se a distinção entre preparação e saída pode parecer especiosa, em
alguns pontos, creio que o debate atual poderia ser efetivamente nomeado, de uma
perspectiva histórica mais ampla, como uma outra “crise de vers”, segundo a célebre
proposição de Mallarmé. Para Gleize, a “crise du vers” (sic)29 permanece sendo um
fenômeno do século XIX. O mais provável entretanto é que, remetendo a um aspecto
fundamental da relação entre a poesia e seus limites, reatualizando a demanda feita ao
poeta de mergulhar no prosaísmo de sua tarefa histórica, a pós-poesia não deixe de ser
uma outra crise de versos, cuja emergência atual nos diz respeito.
Reconhecer os conflitos que estão em jogo nessa emergência é o primeiro passo
para se entender o que está em jogo nas partilhas entre, por um lado, as veleidades de
soberania, o preconceito cultural, o policiamento das fronteiras e, por outro lado, a
tabula rasa das tradições, o ódio compulsório às instituições, as novas políticas de
canonização.
Gleize. Sorties, p. 21. “Maintenant la scène est vide. Les lauriers sont coupés. Le sol est plat, terrain
dégagé, lavé, simplifié”.
28
A tese A topologia poética de Emmanuel Hocquard, de Marília Garcia (2010), explora o caso da
relação de Hocquard com Charles Reznikoff, por exemplo.
29
Gleize. Sorties, p. 44.
27
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