Blucher Design Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
www.proceedings.blucher.com.br/evento/11ped
Gramado – RS
De 29 de setembro a 2 de outubro de 2014
CRESCI, O RENOVADOR DOS MODELOS CALIGRÁFICOS ITALIANOS
CRESCI, THE REFORMER OF ITALIAN CALLIGRAPHY MODELS
Fetter, Sandro Roberto; Doutorando; Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS; Professor; Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter
[email protected]
Cunha Lima, Edna Lucia da; Doutora; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
Cunha Lima, Guilherme Silva da; PhD; Escola Superior de Desenho Industrial –
Esdi/UERJ
[email protected]
Resumo: Este artigo busca registrar a importância do desenvolvimento caligráfico do
mestre italiano Giovan Francesco Cresci, alinhando seu nome junto aos três principais
tratadistas italianos – Arrighi, Tagliente e Palatino –, e demarcando o ponto de ligação
entre os modelos chancelarescos italianos e o modelo comercial de letra inglesa, a
caligrafia dominante após a Revolução Industrial que formou a base dos primeiros
modelos de alfabetização utilizados na escola brasileira, assim como em boa parte do
mundo.
Palavras Chave: escrita cursiva; modelos caligráficos do Renascimento; tipos itálicos.
Abstract: This article seeks to register the importance of the calligraphic
development of the Italian master Giovan Francesco Cresci, aligning his name
with the three main Italian masters of Renaissance – Arrighi, Tagliente and
Palatino – and marking the point of connection between the Chancery Italic
models and the commercial model of English Letter the dominant handwriting
after the Industrial Revolution that formed the basis of the first models of
literacy used in Brazilian schools, as well as in most of the world.
Keywords: cursive writing; Renaissance calligraphic models; italic types.
2
O Renascimento é marcado pelas inúmeras transformações sociais, econômicas
e culturais que possibilitaram um amplo desenvolvimento que irá modificar
profundamente o cenário europeu, rompendo progressivamente com os valores feudais
e com os dogmas religiosos medievais. Na Itália, mais que em qualquer outro país
naquele momento, formou-se o cenário ideal para um expressivo desenvolvimento.
Cidades como Siena e, sobretudo, Florença, notabilizaram-se como centros econômicos
e culturais. Entre os motivos para o progresso da região estão tanto prósperas
administrações públicas, como o mecenato por parte de famílias abastadas, como os
Médici, os Este e os Montefeltro, que souberam usar a arte como ferramenta política e
de poder (BURKE, 1999). Atraídos pelas possibilidades de trabalho acenadas por
príncipes e ricos burgueses, intelectuais e humanistas como Francesco Petrarca (1304–
1374), Giovanni Boccaccio (1313–1375), Coluccio Salutati (1331–1406), Niccolò Niccoli
(1364-1437) e Poggio Bracciolini (1380–1459); e arquitetos e artistas como Leon Battista
Alberti (1404–1472), Fillippo Brunelleschi (1377–1446), Leonardo da Vinci (1452–1519) e
Michelangelo Buonarroti (1475–1564) fizeram dessas cidades dois dos principais palcos
do Renascimento.
Entretanto, se em Florença era possível ver e vivenciar as profundas
transformações no campo das humanidades, da arquitetura, das artes visuais e da
ciência, o mesmo não se pode dizer em relação à tipografia, recentemente desenvolvida
na Alemanha. Entre os motivos prováveis, uma resistência dos mecenas em relação ao
impresso produzido em série, que não seria, portanto, privilégio de uma única pessoa.
Talvez esse fato ajude a explicar a permanência e o sucesso dos livros manuscritos na
região da Toscana, mesmo após décadas do advento da prensa móvel (MANDEL, 2007).
Até o desenvolvimento da imprensa por Gutenberg, em meados do século XV,
a escrita era destinada às aplicações monumentais, em sua forma lapidar, e aos textos
religiosos e administrativos. Em menor proporção, atendia também à correspondência
interpessoal e à cópia de textos literários em livros manuscritos de circulação restrita,
principalmente entre os humanistas que se debruçavam sobre os escritos da
antiguidade clássica. Mesmo com o forte impacto no ofício dos copistas, gerado pela
nova técnica de reprodução gráfica, a escrita manual sobreviveu e se desenvolveu,
alcançando um maior espectro da sociedade. A fim de atender às crescentes
demandas dos manuscritos, os mestres calígrafos e si ava , e suas es olas da a te
de es eve e
– que surgiram no século XVI e se espalharam a partir da Itália
renascentista. Com o acesso aos meios de reprodução impressa, estes mestres
começaram a organizar seus manuais de escrita, onde defendiam os diversos modelos
caligráficos adaptados às várias necessidades da época: escritas jurídicas, notariais,
episcopais, atuariais, financeiras e contábeis, administrativas, diplomáticas, comerciais,
estudantis, privadas, diárias e outras.
Esses modelos caligráficos buscavam formas de letras legíveis e meticulosamente bem formadas, exigindo dos amanuenses do comércio e dos cartórios uma
fo ação igo osa e etódi a a a te de es eve e . Nesta épo a – e até
durante boa parte do século XX – a cultura de uma pessoa, sua formação e classe
social poderiam ser medidas pela apresentação de sua letra. As escritas do cotidiano
deveriam ser não apenas elegantes, como refletir a importância de seus registros,
caso a caso (FETTER, 2011).
O trabalho dos grandes calígrafos do Renascimento foi, sem dúvida, de grande
importância tanto para a tipografia quanto para a caligrafia.
3
No campo da tipografia, enquanto os primeiros tipógrafos do norte da Europa
copiaram os traços estruturados das blackletters (letras góticas), os italianos iniciaram
o refinamento das formas manuscritas das letras humanistas. Em Veneza, o francês
Nicolas Jenson (c. 1420–1480) e o italiano Aldus Manutius (1449–1515) desenvolveram
alguns dos mais influentes desenhos de tipos romanos. Apesar de baseados nas formas
da escrita humanística (littera antiqua), estes tipógrafos não apenas a imitaram. Ao
invés disso, regularizaram seus traços em formas que eram mais esculpidas que
manuscritas. Segundo Willen e Strals (2009), essa transformação, da escrita ao tipo de
metal, reflete uma abordagem clássica e racionalista, tão importante que definiu as
novas ferramentas e o método utilizados na produção tipográfica. O refinamento do
processo escultórico dos tipos de metal trouxe uma nova mecanização às formas das
letras, desvinculou o tipo da pena e preparou o terreno para o desenvolvimento que
seguiu. Entre os modelos caligráficos humanistas, a letra chancelaresca de Arrighi foi a
escrita mais prestigiada. Inegavelmente, a simplicidade e clareza de suas formas foram
fundamentais para sua perpetuação. No período seguinte, a região de Flandres e os
Países Baixos, adotaram os valores humanistas italianos e desenvolveram tanto a
caligrafia, quanto a tipografia, oriundas de Veneza e de Roma. Também na França, o
trabalho destes mestres gerou grande entusiasmo, sobretudo, junto aos tipógrafos e
impressores. Durante os séculos XVI e XVII, marcos universais da tipografia foram
desenvolvidos por nomes como Geoffroy Tory (c. 1480–1533), Simon de Colines (c.
1480–1546), Claude Garamond (c. 1480–1561), Robert Estienne (c. 1503–1559) e
Robert Granjon (c. 1513– c. 1580). Baseados nos tipos romanos de Manutius e na
escrita chancellaresca de Arrighi, Tagliente e Palatino, os novos tipos franceses aliaram
o rigor de suas origens góticas ao frescor da escrita humanística, consolidando a
estrutura do alfabeto romano tipográfico tal qual conhecemos nos dias de hoje.
No campo da caligrafia, as escritas humanistas – principalmente as de Poggio e
Niccoli – marcaram o início da formação dos modelos alfabéticos que foram aplicados
nos métodos para o ensino da escrita. O desenvolvimento destes modelos e métodos,
a partir dos tratados dos mestres calígrafos italianos, formará as bases do ensino
escolar da escrita manual no mundo. Em pleno século XXI, nos países que estudam
profundamente – e de maneira multidisciplinar – a formação dos modelos de
alfabetização, tais como a Inglaterra, a escrita itálica ainda é defendida como um dos
modelos mais práticos na formação de uma letra pessoal eficiente e legível.
Embora os nomes dos calígrafos Arrighi, Tagliente e Palatino sejam os mais
importantes na formação dos cânones caligráficos e tipográficos, coube a Giovan
Francesco Cresci o papel de renovador dos modelos italianos, num momento em que
estes já se encontravam desgastados. Foi este mestre, de certa maneira esquecido,
quem tirou proveito da emergente tecnologia da gravura em metal e reformou o
ductus chancelaresco, incrementando suas curvas, contrastes e arremates. É a história
dele que queremos registrar neste artigo, alinhando seu nome junto aos três principais
tratadistas italianos, e demarcando o ponto de ligação entre os modelos chancelarescos italianos e o modelo comercial de letra inglesa, a caligrafia dominante após
a Revolução Industrial que formou a base dos primeiros modelos de alfabetização
utilizados na escola brasileira, assim como em boa parte do mundo (FETTER, 2011).
4
Os precursores
No início de século XV, humanistas italianos1 inspiraram-se na minúscula
Carolíngia, que parecia representativa dos valores da antiguidade clássica, e
desenvolveram o modelo de escrita Humanística. A letra carolíngia foi tomada como o
modelo de escrita que melhor representava o pensamento secular que eles defendiam,
reconciliando clareza e sobriedade, o que na opinião dos mais destacados – como
Petrarca – não era atendido pelos modelos de blackletters vindos do norte
(PFLUGHAUPT, 2007).
A escrita humanística atinge sua perfeição formal ainda durante o Renascimento
italiano, impulsionada pelo florentino Giovanni Francesco Poggio Bracciolini (1380–
1459), reconhecido como criador da littera antiqua formata. Suas letras são redondas,
retas e regulares, com um conjunto inspirado nas formas da escrita carolíngia.
Outro florentino, e amigo de Bracciolini, que teria desempenhado importante
papel no desenvolvimento dos modelos caligráficos humanistas foi Niccolò Niccoli2
(1364–1437). Baseado na escrita carolíngia e na letra Mercantil (gótica cursiva utilizada
na Itália), ele teria desenvolvido uma empunhadura mais confortável da pena, inclinando
ligeiramente o ângulo de escrita e possibilitando mais rapidez e agilidade na sua
execução (FONSECA, 2008). Este segundo modelo formou a escrita humanística cursiva –
littera antiqua corsiva. Com o passar dos anos, e provavelmente pelo efeito da
aceleração do ductus, esta escrita adquiriu uma inclinação mais pronunciada e
configurou seu aspecto cursivo definitivo.
Ao final do século XV, entre os vários modelos de humanística cursiva
desenvolvidos, dois deles se destacaram: cancellaresca formata, reservada para os
propósitos literários e textos mais importantes, e a cancellaresca corsiva, destinada ao
trato diplomático, textos administrativos e notariais, breves e bulas papais. O primeiro
modelo (cancellaresca formata) – relacionado ao cursivo de Niccolò Niccoli – apresenta
formas pequenas e mais contidas, executadas com rapidez, leve inclinação com
ascendentes e descendentes relativamente curtos e arrematados com serifas
horizontais, ou angulares. Já o segundo modelo (cancellaresca corsiva) – desenvolvido
principalmente pelos mestres calígrafos italianos Arrighi, Tagliente e Palatino – é mais
compacto e angular. Suas letras longas apresentam extensões que se prolongam além
da altura de letra, avançam acima ou abaixo das linhas de base e terminam em traços
curvos característicos (PFLUGHAUPT, 2007; FETTER, LIMA e LIMA, 2010).
Enquanto a cancellaresca formata serviu de base para os tipos itálicos de
Manutius e Griffo (1501), a cancellaresca corsiva de Arrighi baseou seu próprio tipo
itálico, utilizado pela primeira vez em seu manual Il Modo di Temperare le Penne (1523),
e inspirou sucessivas interpretações tipográficas, tais como o tipo itálico de Garamond
(1530) (FETTER, LIMA e LIMA, 2010).
1
Alguns humanistas eram também copistas, outras vezes trabalhavam junto à estes especialistas em escrita na
reprodução de seus textos.
2
O desenvolvimento da escrita humanística cursiva a partir da humanística redonda é impreciso e dividido entre os
estudiosos que valorizam Niccolò Niccoli como seu criador, em 1423, e os que defendem uma evolução natural do
ductus humanístico quando executado com mais velocidade (FETTER, 2011).
5
Cresci, o renovador
Iniciada em 1545, com o Concílio de Trento, a Contrarreforma católica atinge o
seu apogeu no ano de 1560. Durante este período o ambiente em Roma torna-se
bastante tenso, a produção de documentos religiosos se intensificou e o modelo de
escrita chancelaresca – a letra padrão da administração papal – experimenta um
declínio. A simplicidade do modelo de Arrighi passou pelo exagero do traço de
Tagliente e de certa maneira estagnou na racionalidade do desenvolvimento de
Palatino. Sua velocidade e praticidade de execução é criticada pelos novos calígrafos.
Como quase tudo que não evolui, é possível que, após a rigidez racional
implantada por Palatino, a chancelaresca viesse a desaparecer. No entanto, em 1560,
Giovan Francesco Cresci lançou seu importante livro Essemplare di piv sorti lettere –
impresso pelas oficinas de Antonio Blado (1515–1567) –, revigorando a influência do
modelo. Segundo Mediavilla (2005), a obra foi uma verdadeira bomba nas pretensões
de Palatino, inviabilizando uma revisão – e ampliação para mais de 200 páginas – de
seu Libro Nuovo – impresso entre 1540 e 1588 em cerca de dez reedições –, que não
encontrou apoio nem financiamento.
A renovação de Cresci estabeleceu um novo modelo de letra itálica que viria a
influenciar toda a escrita na Europa durante a expansão comercial dos séculos XVII e
XVIII. O legado de seu trabalho possibilitou que a chancelaresca deixasse de ser um
modelo secular, rígido e estruturado, para se tornar uma verdadeira escrita cursiva
italiana de cunho vernacular (OSLEY, 1980).
Como os três mestres que o antecederam, Cresci também foi um escriba a
serviço da corte papal. Nasceu em Milão, por volta de 1534–5, onde foi educado e
faleceu em cerca de 1614. Em meados de 1552, seu pai – que fora agente e procurador
dos cardeais Salviati e Cibó – levou-o para Roma, onde passou a maior parte de sua
vida. Possivelmente por suas excelentes ligações, já em 1556, tornara-se escrivão na
Biblioteca do Vaticano e, em 1560, sua destacada atuação lhe possibilitou uma dupla
nomeação para a Capela Sistina.
Conforme Mediavilla (2005), o novo modelo cursivo de Cresci, batizado de
cancellaresca moderna ou testegiatta, é facilmente reconhecido por suas ascendentes
exageradas e arrematadas em forma de gotas elípticas. A testegiatta marca o fim de
um período, entre o século XVI e o início do século XVII. No desenvolvimento que se
segue, a partir de então, a chancelaresca clássica deixará de aparecer.
Essemplare di piv sorti lettere foi publicado 12 anos após a primeira edição do
manual de Vespasiano Amphiaero (c. 1490–1563), Vn Novo Modo d’Insegnar a Scrivere
et Formar Lettere di Piv Sort (Veneza, 1548), do qual empresta o formato horizontal, de
inspiração epistolar. Tanto o modelo quanto o método de Amphiaero tinham franca
influência de Tagliente, no entanto ele inovou ao misturar a chancelaresca clássica
com elementos da gótica jurídica, desenvolvendo um modelo híbrido (bastarda3) que
se destacava. Cresci observou esta inovação e, provavelmente, buscou avançar na
descoberta de seu antecessor. Como observado por Morison (1990), ele foi mais longe
Tanto Cresci quanto Palatino referem-se à chancelaresca do outro como “Bastarda”, fato que, segundo Morison
(1990), não facilita a definição deste termo impreciso. Conforme Harris (1995), a bastarda está relacionada aos
modelos cursivos mais práticos, derivados de uma escrita original mais formal. Ou seja, escritas “paralelas” e
auxiliares para textos menos importantes do dia a dia. Estes submodelos geralmente são híbridos, combinam
características cursivas e formais, e evoluem para escritas independentes então classificadas de bastardas. O termo
surge pela primeira vez, provavelmente, para nomear a Bastarda de Secretaria, na Inglaterra do século XIV, que
ficou conhecida com Bastard Secretary.
3
6
e apresentou em Essemplare o desenvolvimento – com aparente influência barroca –
de um novo modelo da chancelaresca da Renascença, repleto de inovações e
qualidades que lhe proporcionaram grande aceitação para uso comercial e de
correspondência. Algumas das edições de Essemplare foram concomitantes às edições
de Palatino e Amphiaero, e foi entre eles que Cresci estabeleceu sua competição,
principalmente com Palatino.
Autor de três livros-manuais4 e de dois controversos artigos5 sobre a escrita,
Cresci muitas vezes criticou também seus pupilos. Em Avertimenti (Veneza, 1579), foi
contundente sobre a fraqueza e falta de atributos de seus alunos, e até mesmo de seus
pais. Filhos de pais a ostu ados a o e , e e e do i de ais são i orrigíveis,
tolos e po es de visão – ele afi ou. E disse ais: u a dieta i lui do a e ola e o
alho levaria a uma falta de disposição e habilidade necessárias na arte da escrita, e, aos
canhotos faltavam talentos imprescindíveis, como a imaginação e a flexibilidade que a
ão exige du a te a es ita . C iti ou du a e te ta é o t a alho de est es
anteriores. Para ele, os modelos tradicionais – de Arrighi, de Tagliente e
principalmente o de Palatino – eram lentos e sem energia, formados por letras muito
estreitas e angulares, o que dificultava a união de uma letra com a outra. A preparação
da pena era demasiada larga e quadrada, gerando um traçado pesado e repleto de
ângulos aparentes (OSLEY, 1980).
Seu modelo chancelaresco rapidamente alcançou a preferência das classes
cultas da Itália, França, Holanda e Inglaterra, influenciando inclusive – mesmo que
parcialmente – as escritas da Inglaterra e dos Estados Unidos desenvolvidas durante os
séculos XVIII e XIX. Ele introduziu uma letra com forma mais arredondada, ligações
mais fáceis de executar e uma inclinação do eixo mais acentuada, tornando a execução
de seu modelo mais rápida para escrever. Segundo Morison (1990), uma das
características mais notáveis da chancelaresca de Cresci é o destaque na parte superior
das hastes ascendentes – daí o nome testeggiata – de b, d, h e l; as ascendentes são
curvadas para a direita e arrematadas em forma de gota, estes arremates são mais
negros, redondos e pesados, resultado de um maior depósito de tinta – que então era
mais líquida e favorável à pena preparada com uma ponta mais fina, arredondada e
flexível. As maiúsculas de Cresci apresentam traçados inusitados e rebuscados, muitas
vezes floreados e arrematados com as gotas negras, ora nos ascendentes ora nos
terminais inferiores e nas caudas.
4
Essemplare..., Roma, 1560; Il Perfetto Scrittore, Roma, 1570; Il Pefetto Cancellaresco Corsivo, Roma, 1579.
5
Avertimenti, Veneza, 1579; L’Idea… dello scrivere, Milão, 1622 – póstumo – (OSLEY, 1980).
7
Figura 1.
Chancelaresca de Cresci. Gravação em madeira. Il Perfetto Scrittore, Roma, 1570.
Fonte: Miland Publishers Nieuwkoop, Facsimile (1972).
Pelo menos sete edições do Essemplare foram publicadas em Roma e Veneza,
entre 1560 e 1600. Uma década após sua primeira publicação, Cresci lançou seu
trabalho mais ambicioso: Il Perfetto Scrittore (Roma, 1570). Conforme Morison (1990),
foi i p esso p ivada e te In Roma in casa del proprio autore & intagliato per
l'Eccellente intagliator M. Francesco Aureri da Crema , ue ta é foi o g avado da
publicação anterior.
O manual de Cresci consultado nesta pesquisa é Il Perfetto Scrittore (Rome,
1570), uma edição fac-similar de 1970, editada por Miland Publishers, em Nieuwkoop,
Holanda. Il Perfetto Scrittore é composto de duas partes. A parte I é composta por vários
modelos das escritas comerciais e cursivas. Na parte II, Cresci apresenta seu trabalho
sobre as capitais romanas, resultado de um profundo estudo nos monumentos romanos,
tais como a coluna de Trajano. Não é mais um tratado sobre as proporções geométricas
das capitais, como alguns de seus predecessores já haviam publicado6, mas sim um
minucioso e muito bem executado letreiramento (lettering)7 baseado na habilidade
manual e no refinamento ótico.
Apontamentos sobre a Escrita Humanística
Com base nos dados apresentados sobre os modelos caligráficos do
Renascimento, podemos apontar as seguintes constatações:
A escrita humanística possui suas minúsculas derivadas da escrita carolíngia e
versais das capitulares lapidares romanas. Estabelece-se em dois modelos
correntes, a escrita humanística redonda, de uso literário e erudito, com formas
bastante verticais e redondas (littera antiqua formata); e a escrita humanística
6
Fra Luca de Pacioli (1445–1517) De Divina Proportione, 1509; Albrecht Dürer (1471–1528), Underweysung der
Messung mit Zirkel und Richtscheyd, 1525; Geofroy Tory (1480–1533) Champfleury: Auquel est contenu Lart &
Science de la deue & vraye Proportion des Lettres Attiques, qu’on dit autrement Lettres Antiques, & vulgairement
Lettres Romaines proportionnées selon le Corps & Visage humain, 1529.
7 O termo letreiramento (lettering) refere-se aqui a técnica manual para obtenção de letras únicas a partir do desenho,
onde as partes significativas das letras são resultante de mais de um traço. Diferentemente da escrita manual e da
caligrafia onde as partes significativas das letras são resultantes de apenas um traço central. (FARIAS, 2004;
ESTEVES, 2010)
8
cursiva (littera antiqua corsiva), de cunho particular – provavelmente relacionada
ao trato notarial e administrativo –, mais inclinada e estreita;
O modelo de escrita humanística cursiva derivou-se em dois modelos principais,
ha ados de
ha ela es os . A ha ela es a lite á ia, (cancellaresca
formata), relacionada à cidade de Veneza, estabelece-se nos meios literários e
eruditos, apresentando formas limpas e pouca ornamentação. Sua letra
maiúscula é vertical e baseada nas romanas. Foi ela que serviu de base aos tipos
cursivos de Grifo e Manutius. O outro modelo é a chancelaresca cursiva
(cancellaresca corsiva), fortemente associada à cidade de Roma e à chancelaria
Papal. Apresenta formas mais elaboradas e cursivas, é mais compacta e seus
terminais geralmente são mais pronunciados e curvos. Suas maiúsculas
também são verticais; no entanto, mais elaboradas e caudais. É o modelo
inspirador dos mestres calígrafos apresentados nesta pesquisa. Além disso, é
importante referência na construção dos caracteres itálicos que constituem
muitas fontes tipográficas contemporâneas.
A chancelaresca, de um modo geral, é traçada com a pena num ângulo entre 35º e
45º em relação a linha de escrita. Suas letras são executadas quase sempre por um
único traço, levantando a pena o mínimo possível. As letras formata podem ser
diferenciadas pela arremate em serifa, e as cursiva pelas hastes terminadas em
traço curvo. Seus modelos podem ser classificados como:
Chancelaresca Formata – é uma escrita quase reta, limpa, redonda (construída
sobre um módulo próximo ao quadrado) com letras não ligadas. As ascendentes
são arrematadas com serifas triangulares, geralmente para a esquerda. As
descendentes são arrematadas com um traço horizontal. Tanto as ascendentes
quanto as descendentes são mais contidas, além disso, o desenho do g é diferente
do modelo cursivo. A escrita formata apresenta um resultado final de estabilidade
e suavidade.
Chancelaresca Cursiva – é relativa aos modelos de Arrighi, Tagliente e Palatino.
Sendo que o de Palatino é mais angular e rígido, traçado com uma pena de ponta
larga em corte oblíquo, enquanto os outros dois utilizam penas de ponta larga e
reta. A chancelaresca cursiva apresenta uma proporção mais estreita com hastes
pronunciadas que avançam, por um corpo ou mais, terminando em um traço curvo
característico. Suas letras são ligadas e o g possui um desenho particular.
Figura 2. Chancelaresca: à esquerda, letras em formata; à direita, letras em cursiva.
Fonte: do autor.
Chancelaresca Bastarda – é um modelo intermediário, com proporção estreita,
como a cursiva, e hastes mais contidas como a formata, além disso, seu g
aparece com o desenho da formata.
9
Chancelaresca Moderna – é o modelo de Cresci, que aparece em 1560. Possui
contraste mais sutil, próprio da pena mais apontada e flexível, e suas hastes são
arrematadas com gotas características. Segue o desenho do g caraterístico da
cursiva e apresenta desenhos alternativos para o e, o h, o p, e o r. Segundo nossos
levantamentos, este é o modelo que será desenvolvido, principalmente por
mestres holandeses e franceses, no período barroco. A evolução dos modelos
italianos se completará na conformação do estilo que ficou conhecido como
Copperplate, ou Letra Inglesa (English Round Hand). Na figura 3, podemos
observar uma síntese da evolução neste período, a partir da letra carolíngia.
Figura 3.
Evolução do traçado até o século XVI: carolíngio (séc. XI), chancelarescas de Arrighi (1520) e
Cresci (1570). Fonte: do autor
Encerramento: a influência da técnica nos modelos caligráficos
Os manuais de escrita começaram a aparecer no cenário iniciante do livro
impresso apenas quando o modelo de escrita chancelaresca já se encontrava
amadurecido. Marcam seu ponto culminante, não o início da tradição. Enquanto o
primeiro tipo itálico gravado em metal – de Manutius e Grifo – data de cerca de 1500, o
primeiro livro com modelos de escrita itálica não foi publicado até cerca de 20 anos
depois. Segundo Osley (1980), o principal motivo desta defasagem é certamente técnico.
A escrita dos mestres era impossível de ser reproduzida sem restrições em tipos
intercambiáveis de metal, para tal tarefa foi preciso aperfeiçoar a técnica de entalhe em
blocos de madeira, até então utilizada apenas nas ilustrações dos impressos. A perícia e
habilidade de reproduzir os modelos de escrita cursiva em toda a sua naturalidade e
liberdade, a partir da madeira entalhada, ainda precisava ser aprendida. A escrita
chancelaresca era dificílima de ser reproduzida em qualquer técnica vigente, exceto pela
pena ou cálamo na mão do mestre. O primeiro manual de escrita impresso, Theorica et
pratica perspicacissimi Sigismundi De Fantis ferrariensis in artem mathematice
professoris de modo scribendi fabricandique que omnes litterarum species de Sigismondo
Fanti (atuante no período), data de 1514 e, enquanto apresenta exemplos de alfabetos
romanos com tamanhos amplos e desenhos geométricos, deixa espaços vazios para o
preenchimento manual dos modelos de chancelaresca (MORISON, 1990). O sucesso dos
primeiros manuais com modelos totalmente impressos a partir das técnicas
aperfeiçoadas de entalhe – que utilizavam o topo dos blocos de madeira no lugar da face
das lâminas – evidenciaram a perícia dos gravadores, embora poucas vezes tenham sido
reconhecidos e agradecidos pelos mestres. Na maioria das vezes, os calígrafos preferiam
queixar-se da impossibilidade de fixar a maestria e excelência de seus modelos
executados pela mão e pela pena (OSLEY, 1980).
Por volta de 1560, outra mudança técnica ocorreu. A partir do aperfeiçoamento
dos processos de laminação de metal, placas de cobre mais finas e maleáveis puderam ser
10
produzidas com maior facilidade. As novas placas eram então mais adequadas à
reprodução de ilustrações ricas em detalhes, assim como aos modelos caligráficos.
Embora a bem formada letra itálica tenha continuado em uso com a nova técnica, o efeito
desta nos modelos de escrita foi sobretudo maléfico. A maior parte dos mestres de escrita,
passa então a dedicar-se a capturar com a pena os efeitos do buril utilizado pelo gravador
no metal: floreios exagerados e contrastes excessivos de linhas grossas e finas apresentam
uma tentação irresistível. A pena é preparada com sua ponta cada vez mais estreita e
flexível, além de ser empunhada de uma maneira diferente. Estas mudanças aceleraram o
desaparecimento do modelo de chancelaria clássico dos dias de Arrighi, Tagliente e
Palatino, considero lento pela nova geração de calígrafos – entre eles Cresci.
A técnica de impressão com metal consiste na gravação de uma imagem sobre
uma chapa, principalmente de cobre. De um modo geral, o artista faz o desenho por
meio de uma ponta seca, conhecida por buril – instrumento de metal semelhante a
u a g a de agulha ue se ve de a eta ou lápis . Ta to a fe a e ta ua to o ovo
suporte são mais adequados à gravação de linhas muito finas, que são impressas com
grande definição. Tais detalhes antes eram impossíveis de gravação diante da
fragilidade da madeira.
É importante salientar que, segundo Osley (1980), o processo de preparação da
pena com a ponta mais estreita e flexível, iniciado por Cresci, coincide com a expansão
da técnica copperplate, por volta de 1560, e é levado ao extremo. O efeito físico de
tantas mudanças resulta em movimentos da mão e do pulso que se distanciam dos
necessários na execução da chancelaresca. Além disso, os escritores e seus aprendizes
passam a afastar mais o corpo da mesa de trabalho, manipulando suas penas – que
agora utilizam uma tinta mais fina e fluida – com mais movimentos de pulso. Em vez
de deixarem a letra fluir da pena, como no itálico, o escritor precisa desenvolver uma
maior sensibilidade no toque, com uma empunhadura ao mesmo tempo firme e
flexível. Paulatinamente, a obsessão dos mestres é transferida da construção
geométrica do alfabeto para a aquisição de uma nova agilidade manual.
Com a aproximação da pena ao buril do gravador, todos os modelos de escrita
passam a ser decorados com laços e floreios até que o elemento itálico componente da
escrita chancelaresca submerge numa inundação total do estilo copperplate (ibid.). O
desenvolvimento da chancelaresca moderna de Cresci, a testeggiata, representa o início
desta mudança. A partir desse momento, os modelos batizados de itálicos que iremos
encontrar nos manuais de escrita pouco lembram a simplicidade formal e funcional da
mão chancelaresca. O itálico, a partir do final do século XVI, será transformado na mão
de mestres da região de Flandres, dos Países Baixos, da França e por fim da Inglaterra.
Ao final do século XVIII, somente um exame mais apurado poderá diferenciar uma assim
ha ada itáli a de u a es ita i glesa. A utilidade fo al e a fu io alidade da es ita
irão se perder na exuberância vaidosa dos mestres calígrafos. Cada modelo de escrita
estará acompanhado de um verdadeiro devaneio de curvas, laços e floreios que, ora
formaram anjos, deuses ou seres místicos barroqueados, ora apenas ocuparam todos os
espaços brancos da página, inclusive entrelinhas, espaços de palavras ou finais de linhas.
Apesar do grande número de livros produzidos pelos impressores italianos, ao
final do século XVI eles começam a perder sua hegemonia nesse mercado, assim como
a Itália progressivamente deixará de ser o centro intelectual do mundo. No início deste
mesmo século, o Renascimento italiano foi importado para a França. Juntamente com
a cultura, as artes e a erudição, o mercado de impressão cresceu rapidamente no país.
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Conforme Meggs (2009), a produção cultural e técnica foi tão intensa que ficou
a ada o o a idade do ou o da tipog afia f a esa . Os já itados Geoffroy Tory,
Simon de Colines, Claude Garamond, Robert Estienne e Robert Granjon, são nomes
que pertencem a este período de brilhantismo francês. Ao mesmo tempo, a técnica de
gravura em metal rapidamente se torna o principal meio para reprodução de
ilustrações e também de modelos de escrita.
Embora os cidadãos que soubessem ler e escrever constituíssem ainda uma
pequena parcela da sociedade de então, os modelos de escrita ensinados pelos
mestres registravam as sensíveis diferenças culturais de cada nação. Em decorrência
do intenso crescimento dos intercâmbios entre Ocidente e Oriente, incluindo o Novo
Mundo, a escrita comercial e contábil foi conduzida por um processo de simplificação e
uniformização universal que atingiu seu apogeu entre meados do século XVIII e o início
do século XIX, com a Revolução Industrial. O modelo estabelecido como padrão
u dial, ão po a aso, foi a es ita i glesa – relacionada à técnica do copperplate –,
indicando também a grande potência industrial e econômica daqueles tempos. Com
seu modelo padronizado, de expressiva regularidade e transparência, a escrita inglesa
passou a ser praticada pelos candidatos a cargos na administração pública ou privada,
no ensino ou no comércio, que deveriam adotá-la sem maneirismos pessoais ou
personalizações (MANDEL, 2007). Em pouco tempo, a inglesa alcançaria os bancos
escolares, vindo praticamente a monopolizar o ensino de aquisição da escrita no
mundo. Não foi diferente no Brasil, que adotava os primeiros manuais portugueses de
caligrafia, tais como Nova Escola, para aprender a ler, escrever e contar – de Manuel
de Andrade Figueiredo, editado em Lisboa em 1722 – e a Cartilha Maternal, com o
Método João de Deus, editada pela primeira vez em Lisboa em 1876 (FETTER, 2011).
Nova Escola trazia para o Brasil colonial toda a exuberância do barroco lusitano
expresso nos modelos de letras gravados em chapas de metal; já a Cartilha Maternal,
que circulou no país do até meados do século XX, apresentava no suplemento Arte da
Escrita (Lisboa, 1896) um modelo de inglesa simplificado. A letra inglesa foi utilizada nas
escolas e no comércio até a chegada de um discurso de viés higienista que propunha, no
início do século XX, um novo modelo mais rápido, simples e legível: a escrita vertical. O
modelo que ficou conhe ido o o let a u siva ve ti al é o ais a tigo e popula o
Brasil, inicia seu êxito na série de cadernos Caligrafia Vertical de Francisco Viana,
editados entre 1909 e 1997 com cerca de 110 milhões de exemplares, sendo utilizado
até hoje em cartilhas como Caminho Suave de Branca Alves de Lima, editada desde 1948
com mais de 40 milhões de exemplares. Pouco mais tarde, em meados do século, os
modelos de letra de imprensa, ou bastão, aparecem em cartilhas como Cartilha do Guri
(1962) e começam a dominar o cenário nacional na instrução das primeiras letras,
ganhando força nas duas últimas décadas do século XX. As crianças passam a aprender,
u p i ei o o e to, as fo as
ais si ples da let a de i p e sa, pa a e tão,
progressivamente, adquirirem a letra cursiva quando forem mais maduras e com suas
capacidades cognitivas e motoras plenamente desenvolvidas.
Em pleno século XXI, os modelos de escrita perderam sua importância e cada
criança aprende de acordo com a sua própria experiência durante o letramento
escolar. Métodos de instrução são discutidos distanciadamente das questões formais e
funcionais das letras, pois há bastante tempo a caligrafia tornou-se um campo
hermético e restrito aos artistas e aos designers gráficos especializados no campo da
tipografia.
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