DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2015v14n31p8
INTRODUÇÃO AO DOSSIÊ
Sociologia e Educação
Amurabi Oliveira1
Diego Pereyra2
A relação entre a Sociologia e a Educação tem sido frutífera desde as origens
de ambos os campos. Porém, a Educação tem sido beneficiada pelo olhar sociológico já que a Sociologia lhe ofereceu uma reflexão sobre os processos educativos, permitindo levar em consideração fatores sociais localizados além das aulas
e instituições escolares. Isso é especialmente notável no Brasil, pelo relevante
papel que alguns intelectuais, como Fernando Azevedo, tiveram na formação de
professores. Assim, essa particularidade antecipou, de algum modo, o auge da
Sociologia da Educação contemporânea, que orientou a renovação da investigação educativa. E este campo, sem deixar de lado seu eixo interrogativo sobre
a ação pedagógica, incorporou os pressupostos da sociologia com sua bagagem
teórica. Nomes como os de Pierre Bourdieu, Basil Bernstein, Michael Apple e
Bernard Lahire são apenas uma amostra de um movimento maior acerca de um
debate teórico que apresenta novas perguntas e enfoques sobre a educação, o
qual ocorre sem desperdiçar o aporte fornecido por outras disciplinas, como a
Psicologia, a Didática, a Filosofia, a Antropologia, a Economia etc.
Temos de destacar que essa relação foi se intensificando principalmente
a partir da segunda metade do século XX, quando houve uma verdadeira
profusão de pesquisas que demonstravam a relação entre origem social e desempenho escolar (FORQUIN, 1995). Podemos afirmar que, de uma forma
bastante geral, a relação entre as desigualdades e a Educação – o que envolve
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Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professor da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), atuando em seu Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, pesquisador do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Doutor em Sociologia pela University of Sussex at Brighton, pesquisador do Conselho Nacional das Pesquisas
Científicas e Técnicas (CONICET), professor das universidades de Buenos Aires (UBA), Litoral e Lanús.
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o potencial de esta amenizar ou aprofundar aquelas – tornou-se a grande tônica
da Sociologia da Educação. Em todo o caso, é inegável a grande pluralidade de
temáticas e de abordagens metodológicas que tem emergido nos últimos anos,
refletindo a própria expansão do acesso à Educação Formal em seus diversos
níveis. Logo, não à toa, a discussão sobre o acesso à Educação Formal e a permanência nesta, com destaque, nos últimos anos, ao ensino superior, tem se constituído como um tema que tem despertado a atenção dos sociólogos da educação.
Nas últimas três ou quatro décadas, a Sociologia encontrou na Educação
um conjunto de interrogações sobre uma questão central de seus pressupostos
epistemológicos: a tensão entre a persistência da ordem social e as necessidades de mudanças sociais. O debate sobre a constituição da Educação como
um fator que favorece ou dificulta a mudança foi a base para situar o processo
educativo como um objeto central da investigação sociológica. Produziu-se,
assim, uma separação de análises centradas no Estado e nos grandes problemas
políticos e os estudos sobre a escola; todavia, isso não significou o desaparecimento da política nem dos atores sociais. Pelo contrário, observa-se um
deslocamento, por meio do qual a Sociologia Política dialoga produtivamente
com a Sociologia da Educação – algo que já se pode denominar de Sociologia
Política da Educação –, incorporando, inclusive, uma dimensão estrutural na
compreensão das instituições educativas. E isso tem sido acompanhado de um
amplo diálogo de novos referenciais teóricos e metodológicos. Podemos afirmar, desse modo, que o campo da Sociologia da Educação acompanha – ainda
que não de modo automático e mecânico – as transformações que vem sendo
vivenciadas no campo mais amplo da Sociologia enquanto Ciência Social.
Esse desenvolvimento e um vínculo disciplinar fértil foi muito importante para localizar o ensino de Sociologia no centro das preocupações da história
da Sociologia, principalmente por três razões, são elas: a) a interrogação por
parte do ensino implica pensar sobre um ponto central: os modos de permanência e sobrevivência de ideias, valores, pressupostos sobre a sociedade
ao longo do tempo, ou seja, a reprodução de uma tradição sociológica; b) o
ensino da disciplina é um espaço que permite pensar como se constroem as
interpretações do mundo social e seus significados (LAHIRE, 2013); afinal,
de alguma maneira, a escola é um lugar de colisão entre uma vocação desnaturalizadora da Sociologia e a construção de um senso comum envolvendo
discursos midiáticos, familiares e os próprios aportes da instituição escolar.
O lugar da Sociologia na escola e o debate sobre a necessidade de seu ensino põem, em cena, o cruzamento entre a capacidade para desnaturalizar a
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vida cotidiana ou cristalizar os imaginários que constituem as relações sociais;
c) a presença da Sociologia nas escolas constitui uma boa oportunidade para
repensar a utilidade social da Sociologia e ajudar a responder a uma pergunta
da moda: para que servem a Sociologia e os sociólogos? (LAHIRE, 2006;
DUBET, 2011; BAUMAN, 2014).
A preocupação acerca do ensino de Sociologia tem ocupado pesquisadores
em diversas partes do mundo, ainda que com olhares distintos, e se condiciona pelas próprias condições objetivas postas para o ensino de Sociologia, não
apenas nas escolas mas também nas universidades. Não sem menor relevância,
cabe destacarmos que os caminhos percorridos pela Sociologia nos diversos
contextos nacionais e regionais são substancialmente distintos, de modo que a
própria história da disciplina também tem sido um objeto de contínua reflexão por parte da comunidade, bem como seu processo de institucionalização
nos diversos níveis de ensino, embora esse processo nas universidades tenda a
ganhar mais destaque.
No caso do Brasil, é importante salientarmos que o retorno recente da
disciplina em nível nacional em todas as séries do Ensino Médio tem ensejado
um profícuo debate, envolvendo pesquisadores de diversas partes do país, ainda que se trate de uma comunidade de pesquisadores e um campo ainda em
formação (OLIVEIRA, 2015). A inclusão da Sociologia no Plano Nacional
do Livro Didático (PNLD) e o advento do programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID) são outros elementos-chave que têm impactado diretamente esse debate.
Este Dossiê participa desse amplo conjunto de preocupações, precedido
de uma série de publicações que têm se ocupado com essa ampla interface entre a Sociologia e a Educação. Os trabalhos são heterogêneos em termos de enfoques e pertencimentos institucionais; porém, condensam os temas centrais
do debate sobre a importância do ensino de Sociologia, o lugar da Sociologia
da Educação dentro da investigação educacional, a importância da formação
de professores, o papel dos livros didáticos na escola, a produção, circulação,
recepção e reprodução de tradições e teorias sociológicas, e a articulação entre a formação universitária e a inserção profissional, o lugar das instituições
universitárias como um objeto preferencial de investigação empírica, repensando seu lugar como espaço plural e inclusivo. Essa pluralidade representa, de certo modo, o próprio incremento que tem sofrido a Sociologia da
Educação nos últimos anos em termos de temáticas de pesquisa (MARTINS;
WEBER, 2010).
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Dessa forma, no primeiro dos artigos, de Camila Ferreira da Silva e Mariana Gaio Alves, apresentam um interessante trabalho sobre a situação da
Sociologia da Educação em Portugal. A partir de uma reconstituição histórica do campo nesse país, as autoras elaboram uma reflexão sobre os debates
conceituais e epistemológicos desenvolvidos nas Ciências da Educação portuguesas. Sem cair em uma definição rígida da ideia de campo, podem analisar as disputas pela legitimidade da Sociologia da Educação para intervir na
discussão educativa. O texto oferece um detalhado mapa analítico da distribuição de posições e recursos dentro dos espaços institucionais vinculados à
Sociologia da Educação. O trabalho centrou-se em um estudo dos cursos de
pós-graduação stricto sensu, o que permite observar a tensão entre os objetivos
da Sociologia da Educação orientada tanto para a formação docente como
para a formação de investigadores sociais e sociólogos. Como bem reconhecem
as autoras, uma análise da produção dos estudantes ajudaria a compreender,
ainda mais, a relação entre Sociologia e Educação na formação universitária.
Esse cenário de debate sobre o lugar da Sociologia na formação de professores é desenvolvido nos dois artigos seguintes, visto que ambos retomam
a pergunta sobre o impacto da Lei nº 11.684/2008 que reintroduziu o ensino
de Sociologia na Educação Básica no Brasil. No segundo artigo deste dossiê, Amurabi Oliveira se pergunta sobre a natureza das mudanças na Educação brasileira, indicando um duplo resultado: as escolas devem readaptar
suas práticas docentes para incorporar uma nova disciplina desafiante, mas
também as instituições de ensino superior devem atender a uma demanda
crescente de formação de novos professores, o que implica lidar com novos
e complexos desafios, tendo em vista a expansão tardia no número de cursos
de formação de professores de Ciências Sociais. No outro artigo, Jordânia
A. de Sousa, Noélia N. Marinho e Júlio C. Gaudêncio retomam as mesmas
perguntas; porém, centram-se no contexto institucional da Universidade Federal de Alagoas. Se por um lado, Oliveira considera as enormes dificuldades
das universidades brasileiras para atender a essa demanda em um cenário de
heterogeneidade regional e institucional, valorizando a importância de dotar
os professores de ferramentas pedagógicas e didáticas que possam ser utilizadas nas aulas de Sociologia, sendo a universidade o espaço adequado que deve
cumprir esse papel na formação docente; por outro lado, Sousa et al reconhecem o papel e as realizações que cabem ao ensino superior na formação
de professores na universidade. Estes dois textos, por conseguinte, mostram a
potencialidade de um diálogo entre uma reflexão mais geral e a apresentação
de um caso específico.
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Ainda que não esteja centrado no âmbito da formação de professores de
Ciências Sociais, o trabalho de Marcio de Oliveira se volta para o ensino de
Sociologia no ensino superior, mais especificamente o ensino de teoria sociológica nos cursos de ciências sociais tomando como ponto de partida o caso de
cursos situados em sete diferentes estados do Brasil. A partir das grades curriculares e ementas ele aponta para os pontos de convergência e de divergência
em termos de formação teórica nos cursos de ciências sociais, que dedicariam
boa parte do tempo a este afazer, porém pouco refletiriam sobre as opções
metodológicas e epistemológicas de ensinar a teoria. O autor indica ainda que
há pouca variação no ensino das teorias clássicas, mas que, por outro lado,
haveria uma grande divergência no ensino da teoria contemporânea, a única
unanimidade encontrada seria o trabalho de Pierre Bourdieu. Este trabalho
certamente traz contribuições relevantes para pensarmos os modelos formativos presentes nas graduações de ciências sociais, envolvendo tanto a formação
de professores quanto a de bacharéis, uma vez que se está em discussão uma
parte considerada fundamental para a formação básica do cientista social. Isso
ganha especial destaque no atual cenário, no qual a discussão sobre a necessidade de se rever os modelos que temos adotado se torna premente.
Os próximos três textos orientam suas perguntas sobre o lugar dos livros
didáticos no ensino da Sociologia, evidenciando questões recorrentemente trazidas à tona nas pesquisas realizadas recentemente (HANDFAS; MAÇAIRA,
2014). Esses trabalhos recortam um conjunto de perguntas que vão para
além das mais recorrentes, as quais pensavam esses textos escolares como um
instrumento de reprodução de teorias e tradições. Esse modelo é eficaz para
explicar a mudança ou a persistência de ideias dentro de um campo específico (PLATT, 2008), mas não explicaria, com essa mesma produtividade, o
que sucede durante o processo de ensino. Por isso, esses artigos elegem uma
abordagem que permite esboçar interrogações sobre a capacidade dos recursos
bibliográficos estudados orientarem as ações do docente em sala de aula.
Vitale, em um amplo diálogo com a Sociologia do currículo, problematiza o processo de recontextualização da Sociologia através dos livros didáticos,
indicando que este não é apenas um problema pedagógico, mas, sim, um
problema da relação entre os conteúdos de ensino e a sociedade. Contextualizando o ensino de Sociologia dentro da seção de Ciências Econômicas e
Sociais, Vitale realiza uma crítica incisiva a como o social e o sociológico se
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confundem nesses artefatos culturais, o que se vincula, obviamente, ao próprio
percurso dessa disciplina no currículo escolar. Para o autor, os livros didáticos
de Sociologia refletem certas concepções da Sociologia, próprias, também, de
certos professores.
No seguinte artigo, Zuleika de P. Bueno e Fagner Carniel discutem a
dimensão interativa dos livros didáticos digitais de Sociologia aprovados em
2015 pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Analisam-se tais
materiais, considerando suas potencialidades e seus limites de uso no Ensino
Médio brasileiro. Consideram-se, assim, os pressupostos teóricos oferecidos
pela bibliografia recente sobre mídias digitais e destacam as formas emergentes
de interação com o conhecimento socialmente produzido e disponibilizado na
web, evidenciando o choque entre lógicas fechadas, restritas e protegidas – as
quais organizam os atuais livros didáticos digitais disponibilizados às escolas
públicas do país – e os usos de softwares livres de edição que estão sendo disseminados nos formatos de Recursos Educacionais Abertos.
Em outro trabalho, Manoel m. de Sousa Neto, Rosemary de O. Almeida
e Márcio K. M. Pessoaoferecem uma investigação empírica sobre o uso dessas
ferramentas didáticas, e buscam compreender as percepções dos professores
de Sociologia quanto à escolha e o uso dos livros didáticos em seis escolas
públicas da rede estadual do Ceará, a partir da hipótese de que o livro didático
é utilizado como referência pelos professores para a construção do plano de
curso e não como uma ferramenta auxiliar da prática pedagógica, tornando-se uma espécie de guia curricular de Sociologia no Ensino Médio. Analisam, então, os critérios utilizados pelos professores para a escolha do livro,
com parâmetro nas categorias: topicalismo, nominalismo e contextualismo
(MEUCCI, 2014). São avaliadas seis obras escolhidas no edital do PNLD em
2015 e realizam entrevistas com professores da disciplina. O artigo, por fim,
mostra que a escolha do livro relaciona-se com a demanda por conteúdos para
a disciplina, em detrimento das características didático-pedagógicas das obras.
Há, portanto, uma aproximação entre a divisão curricular aconselhada pelo o
estado e a forma como os professores escolheram os seus livros.
Juarez Lopes de Carvalho Filho propõe uma discussão sobre o lugar da
tradição sociológica em os estudos culturais e educacionais sobre a politica
brasileira, anlisando duas obras clássicas da Sociologia contemporânea: A Barreira e o Nível: estudo sociológico sobre a burguesia francesa moderna (1925), de
Edmond Goblot, e A Distinção: crítica social do julgamento (1979), de Pierre
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Bourdieu, as quais contribuíram, na França, para a elaboração de um quadro
analítico para uma Sociologia disposicional da burguesia e de uma Sociologia
da Educação e da cultura, nos estudos da classe dirigente e o poder. Este artigo
objetiva, além de identificar as afinidades destes dois trabalhos, demonstrar
suas contribuições para a Sociologia da Educação e da cultura, notadamente
para as pesquisas sobre as escolas da classe dirigente no Brasil.
Elza C. Batista e Marcia da Silva Mazon realizam um uso criativo do
trabalho de Bourdieu e de Lahire para compreenderem as trajetórias escolares
de jovens assentados. A investigação adentra na forma como as famílias desses
jovens, que são atendidos por distintas instituições, constroem a perspectiva
escolar deles. Apesar de não serem possuidoras de um vasto capital cultural,
essas famílias mobilizariam distintos dispositivos para incentivarem o alcance
do chamado “sucesso escolar”, por exemplo liberando os jovens do trabalho
doméstico. Também se mostrou recorrente, no estudo de caso realizado, a
busca por formas de capitais culturais objetivados, mediante o acesso à internet e a compra de computadores para viabilizar a realização das tarefas
escolares. Isso demonstra, sobretudo, o impacto da própria instituição escolar
sobre as trajetórias sociais dos jovens, o que converge com outras pesquisas
no âmbito da Sociologia da Educação que apontam para o “efeito escola”
(BARBOSA, 2009), em detrimento de uma visão mais reducionista que automatiza as origens e os destinos escolares.
“Atención, sociólogos trabajando. Desafíos de la inserción profesional de los
primeros sociólogos y sociólogas en Argentina (1961-1985)” participa de um
premente debate, buscando promover estudos sobre a inserção profissional,
distanciados do tradicional foco da Sociologia do trabalho e mais vinculados
com a Sociologia Política da Educação. Diego Pereyra, Magdalena Balcaza
Blanch, Vanina Paiva, Lautaro Lazarte e Esteban Vila discutem e apresentam
os primeiros resultados de uma pesquisa sobre o processo de profissionalização
da Sociologia na Argentina entre o começo da década de 1960 e meados da
década de 1980, focalizando a análise no capital social e cultural e a socialização universitária. O trabalho propõe um estudo integral sobre a situação
trabalhista dos graduados em Sociologia em cinco universidades selecionadas,
procurando obter uma resposta com respeito ao primeiro trabalho dos(as)
sociólogos(as) no aquele país e suas estratégias de integração profissional. No
caso de referência, faz-se uma análise dos dados produzidos por meio de uma
enquete aos(as) sociólogos(as) graduados(as) e de várias entrevistas mais amplas com estes. O texto comenta, criticamente, os déficits das informações
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sobre o campo e mostram as dificuldades metodológicas de citada pesquisa, as
primeiras hipóteses do trabalho e uma análise dos primeiros dados.
Por último, Maria Lígia Barbosa centra-se em uma interessante discussão sobre a capacidade de as universidades em outros países assegurarem um
ensino e uma formação de qualidade, mas que, ao mesmo tempo, garanta
políticas inclusivas em todo o processo: acesso, permanência, graduação e desenvolvimento profissional. Dessa forma, Barbosa analisa algumas das diversas
políticas (tanto governamentais quanto institucionais) que visam a assegurar o acesso e a permanência dos estudantes até a conclusão dos cursos no
sistema brasileiro de ensino superior. Trata-se de uma tentativa de avançar
na discussão sobre qual seria uma democratização possível para esse sistema.
O artigo busca verificar se, apesar da manutenção dos padrões de desigualdade estrutural, de prestígio e renda, seria possível encontrar políticas que se
contraponham a essa tendência. Foram analisadas as políticas de cotas raciais
e sociais, o Reuni e o ProUni, bem como o programa de interiorização da
UFF e de estágios e bolsas na PUC-Minas. Foram utilizadas pesquisas realizadas por pesquisadores do LAPES/UFRJ/CNPq. O material analisado permite
confirmar a existência de ações e políticas que criam probabilidades efetivas de
que “Escolhas” dos indivíduos e grupos possam prevalecer sobre os “Destinos
Socialmente Desenhados” para eles.
Finalizando esse número temático temos um ensaio bibliográfico de Ligia
W. Eras que se volta para a análise de coletâneas sobre ensino de sociologia
lançadas entre 2004 e 2015, seu esforço neste ensaio reside em indicar as
características gerais desses trabalhos, apontando para o significado que eles
possuem no campo no qual se inserem. A autora acaba por destacar o caráter
coletivo e polifônico dessas obras, bem como a pluralidade em termos de temática existente. Merece relevo ainda o fato de que boa parte dessa produção
origina-se a partir de encontros realizados em nível local, regional e nacional,
cujas discussões acabam por ser sintetizadas como livros. Trata-se de um levantamento relevante sobre o tema que possibilita ao leitor ter uma visão mais
panorâmica do debate que vem sendo realizado na área de Ensino de Sociologia no Brasil, possibilitando que o mesmo conheça o perfil desse campo que
começa a se esboçar.
Como podemos observar, a ampla gama de trabalhos traz novos enfoques sobre a relação entre a Sociologia e a Educação, cujo objetivo é avançar
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tanto no campo teórico quanto empírico. Trata-se de uma contribuição para a
discussão contemporânea no campo da Sociologia da Educação centrada não
apenas na realidade brasileira, mas também realizando diálogos com outras
realidades nacionais. Esperamos que os autores e leitores possam prosseguir
o debate, fazendo mais conexões produtivas entre ambos os campos e descobrindo novos possíveis laços.
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