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O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE LEITORES

A leitura tem sido tema de relevantes discussões em seminários e outros eventos educacionais. Os conceitos sobre a mesma têm se ampliado na medida em que estudos acerca do assunto se tornam mais efetivos no contexto escolar. Este artigo tem como objetivo refletir sobre o papel da escola na formação de leitores, apontando as estratégias e possibilidades para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico significativo no processo de ensino e aprendizagem da leitura. Para a realização deste trabalho optou-se, num primeiro momento, pela pesquisa bibliográfica a partir da qual foram construídas as bases teóricas desse estudo e, num segundo momento adotou-se a pesquisa de campo por meio da qual foi possível refletir sobre as práticas pedagógicas adotadas por uma escola no sentido de possibilitar aos alunos maior acesso à leitura. As pesquisas realizadas revelaram como a escola tem se organizado em torno do assunto bem como as ações sejam elas de cunho coletivo ou individual tem se desenvolvido e contribuído para que a escola cumpra seu importante papel na formação de leitores.

O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE LEITORES Fabiana Rocha de Brito Fank1 [email protected] E.M.E.I.E.F. Balão Mágico GT4 – Ensino, Currículo e Organização Escolar [email protected] Resumo: A leitura tem sido tema de relevantes discussões em seminários e outros eventos educacionais. Os conceitos sobre a mesma têm se ampliado na medida em que estudos acerca do assunto se tornam mais efetivos no contexto escolar. Este artigo tem como objetivo refletir sobre o papel da escola na formação de leitores, apontando as estratégias e possibilidades para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico significativo no processo de ensino e aprendizagem da leitura. Para a realização deste trabalho optou-se, num primeiro momento, pela pesquisa bibliográfica a partir da qual foram construídas as bases teóricas desse estudo e, num segundo momento adotou-se a pesquisa de campo por meio da qual foi possível refletir sobre as práticas pedagógicas adotadas por uma escola no sentido de possibilitar aos alunos maior acesso à leitura. As pesquisas realizadas revelaram como a escola tem se organizado em torno do assunto bem como as ações sejam elas de cunho coletivo ou individual tem se desenvolvido e contribuído para que a escola cumpra seu importante papel na formação de leitores. Palavras chave: Práticas de leitura. Escola. Formação de leitores. Introdução A leitura, assim como a escrita, sempre foi considerada pela escola um assunto muito relevante. Ouve-se muitos questionamentos sobre o porquê ensinar determinados conteúdos e qual sua utilização prática no cotidiano das pessoas, no entanto, nunca se questionou a importância e a necessidade de se ensinar a ler e a escrever. Por outro lado, o que se tem colocado como pauta de discussões no contexto escolar tem sido a preocupação em torno do que fazer para despertar nas crianças o gosto pela leitura. Ora, se ler é tão importante para o ser humano por que a escola tem enfrentado problemas dessa natureza? Por que em seu discurso está tão presente a ideia de que as crianças não gostam de ler? Seria de fato as crianças que não gostam ou seria a forma como a escola tem tratado o processo de ensino da leitura que tem contribuído para um maior distanciamento entre os alunos e as situações de 1 Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná – UNOPAR. leitura? Essas indagações levaram a refletir sobre o papel da escola na formação de leitores e, ao mesmo tempo, investigar como tem sido as práticas de leitura propostas aos alunos no contexto escolar. Para se chegar às respostas em relação a esses questionamentos realizou-se uma pesquisa bibliográfica, a partir da qual se buscou, com base em autores como Martins (1994), Freire (2009), Yunes (2009), Lerner (2001) e Terzi (1995), que tratam desse assunto com muita propriedade. Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada também uma pesquisa de campo em uma escola da rede pública estadual no município de Rolim de Moura, na qual se buscou, por meio de entrevista a professores do 1º ao 5º ano, compreender como tem sido as práticas pedagógicas e que estratégias a escola tem adotado para despertar nos alunos o gosto pela leitura. Conceituando leitura Por muito tempo o conceito mais disseminado na escola sobre o que é ler consistiu naquele que se refere à leitura como o simples fato de decodificar as palavras. Hoje, porém, a leitura é concebida como algo mais abrangente, ou seja, que vai muito além da decodificação do código escrito. Nesse sentido, Freire (2009, p. 20) traz uma contribuição significativa ao afirmar que “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”. Nota-se, através dessa abordagem que o ato de ler implica muito mais que dominar e decifrar os códigos da escrita, pois a leitura possibilita uma compreensão maior do mundo e de tudo o que nos cerca, bem como as relações que estabelecemos com os objetos, as pessoas. Relações estas que nos permitem ler símbolos, letras, expressões, etc. a leitura se apresenta como condição para o sujeito agir e interagir com o mundo, transformando-o à medida que vai entendendo a sua dinâmica. Desse modo, Freire (2009, p. 20) assegura que “[...] a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.” Os significados da leitura variam de acordo com cada leitor, pois segundo Martins (1994, p. 32) ler 2 [...] se trata, antes de mais nada, de uma experiência individual, cujos limites não estão demarcados pelo tempo em que nos detemos nos sinais ou pelo espaço ocupado por eles. Acentue-se que, por sinais, entende-se aqui qualquer tipo de expressão formal ou simbólica, configurada pelas mais diversas linguagens. Assim, podemos dizer, concordando com Martins (1994, p. 32-33) que A leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual for) e começa antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convive passam a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a um texto implica sempre levar em conta a situação desse texto e de seu leitor. E a noção de texto aqui também é ampliada, não mais fica restrita ao que está escrito, mas abre-se para englobar diferentes linguagens. Lerner (2011, p. 1) por sua vez assegura que “Ler é adentrar outros mundos possíveis. É questionar a realidade para compreendê-la melhor, é distanciar-se do texto e assumir uma postura crítica frente ao que de fato se diz e ao que se quer dizer, é assumir a cidadania o mundo da cultura escrita [...]” Dada a abrangência do conceito de leitura e de texto atualmente difundida, cabe perguntar: terá também a escola, se apropriado desse novo conceito? O que tem demonstrado a prática pedagógica do professor no que se refere à leitura? Terá a escola um papel relevante nesse processo? A leitura, vista da perspectiva apresentada por Freire e Martins propõe à escola um olhar diferente sobre essa temática. Do ponto de vista de Martins (1994, p. 34) [...] aprender a ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios, o que, mal ou bem, fazemos mesmo sem ser ensinados. A função do educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar condições para o educando realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta. Por mais que se considere todos os avanços em relação à leitura, a escola, de um mo geral, ainda mantém muito presente a ideia de ensinar a ler no sentido de alfabetizar quando na verdade o que se propõe é um outro tipo de postura frente a essa situação. Isso não significa tirar da escola a função de alfabetizar, mas de deixar claro que criar condições de leitura é muito mais que possibilitar o acesso a livros e a habilidade de decifrar o código escrito, nas palavras de Martins (1994, p. 34) “Trata-se, antes, de dialogar com o leitor sobre a sua leitura, isto é, sobre o sentido que ele dá, repito, a algo escrito, um quadro, uma paisagem, a sons, imagens, coisas, idéias, situações reais ou imaginárias”. 3 A escola como espaço de formação de leitores O espaço escolar não é o único no qual acontecem situações de leitura, porém, continua a ser um local em que a leitura deve ser difundida, estimulada e apreciada por todos. Assim, a escola continua a ter um papel fundamental na formação de leitores e o professor, por sua vez, deve ser o mediador entre o aluno e a leitura, cumprindo sua função de despertar no educando o prazer pela leitura. A pesquisa de campo realizada com professores de uma escola estadual em Rolim de Moura, aqui denominada de escola Paulo Freire (nome fictício) mostra como esses têm se organizado para proporcionar aos alunos situações significativas de leitura. A referida escola atende .1643 alunos, sendo 487 especificamente do 1º ao 5º ano. Nessa instituição há uma biblioteca e uma sala de leitura, além de cantinhos de leitura organizados dentro da própria sala de aula com o objetivo de possibilitar aos alunos maior acesso aos materiais de leitura. Além dessa maneira de organização dos espaços, é fundamental destacar as formas de utilização desses e os tipos de atividades que são propostas aos alunos. A biblioteca é um espaço frequentado pelos alunos para a realização de pesquisas para a produção de trabalhos escolares. Porém, não se exime da tarefa de oferecer aos alunos empréstimos de livros literários que constam em seu acervo. A sala de leitura, por sua vez, destina-se a atender os alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Para a utilização desse local é feito um agendamento o que possibilita que todas as turmas tenham acesso. Há uma professora que prepara e coordena as atividades junto às crianças de modo a tornar esse momento na sala de leitura bastante proveitoso. Sobre a sala de leitura sabe-se que nessa há uma professora que coordena as atividades, porém sempre de forma a interagir com as professoras e professores regentes de sala. Isso faz com que o trabalho de um no sentido de proporcionar aos alunos situações de leitura prazerosa dê continuidade ao do outro, tecendo deste modo uma teia que possibilita a ampliação do repertório das crianças estimula o gosto e desperta a busca de novos conhecimentos. De acordo com a coordenadora da sala de leitura, seu trabalho é realizado por meio de projetos relacionados as datas comemorativas, além de outras atividades planejadas de acordo com objetivos específicos que se pretende alcançar em relação a determinados assuntos. O relato da coordenadora revela a preocupação em despertar nos alunos o gosto e o 4 prazer pela leitura e, ao mesmo tempo garantir aprendizagem de conteúdos escolares de forma significativa. No intuito de inculcar nos alunos o hábito e o prazer à leitura, utilizei dos recursos audiovisuais apresentando em vídeo: A menina que odiava livros, dialogando e fazendo uma listagem das vantagens de ser um bom leitor. Em parceria com as professoras e a TV Escola, trabalhamos o projeto: A higiene como aliada, onde foi trabalhada de forma interativa com a história: Como devo me lavar? E a música: Reggae do Cascão. E os vídeos: Germes, Cuidado com os dentes, Hábitos saudáveis, O Senhor Dentuço. Finalizando este trabalho os alunos apresentaram jograis e teatros com fantoches contemplando a oralidade (Entrevista feita em 14/11/2011). Nota-se aqui a preocupação em diversificar os recursos no desenvolvimento das atividades o que dinamiza a aprendizagem e facilita a interação das crianças com várias formas de se tratar um mesmo assunto. O uso de diversos recursos tecnológicos aliados a um bom planejamento vem contribuindo muito para o sucesso da sala de leitura da escola Paulo Freire. Das muitas atividades realizadas para incentivar a leitura, destacam-se: histórias contadas no avental; dramatizações, confecção de murais de forma coletiva, leitura livre, dança, música, desfiles, leitura visual, teatro, histórias contadas no tapete, apresentação de histórias em data-show, narração de poesias feitas pelas crianças, entre outras. Todo o trabalho realizado na sala de leitura é muito importante, sobretudo porque há, por parte dos professores regentes de sala uma continuidade no processo. Sabe-se que o professor que se coloca como leitor diante de seus alunos tem um papel muito importante no despertar desses. Nas palavras da professora D “O professor tem que ser, antes de tudo, um leitor. Precisa ler muito para os seus alunos, ler com eles, saber ouvir a leitura deles ainda que de forma descompassada e tímida” (Entrevista realizada em 14/11/2011). Ao perguntar se a mesma se coloca como modelo de leitora para seus alunos, a professora responde: Com certeza, pois leio todos os dias para eles (textos engraçados, atrativos, diferenciados) como incentivo-os a irem a biblioteca, ao cantinho da leitura, à sala de leitura, falo dos bons autores, dos bons livros e da importância de ler, como valorizo o máximo as suas leituras, torcendo para o sucesso de cada um (Entrevista realizada em 14/11/2011). Ao se colocar como modelo de leitor para seus alunos o professor assume, diante desses, sua crença no valor e na importância da leitura para a formação de sujeitos autônomos, capazes de desenvolver o hábito da leitura e de selecionar o que quer, o que gosta e/ou o que precisa ler. Para a professora M 5 A leitura é essencial no desenvolvimento intelectual e para a construção do conhecimento, proporcionando descoberta da realidade, das idéias e das palavras também transforma e amplia a visão de mundo. Através da leitura falamos e escrevemos melhor, desenvolve a imaginação e a criatividade. O professor deve fazer a leitura com boa entonação e ter conhecimento da leitura antes de ler para os alunos (Entrevista realizada em 14/11/2011). De acordo com Terzi (1995, p. 43-44) A exposição constante da criança à leitura de livros infantis expande seu conhecimento sobre as estórias em si, sobre tópicos de estórias, estrutura textual e sobre a escrita. Ouvir e discutir textos com adultos letrados pode ajudar a criança a estabelecer conexões entre a linguagem oral e as estruturas do texto escrito, a facilitar o processo de aprendizagem de decodificação da palavra escrita e a sumariar a história (...). Em suma, a exposição da criança a freqüentes leituras de livros a leva a desenvolver-se como leitora já no período pré-escolar. Esse desenvolvimento contribui, sem dúvida, para uma maior facilidade em acompanhar o ensino proposto pela escola, o que redunda em maior sucesso. A pesquisa revela que as professoras entrevistadas demonstram essa preocupação em possibilitar às crianças acesso aos mais diversos tipos de leitura, a começar pelos livros de histórias infantis. Para a professora A O processo de leitura está cada vez mais se tornando uma ferramenta indispensável na formação de cidadãos, pois é através dela que podemos ampliar nossos conhecimentos usando a leitura como fonte de informações, praticá-la, ter autonomia e ter criticidade quanto ao mundo que nos cerca (Entrevista feita em 14/11/2011). Outro dado interessante é a frequência com que as crianças são colocadas em situações de leitura. Na sala da professora R, uma vez por semana as crianças são contempladas com uma hora na sala de leitura, mas em sala, diariamente elas participam das seguintes situações de leitura: leitura individual, leitura em dupla, leitura feita pela professora no início da aula, nas quais são apresentados aos alunos os mais variados tipos de textos. A professora D diz que garante aos seus alunos a leitura feita por ela diariamente, leitura compartilhada, realizada por meio de um caderno de leitura organizado pela turma (semanalmente), biblioteca de sala (cantinho de leitura), leituras sequenciadas (dicionário ilustrado), leituras planejadas com objetivos específicos (todos os dias), leituras de livros da biblioteca da escola e leitura por prazer (livre). Desse modo, a professora D afirma que todos os alunos lêem até mesmo aqueles que apresentam dificuldades de leitura (algum caso específico) não tira os livros das mãos. Os alunos da professora A todos os dias participam da hora da leitura, momento em que se lê um conto, notícia de jornal, curiosidades, poemas, uma piada, um fato acontecido com alguém (real), uma música entre outros. Nas segundas e quintas feiras são feitas as trocas 6 de livros na biblioteca. A leitura de livros do acervo da biblioteca é realizada e os alunos têm a oportunidade de registrar no caderno um relato sobre o livro que leu. Para incentivar os alunos a ler os livros do acervo da biblioteca é feito o registro de empréstimo e, no final do ano, feita a contagem de quantos livros foram lidos, aquele aluno que tiver levado o maior número de livros ganhará um prêmio. Segundo a responsável pela biblioteca essa turma é a que mais tem feito empréstimo de livros até o momento. Há situações que requerem um trabalho individual, mas ao se tratar da leitura é necessário se ter em mente que, quando o objetivo é despertar nos alunos o interesse e o prazer pela leitura a realização de ações coletivas é fundamental. A leitura não deve ser responsabilidade apenas do professor e do bibliotecário. Deve ser um trabalho abrangente, que envolva toda a escola, que suscite em cada funcionário, independente de sua função, o interesse em participar dos eventos de leitura proporcionados pela escola. A maneira como a escola Paulo Freire tem trabalhado a questão da leitura mostra a importância do trabalho coletivo. A interação entre professores regentes de sala, coordenadora da sala de leitura e bibliotecária demonstra que a mesma tem se organizado de maneira a garantir, aos alunos condições para acesso a livros e outros materiais impressos, bem como a utilizar-se desses materiais de modo produtivo. As estratégias adotadas pela escola revelam o compromisso dessa instituição com o saber das crianças e aos poucos, os resultados vão aparecendo. Conforme relata a professora D a escola Paulo Freire tem investido significativamente em livros para a manutenção da biblioteca e da sala de leitura, na realização de projetos de leitura e no apoio aos alunos e professores. Vale salientar que a construção da sala de leitura foi uma iniciativa da própria escola e, para isto, contou com a colaboração dos pais e da comunidade em geral. Foi um sonho que se concretizou por meio de campanhas (almoços, rifas, doações, etc) junto à comunidade, portanto, uma conquista independente da instituição mantenedora da escola, ou seja, sem a ajuda do Estado. Considerações Finais As leituras realizadas durante a elaboração deste artigo, o contato com professores do ensino fundamental e o que eles revelam por meio das entrevistas apontam questões muito 7 importantes sobre como a leitura é vista do ponto de vista teórico e sob o olhar daqueles que diretamente tem a função de despertar as crianças para o gosto pela leitura. Esse trabalho reforça o que afirmam os teóricos, que o professor deve ser modelo de leitor para seus alunos, pois esse é um dado muito presente na fala das professoras entrevistadas. Outro aspecto que se pode constatar na escola Paulo Freire é que o trabalho com leitura não se constitui apenas em um trabalho isolado, praticado de modo significativo apenas por alguns professores. O envolvimento de todos os professores no desenvolvimento de projetos e de outras situações didáticas que envolvem esse assunto é frequente, ou seja, faz parte da rotina da escola. É fundamental ainda destacar que, ter na escola outros ambientes que propiciam às crianças condições que favorecem a leitura é de suma importância, assim como importante é também a manutenção e ampliação do acervo literário e o planejamento das atividades. Por fim, retomamos as indagações feitas no início deste artigo: para respondê-las à luz do que as pesquisas bibliográficas e de campo nos revelaram. À primeira indagação a nosso ver é de natureza estrutural e pedagógica. Para as duas situações a escola Paulo Freire encontra resposta. No primeiro caso, não fica aguardando que o Estado resolva um problema que é de sua competência, mas não tem sido considerado como prioridade. A escola traz a comunidade para participar e constrói uma sala de leitura para garantir aos alunos um ambiente favorável à mesma. No segundo caso, a parceria entre professores e coordenadoras da sala de leitura e da biblioteca escolar tem sido essencial para proporcionar aos alunos o acesso a livros e outros materiais de leitura, não ficando só na responsabilidade dos professores. A resposta para a segunda indagação vem simultaneamente à da terceira e são questões especificamente de ordem pedagógica. Na escola Paulo Freire as práticas de leitura são planejadas de modo a colocar os alunos em situações que os estimulam primeiro a gostar de ler e, consequentemente, a posteriori, a utilizarem da leitura para outras finalidades. Portanto, afirmar que as crianças não gostam de ler é um erro, pois quando colocadas em contato com a leitura de modo significativo e prazeroso as mesmas demonstram exatamente o contrário, elas gostam de ler. Considerando todos os fatores acima apresentados podemos afirmar que o trabalho em relação à leitura torna-se mais eficiente quando a escola tem clareza de seus objetivos e, a partir desse ponto, passa a realizar seu trabalho de forma coletiva. Isto faz com que os 8 resultados sejam mais produtivos e ultrapassem os limites da sala de aula, possibilitando aos professores e à escola desempenharem seu papel na formação de leitores, ampliando o universo de conhecimento dos alunos, possibilitando aos mesmos, por meio da leitura a aquisição e apropriação de saberes que lhes permitam crescimento tanto em relação aos aspectos cognitivos quanto aos relacionados a atitudes e valores culturalmente transmitidos ao longo da história. Referências Bibliográficas FREIRE, P. A Importância do ato de ler. São Paulo: 50 ed. Cortez, 2009. LENER, D. É possível ler na escola? In: Programa de Alfabetização de Professores Alfabetizadores. Brasília: MEC, 2001. MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1990. TERZI, S. B. A Construção da Leitura. Campinas: Pontes Ed. da Unicamp, 1995. YUNES, E. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: 47 ed. Aynará, 2009. 9