ARTIGO
EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA ESCOLA BÁSICA BRASILEIRA:
UM OLHAR SOCIOLÓGICO 1
FINANCIAL EDUCATION IN THE BRAZILIAN BASIC SCHOOL: A
SOCIOLOGICAL LOOK
FERNANDES, Luzia de Fatima Barbosa2
VILELA, Denise Silva3
RESUMO
Este artigo é o recorte de uma pesquisa de Doutorado que teve como objeto de estudo a Educação
Financeira proposta para a sala de aula da escola básica no Brasil. Pautamo-nos no referencial teórico e
metodológico da Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu. Neste recorte propomos analisar as atividades
propostas nos materiais didáticos publicados pelo Comitê Nacional de Educação Financeira, que foi
constituído a partir da instituição da Estratégia Nacional de Educação Financeira no Brasil, em 2010. Pelo
olhar sociológico, entendemos que essas atividades tendem a incutir nos jovens brasileiros crenças que
provocam, de acordo com a teoria por nós adotada, uma performatividade ou efeito de teoria que legitima
uma forma de entender e se comportar no mundo financeiro, inculcando nos jovens atitudes racionais e
interessadas para lidar com as questões financeiras. No nosso modo de ver, o desdobramento dessa
performatividade, a longo prazo, tenderia a formar nos jovens um habitus econômico típico do perfil homo
oeconomicus que, de acordo com a teoria econômica, é um indivíduo maximizador de lucros e individualista,
tal como os preceitos do neoliberalismo.
Palavras-chave: Educação Financeira. Ensino Médio. Sociologia Reflexiva. Performatividade.
ABSTRACT
This article is the segment of a Ph.D. research that had as an object of study the Financial Education
proposed for the classroom of the basic school in Brazil. We guide at the theoretical and methodological
framework of Pierre Bourdieu's Sociology of Reflection. In this segment, we propose to analyze the activities
proposed in the didactic materials published by the National Committee of Financial Education, which
constituted from the institution of the National Strategy of Financial Education in Brazil in 2010. From the
sociological perspective, we understand these activities tend to instill in Brazilian young people beliefs that
provoke, according to the theory adopted by us, a performativity or effect of theory that legitimates a way of
understanding and behaving in the financial world, inculcating in young people rational and interested
attitudes to deal with financial matters. In our view, the unfolding of this performativity, in the long term, would
tend to create in the young an economic habitus typical of the homo oeconomicus profile which, according to
economic theory, is a profit-maximizing and individualistic individual, just as the precepts of neoliberalism.
Keywords: Financial Education. High School. Reflective Sociology. Performativity.
1
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) - Código de Financiamento 001.
2
Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Docente da rede privada de Uberaba,
Uberaba, MG, Brasil. Endereço eletrônico:
[email protected].
3
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCAR), São Carlos, SP, Brasil. Endereço eletrônico:
[email protected].
Hipátia
177
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
1 INTRODUÇÃO
Este artigo é recorte de uma pesquisa de Doutorado cujo objeto de estudo foi a Educação
Financeira voltada para a Educação Básica no Brasil e é uma versão ampliada do trabalho
apresentado no VII Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática – VII SIPEM –
realizado em Foz do Iguaçu-Paraná, de 4 a 8 de novembro de 2018.
O excerto apresentado é parte analítica da pesquisa e busca questionar a Educação
Financeira para a sala de aula usando como referência a Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu
(1930-2002). Para contribuir com as discussões sobre como o tema pode se desenvolver na
escola, mobilizamos neste artigo alguns conceitos sociológicos, tais como o de habitus e de
performatividade, entendendo-os como potenciais para promover interessantes interlocuções a fim
de pensarmos como esse tema pode ser aproveitado na escola bem como na formação dos
professores que atuam em salas de aula da Educação Básica.
A Educação Financeira tem sido um tema discutido em documentos oficiais, como a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018, e foi instituída no Brasil em 2010 a partir da
Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). Nesses documentos, o tema proposto é
tratado como um contexto a ser abordado na sala de aula da escola básica. Dentre as suas
proposições, tais documentos recomendam que esse tema pode contribuir para o
desenvolvimento de duas áreas de conhecimento, a saber: a da Matemática e a da Língua
Portuguesa. Sendo assim, a Educação Financeira é vista como uma importante temática, com
possibilidades de discutir e estudar conhecimentos relativos ao mundo das finanças, da linguagem
e da Matemática, em especial, da Matemática Financeira.
Em atenção a esse propósito de organização do ensino, surgem discussões entre os
educadores matemáticos que, alinhados a algumas pesquisas desenvolvidas, reforçam o discurso
de que os conteúdos de Matemática Financeira devem ser articulados na Educação Básica para
que ações pertinentes ao universo financeiro sejam mais bem conhecidas.
Na Educação Financeira há particularidades que precisam ser trabalhadas
especificamente, por exemplo, questões sobre o consumo e cálculos matemáticos atinentes a
compras e investimentos. Suplementarmente, entendemos que outras questões poderiam ser
consideradas na perspectiva de superar uma visão estritamente racional de lidar com as finanças.
Questionamentos trazidos pela Sociologia podem auxiliar-nos no entendimento de questões
simbólicas presentes nessas situações. Em nosso entendimento, a Sociologia enseja uma leitura
que permite ir além de uma visão de indivíduo como homo oeconomicus – esse constituído sob a
égide da racionalidade tal como entendido pela teoria econômica –, na busca por compreender
questões sociais enraizadas nas questões econômicas.
O artigo está estruturado da seguinte forma: essa introdução com a apresentação da
análise proposta; a seção dois em que trataremos dos referenciais teóricos e metodológicos
adotados; na seção três abordaremos o tema da Educação Financeira em documentos oficiais e
em pesquisas acadêmicas, destacando as pesquisas realizadas na área da Educação Matemática
nas suas diversas tendências; na quarta seção, analisaremos uma atividade proposta no livro do
Ensino Médio (CONEF, 2013b), que propõe a discussão sobre o tema da Previdência Social
versus Previdência Privada. Por fim, na quinta seção, esboçaremos as considerações sobre este
artigo desdobrando a temática à luz da teoria que empreendemos na análise, a fim de
interpretarmos a proposta do material ligada ao neoliberalismo, ou seja, buscando inculcar nos
estudantes um habitus ligado ao individualismo, cumprindo com o efeito performático dos textos.
Hipátia
178
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
A análise proposta baseou-se em documentos que tratam da inserção da Educação Financeira na
Educação Básica e nos materiais didáticos publicados pelo Comitê Nacional de Educação
Financeira – Conef –, constituído a partir da Estratégia Nacional de Educação Financeira. Nosso
método de pesquisa ou “operações da pesquisa”, de acordo com Bourdieu (2014, p. 43) tem por
fundamento a análise documental por emparelhamento ou associação. Esse tipo de análise
“consiste em analisar as informações a partir de um modelo teórico prévio” (FIORENTINI e
LORENZATO, 2007, p. 138). Na investigação, mobilizamos os conceitos da Sociologia Reflexiva
como habitus e performatividade (efeito de teoria), procurando entender a proposta e o discurso
por meio de atividades do material didático do Conef.
Para Bourdieu (2004), a noção de habitus é como um “sistema de esquemas adquiridos”
e, nesse sentido, “funciona no nível prático como categorias de percepção e apreciação, ou como
princípios de classificação e simultaneamente como princípios organizadores da ação”
(BOURDIEU, 2004, p. 26). Ademais, o habitus sendo um conjunto de disposições duráveis e que
atuam de forma inconsciente, forma um
[...] sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a
funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e
estruturador das práticas e das representações que podem ser objetivamente
“reguladas” e “regulares” sem ser o produto da obediência a regras, objetivamente
adaptadas a seu fim sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso
das operações necessárias para atingi-los e coletivamente orquestradas, sem ser o
produto da ação organizadora de um regente (BOURDIEU, 1983a, p. 61).
Para além do conceito de habitus, discutimos neste artigo o conceito de performatividade
dialogando com autores como Bourdieu (2008, 2015a), Merton (1970) e Austin (1990). Para
Bourdieu (2008), a performatividade é uma mensagem que “visa impor” como legítimo um tipo de
discurso que, em nosso caso, seriam as ideias presentes nos documentos oficiais, os quais visam
impor um tipo de Educação Financeira para a sala de aula. Desse modo, de acordo com o autor, a
eficácia desse discurso performativo é “proporcional à autoridade daquele que o anuncia”
(BOURDIEU, 2008, p. 111). Ou ainda, o que o autor chama de efeito de teoria, como forma de
“produzir ou reforçar simbolicamente a tendência sistemática para privilegiar certos aspectos do
real e ignorar outros” (BOURDIEU, 2008, p. 125) e, assim, produzir crenças (BOURDIEU, 2015b),
as quais são propagadas e legitimadas pela escola sobre o que é ser educado financeiramente.
Tomando como referencial esses conceitos, elucidamos o discurso disseminado pelo
material didático do Conef, produzido por agentes legitimados para tal, como forma de produção de
um tipo de Educação Financeira. Essa forma de interpretação possibilita-nos pensar nos princípios
de visão sobre o mundo financeiro e como os estudantes devem se comportar diante dele.
Como veremos na próxima seção, a disciplina de Matemática é vista como privilegiada
para a realização de uma abordagem didático-pedagógica com a Educação Financeira. No
entanto, com a interpretação sociológica, entendemos que outras abordagens podem ser
consideradas com o trabalho na temática, possibilitando uma abordagem que supere a visão
baseada na racionalidade, ou como entendemos pela teoria econômica, do homo oeconomicus.
Nesse sentido, Bourdieu (2006) entende que as disposições no campo econômico, apesar
de estarem baseadas na racionalidade, não podem supor que a razão seja sempre a base que
gera essas disposições. Para o autor, há um desvio estrutural “entre a lógica do pensamento
escolástico e a lógica prática” (p. 22). Para o autor,
Hipátia
179
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
[...] não há dúvida que as disposições e os esquemas moldados pela imersão num
campo que, como o campo econômico, se distingue dos outros campos sob vários
aspectos, e nomeadamente por um grau excepcional de “racionalização formal”,
podem engendrar práticas que se revelam conformes (pelo menos de um ponto de
vista grosseiro) à racionalidade sem que se possa contudo supor que elas têm
sempre a razão como princípio (BOURDIEU, 2006, p. 22, aspas do autor).
Ademais, o autor nos explica que a racionalidade não define todas as decisões na
economia, há sempre fatores – práticas – que influenciam nessas decisões. As disposições
econômicas, assim, seriam “endógenas e dependentes de uma história”, e não exógenas, que
estariam “dependentes de uma natureza humana universal” (BORDIEU, 2006, p. 23). Para GarciaParpet (2006), Bourdieu “vai elaborar a teoria do habitus que permite ultrapassar a oposição entre
as estruturas e os indivíduos e levar em conta a experiência dos agentes, parte integrante da
realidade social” (p. 334). Assim, as decisões estariam ligadas a vários fatores, tais como os
costumes, as experiências de vida, os gostos, etc.
Para Souza (2014), o conceito de homo oeconomicus passou por diversas transformações
na teoria econômica e, nas tendências observadas sobre os conceitos, verificou que há “a
preponderância do individualismo metodológico e a axiomatização dos modelos de
comportamento econômico” (SOUZA, 2004, p. 48).
Neste texto, nos referimos ao homo oeconomicus – homem econômico - como o indivíduo
da economia que está relacionado ao princípio da racionalidade, princípio que
[...] é aplicado extensamente na teoria microeconômica tradicional. Por esse
princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros, estando condicionados
pelos custos de produção; os consumidores procuram maximizar sua satisfação
(ou utilidade) no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos
preços das mercadorias); os trabalhadores procuram maximizar lazer etc
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2008, p. 39).
A partir desses conceitos, elaboramos este artigo com a proposta de apresentarmos uma
interpretação sociológica para temas ligados à Educação Financeira que tem sido proposta para
as escolas de Educação Básica no Brasil por meio dos materiais didáticos produzidos pelo Conef.
3 O TEMA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM DOCUMENTOS OFICIAIS E
PESQUISAS ACADÊMICAS
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Financeira deve ser
considerada uma temática pertinente para o ensino e a aprendizagem da Matemática nos anos
finais do Ensino Fundamental. Para esse documento, os estudantes devem ter contato com
discussões que considerem diversas situações do contexto financeiro por meio de um trabalho
interdisciplinar. Dentre os assuntos que poderiam ser abordados, a Matemática Financeira, que
faz parte do currículo da disciplina de Matemática, permite estabelecer conexões entre contextos
financeiros e contextos escolares.
Ainda em conformidade com esse documento, a Educação Financeira, como uma unidade
temática,
[...] favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais,
sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do
consumo, trabalho e dinheiro. [...] Essas questões, além de promover o
desenvolvimento de competências pessoais e sociais dos alunos, podem se
Hipátia
180
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
constituir em excelentes contextos para as aplicações dos conceitos da
Matemática Financeira e também proporcionar contextos para ampliar e
aprofundar esses conceitos (BRASIL, 2018, p. 267).
Com os pressupostos do documento da BNCC, a Educação Financeira está incluída na
unidade temática “números”, que, ao longo dos anos do Ensino Fundamental, deve ser adaptada
a cada ano. Para além do excerto acima destacado e considerando o universo financeiro, o
documento prevê o trabalho com “taxa de juros, inflação, aplicações financeiras e impostos”
(BRASIL, 2018, p. 267). No que tange ao desenvolvimento das habilidades descritas para a
atuação na disciplina de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental, contextos de
Educação Financeira devem ser estimados para a elaboração e resolução de problemas.
Anos antes da publicação da BNCC, tivemos no Brasil a instituição da Enef no ano de
2010. Nessa Estratégia, a Educação Financeira ganhou uma proposta de trabalho para as escolas
de educação básica. Uma de suas iniciativas consistiu na publicação de uma coleção didática
temática para os nove anos do Ensino Fundamental e os três anos do Ensino Médio. Neste artigo,
atentamo-nos para o material direcionado aos anos do Ensino Médio. Voltando-se para esse
público, de acordo com o material publicado, a Educação Financeira é organizada em três blocos,
distribuídos em nove temas, a saber: Vida familiar; Vida social; Bens pessoais; Trabalho;
Empreendedorismo; Grandes projetos; Bens públicos; Economia do país e Economia do mundo
(CONEF, 2013a).
Diante da constituição de um novo cenário, com a publicação de lei e documentos,
começam a surgir pesquisas acadêmicas que buscam pensar e produzir conhecimento sobre
como os professores, sobretudo os de Matemática, podem tratar do tema em sala de aula.
Em levantamento realizado no início do ano de 2018 no Banco de Teses e Dissertações da
Capes, utilizando os descritores Educação Financeira e Educação Básica, identificamos 55
trabalhos – 54 dissertações e 1 tese -, os quais foram defendidos entre os anos de 2009 e 2017.
Notamos que, com a predominância de dissertações elaboradas em Programas de Mestrado
Profissional, há a criação de materiais pedagógicos (produtos educacionais) disponibilizados a
professores sobre a temática. Também percebemos a recorrente conexão entre a disciplina
Matemática – particularmente os conteúdos de Matemática Financeira – e a Educação Financeira
sob diferentes abordagens.
Nas pesquisas levantadas, observamos a presença de alguns termos que foram sendo
criados, tais como: Educação Financeira Crítica; Educação Matemática Financeira e Educação
Financeira Escolar. Esses termos estão diretamente ligados aos referenciais teóricos adotados
nas investigações. Dentro de tais perspectivas, destacamos: a Educação Matemática Crítica; a
Etnomatemática; a Resolução de Problemas, a História da Matemática, a Análise do Discurso e a
Psicologia da Educação. Nessas pesquisas, notamos que os dados empíricos foram coletados a
partir de diversas formas, por exemplo: experiências em sala de aula, entrevistas com a
população – escolar ou não –, análises de livros didáticos de Matemática e criação de atividades
para a sala de aula.
Dessas pesquisas, destacamos a investigação realizada por Almeida (2015). O pesquisador,
ao fazer um levantamento das pesquisas realizadas no Brasil, de 1999 a 2015, considerando a
temática da Educação Financeira Escolar, encontrou cinquenta e cinco trabalhos acadêmicos –
teses, dissertações, TCC e artigos – alocados na área de Ciências Exatas. O autor considerou como
Hipátia
181
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
eixos para análise, as relações estabelecidas entre a temática e o ensino de Matemática que
envolvesse também aspectos inerentes à formação de professores que ensinam Matemática.
Dos educadores matemáticos, citamos Silva e Powell (2013), que propuseram a definição
de uma Educação Financeira Escolar. Para os autores, essa Educação Financeira Escolar é
considerada como um conhecimento que favorece a aproximação dos estudantes com o universo
das finanças, propiciando uma compreensão desse espaço em um ambiente próprio para o
ensino. Dessa forma, a Educação Financeira Escolar
[...] constitui-se de um conjunto de informações através do qual os estudantes são
introduzidos no universo do dinheiro e estimulados a produzir uma compreensão
sobre finanças e economia, através de um processo de ensino que os torne aptos
a analisar, fazer julgamentos fundamentados, tomar decisões e ter posições
críticas sobre questões financeiras que envolvam sua vida pessoal, familiar e da
sociedade em que vivem (SILVA; POWELL, 2013, p. 13).
Nessa pesquisa, a Educação Financeira ganhou uma característica para o ambiente
escolar mediante uma linguagem apropriada para falar com os jovens sobre o universo financeiro,
tendo em vista que muitos estudantes participam indiretamente de decisões financeiras – como é
o caso de jovens que ainda não possuem renda própria. Concordamos com os autores sobre a
necessidade de pensar em uma Educação Financeira que atenda às expectativas e realidades de
nossos jovens estudantes. No entanto, ressalve-se, é preciso colocar em suspeição o discurso
relativo à Educação Financeira presente em documentos e materiais didáticos, para evitar a sua
reprodução, discurso esse que não possui fundamentação em pressupostos pedagógicos. Em
outras palavras, o discurso da Educação Financeira, o qual não foi pensado para o universo
escolar, pode formar cidadãos consumidores que atendam à demanda do capitalismo financeiro.
4 ANÁLISE DE UMA ATIVIDADE PROPOSTA PARA O ENSINO MÉDIO: O
CASO DA “PREVIDÊNCIA”
Os estudos analíticos de cunho sociológico e suas relações com a Educação Matemática, tal
como proposto neste artigo, compõe o conjunto das pesquisas e discussões realizadas pelo
Grupo de Pesquisa Educação Matemática e Cultura – EMAC –, liderado pela Profa. Dra. Denise
Silva Vilela, ao qual pertencemos. Em algumas das pesquisas, como por exemplo a de Vilela e
Souza Neto (2012), Farias (2017) e Passos (2017), as análises ocuparam-se em desnaturalizar
práticas de sala de aula de Matemática e/ou programas – como a Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e o Mestrado Profissional em Matemática em Rede
Nacional (PROFMAT) – incorporando um outro modo de ver e pensar sobre o ensino de
Matemática e os modos de dominação da própria Matemática como campo de poder legítimo.
Na análise apresentada neste artigo, o objetivo é desnaturalizar propostas de trabalho com
a Educação Financeira na sala de aula, tendo como referência os materiais didáticos produzidos
pelo Conef. Em nosso ponto de vista, a Educação Financeira deve levar em conta os aspectos
simbólicos decorrentes de sua ação. Por exemplo, não temos como pensar o consumo somente
por meio de recursos disponíveis para tal ou com um cálculo racional do que possuímos, mas sim
como uma ação realizada em um contexto social que supõe, para tanto, símbolos de
representatividade desse universo social. Consumir, nesse caso, torna-se um símbolo de distinção
(BOURDIEU, 2013).
Hipátia
182
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
Na atividade destacada para análise, o tema é a Previdência Social versus Previdência
Privada. No documento que instituiu a Enef, em seu Artigo 1º, consta que a finalidade da
Estratégia é “promover a educação financeira e previdenciária” (BRASIL, 2010). Essa finalidade já
revela que o tema da Previdência será considerado nas propostas para a sala de aula.
Precisamente, em um dos materiais didáticos produzidos pelo Conef – Livro 3 do Ensino
Médio –, ao buscar uma discussão sobre a Economia do país, é abordado o tema Previdência. No
texto da atividade, são apontados argumentos que buscam convencer o estudante, quando for
trabalhador, a ter uma previdência complementar, alegando que a Previdência Social não tem
mais condições de sustentar a aposentadoria da população. O discurso, de tom moralista, tenta
inculcar nos jovens preocupações com relação à Previdência ao mesmo tempo em que argumenta
como se fosse responsabilidade do indivíduo, e que querer atribuir isso ao Estado seria
irresponsabilidade, pois retiraria recursos da Educação e saúde,
[...] não fica difícil perceber que do jeito que está não dá para continuar e isso
afeta você diretamente por dois motivos. A curto prazo [...] o governo tem de cobrir
o déficit da previdência aumentando impostos e investindo menos em educação,
saúde, segurança, transporte. Sobra menos dinheiro para pagar melhor os
professores e médicos e para equipar escolas e postos de saúde. No longo prazo,
outro problema que pode surgir: Se os seus pais não conseguirem boas
aposentadorias, vão depender financeiramente do dinheiro que você conseguir
ganhar para poderem sobreviver. Se pensar mais longe ainda e considerar que
nada vai mudar, o que será de você quando for velho, ou se sofrer um acidente
grave? (CONEF, 2013b, p. 110).
Assim, fica claro que a recomendação é que se faça uma previdência privada
complementar. O texto vai abordando vários argumentos para reforçar os benefícios que se pode
ter, quando aposentado, em adquirir uma previdência complementar, como por exemplo, manter a
qualidade de vida. O material relata que, para muitas pessoas, os recursos vindos da
aposentadoria podem não ser suficientes para uma vida com qualidade na velhice e reforça: “para
muitas pessoas o dinheiro da aposentadoria pago pela previdência social não é suficiente para ter
certo nível de conforto. Uma das maneiras de se conseguir isso é fazer uma previdência
complementar” (CONEF, 2013b, p. 109).
Dentre as propostas de atividades voltadas aos estudantes, está a recomendação de uma
pesquisa que pode ser feita, relacionando os gastos comuns de uma pessoa aposentada e o valor
que deveria ser a aposentadoria para dar conta de suprir tais gastos. Com essa investigação, temse como objetivo que os estudantes compreendam que a aposentadoria paga pela Previdência
Social – pelo menos o valor de um salário mínimo no Brasil – pode não ser suficiente para manter
as necessidades mínimas de um aposentado.
Para nos auxiliar na interpretação dessas atividades, atentamo-nos para uma análise de
cunho sociológico dialogando com os conceitos de habitus e performatividade. Nesse sentido,
entendemos que essas crenças, quando cultivadas a longo prazo, podem produzir um habitus
(BOURDIEU, 2004) específico nos jovens, como, por exemplo, na forma de conduzirem suas
finanças com o intuito de garantirem, por si mesmos e com seus esforços, uma vida tranquila na
aposentadoria. Ou seja, quando as disposições que constituem o habitus vão sendo inculcadas de
acordo com as condições objetivas dos jovens, acabam por criar “expectativas e práticas que são
objetivamente compatíveis com essas condições” (BOURDIEU, 2015c, p. 94).
O conceito de performatividade contribui para entendermos os efeitos que podem ser
desencadeados por textos como o excerto acima retirado do material do Conef (2013b). Esse
Hipátia
183
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
conceito, inicialmente tratado por Merton (1970) como “a profecia que se cumpre por si mesma”, é
interpretada pelo autor como sendo “inicialmente, uma definição falsa da situação que provoca
uma nova conduta a qual, por sua vez, converte em verdadeiro o conceito originalmente falso” (p.
517). Para o autor, a mensagem inicial provoca ações que, ao longo do tempo, acaba por
contribuir para a constatação do fato. Se hoje o texto da Conef afirma que a Previdência Social
não sustenta a aposentadoria, com a inserção de previdências complementares e reformas
previdenciárias, ao longo do tempo, teremos sim a confirmação de que, sem a Previdência
Privada, não conseguiríamos nos aposentar.
Para Austin (1990), há sentenças que tomam a forma performativa, ou seja, implicam
situações em que dizer é fazer. De acordo com ele, essas sentenças, quando proferidas em
circunstâncias apropriadas e por pessoas adequadas para dizê-las, tornam-se ações.
Dialogando com Bourdieu (2008, 1983b), sobre essas mensagens performativas ou, como
também considera o autor, como “efeito de teoria” (BOURDIEU, 2008, p. 125), entendemos que
isso pode causar um reforço sobre a decisão a respeito de uma previdência privada e cria uma
verdade sobre o assunto, possibilitando produzir nos jovens a disposição para investirem. O efeito
performativo do discurso produzido por agentes que possuem legitimidade para tal tende a produzir
crenças e atitudes na sociedade. Isso porque, conforme a interpretação do autor, o “discurso
supõe um emissor legítimo dirigindo-se a um destinatário legítimo” (BOURDIEU, 1983b, p. 161).
Desse modo, interpretamos, com base no material publicado pelo Conef (2013b), que essa
mensagem transmitida aos jovens na escola, proferidas por professores e agentes legítimos para
tal, estimulam esses jovens a investirem em Previdência Privada por fazê-los acreditar que essa é
uma das formas de garantir um futuro tranquilo na aposentadoria.
Embora a atividade afirma que busca discutir questões que envolvem o bem estar social e
econômico dos estudantes no futuro, a mensagem, de fato, reforça que o objetivo é que todos os
indivíduos, para que possam viver bem quando aposentados, devem fazer sua própria
previdência. Nesse sentido, cada um deve pagar para ter essa segurança no futuro e buscar por
alternativas rentáveis de investimento, tal como adquirir um plano de previdência. Esse discurso
performativo reforça atitudes individualistas e tende a produzir, ao longo do tempo, um habitus
ligado ao racionalismo contemporâneo e na maximização de lucros. Entendemos que, com esse
discurso, a Enef propõe um tipo específico de Educação Financeira: uma Educação Financeira
como performatização da teoria econômica neoliberal no espaço escolar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a instituição da Estratégia Nacional de Educação Financeira em 2010 e da Base Nacional
Comum Curricular em 2018, a Educação Financeira passou a ser um tema proposto como um
contexto a ser trabalhado nas salas de aula de toda a Educação Básica. Não podemos deixar de
sinalizar que esse é um assunto importante para constar no currículo escolar, uma vez que
ensinar crianças e adolescentes a lidarem com o dinheiro, buscando a compreensão de produtos
e operações financeiras, possibilita a integração entre práticas escolares e práticas cotidianas. O
que devemos nos questionar é que tipo de Educação Financeira está sendo proposto para o
espaço escolar.
Não obstante, salientamos a relevância de mobilizar conhecimentos relativos à Matemática
Financeira, tais como o cálculo de juros, a compreensão de um empréstimo ou da escolha de uma
compra à vista ou a prazo, para assim alcançar o entendimento e inserção na realidade financeira.
Hipátia
184
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
Porém, esse ver de outro modo que empreendemos por meio dos estudos de Sociologia nos
fez entender que a relação entre Educação Financeira e Educação Matemática deve ir além da
racionalidade. Pelas pesquisas que estão sendo realizadas na área, parece haver um estreitamento
do ensinar a Matemática no contexto da Educação Financeira, reduzindo esta última aos cálculos
matemáticos. Muitas preocupações buscam considerar a Educação Financeira como uma
oportunidade de relacionar a Matemática da escola com o cotidiano. Para Hofmann e Moro (2012),
trabalhar nesse contexto pode contribuir para integrar a disciplina ao cotidiano dos estudantes,
envolvendo questões financeiras e econômicas. Essa interlocução é interpretada pelas autoras
como uma estratégia para desenvolver competências matemáticas e, ainda, “uma das possíveis
formas de promover a (re)conciliação entre escola e cotidiano” (HOFMANN; MORO, 2012, p. 52).
As autoras reforçam ainda sobre a importância de considerar conhecimentos básicos do
mundo financeiro em sala de aula de modo a não comprometer a futura participação dos jovens
estudantes no mundo da economia que, segundo as autoras, faz parte da “experiência humana”.
Nesse sentido,
[...] em sociedades como a nossa, nas quais o preço chancela grande parte das
relações de troca e o mercado configura impessoalmente as relações sociais,
surpreende que prevaleça a ausência de mecanismos formais de ensino de
noções financeiras elementares. Trata-se de uma negligência que pode
comprometer o desenvolvimento da socialização numa das dimensões mais
salientes da experiência humana: a economia enquanto prática (HOFMANN;
MORO, 2012, p. 52).
Essa aproximação entre o ensino de Matemática e as questões financeiras, privilegiando
interpretações de cunho racional, ou seja, envolvendo cálculos matemáticos visando a
maximização de lucros e a minimização de prejuízos financeiros, coloca o discurso próximo da
teoria econômica. Esse tipo de abordagem, no modo como o interpretamos, poderá em longo
prazo, suscitar nos jovens disposições esperadas pelo campo econômico, quais sejam: a
maximização de lucros individuais e a minimização de atitudes altruístas e de cunho colaborativo
nas pessoas, ou seja, a formação do homo oeconomicus.
Se acrescentarmos os questionamentos promovidos pela Sociologia, entenderemos que as
questões econômicas extrapolam o cálculo racional. Entender um cálculo e estar ciente sobre os
riscos de uma operação financeira é parte dessa decisão, porém a Sociologia nos alerta sobre as
interferências simbólicas e sociais envolvidas nessas decisões.
Na análise que apresentamos sobre o tema Previdência, evidenciamos que o discurso
legitima um tipo de atitude próxima àquela do homo oeconomicus. Esse discurso performativo,
assim como foi visto por nós, reforça a crença em atitudes individualistas presentes na cultura
econômica, produzindo habitus ligados ao racionalismo contemporâneo e na maximização de
lucros, ou seja, o discurso disseminado nesse material revela um tipo de Educação Financeira
como performatização da teoria econômica neoliberal.
A mensagem baseada no faça você mesmo, você pode, tende a privilegiar no espaço
escolar um tipo de conhecimento que, com o propósito de oferecer oportunidades iguais, expõe ao
fracasso - financeiro - a quem o destino social deu oportunidades diferentes. Pela Sociologia da
Educação (Bourdieu; Passeron (2014); Nogueira; Nogueira (2002, 2011); Nogueira (1990)), é a
reprodução das desigualdades sociais que a escola promove, ocultando – com discurso da
neutralidade - a disseminação de um arbitrário cultural dominante, ou seja, a disseminação da
mensagem do capitalismo na escola. O olhar sociológico nos leva a interpretar que, quando a
Hipátia
185
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
temática da Educação Financeira é proposta para a escola brasileira a partir dos materiais
publicados pelo Conef (2013a, 2014), parece salientar os conceitos que reforçam o uso racional
do dinheiro e toca em assuntos como o mercado de trabalho e o empreendedorismo. Essas
questões, a nosso ver, também reforçam as desigualdades sociais, pois tendem a “contribuir para
a reprodução da estrutura das relações de classe dissimulando, sob as aparências da
neutralidade, o cumprimento desta função” (BOURDIEU, 2015c, p. 296).
Ademais, a análise sociológica tende a criar questionamentos que não estão naturalizados.
São questões do tipo: Como esse assunto passa a ser legítimo para a escola? Quem tem
autoridade para escrever/falar sobre isso? Quem legitima os legítimos para tratarem do assunto?
Outrossim, é importante destacar que esses questionamentos se desdobraram a partir do
olhar sociológico para o objeto de pesquisa. Objetivar um tema que estamos imersos não é tarefa
fácil. É preciso, segundo Bourdieu (1989), colocarmo-nos em uma posição de ruptura com o
próprio tema. Nesse sentido, a Sociologia Reflexiva de Bourdieu (1989), propõe-nos um pensar
relacionalmente, ou seja, nessa lógica de pesquisa, é preciso vigiar para não confundirmos o
“modelo da realidade” com a “realidade do modelo” (BOURDIEU, 1983a, p. 59).
Concluímos que a análise de cunho sociológico pode trazer contribuições para as
pesquisas em Educação Financeira e, mais especificamente, na interlocução com as pesquisas
em Educação Matemática. Nesse sentido, apresentamos a pesquisadores e professores de
Matemática um novo modo de ver a temática da Educação Financeira, considerando-a enraizada
no tecido social (JARDIM, 2007), desnaturalizando a abordagem puramente racional.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. M. O Movimento das
Pesquisas em Educação
Matemática Financeira Escolar de
1999 a 2015. 2015. Dissertação
(Mestrado Profissional em Educação
Matemática) - INSTITUTO DE CIÊNCIAS
EXATAS. UNIVERSIDADE FEDERAL DE
JUIZ DE FORA, Juiz de Fora, MG, 2015.
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1990.
BOURDIEU, P. Esboço de uma teoria da prática.
In: ORTIZ, R. (Org.) Pierre Bourdieu:
sociologia. São Paulo: Ática, 1983a, p.
46-81.
BOURDIEU, P. A economia das trocas
linguísticas. In: ORTIZ, R. (Org.) Pierre
Bordieu: sociologia. São Paulo: Ática,
1983b, p. 156-183.
BOURDIEU, P. Introdução a uma sociologia
reflexiva. In: BOURDIEU, P. O Poder
Simbólico. Lisboa: Difel, 1989, p. 17-58.
BOURDIEU, P. Coisas Ditas. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
BOURDIEU, P. As estruturas sociais da
economia. Porto: Campo das letras,
2006.
BOURDIEU, P. A Economia das Trocas
Linguísticas: o que falar quer dizer. São
Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2008.
BOURDIEU, P. Classes e classificações. In:
BOURDIEU, P. A Distinção. Porto
Alegre, RS: Zouk, 2013, p. 434-460.
BOURDIEU, P. Sobre o Estado . São Paulo:
Companhia das Letras, 2014.
BOURDIEU, P. A Economia das Trocas
Simbólicas. São Paulo: Perspectiva,
2015a.
BOURDIEU, P. A Produção da Crença:
contribuição para uma economia dos
bens simbólicos. 3. ed. Porto Alegre, RS:
Zouk, 2015b.
BOURDIEU, P. Futuro de classe e causalidade do
provável. In: NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A
(Orgs.) Escritos de educação . 16. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015c, p. 89–142.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J.C. A
Reprodução: elementos para uma teoria
do sistema de ensino. 7. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2014.
BRASIL. Estratégia Nacional de Educação
Financeira. Brasília, 2010. Disponível
em:
Hipátia
186
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2
007-2010/2010/Decreto/D7397.htm.
Acesso em: 13 mar. 2017.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular.
Ministério da Educação. Brasília: MEC,
2018. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/04/BNCC_19mar2018
_versaofinal.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2018.
CONEF. Educação financeira nas escolas:
ensino médio. Vol. 1 ao 3. Elaborado pelo
Comitê Nacional de Educação Financeira
(CONEF) – Brasília: CONEF, 2013a.
Disponível em:
<http://www.edufinanceiranaescola.gov.br
/materiais/>. Acesso em: 18 maio 2017.
CONEF. Educação financeira nas escolas:
ensino médio. Livro do aluno. Vol. 3.
Elaborado pelo Comitê Nacional de
Educação Financeira (Conef), Brasília:
CONEF, 2013b. Disponível em:
Disponível em:
<http://www.edufinanceiranaescola.gov.br
/materiais/>. Acesso em: 18 maio 2017.
CONEF. Educação financeira nas escolas:
ensino fundamental. Vol. 1 ao 9. 1 ed.,
Elaborado pelo Comitê Nacional de
Educação Financeira (CONEF) – Brasília:
CONEF, 2014. Disponível em:
<http://www.edufinanceiranaescola.gov.br
/ensino-fundamental/>. Acesso em: 18
maio 2017.
FARIAS, J. V. O Profmat e as relações
distintivas no campo da
matemática. 2017. 295 p. Tese
(Doutorado em Educação) – Centro de
Educação e Ciências Humanas,
Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 2017.
FIORENTINI, D.; LORENZATO, S. Investigação
em Educação Matemática: percursos
teóricos e metodológicos. Campinas:
Autores Associados. 2007.
GARCIA-PARPET, M, F. A gênese social do
homo-economicus: a Argélia e a
sociologia da economia em Pierre
Bourdieu. In: Mana, p. 333-357, 2006.
HOFMANN, R. M.; MORO, M. L. F. Educação
matemática e educação financeira:
perspectivas para a ENEF. In: Zetetiké,
FE/Unicamp, v. 20, n. 38, p. 37-54, jul/dez
2012.
v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019
JARDIM, M. A. C. Entre a solidariedade e o
risco: sindicatos e fundos de pensão em
tempos de governo Lula. 421 f. Tese
(Doutorado em Ciências Sociais) –
Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 2007.
MERTON, R. K. A profecia que se cumpre por si
mesma. In: MERTON, R. K. Sociologia:
teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou,
1970, p. 515-531.
NOGUEIRA C. M. M.; NOGUEIRA, M. A. A
Sociologia da Educação de Pierre
Bourdieu: limites e contribuições.
Educação & Sociedade, ano XXIII, n.
78, Abril, p. 15-36, 2002.
NOGUEIRA, M. A. A Sociologia da Educação do
final dos anos 60/início dos anos 70: o
nascimento do paradigma da reprodução.
Em Aberto, Brasília, ano 9, n. 46, p. 4958, abr./jun, 1990.
NOGUEIRA, M. A.; NOGUEIRA C. M. M. Um
arbitrário cultural dominante. Revista
Educação. São Paulo: Segmento. 2011.
PASSOS, C. M. Condições de produção e
legitimação da Etnomatemática .
2017. 225 p. Tese (Doutorado em
Educação) – Centro de Educação e
Ciências Humanas. Universidade Federal
de São Carlos, São Carlos, 2017.
SILVA A. M.; POWELL, A. B. Um programa de
Educação Financeira para a Matemática
Escolar da Educação Básica. In: Anais
do XI Encontro Nacional de Educação
Matemática, Curitiba, PR, 18 a 21 de
julho, 2013.
SOUZA, D. F. O Homo economicus no século
XXI: a emergência de um novo conceito
de indivíduo? Monografia. 56 p. Bacharel
em Ciências Econômicas. Faculdade de
Ciências Econômicas da Universidade
Federal de Minas Gerais. 2014.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E.
Introdução à Microeconomia. In:
Fundamentos de Economia. São
Paulo: Saraiva, 2008, p. 37-43.
VILELA, D. S.; SOUZA NETO, J. A. Práticas de
avaliação e capital simbólico da
Matemática: o caso da Obmep.
Rematec, Natal, ano 7, n.11, p. 62-82,
julho 2012.