Jorge González Aguilera
Alan Mario Zuffo
(Organizadores)
Ciências Agrárias: Campo Promissor
em Pesquisa
3
Atena Editora
2019
2019 by Atena Editora
Copyright © Atena Editora
Copyright do Texto © 2019 Os Autores
Copyright da Edição © 2019 Atena Editora
Editora Executiva: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Diagramação: Geraldo Alves
Edição de Arte: Lorena Prestes
Revisão: Os Autores
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exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
C569
Ciências agrárias [recurso eletrônico] : campo promissor em pesquisa
3 / Organizadores Jorge González Aguilera, Alan Mario Zuffo. –
Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2019. – (Ciências Agrárias.
Campo Promissor em Pesquisa; v. 3)
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: World Wide Web.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7247-417-7
DOI 10.22533/at.ed.177192006
1. Agricultura. 2. Ciências ambientais. 3. Pesquisa agrária –
Brasil. I. Aguilera, Jorge González. II. Zuffo, Alan Mario. III. Série.
CDD 630
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná - Brasil
www.atenaeditora.com.br
[email protected]
APRESENTAÇÃO
A obra “Ciências Agrárias Campo Promissor em Pesquisa” aborda uma publicação
da Atena Editora, apresenta seu volumem 3, em seus 23 capítulos, conhecimentos
aplicados as Ciências Veterinárias.
A produção de alimentos nos dias de hoje enfrenta vários desafios e a quebra de
paradigmas é uma necessidade constante. A produção sustentável de alimentos vem
a ser um apelo da sociedade e do meio acadêmico, na procura de métodos, protocolos
e pesquisas que contribuam no uso eficiente dos recursos naturais disponíveis e a
diminuição de produtos químicos que podem gerar danos ao homem e animais. Este
volume traz uma variedade de artigos alinhados com a produção de conhecimento
na área de veterinária, ao tratar de temas como manejo nutricional de caprinos,
peixes, cães, gatos, aves, avelhas, entre outros. São abordados temas inovadores
relacionados com sistemas de produção e manejo, melhora da cadeia produtiva,
qualidade e bem-estar animal. Os resultados destas pesquisas vêm a contribuir no
aumento da disponibilidade de conhecimentos úteis a sociedade.
Aos autores dos diversos capítulos, pela dedicação e esforços, que viabilizaram
esta obra que retrata os recentes avanços científicos e tecnológicos nas Ciências
Veterinárias, os agradecimentos dos Organizadores e da Atena Editora.
Por fim, esperamos que este livro possa colaborar e instigar mais estudantes e
pesquisadores na constante busca de novas tecnologias para a área da Agronomia e,
assim, contribuir na procura de novas pesquisas e tecnologias que possam solucionar
os problemas que enfrentamos no dia a dia.
Jorge González Aguilera
Alan Mario Zuffo
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
ANÁLISE DO RENDIMENTO CORPORAL DE PEIXE-REI
Deivid Luan Roloff Retzlaff
Daiane Machado Souza
Josiane Duarte de Carvalho
Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey
Luana Lemes Mendes
Paulo Leonardo Silva Oliveira
Rodrigo Ribeiro Bezerra De Oliveira
Rafael Aldrighi Tavares
Suzane Fonseca Freitas
Welinton Schrӧder Reinke
DOI 10.22533/at.ed.1771920061
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 6
ANÁLISE POLÍNICA DO MEL DE Apis melífera DE SANTA HELENA E TERRA ROXA,
REGIÃO OESTE DO PARANÁ, DAS SAFRAS 2016, 2017 E 2018 – RESULTADOS
PRELIMINARES
Luanda Leal das Neves Carvalho
Regina Conceição Garcia
Renato de Jesus Ribeiro
Paulo Henrique Amaral de Sousa
Sandra Mara Stroher
Simone Cristina Camargo
Bruna Larissa Mette Cerny
Lucas Luan Tonelli
DOI 10.22533/at.ed.1771920062
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 11
AVALIÇÃO DE ACEITABILIDADE DE CULTIVARES DE Brachiaria brizantha POR
CAPRINOS
Marina Gabriela Berchiol da Silva
Giuliana Micai de Oliveira
Paulo Roberto de Lima Meirelles
Édina de Fátima Aguiar
Guilherme Costa Venturini
DOI 10.22533/at.ed.1771920063
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 20
BONE TURNOVER MARKERS IN SHEEP AND GOAT: A REVIEW OF THE
SCIENTIFIC LITERATURE
José Arthur de Abreu Camassa
Camila Cardoso Diogo
Cristina Maria Peixoto de Sousa
Jorge Manuel Teixeira de Azevedo
Carlos Alberto Antunes Viegas
Rui Luís Gonçalves Dos Reis
Nuno Miguel Magalhães Dourado
Maria Isabel Ribeiro Dias
DOI 10.22533/at.ed.1771920064
SUMÁRIO
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 46
CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE SERRAPINUS MICRODON (Teleostei,
Characidae, Cheirodontinae) DA BACIA DO SEPOTUBA, TANGARÁ DA SERRA-MT
Erica Baleroni Pacheco
Marina Malaco
DOI 10.22533/at.ed.1771920065
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 54
CASOS DE INTOXICAÇÕES EM CÃES E GATOS NO BRASIL DE ACORDO COM O
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICA
Higor da Silva Ferreira
Allana Freitas Barros
Renata Mondêgo de Oliveira
Eslen Quezia Santos Miranda
Douglas Marinho Abreu
Isabel Silva Oliveira
Maria Gabriela Sampaio Lira
Ranielly Araújo Nogueira
Alessandra Lima Rocha
DOI 10.22533/at.ed.1771920066
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 59
COMBINAÇÃO DO EXERCÍCIO FISICO E RAÇÃO HIPOCALORICA PARA TRATAR
A OBESIDADE DE CÃES GUIAS
Vítor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda
Letícia Aline Lima da Silva
Tayara Soares Lima
Myllena Emely de Paiva Carmo
Marina Ximenes de Oliveira
Maria Camila Mendes Santos da Silva
Joelline Rebecca Pimentel Leite de Oliveira
Juliette Gonçalves da Silva
Larissa Manoely da Silva Gomes
Charles Demetrius Gonçalo da Silva Júnior
José Matheus de Moura Andrade
Silvio Mayke Leite
DOI 10.22533/at.ed.1771920067
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 67
Gracilaria birdiae PODE SER UM ALIMENTO ALTERNATIVO PARA AVES?
Ayala Oliveira do Vale Souza
Alex Martins Varela de Arruda
Ana Cecília Nunes de Mesquita
Nicolas Lima Silva
Maria Gabriela Alves Costa
DOI 10.22533/at.ed.1771920068
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 76
HISTOLOGICAL CHANGES CAUSED BY LIGOPHORUS
(Monogenoidea) IN REARED MULLET MUGIL LIZA
URUGUAYENSE
Eduardo Pahor-Filho
Marta da Costa Klosterhoff
SUMÁRIO
Natalia da Costa Marchiori,
Rogério Tubino Vianna,
Joaber Pereira Júnior
DOI 10.22533/at.ed.1771920069
CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 85
INFLUÊNCIA DOS FATORES METEOROLÓGICOS E FLORA APÍCOLA SOBRE O
PESO DE COLMEIAS DE ABELHAS MELÍFERAS EM ÁREA DE CAATINGA
Pedro de Assis de Oliveira
Marileide de Souza Sá
Marcelo Casimiro Cavalcante
Marcelo de Oliveira Milfont
DOI 10.22533/at.ed.17719200610
CAPÍTULO 11 ............................................................................................................ 96
ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus EM AMOSTRAS DE QUEIJO
Nayara Carvalho Barbosa
Cecília Nunes Moreira
Bruna Ribeiro Arrais
Flávio Barbosa da Silva
Priscila Gomes de Oliveira
Angélica Franco de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.17719200611
CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 101
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA REGIONAL JATAÍ, A SERVIÇO DA POPULAÇÃO DO
SUDOESTE GOIANO
Hélio de Souza Júnior
Priscila Gomes de Oliveira
Patrícia Rosa de Assis
Andréia Vitor Couto do Amaral
Alana Flávia Romani
DOI 10.22533/at.ed.17719200612
CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 107
MANIÇOBA COMO ALTERNATIVA FORRAGEIRA NA REGIÃO DO SEMIÁRIDO
BRASILEIRO: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Wanderson Câmara dos Santos
José Adrivânio da Silva
Everton Chianca de Medeiros
Emerson Moreira de Aguiar
Pablo Ramon Da Costa
Jefferson Avelino da Costa
Arthur Felipe Bezerra de Azevedo Silva
Alysson Lincoln da Costa Silva Junior
João Manuel Barreto da Costa
Samuel Norberto Silva
Júlio César de Andrade Neto
DOI 10.22533/at.ed.17719200613
SUMÁRIO
CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 116
MONITORAMENTO COMPORTAMENTAL DO PEIXE BETTA DA ESPÉCIE Betta
splendens (REGAN, 1910) NA VARIEDADE CROWNTAIL NO MASK STEEL
Thalline Santos Diniz
Yago Bruno Silveira Nunes
Matheus Martins da Silva
Gabriel Luiz Souza Vieira
Amanda Rafaela Cunha Gomes
Carlos Riedel Porto Carreiro
DOI 10.22533/at.ed.17719200614
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 121
OVOS ENRIQUECIDOS COM ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3
Marcos José Migliorini
Janaina Martins de Medeiros
Fernanda Picoli
Luana de Bittencurt Acosta
Rayllana Larsen
Mariana Nunes de Souza
Suélen Serafini
DOI 10.22533/at.ed.17719200615
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 129
PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DE DUAS ESPÉCIES DE ABELHAS SEM FERRÃO
(Melipona Interrupta E Scaptotrigona aff. xanthotricha) EM COMUNIDADES DA
RESEX TAPAJÓS- ARAPIUNS
Adcleia Pereira Pires
Jonival Santos Nascimento Mendonça Neto
Andria Tavares Galvão
Hierro Hassler Freitas de Azevedo
Valbert Cruz Canto
Ana Paula da Silva Viana
Adria Fernanda Ferreira de Moraes
Delzuíte Teles Leite
Alanna do Socorro Lima da Silva
Aline Pacheco
Nivea Maria Pantoja Neves
Marina Gabriela Cardoso de Aquino
DOI 10.22533/at.ed.17719200616
CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 137
PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE DO BAIRRO DE DOIS IRMÃOS NA CIDADE
DO RECIFE- PERNAMBUCO
Letícia Aline Lima da Silva
Vitor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda
Myllena Emely de Paiva Carmo
Marina Ximenes de Oliveira
Anderson Cristiano Ferreira Costa
Fernando de Figueiredo Porto Neto
Dayane Albuquerque da Silva
Juliette Gonçalves da Silva
Larissa Manoely da Silva Gomes
Nataly de Almeida Arruda
SUMÁRIO
José Matheus de Moura Andrade
Silvio Mayke Leite
DOI 10.22533/at.ed.17719200617
CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 150
PIRARUCU, GIGANTE DA AMAZÔNIA: DESAFIOS ENFRENTADOS
PRODUTORES DE ALEVINOS DO SUDESTE PARAENSE
POR
Natalia Bianca Caires Medeiros
Marcela Cristina Flexa do Amaral
Leandro de Lima Sousa
Marcos Rodrigues
Igor Guerreiro Hamoy
Marília Danyelle Nunes Rodrigues
DOI 10.22533/at.ed.17719200618
CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 163
PRÁTICAS DE MANEJO E ABATE EM SISTEMA RANCHING DE CRIAÇÃO DE
JACARÉ (Caiman yacare) EM COOPERATIVA NO PANTANAL MATO-GROSSENSE
Natalia Bianca Caires Medeiros,
Erica Vanessa Xavier de Almeida
Marcela Cristina Flexa do Amaral
Drausio Honorio Morais
Marília Danyelle Nunes Rodrigues
DOI 10.22533/at.ed.17719200619
CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 176
PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CÃES DA CIDADE DE JATAÍGO
Fernanda Regina Cinelli
Vera Lúcia Dias da Silva
Luana Grazielle Oliveira Silva
Josielle Nunes Silva
Rodolfo Medrada de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.17719200620
CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 182
RENDIMENTO CORPORAL DE CYPHOCHARAX VOGA
Welinton Schrӧder Reinke
Daiane Machado Souza
Suzane Fonseca Freitas
Paulo Leonardo Silva Oliveira
Deivid Luan Roloff Retzlaff
Luana Lemes Mendes
Josiane Duarte de Carvalho
Rafael Aldrighi Tavares
Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey
DOI 10.22533/at.ed.17719200621
SUMÁRIO
CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 187
SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO AQUÍCOLA PARA INCUBAR EMBRIÃO DE POLVOS
Octopus vulgaris TIPO II
Clara Luna de Bem Barreto Cano
Luciana Guzela
Penélope Bastos
Cláudio Manoel Rodrigues de Melo
Débora Machado Fracalossi
Carlos Rosas Vásquez
Katt Regina Lapa
DOI 10.22533/at.ed.17719200622
CAPÍTULO 23 .......................................................................................................... 197
UMA ANÁLISE DA OFERTA NO VAREJO BRASILEIRO DE PRODUTOS ORIUNDOS
DE PROCESSO DE PRODUÇÃO COM BEM-ESTAR ANIMAL
Priscila Hitomi Inoue
Marco Antonio Silva de Castro
Gilmara Bruschi Santos de Castro
DOI 10.22533/at.ed.17719200623
SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................. 207
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
ANÁLISE DO RENDIMENTO CORPORAL DE PEIXE-REI
Deivid Luan Roloff Retzlaff
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Suzane Fonseca Freitas
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Daiane Machado Souza
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Welinton Schrӧder Reinke
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Josiane Duarte de Carvalho
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Luana Lemes Mendes
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Paulo Leonardo Silva Oliveira
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Agronomia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Rodrigo Ribeiro Bezerra De Oliveira
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Agronomia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Rafael Aldrighi Tavares
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO: Obter informações sobre as
espécies é de fundamental importância para
a sustentabilidade da pesca artesanal e para
a comercialização do produto proveniente das
pescarias. Foram utilizados 16 indivíduos da
espécie Odontesthes humensis e 16 indivíduos
da espécie Odontesthes bonariensis, oriundos
da Lagoa Mangueira (33° 9´18.93”S e 52°
48`33.58”O).
No laboratório foi realizada
a biometria, que consistiu em aferições de
comprimento total (CT) em cm, peso total (PT),
peso do filé (PF) e peso de tronco limpo (PTL
em gramas. Posteriormente, foram calculados
os rendimentos de filé e tronco limpo (sem
cabeça, vísceras e nadadeiras), expressos
pelas equações PF/PT *100 e PTL/PT *100.
Assim, é de objetivo deste trabalho, avaliar
o rendimento corporal de duas espécies de
peixe-rei (expressos em rendimento de filé e de
tronco limpo).
Capítulo 1
1
PALAVRAS-CHAVE: Lagoa Mangueira; Odontesthes bonariensis; Odontesthes
humensis; Rendimento filé.
ABSTRACT: Obtaining information on species is of fundamental importance for the
sustainability of artisanal fisheries and for the marketing of fishery products. Sixteen
individuals of the species Odontesthes humensis and 16 individuals of the species
Odontesthes bonariensis, from Mangueira lagoon (33 ° 9'18.93 "S and 52 ° 48'33.58"
W) were used. In the laboratory, the biometry was performed, which consisted of
measurements of total length (CT) in cm, total weight (PT), fillet weight (PF) and clean
trunk weight (PTL in grams. and clean trunk (without head, viscera and fins), expressed
by the equations PF/PT * 100 and PTL/PT * 100. Thus, the objective of this work is
to evaluate the body yield of two kingfish species (expressed in yield fillet and clean
trunk).
KEYWORDS: Mangueira lagoon; Odontesthes bonariensis; Odontesthes humensis;
Yield fillet.
1 | INTRODUÇÃO
O peixe-rei é encontrado nas lagoas costeiras do sul do Brasil, também podendo
ser encontrado no Uruguai e na Argentina. Nas lagoas Mangueira e Mirim ao sul do
Rio Grande do Sul as espécies mais comuns são Odontesthes humensis (DE BUEN,
1953) e o Odontesthes bonariensis (CUVIER; VALENCIENNES, 1835), o qual é
vulgarmente chamada de “bicudo” (POUEY et al. 2012; PEREIRA, 2015). Quando
adulto pode atingir o tamanho de 30 a 40 cm, sendo importante na pesca artesanal
e com grande potencial para aquicultura (CAVALHEIRO et al. 2011). É capturado em
maior quantidade durante o inverno, diminuindo substancialmente durante as outras
estações (PEREIRA, 2015).
Obter informações sobre as espécies é de fundamental importância para
a sustentabilidade da pesca artesanal no entorno deste complexo lagunar e da
comercialização do produto proveniente desta pesca. Assim como para as empresas
que necessitam fazer o cálculo para a obtenção do produto final. A noção da quantidade
de matéria-prima (peixe inteiro) que será transformada em produtos finais (filé e tronco
limpo), permite o planejamento logístico da produção e os preços aferidos a cada
produto para a comercialização (CARNEIRO et al. 2004; GONSALVES; CEZARINI,
2008). Assim, é de objetivo deste trabalho, avaliar o rendimento corporal do peixe-rei
(expressos em rendimento de filé e de tronco limpo).
2 | METODOLOGIA
Foram utilizados 16 indivíduos da espécie Odontesthes humensis e 16 indivíduos
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 1
2
da espécie Odontesthes bonariensis, oriundos da Lagoa Mangueira (33° 9´18.93”S
e 52° 48`33.58”O). As coletas foram realizadas por pescadores locais licenciados
e atuantes na região, na qual a captura foi realizada utilizando-se redes de emalhe
de 30mm entrenós, configurando em retiradas aleatórias dos animais das redes de
emalhe em seu ambiente natural. Após, os espécimes foram acondicionados em caixas
térmicas e encaminhados para o Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de
Pelotas e armazenados em freezer.
No laboratório foi realizada a biometria, que consistiu em aferições de
comprimento total (CT) em cm, peso total (PT), peso do filé (PF) e peso de tronco
limpo (PTL). Posteriormente, foram calculados os rendimentos de filé e tronco limpo
(sem cabeça, vísceras e nadadeiras), expressos pelas equações PF /PT⁕100 ⁄ e PTL /
PT⁕100. Para cada variável analisada, foram calculados os valores médios bem como
o desvio padrão obtido para cada indivíduo de cada espécie. Por fim, os dados foram
submetidos ao teste t para comparação de médias, utilizando o software BioEstat 5.3.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos não apresentaram diferença estatística significativa,
conforme pode ser observado na Tabela 1.
Variáveis (1)
Odontesthes humensis
Odontesthes bonariensis
p<0,05
27,22 ± 2,48
26,81, ± 1,90
0,1287
PT (g)
186,56 ± 49,60
171,12 ± 33,07
0,2711
PFCP (g)
108,46 ± 30,96
97,73 ± 18,73
0,0907
PFSP (g)
75,36 ± 22,27
68,06 ± 12,46
0,3077
PTL (g)
123,30 ± 46,81
119,92 ± 27,85
0,0762
RFCP (%)
57,89 ± 2,67
57,23 ± 4,10
0,1335
RFSP (%)
40,38 ± 3,64
40,11 ± 5,04
0,0630
RTL (%)
65,25 ±15,82
70,00 ± 8,60
0,2775
CT (cm)
Tabela 1- Rendimentos e médias dos indivíduos submetidos a biometria.
CT=comprimento total; PT= peso total; PFCP= peso do filé com pele; PFSP= peso do filé sem pele; PTL= peso
do tronco limpo; RFCP= rendimento do filé com pele; RFSP= rendimento do filé sem pele; RTL= rendimento de
tronco limpo.
(1)
Os valores encontrados de rendimento do filé, sem pele, de ambas as espécies
estudadas, foram semelhantes ao resultado de 40% encontrado por Cavalheiro et al.
(2011) em seu estudo com a espécie Odontesthes humensis, realizado na lagoa Mirim
(com rede de emalhe de 35mm entrenós). Apesar dos peixes avaliados neste trabalho
apresentarem peso menor que os analisados no trabalho relacionado (234,97 g), o
resultado de rendimento de filé se manteve próximo.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 1
3
Comparando os resultados apresentados neste estudo com os encontrados
por Costa et al. (2012) com representantes da mesma espécie (Odontesthes sp.),
coletados também no mês de agosto, na Barragem do Chasqueiro, com rede de
emalhe de 35mm entrenós, obteve valores de rendimento de filé com pele de 43,69%
para corte oblíquo e 40,82% para corte reto com peixes na faixa de peso entre 300 e
400g, estes resultados foram inferiores aos encontrados neste trabalho.
A diferença de peso encontrada nos trabalhos relacionados, pode ser justificada
pelas diferentes malhas de redes utilizadas, no presente trabalho foram utilizadas
redes de emalhe de 30mm e nos trabalhos citados foram utilizadas redes de emalhe
de 35mm entrenós, que emalham peixes maiores e mais pesados, o que não interferiu
nos valores de rendimentos encontrados neste estudo. O resultado do rendimento de
tronco limpo (65,25% para O. humensis e 70% para O. bonariensis) foram inferiores ao
obtido por Pouey e Stingelin (1997), em que encontraram resultados para rendimento
de carcaça de 87,7%.
Pode-se se justificar esses dados relacionando o tamanho médio dos peixes, em
que no estudo acima citado, eram mais pesados (peso médio de 273,9g) e também
porque os autores consideram a carcaça sendo o peixe inteiro, descartando apenas
as vísceras, diferente da análise feita neste estudo, considerando o tronco limpo livre
de vísceras, cabeça e nadadeiras.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que o peixe-rei da
Lagoa Mangueira possui rendimentos semelhantes aos demais trabalhos realizados
nos recursos hídricos do sul do Rio Grande do Sul, e apresentam alto rendimento,
tanto de filé como de tronco limpo.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, P. C. F.; MIKOS, J. D.; BENDHACK, F.; IGNÁCIO, S. A. Processamento do jundiá
Rhamdia quelen: rendimento de carcaça. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais,
Curitiba, v. 2, n. 3, p. 11-17, jul/set 2004.
CAVALHEIRO, A. C. M.; EINHARDT, M. D. S.; TAVARES, R. A.; RIBEIRO, A. C.; PIEDRAS, S. R.
N.; POUEY, J. L. Estudos de rendimento do filé do peixe-rei Odontesthes humensis no sul do
RS. In: In: 38 Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 2011, Florianópolis SC. Anais do 38
Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária., 2011. CD-ROM.
COSTA, S. B.; LIMA, F. V.; FREITAS, S. F.; TAVARES, R. A.; FERREIRA, O. G. L.; PIEDRAS, S. R. N.;
POUEY, J. L. O. F. Rendimento de filé de peixe-rei (Odontesthes sp) com diferentes cortes de
cabeça. In: SIEPE, 2012, Pelotas. Anais... Pelotas. CDROM.
GONSALVES, A. A.; CEZARINI, R. Agregando valor ao pescado de água doce: defumação de
filés de jundiá (Rhamdia quelen). Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, v. 3, n. 2, p. 63-79, jul.
2008.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 1
4
PEREIRA, Natalia. Efeitos da precipitação pluvial e da disponibilidade hídrica na Pesca
artesanal da Lagoa Mirim. 2015. Tese (Doutorado Zootecnia) - Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas,RS, 2015
POUEY, J. L. O. F.; ROCHA, B. C.; TAVARES, R. A.; PORTELINHA, M. K.; PIEDRAS, S. R. N.
Frequência alimentar no crescimento de alevinos de peixe-rei Odontesthes humensis. Semina:
Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 6, p. 2423-2428, nov/dez 2012.
POUEY, J. L. O. F.; STINGILIN L. A.; Rendimento de carcaça e de carne do peixe-rei (Odontesthes
humensis) com peso entre 200 e 300g. Boletim do Instituto de Pesca, v. 24, n. especial, p. 173-175,
1997.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 1
5
CAPÍTULO 2
doi
ANÁLISE POLÍNICA DO MEL DE Apis melífera DE SANTA
HELENA E TERRA ROXA, REGIÃO OESTE DO PARANÁ, DAS
SAFRAS 2016, 2017 E 2018 – RESULTADOS PRELIMINARES
Luanda Leal das Neves Carvalho
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Mestranda em Zootecnia
Regina Conceição Garcia
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Profª Dra. Do Departamento de Zootecnia
Renato de Jesus Ribeiro
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Mestrando em Zootecnia
Paulo Henrique Amaral de Sousa
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Doutorando em Zootecnia
Sandra Mara Stroher
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Doutora em Nutrição Animal
Simone Cristina Camargo
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Doutora em Nutrição Animal
Bruna Larissa Mette Cerny
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Graduanda em Zootecnia
Lucas Luan Tonelli
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR
Graduando em Zootecnia
RESUMO: A apicultura tem se desenvolvido
bastante na região Oeste do Paraná na última
década, graças à organização dos apicultores,
aos canais de comercialização de mel criados
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
pela Cooperativa (COOFAMEL), e à qualidade
do produto, confirmada por análises, realizadas
pela Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon,
que trabalha em parceria com essa cooperativa
desde a sua criação. A presente proposta teve
como objetivo comparar a origem botânica,
por meio de análises melissopalinológicas, de
amostras de mel do município de Santa Helena
(Beira Lago de Itaipu) e Terra Roxa (com
características agrícolas), das safras 2016/2017
e 2017/2018, visando à caracterização
botânica dos mesmos e à busca da Indicação
Geográfica junto ao Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), do Ministério da
Indústria, Comércio e Serviços. Em relação às
analises polínicas quantitativas das lâminas
de foram encontrados 353 tipos polínicos
das safras 2016/2017/2018, mel, dentre eles
os principais gêneros responsáveis pelas
características singulares do mel da região são
Zea mays, Malpigiaceae, Parapiptadenia rígida,
Eucalyptus, e Hovenia dulcis
PALAVRAS-CHAVE:
Apicultura,
Rastreabilidade, Melissopalinologia
ABSTRACT: Beekeeping has been developing
in the western region of Paraná in the last decade,
thanks to the organization of beekeepers,
the marketing channels of honey created by
Cooperativa (COOFAMEL), and product quality,
Capítulo 2
6
confirmed by analyzes carried out by the Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Campus of Marechal Cândido Rondon, that works in partnership with this cooperative
since its creation. The present proposal had the objective of comparing the botanical
origin, through melissopalinological analyzes, of honey samples from the municipality
of Santa Helena (lake of itaipu) and Terra Roxa (with agricultural characteristics), from
the 2016/2017 and 2017/2018 harvests, aiming at the botanical characterization of
the same and the search of the Geographical Indication next to the National Institute
of Industrial Property (INPI), of the Ministry of Industry, Commerce and Services.
In relation to the pollen quantitative analyzes of the slides, 353 pollen types of the
2016/2017/2018 harvests were found, among them the main genera responsible for
the unique characteristics of the honey of the region are Zea mays, Malpigiaceae,
Parapiptadenia rigida, Eucalyptus, and Hovenia dulcis.
KEYWORDS: Beekeeping, Traceability, Melissopalinology
1 | INTRODUÇÃO
A produção de mel das abelhas até o ano de 2008 na região Oeste do Paraná
correspondia à segunda região mais produtora, com 20% do total no estado, ficando
atrás da região Sudeste. Em 2014 último dado fornecido, as abelhas presentes
na região Oeste do Paraná produziram o que correspondem 14,25% da produção
estadual, que foi de 5.688.178 Kg (IBGE, 2014).
Diversos trabalhos têm sido realizados na região Oeste do Paraná, desde 2006,
da UNIOESTE em parceria com a COOFAMEL, para determinar características
palinológicas do mel nela produzido. Considerando-se que esta região, possuí
características fitogeográficas diferenciadas, pela presença do Lago de Itaipu e pelo
reflorestamento que vem sendo realizado desde 1979 em toda a bacia que margeia o
Lago, por esses fatores mel produzido na região possui características palinológicas
específicas, diferenciadas de outras regiões.
Através da avaliação polínica qualitativa do mel é possível descobrir quais são
as espécies botânicas visitadas pelas abelhas em busca de néctar e pólen. Pela
avaliação quantitativa é possível estabelecer a contribuição de cada espécie vegetal
visitada (Iwama 1979, Barth 2004).
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em parceria com a Cooperativa Agrofamiliar Solidária
de Apicultores do Oeste do Paraná (COOFAMEL).
O levantamento florístico foi realizado nas áreas à margem do lago de Itaipu e
áreas agrícolas, nos municípios de Entre Rios do Oeste e Marechal Cândido Rondon,
em transcectos marcados em 1,5 km de raio, sendo as plantas herborizadas e
depositadas no herbário do Laboratório de Botânica da UNIOESTE – MCR.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 2
7
Foram coletadas 12 amostras de mel de cada município a cada safra , e as
analises melissopalinológicas foram feitas em triplicata.
A montagem das lâminas foi realizada por meio do processo de acetólise, adaptado
de Louveaux et al. (1970). Estas lâminas farão parte do laminário de referência que
está sendo montado na Universidade. As lâminas foram observadas e fotografadas
em microscópio trinocular, com câmera acoplada (OPTON), em aumento 400 e 1.000
vezes, para formação do banco de imagens.
Para identificação de grãos de pólen das lâminas, estas foram comparadas às
lâminas de um laminário referência do laboratório de Apicultura da UNIOESTE/MCR, e
realizando consultas a RCPOL (Rede de Catalogo Polínicos online) e levadas para uma
identificação mais precisa até o laboratório de botânica e apicultura da Universidade
de São Paulo (USP).
As amostras de mel de Apis mellifera foram disponibilizadas pela Cooperativa
Agrofamiliar Solidaria dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná – COOFAMEL,
referentes à safra de 2016/2017 / 2018 de apicultores cooperados.
As amostras foram acondicionadas em embalagens destinadas a produtos
alimentícios, sendo um recipiente de plástico transparente com tampa de rosca com
capacidade de 500g, ficando totalmente fechado, sendo armazenadas sob refrigeração.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Cooperativa Agro familiar Solidária dos Apicultores do Oeste do Paraná pleiteou
junto ao INPI, o certificado de Indicação Geográfica (IG), por meio das pesquisas e
análises realizada em parceria com a Universidade do Oeste do Paraná, foi conquistado
em 2016 o selo de Indicação por procedência do mel de Apis e Jatai.
Em relação às analises polínicas quantitativas das lâminas de mel, foram
encontrados 353 tipos polínicos das safras 2016/2017/2018, abaixo uma tabela com
a classificação quantitativa.
Porcentagem
Classificação
Número de Ocorrências Polínica
<3%
Pólen Isolado Ocasional
132 tipos polínicos
3 a 15%
Pólen Isolado Importante
131 tipos polínicos (15 identificados)
15 a 45%
Pólen Acessório
60 tipos polínicos (11 identificados)
>45%
Pólen Dominante
1 tipo polínico identificado
Tabela 1. Classificação polínica quantitativa de amostras de mel de Apis mellifera provenientes
de municípios do Oeste do Paraná, de acordo com a metodologia de Louveaux et al. (1978):
Segundo Moraes (2012), nas amostras de mel de A. mellifera coletadas na região
de Santa Helena- PR foram encontrados 71 tipos polínicos, pertencentes a 24 famílias,
dois tipos polínicos não foram identificados.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 2
8
Após realização da leitura polínica foi possível identificar e classificar os gêneros
abaixo.
Porcentagem
Tipos Polínicos
<3%
Barbarea, Handroanthus
3 a 15%
Euphorbiaceae, Trema, Miconia, Anadenanthera, Piptadenia,
Bignoniaceae, Caesalpinia, Vicia, Cassia, Syzygium, Malpighia,
Malvaceae, Lagerstroemia, Manihot, Eugenia
15 a 45%
Anacadiaceae, Arecaceae, Leucaena, Parapiptadenia rígida Zea mays,
Helianthus, Malpigiaceae, , Eucalyptus, Brassica, Cecopria,
>45%
Hovenia dulcis
Tabela 2. Classificação polínica qualitativa de amostras de mel de Apismelífera, provenientes de
municípios do Oeste do Paraná, das safras 2016/2017/2018, de acordo com a metodologia de
Louveaux et al. (1978).
Referente aos gêneros identificados as espécies de plantas, Leucaena e Hovena
dulcis, são exóticas de importância apícola introduzidas no reflorestamento do lago
de Itaipu e Bacia do Paraná 3. No que se diz respeito as espécies exóticas plantas
como Zea mays (milho), Helianthus (Girassol) e Brassica (Canola), encontradas nas
analises polínicas do mel são muito cultivadas na agricultura da região
Heizen et al. (2009), em estudo no município de Marechal Cândido Rondon (PR),
encontraram participação de grãos de pólen de H. dulcis, sendo predominante em
uma das colmeias. Ainda Camargo et al. (2014), realizando estudo de levantamento
de flora apícola, identificaram, em apiários do município de Santa Helena (PR) grande
abundância das espécies H. dulcis e L. leucocephala.
Figura 1. Tipos polínicos encontrados nas amostras de mel de Apis da Região Oeste – PR,
safra 2016/2017/2018: 1- Bignoniaceae ; 2- Caesalpinia; 3- Vicia; 4- Cassia; 5- Malpighia; 6Hovenia dulcis (Rhamnaceae);7- Ligustrum.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 2
9
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mel de Apis Mellifera apresenta características especificas da Região
Oeste do Paraná, conferida pela presença polínica de Hovenia dulcis (uva-dojapão), Parapiptadenia rígida (angico) e Eucalyptus.(Myrtaceae), o que demonstra a
importância da biodiversidade da região Beira Lago para alimentação das abelhas dos
municípios estudados.
REFERÊNCIAS
BARTH, O.M. 2004. Melissopalynology in Brazil: a review of pollen analysis of
honeys, própolis and pollen loads of bees. Scientia Agricola 61: 342-350.
CAMARGO, S.C.; GARCIA, R.C.; FEIDEN, A.; VASCONCELOS, E.S.; PIRES, B.G.; HARTLEBEN,
A.M.; GREMASCHI, J.R. 2014. Implementation of a geographic information system (GIS) for the
planning of beekeeping in the west region of Paraná. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 86,
955-971. doi:10.1590/0001-3765201420130278
GARCIA, R. C.; NOGUEIRA-COUTO, R. H.; MALERBO, D. T. Efeitos do fornecimento de farelo de
trigo sobre o desenvolvimento da glândula hipofaringeana e produção de geleia real em colmeias de
Apis mellifera. Ciência Zootécnica, v. 4, n. 1, p. 6-8, 1989.
HEINZEN, L.H.; LÜPKE, C.J.; GARCIA, R.C. ET AL. Plantas apícolas e análise polínica de méis de
Apis mellifera, na região Oeste do Paraná. ZOOTEC. Anais... Águas de Lindóia, 2009.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção de mel no Brasil. In:
Sistema IBGE de recuperação de dados: mel deabelhas.Disponívelem:http://www.sidra.ibge.gov.br/
bda/tabela/listabl.asp?e=I&c=74. Acesso em: 24 de fevereiro de 2018.
IWAMA, S. The pollen spectrum of the honey of Tetragonisca angustula angustula Latreille (Apidae,
Meliponinae). Apidologie, v.10, p.275-295. 1979.
LOUVEAUX, J.; Maurizio, A.; Vorwohl, G. 1970. Methodik dermelissopalynologie. Apidologie, 1: 193209.
MORETTI, A.C.C. CARVALHO, C.A.L. MARCHINI, L.C. ET AL. Espectro polínico de amostras de mel
de Apis mellifera L. coletadas na Bahia. Bragantia, v.59, n.1, p.1-6, 2000.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 2
10
CAPÍTULO 3
doi
AVALIÇÃO DE ACEITABILIDADE DE CULTIVARES DE
Brachiaria brizantha POR CAPRINOS
Marina Gabriela Berchiol da Silva
Faculdade Eduvale de Avaré e FMVZ/UNESP de
Botucatu,
[email protected]
Giuliana Micai de Oliveira
ESALQ/USP de Piracicaba, giuliana.micai@
hotmail.com
Paulo Roberto de Lima Meirelles
FMVZ/UNESP de Botucatu,
[email protected].
br
Édina de Fátima Aguiar
Faculdade Eduvale de Avaré e FMVZ/UNESP de
Botucatu,
[email protected]
Guilherme Costa Venturini
FMVZ/UNESP de Botucatu, venturinigc@gmail.
com
RESUMO: A aceitabilidade e a composição
bromatológica de três cultivares de Brachiaria
brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) pastejadas
por caprinos da raça boer, foram avaliados
no presente experimento. O delineamento
experimental adotado foi em blocos casualizados
com três tratamentos e quatro repetições. A
aceitabilidade das gramíneas foi estudada em
um ensaio do tipo cafeteria. Antes de cada
pastejo, foi retirada uma amostra de forragem
de cada parcela para estimar a produtividade de
massa seca de forragem. Após o pastejo outras
amostras foram coletadas para determinação
da proteína bruta (PB), fibra detergente neutro
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
(FDN), fibra detergente ácido (FDA), lignina e
do índice relativo de aceitabilidade. Observouse que a cultivar Xaraés foi a cultivar mais
aceita, devido principalmente a maior produção
de massa seca (PMS) e relação folha: colmo
(relação F: C), uma vez que os valores de FDA,
FDN e PB não diferiram entre as cultivares.
PALAVRAS-CHAVE:
Cafeteria.
Cultivar.
Consumo. Índice relativo de aceitabilidade.
Pastagem
ABSTRACT: This work was aimed to evaluate
the acceptability and chemical composition of
three cultivars of brachiaria brizantha (xaraés,
marandu and piata) grazed by goats boer. A
completely randomized block design was used.
The acceptability of grasses was studied in a
cafeteria-type experiment. Before each grazing,
a sample was taken from each forage plot to
estimate the productivity of dry matter forage.
After grazing the other samples were collected
for determination of crude protein (cp), neutral
detergent fiber (ndf), acid detergent fiber (adf),
lignin and the relative acceptance index. It
was observed that the cultivar xaraés was the
more accepted, mainly due to higher dry matter
production (dmp) and leaf: stem ratio (ratio f: c),
since the values of adf, ndf and cp did not differ
between cultivars.
KEYWORDS: Cafeteria. Cultivars. Consumption
. Relative acceptance index.Pasture.
Capítulo 3
11
1 | INTRODUÇÃO
Nos países de clima tropical e subtropical, há grande potencial de produção de
ruminantes em sistemas baseados no uso de pastagens. A despeito dessa realidade,
os índices zootécnicos no Brasil continuam com baixos valores, e o manejo adequado
das pastagens ainda é um desafio para pecuaristas e técnicos, que buscam a máxima
produção de forragem e a otimização da produtividade animal (Neto et al.,2011).
Aliado a isto, a escolha de forrageiras que melhor se adaptem ao sistema de produção
adotado, e que seja mais adequada a determinada espécie ou categoria animal,
também é almejada com o objetivo de buscar a máxima eficiência na produção de
ruminantes.
Vale destacar que aumentos na eficiência de produção e colheita da forragem
disponível podem contribuir de forma marcante para a redução do custo de produção,
melhorando a rentabilidade destes sistemas.
A produtividade de uma pastagem é função de fatores próprios do ambiente
como fotoperíodo e temperatura, e de fatores ambientais alteráveis pelo homem,
como disponibilidade de água e de nutrientes, além do manejo empregado, o qual
pode interferir diretamente na produção.
Dessa forma, a identificação de parâmetros relacionados à frequência e
intensidade de pastejo, melhor momento para reposição de nutrientes e potencial
produtivo das espécies, contribuirá para a definição de estratégias de manejo nas
pastagens, resultando em aumento na produtividade.
O trabalho teve como objetivo avaliar a aceitabilidade de três cultivares de
Brachiaria brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) por caprinos da raça Boer.
2 | METODOLOGIA
O experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura da Fazenda Lageado
de Ensino, Pesquisa e Produção da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da UNESP – Campus de Botucatu, Botucatu - SP. O clima do município é temperado
quente mesotérmico, a altitude do local é de 800 m, latitude 22º52’55” sul e longitude
48º26’22” oeste. A precipitação pluviométrica anual é de 1300 mm, as temperaturas
mínimas e máximas são, respectivamente, 17ºC e 23ºC e a umidade relativa do ar
média anual é de 77,48%. O solo da área experimental é do tipo Latossolo Vermelho
Distrófico.
A aceitabilidade e a qualidade nutricional das cultivares de Brachiaria brizantha
(marandu, xaraés e piatã), foram avaliadas em um ensaio do tipo cafeteria (Ferreira,
1999).
O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso com três
tratamentos (cultivares) e quatro blocos, sendo que cada parcela experimental media
80 m².
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
12
A área experimental foi implantada em 2007 e mantida sob regimes de cortes
periódicos e adubações.
As avaliações foram realizadas a cada 28 dias, no período de outubro a dezembro,
totalizando três avaliações, utilizando-se em cada bloco 3 cabras em lactação da raça
Boer com peso médio de 60 kg que permaneciam na área experimental durante um
dia no período das 8:00 as 18:00 horas.
Foram estudados os seguintes parâmetros:
Tempo de pastejo de cada animal em cada acesso: Determinado por meio da
observação visual a cada 10 minutos durante o período de permanência dos animais
nos piquetes, utilizando-se um observador para cada dois o blocos. A partir desta
informação, foi calculado o Índice relativo de aceitabilidade, conforme proposto por
Larbi et al. (1993).
Altura do dossel: Obtida por meio da medição com o uso da régua milimetrada.
Quantidade de forragem ofertada em cada parcela: Determinada por meio da
medida direta de disponibilidade de forragem em uma área delimitada com um quadrado
de 1m2, antes e após o pastejo. O material cortado foi então pesado e retirado uma
amostra para secagem em estufa e posterior determinação da produtividade em kg de
matéria seca/ha.
Determinação do valor nutritivo dos diferentes acessos: Foram coletadas amostras
antes do pastejo em uma área delimitada com um quadrado de 1m2. Do material
cortado, foi retirada uma amostra que foi posteriormente encaminhada ao laboratório
de Bromatologia da FMVZ/ Unesp - Botucatu para determinação do teor de matéria
seca (MS) e proteína bruta (PB) de acordo com a AOAC (1980), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e pelo método descrito por Van
Soest et al. (1991).
Após o pastejo as parcelas foram uniformizadas a 20 cm do solo com o uso da
roçadeira. Durante o período de avaliação foram realizadas adubações de cobertura
com 100 kg/ha da fórmula 20-05-20 (N; P2O5 e K2O) para cada tonelada de matéria
seca extraída.
Os dados foram submetidos à análise estatísca com análise de variância e teste
F e, quando houve diferenças entre as médias aplicou-se o teste de Tukey, com 5%
de significância.
Os dados foram analisados utilizando o pacote estatísico SAS (2000). Foram
também determinadas correlações simples, aplicando-se o teste de Pearson a 5 e 1%
de probabilidade.
3 | REVISÃO DE LITERATURA
O fator que mais onera a produção animal é a alimentação, e segundo Brâncio et
al. (2003), o uso de pastagens como fonte de alimento para ruminantes é recomendável
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
13
uma vez que as condições ambientais favorecem para um menor custo da forragem
produzida. Esses autores afirmam que em condições favoráveis de temperatura e
umidade, as pastagens atendem as necessidades nutricionais de algumas categorias
animais.
No Brasil tropical, as gramíneas do gênero Brachiaria ocupam a maioria da área
de pastagens cultivadas, pela sua adaptação as mais variadas condições de solo e
clima, com vantagens sobre outras espécies, por proporcionar produções satisfatórias
de forragem em solo com baixa fertilidade (Maranhão et al., 2010).
A B. brizantha é uma espécie cosmopolita, originária da África e apresenta grande
diversidade de tipos (Soares Filho, 1994).
A cultivar Marandu, lançada pela Embrapa em 1984, tem hábito de crescimento
cespitoso, colmos iniciais prostrados, mas produzindo perfilhos cada vez mais eretos
ao longo do crescimento da touceira. (Nunes et al., 1984; citados por Valle et al., 2001).
A cultivar Xaraés, liberada pela Embrapa em 2003, é caracterizada como planta
cespitosa, folhas lanceoladas e longas, com poucos pelos. Seus principais atributos
positivos são alta produtividade, especialmente de folhas, rápida rebrotação e
florescimento tardio, prolongando o período de pastejo nas águas. A Xaraés apresenta
destaque na produção de massa seca e na taxa de lotação, bem como maior resposta
à adubação, principalmente nitrogenada, em relação às demais cultivares de B.
brizantha, sendo indicada para ambientes com maior utilização de insumos e melhores
níveis de manejo da pastagem (Brasil, 2012a).
A BRS Piatã foi selecionada após 16 anos de avaliações pela Embrapa, a partir
de material coletado na década de 1980, na região de Welega, na Etiópia, África,
sendo lançada em maio de 2007. Sua inflorescência se diferencia das atuais cultivares
disponíveis de B. brizantha por apresentar maior número de racemos (até 12). A
cultivar apresenta florescimento precoce e resistência à cigarrinha das pastagens
(Brasil, 2012b).
O estudo do comportamento ingestivo é uma ferramenta que auxilia a solução
de problemas como, por exemplo, a diminuição do consumo de forragem em épocas
críticas relacionadas à produção animal, como a fase inicial de lactação, auxiliando
ainda, nas práticas de manejo, dimensionamento das instalações, qualidade e
quantidade de dieta fornecida (Damasceno et al., 1999).
De acordo com Carvalho et al. (2001), o desempenho animal está associado à
possibilidade de seleção da dieta, tanto em termos de espécies pastejadas como da
porção da planta que é consumida, desde que a quantidade de forragem ofertada não
seja limitante ao consumo. Dessa forma, a seletividade durante o pastejo, propicia
que os animais consumam uma dieta com qualidade superior à média da qualidade
oferecida na pastagem.
Segundo Paine e Ryan (2000) define-se palatabilidade como a capacidade de
atração exercida pelas plantas a um animal, enquanto a preferência é o ato de seleção de
plantas pelo mesmo. A palatabilidade de uma planta é determinada por uma variedade
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
14
de características, incluindo conteúdo de fibra, nutrientes e composição química e
características morfológicas. A preferência é uma combinação de sabores aprendida
e geneticamente programada para dar respostas a necessidades nutricionais e suas
consequências pós ingestiva (por exemplo, se a planta deixa um animal doente, ele
aprende a evitá-la).
De acordo com a Sociedade Americana Foresters (1958), citada por MARTEN
(1969), palatabilidade e preferência têm sido usados como sinônimos. Mas, preferência
poderia ser reservada para situações em que se estuda a seleção pelos animais, isto
é, uma escolha proporcional de dois ou mais alimentos, enquanto a palatabilidade
estaria relacionada a características de plantas ou condições que estimulam a resposta
seletiva pelos animais, porque o termo palatável define, simplesmente, o gosto. Vale
destacar que, Heath & Metcalfe (1962), definiram palatabilidade como uma relação
atrativa pelo alimento, simplesmente, pelo gosto. Como termos separados, eles
definiram aceitabilidade como sendo a prontidão com que o animal seleciona e ingere
a forragem, apesar de vários autores afirmarem que a palatabilidade e aceitabilidade
são sinônimos.
Segundo Silva et al. (2011), O estudo do comportamento de caprinos tem sido
utilizado cada vez mais com o intuito de avaliar os hábitos alimentares dos animais,
principalmente em situação de pastejo.
O mercado da caprinocultura de corte mundial teve seu boom com a expansão
da raça boer, mas infelizmente a venda destes estava mais direcionada para animais
puros voltados para reprodução do que para criação para produção. No Brasil, a
criação de caprinos assume um caráter social, pois como a maioria do rebanho (94%)
se concentra no nordeste, os animais acabam sendo a única fonte de renda das
pessoas da região, e estas praticam a produção pouco tecnificada, não conseguindo
assim atender o mercado consumidor exigente, principalmente na parte da qualidade,
na demanda e no preço.
A raça Boer é originária da África do Sul a partir do cruzamento de cabras
indígenas e animais europeus. Elas foram introduzidas no Brasil, inicialmente por meio
de sêmen importado da Alemanha, depois por transferência de embriões importados
da França e mais recentemente, com animais importados do Canadá e dos EUA. A
Nova Zelândia também possui excelentes rebanhos dessa raça.
Os caprinos apresentam elevada capacidade para selecionar a dieta consumida,
escolhendo preferencialmente as partes mais tenras da forragem. Por outro lado,
são poucos os estudos relacionados ao comportamento seletivo e aceitabilidade em
pastejo por esta espécie animal.
Segundo Van Soest (1994) animais selecionadores intermediários são aqueles
capazes de uma utilização limitada dos constituintes da parede celular e apresentam alta
velocidade de passagem, o que os permite ingerir quantidades suficientes de nutrientes
facilmente fermentáveis. Os caprinos e ovinos são alguns dos animais englobados
nesta classificação, apresentando grande flexibilidade alimentar e adaptação tanto
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
15
para o consumo de gramíneas, quanto para o consumo de dicotiledôneas herbáceas,
brotos e folhas de árvores e de arbustos.
Entre os consumidores intermediários existe uma diferença em relação à
seletividade, sendo os caprinos mais seletivos que os ovinos, pois possuem grande
mobilidade labial. Estes animais preferem o ramoneio tanto em pastejo quanto em
confinamento, podem consumir grande variedade de plantas e através da seletividade
mudam a dieta de acordo com a disponibilidade de alimentos e da estação do ano. Os
caprinos selecionam as partes que possuem maior valor nutritivo, preferindo folhas a
caules. (Cunha, 1999; Ribeiro, 1997).
4 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela 1, estão apresentados os dados de produção de massa seca de forragem
(PMS), altura do dossel, relação folha:colmo, teor de fibra em detergente neutro (FDN)
e fibra detergente ácida (FDA) e proteína bruta (PB) e índice de aceitabilidade relativa
(IAR) de três cultivares de Brachiaria brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) por caprinos
da raça Boer.
Gramíneas
PMS (kg/
ha)
Altura
(cm)
FDN
(%)
FDA
(%)
Marandu
1610,2
b*
26,1 b
62,4
28,7
Xaraés
2330,9 a
32,0a
65,3
Piatã
1699,8 b
32,5a
64,8
Relação
F:C
PB
(%)
IAR
2,8 b
9,0
4,9
0,7
4,5a
8,6
1,0
30,8
2,3 b
8,3
4,2
Tabela 1. Produção de Massa seca de forragem (PMS), altura da forragem, relação folha:colmo,
teor de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácida (FDA) e proteína bruta (PB) e
índice de aceitabilidade relativa (IAR).
*P<0,05
Observaram-se maiores PMS para a cultivar de Brachiaria brizantha Xaraés
e consequente relação F:C (Tabela1), corroborando com as informações de que os
principais atributos positivos desta cultivar são alta produtividade, especialmente de
folhas, rápida rebrotação e florescimento tardio (Brasil, 2012a).
Para a altura das cultivares, observou – se que a cultivar Xaraés foi semelhante à
cultivar Piatã e superior á Marandu. Neste sentido, atribui-se maior IAR para a cultivar
Xaraés devido maior disponibilidade de forragem, favorecendo o habito de pastejo dos
caprinos, que segundo Cunha (1999) e Ribeiro (1997), preferem o ramoneio tanto em
pastejo quanto em confinamento e os mesmos podem consumir grande variedade de
plantas devido sua seletividade de partes que possuem maior valor nutritivo, preferindo
folhas a caules.
Os teores de FDN e FDA não diferiram entre as cultivares, isso se deve ao fato de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
16
as cultivares serem jovens e estarem submetidas ao mesmo tipo de manejo. Oliveira
et al. (2000) salienta que a idade da planta influencia o valor nutritivo e determina
a variabilidade dos indicadores de qualidade, sendo esta um dos principais fatores
determinantes da produtividade de ruminantes.
Segundo Van Soest (1994) os teores de PB e fibra das forragens podem ser
utilizados como indicadores da qualidade e consequente desempenho dos animais ao
consumirem estas forragens. O teor de PB da forragem pode influenciar o consumo e
a digestibilidade da matéria seca e o desempenho dos animais, isso indica que não foi
o teor de PB que influenciou no consumo da forragem, uma vez que os valores de PB
não diferiram entre as cultivares.
Quanto às correlações lineares verificadas entre as características da pastagem
(Tabela 2), o IRA foi positivamente correlacionado (P<0,01) às demais características
estudadas, sendo que a relação F:C foi o parâmetro com maior correlação, indicando
que os animais consumiram preferencialmente a espécie forrageira que apresentou
maior relação F:C, no caso o capim-xaraés.
IRA
PMS (kg/ha)
0,6772
Altura (cm)
0,3322
Relação F:C
0,8282
FDN
0,5466
FDA
PB
0,3799
0,2291
IRA
1
Tabela 2. Coeficientes de correlação linear entre produção de massa seca (PMS) de forragem,
altura, relação folha:colmo, FDN, FDA, PB e Índice relativo de aceitabilidade (IRA)
Ressalta-se que esta caraterística, representativa do comportamento animal frente
às alterações nas condições da pastagem a ser considerada no desenvolvimento de
modelos de predição de consumo e desempenho por animais pastejando forrageiras
tropicais, juntamente ao valor nutritivo da forragem e às características estruturais da
pastagem
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultivar Xaraés teve o maior índice de aceitabilidade relativa, isso se deve ao
seu maior teor de PMS e relação F:C, uma vez que os valores de FDA, FDN e PB não
diferiram entre as cultivares.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
17
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Capítulo 3
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HUGHES, H. D., HEATH, M. E., METCALFE, D. S. Forages: The science of grassland agriculture
(Eds.). 2o Edition. The Iowa State University Press, Iowa, USA. 1962.
HEATH, M. E., BARNES, R. F., METCALFE, D. S. Forages: The science of grassland agriculture
(Eds.). 4o Edition. The Iowa State University Press, Ames, Iowa, USA. 1985.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 3
19
CAPÍTULO 4
doi
BONE TURNOVER MARKERS IN SHEEP AND GOAT: A
REVIEW OF THE SCIENTIFIC LITERATURE
José Arthur de Abreu Camassa
Department Of Veterinary Sciences, Agricultural
And Veterinary Sciences School (Ecav), University
Of Trás-Os-Montes And Alto Douro (Utad), Quinta
De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
Camila Cardoso Diogo
Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad,
Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
Cristina Maria Peixoto de Sousa
Faculdade De Medicina, Universidade Do Porto,
Al. Prof. Hernâni Monteiro, 4200-319 Porto,
Portugal
Jorge Manuel Teixeira de Azevedo
Department Of Animal Sciences, Ecav, Utad,
Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
Cecav – Centre For Animal Sciences And
Veterinary Studies, Utad, Quinta De Prados, 5000801 Vila Real, Portugal
Carlos Alberto Antunes Viegas
Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad,
Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
3B’s Research Group, I3bs – Research
Institute On Biomaterials, Biodegradables And
Biomimetics, University Of Minho, Headquarters
Of The European Institute Of Excellence On
Tissue Engineering And Regenerative Medicine,
Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia,
Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco,
Guimarães, Portugal
Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory,
Braga/Guimarães 4805-017, Portugal
Rui Luís Gonçalves Dos Reis
3B’s Research Group, I3bs – Research
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Institute On Biomaterials, Biodegradables And
Biomimetics, University Of Minho, Headquarters
Of The European Institute Of Excellence On
Tissue Engineering And Regenerative Medicine,
Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia,
Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco,
Guimarães, Portugal
Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory,
Braga/Guimarães 4805-017, Portugal
The Discoveries Centre For Regenerative
And Precision Medicine, Headquarters At The
University Of Minho, Avepark, 4805-017 Barco,
Guimarães, Portugal
Nuno Miguel Magalhães Dourado
Department Of Mechanical Engineering,
University Of Minho, Campus De Azurém, 4804533 Guimarães, Portugal
Cmems – Center For Microelectromechanics
Sistems, University Of Minho, Campus De
Azurém, 4804-533 Guimarães, Portugal
Maria Isabel Ribeiro Dias
Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad,
Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
3B’s Research Group, I3bs – Research
Institute On Biomaterials, Biodegradables And
Biomimetics, University Of Minho, Headquarters
Of The European Institute Of Excellence On
Tissue Engineering And Regenerative Medicine,
Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia,
Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco,
Guimarães, Portugal
Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory,
Braga/Guimarães 4805-017, Portugal
Capítulo 4
20
ABSTRACT: Bone turnover markers (BTMs) are product of bone cell activity and are
generally divided in bone formation and bone resorption markers. The purpose of this
review was to structure the available information on the use of BTMs in studies on small
ruminants, especially for monitoring their variations related to diet, exercise, gestation
and metabolic lactation state, circadian and seasonal variations, and also during skeletal
growth. Pre-clinical and translational studies using BTMs with sheep and goats as
animal models in orthopaedic research studies to help in the evaluation of the fracture
healing process and osteoporosis research are also described in this review. The
available information from the reviewed studies was systematically organized in order
to highlight the most promising BTMs in small ruminant research, as well as provide a
wide view of the use of sheep and goat as animal models in orthopaedic research, type
of markers and commercial assay kits with cross-reactivity in sheep and goat, method
of sample and storage of serum and urine for bone turnover markers determination
and the usefulness and limitations of bone turnover markers in the different studies,
therefore an effective tool for researchers that seek answers to different questions
while using BTMs in small ruminants. [“Title: Bone turnover markers in sheep and
goat: A review of a scientific literature. Authors: José A. Camassa, Camila C. Diogo,
Cristina P. Sousa, Jorge T. Azevedo, Carlos A. Viegas, Rui L. Reis, Nuno Dourado and
Isabel R. Dias. An Acad Bras Cienc. March (2017) 89(1): 231-245.”]
KEYWORDS: Bone formation markers; bone resorption markers; bone metabolism;
small ruminants
1 | INTRODUCTION
In the last decades, small ruminants – sheep and goats – have been widely
accepted as animal models in orthopaedic research (O'LOUGHLIN et al., 2008;
REICHERT et al., 2009) especially due to their low cost, availability, acceptance as an
experimental model, facility of handling and housing (TURNER, 2007a), compliance,
and docility (NEWMAN et al., 1995).
The suitability of small ruminants as animal models for orthopaedic research
results mainly from having the most similar body weight and long bones with dimensions
compatible with application of implants and prostheses developed for humans
(NEWMAN, et al. 1995; ANDERSON et al., 1999; VAN DER DONK et al., 2001). In this
manner, compared with other species used in orthopaedic research, sheep and goats
have an adequate body weight and long bones, with a macrostructure more similar to
humans (NEWMAN et al., 1995), despite the bone microstructure of small ruminants
being less similar to humans than other animal models such as dogs (PEARCE et
al., 2007). Sheep have a predominance of plexiform bone until 3 to 4 years of age
(NEWMAN et al., 1995) due to fast growth in weight and size (REINWALD and BURR,
2011) and just a predominance of secondary Haversian systems after 7 to 9 years
of age with the presence of bone remodelling (NEWMAN et al., 1995). Sheep also
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
21
presents a trabecular bone density, mineralization and subsequently elevated strength
relative to humans, that are variable according to skeletal location (NAFEI et al., 2000;
LIEBSCHNER, 2004), nevertheless the bone mineral composition being apparently
similar between small ruminants and humans (RAVAGLIOLI et al., 1996).
Despite these macro- and micro-structural differences in bone tissue, studies
with small ruminants used as animal models in orthopaedic research have increased
considerably (PEARCE et al., 2007), and more recently they have also been used for
studying bone turnover markers (BTMs) (SOUSA et al., 2014a). The BTMs are proteins
which indicate bone metabolism (SOUSA et al., 2014b), and are generally divided into
collagenous bone formation markers, bone resorption markers and osteoclast regulatory
protein markers (LEEMING et al., 2006). Analysis of BTMs might supply information in
a fast, effective, sensitive, specific, and low cost manner (ALLEN, 2003). Nowadays, it
is used in human medicine to help evaluate fracture risk, delayed fracture healing and
consolidation process, and development of metabolic bone diseases (VASIKARAN et
al., 2011).
These similarities in biochemistry, biomechanics, and bone histology make BTMs
a resource in sheep and goats for pre-clinical and/or translational orthopaedic research
studies and veterinary and animal science studies (TURNER, 2007b). Nevertheless,
the reported biological variability of BTMs among age, gender, disease, recent
fractures, exercise, time (SEIBEL, 2005), diet (NICODEMO et al., 1999; LIESEGANG
and RISTELI, 2005; LIESEGANG et al., 2013), seasonal changes (ARENS et al., 2007)
and circadian variation (LIESEGANG et al., 2003), which can contribute substantially
to the variability of these parameters (SMITH et al., 2011), are their main limitation
(CREMERS et al., 2008).
Therefore, the aim of this review was to collect the studies published in scientific
literature until the present date concerning the use of BTMs in small ruminant research
or to investigate the clinical effectiveness of BTMs in pre-clinical or translational
experimental orthopaedic research related to human medicine when sheep and goat
are used as experimental animal models for this latter purpose.
2 | BONE TURNOVER MARKERS
Bone tissue undergoes turnover along the animal lifespan (SEIBEL, 2006) and
that process is divided into two parts: modelling and remodelling (CLARKE, 2008).
Modelling is a longitudinal and circumferential growth process due to mechanical
and/or physiological influences (CLARKE, 2008), with longitudinal growth located at
the epiphyseal plates until their fusion uniting the epiphysis and metaphysis through
endochondral ossification (ALTMAN et al., 2015). It also allows the adaptation of
bone tissue, removing damage and maintaining its strength (SEEMAN, 2009), and
requires that the process of bone formation and resorption are independent from one
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
22
another regarding time and location (RAGGATT and PARTRIDGE, 2010). Remodelling
is a process of bone replacement where bone formation outpaces bone resorption
(ALTMAN et al., 2015), to maintain bone strength and mineral homeostasis, regulated
by osteoclasts and osteoblasts that sequentially carry out resorption of old bone
and formation of new bone, keeping the new bone healthy (CLARKE, 2008). Bone
remodelling predominates when bone is reaching maturity (IGLESIAS et al., 2011), but
it does not influence the size and shape, although the internal architecture may have
slight changes caused by external forces (HADJIDAKIS and ANDROULAKIS, 2006).
Bone formation and resorption are present in same site, but not at the same time in
order to maintain bone mass (RAGGATT and PARTRIDGE, 2010).
The proteins produced during bone turnover are detectable mainly in serum in
bone formation markers, whereas many of the bone resorption markers are detectable in
both serum and urine (ALLEN, 2003), and there are a significant number of commercial
kits developed for use in humans that have cross-reactivity with other species, including
sheep and goats (Tables I to III).
During the process of bone formation by osteoblasts, formation markers are
represented by serum total (ALP) and the bone-specific isoform of alkaline phosphatase
(BALP), serum osteocalcin (OC) and two molecules which are released during the type
I collagen molecule synthesis – serum procollagen type I carboxy- and amino-terminal
propeptides (PICP and PINP, respectively) (SEIBEL, 2002). In the bone resorption
process there is a breakdown of type I collagen, so resorption markers are represented
by serum C-terminal telopeptide of type I collagen (serum ICTP), urinary collagen type
I cross-linked C- and N-telopeptide (CTx and NTx), urinary hydroxyproline (HYP), total
and free urinary pyridinoline and deoxypyridinoline (PYD and DPD) and also by serum
tartrate-resistant acid phosphatase (TRAP) as an enzyme produced by osteoclasts
during their bone resorption activity (SEIBEL, 2002) (Figure 1).
2.1 Bone Formation Markers
2.1.1 Alkaline phosphatase
Alkaline phosphatase (ALP) is a glycoprotein that is connected to the extracellular
surface of cells and is synthesized in a variety of tissues, such as intestines, placenta,
and germ cells (MILLAN, 2006). Animals have four isoforms of ALP – bone-specific
ALP (BALP), intestinal ALP, liver ALP, and in dogs also the corticosteroid-induced ALP.
This variation would render difficult the interpretation of possible variations of the ALP
isoenzymes (ALLEN, 2003). Bone ALP has been used due to its high sensitivity as
bone formation marker (SEIBEL, 2006). It is produced by osteoblasts (MILLAN, 2006)
and is involved in the calcification of bone matrix (MASROUR and MAHJOUB, 2012)
through the hydrolysis of phosphate esters on the osteoblast cell surface, resulting in a
high extracellular inorganic phosphate concentration (WHYTE, 1994).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
23
2.1.2 Osteocalcin
Osteocalcin (OC) is synthesized by mature osteoblasts, odontoblasts, and
hypertrophic chondrocytes and it is vitamin K dependent protein. It has three residues
of the calcium-binding amino acid, γ - carboxyglutamic acid (Gla). Its function is poorly
understood, although it is primarily deposited in the bone extracellular matrix (ECM),
with a small amount present in the blood stream (CREMERS et al., 2008). Serum OC
is a marker of osteoblastic activity and its serum level thus reflects the rate of bone
formation (SEEBECK et al., 2005), influences bone mineralization by binding calcium
and consequently hydroxyapatite (NEVE et al., 2013).
2.1.3 Pro-Collagen Type I Propeptides
Collagen type I is produced by osteoblasts in the last stage of new bone formation
(ALLEN, 2003). The procollagen undergoes enzymatic cleavage producing the C- and
N-terminal procollagen type I extension peptides (PICP and PINP, respectively), both
extension are cleared by the liver and may be added to the bone ECM (WATTS, 1999).
Nevertheless, type I collagen does not depend exclusively on the bone tissue turnover
because it is also a component of other soft tissues as fibro-cartilage, tendon, skin,
gum, intestine, heart valve, large vessels, and muscle. However, as the metabolism
of type I collagen is faster in the bone tissue than in other tissues, changes in type I
collagen are considered representative of bone collagen synthesis (CREMERS et al.,
2008). It is suggested that PINP is useful in early detection of non-union processes with
potential for study of the fracture healing process (COULIBALY et al., 2010), although
in humans it is unknown whether there exists a correspondence between PINP and the
progression of fracture healing (MOGHADDAM et al., 2011).
2.2 Bone Resorption Markers
2.2.1 Deoxypyridinoline and Pyridinoline
The collagen fibrils recently deposited in bone ECM are stabilized by intra- and
intermolecular cross links helping to build the mature collagen molecule (CEPELAK
and CVORIŠCEC, 2009).
The pyridinium cross links – deoxypyridinoline (DPD) and pyridinoline (PYD) are
formed during extracellular maturation of fibrillar collagens (Gerrits et al. 1995). The
PYD is found in bone and cartilage tissues and ligaments (Watts 1999) while DPD
is found in bone and dentin (DELMAS et al., 2000), so in the bloodstream PYD is
generally more abundant (CREMERS et al., 2008), although DPD is more specific as
a resorption marker for bone tissue (SEIBEL et al., 1992). In a study with sheep after
ovariectomy, this animal model demonstrated relevance as a model for osteoporosis
due to the values of PYD and OC found (NEWTON et al., 2004).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
24
2.2.2 Carboxy-Terminal Telopeptide of Collagen Type i and Amino-Terminal
Telopeptide of Collagen Type i
The N-terminal (NTx) and C-terminal telopeptide of collagen type I (CTx) are
fragments of the type I collagen molecule composed by a short peptide sequence
from the non-helical domain of this molecule (CHUBB, 2012), attached by a pyridinium
crosslink (ALLEN et al., 2000). Both markers are sensitive and reliable indicators of the
bone resorption process (Cremers et al. 2008) and final products of the metabolism of
bone ECM, amino acids, and free or peptide-bound PYD or DPD (ALLEN et al., 2000).
The CTx is not specific as a resorption marker for bone tissue since it is identified
not only in bone, but also in skin, dentine, and tendon, and these peptide fragments
could also be derived from other types of collagen (CHUBB, 2012). However, CTx
could be used for monitoring the bone healing process because it was detected that
variations in its levels corresponded to bone resorption in an experimental fracture
healing study performed in dogs where two different osteosynthesis techniques were
used (PASKALEV and KRASTEV, 2010).
2.2.3 Carboxy-Terminal Telopeptide of Type i Collagen – Matrix Metalloproteinase
Cleavage of the type I collagen molecule by the matrix metalloproteinases (MMP)
results in the formation of cross-linked C-terminal telopeptide of type I collagen (CTXMMP or ICTP) (CREMERS et al., 2008), suitable to represent osteoclastic activity
(ALLEN et al., 2000).
The ICTP is an indicator for mobilization of bone tissue around parturition and at
the beginning of lactation in sheep and goats (LIESEGANG et al., 2007). In dogs with
osteosarcoma (HINTERMEISTER et al., 2008) and horses during physical training, this
marker has not revealed itself suitable for determining bone resorption since it did not
show correlation with other resorption markers, however it was an indicator of the rate
of bone turnover (PRICE et al., 1995).
2.2.4 Tartrate-Resistant Acid Phosphatase
Tartrate-resistant acid phosphatase (TRAP) is a bone resorption marker, but
not originated from the degradation of type I collagen (HANNON et al., 2004). It is
a glycoprotein produced by osteoclasts, activated macrophages, and dendritic cells
(LEEMING et al., 2006). There is an isoenzyme 5, from a total of 6 isoenzymes of
the acid phosphate identified by electrophoresis, which through protease cleavage
presents two isoforms (a, b) – the TRAP 5a is sialylated and TRAP 5b is produced by
osteoclasts, and the latter proposed to reflect osteoclast activity (DELMAS et al., 2000;
LEEMING et al., 2006). The TRAP could be a suitable resorption marker for detection
of normal or delayed fracture healing process in sheep (SEEBECK et al., 2005) or dogs
(SOUSA et al., 2011).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
25
2.2.5 Cathepsin K
Cathepsin K is part of the cysteine protease family and has the ability to cleave
both helical and telopeptide regions of collagen type I (LEEMING et al., 2006). This
enzymatic cleavage is able to degrade, at low pH, several proteins of the bone ECM,
namely the telopeptide and helical regions of the collagen type I molecule, the OC and
osteopontin (CREMERS et al., 2008). This marker could be used as a tool to measure
bone resorption, such as in canine osteosarcoma clinical cases (SCHMIT et al., 2012).
3 | VARIABILITY OF BONE TURNOVER MARKERS
The BTMs could suffer constant variation throughout the lifetime of an individual
(SOUSA et al., 2014b). However, variation between individuals is also a great cause
of oscillation in markers, specifically due to biological variability, together with the
analytical variability introduced by the different assay techniques (VASIKARAN et al.,
2011).
Biological variability can be influenced by many uncontrollable factors (CREMERS
et al., 2008), such as growth (SOUSA et al., 2014a), geographical location (LIESEGANG
et al., 2013), pregnancy and lactation (LIESEGANG et al., 2006, 2007), and controllable
factors, such as diet (MacLeay et al. 2004a,b, Liesegang et al. 2013), and season of
the year (ARENS et al., 2007), which can be mitigated in clinical studies (LIESEGANG,
2008). In short, biological variability is affected by any factor that influences the bone
remodelling (WATTS, 1999).
Analytical variability has been minimized due to automated platform technology,
however, there could be variations in results between different methods (CREMERS
et al., 2008) and the development of new analytical techniques requires previous
validation (SEIBEL et al., 2001).
The high inter-individual variability of BTMs is their main limitation for clinical use
due to the difficulty to establish reference ranges for serum and urinary BTM levels
(SOUBERBIELLE et al., 1999), although bone markers are an effective tool in clinical
studies due to reliable, fast, non-invasive, and cost effective assays with improved
sensitivity and specificity (WHEATER et al., 2013).
4 | SAMPLE AND STORAGE
Blood collection for measuring BTMs must be done at a specific time (morning) to
avoid the influence of circadian variations (KLEIN et al., 2004; SEEBECK et al., 2005;
DIAS et al., 2008; SOUSA et al., 2014a,b). Blood samples can be collected from the
cephalic vein (KLEIN et al., 2004) or jugular vein (DIAS et al., 2008; SOUSA et al.,
2014a,b) into serological tubes containing no anticoagulant (VERNON et al., 2010),
and centrifuged (3000 rpm for 10 min) within 30 min of collection (LIESEGANG et al.,
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
26
2007). Urine can be obtained using a special external urine collector (WINDHAGEN et
al., 2002) or collected by cystocentesis (ALLEN et al., 2000). Urine and serum samples
should be stored at -20°C for mineral analyses (CHANETSA et al., 2000; TAYLOR et
al., 2009; SOUSA et al., 2014a) and at -80°C until determination of BTMs (SEEBECK
et al., 2005; TATARA, 2008; SOUSA et al., 2014b), which provides molecular stability
for several months (LOMEO and BOLNER, 2000).
5 | ANIMAL AND VETERINARY SCIENCE STUDIES
Characteristics of the animal and veterinary science studies regarding population,
type of studies, time, and conclusion (Table IV).
5.1 Diet
According to Liesegang and Risteli (2005), Liesegang et al. (2013), MacLeay et al.
(2004a,b) and Nicodemo et al. (1999) nutritional studies using BTMs were influenced
by different diets, though this influence was not statistically significant. MacLeay et
al. (2004a) concluded that during the administration of a diet that induced metabolic
acidosis in mature ewes, there were no significant changes in serum BALP and DPD
levels. In another study by Liesegang et al. (2013) with sheep grazing at different
altitudes, it was not possible to confirm the interference of diet in the serum variation of
ICTP or BALP, but high bone turnover was confirmed. Also, in a study by Liesegang and
Risteli (2005) where a diet with varying calcium content was used, it was not possible to
demonstrate the influence of the diet on bone mineral metabolism in growing goats and
sheep, possibly due to the short duration of this study, where only the sheep showed a
variation in BMD due to an increase in calcium intake. However, Wilkens et al. (2010)
demonstrated that sheep were a suitable model for studies with varying diets, calcium
deficiency, and calcitrol.
5.2 Exercise
Liesegang and Risteli (2005) demonstrated that sheep in pasture at high altitudes
had an increase in bone turnover and bone mineral content without clear cause, one
possible factor being the increase in exercise. In another study in lambs, Vernon et al.
(2010) concluded that the markers used were not adequate to indicate the effects of
forced exercise.
5.3 Gestation And Lactation
Liesegang et al. (2006) noticed that the interval between parturition and early
lactation in sheep and goats required a high nutritional value of calcium due to losses to
the fetus and lactation, occurring inefficiency of calcium absorption, leading to increases
in bone remodelling to help replace maternal bone loss classified as a physiological
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
27
mechanism. During a second pregnancy, bone loss was less significant compared with
the first pregnancy and the lactation greater, possibly due to the adaptation of the
organism (LIESEGANG et al., 2007). Finally, it was concluded that sheep were more
adapted to the loss of calcium in comparison to goats, that had a lower bone mineral
density and bone mineral content before parturition (LIESEGANG and RISTELI, 2005)
increased bone turnover, resulting in a higher activity of bone metabolism and sensitivity
to changes in calcium during pregnancy and lactation (LIESEGANG et al., 2003).
5.4 Circadian And Seasonal Variation
Chavassieux et al. (1991) reported that bone remodelling was influenced by the
photoperiod, with decrease in bone remodelling occurring between spring and summer.
Arens et al. (2007) confirmed that bone mass increases in summer and decreases in
winter, so taking seasonal variation into account is fundamental in studies using BTMs.
Liesegang et al. (2003) reported an increase in the rate of bone formation during the
evening and night, indicating the influence of the circadian rhythm in bone turnover.
Sousa et al. (2014b) concluded that the short-term variability should be considered
during interpretation of data, such as circadian and seasonal variations, nevertheless
the short-term biological variability do not represent a limitation for the use of BTMs.
5.5 Skeletal Growing
Pastoureau et al. (1991) mention that sheep are a good model to study the bone
growth in growing lamb. It was reported that goats showed a more accelerated bone
remodelling that sheep, which was demonstrated by ICTP, CTx (LIESEGANG et al.,
2003), BALP (LIESEGANG et al., 2003; SOUSA et al., 2014a), and OC determinations
in various studies (PASTOUREAU et al., 1991; LIESEGANG et al., 2003). Collignon
et al. (1996) demonstrated that bone growth since the fetal stage produces alterations
in serum OC and BALP, confirming the usefulness of these markers in bone formation
and growth. Scott et al. (1997) reported that OC, BALP, DPD, and PYD may be useful
for detection of changes in bone growth caused by deficient diets, and Wan Zahari et
al. (1994) reported that high phosphorus diets resulted in increased bone resorption
(increased TRAP) in lambs. However, Chanetsa et al. (2000) exposed castrated lambs
to an oestrogen agonist. In this study, bone growth was observed, but no effect on
markers of bone remodelling was noticed.
6 | PRE-CLINICAL AND TRANSLATIONAL ORTHOPAEDIC RESEARCH STUDIES
The characteristics of the pre-clinical and translational orthopaedic research
studies, such as population, type of studies, time, and conclusion are listed in Table IV.
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Capítulo 4
28
6.1 Fracture Healing Process
Tralman et al. (2013) and Windhagen et al. (2002) reported that the serum markers
of bone formation are useful for reflecting the bone healing process, and Goebel et
al. (2009) suggested that FGF23 is a good marker to indicate the healing process.
Seebeck et al. (2005) stated that degradation of soft callus can be determined by serum
PIIINP during the bone fracture healing process and Schmidt et al. (2008) concluded
that it is possible to monitor the maturation of bone callus with the total ALP and NTx.
However, without individual reference values, BTMs become a weak tool to determine
the prognosis of bone consolidation (KLEIN et al., 2004).
6.2 Osteoporosis
Newton et al. (2004) reported that ovariectomized (OVX) ewe were a useful model
due to alterations in trabecular bone architecture along with the decrease in oestrogen
levels, which resemble women in early menopause and Turner (2001) suggested
that old OVX ewes could be a valid model for bone loss due to oestrogen deficiency.
Johnson et al. (2002) reported that 6 months after OVX in sheep there was a decrease
in alveolar bone BMD which became serious during the next 6 months. However, Sigrist
et al. (2007) reported that in sheep, 6 months after the OVX, the markers for formation
and resorption returned to baseline, indicating that the model was not appropriate for
human postmenopausal osteoporosis. Kreipke et al. (2014) reported that OVX induces
the necessary changes in bone microarchitecture for studying osteoporosis, but after a
year, the changes in architecture stabilize in ovine. Chavassieux et al. (2001) reported
that in goats, remodelling occurred only in the cortical bone tissue regions, which was
also demonstrated by increased levels of CTx one month after OVX and OC three
months after OVX.
Ding et al. (2010) and Andreasen et al. (2015) stated that the induction by
glucocorticoids in sheep is similar to the change in the microstructure of human bone
also induced by long-term glucocorticoid treatment, therefore being a useful model.
MacLeay et al. (2004b) though not knowing what the true mechanism is involved in
diets that induce metabolic acidosis in bone loss, concluded that the sheep model is
useful for studies of osteoporosis induced by diet.
Therefore, small ruminant models are important for the study of human
osteoporosis (CHAVASSIEUX et al., 1997; LILL et al., 2002a,b; ANDREASEN et al.,
2015; KIELBOWICZ et al., 2015, 2016) induced by OVX and with attention to continuous
treatment with glucocorticoids to maintain the osteoporotic bone condition (DING et al.,
2010).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
29
7 | CONCLUSIONS
The suitability of the determination of BTMs in small ruminants is already
confirmed in numerous animal and veterinary sciences studies and also in preclinical
and/or translational studies in orthopaedic research, in addition to imaging, mechanical,
histological and histomorphometric analyses. Their advantage relies on a fast and noninvasive assessment via biochemical analysis of serum or urine samples, although the
referred negative aspect of using BTMs in the clinical setting is related with their high
biological variability. Particularly in sheep, BTMs have been used to estimate the extent
of the osteogenic response at a local level at the fracture healing site, as precocious
indicators of possible bone healing disturbances. BTMs could provide important
information concerning bone metabolism at a systemic level, namely about bone
remodelling process during induction of osteoporosis and its treatment in experimental
orthopaedic studies. Recently it was developed a study by Baharuddin et al. (2014) in
sheep with osteoclast regulatory protein – receptor activator of nuclear factor NF-κB
ligand (RANKL) produced by osteocytes, osteoblasts and immune system cells, its
membrane-bound receptor (RANK) in the osteoclast precursor cells and osteoprotegerin
(OPG) as new potential bone markers in future (SOUSA et al., 2015), nevertheless
more studies would be necessary to assess the usefulness of BTMs in this scientific
field.
8 | ACKNOWLEDGEMENTS
José Arthur de A. Camassa acknowledges to the Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brazil, for his PhD scholarship
202248/2015-1.
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Capítulo 4
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
36
Figure 1 – Flow diagram of BTMs produced during the bone turnover process.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
37
Marker
Tissue of
origin
Sample
Method of
analysis
Available commercial Assay kit
Cross-Reactivity
Sheep / Goat
BALP
Bone
Serum
Colorimetric
No commercial kit available
NO / NO
OC
PINP
PICP
Bone
Bone, soft
tissue
Bone, soft
tissue
Serum
Serum
Electrophoretic No commercial kit available
NO / NO
Precipitation
No commercial kit available
NO / NO
CLA
LIAISON BAP Ostase, Stillwater,
MN, USA
?/?
ELISA
MicroVue BAP, Quidel Corporation,
San Diego, CA, USA
YES / YES
RIA
Tandem-R-Ostase, Beckman Coulter, Brea, CA, USA
YES / ?
CLA
LIAISON Osteocalcin, Stillwater,
MN, USA
?/?
RIA
BTI Human Osteocalcin RIA, Biomedical Technologies Inc, Stoughton, MA, USA
?/?
ELISA
MicroVue Osteocalcin, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA
YES / YES
BTI Intact Osteocalcin, Biomedical
Technologies Inc, Stoughton, MA,
USA
?/?
Osteocalcin, SIGMA, Saint Louis,
Missouri, USA
?/?
Osteocalcin, GenWay Biotech, San
Diego, CA, USA
NO / NO
CLA
PINP Roche Diagnostics, Penzberg, ? / ?
Germany
RIA
UniQ Intact PINP, Orion Corporation, Espoo, Finland
?/?
Serum
or urine
ELISA
PINP, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Serum
RIA
PICP, Orion Corporation, Espoo,
Finland
?/?
PICP DiaSorin, Stillwater, MN, USA
YES / ?
ELISA
Serum
or urine
MicroVue CICP, Quidel Corporation, YES / ?
San Diego, CA, USA
PICP, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Table I - Bone formation markers, method of analysis and available commercial assay kits.
BALP: Bone specific alkaline phosphatase; OC: Osteocalcin; PINP: Amino-terminal procollagen propeptides of
collagen type I; PICP: Carboxy-terminal procollagen propeptides of collagen type I; RIA: Radioimmunoassay;
ELISA: Enzyme-linked immunosorbant assay; CLA: Chemiluminescence immunoassay; YES: presence of crossreactivity; NO: absence of cross-reactivity; ?: no data available.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
38
Marker
Tissue
of origin
Sample
Method of
analysis
Available commercial Assay kit
Cross-Reactivity
Sheep / Goat
HYP
Bone,
soft tissue, cartilage
Serum or
urine
ELISA
HYP, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Urine
Colorimetric
HPLC
No commercial kit available
NO / NO
Urine
ELISA
MicroVue DPD, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA
YES / ?
HLPC
No commercial kit available
NO / NO
ELISA
MicroVue tDPD, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA
YES / ?
DPD, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
HPLC
No commercial kit available
NO / NO
ELISA
MicroVue Serum PYD, Quidel Cor- YES / ?
poration, San Diego, CA, USA
RIA
No commercial kit available
NO / NO
Serum or
urine
ELISA
PYD, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Serum
Colorimetric
No commercial kit available
NO / NO
RIA
ICTP, Incstar Corporation, Stillwatter, MN, USA
?/?
UniQ ICTP, Orion Corporation,
Espoo, Finland
?/?
ICTP DiaSorin, Stillwatter, MN,
USA
NO / NO
DPD
Bone,
dentin
Serum or
urine
PYD
ICTP
Bone,
cartilage,
blood
vessels
Bone,
skin
Urine
ELISA
Serum or
urine
CTx
Bone
Serum
Urine
Serum or
urine
UniQ ICTP EIA, Orion Corporation, ? / ?
Espoo, Finland
ICTP, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
CLA
β-Crosslaps Roche Diagnostics
Penzberg, Germany
?/?
RIA
No commercial kit available
NO / NO
ELISA
Serum CrossLaps, Biointernational, Yvette, France
YES / ?
CLA
β-CrossLaps Roche Diagnostics
Penzberg, Germany
?/?
RIA
CrossLaps RIA, Osteometer Biotech, Herlev, Denmark
?/?
ELISA
CrossLaps, Osteometer Biotech,
Herlev, Denmark
YES / YES
ELISA
CTx, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
39
NTx
Bone
Serum
RIA
No commercial kit available
NO / NO
ELISA
Osteomark Ostex International
Inc., Seattle, WA, USA
NTx MyBioSourse, San Diego,
CA, USA
YES / ?
Urine
RIA
No commercial kit available
NO / NO
Serum or
urine
ELISA
NTx, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
? / YES
Cathepsin
k
Bone
Serum
ELISA
Cathepsin k ELISA Kit, Antibodies-online, Atlanta, Georgia, USA
?/?
TRAP
Bone
Serum
RIA
No commercial kit available
NO / NO
ELISA
MicroVue TRAP 5b, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA
YES / YES
Osteolink-TRAP b, Nitto Boseki
Corporation, Tokio, Japan
?/?
Bone TRAP SBA, Science,
Boldon, UK
?/?
TRAP, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Serum or
urine
Table II - Bone resorption markers, method of analysis and available commercial assay kits.
HYP: Hydroxyproline; DPD: Deoxypyridinoline; PYD: Pyridinoline; ICTP: Carboxy-terminal telopeptide of type I
collagen; CTx: cross-linked C-terminal telopeptides of type I collagen; NTx: cross- linked N-terminal telopeptides
of type I collagen; TRAP 5b: Tartrate-resistant acid phosphatase isoenzyme 5b; RIA: Radioimmunoassay; ELISA:
Enzyme-linked immunosorbant assay; CLA: Chemiluminescence immunoassay; HPLC: High-performance liquid
chromatography.
Marker
Tissue
of origin
Sample
Method of
analysis
Available commercial Assay kit
RANKL
Bone,
blood
Serum
ELISA
Human Serum RANKL Free ELISA ? /?
Kit, Biomedica Medizinprodukte,
GmbH & Co. KG, Wien, Austria
RANKL, Immundiagnostik AG,
Bensheim, Germany
Serum or
urine
Cross-Reactivity
Sheep / Goat
? /?
RANKL, Neobiolab Inc, Cambridge YES / YES
MA, UK
RANK
Bone
Serum
ELISA
RANK R&D Systems, Minneapolis, ? / ?
MN, USA
OPG
Bone
Serum
ELISA
Human Osteoprotegerin ELISA kit,
BioVendo Laboratory Medicine,
Inc., Labogen, Czech Republic
NO / NO
Osteoprotegerin, Immundiagnostik
AG, Bensheim, Germany
?/?
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
40
Serum or
urine
Osteoprotegerin R&D Systems,
Minneapolis, MN, USA
?/?
OPG, Neobiolab Inc, Cambridge
MA, UK
YES / YES
Table III - Osteoclast regulatory proteins, method of analysis and available commercial assay
kits.
RANKL: receptor activator of nuclear factor NF-κB ligand; RANK: receptor activator of nuclear factor NF-κB; OPG:
osteoprotegerin; ELISA: Enzyme-linked immunosorbant assay.
Authors
Population Type of Study
Markers
Time
Conclusion
Chavassieux
et al. (1991)
Fourteen
ewes
Determine the
effects of ossein-hydroxyapatite
compound on bone
remodeling
Serum ALP,
OC, Ca and
P
90 days
Possibly the OHC is able
to reduce the seasonal
effect on bone turnover
Wan Zahari
et al. (1994)
Ten sheep
Effects of nutrition
on bone growth
Serum 1,25
Vit. D, ALP
and TRAP
6 weeks
Diets rich in phosphate do
not have effect on skeletal
mineralization
Turner et al.
(1995)
Thirty ewes Represent changes in bone mass
in ovariectomized
ewes
Chavassieux
et al. (1997)
Thirty-two
ewes
Use of glucocortiSerum OC
coid for decrease of and BALP
bone formation
7
months
Use of glucocorticoid in
ewe may represent valid
model for bone loss
Scott et al.
(1997)
Twentyfour sheep
Effects of nutrition
on bone growth
Serum
TRAP, OC
and BALP;
Urinary PYD
and DPD
90 days
Suggest that markers may
be useful for diagnosis
and treatment of bone disease and early detection
of nutrition deficiencies
Nicodemo et
al. (1999)
Twenty-four Influence of diet in
sheep
bone growth
Serum
BALP, OC,
Ca and P;
Urinary PYD
and DPD
11
weeks
Markers are unsuitable
for assessment of bone
growth induced by different diets
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Serum BALP 6
months
This model may be useful
for estrogen deficiency
studies inducing bone loss
Capítulo 4
41
Chanetsa et
al. (2000)
Forty
sheep
Effects of an estrogen agonist on
growth and bone
mineral accretion
Serum
163 days
BALP, TRAP,
1,25 Vit. D,
Ca, Mg and
P
This study has clinical
relevance for treating
children with delays in
growth and bone mineral
accretion
Chavassieux
et al. (2001)
Forty ewes
The effects of OVX
in ewe associated
or not with lentaron and effects
of a new selective
estrogen receptor
modulator
Serum OC
and BALP;
Urinary CTx
6
months
OVX induced an increase
in bone turnover and MDL
may be useful for prevention of postmenopausal
bone loss
Lill et al.
(2002a)
Eight
sheep
Which method is
more effective to
induce osteoporosis
6
months
The most effective method to induce osteoporosis
is a combination of diet,
ovariectomy, and glucocorticoid
Lill et al.
(2002b)
Thirty-two
sheep
Induce severe osteoporosis in an ovine
model
7
months
The model may be useful
for studies on osteoporosis
Windhagen
et al. (2002)
Fourteen
sheep
What is the response of turnover
markers during
distraction osteogenesis
Urinary DPD 74 days
and PYD;
Serum OC
Showed a pattern of osteoblast cellular activation
during distraction osteogenesis
Liesegang et
al. (2003)
Twelve
goats and
sheep
Determine the diurnal variation in
bone markers
Serum
BALP, ICTP,
CL and OC
Klein et al.
(2004)
Fourteen
sheep
Use of BTMs to
represent callus
consolidation in
bone healing
Serum PICP, 9 weeks
BALP and
PIIINP
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
2 weeks
During the day there was
a variation in concentration of markers, goats
presented a higher bone
turnover than sheep
The markers used were
not useful for represent
bone healing
Capítulo 4
42
MacLeay et
al. (2004a)
Fifty-two
ewes
Develop an animal
model for human
postmenopausal
osteoporosis
MacLeay et
al. (2004b)
Twenty-four Influence of diet
sheep
and OVX on bone
turnover
Urinary
DPD;
Serum
BALP, Ca
and P
180 days Model is sensitive for
bone loss due to a dietary
metabolic acidosis
Newton et al.
(2004)
Twelve
ewes
Effects of ovariectomy on the trabeculae of ovine iliac
bone
Serum OC;
Urinary PYD
12
months
Liesegang
and Risteli
(2005)
Six sheep
and six
goat
Influence of diet
Serum ICTP, 8 weeks
BALP, OC,
Ca, CL and
1,25 Vit. D
Due to short duration, it is
difficult to associate the
diet with bone turnover
Seebeck et
al. (2005)
Sixteen
sheep
Use bone markers
to represent callus
formation during
fracture healing
Serum PICP, 9 weeks
ALP, BALP,
PIIINP, Ca
and P
The markers used were
not useful in representing
callus formation
Liesegang et
al. (2006)
Twelve
goat and
sheep
Determine the effects of pregnancy
and lactation on
markers
Milk and
serum Ca;
Serum OC,
BALP, CTx,
ICTP, and
1,25 Vit. D
Markers showed that bone
turnover occurred during
gestation and lactation
Arens et al.
(2007)
Eight
sheep
Measure the seasonal variations in
quantity and quality
of bone turnover
Serum
18
BALP, PYD; months
Urinary DPD
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
90 days
11 months
Model is sensitive for
bone loss due to a dietary
metabolic acidosis
The ovine model is adequate for changes in trabecular bone architecture
studies
Seasonal variation must
be considered when using
an ovine model in osteoporosis studies
Capítulo 4
43
Liesegang et
al. (2007)
Twelve
goats and
sheep
Determine the effects of a second
pregnancy and lactation on markers
in comparison with
a first
Milk and
serum Ca;
Serum OC,
BALP, CTx,
ICTP, and
1,25 Vit. D
Sigrist et al.
(2007)
Fourteen
sheep
The effect of ovariectomy on bone
metabolism in
sheep
Serum
18
BALP, PYD; months
Urinary DPD
Dias et al.
(2008)
Eighteen
ewes
Measurement of
bone markers in
ewes under controlled environmental factors, and the
study of their correlation with serum
minerals
Serum ALP,
BALP, OC,
Ca, P, Mg
and Ca2+
6 weeks
References for the serum
values of bone turnover
parameters in sheep
could be of great value,
possibly for obtaining an
early prognosis of fracture
healing
Goebel et al.
(2009)
Eighty-five
sheep
Verification of
FGF23 as a possible marker of bone
healing and regeneration
Serum ALP,
Ca and P;
Urinary P
42 days
FGF23 is a promising
marker for indicating bone
healing
Ding et al.
(2010)
Eighteen
sheep
Use of glucocorticoid for inducing
osteopenia in cancellous bone
10
months
This method is useful for
induced osteoporosis in
sheep
Vernon et al.
(2010)
Twenty
sheep
Influence of exercise on the degradation of the articular cartilage
5
months
Markers were unable to
demonstrate the effects of
forced exercise
Liesegang et
al. (2013)
Twenty-four Influence of diet
sheep
Serum ICTP, 4
BALP, Ca,
months
P and 1,25
Vit. D
Changes in bone turnover
associated with diet
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Serum LOX
and C2C
11 months
The bone loss in the
second pregnancy and
lactation is lower than in
the first, possibly due to
an adaptation of the organism
The ovine model is not
an appropriate model for
human postmenopausal
osteoporosis
Capítulo 4
44
Tralman et al. Seven
(2013)
sheep
Compare two meth- Serum ALP
ods of osteosynthe- and OC
sis in sheep
10
weeks
Use of RTP fixator is more
effective than plate fixation in osteotomies of long
bones in sheep
Kreipke et al.
(2014)
Thirteen
sheep
The effect of ovariectomy on vertebral bodies and
femoral condyles in
sheep after 1 and 2
years
24
months
The vertebral bodies are
preferable for trabecular
microarchitecture studies
Sousa et al.
(2014a)
Ninety
sheep
Measure the values Serum ALP,
of bone markers
BALP, Ca,
and evaluate the
Mg and P
correlation between
those and serum
minerals in sheep
of various ages and
different physiologic
stages
1 day
The measure of lifespan in
sheep is useful in preclinical orthopedic research
and provide information
complementary for other
analyses with imaging
Sousa et al.
(2014b)
Eighteen
sheep
Assessment of the
short-term variation
in the BTMs serum
levels
Serum ALP, 12
BALP, OC,
weeks
PIIINP, DPD,
TRAP, Ca
and P
The variability in shortterm does not seem to be
a limitation for studies with
bone markers
Andreasen et Twenty
al. (2015)
ewes
Assessment of cellular events during
the remodeling
process induced
by glucocorticoid
in ovariectomised
sheep
Serum CTx
and OC
7
months
It is a useful animal model
due to significant bone
loss compared to osteoporosis in postmenopausal women
Kielbowicz
et al. (2015,
2016)
Assessment of different factors after
osteoporosis induction with glucocorticoid
Serum
BALP, CTx,
estradiol,
cortisol, progesterone
and parathormone
3.7 mon- Glucocorticoid treatment
ths
in ovariectomised sheep
was considered by the
authors as a very appropriate method for osteoporosis induction
Forty-nine
ewes
Table IV - Characteristics of the animal and veterinary science studies that reported the use of
BTMs in different types of research.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 4
45
CAPÍTULO 5
doi
CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE SERRAPINUS
MICRODON (Teleostei, Characidae, Cheirodontinae) DA BACIA
DO SEPOTUBA, TANGARÁ DA SERRA-MT
Erica Baleroni Pacheco
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso – campus avançado
Tangará da Serra
Marina Malaco
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso – campus avançado
Tangará da Serra
RESUMO: A subfamília Cheirodontinae é um
grupo de peixes ainda pouco estudado do
ponto de vista citogenético. O tamanho diminuto
destes lambaris apresenta-se como importante
barreira na obtenção de grande quantidade
e qualidade de células em metáfase. Para
a bacia do rio Paraguai (a qual pertence o
rio Sepotuba) há a descrição cromossômica
de quatro espécies desta subfamília, todas
também com 2n=52 cromossomos. No
desenvolvimento deste trabalho, para obtenção
de cromossomos metafásicos e posterior
caracterização da macroestrutura cariotípica
foi utilizada a metodologia proposta por Bertollo
et al. (1978) e, posteriormente, tratamentos
e colorações de regiões específicas dos
cromossomos com nitrato de prata coloidal
(Howell; Black, 1980). Foram obtidos resultados
satisfatórios 14 indivíduos, sendo nove fêmeas,
dois machos e três com sexo não identificado.
Após a elaboração dos cariótipos observouCiências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
se pequena divergência entre o apresentado
por fêmeas e machos. A análise de regiões
organizadoras de nucléolos parecem estar
associadas ao dimorfismo observado na
coloração convencional de Giemsa.
PALAVRAS-CHAVE: AgRONs. Cromossomos
sexuais. Heterocromatina constitutiva.
ABSTRACT: The subfamily Cheirodontinae
is a group of fish still little studied from the
cytogenetic point of view. The diminutive size
of these lambaris presents as an important
barrier in obtaining large quantity and quality
of cells in metaphase. For the Paraguay River
basin (which belongs to the Sepotuba River)
there is the chromosomal description of four
species of this subfamily, all also with 2n =
52 chromosomes. In the development of this
work, to obtain metaphase chromosomes and
subsequent characterization of the karyotype
macrostructure, the methodology proposed
by Bertollo et al. (1978) and, later, treatments
and staining of chromosome-specific regions
with colloidal silver nitrate (Howell, Black,
1980). Satisfactory results were obtained in 14
individuals, nine females, two males and three
with unidentified sex. After the elaboration of
the karyotypes, there was a slight divergence
between that presented by females and males.
The analysis of nucleoli organizing regions
seems to be associated with the dimorphism
Capítulo 5
46
observed in the conventional Giemsa staining.
KEYWORDS: AgRONs. Sexual Chromosomes. Constitutive Heterochromatin.
1 | INTRODUÇÃO
A bacia do rio Paraguai apresenta grande extensão, ocorrendo, no Brasil, nos
estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Como esta bacia também está presente
no Paraguai, Bolívia e Argentina, a porção brasileira é denominada de Alto Paraguai
(WWF-Brasil et al., 2017).
No que diz respeito à ictiofauna, das mais de 7000 diferentes espécies
encontradas na América do Sul (Carvalho e Albert, 2011) cerca de 330 estão na bacia
do Alto Paraguai (Reis et al., 2003). Neste contexto, insere-se o rio Paraguai como o
principal responsável pela drenagem da planície pantaneira, sendo seus principais
afluentes os rios Jauru, Cuiabá, São Lourenço, Sepotuba, Piquiri, Taquari, Miranda.
Assim, as principais responsáveis pela inundação da planície e criação de novos
habitats para os peixes, são as chuvas que ocorrem nas cabeceiras do rio Paraguai
(FERNANDES et al., 2010). Para o Pantanal, Britski et al., 2007) mostram a ocorrência
de 269 espécies de peixes, das quais assinalaram 110 espécies de Characiformes,
105 de siluriformes, 15 de Gymnotiformes, 17 de Cichlidae, 11 de Cyprinodontiformes
e 11 espécies pertencentes a outros grupos.
Dentre os Characiformes é encontrada a subfamília Cheirodontinae, composta por
espécies de peixes de tamanho diminuto (a maioria com até 50 mm de comprimento)
distribuídas em 15 gêneros e 46 espécies (Malabarba, 2003) que demonstram como
principais características: (1) apenas uma fileira de dentes penta cuspidados ou
pedicelados no pré-maxilar; (2) ausência de musculatura na região cranial da bexiga
natatória, caracterizando assim o pseudotímpano; (3) ausência de mancha umeral e,
(4) alto número de raios procorrentes da nadadeira caudal (Malabarba, 1998).
Ainda que os Cheirodontinae estejam distribuídos na América Central e do Sul,
ocorrendo desde a Costa Rica ao Chile central e Argentina, para a bacia do Alto Paraguai
são descritos apenas dois gêneros, Serrapinnus e Odontostilbe, e cinco espécies: S.
calliurus, S. kriegi, S. microdon, O. pequira, O. paraguayensis (Malabarba, 2003).
De acordo com Malabarba (1998), estes são peixes não migradores e que têm
como mecanismo reprodutivo a oviparidade no qual o macho fecunda a fêmea, porém
o desenvolvimento embrionário é externo. Vazzoler (1996) descreve que a oviparidade
está relacionada ao cuidado parental e estratégia reprodutiva do tipo r. Estas
características dificultam o fluxo gênico entre as diferentes populações, tornando os
estudos citogenéticos populacionais importantes quando se trata de estudar aspectos
relacionados à conservação genética em peixes.
Alguns estudos sobre a biologia alimentar deste grupo têm sido desenvolvidos,
como os apresentados por Hirano e Azevedo (2007), Dias e Fialho (2009), Souza
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
47
et al. (2011) e Costa e Rocha (2017) que apontam, de modo geral, a ocorrência de
dieta onívora, sendo os principais itens encontrados no conteúdo estomacal algas,
microscrustáceos, insetos alóctones. Como a dieta é muito diversificada, este parece
não ser um fator limitante à presença deste grupo de peixes em corpos d’água.
No que diz respeito à citogenética, é uma subfamília ainda pouco estudada e
os trabalhos existentes estão centrados na bacia do Alto Paraná, não sendo relatada
variação do valor diploide modal de 2n=52 cromossomos, mas com modificações
na macroestrutura cariotípica das espécies (Oliveira et al. 1988; Wasko et al., 2001;
Paiva, 2007; Santi-Rampazzo et al., 2007). Para a bacia do rio Paraguai há a descrição
cromossômica de quatro espécies desta subfamília, feita por Troy et al (2010), todas
com 2n=52 cromossomos.
Diante disso, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar citogeneticamente
indivíduos de Cheirodontinae amostrados na bacia do rio Sepotuba, município de
Tangará da Serra-MT. Com isso, espera-se ampliar os exíguos conhecimentos a
respeito deste grupo de peixes, de forma que seja possível discutir processos de
evolução cromossômica no grupo.
2 | METODOLOGIA
Para obtenção de material biológico as coletas foram realizadas no rio Sepotuba,
município de Tangará da Serra, com auxílio de redes de arrasto. Uma vez coletados,
os indivíduos foram armazenados em sacos plásticos e levados ao laboratório de
Ciências do IFMT campus avançado Tangará da Serra. Em laboratório, ficaram 24
horas em aquário aerado para que pudessem ser submetidos à técnica de obtenção
de cromossomos mitóticos proposta por Bertollo et al. (1978).
Esta técnica consiste, basicamente, em tratar o animal com colchicina a 0,0125%,
por 40 minutos, injetada intraperitonealmente com seringa de insulina, a fim de obter
uma suspensão celular com o ciclo interrompido em metáfase; em seguida hipotonizase a solução com KCL 0,075M durante 28 minutos (em estufa bacteriológica a 37ºC) e,
por fim, a preparação é fixada em solução de metanol e ácido acético (3:1). A solução
em fixação deve ser centrifugada três vezes, a fim de concentrar a suspensão celular
e fixá-la adequadamente. Descartado o sobrenadante, o material celular deve ser
armazenado em tubos para microcentrífuga tipo Eppendorf, em freezer.
Os exemplares foram identificados de acordo com Britski et al (2007), fixados
e conservados em álcool absoluto, para que possam ocorrer análises de DNA,
posteriormente.
A observação dos cromossomos ocorreu após a preparação da lâmina,
submetendo-a a 8 minutos de coloração com Giemsa a 5%, para que os mesmos
fossem corados e facilmente localizados. Após sua observação em microscópio óptico,
os tipos cromossômicos foram identificados de acordo com os critérios de relação
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
48
de braços (RB), em metacêntrico (M), submetacêntrico (SM), subtelocêntrico (ST) e
acrocêntrico (A).
Após a observação das metáfases, os cromossomos foram separados por tipo e
tamanho e os cariótipos puderam ser montados, a fim de se observar a macroestrutura
cariotípica.
A identificação das regiões organizadoras de nucléolos ocorreu partir da técnica
proposta por Howell & Black (1980), por meio da impregnação com nitrato de prata
coloidal. Para observação das AgRONs, sobre uma lâmina recém preparada, colocouse uma gota de água destilada, duas gotas de gelatina incolor e, sobre cada uma
destas, uma gota de nitrato de prata coloidal e cobriu-se com lamínula. Transcorridos
alguns minutos, em estufa a 60ºC, assim que a preparação apresentasse coloração
castanha, o material já podia ser observado.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para que o trabalho fosse desenvolvido, foram realizadas três coletas de
exemplares no rio Sepotuba, sendo que foram processados 47 indivíduos, dos quais
14 apresentaram resultados positivos, sendo nove fêmeas, dois machos e três com
sexo não identificado. O tamanho diminuto dos exemplares de Serrapinnus microdon
(Figura 1), como já esperado, dificultou a obtenção do material.
Figura 1. Exemplar de Serrapinus microdon, amostrado no rio Sepotuba, município de Tangará
da Serra-MT. A barra representa 1cm.
Todos os indivíduos analisados apresentaram 2n=52 cromossomos, sendo
20 metacêntricos (M), 14 submetacêntricos (SM), 16 subtelocêntricos (ST) e 2
acrocêntricos (A), para as fêmeas. Os dados obtidos até o momento sugerem a
presença, nos machos, de um par heteromórfico de cromossomos metacêntrico/
subtelocêntrico (Figura 2).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
49
Figura 2. Em A, cariótipo de fêmea e em B, cariótipo de macho de Serrapinnus microdon,
ambos em coloração convencional de Giemsa.
As regiões organizadoras de nucléolos, obtidas com a coloração com nitrato
de prata coloidal, mostraram a marcação predominantemente em região terminal de
braço curto de um par metacêntrico, podendo ser observados outros cromossomos
com marcação, como mostra a Figura 3.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
50
Figura 3. Localização de regiões organizadoras de nucléolos de Serrapinnus microdon, bacia
do Sepotuba.
A presença de AgRONs múltiplas já havia sido observada por Paiva (2007) para
Serrapinnus notomelas no rio Capivara, em Botucatu-SP, e em 64% dos indivíduos
analisados no córrego Campo Novo, também em Botucatu-SP.
Após a análise de resultados sequenciais com coloração convencional de Giemsa
e AgRON, confirmou-se a ausência de sistema de determinação cromossômica do
sexo para Serrapinus microdon da bacia do Alto Paraguai, observada por outros
autores em diferentes espécies de Cheirodontinae.
AGRADECIMENTOS
As autoras são gratas ao IFMT pelo suporte financeiro que possibilitou o
desenvolvimento deste trabalho e ao CNPq pela concessão de duas bolsas de iniciação
científica, na modalidade ensino médio.
REFERÊNCIAS
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
51
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de Pesquisa do Pantanal, 2010. p.103-117.
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
52
Wasko, A.P; CESAR, A. C. G.; MARTINS, C.; GALETTI Jr., P. M. A ZZ/ZW sex chromosome system in
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da Cobertura Vegetal e Uso do Solo da Bacia do Alto Paraguai. Brasília, 2017
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 5
53
CAPÍTULO 6
doi
CASOS DE INTOXICAÇÕES EM CÃES E GATOS NO
BRASIL DE ACORDO COM O SISTEMA NACIONAL DE
INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICA
Higor da Silva Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
Allana Freitas Barros
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – Maranhão
Renata Mondêgo de Oliveira
Universidade Federal do Maranhão
São Luís – Maranhão
Eslen Quezia Santos Miranda
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – Maranhão
Douglas Marinho Abreu
Universidade Federal do Piauí
Teresina – Piauí
Isabel Silva Oliveira
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – Maranhão
Maria Gabriela Sampaio Lira
Universidade Federal do Maranhão
São Luís – Maranhão
Ranielly Araújo Nogueira
Universidade Federal do Maranhão
São Luís – Maranhão
Alessandra Lima Rocha
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – Maranhão
RESUMO: Existem diversas substâncias que
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
podem provocar intoxicações em animais,
sendo a maioria dos casos em cães e gatos. O
estudo foi feito por um levantamento de dados
obtidos pela SINITOX (Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas), onde
observamos casos de intoxicações em cães
e gatos do Brasil nos anos de 2010 a 2013. A
principal forma de intoxicação é por raticidas,
seguido por agrotóxicos de uso doméstico,
domínios sanitários e produtos veterinários.
Entre os raticidas, o aldicarb, conhecido
popularmente como “chumbinho”, é um dos
que apresentam as maiores quantidades de
intoxicações. A maioria dos casos de intoxicação
ocorreu no ano de 2011. Podemos observar que
a quantidade de intoxicações vem diminuindo
ao longo dos anos, devido principalmente ao
acesso às informações e cuidado que população
vem adquirindo.
PALAVRAS-CHAVE: toxicologia, produtos
veterinários, estudo analítico, animais.
ABSTRACT: There are many substances that
can cause poisoning in animals and the majority
of cases in dogs and cats. The study was done
by a survey data obtained by SINITOX (National
System of Toxic-Pharmacologic Information),
where we observe cases of poisoning in Brazil in
the years 2010 to 2013. Among the pesticides,
aldicarb is one of those with the largest amounts
of poisoning, popularly known as "chumbinho".
Capítulo 6
54
Most cases of poisoning occurred in 2011, with the use of pesticides as the main cause.
We can see that the number of poisonings has decreased over the years, mainly due to
the access to information and care that the population has acquired.
KEYWORDS: toxicology, veterinary products, analytical study, animals.
1 | INTRODUÇÃO
Existem diversas substâncias que podem provocar intoxicações em animais,
sendo a maioria dos casos em cães e gatos. A intensidade dessas intoxicações
depende do tempo de exposição e quantidade do agente com o qual o animal teve
contato (GUPTA, 2007; KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). Também é comum haver
intoxicações em animais de produção, por meio da água, das pastagens e do próprio
alimento, podendo estar contaminado principalmente por organofosforados (ORFs) e
piretroides (PRTs) (OSWELLER, 1998).
Anualmente, são atendidos em clínicas e hospitais veterinários um grande número
de casos de intoxicação exógena em animais domésticos, 90% das ocorrências
dessas intoxicações são causadas acidentalmente (KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009;
XIA et al., 2009). As intoxicações envolvem diferentes agentes tóxicos, como alguns
alimentos consumidos por seres humanos e até mesmo por outras espécies de
animais, agrotóxicos de uso agrícola ou doméstico, raticidas, medicamentos, metais
e plantas tóxicas. (KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). O trabalho objetivou descrever as
ocorrências de intoxicações de pequenos animais em todas as regiões do território
nacional, no período de 2010 a 2013.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi feito por um levantamento de dados de intoxicações em cães e
gatos, em todas as regiões brasileiras, no período de 2010 a 2013. Teve como base as
notificações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX);
um sistema que desenvolve atividades de pesquisa nas áreas de intoxicação,
informação em saúde e saúde pública, e que contribui para o enriquecimento destas
discussões no cenário brasileiro de intoxicação e envenenamento, principalmente no
que concerne a questões preventivas (FIOCRUZ, 2009).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados obtidos pela SINITOX, podemos observar os casos de
intoxicação notificados em todo país (Figura 1), por ser um órgão responsável pela
divulgação dos dados.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 6
55
Figura 1– Notificação de casos de intoxicação em animais de companhia, de acordo com as
grandes regiões do país, Brasil, 2010 - 2013.
Agente Tóxico
2010
2011
2012
2013
Total
Agrotóxicos/Uso Agrícola
147
157
84
22
410
Agrotóxicos/Uso Doméstico
164
260
150
44
618
Alimentos
6
5
2
1
14
Animais Venenosos
93
121
102
9
325
Cosméticos
7
12
6
1
26
Domínios sanitários
252
203
78
24
557
Medicamentos
168
164
133
33
498
Metais
2
5
8
2
17
Outro
26
55
64
1
146
Plantas
126
122
113
30
391
Produtos Veterinários
147
196
164
9
516
Raticidas
243
299
156
59
757
Total
1567
1798
1199
255
4819
Tabela 1 – Distribuição dos casos de intoxicação em pequenos animais, segundo agente tóxico,
no Brasil, nos anos 2010 – 2013.
As intoxicações medicamentosas são registradas como uma das causas mais
frequentes. Isso está relacionado ao uso inadequado dos medicamentos em animais,
sem levar em conta suas particularidades. Na maioria das vezes ocorre quando o
responsável pelo animal não busca a orientação de um profissional veterinário, e
realiza a automedicação e a administração imprudente de medicamentos (SOUZA et
al, 2000).
Na tabela 1, observamos que no ano de 2011, ocorreram 417 intoxicações
animais com agrotóxicos, sendo 260 casos de uso doméstico e o ano que registrou a
maior quantidade de casos. Entre os agrotóxicos, o aldicarb é o que apresenta mais
casos de intoxicação, conhecido popularmente como “chumbinho”. Segundo Wang
et al. (2007), esse fato está relacionado à alta toxicidade do aldicarb (Temik®) e sua
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 6
56
forma de comercialização clandestina, que facilita sua obtenção.
As principais plantas que acarretam intoxicações são comigo-ninguém-pode
(Dieffenbachia picta), mamona (Ricinus comunis) e espada de São Jorge (Sansevieria
zeylanica), levando em consideração a idade média dos animais, afetando
principalmente, os animais de cinco meses (MEDEIROS et al, 2008). Podemos
observar uma grande quantidade de intoxicações por agentes não identificados, devido
a informações imprecisas, dadas pelos proprietários ao médico veterinário.
4 | CONCLUSÃO
A maioria dos casos de intoxicação ocorreu no ano de 2011, sendo o uso de
agrotóxicos como a principal causa de intoxicações. Pode ser observado que a
quantidade de intoxicações vem diminuindo ao longo dos anos, devido conhecimento
que a população vem obtendo através de projetos e campanhas. A prevenção ainda
é a maneira mais eficaz de reduzir a incidência de intoxicações em animais, sendo
necessário o desenvolvimento de educação continuada para conscientização da
população, em relação à utilização adequada de produtos tóxicos em potencial.
REFERÊNCIAS
DE JANEIRO, Rio. Ministério da Saúde–Fiocruz, 2009. 1946. Tese de Doutorado. Dissertação de
Mestrado, 99p.
GUPTA, Ramesh C. (Ed.). Veterinary toxicology: basic and clinical principles. Academic press,
2012.
JUREMA MEDEIROS, Renata et al. Casos de intoxicações exógenas em cães e gatos atendidos
na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a
2008. Ciência Rural, v. 39, n. 7, 2009.
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OSWEILER, Gary D. Toxicologia veterinária. Artes Médicas, 1998.
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WANG, Yingzi et al. Pesticide poisoning in domestic animals and livestock in Austria: a 6 years
retrospective study. Forensic science international, v. 169, n. 2-3, p. 157-160, 2007.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 6
57
XIA, Z.; HE, Y.; YU, J. Experimental acute toxicity of xylitol in dogs. Journal of veterinary
pharmacology and therapeutics, v. 32, n. 5, p. 465-469, 2009.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 6
58
CAPÍTULO 7
doi
COMBINAÇÃO DO EXERCÍCIO FISICO E RAÇÃO
HIPOCALORICA PARA TRATAR A OBESIDADE DE CÃES
GUIAS
Vítor Magalhães de Mendonça Cunha
Miranda
José Matheus de Moura Andrade
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Maringá- PR
Natal – Rio Grande do Norte
Letícia Aline Lima da Silva
Universidade Estadual de Maringá
Silvio Mayke Leite
Universidade Estadual de Maringá
Universidade Estadual de Maringá
Maringá- PR
Maringá- PR
Tayara Soares Lima
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Myllena Emely de Paiva Carmo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal – Rio Grande do Norte
Marina Ximenes de Oliveira
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Maria Camila Mendes Santos da Silva
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Joelline Rebecca Pimentel Leite de Oliveira
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Juliette Gonçalves da Silva
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Larissa Manoely da Silva Gomes
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Charles Demetrius Gonçalo da Silva Júnior
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO: A presença dos cães na sociedade
tem tido uma grande importância, seja em
guarda, pastoreio entre outros, entretanto
novas funções são atribuídas com o passar
do tempo mostrando sua importância na
sociedade. A história do cão-guia iniciou-se
em 1718 e continua nos dias atuais. Através
de treinamento esses animais são preparados
para auxiliar os deficientes visuais. Porem a
maior dificuldade de adquirir tal animal é o do
alto custo de treinamento e uma falta de uma
nutrição adequada para esses animais. Estes
animais ajudam diariamente o deficiente e para
isso precisam de um bom aporte nutricional,
caso que não acontece em muitos cães, onde
o índice de obesidade entre esses animais é
muito grande devido o controle de alimentação
dos mesmos. E a obesidade é um problema
muito grave que vai afetar as funções desses
animais. Dessa forma o objetivo desse trabalho
foi inserir exercícios além de dietas hipocalóricas
na rotina de cão guias. O trabalho foi realizado
no Kennel Club do estado de Pernambuco.
Capítulo 7
59
Foram utilizados 7 animais, sendo 6 cães guia e 1 reprodutora. Foi possível observar
a diminuição do peso dos animais ao longo das semanas, ao adicionar a caminhada,
brincadeiras e interações entre eles. Podendo assim concluir que o uso dessas
ferramentas são importantes meios para ajudar na redução de peso dos animais.
PALAVRAS CHAVE: deficientes visuais, dietas, nutrição,
ABSTRACT: The presence of dogs in society has been of great importance, whether in
guarding, shepherding among others, however new functions are attributed over time
showing their importance in society. The history of the guide dog began in 1718 and
continues in the present day. Through training these animals are prepared to assist
the visually impaired. But the greatest difficulty in acquiring such an animal is the high
cost of training and a lack of adequate nutrition for these animals. These animals help
the disabled on a daily basis and for this they need a good nutritional support, in case
it does not happen in many dogs, where the obesity index among these animals is
very great due to the feeding control of the same ones. And obesity is a very serious
problem that will affect the functions of these animals. In this way the objective of this
work was to insert exercises besides hypocaloric diets in routine dog guides. The work
was carried out in Kennel Club of the state of Pernambuco. Seven animals were used,
6 guide dogs and 1 breeding dog. It was possible to observe the decrease of the weight
of the animals during the weeks, when adding the walk, jokes and interactions between
them. It can thus conclude that the use of these tools are important means to assist in
weight reduction of the animals.
KEYWORDS: visually impaired, diets, nutrition,
1 | INTRODUÇÃO
Durante muitos anos os cães vem tendo diversos papéis na nossa sociedade,
as atividades mais conhecidas são as de animal de companhia, de caça, de guarda,
de pastoreio ou de tração (de trenó por exemplo). Porém novas funções vendo sendo
desempenhada por esses animais como a de cão-guia, de serviço, de polícia, de
detecção de explosivos, de salvamento de pessoas perdidas em catástrofes.
A primeira tentativa sistemática para o treinamento de cães para guiarem cegos
foi aproximadamente no ano de 1780 no hospital para cegos Les Quinze-Vingts em
Paris. Relatos que alguns anos depois, em 1788, Josef Riesinger, um fabricante de
peneiras austríaco de Viena, treinou um Spitz Alemão para ser seu cão-guia e teve um
ótimo resultado. Em 1819, Johann Wilhelm Klein, que foi o fundador do Instituto para
a Educação dos Cegos (Blinden-Erziehungs-Institut) em Viena, foi o primeiro de fato a
mencionar o conceito do cão-guia para cegos no seu livro sobre educação de pessoas
cegas (Lehrbuch zum Unterricht der Blinden). Diversos relatos falam sobre experiências
pessoais sobre a utilização destes animais no auxílio de cegos pelo mundo, mas em
meados de 1914 um médico alemão de nome Gerhard Stalling começou a utilizar tais
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
60
animais para ajudar soldados que ficaram cegos durante a guerra, e isto se deu por
acaso quando seu cão começou a “cuidar de um cego” enquanto andavam pela praça.
A partir deste ponto o mesmo estudou formas de adestramento visando incluir estes
animais na sociedade, e apenas em 1918 ele conseguiu realizar tal façanha ao abrir o
primeiro centro de formação de cães-guia no mundo (Pelleti).
Depois desses relatos foram se aprimorando os treinamentos de cão –guia e
hoje existe diversas escolas espalhadas pelo mundo, incluindo no Brasil. Desde então
diversos animais já foram entregues a pessoas com deficiência pelo mundo, no Brasil
estima-se que haja em torno de 160 cães-guia trabalhando (Freitas, 2016), entretanto
tal número mostra-se ainda muito distante da realidade enfrentada pelo país onde
estima-se que existam 1,2 milhões de pessoas deficientes no Brasil (Conselho Nacional
de Oftalmologia, 2014).
O cão-guia, é um animal treinado para auxiliar um deficiente visual a se locomover
por qualquer lugar sem dificuldades e, por serem animais considerados de trabalhos,
são aceitos em todos os locais públicos. Os cães-guias oferecem aos seus parceiros
segurança na locomoção, equilíbrio físico e emocional, facilitam sua socialização, e
até sua melhoram a autoestima.
Porém uma dificuldade encontrada é o alto investimento nos animais, que gira
em torno de 30 mil reais por cachorro, e seu treinamento dura em média 2-3 anos.
Para agravar a situação estima-se que 50% dos cães não conseguem terminar o
treinamento por “desvio comportamental” que pode se dar por diversas razões, que
vai depender de cada animal (Carmo, 2014).
O cão-guia deve possuir um temperamento equilibrado, um bom caráter e saúde
perfeita para desempenhar a sua função com eficiência, por isso o Pastor Alemão,
Labrador e o Golden Retriever são as raças mais utilizadas para cães guia no mundo
inteiro, pois possuem as características e o tamanho adequados para a função
(Petcidade).
A alimentação destes animais deve ser pensada, visando à utilização total da
energia consumida de forma que o animal não retenha a energia como tecido adiposo
ao final do dia de trabalho, razão essa que muitos animais sofrem problemas voltados
à nutrição pelo manejo inadequado, o que pode levar a desnutrição ou a obesidade
desses animais (Carmo, 2014).
A obesidade trata-se de uma condição patológica caracterizada por um acúmulo
de gordura maior que o necessário para a otimização das funções do corpo, suficiente
para deteriorá-las e prejudicar a boa saúde e o bem-estar animal (Guimarães and
Tudury, 2006). Em cães, ocorre quando o peso está pelo menos 15% acima do ideal
(Aptekmann et al., 2014).
A manutenção do peso corporal ideal é fator determinante para manutenção da
saúde, bem-estar e qualidade de vida (Salve, 2006). Para o treinamento do cão guia
os animais devem estar em condições de saúde adequadas, muitas vezes os animais
estão com o peso elevado devido a uma alimentação inadequada, o que interrompe
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
61
seu treinamento, visto que a obesidade pode afetar diretamente as articulações dos
animais, dificultando a sua utilização nessa atividade.
Assim objetivou-se com esse trabalho relatar o uso de dietas hipocalóricas
acrescida de exercícios físicos na rotina de cães guia obesos.
2 | RELATO DE CASO
O local de atuação foi o Kennel Club do Estado de Pernambuco, localizado no
Bairro de Jardim Paulista, Paulista, Pernambuco, que fica no Km 15,5 tendo como
acesso a BR-101. O Kennel club tem por finalidade atuar em âmbito estadual como
um representante da Confederação Brasileira de Cinofila e a Federação Cinológica
Internacional, e este atua sobre registro de pedigrees, organização de exposições,
centro de cães guia e outros.
O Kennel Club do estado de Pernambuco possui o primeiro laboratório de cão
guia do país, que foi inaugurado no ano de 2016. Por ser um laboratório novo e o
primeiro no país, ainda se tem muitas dificuldades em relação aos animais formados,
devido aos problemas que aparecem nos animais como físicos e por não ter um
controle da alimentação que se tinha animais obesos.
No início do estágio o local possuía sete cães, divididos entre Labrador e Golden
retriever, seis estavam entre treinamento para se tornar cão – guia, e uma era a
reprodutora. Destes sete, três estavam obesos, o que dificultava no treinamento dos
animais, para melhorar essas condições foi realizado um ajuste na alimentação e
exercícios.
Foi feito a caracterização dos animais em relação à idade, peso e condição
física para que pudesse começar a realizar os trabalhos para melhorar esse quadro
de obesidades dos animais. Essa caracterização pode ser observada na tabela 1, a
divisão de cada animal.
Cães
Condição
Raça
Amora
Adulta
Labrador
Argos
Adulto
Labrador
Heron
Obeso
Labrador
Jolly
Filhote
Golden
Katrina
Obesa
Labrador
Mamute
Adulto
Golden
Paçoca
Obesa
Golden
Tabela 1. Caracterização dos animais
Fonte: Própria do autor
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
62
A alimentação era através de ração, divididas nas categorias dos animais, sendo
essas rações para obesos, filhote e adultos, onde cada uma possuía uma densidade
energética diferente, levando em conta a condição do animal, essas densidades eram
3873 Kcal/Kg nas rações para filhote; 3963 Kcal/Kg para adultos e 3873 Kcal/Kg para
cães obesos.
Para um adequado ajuste na alimentação dos animais, pesava-se semanalmente
os animais e calculava através da fórmula abaixo levando em conta a exigência do
animal, e assim calcular a quantidade semanal de ração a ser fornecido para cada
animal em quilogramas (kg).
EM=(PV0,75X 130 Kcal)/EM da ração, onde;
EM – Energia metabolizável necessária;
PV – Peso Vivo.
A ração fornecida era fracionada, duas vezes ao dia, e recalculada conforme o
peso que o animal apresentasse na presente semana. A água era trocada todos os
dias e fornecida à vontade. A tabela 2 apresenta a média de peso corporal inicial e final
dos animais do Kennel e os valores da ração fornecida.
Na tabela 2 apresenta o valor calculado de ração para cada animal segundo
a fórmula acima citada, entretanto, para os animais que estavam acima do peso foi
necessário fazer uma restrição alimentar de 40% para promover a perda de peso.
Alguns animais no geral responderam de forma satisfatória, outros não responderam
e ainda houveram outros que se mantiveram no mesmo peso durante o período.
Faixa Limite
de peso
Peso Ideal
(Kg)
Peso Inicial
(Kg)
Peso Final
(Kg)
Quantidade
Fornecida
Amora
25-32
30
31,3
31,5
420
Argos
29-36
33
36,1
32,9
451
Heron
29-36
33
38,3
34,6
278
Jolly
25-32
30
26,3
28,4
430
Katrina
25-32
30
48,5
39,3
258
Mamute
29-34
32
31,1
32,5
441
Paçoca
25-32
32
37,2
34,2
270
Tabela 2. Média do peso corporal inicial e final dos animais após restrição alimentar.
Fonte: Própria do autor
Os cães guia apresentavam um manejo diferenciado, pois os mesmos não podiam
criar qualquer tipo de laço com adestrador e treinador, por esse motivo se tinha uma
maior dificuldade para realizar atividades para ajustar o peso desses animais. Esses
ajustes foram feitos por dois meses com esses animais.
A primeira semana de trabalho foi exclusiva para conhecimento mutuo, onde se
conhecia cada cachorro, assim como suas preferências. O início das atividades foi o
ajuste da alimentação, em seguida passeios de 45 minutos, duas vezes ao dia.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
63
A segunda semana, além da caminhada que cada cão possuía, foi incluído
uma bola de borracha. Esse brinquedo era utilizado para brincadeiras de correr, essa
inclusão foi realizada principalmente com os cães obesos, essas brincadeiras eram
feitas em torno de 30 minutos ou até o animal apresentar cansaço físico.
A terceira semana os animais já estavam habituados com os exercícios então
foi feita a socialização desses animais, porém só para um determinado grupo, pois o
outro não apresentou uma boa socialização, assim o grupo de fêmeas eram soltas no
mesmo ambiente, e elas realizavam brincadeiras entre si, mostrando um bom resultado
na perda de peso desse grupo que apresentou essa outra ferramenta. A socialização
dos animais era importante, pois segundo Bradshaw (2012) os cães podem apresentar
tal nível de socialização alterando assim ganhos e perdas envolvidos, durante esse
processo. Após a inclusão desses três exercícios , eles foram realizados durante dois
meses aproximadamente.
Foram encontrados alguns problemas para realizar a caminhada de alguns
animais durante esse período, pois coincidiu com início das chuvas e o local das
caminhadas era sem cobertura, devido a isto houveram dificuldades em realizar as
atividades externas em alguns momentos e com isso os animais voltaram a ganhar
peso na terceira semana e em outras.
Além dessas atividades os animais ainda possuíam o treinamento para se
tornarem cães guias, eles possuíam treinamento em ruas, ônibus e shopping para
se adaptar a diferentes ambientes, isso também contribuía como atividade física dos
animais.
Os cães guias recebiam um treinamento bastante intenso e para tal precisavam
estar preparados nutricionalmente e fisicamente, algumas vezes o treino ocorria no
próprio laboratório do kennel que possui diversos obstáculos encontrados nas ruas do
Brasil, como buracos, postes no meio da calçada entre outros (Figuras 1) e em outras
treinavam em Shopping, como escada rolante, escadas normais, praça de alimentação
e outros ambientes (Figuras 2 e 3).
Figura 1. Laboratório de treinamento. Acervo pessoal
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
64
Figura 2. Treino na escada rolante do Shopping. Acervo pessoal
Figura 3. Treino em escadas. Acervo pessoal
3 | CONCLUSÃO
A utilização de exercícios físicos acrescidos a dietas hipocalóricas permitem uma
maior redução do peso abdominal mesmo com o curto período que foi realizado esses
teste, assim esses animais conseguiram realizar as suas funções, estando bem de
saúde.
REFERÊNCIAS
APTEKMANN, K. P; SUHETT, W. G; JUNIOR, A. F. M; SOUZA, G.B; TRISTÃO, A. P. P. A; ADAMS,
F. K; AOKI, C. G; JUNIOR, R. J. G. P; CARCIOFI, A. C; MIRELA TINUCCI-COSTA, M. Aspectos
nutricionais e ambientais da obesidade canina. Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.11, p.20392044, 2014.
BRADSHAW. J. Cão senso: Como a nova ciência do comportamento canino pode fazer de você
um verdadeiro amigo do seu cachorro. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 392 p, 2012.
CARMO, S. A.P.; FONSECA, I. M.S.P.; ROSA, I. M.N. G.. Caraterização dos cães de assistência
(cães-guia, cães para surdos e cães de serviço) em Portugal. Revista Portuguesa de Ciências
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
65
Veterinárias, RCPV 109 (589-590) 43-50 ,2014.
CONSELHO NACIONAL DE OFTALMOLOGIA. Dia mundial da visão. 2014. Disponível em < http://
www.cbo.net.br/novo/cbo-jovem/diamundialdavisao.php> acessado em 13 de março de 2019.
FREITAS, H. Brasil tem 6 milhões de pessoas com deficiência visual, mas apenas 160 cães-guia.
2016. Disponível em < https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,brasil-tem-6-milhoes-depessoas-com-deficiencia-visual-mas-apenas-160-caes-guia,10000094416> Acessado em 19 de março
de 2019.
GUIMARÃES, A. L. N; TUDURY, E. A. 2006. Etiologias, conseqüências e tratamentos de
obesidades em cães e gatos–revisão. Veterinária Notícias, 12, 29-41
MACHADO, P. Saiba como é o treinamento dos cães-guia e conheça escolas especializadas.
Disponível em http://www.petcidade.com.br/saiba-como-e-o-treinamento-dos-caes-guia-e-conhecaescolas-especializadas/ acessado em 15 de março de 2019.
PELLETTI, A. História do Cão-Guia. Disponivel em < https://exaluibc.org.br/o-dv-em-foco/historia-docao-guia/> acessado em 18 de março de 2019.
SALVE, M. G. C. Obesidade e peso corporal: riscos e consequências. Movimento & Percepção,
v.6, n.8, p.29-48, 2006.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 7
66
CAPÍTULO 8
doi
Gracilaria birdiae PODE SER UM ALIMENTO ALTERNATIVO
PARA AVES?
Ayala Oliveira do Vale Souza
Zootecnista e mestranda no Programa de PósGraduação em Produção Animal, da Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Mossoró – RN
Alex Martins Varela de Arruda
Professor Associado do Departamento de
Ciências Animais de Universidade Federal Rural
do Semi-Árido (UFERSA)
Mossoró – RN
Ana Cecília Nunes de Mesquita
Nutricionista e Mestre em Ciência Animal, pela
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA);
Mossoró – RN
Nicolas Lima Silva
Zootecnista; aluno do Mestrado no Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal do Ceará (UFC);
Fortaleza - CE
Maria Gabriela Alves Costa
Biotecnologista; aluna do Mestrado no Programa
de Pós-Graduação em Produção Animal, da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA)
Mossoró – RN
RESUMO:
nutricional
potiguar e
aves. Para
Objetivou-se avaliar o potencial
da Gracilaria birdiae do litoral
sua digestibilidade em ração de
analises físico-químicas e ensaio
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
de digestibilidade, foi adquirido material in
natura, posteriormente desidratado e triturado.
Para digestibilidade foram utilizadas 20 aves
poedeiras semipesadas da linhagem Bankiva,
submetidas a dois tratamentos com dez
repetições cada. Para alimentação das aves,
ofertou-se dois tratamentos, ração controle
(RCO), e a inclusão de 20% da Gracilaria birdiae
na ração (RGB). As análises bromatológicas
mostraram possuir consideráveis concentrações
de matéria mineral e FDN (fibra em detergente
neutro), baixos teores de lipídeos, FDA (fibra em
detergente ácido) e pectina. A Gracilaria birdiae
apresenta potencial fonte de fibras e minerais
que podem suplementar a ração.
PALAVRAS-CHAVE:
Algas;
Galinhas;
Digestibilidade; Fibras; Minerais.
ABSTRACT: The objective of this study was to
evaluate the nutritional potential of Gracilaria
birdiae in the Potiguar coast and its digestibility
in poultry rations. For physicochemical analysis
and digestibility assay, in natura material was
obtained, later dehydrated and crushed. For
digestibility, 20 semi - heavy laying hens of the
Bankiva strain were used, submitted to two
treatments with ten replicates each. For feeding
the birds, two treatments, control ration (RCO),
and the inclusion of 20% of Gracilaria birdiae in
the diet (RGB) were offered. The bromatological
analyzes showed to have considerable
Capítulo 8
67
concentrations of mineral matter and NDF (low detergent fiber), low levels of lipids,
FDA (acid detergent fiber) and pectin. Gracilaria birdiae presents a potential source of
fiber and minerals that can supplement the feed.
KEYWORDS: Algae; Chickens; Digestibility; Fibers; Minerals.
1 | INTRODUÇÃO
A Gracilaria spp. pertence a reino Archaeplastida, filo Rhorophyta, ordem
Gracilariales, família das Gracilariaceae, é um dos gêneros mais diversificados, com
mais de 100 espécies reconhecidas, possui alto valor econômico, e se distribuem na
maior parte dos mares tropicais e temperados do mundo (COSTA, 2013; ARAÚJO,
2005).
Algumas espécies produzem elementos que conferem ao alimento processado,
estabilização e texturização, essas substancias são conhecidas como polissacarídeos
sulfatados, produzidos por algas vermelhas (ágar) e a algas pardas (MUNIZ, et. al.,
2013).
Dentre a diversidade de macroalgas, a Gracilaria birdiae se destaca por ser
a maior fonte de ágar mundial (SIMÕES, 2009), sendo amplamente encontrada na
costa brasileira, especialmente da costa do Rio Grande do Norte ao Espirito Santo
(ARAÚJO, 2005).
Pesquisas vem sendo desenvolvidas, para conhecimento da taxonomia, biologia
e cultivo utilização das algas do gênero Gracilaria na alimentação de humanos e
animais, como também produção de biogás (ARAÚJO, 2005). O interesse pelo gênero
justifica-se de acordo com a literatura por sua composição nutricional, ação antioxidante,
contendo ácidos graxos essenciais e carotenoides, proteínas (todos os aminoácidos
essenciais), fibras, vitaminas (vit. A, E e Complexo B), polissacarídeos sulfatados
(agaranas e carragenanas), sendo assim consideradas alimentos funcionais, e
minerais (ferro, sódio, potássio, iodo, cálcio), contribuindo com o sabor salgado desses
produtos (SIMÕES, 2009; SAÁ, 2002; CALADO, 2014; SIMÕES, 2009; PIRES et. al.
2012a; RODRIGUES, 2015; GUARATINI et al 2012; WELLS et al., 2016). Podendo,
dessa maneira ser uma fonte alimentar alternativa para criação de aves caipiras.
Sendo assim, objetivou-se avaliar o potencial nutricional da Gracilaria birdiae
do litoral potiguar, mediante verificação da composição físico-química e verificar seus
efeitos sobre a digestibilidade dos seus nutrientes em ração para aves.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
A macroalga foi coletada no município de Rio do Fogo-RN, localizado no litoral
nordestino potiguar, coordenadas 05°16'22" Sul 35°22'58" Oeste. Para analises físicoquímicas e elaboração da ração foi coletado material in natura à beira mar.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 8
68
As macroalgas foram coletadas e armazenadas em caixas isotérmicas contendo
água do mar. Após chegar ao laboratório o material foi lavado em água corrente para
retirada de impurezas. Armazenadas em sacos plásticos em freezer à -10°C para
posterior analises.
O material foi levado à estufa de circulação forçada de ar à 65°C por 72h, pesado
em balança de precisão e triturado em moinho de facas Tipo Wiley com peneira de malha
2mm, apresentando aspecto de farelo fino. Foi armazenado em potes devidamente
identificados para posterior fabricação da ração das aves.
As análises foram realizadas conforme metodologia descrita por Silva e Queiroz
(2005), sendo elas, matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina em detergente ácido (LDA),
pectina, descrito por Ranganna (1979).
O experimento a campo foi conduzido no Setor de Avicultura da Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, no município de Mossoró-RN. Foram utilizadas 20 aves
Bankiva semipesadas uniformizadas quanto ao peso corpóreo. Todas alojadas em
gaiolas metálicas especiais para ensaio de digestibilidade (uma ave por gaiola), com
dimensões 40 x 40 x 22 cm, compostas por comedouros em chapa galvanizada e
bebedouro semiautomático tipo nipple.
O experimento foi distribuído em delineamento inteiramente casualizado,
composto por dois tratamentos com dez repetições cada. A ração controle (RCO) foi
formulada para atender as exigências nutricionais adaptando-se às recomendações
Rostagno et. al. (2011), e a ração experimental contendo a macroalga foi elaborado
para conter a inclusão de 20% de Gracilaria birdiae (RGB). As aves foram submetidas
a três dias de adaptação com a dieta experimental e mais quatro dias de coleta total
de excretas, totalizando sete dias de experimento. Durante o período experimental as
rações foram ofertadas duas vezes ao dia, logo no início da manhã e o restante ao
final da tarde, com fornecimento de água a vontade.
A coleta total de excretas e peso de sobras da ração, foram realizadas duas
vezes ao dia, nos mesmos horários do fornecimento da ração aos animais (Sakomura
& Rostagno, 2007).
INGREDIENTES (KG)
RCO
RGB
Alga (Gracilaria birdae)
0,00
20,00
Milho
71,50
57,20
F. Soja
18,50
14,80
Fosfato bicálcico
1,16
0,93
Calcário calcítico
1,12
0,90
Sal comum
0,33
0,27
Mistura vitamínica
0,25
0,20
Mistura mineral
0,25
0,20
Inerte (q.s.p.)
6,89
5,51
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 8
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NUTRIENTES %
RCO
RGB
MO
78,59
77,42
MM
4,83
8,46
EE
2,89
2,39
FDN
10,97
11,90
FDA
4,04
4,56
Hemicelulose (FDN-FDA)
6,93
7,34
Tabela 1. Composição nutricional e ingredientes das rações experimentais. RCO (Ração
Controle) e RGB (Ração com Gracilaria birdiae)
As excretas coletadas foram pesadas e armazenadas em recipientes metálicos,
vedadas e devidamente identificadas, e congeladas à -10°C.
A partir dos valores encontrados nas análises laboratoriais, foi possível realizar
cálculos convencionais para determinação de digestibilidade aparente dos nutrientes:
% de CDA (Coeficiente de Digestibilidade Aparente) é a divisão do nutriente consumido,
pelo nutriente consumido menos o nutriente fecal, multiplicado por cem.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e teste t através do
programa SISVAR 5.6 à 5 % probabilidade.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Componente Nutricional
Média (%)
Extrato Etéreo (EE)
0,40
Fibra em Detergente Neutro (FDN)
15,63
Fibra em Detergente Ácido (FDA)
6,65
Matéria Mineral (MM)
22,94
Lignina em Detergente Ácido (LDA)
3,00
Matéria Orgânica (MO)
72,85
Tabela 2. Composição nutricional da macroalga desidratada Gracilaria birdiae.
As análises demonstraram teores satisfatórios em nutrientes, especialmente
minerais, mas, infere-se em contraste com literatura, que possa existir forte influência
sobre esses valores em virtude da interação entre o ambiente marinho, fisiologia da
macroalga e a estação do ano (RODRIGUES, 2015; BENJAMA E MASNIYOM, 2011).
A mesma inferência também vale para elevado teor de matéria mineral
determinado na macroalga Gracilaria birdiae (Tabela. 1), analogamente, uma média
compatível com oscilações entre 5,6 e 40,8% MM verificadas com a alga Gracilaria
birdiae e G. domingensis (SIMÕES, 2009; PIRES et.al., 2012a; PIRES et.al., 2012b).
Todavia, os valores analíticos determinados nesse estudo (22,94 % MM) foram muito
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 8
70
superiores aos alimentos convencionais usados em rações para aves como farelo de
milho (1,95% MM) e de soja (6,78% MM).
As algas possuem alto teor de minerais, podendo se explicar por sua capacidade
filtradora, agindo como purificador de água (RODRIGUES, 2015). Sua composição
pode variar de 8 a 40 % de seu peso seco, onde a maioria dos minerais são os
oligoelementos, como o cálcio, ferro, sódio e iodo, sendo os de maiores proporções,
cálcio e ferro (RODRIGUES, 2015 e CARNEIRO et. al. 2012).
De acordo com Rodrigues, (2015), as macroalgas vermelhas contêm valores
elevados de hidratos de carbono, podendo variar de 20 a 76 % (PIRES et. al. 2012a;
PIRES et. al. 2012b) dependendo da espécie, e alguns outros compostos como os
carotenoides, β-glucanos, polifenóis, tocoferóis e os polissacarídeos, que podem
atuar promoverndo a bioatividade das células, vindo a auxiliar a indústria de alimentos
nutracêuticos funcionais (PESO-ECHARRI et al., 2012; KOLANJINATHAN et al., 2014;
CHAROENSIDDHI et al., 2017).
Os valores de hidratos de carbono das análises (25,28 %), não apresentou
discrepância aos da literatura, que pode variar de 25 a 75 % na matéria seca, onde 51
a 81% é fibra solúvel, e o restante, fibra insolúvel (RODRIGUES, 2015). A maioria deles
apresentam-se em forma de polissacarídeos sulfatados (ágar). Os valores de FDA
podem ser justificados por substancias que auxiliam na estruturação das macroalgas
presente na parece celular das macroalgas, sendo análogas a celulose ( HAYASHI et
al. 2007).
Os valores de extrato etéreo foram baixos (0,40 %). Em trabalhos realizados
com G. domingensis, G. birdiae, G vermiculophylla, foram encontrados os seguintes
resultados respectivamente, 1,61 % EE, 0,11 % EE e 0,40 EE %. (PIRES et.al., 2012a;
PIRES et.al., 2012b; VIDAL et. al. 2015). Os resultados obtidos com o presente trabalho
não diferem em maiores proporções aos encontrados na literatura, caracterizando as
algas como alternativa de alimentos com baixo teor lipídico. Segundo MacArtain et.
al. (2007), as algas possuem aproximadamente 2 % do seu peso seco de lipídeos.
Mas a variação da presença desses componentes varia de acordo com a temperatura,
ambiente e estação do ano, outra característica importante é a ausência de odores,
como os óleos de peixes (RODRIGUES, 2015).
TRATAMENTOS
CDA (%)
RCO
RGB
CV (%)
P (%)
CONS
29,10a
18,46a
21,27
0,05
MM
44,80b
79,50a
9,49
0,00
EE
87,00
85,01
2,32
0,04
FDA
21,70a
24,90a
21,39
0,17
FDN
34,50b
45,35a
8,37
0,00
a
b
Tabela 03. Coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes (CDA) da ração controle
(RCO) e ração com Gracilaria birdiae (RGB). a,b Médias seguidas pela mesma letra não diferem
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 8
71
entre si pelo teste t (P> 0,05); CV – coeficiente de variação; P – probabilidade.
A RGB apresentou diferença significativa, com superioridade na digestibilidade
para o coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da matéria mineral (MM). Devido
a maior presença de minerais na composição da macroalga. Segundo MacArtain
(2007), as algas marinhas possuem altos níveis de minerais, como o sódio, potássio,
cálcio, ferro, magnésio, zinco, níquel, cobre e cobalto (TABARSA et al., 2012; SYAD et
al., 2013) em sua composição, principalmente, devido a seu habitat marinho. A maior
digestibilidade de minerais da RGB em relação a RCO pode ter ocorrido pela presença
de fitatos nos grãos e cereais (milho e soja).
Para extrato etéreo (EE), foi verificado que sua diferença significativa para
digestibilidade ocorreu devido aos baixos teores de lipídeos (0,40 % EE) em sua
composição, contribuindo para uma menor digestibilidade. De acordo com Berterchini
(2012), as gorduras das dietas são altamente digeríveis, em torno de 85 a 95%, mas
pode haver diferença em virtude do comprimento de cadeia carbônica do ácido graxo,
número de insaturações.
A inclusão da Gracilaria birdiae a nível de 20% na ração para aves influenciou
positivamente na digestibilidade aparente do FDN. Pode ser que compostos similares
às fibras solúveis da parede celular da Gracilaria birdiae, a degradação microbiana
ceco-cólon apresentou superioridade em relação a fibra vegetal (milho e soja). Arruda
et. al. (2012), relata que as fibras solúveis diminuem a digestibilidade no intestino
delgado, causando aumento da viscosidade no trato digestório, melhorando taxa
de passagem da digesta, dessa forma dificultando ação enzimática e absorção dos
compostos.
De acordo com Silva (2014), a resposta digestiva das aves em relação a qualidade
e quantidade da fibra presente no alimento, altera a qualidade da digesta, as perdas
endógenas e especialmente o nitrogênio. Para Fernandes et al., (2017), a alteração
depende da quantidade e qualidade da fibra ingerida, pois poderá promover interações
no tratogastrointestinal que podem ser maléficas para ação enzimática endógena ou
benéfica para manutenção da probiótica intestinal.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Gracilaria birdiae pode ser suplementada no teor de 20% na alimentação de
aves como alimento alternativo regional.
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Capítulo 8
75
CAPÍTULO 9
doi
HISTOLOGICAL CHANGES CAUSED BY LIGOPHORUS
URUGUAYENSE (Monogenoidea) IN REARED
MULLET MUGIL LIZA
Eduardo Pahor-Filho
Centro de Aquicultura da UNESP, UNESP
Jaboticabal - São Paulo
Marta da Costa Klosterhoff
Laboratório de Imunologia e patologia de
organismos aquáticos, FURG
Rio Grande - Rio Grande do Sul
Natalia da Costa Marchiori,
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural de Santa Catarina
Camburiú – Santa Catarina
Rogério Tubino Vianna,
Laboratório de Biologia de Parasitos de
Organismos Aquáticos, FURG
Rio Grande - Rio Grande do Sul
Joaber Pereira Júnior
Laboratório de Biologia de Parasitos de
Organismos Aquáticos, FURG
Rio Grande - Rio Grande do Sul
ABSTRACT: Monogenoidea pathogenic activity
can elicit various histological responses in fish.
Species of Ligophorus are specific parasites of
mullets, and his relationship with host fish may
result in a moderate pathogenic action. In order
to ascertain this relationship, estuarine mullets
(Mugil liza) were collected in an estuary, reared
in laboratory, for three weeks, and forwarded
for histological and parasitological analyses.
Ligophorus uruguayense (Monogenoidea)
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
infestation in the gills of the mullets was identified.
The severe infestation by only one species of
Monogenoidea may result from the specificity
of these parasites to mullets. Mullets submitted
to histological analysis exhibited respiratory
epithelium detachment; mild, moderate and
severe hyperplasia of the respiratory epithelium;
atrophy; and telangiectasia of the gills. This is the
first study reporting that mullets highly infested by
Monogenoidea can show mild (100%) to severe
(20%) gill changes with a distinct frequency
of occurrence. By the high prevalence of mild
alterations observed, it is possible to accept that
L. uruguayense is moderately pathogenic to M.
liza, even during high prevalence and intensity
of infestation, as a result of its specificity. The
hypotheses regarding the cause, histological
damage frequency and implication of the host–
parasite relationship in mullet rearing systems
are discussed.
KEYWORDS:
Aquaculture;
histological
changes; Monogenoidea; Mugilidae; parasitosis.
1 | INTRODUCTION
Species of Ligophorus Euzet and Suriano,
1977
(Ancyrocephalidae,
Monogenoidea)
parasitize marine fish and are highly specific
for mullet species. The Ligophorus/Mugilidae
specificity suggests that this is an association
Capítulo 9
76
that results from a long coevolutionary process (Euzet and Suriano 1977, Marchiori et
al. 2015). In addition, studies have shown that long coevolutionary relationships can
influence pathogenicity of the parasite, which certainly reflects selection processes of
the host populations (Poulin et al. 2000, Little and Ebert 2004). Other authors showed
this phenomena even in high prevalence and intensity of infestation by Ligophorus
spp. of wild mullet, apparently without causing severe damage to the host (Merella and
Garippa 2001).
Parasites belonging to this genus are oviparous and monoxenous and, therefore,
may proliferate rapidly under intensive farming systems. Six species of Ligophorus
are so far known on the Atlantic coast of South America, all parasites of the same host
species Mugil liza Valenciennes 1836: L. uruguayense Failla Siquier and Ostrowski de
Núñez 2009 from Laguna de Rocha, Uruguay; L. saladensis Marcotegui and Martorelli
2009 from Samborombón Bay, Argentina; and four other species from the Guandu
River, state of Rio de Janeiro, Brazil, namely L. brasiliensis, L. guanduensis, L. lizae
and L. tainhae, all described by Abdallah et al. (2009). In addition, L. uruguayense was
reported recently for the first time on the Brazilian coast by Pahor–Filho et al. (2012).
Distinguishing among closely related species of Ligophorus is not always easy to
do due to the small size of the main diagnostic structures associated with the genus
and their close resemblance under an optical microscope (Sarabeev et al. 2005).
Nevertheless, Marchiori et al. (2015) have confirmed recently the validity of two closely
related species, L. uruguayense and L. saladensis, through a combined morphological
and molecular approach.
Studies have shown the potential damage caused by Monogenoidea species to
their hosts (Kristmundsson et al. 2006, Hutson et al. 2007, Jorgensen et al. 2009).
These parasites frequently decrease body weight (Ranzani–Paiva and Silva–Souza
2004) or even cause death of the host (Montero et al. 2004, Mansell et al. 2005, Dezfuli
et al. 2007). In the gills, Monogenoidea can cause diverse responses that depend
on the pathogenicity of the parasite species, such as mucus release, leucocytes
infiltration (Arafa et al. 2009), telangiectasia, necrosis (Schalch et al. 2006), lamellar
fusion (Campos et al. 2011), and reduction in the number of chloride cells (Dezfuli et
al. 2007). Therefore, the understanding of the relationship among mullets and their
parasites contributes to the development of new prophylactic management strategies
in farming systems.
This study aimed to analyse the parasitological indexes and the frequency of
histological changes caused by infestation of the estuarine mullets by L. uruguayense,
Monogenoidea. Here, we report that estuarine mullets highly infested by Monogenoidea
exhibited mild to severe gill changes with a distinct frequency of occurrence. The
advances found in this study can contribute positively to the development of prophylactic
techniques in the management of mullet rearing systems.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
77
2 | MATERIAL AND METHODS
The experimental procedures were approved by the Ethics Committee
Approval – 002234/15/CEUA/UNESP) and conducted according to the guidelines
of ethical principles in animal experimentation, adapted by the Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA).
2.1 Fish and acclimation in laboratory
A total of 60 juvenile mullets (1.2 ± 0.29 g, 4.5 ± 0.5 cm) were captured from a
stream that flows into the Cassino beach, Rio Grande-RS, Brazil (32° 11’ 55” S, 52°
11’ 14” W) with the aid of a trawl net (3 m x 1.5 m x 5 mm) during winter. The fish were
transported alive to the laboratory and acclimated for 3 weeks in a 1000-L fiber tank to
simulate a farming condition of mullets. A 20% daily renewal rate of tank volume was
performed and maintained the same original estuarine conditions: salinity (10 mg L-1),
constant aeration, photoperiod (12 h light), pH (7.5), dissolved oxygen (6.22 mg L-1),
temperature (22 °C) and total ammonia (0.26 mg L-1). The parameter measurements
were performed using an oximeter and a YSI 55/12 FT pH meter (USA) and Nessler’s
reagent for ammonia. During the acclimation period, a commercial diet INVE® with 28%
crude protein was used to feed the fish, and the water quality parameters remained in
an acceptable range for fish (Vinatea–Arana 2003). There was 100% survival of fish
during the rearing period in laboratory.
2.2 Study design
After three weeks from fish rearing, ectoparasites in gills of mullets were identified,
the parasitological indexes of 40 fish were calculated and the gill histological damage
of 20 fish were described and quantified.
2.3 Parasitological analysis
The necropsies were performed using 40 gills, in which the minimum sample
size was chosen according to Marques and Cabral (2007), to give reliability to the
parasitological analysis. The hosts were euthanised using a section of the medullae
to the head, as this does not compromise the estimation of parasitological indexes
(Eiras et al. 2006). The collection, fixation and preparation of parasites for identification
were performed according to Eiras et al. (2006). Monogenoidea were preserved in
5% formaldehyde and transferred to 70% ethanol after 24 h. Some specimens were
stained with Masson trichrome or Semichon’s carmine, dehydrated in 70–100%
ethanol, clarified in Faia creosote and mounted in Canada balsam. Other specimens
were mounted in Grey–Wess’s medium to check the sclerotized pieces and copulatory
apparatuses, both male and female.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
78
2.4 Parasitological indexes
Parasitological indexes were determined using the calculation of the prevalence,
intensity of infestation, mean intensity of infestation and mean abundance, according
to Bush et al. (1997).
2.5 Histological analysis of the gills
For histological analysis, 20 fish were euthanized with benzocaine (100 mg L-1).
Gill tissue samples were fixed in Bouin solution during 4 h, and after this period, they
were maintained in 70% ethyl alcohol to be processed histologically. The samples were
embedded in Paraplast (Sigma-Brazil). Histological sections of 5 mm were stained with
hematoxylin and eosin.
2.6 Identification and quantification of histological changes
The histopathologies were classified according to Randi et al. (1996) and Pahor–
Filho et al. (2014), in which a red line in the photomicrograph shows the limit of the
affected portion in gill filaments. Thus, it was considered ‘mild’ when hyperplasia
affected less than half of the gill filament length, ‘moderate’ when it affected more than
half of the gill filament length and ‘severe’ when it affected the entire gill filament length.
Photomicrographs were taken with a Leica DM2500 microscope. The occurrence of
histological changes was quantified in the 20 gills forwarded to histological analysis, on
a scale between 0 to 100%.
2.7 Parasitological data analysis
The parasitological indexes were calculated using the appropriate parasitological
statistical analysis protocol, quantitative parasitology (Reiczigel and Rózsa 2005).
3 | RESULTS
3.1 Parasitological indexes
In the gills of mullets, L. uruguayense Failla Siquer and Ostrowski de Núñez 2009
(Ancyrocephalidae, Monogenoidea) were identified. Parasitological indexes of juvenile
mullets were prevalence (100%), intensity of infestation (2–125), mean intensity of
infestation (25.2±5.1), and mean abundance (23.2±4.8).
3.2 Identification and quantification of histological changes
In the gills of mullets, respiratory epithelium detachment; mild, moderate and
severe hyperplasia of the respiratory epithelium; atrophy; and telangiectasia were
observed (Figure 1). Of a total of 20 fish analysed, 100% of juveniles exhibited mild
hyperplasia; 40% exhibited telangiectasia; 30% moderate hyperplasia and respiratory
epithelium detachment; and 20% severe hyperplasia and necrosis of the respiratory
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
79
epithelium.
Figure 1. Longitudinal section of gills of juvenile mullet Mugil liza with histological alterations
caused by infestation of Ligophorus uruguayensis. (A) respiratory epithelium detachment (yellow
arrow). (B) mild hyperplasia (yellow arrow). Red line shows that hyperplasia affects less than
half of the gill filament length. (C) moderate hyperplasia (red arrow). Red line shows hyperplasia
affects half the length of the filament. Severe hyperplasia (yellow arrow). Red line shows that
hyperplasia affects all the gill filament length. (D) necrosis of the respiratory epithelium (yellow
arrow). (E) telangectasia (yellow arrow). (F.1) Ligophorus uruguayensis fixed on the gill filament
(yellow arrow). (F.2) Haptor (yellow arrow). (n = twenty fish). All hematoxylin eosin staining,
Scale bar = 200 µm.
4 | DISCUSSION
A high index of Ligophorus spp. infestation in Mugil species has been reported
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
80
by other researchers (Sarabeev and Balbuena 2004, Sarabeev et al. 2005, Failla
Siquier and Ostrowski de Núñez 2009). The severe infestation by only one species
of Monogenoidea found in juvenile mullets may result from the specificity of these
parasites to mullets (Euzet and Suriano 1977, Marchiori et al. 2015) and by the life cycle
of mullets, since the mullets form shoals and stay in estuaries during development of
their juvenile phase (Godinho 2004). These sites contain high concentrations of organic
matter and high densities of fish of the same species, which increase the possibility of
transmission of these parasites (Buchmann and Lindenstrom 2002).
Other studies show different intensities of gill hyperplasia and occurrences of
other changes as host responses to Monogenoidea infestation (Montero et al. 2004,
Schalch et al. 2006, Arafa et al. 2009). Mild effects, such as hyperplasia, caused by
Monogenoidea were observed in kingfish (Seriola lalandi) heavily infested by Zeuxapta
seriolae (Mansell et al. 2005) as well as tilapia (Oreochromis niloticus) infested by
Cichlidogyrus sclerosus, according to Azevedo et al. (2006). Corroborating these
results, in this study, even with high incidence of mild hyperplasia (100%) observed in
the gills of juveniles infested by Monogenoidea, there was a moderate pathogenicity as
result of L. uruguayense parasitosis in the mullets. However, these parasites attach to
the gills by the haptor and feed on skin cells and blood (Buchmann and Lindenstrom
2002), and may until to cause immunosuppression (Chaves et al. 2006). Thus, it is
possible to suggest that alterations caused in the gills of juvenile mullets may be due
to moderate pathogenicity of the L. uruguayense by mullets. This would preserve the
host–parasite relationship. According to Buchmann and Lindenstrom (2002), some
mechanisms are responsible for the success of this relationship, such as the presence
of parasite receptors that recognise the adequate host, the infestation site and the
host’s innate immune system that preserves the specific parasite.
On the other hand, the L. uruguayense infestation, in our study, can be associated
to severe damage observed in the gills of juvenile mullets. However, a low incidence
of severe hyperplasia and necrosis of the respiratory epithelium were observed in
20% of the hosts. These could be specimens not favored by selection processes, as
suggested by Little and Ebert (2004). Moreover, these data confirm the hypothesis of
Thatcher (1991), which supports that the parasites can cause severe injuries in the
host, and only in some cases this is detected in nature, because these debilitated
fish are preyed upon quickly. Other authors also reported severe changes caused by
Monogenoidea in other fish, such as fusion of the secondary lamellae (Kristmundsson
et al. 2006), atrophy of the respiratory epithelium, haemorrhage (Dezfuli et al. 2007),
and epithelial necrosis (Arafa et al. 2009), suggesting that L. uruguayense also might
cause or induce severe damage in debilitated juvenile mullets, captured by trawl net in
the estuary.
In Brazil, the mullet M. liza has high demand for fishermen and local consumers
(Godinho 2004). Pilot tests for breading of this fish have been successfully carried
out in state of Santa Catarina, evidencing their productive potential to Brazilian
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
81
aquaculture (Carvalho et al. 2015). In this line, in our study, even the rearing system
containing acceptable water quality parameters for marine fish, the mullets infested by
L. uruguayense exhibited telangectasia (40%), moderate hyperplasia and respiratory
epithelium detachment (30%), and severe hyperplasia and necrosis (20%). These
results show the possibility of aggravation of these histological changes in cases of
water quality fall, in which fish become more susceptible to parasitic infestations in fish
farms.
Monogenoidea proliferate rapidly in breeding systems, and attacks the host by the
haptor’s abrasive activity. Therefore, the maintenance of water quality and the prophylaxis
of the medium are fundamental factors to avoid the damage to the fish (Kristmundsson
et al. 2006, Hutson et al. 2007, Jorgensen et al. 2009). A better understanding of the
host–parasite relationship as well as the parasite species, intensity of infestation and
histological damage to the host may contribute to the improvement of prophylactic
techniques in the management of mullets in rearing systems. The preventive techniques
for parasite control are aimed at interrupting or preventing development of the parasite
life cycle. Thus, it is possible to reduce the intensity of parasitic infestation, increasing
the possibility of success in breeding systems.
Here, we determined the method of parasitism in juvenile mullets and the damage
observed in the gills of the host. However, by the high prevalence of mild alterations
observed in the gills of mullets, it is possible to accept that L. uruguayense is moderately
pathogenic to M. liza, even during high prevalence and intensity of infestation, as a result
of its specificity. Further studies should investigate whether the high Monogenoidea
infestation can cause mortality in other life stages, such as adults and breeding mullets,
and whether the presence of these parasites may increase histological changes in the
host.
Note from authors: All information in this E-book chapter belong to article “Moderate
pathogenic effect of Ligophorus uruguayense (Monogenoidea, Ancyrocephalidae) in
juvenile mullet Mugil liza (Actinopterygii, Mugilidae) from Brazil” published in Anais da
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 9
84
CAPÍTULO 10
doi
INFLUÊNCIA DOS FATORES METEOROLÓGICOS E FLORA
APÍCOLA SOBRE O PESO DE COLMEIAS DE ABELHAS
MELÍFERAS EM ÁREA DE CAATINGA
Pedro de Assis de Oliveira
Setor de Abelhas, Departamento de Zootecnia,
Universidade Federal do Ceará/UFC, FortalezaCE, Brasil.
Marileide de Souza Sá
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UFRPE/
UAST-PE, Brasil.
Marcelo Casimiro Cavalcante
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UFRPE/
UAST-PE, Brasil.
Marcelo de Oliveira Milfont
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Unidade Acadêmica de Garanhuns-UFRPE/UAGPE, Brasil.
RESUMO: O presente trabalho teve como
objetivo avaliar a influência da precipitação
acumulada, umidade relativa do ar, temperatura
do ar e flora apícola, sobre o peso de ninhos
e melgueiras de colmeias povoadas com
abelhas Apis mellifera L., na região do Sertão
pernambucano. O experimento foi conduzido
no apiário da Universidade Federal Rural de
Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra
Talhada, entre os meses de março a junho de
2018. Um total de 20 colmeias foram pesadas
a cada mês, sendo registrado os valores
de ninhos e melgueiras separadamente. Ao
mesmo tempo, foi realizado o levantamento
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
da flora apícola e coletados dados diários da
precipitação acumulada (mm), umidade relativa
do ar (%) e temperatura do ar (°C) através do
Instituto Nacional de Meteorologia–INMET,
onde a estação automática está localizada a
400 metros do apiário. Regressões entre os
dados foram estabelecidas. Houve relação
significativa da precipitação com o peso
das melgueiras e ninhos sendo 97% e 67%
respectivamente. Para a umidade relativa do ar,
o coeficiente de determinação foi mais alto para
o ninho, 96%, e menor para a melgueira, 50%.
Em relação à temperatura do ar, R² explicou em
99% o peso do ninho, na melgueira foi de 57%.
Houve relação significativa entre o número
de plantas apícolas em floração com o peso
das colmeias (ninhos e melgueiras), 99%. Os
parâmetros meteorológicos avaliados e a flora
apícola interferem sobre o desenvolvimento e a
produção de mel das colônias de abelhas Apis
mellifera.
PALAVRAS-CHAVE: Africanizada, colônia,
mel, produção.
ABSTRACT: The objective of this work was
to evaluate the influence of accumulated
precipitation, relative air humidity, air
temperature and bee flora on the weight of nests
and hives of hives colonized with Apis mellifera
L. bees, in the Sertão region of Pernambuco.
The experiment was conducted in the apiary
Capítulo 10
85
of the Federal Rural University of Pernambuco - Academic Unit of Serra Talhada,
between March and June 2018. A total of 20 hives were weighed each month, and the
values of nests and mussels were recorded separately. At the same time, a survey of
the apicultural flora was carried out and daily data of accumulated precipitation (mm),
relative humidity (%) and air temperature (° C) were collected through INMET, where
the automatic station is located 400 meters from the apiary. Regressions between the
data were established. There was a significant relationship between precipitation and
the weight of the mussels and nests, being 97% and 67% respectively. For the relative
air humidity, the determination coefficient was higher for the nest, 96%, and lower for
the melgueira, 50%. In relation to the air temperature, R² explained in 99% the weight
of the nest, in the melgueira was of 57%. There was a significant relationship between
the number of apicultural plants in flowering with the weight of the hives (nests and
menders), 99%. The evaluated meteorological parameters and the bee flora interfere
on the development and production of honey from the colonies of bees Apis mellifera.
KEYWORDS: Africanized, colony, honey, production.
INTRODUÇÃO
A apicultura, criação de abelhas do gênero Apis, vem crescendo cada vez mais
nas Américas, com destaque para o Brasil por possuir um poli-híbrido conhecido
como africanizadas (MACIEL et al., 2018). Abelhas produtivas, altamente adaptadas
às condições edafoclimáticas do País e extremamente resistentes a várias pragas e
doenças que acometem a atividade no restante do mundo (WINSTON, 2003).
O semiárido brasileiro proporciona condições ideais para a criação das abelhas
africanizadas (Apis mellifera L.) (KHAN; MATOS; LIMA, 2009). De acordo com Costa
et al. (2007) a reprodução e produção de uma colônia são influenciadas pelas variáveis
climáticas somadas a disponibilidade do pasto apícola. O Bioma Caatinga tem uma
grande diversidade de flora apícola no período chuvoso, reduzindo drasticamente
no período mais seco do ano, fazendo com que o desenvolvimento da colônia e
consequentemente a produção de mel acompanhe essa sazonalidade (PEREIRA et
al., 2006).
A flora apícola é bastante variável de um local para o outro, influenciando o fluxo
de recursos poliníferos e nectaríferos que entram na colmeia e, por conseguinte, na
composição do mel (BENEVIDES; CARVALHO, 2012; LOPES et al., 2016). Dessa
forma, elemento chave para o sucesso ou fracasso da atividade apícola.
Assim, os fatores bióticos (florescimento das plantas) e abióticos (elementos
climáticos: precipitação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar,
nebulosidade e ventos), interferem no desenvolvimento das crias, no desenvolvimento
da colônia, e consequentemente na produção dos diversos produtos apícolas (mel,
pólen, cera, geleia real, própolis e apitoxina), influenciando também na polinização
(SOUZA et al., 2011; BROWN et al., 2016).
Além dos fatores já mencionados, o crescimento e produção de uma colônia
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
86
são influenciados diretamente pelas práticas de manejo realizadas. O simples fato
de abrir a colmeia para inspeções e revisões afetam diretamente a capacidade de
homeostase da colônia, de forma que vai demandar tempo e energia das abelhas
para que novamente a zona de conforto seja alcançada (SEELEY, 2006; ZACEPINS;
STALIDZANS; MEITALOVS, 2012; ZACEPINS; KARASHA, 2012; BRASIL et al., 2013).
Para o êxito da atividade é de grande relevância que o apicultor tenha
conhecimentos da oferta dos recursos tróficos por parte das plantas, bem como, o
entendimento das variáveis meteorológicas sobre a produção das colmeias. Essas
informações servem de subsídio ao produtor para a adoção de práticas de manejos
corretas (PEREIRA et al., 2006; SANTOS; KIILL; ARAÚJO, 2006).
São escassas as informações disponíveis na literatura da influência dos fatores
meteorológicos e flora apícola sobre a flutuação do peso e desenvolvimento de colônias
de abelhas melíferas, em ambientes de zonas tropicais, principalmente nas condições
do semiárido brasileiro.
Dessa forma, objetivou-se avaliar a influência da precipitação acumulada,
umidade relativa do ar, temperatura do ar e do pasto apícola sobre o peso de ninhos e
melgueiras de colmeias povoadas por abelhas Apis mellifera L., em área de caatinga
no estado de Pernambuco.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi conduzido no apiário da Universidade Federal Rural
de Pernambuco-UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UAST, durante os
meses de março a junho de 2018. Foram utilizadas 20 colônias de Apis mellifera L.,
previamente homogeneizadas em relação à quantidade de crias e alimento, e seus
pesos registrados (ninho e melgueira). Para o acompanhamento das colmeias foram
realizadas pesagens ao longo do período experimental, uma vez por mês. Sendo
registrados os valores de ninhos e melgueiras separadamente (Figura 1 e 2). Ao final,
os dados médios foram obtidos e desvios padrões calculados. Quanto ao manejo,
foram realizadas revisões quinzenais conforme preconizadas por práticas apícolas
(SENAR, 2010).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
87
Figura 1- Pesagem do ninho (com fundo e tampa) durante o experimento no município de Serra
Talhada, Pernambuco. 2018.
Figura 2- Pesagem da melgueira durante o experimento no município de Serra Talhada,
Pernambuco, 2018.
Simultaneamente as realizações das revisões e pesagens, procedeu-se o
levantamento da flora apícola conforme Vidal et al. (2008).
Foram coletados os ramos férteis das plantas em florescimento com auxílio de
tesoura de poda. Essas coletas partiam do apiário como ponto central nas quatro
direções (norte, sul, leste, oeste), em transectos aleatórios de cerca de 1.500m de
comprimento, entre 6:00 e 17:00 horas (VIDAL et al., 2008).
Em seguida, os ramos foram prensados entre grades de madeira, papelões,
folhas de jornal e placas de alumínio corrugado, e posteriormente, desidratado em
estufa de lâmpada, conforme Mori et al. (1989). As exsicatas foram depositadas no
Herbário do Semiárido do Brasil (HESBRA) da UFRPE/UAST.
As identificações das plantas foram baseadas em bibliografia especializada ou
por comparação com material do acervo do referido herbário sobre a orientação de
especialista.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
88
Dados diários da precipitação acumulada (mm), umidade relativa do ar (%),
temperatura do ar (°C) foram adquiridos através do site do Instituto Nacional de
Meteorologia-INMET, onde a estação automática está localizada a 400 metros do
apiário. Os dados em escala diária foram convertidos para mensal. Utilizando-se o
Programa Computacional Microsoft Excel, regressões foram estabelecidas entre a
precipitação (mm), umidade do ar (%), temperatura do ar (°C) e flora apícola sobre o
peso dos ninhos e melgueiras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período do experimento, o peso do ninho apresentou pequenas
variações, sendo o menor valor registrado ao final da pesquisa (junho), que foi de
19,00 ± 2,48 kg. Em relação às melgueiras, verificou-se um acréscimo na deposição
de mel, ocasionando ganho de peso. Inicialmente, apresentavam 5,00 ± 0.28 kg, e em
junho, no final do experimento atingiram 8,00 ± 2.08 kg (Figura 3).
O período de maior precipitação ocorreu no primeiro mês de execução do
experimento, tendo o seu valor reduzido a cada mês. O mês de março, período de maior
ocorrência de chuvas registradas, influenciou decisivamente no número de espécies
em florescimento ocorridas no mês de abril, onde foram computadas um total de 84
espécies em floração. O comportamento das floradas responde às precipitações, uma
vez que as chuvas são fontes de estímulos reprodutivos a muitas espécies apícolas,
especialmente aquelas de extrato herbáceo e arbustivo (SANTOS; KIILL; ARAÚJO,
2006).
Algumas espécies responderam mais rapidamente às chuvas e outras mais
tardiamente. Comportamento observado diante do surgimento de muitas espécies em
florescimento nos meses posteriores (maio e junho) e que apresentaram menores
índices pluviométricos (WOLFF et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2017a). Vale ressaltar,
que algumas das espécies que floraram em abril persistiram nos meses subsequentes.
As abelhas, por sua vez, responderam a esses florescimentos coletando néctar e
acumulando mel nas melgueiras.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
89
Figura 3- Peso médio do ninho e melgueira (Kg) de colmeias povoadas com abelhas
africanizadas (Apis mellifera L.), dados de precipitação acumulada (mm) e número de plantas
apícolas em florescimento durante o período de março a junho de 2018, no município de Serra
Talhada-PE.
As regressões demonstraram haver relação significativa entre a precipitação com
o peso da melgueira, 97%, e ninho, 67% (Figura 5A e 5B). Os valores indicam que a
precipitação influenciou mais sobre o peso das melgueiras do que o ninho, tendo em
vista que as abelhas depositaram mel na melgueira como uma forma de reservar para
os períodos críticos do ano.
Em relação à umidade relativa do ar, o coeficiente de determinação foi mais alto
para o peso ninho e menor para o peso da melgueira, com 96% e 50%, respectivamente
(Figura 6A e 6B). De acordo com a figura 4, 6A e 6B a umidade do ambiente externo
a colmeia ideal para a deposição de mel na melgueira, por parte das abelhas, ficou
entre 55 a 62%, e para o aumento do peso do ninho ficou entre 60 e 65%. Vale
salientar que a umidade influência na atividade de voo das abelhas, afetando assim
a coleta de recursos, bem como sua qualidade. No caso do néctar, uma alta umidade
relativa do ar aumenta a secreção, mais compromete a sua qualidade devido à baixa
concentração de açúcares (SHUEL, 1975). Costa et al. (2007) citam que deve existir
um limite máximo de umidade em que as crias de abelhas africanizadas toleram.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
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Figura 4- Peso médio do ninho e melgueira (Kg) de colmeias povoadas com abelhas
africanizadas (Apis mellifera L.) e umidade relativa do ar (%) durante o período de março a
junho de 2018, no município de Serra Talhada-PE.
No que se refere à temperatura do ar externa a colmeia, o coeficiente de
determinação em relação ao peso do ninho explica em 99%. Para o peso da melgueira
foi de 57% (Figura 7A e 7B). As crias são altamente dependentes da temperatura para
o crescimento, seu perfeito desenvolvimento ocorre a uma temperatura que gira em
torno de 33 a 36°C (WINSTON, 2003; DOMINGOS e GONÇALVES, 2014). As abelhas
melíferas evoluíram para controlar e regular a temperatura dentro do ninho através de
diversos mecanismos, que podem ser primários ou secundários.
A temperatura, assim como a umidade interna da colmeia dependem da variação
da temperatura e umidade externa a colmeia (OLIVEIRA et al., 2017b).
Figura 5- Regressão da precipitação acumulada sobre o peso de melgueira (A) e ninho (B) em
Serra Talhada-PE, 2018.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
91
Figura 6- Regressão da umidade relativa do ar sobre o peso de melgueiras (A) e ninhos (B) em
Serra Talhada-PE, 2018.
Figura 7- Regressão da temperatura do ar sobre o peso de melgueira (A) e ninho (B) em Serra
Talhada-PE, 2018.
Houve relação expressiva entre o número de plantas apícolas em floração com
o peso das colmeias (ninho com melgueira), sendo de 99%. Indicando que a flora
apícola influenciou de forma decisiva sobre o peso das colmeias (Figura 8). O menor
peso obtido no conjunto ninho e melgueira no mês de junho, época de maior número
de espécies em florescimento, é resultado de uma menor quantidade de mel estocado
no ninho.
Os dados coletados deixam evidentes a influência da precipitação no florescimento
das plantas. De fato, as chuvas estão entre os fatores que mais contribuem para a
floração da vegetação da caatinga e consequentemente na oferta de pólen e néctar. A
diversidade de plantas em floração, bem como a sequência e o período de florescimento
são quesitos indispensáveis para a realização de um manejo adequado visando a
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
92
maximização da produção de mel. Assim, para a obtenção de índices produtivos
satisfatórios, é de grande valia a elaboração e conhecimento do calendário apícola da
região.
Ainda sobre o florescimento e o aumento de peso das colmeias durante o período
de execução do experimento, ninhos e melgueiras quando avaliados independentes
apresentaram resultados totalmente contrários. Enquanto nas melgueiras o peso
aumentava em decorrência da deposição de mel, no ninho esse peso diminuía. Esse
acontecimento pode está atribuído ao fato de que com um maior número de espécies
em florescimento ocasionou um maior fluxo de entrada de néctar e pólen, resultando em
uma maior taxa de postura da rainha, ou seja, estava ocorrendo uma menor deposição
de mel no ninho em detrimento do aumento das crias. Sendo assim, diminuía o peso
do ninho em virtude das crias serem mais leves que o mel.
Figura 8- Regressão do número de plantas em floração, com o peso das colmeias (ninhos com
melgueiras) em Serra Talhada-PE, 2018.
CONCLUSÕES
Os fatores meteorológicos, precipitação, umidade relativa e temperatura do ar
interferem no peso de ninhos e melgueiras de colônias de abelhas melíferas.
A flora apícola é influenciada diretamente pela precipitação, atuando de forma
decisiva no peso, desenvolvimento e produção de mel de colônias de abelhas Apis
mellifera L.
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 10
95
CAPÍTULO 11
doi
ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus EM AMOSTRAS DE
QUEIJO
Nayara Carvalho Barbosa
Universidade Federal de Goiás
Jataí - Goiás
Cecília Nunes Moreira
Universidade Federal de Goiás
Jataí – Goiás
Bruna Ribeiro Arrais
Universidade Federal de Goiás
Jataí – Goiás
Flávio Barbosa da Silva
Universidade Federal de Goiás
Jataí – Goiás
Priscila Gomes de Oliveira
Universidade Federal de Goiás
Jataí – Goiás
Angélica Franco de Oliveira
de queijo em feira livre e mercados da cidade de
Jataí-GO. Dessas 21 amostras de queijo minas
analisadas, 6 (28,57%) estavam contaminadas
por Staphylococcus aureus e apresentavam
valores acima do máximos permitidos. A
contaminação é cercada por inúmeros fatores
de risco, sendo a manipulação inadequada
um dos principais fatores contribuintes para a
contaminação. Faz-se necessário uma eficiente
inspeção desse tipo de alimento, para que não
ocorra a comercialização de produtos fora do
padrão aceitável.
PALAVRAS-CHAVE: Agentes patogênicos,
Análise
microbiológica
de
alimentos,
Contaminação.
Universidade Federal de Goiás
Jataí – Goiás
1 | NTRODUÇÃO
A produção de queijo artesanal no Brasil
RESUMO: Dentre os derivados do leite, o queijo
é amplamente comercializado e desempenha
importante papel social e econômico. A análise
microbiológica é fundamental para avaliar os
riscos que esse alimento pode representar
para a saúde do consumidor. O presente
trabalho objetivou verificar a presença de
Staphylococcus aureus em amostras de
queijos comercializadas em Jataí. O isolamento
e identificação de Staphylococcus aureus foi
realizado de acordo com a instrução normativa
Nº 62 do MAPA. Foram avaliadas 21 amostras
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
ocorre desde o século XVIII, e além de estar
presente na mesa dos brasileiros, desempenha
um importante papel social, econômico e
cultural. As doenças transmitidas por alimentos
(DTAs) são causadas pela ingestão dos
alimentos contaminados pela presença de
microrganismos patogênicos ou pela produção
de toxinas ou substâncias químicas que
eles possam vir a produzir. Como um dos
principais agentes de surtos de DTAs estão as
Staphylococcus aureus (BRASIL, 2001; PINTO
Capítulo 11
96
et al., 2009; FORSYTHE, 2013; BRASIL, 2014).
A S. aureus é um coco gram-positivo, anaeróbio facultativo, e não produz
esporos. Consegue crescer em temperaturas de 7 a 48,4 °C e ph de 4,2 a 9,3. Tolera
altas concentrações de NaCL em até 15% e com pequenas quantidades de água, o
que o favorece na colonização dos alimentos (ADAMS & MOSS, 2008; KADARIYA et
al., 2014).
As toxinfecções alimentares por S. aureus, ocorrem pela sua capacidade
de produzir toxinas termorresistentes em diferentes alimentos e os queijos estão
recorrentemente relacionados com as enfermidades decorrentes dessa bactéria. Logo
a detecção, o isolamento e estudos acerca da contaminação alimentar por S. aureus
é um elemento-chave para reduzir os riscos associados à saúde pública e segurança
alimentar (SILVA et al., 2007; PIRES, 2011).
2 | OBJETIVO
O presente trabalho objetivou verificar a presença de Staphylococcus aureus em
amostras de queijos comercializadas em Jataí.
3 | METODOLOGIA
Foram visitados de forma aleatória feiras livres e mercados que comercializavam
queijo, no município de Jataí. O número de amostras e estabelecimentos amostrados
foram calculados utilizando o Programa Epi Info 6.04 de DEAN et al. (1994), com base
na frequência porcentual esperada de alimentos contaminados por Staphylococccus
aureus em diversos estados do Brasil. No total foram coletadas 21 amostras de queijo.
As amostras foram acondicionadas em recipientes isotérmicos e encaminhadas ao
laboratório, sendo processadas em no máximo 3 horas.
O isolamento e identificação de Staphylococcus aureus foi realizado de acordo
com a instrução normativa Nº 62 do MAPA (BRASIL, 2011). Para tanto, amostras de
25 g de cada queijo foram homogeneizadas em água peptonada em stomacher, sendo
realizadas diluições seriadas em água peptonada 0,1% (p/v). Alíquotas de 0,1 mL das
diluições 10-1, 10-2 e 10-3 foram semeadas em placas de Petri, contendo ágar BairdParker e incubadas a 37°C de 24 horas a 30 horas.
Posteriormente foram selecionadas 3 colônias típicas e 3 colônias atípicas de
cada placa, sendo transferidas para caldo BHI e incubadas a 37°C por 24 horas, e em
seguida, foram submetidas as provas de catalase, coagulase, teste Voges- Proskauer
ou teste VP e a coloração de Gram, para a confirmação de Staphylococcus aureus.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 11
97
4 | RESULTADO E DISCUSSÃO
Das 21 amostras de queijo minas analisadas, 6 (28,57%) estavam contaminadas
por Staphylococcus aureus e apresentavam valores acima do máximos permitidos. O
valor estabelecido pela ANVISA é 103 como limite máximo (BRASIL, 2001).
As contagens variavam de 2,8 x 102 a 3,3 x 104 UFG/g. Valor inferior em relação
às contagens encontradas por LO TURCO (2013) ao analisar 16 amostras de queijo
minas frescal, sendo de 1,07 x 105 a 2,1 x 107 UFC/g. Dentre as 21 amostras analisadas
no presente estudo, muitas eram comercializadas sob algum tipo de inspeção sanitária,
o que diminui as chances de encontrar produtos insatisfatórios sendo comercializados.
GRANDI & ROSSI (2006) em seus estudos com queijos minas em Uberlândia MG não encontraram nenhuma amostra contaminada com Staphylococcus coagulase
positiva, possivelmente pela eficiente pasteurização da matéria prima do queijo
analisado, o que elimina os microrganismos presentes. Já na quantificação de S.
aureus obtida em queijos artesanais na feira livre em Uruaçu – Goiás, demonstrou que
das 8 amostras analisadas, todas estavam em desacordo com os valores aceitáveis
(OLIVEIRA et al., 2015).
Comparado ao resultado encontrado nesse trabalho, SOUZA et al. (2011), ao
realizarem a técnica de PCR, constataram que das 30 amostras de queijos Minas
Artesanal analisadas, 28 (93,3%), apresentaram-se fora dos padrões estabelecidos.
Além da técnica utilizada ser mais sensível e especifica do que a empregada no
presente estudo o alto índice de contaminação por S. aureus pode estar associada
também a mastite bovina, manipulação inadequada do leite ou a um deficiente hábito
higiênico.
Estudo feito por ARRUDA et al. (2007) em feiras livres de Goiânia, observou
que das 42 amostras de queijo minas frescal analisadas, a média dos valores de
contaminação por S. aureus foi aceitável somente para 16 amostras. As características
inerentes ao queijo, atuam como a base necessária para a reprodução de bactérias
como a temperatura, umidade e pH favorável.
A presença de microrganismos no queijo induz possíveis falhas na produção e
também, a possibilidade de contaminação cruzada deste produto, desde a hora da
obtenção do leite até sua manipulação final. Para manter a qualidade do queijo, é
necessário um rígido controle de higiene durante a produção, além do uso de matérias
primas adequadas.
5 | CONCLUSÕES
Quase um terço das amostras de queijo minas analisadas neste estudo estavam
contaminadas por Staphylococcus aureus, apresentando-se fora dos padrões
estabelecidos pela ANVISA.
A contaminação é cercada por inúmeros fatores de risco, sendo a manipulação
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 11
98
inadequada um dos principais fatores contribuintes para a contaminação. Além de ser
um alimento de pronto consumo, a sua qualidade depende também do armazenamento
nos locais de venda. A refrigeração, controle de temperatura, condições sanitárias
e locais limpos, auxiliam a evitar a contaminação por microrganismos, como essa
perigosa bactéria patogênica.
É necessária uma melhor vigilância e inspeção sobre os produtos de origem
animal, desde o processamento, transporte e manipulação. Assim pode - se evitar que
a carga microbiana desses alimentos se eleve, aumentando a chance de contaminação
por bactérias patogênicas como a Staphylococcus aureus.
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Fundação de amparo a Pesquisa do Pesquisa – FAPEG.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 11
100
CAPÍTULO 12
doi
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS
DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA REGIONAL JATAÍ, A
SERVIÇO DA POPULAÇÃO DO SUDOESTE GOIANO
Hélio de Souza Júnior
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás – Campus Águas Lindas
Águas Lindas de Goiás - Goiás
Priscila Gomes de Oliveira
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí
Jataí – Goiás
Patrícia Rosa de Assis
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí
Jataí – Goiás
Andréia Vitor Couto do Amaral
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí
Jataí – Goiás
Alana Flávia Romani
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí
Jataí – Goiás
RESUMO: Diversos exames laboratoriais,
como o hemograma, as dosagens bioquímicas
e a pesquisa de doenças dermatológicas
auxiliam o médico veterinário na identificação
das doenças que podem comprometer a
saúde dos animais. Muitas metodologias vêm
sendo incorporadas na rotina laboratorial, e
é indispensável que os profissionais estejam
qualificados para o desempenho de suas
atividades. Nesse sentido, ações práticas que
contribuem para o aprimoramento técnico dos
profissionais de laboratório são importantes
para um melhor diagnóstico clínico veterinário.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Essa ação de extensão foi realizada no
laboratório de análises clínicas veterinárias do
Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Goiás/ Regional Jataí (HV/UFG/REJ). Por meio
dessa ação de extensão, foram processadas
amostras de 682 pacientes, entre março e
agosto de 2016, o que representa em média
114 pacientes por mês. Durante o período
estudado, foram realizadas 2.297 análises
laboratoriais, destacando-se 09 (nove) tipos de
exames, por representarem mais de 95% das
solicitações, sendo eles: hemograma completo,
micro hematócrito, proteínas plasmáticas,
dosagem de ureia, dosagem de creatinina,
dosagem de ALT, dosagem de FA, urinálise e
parasitológico de pele. Esse expressivo número
de exames reflete a importância que os exames
complementares têm para um diagnóstico mais
rápido e preciso de diversas doenças que
acometem os pequenos animais, como cães e
gatos, e reforça o importante papel que o HV/
UFG/REJ desempenha no sudoeste goiano.
PALAVRAS-CHAVE:
Análises
Clínicas
Veterinárias. Hemograma. Exames bioquímicos.
ABSTRACT: Several laboratory tests, like the
hemogram, biochemical measurements and the
investigation of dermatological diseases help
the veterinary doctor in identifying diseases
that may endanger the health of animals. Many
methodologies have been incorporated in
Capítulo 12
101
the laboratory routine, and it’s imperative that the professionals are qualified for the
performance of their functions. In this regard, practical actions that contribute to the
technical improvement of the laboratory professionals are important for a better clinical
veterinary diagnosis. This extension action was carried out in the laboratory of clinical
veterinary analyses of the Veterinary Hospital of the Federal University of Goiás / Jataí
Regional (HV/UFG/REJ). Through this extension action, samples of 682 patients were
processed, from March to August of 2016, what represents around 114 patients a month.
During the studied period, 2.297 laboratory analysis were performed, highlighting 09
(nine) types of tests, since they represent more than 95% of the requests, such as:
complete hemogram, micro hematrocrit, plasmatic proteins, urea dosage, creatinine
dosage, ALT dosage, FA dosage, urinalysis and parasitological skin examination. This
expressive number of tests reflects the importance that the complementary exams
have for a faster and more accurate diagnosis of various diseases which affect the
small animals, like cats and dogs, and reinforces the important role the HV/UFG/REJ
plays in the goiano southwest.
KEYWORDS: Clinical Veterinary Analyzes. Hemogram. Biochemical examinations.
1 | INTRODUÇÃO
Diversos exames laboratoriais, como o hemograma, dosagens bioquímicas e a
pesquisa de doenças dermatológicas, auxiliam o médico veterinário na identificação
das doenças que podem comprometer a saúde dos animais (SOUZA, 2011; COSTA
et al., 2013; FREITAS; VEADO; CARREGANO, 2014; LEAL et al., 2015). Por isso,
nos últimos anos, no ambiente das análises clínicas, a busca de soluções relativas
aos problemas clínicos pertinentes às diferentes espécies animais tem demandado
esforços no sentido de desenvolver novos e mais elaborados métodos de diagnóstico.
Muitas metodologias vêm sendo incorporadas na rotina laboratorial, e é indispensável
que os profissionais estejam qualificados para o desempenho de suas atividades.
Mesmo assim, com a inserção de metodologias novas e mais modernas, algumas
técnicas simples e indispensáveis na rotina de um laboratório de análises clínicas
ainda são negligenciadas, como o simples ato de corar e analisar uma lâmina ao
microscópio óptico.
Diante disso, ações que visem a prática das análises clínicas vêm de encontro com
a necessidade do mercado que busca profissionais cada vez mais qualificados para
desenvolver suas atividades. Dessa maneira, além de assegurar o desenvolvimento
técnico dos alunos da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí (UFG/REJ), essa
ação de extensão, também beneficiou a comunidade animal externa e interna da UFG,
uma vez que, foi possível propiciar resultados mais rápidos e fidedignos dos exames
solicitados.
O presente trabalho teve como objetivo a prestação de serviço de diagnóstico
laboratorial, especificamente em análises clínicas, aos animais pertencentes a
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 12
102
comunidade externa e interna da UFG e consequentemente o aprimoramento técnico
dos estudantes de Graduação e Pós-graduação dos cursos de Biomedicina, Ciências
Biológicas e Medicina Veterinária da UFG
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O laboratório de análises clínicas veterinárias está localizado no Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jatai (HV/UFG/REJ), Campus
Cidade Universitária. O laboratório recebe solicitações de exames provenientes da
própria demanda do Hospital Veterinário, contemplando os atendimentos clínicos, pré
e pós cirúrgicos.
Nesta primeira fase do projeto, foi realizado um levantamento dos exames
executados entre março a agosto de 2016, visando quantificar o número de serviços
laboratoriais veterinários prestados à população do Sudoeste Goiano.
A coleta de cada material biológico foi realizada pelos alunos e/ou médicos
veterinários e em seguida encaminhados ao laboratório. Todos os materiais coletados
estavam devidamente identificados juntamente com a guia de solicitação de exames.
Após o recebimento, os materiais foram processados e analisados, por alunos de
graduação e pós-graduação de medicina veterinária, de acordo com a característica
de cada amostra.
As amostras de sangue para a realização dos hemogramas foram acondicionadas
em tubos de 2ml contendo EDTA. Os hemogramas foram realizados utilizando o método
automatizado através do aparelho hematológico SDH 3 VET (LabTest). Também
foram confeccionados esfregaços sanguíneos corados pelo corante Panótico Rápido
(LaborClin) para a contagem diferencial dos leucócitos e para a análise morfológica
dos elementos sanguíneos (leucócitos, eritrócitos e trombócitos). Para a análise dos
esfregaços, foi utilizado a objetiva de 100x. Para a verificação das proteínas plasmáticas,
foi realizado o micro hematócrito com posterior análise do plasma centrifugado com
um refratômetro portátil (RTP-20ATC, Instrutherm) (FAILACE, 2009; THRALL, 2015).
Para a realização das dosagens bioquímicas foram utilizadas amostras
sanguíneas para a obtenção do soro (tubos sem anticoagulante) ou plasma (tubos
com EDTA, Citrato,ou Heparina), além de amostras de urina. As dosagens bioquímicas
foram realizadas pela metodologia semiautomática com a utilização do analisador
bioquímico Spectrum (Celer) (THRALL, 2015).
As amostras de urina foram processadas para à realização da urinálise (exames
físico, químico e microscópico). As amostras com suspeita ou visualização de bactérias,
foram coradas pelo corante de gram (NewProv), para confirmação e identificação
bacteriana (STRASINGER; DI LORENZO, 2011).
As amostras provenientes de raspado cutâneo foram homogeneizadas com óleo
mineral em lâminas de vidro para impedir que escapem os ácaros. A identificação
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 12
103
e diferenciação das sarnas ocorreram por meio das características morfológicas de
cada espécie, ao microscópio óptico, com a objetiva de 10x (BOWMAN, 2010).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo em vista os registros dos exames laboratoriais realizados no laboratório
de análises clínicas veterinárias do Hospital Veterinário da UFG - Regional Jataí, pode
ser verificar que de março a agosto de 2016, foram encaminhadas amostras de 682
pacientes, o que representa em média 114 pacientes por mês. Dentre as amostras dos
animais, 86% foram referentes a cães e 14% a gatos, de diferentes espécies e com
variadas faixas etárias.
Durante o período analisado, foram realizadas 2.297 análises laboratoriais,
distribuídas em 23 tipos de exames. São eles: Dosagem de Creatinina (15,37%),
Ureia (14,98%), Alanina Aminotransferase – ALT (14,67%), Fosfatase Alcalina – FA
(13,63%), Micro Hematócrito (10,71%), Proteínas Plasmáticas (10,71%), Hemograma
Completo (10,23%), Parasitológico de Pele (3,53%), Urinálise (1,96%), Citologia para
Cinomose (0,83%), Albumina (0,65%), Parasitológico de Fezes (0,65%), Citologia para
TVT (0,57%), Gamaglutamiltransferase (0,26%), Colesterol Total (0,17%), Tempo de
Protrombina (0,17%), Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (0,17%), Triglicérides
(0,17%), Aspartato Aminotransferase -AST (0,13%), Colesterol HDL (0,13%), Proteínas
Totais (0,13%), Bilirrubina Direta (0,09%) e Bilirrubina Total (0,09%). Neste sentido, 9
(nove) tipos de exames se destacam por representar mais de 95% das solicitações, o
hemograma completo, o micro hematócrito, proteínas plasmáticas, dosagem de ureia,
dosagem de creatinina, dosagem de ALT, dosagem de FA, urinálise e parasitológico
de pele.
O hemograma é o exame de sangue mais solicitado na rotina laboratorial, devido
a sua praticidade, baixo custo e utilidade na prática clínica. O hemograma completo
fornece informações valiosas sobre estado nutricional, imunológico e hemostático
do paciente e é indispensável para animais que irão passar por algum procedimento
cirúrgico. Além disso, com a análise do esfregaço sanguíneo também pode-se realizar
a pesquisa de hematozoários (ALBERNAZ et al., 2007; LEAL et al., 2015).
As dosagens de ureia e creatinina são os exames primários de escolha para se
investigar alterações renais. Apesar de terem baixa sensibilidade, são marcadores
altamente específicos e os mais solicitados quando há uma suspeita de lesão renal
(FREITAS; VEADO; CARREGANO, 2014).
A dosagem de ALT é considera um dos melhores marcadores de lesão
hepatocelular, pois apesar de estar presente em diversos tecidos e órgãos, somente
uma lesão hepática pode resultar no aumento de mais de três vezes os níveis normais.
A FA também está presente em diversos tecidos e órgãos além do fígado, como nos
ossos e na placenta, e pode estar aumentada naturalmente em animais filhotes,
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 12
104
animais em processos de consolidação de fraturas e em cadelas e gatas prenhes.
Normalmente, para uma primeira avaliação de dano hepático, a dosagem de FA é
solicitada conjuntamente com a de ALT (THRALL, 2015).
Em relação aos casos de dermatopatias, estima-se que entre 20% e 75%
dos atendimentos veterinários, estão relacionados a problemas verdadeiramente
dermatológicos (SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 2001).
Diante dos dados apresentados, pode-se perceber que de fato o hemograma e
as dosagens bioquímicas que avaliam o grau de lesão nos rins e no fígado, juntamente
com as pesquisas de dermatopatias, são os exames mais solicitados na rotina clínica
e cirúrgica veterinária.
4 | CONCLUSÃO
Os resultados demonstram que durante o período de março a agosto de 2016, o
laboratório de análises clínicas do HV/UFG/REJ recebeu amostras de 682 pacientes,
totalizando 2.297 exames distribuídos entre 23 tipos de exames. Esse expressivo
número de exames reflete a importância que os exames complementares têm para um
diagnóstico mais rápido e preciso de diversas doenças que acometem os pequenos
animais, como cães e gatos. Além disso, reforça o papel fundamental que HV/UFG/
REJ desempenha no sudoeste goiano, sobretudo no que se refere aos atendimentos
especializados, visto que hoje é um dos mais completos da região por contar com uma
excelente infraestrutura e um corpo profissional altamente qualificado.
REFERÊNCIAS
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105
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 12
106
CAPÍTULO 13
doi
MANIÇOBA COMO ALTERNATIVA FORRAGEIRA NA
REGIÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UMA REVISÃO DA
LITERATURA
Wanderson Câmara dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
José Adrivânio da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Everton Chianca de Medeiros
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Macaíba - RN
João Manuel Barreto da Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Samuel Norberto Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Júlio César de Andrade Neto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Emerson Moreira de Aguiar
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Pablo Ramon Da Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Jefferson Avelino da Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Arthur Felipe Bezerra de Azevedo Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Macaíba - RN
Alysson Lincoln da Costa Silva Junior
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO: As condições climáticas presente
nas regiões semiáridas do nordeste brasileiro
é um fator limitante para a produção
agropecuária. Os projetos de pesquisa visando
selecionar espécies forrageiras adaptadas à
região, práticas de conservação de forragem,
uso correto da água e solo, técnicas de plantio
e propagação da forrageira para uma melhor
convivência com o semiárido, tem como
resultado a melhoria significativa no rendimento
de biomassa dessas plantas. Nesse contexto
algumas espécies se destacam por sua
capacidade de produção, adaptabilidade às
condições edafoclimáticas e resistência a pragas
e doenças, além de suas qualidades nutritivas.
Mesmo possuindo uma ampla variação de suas
Capítulo 13
107
características bromatológicas, devido a diversos fatores de cultivo, manejo e análise,
a maniçoba (Manihot pseudoglazovii) se mostra uma forrageira com altos valores
nutricionais para alimentação animal. Este estudo tem como objetivo proporcionar
uma visão abrangente, através de uma revisão da literatura, da importância do cultivo
desta forrageira, manejo conservacional, formas e práticas de plantio e seu potencial
forrageiro para alimentação animal em áreas de clima semiárido do nordeste brasileiro.
Uma revisão bibliográfica foi realizada a partir de busca por artigos nos bancos de
dados Scielo, pubvet e auxílio da ferramenta Scholar Google. Foram considerados
trabalhos que continham informações sobre pontos importantes como rendimento,
adaptabilidade, análise bromatológica, toxicidade, ou seja, informações importantes
para o manejo nutricional aplicado à agropecuária na região semiárida do nordeste
brasileiro. Concluímos que esta forrageira, adaptada à região semiárida no nordeste,
se mostra uma boa alternativa para alimentação animal.
PALAVRAS-CHAVE: Manihot, Manihot pseudoglazovii, Forragicultura, Caatinga,
Adaptabilidade
ABSTRACT: The climatic conditions present in the semi-arid regions of the Brazilian
northeast is a limiting factor for agricultural production. Research projects aiming to
select forage species adapted to the region, forage conservation practices, correct
use of water and soil, planting and propagation techniques for better coexistence
with the semi-arid region results in a significant improvement in the biomass yield of
these plants. In this context, some species stand out for their production capacity,
adaptability to edaphoclimatic conditions and resistance to pests and diseases, as well
as their nutritional qualities. Although it possesses a wide variation of its bromatological
characteristics, due to diverse factors of culture, handling and analysis, maniçoba
(Manihot pseudoglazovii) shows a forage with high nutritional values for animal feed. This
study aims to provide a comprehensive overview, through a review of the literature, of
the importance of this forage cultivation, conservation management, planting practices
and forms and their forage potential for animal feeding in areas of semiarid Brazilian
climate. A bibliographic review was carried out from the search for articles in the Scielo,
pubvet database and the Google Scholar tool, which included information on important
points such as yield, adaptability, bromatological analysis, toxicity, that is, important
information for the management of nutrition applied to agriculture in the semiarid region
of northeastern Brazil. We conclude that this forage, adapted to the semi - arid region
in northeastern Brazil, is a good alternative for animal feed.
KEYWORDS: Manihot, Manihot pseudoglazovii, Forage farming, Caatinga, Adaptability.
INTRODUÇÃO
A região semiárida do nordeste brasileiro, Figura 1, possui características climáticos
que dificultam uma boa produção de forragem destinada à alimentação animal. Fatores
como longos períodos de estiagem, chuvas irregulares e mal distribuídas, contribuem
para uma baixa produção forrageira e de baixa qualidade (ARAÚJO et al, 2009).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 13
108
Aliados aos baixos índices pluviométricos, estão também fatores edáficos que são
solos pobres de nutrientes e, consequentemente produzem uma forragem de baixo
valor nutritivo. Com isso, pequenos produtores de ruminantes, passam por dificuldades
nos períodos de secas ou estiagens prolongadas para alimentar ou suplementar a
alimentação destes animais (CAVALCANTI et al., 1995).
Com isso plantas nativas ou adaptadas à região semiárida, são objetos de
pesquisa objetivando a seleção de espécies e tecnologias para proporcionar forragens
com valores nutritivos satisfatórios para a produção animal. Nesse contexto algumas
espécies se destacam pela capacidade de produção, adaptação às condições
edafoclimáticas e resistência a pragas e doenças, além de suas qualidades nutritivas
(MATOS et al, 2005; SOARES, 2000). Nessas circunstâncias temos a maniçoba,
planta do gênero manihot, que é uma planta encontrada em quase todo o semiárido
brasileiro, vegetando em diversos tipos de solo e em terrenos planos a declivosos.
Possui grande resistência à seca por apresentar raízes com grande capacidade de
reserva, e mais desenvolvida que a da mandioca, sua parente próxima (MATOS et
al, 2005).
Figura 1 - Delimitação do semiárido no mapa político do Brasil. Fonte: SUDENESuperintendência do Desenvolvimento do Nordeste (2018)
Pouco investimento em educação técnica faz com que os produtores não utilizem
essa forrageira importante, que é nativa e adaptada a nossa região. Seu uso como
forrageira poderia ajudar muito, visto que seu valor nutritivo é alto e pode ser utilizado
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 13
109
para diminuir os custos de alimentos e suplementos concentrados.
Do ponto de vista da agropecuária, podemos inferir que o valor nutritivo de uma
forrageira não é medida apenas por suas características bromatológicas, mas também
pela sua aceitabilidade pelo animal, sua digestibilidade e eficiência energética que a
forrageira proporciona (BARRETO, 2012).
Este estudo tem como objetivo proporcionar uma visão abrangente, através de uma
revisão da literatura, da importância do cultivo da maniçoba (Manihot pseudoglazovii),
manejo conservacional, formas e práticas de plantio e seu potencial forrageiro para
alimentação animal em áreas de clima semiárido do nordeste brasileiro.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Analisando TORRES (2010), que realizou análises de matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), cinzas (CZ), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel
em detergente neutro (PIDN) e proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) em
amostras de feno e silagem de maniçoba, temos que esta se trata de uma boa opção
de forrageira para alimentação animal, Tabela 1.
Item
Maniçoba fresca
Silagem
Feno
MS(%)
30, 99
32, 17
85, 51
PB(%)
FDN(%)
10, 98
8, 16
9, 47
51, 59
46, 32
62, 59 59, 22
51, 82
51, 84
4, 32
2, 68
3, 84
7, 74
7, 44
7, 13
CHOT(%)
CNF(%)
PIDN(% PB)
PIDA(% PB)
92, 26
79, 96
28, 37
55, 77
24, 59
92, 56
81, 72
19, 13
49, 87
36, 28
pH
−
PT1
132, 60
FDA(%)
EE(%)
CZ(%)
MO(%)
4, 07
−
92, 87
79, 56
20, 34
43, 95
27, 64
−
−
Tabela 1 – Valores médios da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), cinzas (CZ), matéria
orgânica (MO), carboidratos totais (CHOT), carboidratos não-fibrosos (CNF), proteína insolúvel
em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), pH e poder
tampão (PT) da maniçoba (Manihot epruinosa Pax & Hoffmann) nas formas in natura, feno e
silagem
As características bromatológicas da maniçoba podem variar bastante entre
os diversos estudos, entre os motivos para essas variações podem estar condições
edafoclimáticas, métodos de coleta das amostras para análise, armazenamento e
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 13
110
análises destas amostras. A seguir é apresentado informações, Tabela 2, com valores
de análise bromatológica para maniçoba de acordo com (MATOS et al, 2005).
Parâmetro
In natura (In natura)
Silagem (silage)
Matéria seca (%)
27, 49 ± 0, 24
25, 78 ± 1, 39
Matéria orgânica (% MS)
91, 82 ± 0, 13
90, 61 ± 0, 48
Proteína bruta (% MS)
16, 56 ± 0, 46
14, 58 ± 0, 32
Extrato etéreo (% MS
2, 84 ± 0, 16
3, 96 ± 0, 12
Fibra em detergente neutro (% MS)
47, 90 ± 0, 54
47, 15 ± 1, 63
Fibra em detergente ácido (% MS)
33, 63 ± 0, 84
38, 10 ± 1, 88
Poder tampão (eq. mg/100 g MS)
17, 50 ± 0, 37
-
pH (%)
-
3, 87 ± 0, 04
Nitrogênio amoniacal (% NITROGÊNIO TOTAL)
-
1, 60 ± 0, 14
Carboidratos solúveis (% MATÉRIA VERDE
3, 23 ± 0, 71
-
Ácido cianídrico (mg/kg MS)
972, 00 ± 0, 00
162, 00 ± 0, 00
Tabela 2 – Composição química da planta e silagem de maniçoba (MATOS et al, 2005)
Os Taninos Condensados (TC) são polímeros de flavonóides encontrados
em muitas espécies de plantas consumidas por ruminantes (P.MUIR, 2011),
estes compostos têm apresentado propriedades capazes de exercer atividades
antimicrobiana, antioxidante e anti-helmíntica em ruminantes, afetando positivamente
o bem-estar animal e a qualidade dos produtos oriundos por este (PRIOLOB, 2011).
Segundo (SCHOFIELD, 2005), a produção de proteína microbiana in vitro,
aumentou quando o TC estava presente em pequena concentração, quando
comparada aos tratamentos com ausência ou alta concentração de taninos. Podemos
associar o alto conteúdo de tanino condensado a efeitos negativos como a diminuição
do consumo, devido a diminuição da aceitabilidade e digestibilidade, redução da
atividade enzimática no conteúdo ruminal e perda de proteínas endógenas (BECKER,
2000; CRUZ, 2007). Porém o consumo de taninos por ruminantes pode ainda estar
relacionado a efeitos positivos, como: a proteção da proteína alimentar contra a
excessiva degradação ruminal, a diminuição do desperdício de amônia, o aumento da
absorção de aminoácidos provenientes da dieta no intestino delgado e a prevenção do
timpanismo (CORDÃO, 2010).
Temos que na literatura o principal enfoque dado à presença de taninos
condensados nas forrageiras tropicais é a sua importante ação antinutricional quando
em alta concentração (CRUZ, 2007) - Em estudos estas ações antinutricionais são
manifestadas em concentrações acima de 4% na matéria seca (BARRY; MCNABB,
1999). Valores dos taninos condensados obtidos analisando a maniçoba (Manihot
pseudoglazovii) podem ser considerados de moderados a baixos e, provavelmente,
não resultaram em problemas de ordem nutricional (CRUZ, 2007), Tabela 3.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 13
111
Parâmetro
Maniçoba
TC solúvel (%)
0, 53
TC ligado ao resíduo sólido (%)
1, 11
Tabela 3 – Concentração em tanino condensado (TC) solúvel,
ligado ao resíduo total e adstringência de taninos na maniçoba (CRUZ, 2007)
A maniçoba, como as demais plantas de gênero Manihot, apresenta em sua
composição quantidades variáveis de determinadas substâncias que ao se hidrolisar e
mediante a ação de uma enzima, dão origem ao ácido cianídrico (HCN). A quantidade
varia também de acordo com a espécie e variedade da planta, com isso alguns
trabalhos visam determinar o nível de HCN nestas diferentes variedades como em
(NASSAR; FICHTNER, 1978; FASUYI, 2005; NASSAR, 1978).
O HCN é produzido após ocorrer danos mecânicos ou fisiológicos no tecido
da planta, então a ruptura do vacúolo libera principais substâncias cianogênicas, a
linamarina e lotaustralina, que em presença de água, entram em contato com a enzima
linamarase, que se encontram separadas no tecido vivo e íntegro. A enzima localiza-se
na parede celular e as substâncias cianogênicas nos vacúolos. Nessa primeira fase,
são produzidas glucose e acetona cianidrina e, na segunda fase, a enzima hidroxinitrilo
liase catalisa a degradação da acetona cianidrina para a produção de acetona e HCN
(WHITE et al., 1998; MATOS, 2005).
Uma vez que em regiões semiáridas existe um problema quando falamos no
fornecimento de água, que é um nutriente importante, temos no processo de ensilagem,
por se tratar de um processo de conservação de forragem de forma úmida, uma
alternativa para o fornecimento deste nutriente aos animais (GOIS, 2017; MATOS,
2004).
Vale ressaltar que segundo TORRES (2010), os métodos de conservação
de forragem aplicados na maniçoba (Manihot espurinosa Pax & Hoffman) não
proporciona alteração no comportamento ingestivo, no entanto, a ensilagem é uma
técnica extremamente favorável para alimentação de bovinos, caprinos e ovinos,
principalmente em regiões áridas e semiáridas, pois, além de manter a composição
bromatológica da forrageira, possibilita preservar a água nela contida.
METODOLOGIA
A revisão bibliográfica foi feita a partir de busca por artigos nos bancos de
dados Scielo, pubvet e auxílio da ferramenta Scholar Google. Foram considerados
trabalhos que continham informações sobre pontos importantes como rendimento,
adaptabilidade, análise bromatológica, toxicidade, ou seja, informações importantes
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 13
112
para o manejo nutricional aplicado à agropecuária na região semiárida do nordeste
brasileiro. Como palavras-chaves que foram utilizadas para a pesquisa "Manihot",
"Manihot pseudoglazovii", "Forragicultura", "Caatinga", "Adaptabilidade". A partir dos
artigos pesquisados, selecionamos os que entendemos ser os de maior relevância
para o trabalho em questão, sendo os artigos selecionados tendo como período de
publicação entre 1978 e 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Técnicas de conservação de alimentos que preservam a água se tornam a melhor
escolha de armazenar o alimento para ser ofertado aos animais. A maniçoba, por
permitir conservação através do processo de ensilagem, se mostra uma boa opção
de alimento em tempos de estiagem prolongada no semiárido. Além do benefício de
preservação da água presente no alimento, temos que, associados às técnicas de
preservação de forragem, a eliminação de ácido cianídrico considerado tóxico, porém
sofre volatilização durante o processo.
As características nutricionais ou bromatológicas concedem a esta forrageira
consideráveis valores de proteína bruta, característica importante para que se possa
diminuir os custos com concentrados proteicos ou sua associação a outros tipos de
alimentos para se obter uma relação proteína x energia que ofereçam aos animais
uma dieta mais balanceada.
Um fato importante a ser observado é que além das características negativas
como a
toxicidade da forrageira,
verificamos que podemos obter propriedades
benéficas, quando da correta utilização desta planta, estas propriedades se mostram
de grande importância quando levamos em consideração a manutenção da saúde de
um plantel como atividades antimicrobiana e antioxidante, por exemplo.
CONCLUSÕES
Podemos concluir que esta forrageira, adaptada à região semiárida do Brasil, se
mostra uma boa alternativa para alimentação animal, e que devido sua composição
bromatológica e química pode ser conservada na forma de silagem ou feno, sendo
que estes processos proporcionam redução significativa dos teores de HCN.
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Capítulo 13
115
CAPÍTULO 14
doi
MONITORAMENTO COMPORTAMENTAL DO PEIXE BETTA
DA ESPÉCIE BETTA SPLENDENS (REGAN, 1910) NA
VARIEDADE CROWNTAIL NO MASK STEEL
Thalline Santos Diniz
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – MA
Yago Bruno Silveira Nunes
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – MA
Matheus Martins da Silva
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – MA
Gabriel Luiz Souza Vieira
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – MA
Amanda Rafaela Cunha Gomes
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís – MA
Carlos Riedel Porto Carreiro
Departamento de Engenharia de Pesca
São Luís – MA
RESUMO: Este trabalho objetiva fazer um
levantamento e monitoramento a respeito do
comportamento sexual dos peixes ornamentais
até a época da desova com enfoque,
principalmente, na Ordem dos peixes Betta e
espécie Betta splendens. Para a realização
desse trabalho foi necessários três aquários de
tamanho 23 cm de altura, por 23 cm de largura
e 23 cm de comprimento, contendo em cada
um a espécie B. splendens, cada peixe possui
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
o seu próprio aquário. Foram necessárias duas
bacias, uma para que o Betta macho pudesse
fazer o ninho para a desovarem e a outra para
o cultivo do zooplâncton da espécie Artêmia
salina com o objetivo de alimentar os alevinos
após eclodirem. Durante a pesquisa observouse que os Bettas estavam com o comportamento
cansado e muito parado, isso devido a viagem
e estavam precisando de alimentação pois
ficaram 4 dias sem comer. Uma das fêmeas
começou a demonstrar comportamento
agressivo em relação a outra por esse motivo
elas tiveram que ser separadas. Começaram a
apresentar um comportamento mais ativo, onde
o macho já estava sendo treinado para ficar
“armado”. Nas últimas semanas do trabalho, foi
perceptível que o peixe Betta macho já estava
se preparando para a reprodução, pois ele já
estava criando o ninho em seu aquário. Uma
fêmea foi colocada junto com ele para que ele
comece a se adaptar a ela. Em quanto isso as
fêmeas aparentam estar bastante ativas, isso é
importante para a reprodução.
PALAVRAS-CHAVE:
aquário,
desova,
orçamentais, reprodução.
ABSTRACT: This work aims to survey and
monitor the sexual behavior of ornamental fish
until the time of spawning, focusing mainly on
the Order of Betta fish and Betta splendens
species. Three aquariums, 23 cm in height, 23
Capítulo 14
116
cm in length and 23 cm in length were used, each containing B. splendens, each fish
having its own aquarium. Two basins were needed, one so that the male Betta could
make the nest to spawn it and the other for the zooplankton of the species Artemia
salina with the objective of feeding the fry after hatching. During the research it was
observed that the Bettas were very tired and very tired because of the trip and they
needed food because they spent 4 days without eating. One of the females began to
show aggressive behavior towards another because of that they had to be separated.
They began to behave more actively, where the male was already being trained to be
"armed." In the last weeks of the work, it was noticeable that the male Betta fish was
already preparing for breeding, as he was already creating the nest in his aquarium. A
female was placed along with him so he began to adapt to it. While females appear to
be quite active, this is important for reproduction.
KEYWORDS: aquarium, spawning, budget, reproduction.
1 | INTRODUÇÃO
A prática de cultivo de peixes em aquários é datada historicamente como sendo
muito antiga, tendo seu início há aproximadamente 400 anos antes de Cristo, após
esse período ela foi introduzida no Continente Europeu durante o século 17 e chegou
ao Brasil por volta do século 19, onde esta prática da piscicultura ornamental veio para
ficar (SAMPAIO; NOTTINGHAM, 2008 apud LIMA, 2001), perpetuando-se até hoje e
com força. O mercado mundial de peixes ornamentais consegue mover bilhões de
dólares por ano (MAGALHÃES; BARBOSA; JACOBI, 2009).
Para os peixes serem considerados ornamentais eles precisam ter uma série
de características marcantes e ao mesmo tempo adaptativas, como por exemplo: a
sua coloração deve ser bem visível, suas nadadeiras, geralmente, são alongadas
(para algumas espécies como os Bettas) e coloridas, também precisam sobreviver em
aquários. Uma das espécies de peixes ornamentais mais vendidas é o peixe Betta que
é vulgarmente conhecida como “peixe de briga”, isso devido ao seu comportamento
agressivo frente a outras espécies de peixes Betta e, principalmente, as fêmeas (FARIA
et al., 2006). Os peixes Bettas são considerados anabantídeos, ou seja, possui um
órgão (em forma de labirinto) acessório que auxiliam na respiração, ele se localiza logo
acima das brânquias, através do qual facilita a respiração de oxigênio atmosférico. Suas
nadadeiras são longas e bem coloridas, principalmente, às nadadeiras dos machos,
enquanto isso as fêmeas possuem nadadeiras desbotadas, o tamanho corpóreo das
fêmeas quando comparado aos dos machos é pequeno (FARIA et al., 2006)
O objetivo desse trabalho visou um levantamento e monitoramento a respeito do
comportamento sexual dos peixes ornamentais até a época da desova com enfoque,
principalmente, na Ordem dos peixes Betta e espécie Betta splendens com a variação
crowntail no mask steel (nadadeiras em formato de coroas com uma cor metálica),
bastante procurado por sua beleza.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 14
117
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização desse trabalho foram necessários três aquários de tamanho
23 cm de altura, 23 cm de largura e 23 cm de comprimento, contendo em cada um a
espécie B. splendens (Regan, 1910), onde cada peixe possui o seu próprio aquário.
Cada aquário possuía folhas de amendoeira com o objetivo de deixar o ambiente mais
natural e ao mesmo tempo regular o pH (potencial de hidrogênio) da água. Foram
necessárias duas bacias, uma para que o Betta macho pudesse fazer o ninho para a
desovarem e a outra para o cultivo do zooplânctons da espécie Artêmia salina com o
objetivo de alimentar os alevinos após eclodirem. Sua alimentação foi constituída da
ração “BettaTrin” e fornecida durante três vezes ao dia em pequenas porções. A água
era tratada e oxigenada todos os dias através de um filtro com filtragem mecânica. O
estudo de monitoramento dos peixes foi dividido em Quatro Períodos: A adaptação dos
peixes nos aquários, seguida da pós-adaptação deles, a escolha da fêmea e formação
do casal e pôr fim a reprodução e desova.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a pesquisa observou-se que no primeiro período os Bettas estavam com
o comportamento cansado e muito parado, isso devido a viagem e estavam precisando
de alimentação pois ficaram 4 dias sem comer. Os peixes estavam muito quietos, eles
eram constituídos de 1 macho e 2 fêmeas. No início não estavam conseguindo se
alimentar direito, ficaram com falta de apetite, esses problemas são decorrência da
viagem que fizeram e ao mesmo tempo do novo ambiente que eles precisariam se
acostumar, a inserção da nova ração no habito alimentar deles teve que ser aos poucos
para que eles pudessem se acostumar com ela. Em contrapartida eles ficaram muito
fracos, porém uma das fêmeas demonstrou comportamento agressivo em relação a
outra por esse motivo elas tiveram que ser separadas. Uma fêmea (a mais agressiva)
tinha uma folha de amendoeira no aquário, pois a folha de amendoeira serve como
fungicida e bactericida, é filtradora e deixa o ambiente mais natural. A outra fêmea só
estava com a água tratada sem folha alguma, a mesma demonstrou ser mais ativa na
primeira semana.
No segundo período analisou-se que os peixes Betta já estavam acostumados
com o ambiente, eles já estavam começando a se alimentar com a nova ração BettaTrin,
oferecida três vezes ao dia. Começaram a apresentar um comportamento mais ativo,
onde o macho já estava sendo treinado para ficar “armado”, atacando o espelho toda
vez que ele entrava na água, após as trocas da água do aquário. Para tentar solucionar
esse problema colocou-se um pouco de música para que ele se acostume com a
voz, e com a sua presença. As fêmeas ainda continuaram separadas, porém também
começaram a ficar muito ativas. Nesse período ocorreu também a troca total da água
do aquário por uma água tratada e sem cloro, novamente foi introduzida uma folha de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 14
118
amendoeira no aquário da mesma fêmea e dessa vez no aquário do macho o filtro foi
desligado.
O terceiro período foi marcado, principalmente, pela compra de alimento vivo para
servir de alimento para os filhotes após a eclosão dos ovos, o organismo escolhido
foi a Artêmia salina, ela pertence a um dos grupos zooplanctônicos, dessa forma foi
introduzida em umas das bacias para que fosse cultivada e oferecida aos alevinos
dos peixes. Durante a fase larval dos peixes Bettas eles se alimentam somente de
organismos vivos, por isso a escolha da Artêmia salina foi feita com muito cuidado
e após várias pesquisas bibliográficas para que os alevinos não a rejeitassem. A
alimentação continuava com a ração BettaTrim e três vezes ao dia. Nesse período foi
perceptível que o peixe Betta macho já estava se preparando para a reprodução, pois
ele já estava criando o ninho em seu aquário. Em breve uma fêmea será colocada
junto com ele para que comece a se adaptar a ela, porque caso o Betta macho não
goste da fêmea ele começa a atacar com mordidas a fêmea podendo levava a morte,
por isso é necessário que tenha um aquário ou uma estrutura que consiga deixar
os dois se vendo, mas sem entrarem em contato um com o outro. Enquanto isso as
fêmeas aparentam estar bastante ativas, isso é importante para a reprodução.
No quarto período colocou-se uma das fêmeas em uma garrafa com água,
após isso, introduziram-na junto com o betta macho ele mostrou desinteresse, foi
muito agressivo e começou a morder a primeira fêmea, dessa forma ela teve que ser
retirada, o mesmo ocorreu coma segunda fêmea. Sendo assim, não foi possível fazer
a reprodução dos bettas, pois o betta macho se mostrou muito seletivo na hora de
escolher a fêmea para reprodução.
4 | CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos a partir das observações, chegamos à conclusão de
que o betta macho é muito seletivo, pois mostrou desinteresse nas fêmeas que foram
apresentadas para ele, mostrou também dificuldade para fazer o ninho de bolhas,
o que pode ter ocorrido pelo fato dele não ter se interessado ou ser estéril, a fêmea
estava muito estressada e estava levando mordida do betta macho assim que entrou
no aquário. Ele se tornou muito agressivo no momento em que a fêmea foi colocada
junto a ele. Porém essa analise nos ajudou com diversas informações que foram
coletadas e que será usada futuramente para novos projetos. A reprodução do betta
consiste em algumas etapas e elas serão seguidas à risca. Com isso o resultado será
inevitável, vários alevinos saudáveis irão nascer, e sairá uma nova linhagem de bettas
crowntail em São Luís - MA. Esse tipo de comportamento pode ter acontecido pelo
treinamento em excesso do macho para se armar ou por parâmetros da água que
não poderiam estar perfeitamente favoráveis para a reprodução desses peixes. O fato
também de terem sido alimentados por outro tipo de ração por algum tempo também
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 14
119
pode ter afetado.
REFERÊNCIAS
FARIA, P.M.C.; CREPALDI, D.V.; TEIXEIRA, E.A.; RIBEIRO, L.P.; SOUZA, A.B.; CARVALHO, D.C.;
MELO, D.C.; SALIBA, E.O.S. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910).
Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, 30 (4): 134-149. 2006.
MAGALHANS, A.L.B.; BARBOSA, N.P.U. Peixes de aquário. Rev. Ciência Hoje, 45 (266). 2009.
SAMPAIO, C.L.S.; NOTTINGHAM, M.C. Guia para Identificação de peixes ornamentais
brasileiros: Espécies Marinhas. Vol. 1, Brasília: IBMA, 2008.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 14
120
CAPÍTULO 15
doi
OVOS ENRIQUECIDOS COM ÁCIDOS GRAXOS
POLIINSATURADOS ÔMEGA-3
Marcos José Migliorini
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages,
Santa Catarina, Brasil.
Janaina Martins de Medeiros
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages,
Santa Catarina, Brasil.
Fernanda Picoli
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages,
Santa Catarina, Brasil.
Luana de Bittencurt Acosta
Instituto Federal Farroupilha Campus- Alegrete,
Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.
Rayllana Larsen
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages,
Santa Catarina, Brasil.
Infelizmente, o consumo diário recomendado
desses compostos raramente é o ideal. Assim
sendo, o enriquecimento de alimentos que
fazem parte da dieta pode aumentar o consumo
desses ácidos graxos. Os ovos são alimentos
que fazem parte da alimentação humana e o
perfil de AGPs n-3 pode ser modificado por
meio da suplementação da dieta de galinhas
poedeiras com fontes alternativas de ácido
α-linolênico. Neste trabalho, é revisada a
literatura científica sobre o enriquecimento de
ovos com AGPs n-3, dando uma visão geral
das vantagens e desvantagens das diferentes
abordagens.
PALAVRAS-CHAVE:
ácidos
graxos
poliinsaturados
ômega-3
(n-3
PUFA),
ácido
eicosapentaenóico
(AEP),
ácido
docosahexaenóico (ADH).
Mariana Nunes de Souza
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages,
Santa Catarina, Brasil.
Suélen Serafini
Universidade do Estado de Santa Catarina,
Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó,
Santa Catarina, Brasil.
RESUMO: Os benefícios para a saúde humana
dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3
(AGPs n-3) são geralmente conhecidos.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
ABSTRACT: The health benefits of omega-3
polyunsaturated fatty acids (n-3 PUFAs)
are generally known. Unfortunately, the
recommended daily intake of these compounds
is rarely optimal. Thus, the enrichment of
foods that are part of the diet can increase
the consumption of these fatty acids. Eggs
are components of the human alimentation
and the n-3 PUFAs profile can be modified
by supplementing the diet of laying hens with
alternative α-linolenic acid sources. In this
work, we review the scientific literature on egg
Capítulo 15
121
enrichment with n-3 PUFAs, giving an overview of the advantages and disadvantages
of different approaches.
KEYWORDS: polyunsaturated fatty acids n-3 (n-3 PUFA), eicosapentaenoic acid
(AEP), docosahexaenoic acid (ADH).
1 | INTRODUÇÃO
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (AGPs n-3) fornecem importantes
benefícios para a saúde humana. Os AGPs abrangem as famílias que apresentam
insaturações no sexto e terceiro carbono (MARTIN et al., 2006). São considerados
essenciais para o crescimento e desenvolvimento normal do corpo humano
(TRAUTWEIN et al., 2001), pois não são sintetizados no organismo os quais podem
ser fornecidos através do consumo de alimentos (NAIN et al., 2012). O óleo de peixe
é a melhor fonte de AGPs n-3 eicosapentaenóico (AEP) e docosahexaenóico (ADH)
(HOSSEINI-VASHAN et al., 2011). No corpo humano, o ácido α-linolênico (18:3 n-3,
AAL) é metabolizado para AEP e ADH (AGAH et al., 2010; SIMOPOULOS, 2000;
HOSSEINI-VASHAN et al., 2011; NAIN et al., 2012). A maioria dos benefícios para
a saúde está relacionada ao AEP e ao ADH (TRAUTWEIN, 2001). Estes atuam
principalmente na prevenção e tratamento de algumas doenças cardiovasculares,
hipertensão, diabetes, artrite, outras doenças inflamatórias e auto-imunes e alguns
tipos de câncer (SIMOPOULOS, 2000; YALÇIN et al., 2010), no entanto, o maior efeito
protetor tem relação às doenças cardiovasculares (TRAUTWEIN, 2001; YASHOADHRA
et al., 2009). Além de necessários para manter sob condições normais, as membranas
celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos (MARTIN et al.,
2006).
Os estudos com AGPs iniciaram a partir da descoberta de que a menor incidência
de doenças cardíacas em povos indígenas da Groenlândia era devido ao consumo de
n-3 de origem marinha (TRAUTWEIN et al., 2001), embora o peixe seja considerado
a principal fonte de AGP n-3, não pode servir como fonte primária devido ao baixo
consumo (LEWIS et al., 2000). Dessa forma, os ovos de galinha enriquecidos com
AGPs n-3 podem aumentar o teor destes na alimentação humana (NAIN et al., 2012;
WU et al., 2019). Uma vantagem seria a aceitação como alimento, onde o consumo de
ovos no Brasil aumenta anualmente segundo dados do relatório anual da Associação
Brasileira de Proteína Animal (2018). O ovo é considerado um alimento completo e
equilibrado em nutrientes, fonte de ácidos graxos que pode ter o conteúdo lipídico
modificado através da suplementação da dieta (MILINSK et al., 2003).
Nesta revisão de literatura, diferentes abordagens para o enriquecimento de
ovos de galinha com AGP n-3 são discutidas. Estudos foram publicados sobre a
suplementação da dieta com sementes ou seus óleos, óleo de peixe e com o uso
de microalgas. Para cada uma dessas abordagens, a influência sobre os parâmetros
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 15
122
de produção das galinhas, características de qualidade dos ovos e deposição de n-3
PUFA nos ovos são discutidos. Além disso, a estabilidade oxidativa e as características
sensoriais dos ovos são revisadas e aspectos relacionados à saúde do consumo desses
ovos são apontados. Contudo, esta revisão fornece uma visão geral das vantagens e
desvantagens das diferentes abordagens.
2 | REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sementes oleaginosas: Parâmetros produtivos e características de qualidade
dos ovos
O AAL é produzido por várias plantas, como canola, soja e linhaça, sendo esta
última uma das fontes mais concentradas (HARRIS et al., 2009). A influência da
suplementação da dieta com sementes e óleos sobre o desempenho de galinhas e
nas características dos ovos tem sido estudada. A possibilidade de utilizar fontes de
oleaginosas em dietas de aves tem despertado o interesse crescente da indústria de
alimentos (MENG et al., 2006).
Estudos sobre parâmetros de produção e características dos ovos (consumo
de ração, produção de ovos, peso de ovos e porcentagem de gema) de galinhas
alimentadas com linhaça e canola são muito contraditórios. Segundo Milinski et al.
(2003), a canola é a segunda fonte com qualidade nutricional em ácidos graxos
depois da linhaça, seguida pela soja e girassol, fonte de óleos vegetais que permitem
a redução na porcentagem de ácido graxo saturado e aumento de AGPs, resultado
da composição lipídica da gema, importante benefício nutricional, possível pela
alimentação da ave.
O aumento do valor nutricional do ovo com a inclusão de 15% de canola na
alimentação das aves pode ocasionar um perfil mais saudável de lipídios, devido
à redução de ácidos graxos saturados com o aumento na quantidade de ADH que
exerce um efeito protetor a fatores de risco cardiovascular (AGAH et al., 2010).
Resultados semelhantes foram relatados por Jia et al. (2008) pela maior deposição de
n-3, resultado do nível de ADH depositado na gema de ovos de galinhas alimentadas
com inclusão de 15% de sementes de canola. No entanto de acordo Agah et al. (2010)
a inclusão de níveis acima de 10% causou reduções consideráveis no desempenho
(produção e massa de ovos) e qualidade do ovo (coloração e unidade Haugh). Najib &
Al-Khateeb (2004) utilizou canola em grão nos níveis de inclusão de 0, 5, 10, 20 e 30%
em dietas de poedeiras, e conclui que a inclusão de 10% não teve efeito prejudicial no
desempenho e adição de 5% apresentou melhor efeito significativo no desempenho
comparado ao controle.
A canola é composta por um nível muito elevado na concentração de ácidos
graxos monoinsaturados, quantidades intermediárias de ácidos graxos poliinsaturados
como ácido linoléico e ácido alfa-linolênico, e com uma concentração muito baixa de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 15
123
ácidos graxos saturados (FOULADI et al., 2008). Apresenta cerca de 29 a 35% da
composição dentre os quais o ácido oléico (55 a 60%), ácido linoléico (21 a 25%, AL)
e ácido AGPs α -linolênico (9 a 10%) (LEMBEDE et al., 2014). No organismo da ave,
o AAL presente no fígado compete com maior afinidade pela enzima dessaturase e
enriquece o ovo com um aumento de AGPs (AAL, AEP e ADH), depositados na gema
(YANÇIN & UNAL, 2010).
O óleo de canola não só pode constituir uma quantidade considerável de energia
bruta na dieta de aves, mas também pode ser uma excelente fonte de AAL precursor
de AEP e ADH, considerados importantes na saúde humana (TOGHYANI et al., 2017).
A adição de 3 e 5% de óleo de canola aumentou a porcentagem de AAL e o teor
de ADH no ovo, elevando o total de AGPs n-3 em 3,3 e 4,75 vezes (4,72 e 6,80%)
em comparação com a dieta controle (1,43%), papel benéfico na saúde humana
(ROWGHANI et al., 2007). O óleo de canola reduziu o peso do ovo, efeito atribuído a
falta de AAL na dieta com aumento na coloração da gema devido à maior oxidação dos
AGPs, quantificada pelo teste de Tbars (substancias reativas ao ácido tiobarbitúrico),
dados esses atribuídos a diferenças no perfil de ácidos graxos do óleo (GUL et al.,
2012). AGPs n-3 são suscetíveis à oxidação, portanto, aumentando o nível destes
na gema de ovo podendo provocar maior grau de oxidação lipídica, o que poderia
prejudicar a qualidade sensorial. Porém Hayat et al. (2010) relata que a utilização de
suplementos antioxidantes seria necessária para manter a estabilidade e proteger os
AGPs durante o período de armazenamento dos ovos visando prolongar a manutenção
da qualidade.
2.2 Óleo de peixe: Parâmetros produtivos e características de qualidade dos
ovos
Embora o óleo de peixe contém AEP, bem como ADH, ovos de galinhas
alimentadas com óleo de peixe são enriquecidos com ADH, enquanto o conteúdo de
AEP é menor (GONZALEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000; CARRILLO et al., 2008;
LAWLOR et al., 2010). Segundo Gonzalez-Esquerra & Leeson (2000), o menor peso
do ovo verificado pode estar relacionado ao fato do menor consumo.
Cachaldora et al. (2008) verificou que a adição de óleo de peixe com alta
concentração em AEP, resultou em ovos com maiores quantidades de ADH e pequenas
quantidades de AEP, além de uma qualidade sensorial aceitável para os consumidores.
Seus resultados indicam que o AEP da dieta é em grande parte convertido em ADH, e
a eficiência desta conversão é apenas inferior à deposição direta de ADH da dieta na
gema.
Com o aumento dos níveis de adição de óleo de peixe, o aumento na gema
ADH conteúdo não foi proporcional, indicando uma menor eficiência de deposição em
níveis mais altos de inclusão (CACHALDORA et al., 2005; CACHALDORA et al., 2008;
GONZALEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000; LAWLOR et al., 2010). Os AGPs n-3 (AEP
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 15
124
e ADH) contêm mais ligações duplas do que AAL, o que torna ainda mais suscetíveis
à oxidação lipídica. Os níveis de inclusão acima de 1,5% de óleo de peixe geram
ovos que são geralmente inaceitáveis pelos consumidores, devido as características
sensoriais (GONZÁLEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000).
2.3 Microalgas: Parâmetros produtivos e características de qualidade dos ovos
A adição de 10% de Microalga M. pyrifera nas dietas de poedeiras é uma
maneira efetiva de aumentar o teor de n-3, a altura do albúmen e a cor da gema,
mas não o peso do ovo, quando estes são enriquecidos com n-3 de óleo de peixe
(CARRILLO et al., 2008). Nitsan et al. (1999) não observaram alteração na taxa de
produção de ovos ou peso do ovo após adição de 1% de Nannochloropsis sp. ou
1% de extrato lipídico desta microalga. Nenhuma mudança significativa no peso das
galinhas, consumo de ração, taxa de produção ou peso dos ovos foram observadas
por Foubert et al. (2011) mediante suplementação com 5% ou 10% desta microalga.
As espécies de Nannochloropsis sp. usadas por Nitsan et al. (1999) teve um efeito
interessante no perfil de ácidos graxos, uma vez que o AEP não se acumulou na gema
de ovo, foi convertido em ADH e depositado no fígado e na gema de ovo. Fredriksson
et al. (2006) adicionou Nannochloropsis oculata, uma espécie contendo AEP e AAL
na alimentação de galinhas e observaram baixas concentrações de AEP e acúmulo
significativo de ADH na gema do ovo. Resultados semelhantes foram obtidos no estudo
de Foubert et al. (2011) usando Nannochloropsis, além de grandes quantidades de
vitamina E e carotenoides que podem ajudar a prevenir oxidação lipídica. O teor de
carotenoides nas gemas aumentou significativamente (Fredriksson et al., 2006), que
influenciou drasticamente na cor da gema (Foubert et al., 2011; Fredriksson et al.,
2006; Nitsan et al., 1999). Da mesma forma, após a adição de Porphyridium sp. à dieta
das galinhas, Ginzberg et al. (2000) observaram uma mudança na cor da gema para
amarelo escuro, que foi causada por um aumento no conteúdo de carotenóides da
gema. Porém quanto a estabilidade oxidativa, características sensoriais ou aspectos
relacionados à saúde das aves alimentadas com microalgas ricas em AGPs não foram
avaliados.
3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os efeitos promotores na saúde pelos AGPs n-3 podem ser atribuídos
principalmente ao AEP e ADH. A adição de óleo de peixe pode levar a quantidades
relativamente altas de ADH, no entanto, seu uso pode ser limitado devido à parâmetros
sensoriais, oriundos da oxidação dos AGPs n-3 em ovos. O uso de microalgas como
fonte de AGPs n-3 na dieta das galinhas é uma maneira eficaz de aumentar o nível
de ADH nos ovos. Além disso, em comparação com óleo de peixe, tem vantagens
principalmente quanto à estabilidade oxidativa dos lipídios e pelo seu maior teor de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 15
125
carotenoides.
No entanto, a utilização de diferentes fontes deve considerar fatores experimentais
como linhagem, idade e formulação de ração, os quais podem influenciar nos
resultados. Seria interessante realizar um único estudo em que todas as fontes de
AGPs n-3 (sementes, óleo de peixe e microalgas) possam ser avaliadas e comparados
seus efeitos para parâmetros produtivos e de qualidade dos ovos. Neste sentido, vale
frisar ainda, que a quantidade e a fonte desses AGPs n-3, bem como, a composição
da dieta, exercem efeitos consideráveis e são fatores limitantes na obtenção desses
resultados.
REFERÊNCIAS
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Capítulo 15
127
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 15
128
CAPÍTULO 16
doi
PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DE DUAS ESPÉCIES DE
ABELHAS SEM FERRÃO (Melipona Interrupta E Scaptotrigona
aff. xanthotricha) EM COMUNIDADES DA RESEX
TAPAJÓS- ARAPIUNS
Adcleia Pereira Pires
Delzuíte Teles Leite
Universidade do Sudoeste da Bahia
Universidade Federal do Recôncavo Bahia
Programa de Pós Graduação de Engenharia e
Ciências de Alimentos
Centro de Ciências Agrárias e Biológicas
Itapetinga, Bahia.
Universidade Federal do Oeste do Pará
[email protected]
Instituto de Biodiversidade e Florestas
Jonival Santos Nascimento Mendonça Neto
Santarém, Pará
Alanna do Socorro Lima da Silva
Universidade Federal do Oeste do Pará
Aline Pacheco
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia
Universidade Federal do Oeste do Pará
Santarém, Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas
Andria Tavares Galvão
Santarém, Pará
Universidade Federal do Oeste do Pará
Nivea Maria Pantoja Neves
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia
Universidade Federal do Oeste do Pará
Santarém, Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas
Hierro Hassler Freitas de Azevedo
Santarém, Pará
Universidade Federal do Oeste do Pará
Marina Gabriela Cardoso de Aquino
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia
Universidade Federal do Oeste do Pará
Santarém, Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas
Valbert Cruz Canto
Santarém, Pará
Universidade Federal do Oeste do Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia
Santarém, Pará
Ana Paula da Silva Viana
Universidade Federal do Oeste do Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas
Santarém, Pará
Adria Fernanda Ferreira de Moraes
Universidade Federal do Oeste do Pará
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia
Santarém, Pará
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO: O conhecimento da biologia das
espécies de abelhas nativas são de suma
importância para o manejo, conservação e o
cultivo destas em sistema de criação racional
para produção de mel, pólen, própolis ou
polinização. As medidas dos parâmetros
biométricos apresentam informações relevantes
das características produtivas e reprodutivas
para a seleção de enxames para multiplicação.
Capítulo 16
129
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os parâmetros biométricos
e índices produtivos em colônias de Meliponíneos criadas racionalmente em
comunidades da Resex Tapajós Arapiuns. A metodologia do aferimento de 20 colônias
de cada espécie de abelhas sem ferrão Scaptotrigona aff. xanthotricha e Melipona
interrupta, onde foram medidos o Número de potes de mel e pólen, Altura dos potes,
Largura do potes, Volume do mel, Peso da Massa do pólen e os Números de Discos de
Cria. A biometria realizada nas colônias de Scaptotrigona aff. xanthotricha apresentou
número de discos de cria com amostragem de média 20,00 e ± 5,57, enquanto que
para a jandaíra, obteve média de 8,66 e ± 0,57. A espécie de abelhas sem ferrão
Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior taxa populacional, o que leva a maior
produção de mel e pólen, porém, a espécie M. Interrupta obteve maiores médias quanto
ao tamanho dos potes de pólen e mel, o que pode ser inferido pela biologia da espécie,
apresenta maior volume de mel por pote e maior peso de massa por polén, mas, a taxa
populacional menor. Desta forma, a Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior
produção de volume total de mel.
PALAVRAS CHAVE: Biometria, Características, Conservação, Produção, Seleção
ABSTRACT: The knowledge of the biology of native bee species is very important for
the management, conservation and cultivation of these species in a rational breeding
system for the production of honey, pollen, propolis or pollination. The measurements
of the biometric parameters present relevant information of the productive and
reproductive characteristics for the selection of swarms for multiplication. The present
work had as objective to evaluate the biometric parameters and productive indexes in
colonies of Meliponíneos rationally created in communities of Resex Tapajós Arapiuns.
The methodology of the gaugement of 20 colonies of each species of stingless bees
Scaptotrigona aff. xanthotricha and Melipona interrupta, where the number of pots of
honey and pollen, height of pots, width of pots, volume of honey, weight of the pollen
mass and numbers of breeding discs were measured. The biometry performed in the
colonies of Scaptotrigona aff. xanthotricha presented a number of breeding discs with
na average sample of 20.00 ± 5.57 and for Jandaíra it was 8.66 ± 0.57. The species of
stingless bees Scaptotrigona aff. xanthotricha presents a higher population rate, which
leads to higher production of honey and pollen, but the species M. Interrupta obtained
higher averages to the size of pollen and honey pots, which can be inferred by the
biology of the species, of honey per pot and higher mass weight per pollen, but lower
population rate. The Scaptotrigona aff. xanthotricha shows higher production of total
volume of honey.
KEYWORDS: Biometry, Characteristics, Conservation, Production, Selection.
INTRODUÇÃO
A meliponicultura apresenta potencial na produção de mel, com grandes
perspectivas e tem sido importante ferramenta na agricultura, como alternativa de
provento financeiro, por apresentar características peculiares de baixo investimento
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
130
de implantação de meliponários e a facilidade de manejo, outro fator importante a
conservação das espécies das abelhas e manutenção da biodiversidade (FREITAS et
al., 2004; KERR, 2006).
Dentre as abelhas sociais sem ferrão a abelha jandaíra (Melipona interrupta)
apresenta uma produção de mel de 1 a 2 litros/colmeia/ano, sendo este um produto
diferenciado, apreciado e de fácil comercialização (KLEINERT et al., 2009). As abelhas
canudo (Scaptotrigona aff. xanthotricha) apresenta produção de 2 a 3 litros/caixa/ano
(VENTURIERI, 2008).
Dentro da perspectiva de produção, é necessário conhecer as características
pertinentes, para assim atender as necessidades de multiplicação de enxames
com objetivos de criação racional com fins de grande escala de produção de mel
e outros produtos (ALVES e IMPERATRIZ-FONSECA, 2010; PEREIRA et al., 2011),
características de coleta, armazenamento de alimento pelas abelhas (SOUZA et al.,
2002), entre outros.
Segundo Padilla - Alvarez et al. (1997) os parâmetros biométricos são necessários
para ofertar conhecimento sobe os índices produtivos, com o objetivo de identificar
semelhanças ou diferenças entre os indivíduos, potencial de cada espécie. Outro
ponto relevante, o comportamento e as características de produção e reprodução nas
caixas usadas nos meliponários. Ressalta-se o avanço da meliponicultura nos últimos
10 anos e sua importância para agricultura familiar (VENTURIERI, 2008).
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os parâmetros
biométricos e índices produtivos em colônias de Meliponíneos criadas racionalmente
em comunidades da Resex Tapajós Arapiuns.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Nogueira-Neto (1997), a biologia das abelhas é favorecida pela
disponibilidade de recursos florais, visto que as abelhas intensificam a coleta e
armazenamento do produto, além disso, a rainha aumenta a postura a fim de aumentar
a colônia e produzir mais campeiras para a coleta.
No entanto, Evangelista-Rodrigues et al., (2008), afirmam que a presença de
potes vazios, deve-se à preparação para armazenamento dos alimentos em potes de
cera. Desta forma, estes autores encontraram grande quantidade de potes de pólen
e mel abertos em construção, indicando o início do período de florada e, identificaram
que a quantidade de potes de pólen e mel estão relacionados com o tamanho da
colônia, além disso, suas medidas biométricas variam conforme a finalidade.
MATERIAL E METÓDOS
O estudo foi realizado nas comunidades do Anã e Vila Franca, Reserva Extrativista
Tapajós Arapiuns, localizadas às margens do Rio Arapiuns; dois meliponários de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
131
produtores locais, pertencentes ao município de Santarém, Oeste do Pará. O trabalho
foi realizado no mês de agosto do ano de 2017. Constituiu-se em uma pesquisa
quantitativa, onde foram analisadas 20 colônias de um total e 60. Foram realizadas
medidas biométricas de produção, além de entrevista aberta, com perguntas a respeito
da produtividade e coleta de mel das espécies Melipona interrupta (Figura 1A) em Vila
Franca e Scatotrigona aff. xanthotricha (Figura 1B ) em Anã.
Foram identificados os modelos das caixas usadas pelos produtores, o número
dos potes de mel (NPM) e tomada medidas com auxilio de paquímetro digital da
largura dos potes de mel em cm (LPM), Altura de potes de mel em cm (APM) (Figura
2C); Altura de potes de pólen em cm (APP), Diâmetro dos potes de pólen, cm (DPP).
E com o auxilio de uma seringa de 10 mL foi aferido o volume dos potes de mel em
mL (VPM) (Figura 2A) e o Peso da Massa do Pólen (PMP) (Figura 2B) foram pesados
em balança digital. Para a avaliação das características reprodutivas foi computado o
número total de discos de crias. e medidas com paquímetro digital do comprimento e
diâmetro (Figura 2D). Após a avaliação dos parâmetros biométricos, as colônias foram
fechadas cuidadosamente e lacradas com fitas adesivas.
Figura 1A- Estrutura interna de colônia de Melipona interrupta; Figura 1B- Vista da melgueira da
espécie Scaptotrigona afff. Xanthotricha.
Figura 2- Avaliação das características produtivas e reprodutivas das abelhas sem ferrão.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
132
Figura 2A – Sucção de mel para aferimento; Figura 2B – Peso da massa do polén;
Figura 2C – Medida do pote de mel; Figura 2D – Aferimento dos discos de cria.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A biometria realizada nas colônias de Scaptotrigona aff. xanthotricha (canudo)
apresentou número de discos de cria (NDC) com amostragem de média 20,00 e ±
5,57, enquanto que para a jandaíra o NDC, obteve média de 8,66 e ± 0,57.
Para Ribeiro et al. (2006) a taxa de construção de discos de cria pode ser
influenciada por vários fatores, bem como, quantidade de abelhas na colônia, de
alimento (principalmente de pólen) e a presença de uma rainha. Nisto, dentre as duas
espécies estudadas, as canudos se sobressaem em taxa populacional, características
biológica da espécie. Desta forma, a Tabela 1 apresenta as características de produção
de mel e pólen das espécies de abelhas nativas Scaptotrigona aff. xanthotrica e
Melipona interrupta
Espécie
Características
Média geral±DP
CV (%)
DPM
2,26±0,13
5,75
APM
2,91±0,24
8,25
VPM
3,62±0,53
14,64
NPM
15±5,84
38,93
DPP
2,24±0,7
31,25
APP
2,70±0,23
8,51
PMP
3,01±0,29
9,63
DPM
2,80±0,17
6,07
APM
4,10±0,81
19,75
VPM
4,10±0,81
19,75
NPM
13±1,00
7,69
Biométricas
Scaptotrigona aff.
xanthotricha
Melipona interrupta
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
133
DPP
2,87±0,32
11,14
APP
4,30±0,36
8,37
PMP
4,13±0,70
16,74
Tabela I. Média, desvio padrão(DP) e coeficiente de variação (CV%) para os parâmetros
avaliados de colônias de Scaptotrigona sp e Melipona interrupta.
DPM: diâmetro do pote de mel; APM: altura pote do mel; VPM: volume pote do
mel; NPM: número do pote de mel; DPP: diâmetro do pote pólen; APP: altura do pote
de pólen; PMP; peso massa pólen, as médias seguintes diferem entre espécie pela
análise descritiva.
A média do VPM 3,62±0,53, NPM 15±5,84 (Tabela 1) da espécie Scaptotrigona
aff. xanthotricha. Pires et al (2007) avaliou características produtivas e reprodutivas
em Belterra, Pará e encontrou a média do VPM (5,18±0,71) e o NPM (27,59±6,35),
valores acima da presente pesquisa, ressalta que a Scaptotrigona aff. xanthotricha
devido sua biologia produz menor quantidade e volume total por pote, comparado a
outra espécie.
Em estudo no assentamento agroextrativista, Coroca, Rio Arapiuns, foi
encontrado LPM da espécie Melipona interrupta a média 2,28±0,25, VPM 12,38±3,22,
APM 3,60±0,50 (Pires et al., 2017). A média é proximal do presente estudo do DPM
2,80±0,17, o volume justifica-se a diferença pelo tempo de coleta de dados que o
presente trabalho foi um mês apenas, as alturas apresentam diferenças, onde foi
encontrado a média 4,10±0,81, conforme a Tabela 1.
Dentre as espécies apresentadas o gênero da Melipona apresentou melhor
desempenho, média e desvio padrão VPM. Nisto, destaca-se que, potes maiores
armazenam maior volume de mel e são melhores para manejo e coleta, além de
apresentar maior produção com menor gasto de cera na produção (SOUZA, 2003;
ALVES, 2010; ALVES, 2013).
De acordo com Pires et al 2017 a produção de mel esta relacionada com a biologia
da espécie da abelha, com o pasto e a capacidade de raio de vôo das operárias. Alves
et al (2010), afirma que a produção de mel está correlacionada com o número de potes
de mel e a capacidade de produção de cera para confecção dos potes.
CONCLUSÕES
A espécie de abelhas sem ferrão Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior
taxa populacional, o que leva a maior produção de mel e pólen, devido obter maior
número de operárias, porém, a espécie M. Interrupta obteve maiores médias quanto
ao tamanho dos potes de pólen e mel, o que pode ser inferido pela biologia da espécie,
apresenta maior volume de mel por pote e maior peso de massa por polén, mas, a taxa
populacional menor. Desta forma, a Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
134
produção de volume total de mel
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
135
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 16
136
CAPÍTULO 17
doi
PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE DO BAIRRO DE DOIS
IRMÃOS NA CIDADE DO RECIFE- PERNAMBUCO
Letícia Aline Lima da Silva
José Matheus de Moura Andrade
Maringá- PR
Maringá- PR
Vitor Magalhães de Mendonça Cunha
Miranda
Universidade Estadual de Maringá
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Maringá- PR
Universidade Estadual de Maringá
Universidade Estadual de Maringá
Silvio Mayke Leite
Natal – Rio Grande do Norte
Myllena Emely de Paiva Carmo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal – Rio Grande do Norte
Marina Ximenes de Oliveira
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Anderson Cristiano Ferreira Costa
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Fernando de Figueiredo Porto Neto
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Dayane Albuquerque da Silva
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Juliette Gonçalves da Silva
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Larissa Manoely da Silva Gomes
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Nataly de Almeida Arruda
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife- Pernambuco
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO : O objetivo foi analisar o perfil do
consumidor e a carne mais consumida no
bairro de Dois Irmãos na cidade do Recife –
PE. A coleta dos dados foi realizada no período
entre os dias 12 e 15 de janeiro de 2017. A
amostra foi composta por 100 entrevistados
escolhidos aleatoriamente. Observou-se que os
consumidores de carne do bairro de Dois Irmãos
apresentam de forma diversificada no que se
refere ao sexo, grau de escolaridade, renda e
composição familiar. Constatou-se que a carne
mais consumida foi a de aves (60,6%), pois
47,5% leva em conta o preço na hora da compra,
porém a preferência do consumo é a bovina
(58,5%). O modo de preparo mais utilizado é
frita (48,6%) pela praticidade. Observou-se que
65,3 % dos entrevistados preferem comprar as
carnes em supermercados, um ponto importante
na escolha do local da compra é a aparência e
higiene do local (47,2%) por realizarem compras
semanais (47,2%) e preferirem um alimento
mais fresco. O aspecto que mais é levado em
conta na hora da compra é a aparência geral
Capítulo 17
137
(35,6%) e a cor (42,6%). Concluiu se com esta pesquisa conhecer e avaliar o perfil
dos consumidores quanto ao consumo de carne no bairro de Dois Irmãos, assim pode
se observar que a carne bovina é a preferida pelos entrevistados em relação à de
outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do consumidor. O
melhor indicador da qualidade da carne é a cor, sendo o principal atributo e da compra
em supermercado.
PALAVRAS-CHAVE: Alimentação, Consumo, Hábito.
ABSTRACT: The objective was to analyze the profile of the consumer and the meat
most consumed in the Dois Irmãos neighborhood in the city of Recife - PE. Data
collection was performed between January 12 and 15, 2017. The sample consisted of
100 randomly selected interviewees. It was observed that the consumers of meat of the
district of Dois Irmãos present in a diversified form with regard to gender, educational
level, income and family composition. It was found that the most consumed meat was
poultry meat (60.6%), since 47.5% took into account the price at the time of purchase,
but the consumption preference is cattle (58.5%). The most used preparation method
is fried (48.6%) by the practicality. It was observed that 65.3% of the interviewees
prefer to buy the meat in supermarkets, an important point in choosing the place of
purchase is the appearance and hygiene of the place (47.2%) because they make
weekly purchases (47.2%) and prefer a fresher food. The aspect that is most taken into
account at the time of purchase is the general appearance (35.6%) and color (42.6%).
It was concluded that with this research know and evaluate the profile of consumers
regarding the consumption of meat in the neighborhood of Dois Irmãos, so it can be
observed that the beef is preferred by the interviewees in relation to that of other animal
species, occupying a prominent place in the diet of the consumer. The best indicator
of the quality of the meat is the color, being the main attribute and the purchase in the
supermarket.
KEYWORDS: Consumption, Food, Habit.
1 | INTRODUÇÃO
A carne é um alimento de origem animal, fonte de proteínas de alto valor biológico
e rica em vitaminas do complexo B e em minerais de alta biodisponibilidade como ferro
e zinco (Bender, 1991).
O Brasil é considerado o segundo maior produtor mundial de proteína animal e
tem no mercado externo o principal destino de sua produção (USDA, 2012). A carne
está entre os alimentos mais consumidos no mundo e no Brasil, segundo dados da
USDA Bradesco, o consumo de carne bovino no mundo foi de 22,5 %, já o Brasil teve
um consumo de 38,6%, a carne de frango teve um consumo no mundo de 34,6 % e
no Brasil 46,8% e a carne suína teve o consumo mundial de 42,9%, no Brasil foi de
14,5%.
A carne apresenta-se juntamente como um de alimento de ótima composição
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
138
nutricional para o ser humano. Possui proteínas de alto valor biológico tanto no aspecto
qualitativo como quantitativo. Rica em aminoácidos essenciais, de forma balanceada,
supre aproximadamente 50% das necessidades diárias de proteína do ser humano
(Azevedo, 2008).
As pesquisas que abordam o comportamento do consumidor fazem uso das
informações referentes à produção, abastecimento e dados sobre as compras dos
alimentos para identificarem as práticas alimentares. Desta maneira, pesquisadores
e organizações buscam conhecer os gostos, preferências, hábitos e atitudes dos
consumidores, para que se possam apontar tendências e perspectivas em relação ao
comportamento de consumo (Sproesser et al., 2006).
Muitos são os fatores que podem interferir na escolha do tipo de carne e corte a
ser comprado, como renda, idade, grau de escolaridade, estado civil, número de filhos,
local de residência, sexo, praticidade de preparo e ocasião a ser consumida. O valor
nutricional e os benefícios à saúde também estão sendo pontos determinantes na
escolha da carne, pois os consumidores estão cada vez mais informados e exigentes
de qualidade nos alimentos (Pires, 2015).
Devido ao tamanho da cadeia produtiva que é composta pela produção de aves,
suínos, bovinos e pescados e sua a grande variedade de produtos disponível surgiu a
certificação para diminuir a desconfiança dos consumidores em relação à qualidade e
o valor nutricional (Brandão et al., 2010).
A rastreabilidade é uma ferramenta de certificação que pode passar para os
consumidores informações sobre os produtos e também dar garantias destes produtos
(Brandão et al., 2010), pode passar informações sobre local e condições que o animal
foi abatido e até questões de bem-estar animal (Brandão et al., 2010).
O comportamento alimentar é complexo, pois inclui vários determinantes que
vão desde os recursos financeiros disponíveis para o acesso dos alimentos até as
preferências e crenças da população sobre com o que se alimentar.
Melhores condições socioeconômicas, como maior grau de escolaridade e
maiores níveis de renda, estimulam melhorias na infra-estrutura e na capacidade para
a aquisição dos alimentos. Consegue-se perceber que aqueles indivíduos com melhor
situação socioeconômica têm uma dieta mais diversificada e geralmente consomem
carnes com maior frequência do que aqueles indivíduos com menores condições.
Em conjunto com os fatores socioeconômicos, os fatores demográficos agem
diretamente na determinação do consumo. Vale à pena observar a diferença existente
no consumo entre os gêneros e a faixa etária. Entre os homens, em qualquer estudo
revisado nesse projeto, houve maior consumo de carnes, em termos de quantidade e
frequência, quando comparados às mulheres.
A tomada de decisão para compra da carne é influenciada por objetivos pessoais,
metas, comportamento, atitudes e necessidades da família (BRANDÃO et al., 2010).
Este processo ainda sofre influência do ambiente físico e social do momento da compra,
o tempo disponível para compra, o propósito e ainda as condições momentâneas como
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
139
humor, saúde e dinheiro (PENNA, 2008).
É notável que em países como o Brasil, embora o consumo esteja ainda bem
abaixo comparado aos níveis de consumo da América do Norte e da maioria dos países
industrializados, as dietas estejam cada vez mais ricas e diversificadas, incluindo a
carne (Barbosa, 2013).
Porém, para a maioria das pessoas no mundo, particularmente nos países em
desenvolvimento, a ingestão desse alimento ainda é necessária para suprir deficiências
nutricionais.
Segundo Barcellos (2007), nos últimos anos houve um crescimento no número
de pesquisas com consumidores de alimentos, principalmente os alimentos de origem
animal. Este aumento nas pesquisas pode ser explicado por surtos de doenças
animais, os pros e contras do consumo de proteína animal na nutrição e na saúde
das pessoas, as mudanças no padrão de consumo e a entrada de novos membros de
culturas diferentes no bloco econômico (Barcellos, 2007).
As pesquisas servem para auxiliar o desenvolvimento de novos produtos,
inovações em um produto, auxílio nas decisões de preço e identificação de alternativas
mais interessantes de distribuição e publicidade, o consumidor precisa ser estudado
(Raimundo e Batalha, 2012).
Conforme passa o tempo, os consumidores tendem a ser mais exigentes, e com
isso o mercado tem que se adequar a esta exigência produzindo com alta qualidade,
maior valor agregado e maior conveniência (Heinen, 2013). A qualidade dos produtos
de origem animal não depende apenas de um elo da cadeia produtiva, e sim de todos
os elos desde o nascimento do animal até a mesa do consumidor (Barcellos, 2004).
Os recursos econômicos gastos com a alimentação, em termos de mercado, são
consideráveis, perfazendo um montante bastante superior àqueles relativos a outros
setores como o automobilístico, o eletrônico ou o de armamento (Proença, 2007).
Em função destes aspectos, o objetivo foi analisar o perfil do consumidor e a
carne mais consumida na cidade do Recife – PE.
2 | METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa “Survey”¸ a qual foi utilizada para a obtenção de
informações por intermédio de uma entrevista com os participantes, na qual foram
feitas inúmeras perguntas acerca do tema abordado por meio da aplicação de um
questionário estruturado para obter uma padronização do processo de coleta de dados
(Francisco et al., 2007).
O presente trabalho foi realizado na cidade de Recife - Pernambuco e no município
de Dois Irmãos. A coleta dos dados foi realizada no período compreendido entre os dias
12 a 15 de janeiro de 2017, as entrevistas ocorreram em dias alternados. Inicialmente
foi elaborado um questionário de múltipla escolha composto de 15 perguntas fechadas,
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
140
onde foram abordados vários aspectos do consumo de carne.
Tratou-se de uma pesquisa de caráter exploratório que se apoiou em base
quantitativa realizada através de questionário estruturado direcionado exclusivamente
os consumidores de carne desta região. A amostra foi composta por 100 entrevistados
escolhidos aleatoriamente em diversos pontos da região.
Os dados foram processados utilizando-se o programa Excel 2013 da Microsoft®,
versão for Windows 10, no qual foram feitas as análises estatísticas descritivas e
inferenciais.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os questionários foram respondidos pelos consumidores. A partir deles houve a
contagem das respostas, classificando-se e entrelaçando-se os resultados de forma
a responder ao objetivo do trabalho. As respostas do questionário foram tabuladas e
analisadas.
Levando em conta o sexo dos entrevistados, pode-se observar no Gráfico 1 que
neste trabalho houve uma predominância do sexo feminino com 60,67%, enquanto o
sexo masculino teve uma porcentagem de 39,33%.
SEXO
Homem
Mulher
60,62
30,33
Gráfico 1: Porcentagem do sexo dos entrevistados. Fonte: Própria
Em relação à idade, 14,47% dos consumidores entrevistados tinham entre 18
a 25 anos; 36,85% de 26 a 40 anos; 48,68% acima de 40 anos, sendo a faixa etária
predominante. Deste modo, pode-se dizer que houve uma distribuição heterogênea
quanto à faixa etária entrevistada, sendo possível obter opiniões de um número
representativo de pessoas de idades diferentes.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
141
IDADE
18 a 25
26 a 35
36 a 45
14,47
48,68
36,85
Gráfico 2: Porcentagem da idade dos entrevistados. Fonte: Própria
A escolaridade também foi investigada e os resultados apontam maior participação
de pessoas com nível superior (58,52%) em detrimento do nível médio (38,95%) e
fundamental (2,23%). O grau de escolaridade pode ser largamente relacionado com
o nível de informação dos consumidores que vai influenciar diretamente na hora da
escolha dos alimentos.
Conforme Tabela 01, observa-se que a grande maioria dos entrevistados
apresenta renda familiar entre 4 a 6 salários mínimos com 56,8% e a dimensão do
agregado familiar que apresentou maior porcentagem (39,5%) foi a de 2 pessoas por
família.
Variáveis
Total Inquirido (%)
Dimensão do Agregado Familiar
1
2
3
4
Acima de 4 pessoas
19,2
39,5
23,2
9,2
8,9
Renda Familiar
1 a 3 Salário mínimo
4 a 6 Salário mínimo
7 a 10 Salário mínimo
30
56,8
13,2
Tabela 1: Perfil dos consumidores questionados em Recife. Fonte: Própria
A renda e a quantidade de pessoas na casa são um fator que pode interferir
quanto ao consumo de determinados alimentos, em função do preço, do poder de
compra de cada família, preferência e facilidade na hora do preparo. Barcellos (2004),
afirma que as pessoas que possuem menores rendas buscam mais informações
quando comparadas com as de maiores rendas.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
142
Variáveis
Total Inquirido (%)
Carne mais consumida
Suíno
Bovino
Aves
Pescados
9,6
25,8
60,6
4,0
Alto consumo se deve
Preço
Qualidade
Sabor
Valor Nutricional
47,5
24,3
9,7
18,5
Tabela 2: Carne mais consumida em Recife. Fonte: Própria
Mediante os dados da tabela 2 observou-se que a maiorias (60,6%) possui um
maior consumo de carne de aves, seguida da carne de bovina (25,8%) e a de suíno
com 9,6% e o mais baixo consumo foi de pescados (4%). Esse consumo elevado de
carne de aves de da devido ao preço e facilidade de se encontrar. Muitos afirmam que
o preço e a qualidade da carne de aves estão interligados, já que a produção de aves
vem crescendo e visando uma carne magra e de qualidade.
Mediante os dados do gráfico 3 observou-se que apenas 15,6 % dos consumidores
consideram a carne suína como preferida para o consumo, sendo que, a maioria
(58,5%) indicou preferir a carne bovina, seguida da carne de aves (22,8%) e carne de
pescado (3,1%).
Gráfico 3: Preferência da Carne. Fonte: Própria
Resultados semelhantes foram encontrados por Cavalcante Neto (2003),
Souza (2007), Falleiros et al. (2008), Silva e Silva (2009) e Santos et al. (2011) que
desenvolveram pesquisa com consumidores de carnes questionando a preferência de
consumo e, em todos os casos, a carne bovina foi citada pela maior parte da população
amostral, seguida da carne de aves, carne suína e, por último, de pescado. Estes
resultados podem estar relacionados aos mitos e preconceitos relacionados à carne
suína, presentes inconscientemente nas preferências e hábitos dos consumidores.
Variáveis
Total Inquirido (%)
Modo de preparo
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
143
Frito
Assado
Cozido
Outro
48,6
27,8
20
3,6
Tabela 3: Modo de preparo da Carne. Fonte: Própria
Na tabela 3 estão disponíveis as formas de preparo mais utilizadas pelos
consumidores. Observou-se que 48,6% dos entrevistados mencionaram consumir
a carne frita. Esta forma de preparo está relacionada à praticidade no momento de
consumo, onde, em função da rotina dos consumidores, há uma crescente busca por
alternativas de pratos rápidos para o consumo e, a fritura, é uma alternativa (Heinen,
2013). Contudo, 27,8% dos entrevistados mencionaram preferir o consumo da carne
assada, o que demonstra que, apesar da busca por praticidade, muitos consumidores
preocupam-se com a saúde e apenas 20% preferem cozinhar a carne, para ficar mais
saborosas segundo os entrevistados.
Total Inquirido (%)
Variáveis
Estabelecimento que adquire a carne
Açougue/ Butique
Feiras Livre
Supermercado
29,5
05,2
65,3
Escolha do Estabelecimento
Preço
Aparência e higiene
Deslocamento
35,1
47,2
17,7
Frequência da Compra
Semanal
Quinzenal
Mensalmente
47,2
35,1,
17,7
Tabela 4: Local de compra e escolha do estabelecimento. Fonte: Própria
Na Tabela 4, observa-se que grande parte dos entrevistados neste trabalho
afirma comprar carnes em supermercados (65,3%), este fato pode ocorrer devido à
facilidade de compra e a disposição de outros produtos além das carnes como pode
ser verificado nas pesquisas realizadas por Barcellos (2002), Brisola e Castro (2005),
Raimundo (2013) e Wagner (2014),
Brandão et al. (2010), afirmam que as boutiques e açougues são mais procurados
quando a carne se destina a alguma ocasião especial como um churrasco, já que
estes estabelecimentos possuem um atendimento personalizado. Apesar da procura
por esse estabelecimento vem crescendo, já que a procura com qualidade vem
aumentando, com isso 29,5 % dos entrevistados preferem comprar carne nesses
estabelecimentos.
Quando tratamos do estabelecimento que o consumidor efetua a compra, neste é
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
144
fundamental para ele a aparência do local, o atendimento e os funcionários são levados
a sério na hora de escolher onde vai comprar (Barcellos, 2004). Como podemos ver
na tabela 4 onde 47,2 escolhe o estabelecimento pela higiene do local e em segundo
lugar que é observado é o preço (35,1%).
Observou-se na avaliação dos hábitos do consumidor que a frequência de compra
de carne semanal corresponde a 47,2% (Tabela 5), mostrando que os entrevistados
têm uma preferência por um alimento mais fresco.
Gráfico 4: Possui algum tipo de carne que não consome. Fonte: Própria
No gráfico 4 podemos ver que a carne que ainda apresenta um alto percentual
que ainda não é consumida é a de suíno com 11,3 %, apesar do consumo de carne ter
crescido ainda existe esse preconceito.
É importante ressaltar que a Associação Brasileira de Criadores de Suínos
(ABCS) vem fazendo um forte trabalho de marketing e informação para favorecer o
consumo de carne suína em nosso país, porém, este fato ainda não é muito relevante
já que o consumo de carne suína no Brasil é menor que o de carne bovina e de frango,
por exemplo. (Raimundo e Zen, 2009).
A carne suína ainda é vista por muitos como uma carne que apresenta grande
quantidade de gordura e prejudicial à saúde (Sarcinelli et al., 2007). E ainda muitos
veem os suínos como sendo animais sujos que trazem problemas sanitários para a
população (Roppa, 2002).
Variáveis
Total Inquirido (%)
Aspecto levado em conta no momento da
compra
Embalagem
Validade
Aspecto visual geral
Selo de inspeção
Outro
22,1
15,6
35,6
26,7
---
Atributos considerados importantes na
hora da compra
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
145
Cor
Maciez
Quantidade de Gordura
Outro
42,6
37,6
15,5
4,05
Tabela 5: Aspectos e atributos levando em conta na hora da compra Fonte: Própria
A aparência da carne, especialmente a sua cor (42,6), é utilizada pelos
consumidores como um importante indicador de qualidade seguida da maciez (37,6%).
Silva et al. (2007) enfatiza que Saab (1999), em trabalho realizado em Ribeirão Preto,
verificou que os atributos mais importantes para os consumidores do município são,
nesta ordem: cor; selo de garantia de maciez; preço; embalagem. Segundo esse autor,
a cor é o atributo mais facilmente perceptível.
A manutenção da cor aceitável é uma preocupação tanto dos produtores como do
varejo. Inúmeros fatores afetam a cor da carne. Entre os fatores intrínsecos incluemse a raça, a localização do músculo na carcaça e a idade do animal (Rodrigues, 2009).
4 | CONCLUSÕES
O desenvolvimento desta pesquisa permitiu conhecer e avaliar o perfil dos
consumidores quanto ao consumo de carne no bairro de Dois Irmãos da cidade do
Recife- PE, assim pode se observar que o preço junto com a qualidade é um fator
limitante para o consumo de carne, sendo a carne bovina a preferida pelos entrevistados
em relação à de outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do
consumidor.
O consumidor considera a cor o melhor indicador da qualidade da carne, sendo
o principal atributo e a preferência pela compra em supermercado.
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 17
149
CAPÍTULO 18
doi
PIRARUCU, GIGANTE DA AMAZÔNIA: DESAFIOS
ENFRENTADOS POR PRODUTORES DE ALEVINOS DO
SUDESTE PARAENSE
Natalia Bianca Caires Medeiros
Programa de Pós Graduação em Produção
Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal
- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia–
UFRA, Parauapebas, PA – Brasil
Marcela Cristina Flexa do Amaral
Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Parauapebas, PA – Brasil
Leandro de Lima Sousa
Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Parauapebas, PA – Brasil
Marcos Rodrigues
Agronegócio e Economia Rural, Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Parauapebas, PA – Brasil
Igor Guerreiro Hamoy
Laboratório de Genética Aplicada, Instituto SócioAmbiental e dos Recursos Hídricos – ISARH,
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA,
Belém, PA - Brasil
Marília Danyelle Nunes Rodrigues
Programa de Pós Graduação em Produção
Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal
- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Parauapebas, PA, Brasil
RESUMO: Na busca por informações que
venham contribuir para o fortalecimento e
reestruturação da cadeia produtiva do pirarucu
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
na região amazônica, nosso trabalho teve como
objetivo caracterizar demograficamente o perfil
das unidades produtoras de alevinos de pirarucu
na Mesorregião Sudeste Paraense, levantando
suas principais características tecnológicas e de
manejo adotadas. Os dados da pesquisa foram
obtidos através de entrevistas aos proprietários
no período de julho a agosto de 2016, visando
levantar dados do sistema produtivo da safra
2015/2016. Dentre as unidades produtoras de
alevinos, um total de 197 viveiros são destinados
exclusivamente para a espécie, onde destes,
36,04% correspondem à alevinagem, 17,77%
à estocagem de reprodutores e 47,19%
destinados à engorda de peixes de diversas
espécies. Quanto ao método de seleção de
casais, cerca de 80% das propriedades fazem
uso de observações morfológicas externas
do animal, e 20% utiliza-se de equipamento
ultrassom. Durante a safra 2015/2016, foram
produzidas 108.000 unidades de alevinos de
pirarucu, representando 40,23% da produção
de alevinos geral na região. A atividade
comporta-se como um importante elo da cadeia
produtiva de pirarucu na Região, porém, devem
ser realizados ajustes nos campos de gestão e
planejamento, a fim de garantir sustentabilidade
produtiva.
PALAVRAS-CHAVE: Arapaima gigas, Entraves
da cadeia produtiva, Pará, Piscicultura.
Capítulo 18
150
ABSTRACT: In the search for information that will contribute to the strengthening and
restructuring of the pirarucu production chain in the Amazon region, our work aimed to
demographically characterize the profile of the pirarucu fingerlings producing units in
the Mesorregião of Southeast of Pará, raising their main technological and management
characteristics adopted. Data from the survey were obtained through interviews with
owners from July to August 2016, aiming to collect data from the production system of
the 2015/2016 harvest. A total of 197 nurseries are destined exclusively to one species,
36.04% of which correspond to a service, 17.77% to the stock of breeding stock and
47.19% to fish of different species. Regarding the method of selection of couples, about
80% of the usual properties of external observations, of animal use, and 20% of use
of ultrasound equipment. During the 2015/2016 harvest, 108,000 pirarucu fingerlings
were produced, accounting for 40.23% of the general fingerlings production in the
region. The activity behaves as an important link of the production chain of pirarucu
in the Region, however, a sustainable end of security must be installed in our fields of
management and planning.
KEYWORDS: Arapaima gigas, Obstacles of the production chain, Pará, Pisciculture.
1 | INTRODUÇÃO
O pirarucu (Arapaima gigas) é considerado o peixe de maior valor econômico da
Amazônia brasileira, região na qual a espécie é endêmica. Características zootécnicas
como elevada taxa de crescimento, rusticidade, adaptação a alimentos artificiais e
rendimento significativo de carcaça, são responsáveis por chamar a atenção e
consequente admiração de piscicultores de diversas regiões do Brasil, despertando o
interesse pela exploração econômica da espécie (Drumond et al., 2010).
A região Norte apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento das mais
diversas modalidades de aquicultura, principalmente pelo potencial hídrico (Branco,
2006). O estado do Pará, bem como a região Amazônica em sua totalidade, tem sido
favorecido (Branco, 2006; Paula, 2015), entretanto, devido à elevada concentração
fundiária na Mesorregião Sudeste Paraense, é possível observar padrões de uso da
terra indesejáveis, caracterizados pelo baixo nível tecnológico, baixa produtividade e
gradativo processo de degradação dos recursos naturais (Santos et al., 2016).
Neste contexto, é possível predizer que a produção de peixe pode ser considerada
uma alavanca para o desenvolvimento econômico da região. Além disso, possibilita o
aproveitamento efetivo de recursos naturais locais e a criação de postos de trabalho
assalariados. Contudo, existem inúmeras variáveis que condicionam o sucesso de um
empreendimento, como por exemplo, planejamento, gestão e conhecimento técnico,
visto que na piscicultura nacional conhecimentos acerca das variáveis mencionadas
ainda são incipientes e restritos, principalmente na área da reprodução e manejo de
plantéis de reprodutores (Guerreiro et al., 2015).
A produção de pirarucu enfrenta baixa oferta e elevado custo de insumos, como
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
151
as formas jovens dessa espécie, resultado da falta de conhecimento quanto ao manejo
reprodutivo, que, apesar dos avanços conseguidos nesta área nos últimos anos, ainda
não foi possível desenvolver técnicas que permitam produzir tal insumo em larga
escala (Ono, 2011).
Desta forma, nossos dados podem promover um diagnóstico efetivo de possíveis
problemas, capazes de servir para o estudo de soluções cabíveis ao setor, que vão além
das dificuldades já conhecidas, proporcionando conhecimentos que são fundamentais
para obter-se uma produção que se sustente efetivamente.
Nesse contexto e em face às poucas informações disponíveis a respeito da
cadeia produtiva do pirarucu, objetivamos caracterizar demograficamente o perfil
das unidades produtoras de alevinos de pirarucu na Mesorregião Sudeste Paraense,
levantando em consideração suas principais características tecnológicas como
produção, instalações, tecnologia e manejo.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Mesorregião Sudeste do estado do Pará, conta com 39
municípios e uma população estimada de 1.647,514 habitantes (IBGE, 2014).
Abordamos o método quantitativo por meio do levantamento de dados secundários
em documentos, sites e materiais de institutos de pesquisa e de organizações
produtivas públicas e privadas para obter o quantitativo de unidades produtoras de
alevinos existentes na Mesorregião Sudeste do estado do Pará. Para o levantamento
desses dados, foram utilizadas informações da Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Pará (Adepará), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa
– Amazônia Oriental), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado
do Pará (Emater), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Secretarias municipais
voltadas para produção rural em cada município constituinte da região em estudo.
Além disso, abordamos o método qualitativo para firmar conceitos e objetivos a
serem alcançados, possibilitando assim sugestões sobre variáveis a serem estudadas.
Os métodos qualitativos apresentam uma mistura de procedimentos de cunho
intuitivo e racional, capazes de contribuir para melhor compreensão dos fenômenos
(Giovinazzo, 2001).
Foram realizadas entrevistas através de questionário semiestruturado com 5
(cinco) produtores de alevinos de pirarucu, no período de julho a setembro de 2016.
Nesse momento, foi realizada observação in loco, para confirmar os dados coletados
previamente e compreender os aspectos produtivos, tecnológicos e de gestão da
atividade de produção de alevinos. O método qualitativo serviu de suporte para
análises descritivas das informações.
Para a coleta dos dados com os produtores de diferentes Municípios, foram
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
152
visitadas todas as unidades produtoras de alevinos na Mesorregião supracitada.
Visando otimizar os resultados da pesquisa, as unidades amostrais foram selecionadas
de acordo com o acesso aos entrevistados e as restrições de tempo e orçamento.
Desta forma, as amostras não foram sorteadas, todas unidades encontradas na região
foram protocoladas.
Para o georreferenciamento dos dados, utilizou-se aparelho de navegação GPS
(Posicionamento Global por Satélite) modelo GPSMap 78s (Garmin®), com acurácia
de aproximadamente três metros, para tomada de coordenadas geográficas dos
municípios da Mesorregião Sudeste do estado do Pará com presença de unidades
produtoras de alevinos de pirarucu. Dessa forma, cada endereço foi localizado em
um ponto no espaço. Para a confecção dos mapas temáticos, utilizou-se o software
ArcMap (Esri®).
Os dados obtidos foram devidamente tabulados em planilhas Excel 2016,
(Microsoft®), para posteriores análises descritivas por meio do software GraphPad
Prism 7 (GraphPad®).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A deficiência de conhecimento sobre diversas áreas da cadeia produtiva do
pirarucu, como nutrição, manejo, alevinagem e principalmente o controle sobre a
reprodução, que resulta em baixa oferta e alto custo de alevinos de pirarucu no mercado
(Campos et al., 2012; Lima et al., 2015), é um grande entrave para o desenvolvimento
sustentável de sua criação comercial. Neste sentido, buscamos abordar as principais
questões que estão envolvidas nas unidades produtoras de alevinos da região Sudeste
paraense, visando levantar informações importantes que venham a contribuir para
futuros projetos de fortalecimento e reestruturação da cadeia produtiva do pirarucu na
região amazônica.
De acordo com os resultados, cinco unidades produtoras de alevinos de pirarucu
foram encontradas dentre os 39 municípios que constituem a Mesorregião Sudeste do
estado do Pará (Figura 1). Conforme o primeiro e único censo aquícola nacional (Brasil,
2013), existiam cerca de 14 unidades produtoras de formas jovens de Pirarucu ao
longo de toda região Norte do Brasil, dados referentes ao ano de 2008. Corroborando
com nossos estudos de que a produção de alevinos, especialmente a de pirarucu, é
uma atividade em expansão, tanto na região norte quanto na região amazônica de
maneira geral.
Quanto ao número total de reprodutores de pirarucu, o mesmo foi de 122 matrizes,
(Figura 2) com média de 24,4 animais/propriedade (±8,78) e uma produção de 108.000
unidades de alevinos de pirarucu na safra de 2015/2016, representando 40,23% da
produção total de cada produtor com uma média de preço de R$ 22,00 o juvenil de 20
cm de comprimento. Alevinos de outras espécies custam bem menos unitariamente,
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
153
como por exemplo, o tambaqui Colossoma macropomum (R$ 0,18) e o piau Leporinus
macrocephalus (R$ 0,35) (Rodrigues, Moro & Santos, 2015). O valor praticado na
comercialização de alevinos de pirarucu (R$1,00/cm do animal) manteve-se constante
desde 2005, demonstrando baixa influência do real custo de produção (Lima et al.,
2017), sugerindo que este seja um dos entraves para surgimento e manutenção de
novos produtores na região, tornando-se de suma importância o desenvolvimento de
trabalhos voltados à avaliação de custos para a produção das formas jovens do peixe,
viabilizando tanto a produção, quanto a recria do pirarucu.
A produção de alevinos encontra-se concentrada em sua maioria na região
de Tucumã (40%). O restante, (60%) estão distribuídos de forma fragmentada nos
municípios de Breu Branco, Itupiranga e Parauapebas, com uma média de atuação na
produção de alevinos de 9,4 anos (±6,54) / produtor.
Sobre a mão de obra utilizada, o sistema produtivo da região conta na sua maioria
(60%) com atuação exclusiva familiar, os restantes 40% além dos membros da família
e proprietário, contratam funcionários, resultando em folhas de pagamento mensais
média de R$ 3.275,00, pertinente a cada funcionário da propriedade. Especificamente
na safra de 2015/2016, as propriedades tiveram 22 funcionários trabalhando,
correspondendo a 1,69 funcionários/ha de lâmina d' água. Silva (2010), ao caracterizar
o perfil da piscicultura na Região Sudeste paraense, apresentou que a principal fonte
de mão de obra nos empreendimentos piscícolas era de origem familiar (72,28%),
justificando-se pelo fato da maior parte das propriedades surgirem em assentamentos.
Em contrapartida, na Região Nordeste do estado do Pará, Neto (2009), afirmou que
a mão de obra adotada na maioria das propriedades é contratada, devido ao elevado
poder aquisitivo dos proprietários, demonstrando assim que o perfil da propriedade
está diretamente relacionado ao pecúlio dos piscicultores.
Um fator relevante no sistema produtivo é a qualificação da mão de obra
responsável pela produção de alevinos, onde tem sido possível alcançar resultados
técnicos e econômicos satisfatórios em propriedades que contam com mão de
obra mais experiente, tecnificada, comprometidas em seguir as recomendações de
boas práticas de manejo (Ono, 2011). Neste contexto, observou-se que o nível de
escolaridade dos produtores oscila do ensino médio ao ensino fundamental, sendo
o ensino médio o predominante (80%), podendo este ser um fator decisivo para
produção e tecnologia empregada. Ao caracterizar a piscicultura na Microrregião da
Baixada Cuiabana, no estado do Mato Grosso, Barros et al., (2011), apontou que 56%
dos produtores entrevistados possuíam o ensino superior, e ainda, que 87,5% dos
produtores realizaram cursos de capacitação aplicados à piscicultura, refletindo em
maior qualificação e desenvolvimento da atividade na região supracitada.
A ausência de conhecimento técnico se trata de um entrave para a piscicultura
paraense, resultando em empreendimentos baseados em manejo e instalações
inadequados, tanto do ponto de vista produtivo como do ambiental (Brabo, 2014). Tal
ausência de conhecimento corrobora com nossos levantamentos que apontam para
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
154
uma piscicultura baseada em conhecimentos empíricos, ausência de mão de obra
qualificada e instalações inadequadas.
Com relação aos equipamentos, apenas 36% das propriedades possuem
alguns dos equipamentos básicos necessários para o desenvolvimento da atividade
de larvicultura, são eles quarentenário, aeradores, lupa ou microscópio e caixa para
transporte de peixes vivos (Tabela 1).
De acordo com a análise das informações das propriedades, assim como dos
indicadores de equipamentos das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, foi
possível observar que as propriedades apresentaram uma grande variação tanto na
área total dos empreendimentos (ha) (114,12 ± 117,81), quanto na área em lâminas
d’água (m²) (7,42 ± 7,36), destinada para a produção de alevinos (Tabela 2).
De acordo com o Diário Oficial do Mato Grosso (2006), as pisciculturas do estado
classificam-se quanto sua área de lâmina d´água em: micro, até 1 ha; pequena, entre
1,1 e 5 ha; média, entre 5,1 e 50 ha e grande, quando maior que 50 hectares. Barros et
al, (2011), atestou em seu trabalho, que a Microrregião da Baixada Cuiabana, possui
grande área de lâmina d’água, com escala de produção superior a outras regiões
do país, onde cerca de 75% dos empreendimentos classificaram-se em pequeno
e médio porte, e os restantes (25%) em grande porte ( ˃ 50 ha de lâmina d'água).
Nossos resultados apresentam uma grande variação na área de lâmina d’água (m²),
impossibilitando classificar o sistema de produção na região.
Neste estudo, o número total de viveiros das propriedades é de 197, onde
desse total, 36,04% (71 viveiros) correspondem à alevinagem, 17,77% à estocagem
de reprodutores (35 viveiros) e 47,19% destinados à engorda de peixes de diversas
espécies, dentre elas o pirarucu.
Quanto à origem da água utilizada nos viveiros, 60% fazem uso de represamentos
na propriedade por meio de tanques de captação, os restantes dividem-se em
canalização de água de córrego, e olho d'água na propriedade (Figura 3).
Com relação à qualidade da água utilizada, todos os empreendimentos
realizam algum tipo de avaliação de pelo menos um parâmetro, e 33,4% realizam o
monitoramento exclusivamente do pH da água, em diferentes frequências, que vão de
3 a 4 vezes ao dia, a uma vez por mês. Mesmo o pirarucu sendo um peixe considerado
rústico, por sua aparente tolerância às faixas de pH entre 5,0 e 11,5 (Sebrae, 2010), e
presença de amônia na água (Sebrae, 2010), este peixe possui preferência por águas
calmas (Andrade, 2013), de boa qualidade, com temperaturas entre 24 e 37°C, ideal
inclusive para a reprodução (Andrade, 2013). A alcalinidade e dureza totais são fatores
com pouca influência na fase de engorda (Sebrae, 2010), mas são muito relevantes na
alevinagem e recria (Sebrae, 2010). Nossos dados sugerem, que uma das possíveis
causas de problemas na reprodução e alevinagem seja a falta de controle sistemático
com a qualidade da água, o qual interfere em vários outros processos dentro da cadeia,
como por exemplo metabolismo, imunidade e taxa de mortalidade nas fases jovens.
O relato de incidência de doenças nas propriedades foi de 40%, e destes, 50%
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
155
correspondem à tricodina (Trichodina spp.) e monogenóides (Monogenoidea) em todas
as fases de produção do pirarucu, os 50% restantes correspondem exclusivamente à
monogenóides também em todas as fases da cadeia produtiva do peixe. A prevenção
de problemas de infestação por protozoários parasitos como Trichodina, Odinium,
trematódeos monogeneos (Gyrodactylus, Dactilogyrus) e por nematódeos do trato
digestivo, demanda da manutenção de peixes bem nutridos, tanques limpos e com
uma boa qualidade de água (Sebrae, 2010).
Quando questionados quanto à utilização de algum tipo de tratamento, cerca de
80% dos produtores afirmaram fazer uso, prescrito por profissional competente, e de
eficiência satisfatória. Dentre os tratamentos mais citados em ordem de prioridade foram
o uso de antibióticos, probióticos preventivos, cloreto de sódio e formol. Entretanto, em
nenhum momento os produtores relataram algum tipo de preocupação com relação a
resíduos que podem ser deixados na natureza pelos diferentes tratamentos utilizados
no sistemas de cultivo, levando-nos a pensar que a falta de conhecimento pode ser
uma hipótese para problemas residuais que se acumulam no ambiente.
Quando questionados sobre reprodução, especialmente sobre o método utilizado
para selecionar as matrizes e determinar a maturidade sexual; como esperado, 100%
dos produtores responderam utilizar-se de observações quanto ao fenótipo do animal,
80% avaliam características morfológicas externas e apenas em uma propriedade
solicita-se os serviços de um profissional, o qual realiza por meio de um equipamento
ultrassom a classificação do sexo dos animais. Além disso, os produtores salientaram
que não são formados casais com animais da mesma ninhada, a fim de evitar problemas
decorrentes da consanguinidade; entretanto, nenhum produtor utiliza marcação por
microchip ou métodos de genotipagens. De acordo com Carreiro (2012), durante
o processo de seleção e formação de casais torna-se imprescindível a utilização
de técnicas que visem distinguir previamente o sexo dos peixes, como ultrassom,
laparoscopia, marcadores moleculares, ou empiricamente por meio de caracteres
morfológicos. Desta forma, é possível sugerir que exista algum grau de parentesco
entre os animais entre e intra-propriedades, já que não existe um controle criterioso e
técnico quanto ao fundo genético dos reprodutores.
A formação de casais é necessária para que ocorra a reprodução natural,
possibilitando a estocagem de um casal de pirarucu por tanque, divisão considerada
como eficiente em plantel de reprodutores (Sebrae, 2013). Com intuito de melhorar
a produção, uma estratégia tem sido utilizada baseando-se em colocar vários peixes
juntos, deixando-os escolher seus próprios pares, porém demanda de maior tempo,
e a eficiência ainda não foi comprovada (Sebrae, 2010; Sebrae, 2013). Entretanto,
em nenhuma das propriedades visitadas é utilizado mais de um casal por tanque, e
não se realiza indução hormonal, ocorrendo consequentemente reprodução em meio
natural no próprio tanque, onde são coletados os alevinos, a partir de três centímetros.
Além disso, em nenhuma propriedade conseguiu-se reproduzir 100% dos casais
formados, sugerindo que os produtores ainda não encontraram o melhor método para
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
156
reprodução, dependo ainda de desovas naturais que ocorrem ao acaso. Segundo
relato dos próprios produtores, ¨a reprodução ainda é um grande obstáculo a ser
vencido¨, especialmente por não conseguirem a reprodução na maioria dos casais
formados na propriedade.
A idade das matrizes utilizadas, variam de 5 a 12 anos (média de 5,75 ± 3,18
anos) com um peso médio em estado reprodutivo de 77,5 Kg, apresentando ninhadas
com no máximo 3.500 alevinos.
Na fase de alevinagem, a mortalidade normalmente é baixa, pelo fato de não
ocorrer canibalismo entre os membros dessa espécie, e também porque os pais
protegem a prole (Imbiriba, et al., 1996 apud Imbiriba, 2001). Porém, de acordo com
Ono et al., (2004), a taxa de sobrevivência de um cardume com 5.000 a 6.000 juvenis
medindo 3 a 4 cm via de regra não supera 10% após 3 a 4 semanas, quando estes
atingem 8 a 10 cm, mesmo sob a guarda dos pais. Dentre os dados levantados desta
pesquisa, as ninhadas dos casais em cativeiro apresentaram de 400 a 3.500 alevinos,
da menor e maior ninhada respectivamente, medindo entre 5 e 10 centímetros, assim
que capturados, são transferidos aos berçários, não apresentando qualquer controle
quanto ao índice de sobrevivência dos mesmos, ou seja, os produtores não souberam
responder a taxa de sobrevivência dos alevinos produzidos.
No que se refere ao arraçoamento, o teor de proteína fornecido na ração inicial
(0,5 - 0,8mm) varia entre 40-55% de proteína bruta (PB), alimentados até 5 vezes
por dia. Para Ono & Kehdi (2013), produtores de pirarucu devem optar por rações
que sejam compostas por no mínimo 40% de PB. No entanto, foi observado que nos
empreendimentos o controle da biomassa de estocagem tanto das matrizes quanto
dos alevinos apresentava-se deficitário e não se realizava biometrias e seleção
durante a fase de alevinagem. Para Lima et al., (2017), a granulometria do pélete,
quantidade de ração e número de refeições, só podem ser definidos a partir de
biometria, manejo que consiste em aferições de tamanho, peso e número estimado de
peixes por m3, possibilitando o cálculo do peso de determinado lote (biomassa) em um
viveiro. Desta forma, fica claro que tanto o excesso quanto a carência de ração podem
ser problemáticos para o sistema produtivo, alterando parâmetros de qualidade de
água ou levando a desnutrição, respectivamente; ocasionando em ambos os casos
problemas com doenças, baixo peso e consequentemente queda na produção.
Quanto ao escoamento da produção, a mesma ocorre principalmente pela venda
direta a produtores de engorda ou por meio de atravessadores (45,46%). O restante
da produção destina-se a piscicultores de outros Estados (Figura 4), demonstrando
que a região tem potencial para vender o que está produzindo e apresenta-se em uma
zona estratégica para logística do setor.
Quando questionados sobre as perspectivas da produção de peixe, em todos os
empreendimentos houve o desejo de expandir o negócio, embora reconhecendo as
dificuldades, que na maior parte das vezes estão diretamente ligadas à reprodução
desta espécie em cativeiro e consequente oferta irregular dos alevinos no mercado,
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refletindo diretamente no elevado custo produtivo (Pedroza et al., 2016).
4 | CONCLUSÕES
1. A produção de alevinos de pirarucu comporta-se como um importante elo da
cadeia produtiva dessa espécie de peixe na Mesorregião Sudeste Paraense,
entretanto, concentra-se em apenas cinco produtores de alevinos de quatro
municípios.
2. No contexto atual da piscicultura Paraense, observa-se que muitas vezes
os laboratórios de produção de alevinos não possuem qualquer tipo de
planejamento, gestão ou até mesmo conhecimento técnico, desta forma os
insucessos dos empreendimentos são frequentes.
3. É possível reforçar a necessidade de implementação de trabalhos conjuntos
entre produtores e instituições de pesquisa/extensão e fomento, visando
difundir a produção, por meio de programas de melhoramento genético
e tecnológico; planejamento e gestão, que visam à redução dos custos,
garantindo sustentabilidade.
4. Para que o setor piscícola desenvolva-se no estado do Pará é fundamental
que haja disponibilidade de “sementes”, ou seja, alevinos de boa procedência
para serem cultivados e comercializados.
5. Os entraves verificados ao longo da pesquisa acabam por desestimular a
atividade e interferem diretamente na cadeia produtiva das espécies nativas
produzidas no estado, deixando enfraquecida, diante da piscicultura de outros
estados e pescados importados. Logo, melhorar os resultados zootécnicos
dos peixes nativos assim como gerenciamento de sua cadeia produtiva são os
atuais desafios da piscicultura Paraense.
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ONO, E.; KEHDI, J. Manual de Boas Práticas de Produção do Pirarucu em Cativeiro. Sebrae, 46p,
2013.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
159
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2013.
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Porto Velho, 2010.
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Aberdeen, Escócia, 2016. Disponível em: <https://www.embrapa.br/ 18797150/aquicultura-brasileiracresce-123-em-dez-anos>. Acesso em 21 de Dez de 2016.
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gigas). Embrapa Pesca e Aquicultura, 24p, 2015.
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Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) - Universidade Federal Rural da Amazônia, 2010.
TABELAS E FIGURAS
Lupa ou microscópio
Sim
(%)
60
20
20
Não
(%)
40
80
80
Caixa de transporte para peixe vivo
80
20
Indicadores de Equipamentos
Quarentenário
Aeradores
Tabela 1. Indicadores de equipamentos das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na
Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016.
Fonte: Dados da pesquisa, safra 2015/2016
Informações da propriedade
Total
Mínimo
Máximo
Média
Desvio
padrão (±)
Área da propriedade (ha)
Número de funcionários
570,6
37,1
22
3
2,2
1
425
20
7
114,12
7,42
4,4
177,81
7,36
2,7
Número de viveiros utilizados para alevinagem
(unid)
71
5
30
14,2
9,44
Área dos viveiros de alevinagem (m²)
52.100
2.100
21.000
10.420
6.919,68
Nº de viveiros utilizados na estocagem de
reprodutores (unid)
35
4
12
7
3,32
Área dos viveiros para a estocagem de
reprodutores (m²)
197.700
3.200
Profundidade dos viveiros das UPAs (m)
9,39
1,4
Lâmina d’ água (ha)
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
144.000 39.540
4,39
1,88
Capítulo 18
59.092
1,59
160
Área dos laboratórios de reprodução e
larvicultura (m²)
722
80
232
144,4
101,57
Tabela 2. Informações referentes às instalações das unidades produtoras de alevinos de
pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016.
Fonte: Dados da pesquisa, safra 2015/2016
Figura 1. Municípios da Mesorregião Sudeste Paraense produtoras de alevinos de pirarucu,
safra 2015/2016.
Figura 2. Quantitativo de reprodutores / matrizes de pirarucu em cada unidade produtora de
alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016.
Figura 3. Origem da água utilizada nas unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na
Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
161
Figura 4. Escoamento da produção das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na
Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 18
162
CAPÍTULO 19
doi
PRÁTICAS DE MANEJO E ABATE EM SISTEMA
RANCHING DE CRIAÇÃO DE JACARÉ (Caiman yacare) EM
COOPERATIVA NO PANTANAL
MATO-GROSSENSE
Natalia Bianca Caires Medeiros
Programa de Pós Graduação em Produção
Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal
- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia–
UFRA, Parauapebas, PA – Brasil.
Erica Vanessa Xavier de Almeida
Médica Veterinária, Fazenda Santo Expedito,
Porto Esperidião, MT – Brasil.
Marcela Cristina Flexa do Amaral
Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Parauapebas, PA – Brasil.
Drausio Honorio Morais
Manejo e Conservação de Fauna Silvestre,
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Monte Carmelo, MG – Brasil.
Marília Danyelle Nunes Rodrigues
Programa de Pós Graduação em Produção
Animal na Amazônia, Campus Parauapebas,
Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade
Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, PA,
Brasil.
RESUMO: A cadeia produtiva de criação de
jacarés em cativeiro no Brasil apresentou
crescimento gradual a partir da regulamentação
na década de 90, da utilização de Jacaré do
Pantanal em sistemas de criação com finalidade
comercial, proporcionando alternativas para
a obtenção de produtos como carne e peles,
resultando em menor pressão sob os animais
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
mantidos na natureza, por parte de caçadores
ilegais. Tendo em vista a crescente utilização
de fontes proteicas alternativas, o estudo dos
manejos envolvidos na criação de jacarés com
intuito comercial, servem como embasamento
para a criação e processamento, e ainda,
atuam como ferramenta para análises de
viabilidade comercial entre produtores e
investidores interessados em dinamizar seus
empreendimentos.
PALAVRAS-CHAVE:
Carne
de
jacaré,
Comercial, Produção, Silvestre.
ABSTRACT: The production chain of alligators
in captivity in Brazil, presented a gradual
increase from the regulation in the 90s, of the
use of Jacaré do Pantanal in systems of creation
with commercial purpose, providing alternatives
for obtaining products such as meat and skins,
resulting in less pressure on animals kept in the
wild by poachers. Considering the increasing
use of alternative protein sources, the study
of the management involved in the creation
of commercial alligators, serves as a basis for
creation and processing, and also acts as a
tool for commercial viability analyzes between
producers and investors interested in dynamize
their ventures.
KEYWORDS: Caiman meat, Commercial,
Production, Wild.
Capítulo 19
163
1 | INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva brasileira de criação de jacarés em cativeiro apresentou
crescimento gradual a partir da portaria 126/1990 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a qual regulamenta a utilização de
jacaré do Pantanal (Caiman yacare) em sistemas de criação com finalidade comercial
(AZEVEDO, 2007; PIRAN, 2010).
Conforme Souza et al. (2014), o Brasil trata-se de um país que apresenta
condições favoráveis à exploração sustentável de crocodilianos nativos, a qual já
ocorre por meio de criatórios licenciados, comprometidos em manter a biodiversidade,
contribuindo de certa forma para a conservação além de proporcionar mais uma opção
de fonte proteica de origem animal.
Na década de 90, produtores rurais interessados em produzir jacaré do pantanal,
conquistaram licenças junto ao IBAMA, que garantiram o estabelecimento de criadores
comerciais (MOURÃO, 2000).
A COOCRIJAPAN, Cooperativa de Criadores de jacaré-do-pantanal, localizada
no Município de Cáceres, no Mato Grosso, atua no ramo da produção em cativeiro de
jacaré no sistema semi-intensivo (Ranching), onde os ovos dos animais são coletados
nas propriedades dos cooperados, transportados até a sede com a finalidade de
criação e abate. A cooperativa é considerada como um dos empreendimentos mais
organizados da cadeia de produção de jacaré, por dominar absolutamente todos os
elos da cadeia produtiva, inclusive de frigorífico com registro no Serviço de Inspeção
Federal (SIF), responsável pelo abate dos animais, destinados à comercialização de
pele e carne (PIRAN, 2010).
Devido ao crescimento gradual da produção em cativeiro de espécies silvestres
de interesse comercial, como é o caso do jacaré do Pantanal, o objetivo deste
capítulo consiste em retratar as atividades desempenhadas no âmbito de manejo e
processamento de carnes, em um dos maiores criatório-frigoríficos de crocodilianos
do mundo, e o primeiro com Serviço de Inspeção Federal - SIF do Brasil.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal Ltda,
fundada em 1991, por um grupo de fazendeiros do pantanal, preocupados com a
conservação do meio ambiente e com o intuito de preservar o jacaré (Caiman yacare),
bem como criar uma fonte de renda alternativa, de forma a aproveitar racionalmente
um recurso natural e sustentável.
A COOCRIJAPAN localiza-se na Avenida Tannery, S/n°, Quadra Industrial, no
Bairro Setor Industrial, CEP: 78.200-000, no Município de Cáceres, MT, Coordenadas
geográficas: DATUM SIRGAS2000 - W: 57°42’08,90’’ - S: 16°07’32,50’’.
O setor de criação, frigorífico e administrativo da Coocrijapan possui área
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
164
de 12 hectares, que ao longo dos seus 26 anos de existência vêm investindo em
infraestrutura, equipamentos, pesquisas e inovação no que se refere à criação e abate
de Jacarés (Figura 01).
Figura 01. Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, 2017.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Instalações
A área da criação contém 07 galpões cobertos com telhas de amianto, vitrôs e
porta, onde destes, 06 galpões são destinados à criação, e 01 para preparo ao abate.
Tais galpões cobertos contam com 42 tanques de superfície (animais de 60 dias até
um ano) e 22 sobrepostos (até 60 dias de vida) (Figura 02).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
165
Figura 02. Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos.
Além destas, a criação possui e utiliza 26 baias redondas anti-stress, com diâmetro
de 50m, pé direito de 60cm, e teto coberto por sombrite 70%, que se estende até à
altura média do pé direito em dias de frio (durante o inverno). Dentre as instalações,
ocorre a utilização de 02 áreas com recinto aberto para o bem estar animal, destinado
aos animais com problemas de locomoção e 01 sala de processamento do alimento a
ser fornecido aos animais (Figura 03).
Figura 03. Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C)
Sala de processamento de alimentos.
Quanto ao setor frigorífico, o mesmo conta com sala de abate, sala de
tratamento prévio de peles e sala de desossa, a qual possui câmara de resfriamento,
setor de pesagem e embalagem, túnel de congelamento e sala refrigerada para o
armazenamento das caixas contendo as embalagens. O FRIJAPAN (Frigorífico da
Coocrijapan) possui capacidade de abate diário de até 300 animais por dia.
3.2 Práticas de manejo na criação
A criação, divide-se em 03 fases: cria dos filhotes (até 60 dias), animais em recria
(61 dias a 1 ano) e engorda-terminação (1 a 2 anos).
Após a coleta e eclosão dos ovos nas fazendas pantaneiras (13 fazendas), os
animais são encaminhados até à sede da Coocrijapan em monomotor, impreterivelmente
nos primeiros dias de vida, em voos com duração máxima de 3 horas. Ao chegar ao
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
166
criatório, são transferidos para baias sobrepostas localizadas no galpão de número
01, e lá, são alimentados exclusivamente com vísceras bovinas finamente moídas. A
limpeza das baias dos filhotes ocorre apenas 01 vez ao dia, com o intuito de evitar o
estresse, que se encontram geralmente em fase de cria no período do inverno, onde
em dias mais frios, o consumo de alimentos desses animais fica reduzido, possuindo
pouca reserva corporal e que, conforme os tratadores trata-se de uma das fases de
maior preocupação devido à elevada mortalidade (Figura 04).
Figura 04. Filhotes da Coocrijapan. A) Filhote sobre monomotor utilizado na transferência
desses animais da fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida.
Após o consumo de todo o alimento, cerca de 6 horas após o fornecimento,
as baias sobrepostas são limpas, e durante o processo, verificando-se o estado da
região do vazio dos animais (abdômen) confirmando se todos tiveram a oportunidade
de consumir o alimento. Os animais permanecem alojados em mini baias de 1m x
1,5m em lotes de 60 animais em média e são alimentados com cerca de 1kg baia -1 de
filhotes dia -1. Quanto aos animais em recria (Figura 05), estes são alojados em baias
sob as baias de cria, as quais são higienizadas uma vez ao dia, e alimentados a cada
02 dias, com densidade média de um animal/0,25m², consumindo cerca de 0,400 kg
animal-1.
Figura 05. Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. Em primeiro plano, Jacaré albino
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
167
(Bento), mascote da cooperativa, e em segundo plano, animais em recria amontoados.
Os animais com mais de 1 ano, são transferidos para as baias redondas anti-stress,
devido à importância e necessidade em manter maior cuidado com os animais nesta
fase, visto seus comportamentos estereotipados constantes, indicadores de stress.
A limpeza comum das baias ocorre diariamente, de segunda a sábado, geralmente
todas as manhãs, realizada por 02 funcionários trajados de avental plástico, botas de
plástico, luvas, vassoura e rodo/baia. Entretanto, a cada 30 dias é retirado o lodo do
piso por meio de uma lavadora de pressão, sem o uso de produtos químicos.
Os animais em fase de engorda são alimentados pela tarde a cada 02 dias
(Figura 06).
Figura 06. Manejo alimentar. Fornecimento de dieta.
3.3 Processamento de alimento para os animais
Devido ao hábito carnívoro dos crocodilianos, são fornecidas vísceras bovinas
(congeladas), que serão cortadas em frações menores, passíveis de serem moídas,
e misturadas a suplemento mineral e ração (peixe carnívoro) com cerca de 50% de
PB, por meio de mistura em equipamento betoneira. Fornecidos apenas para animais
em fase de engorda/terminação, a cada 02 dias. Para filhotes e animais em recria são
fornecidas exclusivamente vísceras bovinas (Figura 07).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
168
Figura 07. Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas, prontas
para a mistura; B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de mistura
das vísceras, ração e suplemento mineral.
3.4 Manejo Pré-Abate
O manejo pré-abate consiste na prática de selecionar e transferir das baias
redondas ao galpão de preparo ao abate com cerca de 48 horas de antecedência, os
animais que serão abatidos posteriormente. Essa seleção irá depender dos pedidos
encaminhados do setor de vendas para a administração da criação. Caso os pedidos
sejam referentes a algum corte específico, como o filé de cauda, serão selecionados
machos maiores, caso seja coxa desossada, serão selecionadas fêmeas maiores,
pedidos específicos de animais inteiros para eventos de churrasco prefere-se animais
com cerca de 1 ano e 8 meses, e dependendo do comprimento do couro solicitado,
pode-se abater animais mais jovens ou mais velhos.
Os animais são transferidos em tambores plásticos adaptados com rodas até ao
galpão de preparo ao abate, são pesados em grupos de 10 animais, para que possa
ser realizado o romaneio, e após esta etapa, são colocados em tanques azulejados
para o jejum de 48 horas, assim como o tratamento com água clorada (5ppm) às
12h00 min AM do dia anterior ao abate, até as 07h00min AM do dia destinado ao abate
do referido lote, onde os animais irão passar pelo processo de lavagem e esfrega e
encaminhados à sala de abate (Figura 08).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
169
Figura 08. Manejo pré-abate dos animais. A) Jacarés após o banho em cloro; B) Lavagem dos
jacarés.
3.5 Abate
Os animais são transferidos finalmente de 10 em 10 animais à área interna da
sala de abate, por meio de uma janela de comunicação entre o meio externo e interno
à instalação, desaguando no tanque de recepção, previamente preparado com água
clorada (máx. 0,5ppm) e solução desinfetante a base de iodo (Biofor®) (Figura 09).
Figura 09. Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN, 2017.
Os animais são retirados do tanque, apoiados em uma mesa própria adaptada
com uma focinheira que minimiza o stress e evita que o animal tenha movimentos
bruscos, onde é realizado o processo de insensibilização de forma rápida, humanitária
e eficaz, por meio de uma pistola pneumática modelo Zilka, desenvolvida pela Embrapa
Pantanal (Figura 10).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
170
Figura 10. Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção
de jacarés; B) Insensibilizador adaptado para atordoamento de jacarés; C) Atordoamento de
jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.
Desenvolvida especialmente para a prática de abate humanitário de jacarés, a
pistola Zilka causa respostas de sensibilidade nos jacarés baseadas em um rápido
estado de inconsciência e incapacidade de respostas a estímulos externos, garantindo
a inconsciência até a sangria. Pode ser usada também para abate de outros animais
criados em cativeiro (ovinos e caprinos) ou animais oriundos de manejo na natureza
(CAMPOS, COUTINHO & OLIVEIRA, 2005).
Após sofrer uma contusão cerebral devido o atordoamento, o animal é alocado
em uma mesa suporte, onde é realizado o corte no fim da nuca, deixando expostas as
vertebras cervicais, onde será realizada a desmedulização, que consiste em cessar os
movimentos dos animais, e posteriormente o animal será içado para que o restante de
sangue seja drenado, momento o qual o animal definitivamente é abatido (Figura 11).
Figura 11. Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor
das vértebras cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de
finalização da sangria, COOCRIJAPAN, 2017.
O próximo passo é a lavagem do animal, aplicação de ácido cítrico (borrifado),
e oclusão do reto com algodão embebido de solução antisséptica à base de iodo
(Biofor®), para que seja realizado o risco da pele, a depender do corte de couro
solicitado previamente, o qual pode ser o corte Belly, caracterizado por destacar a pele
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
171
ventral do animal, e Horn Back, o qual evidencia a pele dorsal (Figura 12).
Conforme a normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento de
n° 914, de 12 de setembro de 2014, durante o abate, deve-se dispor de dispositivos
dentro da instalação, para a higienização de utensílios e equipamentos utilizados no
processo, que promovam a sanitização com água renovável à temperatura mínima
de 82,2º C (oitenta e dois inteiros e dois décimos de graus Celsius) ou o emprego de
substâncias saneantes, de forma que contemple todas as operações. Além disso, facas,
chairas e demais utensílios utilizados devem ser higienizados em intervalos regulares
estabelecidos nos programas de autocontrole da empresa durante os procedimentos
da seção. Ainda, nas operações de oclusão de reto, os instrumentos e facas utilizados
devem ser higienizados a cada operação (MAPA, 2014).
Após o risco, as patas são destacadas da carcaça, e o restante segue na linha
aérea. Em um próximo setor, a pele é completamente retirada da carcaça, devido
à importância dessa fase, deve-se um controle preciso da atividade, necessitando
de severas observações, onde a mão do colaborador que toca na pele para apoiar,
não deve ser a mesma que toca no músculo do animal, evitando a contaminação
da carcaça por bactérias, inclusive a Salmonella spp. Após a retirada, as peles são
destinadas à área suja de peles, por meio de uma janela de comunicação dentro da
instalação, onde ocorre a raspagem de restícios de músculo na pele.
Figura 12. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada
de pele de jacaré-do-pantanal; B) Retirada da pele.
A próxima etapa é a retirada das íscas, músculos dos masseteres, parte interna
da cabeça do jacaré, a qual é removida da carcaça, e destinada ao setor de tratamento
para artesanatos.
Posteriormente ocorre a oclusão do reto e esôfago, para que seja realizada
a evisceração e retirada específica de gordura visceral e do baço da carcaça, os
quais são armazenados para serem exportados para a indústria farmacêutica de
diferentes países. Após esse processo, ocorre a lavagem e inspeção da carcaça, e
encaminhamento para a área limpa de processamento, onde será realizado a pesagem
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
172
da carcaça, e armazenamento em câmara de resfriamento algumas horas (cerca de 4
horas) antes do processamento (1-5°C) (Figura 13).
Figura 13. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças
de jacaré; C) Armazenamento em câmara de resfriamento.
3.6 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal
O processamento da carne e embalagem ocorre no período da tarde, todos
os dias em que se tem o abate de animais, em sala climatizada com temperatura
inferior a 10 °C. Tal processamento consiste na desossa específica e divisão em cortes
comerciais de carne de jacaré-do-pantanal (Figura 14).
Figura 14. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B)
Localização dos cortes, COOCRIJAPAN, 2017.
Assim que desossados, os cortes de jacaré, e os animais separados para serem
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
173
comercializados inteiros são encaminhados à sala de embalagem, onde será realizada
a separação em cortes (visto que cada corte possui um rótulo e um valor), pesagem,
embalo e selagem das embalagens devidamente rotuladas.
Uma vez embaladas, os pacotes são colocados em caixas, e encaminhados ao
túnel de congelamento rápido, onde as carnes deverão atingir -25°C em até 24 horas.
Enquanto isso, caixas de papelão (embalagens secundárias) são montadas em uma
sala anexa, e assim que retiradas do túnel de congelamento, as embalagens primárias
são transferidas para caixas de papelão (16 embalagens/caixa), contendo o peso total
por cortes e o lote devidamente identificados, encaminhadas ao túnel de resfriamento
e armazenamento com temperatura média inferior à -18°C, permanecendo lá até a
expedição (Figura 15).
Figura 15. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de
congelamento; B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e
armazenamento, COOCRIJAPAN.
Conforme a Normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento
(MAPA) N° 914, de 12 de setembro de 2014, produtos congelados devem ser mantidos
à temperatura máxima de -12°C em túneis de congelamento, e não devem ser
expedidos produtos congelados em temperaturas maiores que -12°C (MAPA, 2014).
A expedição é realizada diariamente, a depender do cronograma de entregas da
empresa, e dos clientes que costumam buscar in loco, aproveitando para fazer uma
visitação pela cooperativa.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
174
4 | CONCLUSÕES
Diante do exposto, é possível cravar a relevância de profissionais das ciências
agrárias na criação de jacarés, visto que estes profissionais são responsáveis por
coordenar e auxiliar em práticas de manejo nutricional e bem-estar dos animais, fatores
importantes para a sustentabilidade produtiva.
REFERÊNCIAS
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e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) - Universidade Federal Fluminense.
Niterói, RJ, 2007.
CAMPOS, Z; COUTINHO, M.E.; OLIVEIRA, T.M. Abate Humanitário de Crocodilianos. Circular
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de 13 de Fevereiro de 1990.
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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 19
175
CAPÍTULO 20
doi
PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CÃES
DA CIDADE DE JATAÍ-GO
Fernanda Regina Cinelli
Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/
CIAGRA
Jataí-Goiás
Vera Lúcia Dias da Silva
Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/
CIAGRA
Jataí – Goiás
exames parasitológicos de fezes com cães
compreendendo o período de agosto de
2015 a agosto de 2016, além de promover a
conscientização sobre esse assunto através
da informação entre alunos, sociedade e
professores.
PALAVRAS-CHAVE:
Cães,
helmintos,
parasitológico de cães, saúde pública;
Luana Grazielle Oliveira Silva
Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/
CIAGRA
Jataí-Goiás
Josielle Nunes Silva
Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/
CIAGRA
Jataí-Goiás
Rodolfo Medrada de Oliveira
Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/
CIAGRA
Jataí-Goiás
RESUMO: Com a aproximação maior ente cães
e seres humanos surge novas preocupações,
tanto com o cuidado da saúde animal quanto
com a saúde pública. São os casos de
parasitoses intestinais que acometem os cães
e que também podem ser transmitidas aos
homens. Este trabalho tem como finalidade
avaliar a prevalência de parasitos intestinais
de cães na cidade de Jataí-GO através de
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
ABSTRACT: With the greater proximity between
dogs and humans, new concerns arise, both
with regard to animal health and public health.
These are cases of intestinal parasites that
affect dogs and can also be transmitted to men.
This work aims to evaluate the prevalence of
intestinal parasites of dogs in the city of Jataí-GO
through parasitological examinations of feces
with dogs comprising the period from August
2015 to August 2016, in addition to promoting
awareness on this subject through information
between students, society and teachers.
KEYWORDS: Dogs, helminths, parasitological
of dogs, public health
1 | INTRODUÇÃO
As parasitoses são doenças de grande
importância para a higidez animal e de saúde
pública. Diversos parasitos gastrintestinais que
utilizam o cão como hospedeiro definitivo ou
Capítulo 20
176
intermediário, podem ser transmitidos ao homem e causar doenças (BARNABE et al,
2015).
As parasitoses gastrintestinais estão entre as doenças mais freqüentes e
importantes dos cães neonatos e jovens. Helmintos, como Toxocara spp. e Ancylostoma
spp., devido ao seu potencial zoonótico são considerados um problema de saúde
pública (ARAÚJO, 2006; RIBEIRO et al., 2015).
Com avaliação da prevalência de parasitas intestinais, espécies e grau de
infestação em cães da cidade de Jataí-GO, simultaneamente estaremos auxiliando
em protocolos adequados de tratamento e prevenindo a doença no animal.
2 | OBJETIVOS:
Avaliar a prevalência de parasitos intestinais na cidade de Jataí/GO, estabelecer
a porcentagem de ocorrência entre helmintos e protozoários, por meio de exames
parasitológicos de fezes, com cães. Fornecer esclarecimentos para a população alvo
sobre maneiras de prevenção contra parasitoses intestinais e prescrição medicamentos
em casos positivos ao exame de fezes. Promover a conscientização através da
informação e a interação entre alunos, sociedade e professores.
3 | METODOLOGIA:
Posteriormente à aplicação de um questionário (Figura 1 e 2) sobre hábitos
alimentares, higiênicos e de vida era coletada amostra de fezes. Foram coletadas
31 amostras de fezes de diferentes cães, de várias idades e ambos os sexos do
município de Jataí-GO, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016. As amostras
de fezes coletadas foram conservadas em solução conservante ou em refrigeração e
encaminhadas para o Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias da Universidade
Federal de Goiás, Regional Jataí, Campus Jatobá. Para realizar os exames
parasitológicos de fezes foi utilizado o método enriquecimento por sedimentação
espontânea (HOFFMAN et al., 1934). Quando se obtinha um resultado positivo era
prescrito o tratamento adequado.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 20
177
Figura 1: Inicio do questionário
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 20
178
Figura 2: Continuação do questionário
4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram analisadas no total 31 amostras de fezes de cães, onde 10 (32,26%)
amostras apresentaram resultado positivo para algum parasito de importância clínica
animal e humana e 21 (67,74%) foram negativas. A frequência verificada dos parasitos
em infecção simples foi a seguinte: 5 (16,13%) foram ovos de Ancylostoma sp., 2 (6,45%)
Toxocara spp., 1 (3,22%) Dipylidium caninum, 1 (3,22%) Strongyloides e 1 (3,22%)
oocisto de Isospora sp. Nos casos positivos para Ancylostoma sp e Strongyloides sp
o tratamento indicado foi febendazole ou ivermectina e nos casos de Isospora sp a
terapêutica recomendada foi a sulfa.
Concordando com ARAÚJO (2006), FARIAS et al. (2013), RODRIGUES et al.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 20
179
(2014) e RIBEIRO, et al. (2015), o gênero Ancylostoma é o mais prevalente. Sua
importância se dá pelo fato de seu alto potencial zoonótico, onde o ser humano se
infecta ao entrar em contato com larvas do parasito e este desenvolver a doença
denominada Larva migrans cutânea (LMC), causando uma dermatite pruriginosa,
perigo maior para crianças que tem o hábito de brincar em areia de parques infantis
e de suas próprias casas, constituindo um grande problema para saúde pública. Em
animais o parasito causa deficiência de ferro, anemia e perda de peso (RIBEIRO et
al., 2015).
No presente estudo Toxocara spp foi o parasita de segunda maior prevalência
corroborando com também estudo de RODRIGUES et al. (2014). Esse parasito é
responsável pela Larva migrans visceral, onde o ser humano se infecta ao ingerir ovos
em solos ou alimentos contaminados. A larva desse parasito não consegue atingir
a maturidade e por isso fica migrando erraticamente órgãos internos, acometendo
principalmente fígado e olhos (RODRIGUES et al., 2014; RIBEIRO et al., 2015).
Os resultados para Dipylidium caninum podem ser maiores devido ao fato desses
parasitos eliminarem nas fezes mais proglotes que ovos. Os animais se infectam ao
ingerirem pulgas (Ctenocephalides canis, C. felis e Pulex irritans) que atuam como
hospedeiros intermediários, contendo cisticercóides. Sua maior importância clínica
é recorrente ao incômodo pela reação pruriginosa na região anal (ARAÚJO, 2006;
URQUHART et al., 2008).
A infecção por Strongyloides spp se dá pela penetração ativa da larva na pele ou
pela ingestão da mesma. Geralmente trata-se de uma infecção rápida e assintomática,
não ocasionando danos maiores, mas é considerado um problema de saúde pública
pelo seu alto potencial zoonótico (RIBEIRO et al, 2015).
Quanto ao parasitismo por Isospora spp, muito provavelmente o cão acometido
se alimenta de restos de comida, que podem estar contaminados, e além disso está
mais exposto aos hospedeiros paratênicos (LINDSAY et al., 1997).
Através das perguntas do questionário foi possível esclarecer alguns hábitos que
estão intimamente relacionadas a prevalência de parasitoses, como se o animal se
alimenta exclusivamente de ração, o local onde se alimenta, se a água consumida é
filtrada, se o animal é vermifugado e qual a frequência que isso ocorre e se apresenta
ectoparasitos. Constatamos que 100% dos entrevistados não ofereciam água filtrada
e que cerca de 75% dos animais estavam com o calendário antiparasitário atrasado e/
ou deficiente e assim podemos correlacionar com a incidência de parasitos intestinais
encontrada.
Procedemos também com esclarecimentos e recomendações sanitárias
pertinentes sobre a importância das parasitoses intestinais para os cães e o homem
em forma de palestra, para alunos do Ensino Fundamental I e II e professores do
Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, visando melhorias na qualidade de vida
da população jataiense. Pois segundo COLLARES E MOISÉS (1989) a escola é o
local onde os programas de educação e saúde podem ter maior e melhor repercussão
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 20
180
porque podem abordar e influenciar o educando nas fases mais importantes de suas
vidas.
5 | CONCLUSÃO
Com esse estudo podemos concluir a importância no diagnóstico das parasitoses
afim de trata-las e preveni-las visando a qualidade de vida tantos dos animais quanto
do homem, devido ao fato que a maioria dessas parasitoses serem de caráter
zoonótico. Salientamos também a importância do médico veterinário e a parceria entre
a universidade e a população local para o controle e prevenção desses parasitos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. V. Helmintoses intestinais em cães da microrregião de Viçosa, Minas Gerais.
Revista Ceres. Viçosa, v. 53, n. 307, p. 363-365, 2006.
BARNABE, A. S.; FERRAZ, R. R. N.; CARVALHO, V. L.; MENEZES, R. G.; SILVA, L. F. C.; KATAGIRI,
S. Prevalência de parasitas intestinais em cães domiciliados na zona oeste da região
metropolitana de São Paulo. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa. Santos, v. 12, n. 27, p. 28-31, abr./
jun. 2015.
COLLARES, C. A. L.; MOISÈS, M. A. Educação, saúde e Formação da Cidadania. Revista
Educação e Sociedade, v, 10 n. 32, abr. 1989.
FARIAS, A. N. S.; SILVA, M.; OLIVEIRA, J. B. S.; ROCHA, L. B.; SANTOS, K. R. Diagnóstico de
parasitos gastrointestinais em cães do município de Bom Jesus, Piauí. Rev. Acad. Ciênc. Agrár.
Ambient., Curitiba, v. 11, n. 4, p. 431-435, 2013.
HOFFMAN, W. A.; PONS, J. A.; JANER, J. L. The sedimentation concentration method in
schistostosomiase mansoni. Journal of Public Health, Local, v.9, p.238-291, 1934.
LINDSAY, D. S.; DUBEY, J. P.; BLAGBURN, B. L. Biology of Isospora spp. from humans, non
human primates and domestic animals. Clinical Microbiology Revieus, v. 10, p. 19-34, 1997.
RIBEIRO, C. M.; LIMA, D. E.; KATAGIRI, S. Infecções por parasitos gastrintestinais em cães
domiciliados e suas implicações na transmissão zoonótica. Vet. e Zoote. Botucatu, v. 22, n. 2, p.
238-244, jun. 2015.
RODRIGUES, A. A. M.; CORRÊA, R. S.; SOUZA, F. S.; LISBÔA, R. S.; PESSOA, R. O. Ocorrência
de parasitos zoonóticos em fezes de cães em áreas públicas em duas diferentes comunidades
na Reserva Desenvolvimento Sustentável do Tupé, Amazonas. Revista Brasileira de Higiene e
Sanidade Animal. Fortaleza, v. 8, n. 3, p. 138-146, jul./set. 2014.
URQUHART, G. M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M.; JENNINGS, F. W. Parasitologia
Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 273p.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 20
181
CAPÍTULO 21
doi
RENDIMENTO CORPORAL DE CYPHOCHARAX VOGA
Welinton Schrӧder Reinke
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Daiane Machado Souza
Pelotas, Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Suzane Fonseca Freitas
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Paulo Leonardo Silva Oliveira
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Agronomia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Deivid Luan Roloff Retzlaff
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Luana Lemes Mendes
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Josiane Duarte de Carvalho
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Pelotas, Rio Grande do Sul
Rafael Aldrighi Tavares
Universidade Federal de Pelotas, Departamento
de Zootecnia
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
RESUMO: A espécie Cyphocharax voga tem
grande ocorrência em lagoas costeiras da
América Sul e no estado do Rio Grande do
Sul. É uma espécie de pequeno porte, com
baixo ou nenhum valor comercial, sendo
capturados de forma incidental junto aos
peixes de importância econômica. Estudos
relacionados aos rendimentos obtidos do
peixe é de importância econômica tanto para
indústrias de processamento de pescado
quanto para os pescadores. Sendo assim, o
presente trabalho teve como objetivo obter
o rendimento da espécie Cyphocharax voga
em 2 locais (Lagoa Mangueira e Canal São
Gonçalo), para verificar seu potencial para uma
possível aceitação no mercado consumidor. Os
peixes foram encaminhados ao laboratório para
serem processados. Nas biometrias obteve-se
o comprimento total (CT) em centímetros, peso
total (PT), peso do filé (PF) e peso do tronco
limpo (PTL) em gramas. Para obtenção do
rendimento de filé (RF) e rendimento de tronco
limpo (RTL) foram utilizadas as seguintes
equações, respectivamente: RF=PF/PT*100 e
Capítulo 21
182
RTL=PTL/PT*100. Após obter os resultados de rendimento foi calculado a média e o
desvio padrão, a análise estatística foi feita pelo programa BioEstat 5.0, comparando
os resultados dos locais onde foram feitas as coletas. Apresentou (RF) de 35,32% e
37,32% e (RTL) de 47,57% e 47,23% no Canal São Gonçalo e Lagoa Mangueira,
respectivamente. Pode-se observar que não houve diferença significativa em
nenhuma variável e que a espécie tem potencial para comercialização, apresentando
rendimentos semelhantes aos de espécies comerciais.
PALAVRAS-CHAVE: birú; fauna acompanhante; pesca artesanal.
ABSTRACT: The species Cyphocharax voga has great occurrence in coastal lagoons
of South America and in the state of Rio Grande do Sul. It is a small species, with little
or no commercial value, being captured incidentally with fish of economic importance.
Studies related to fish yields are of economic importance both for fish processing
industries and for fishermen. Therefore, the present work aimed to obtain the yield of
the species Cyphocharax voga in two locations (Mangueira lagoon and São Gonçalo
Channel) to verify its potential for a possible acceptance in the consumer market. The
fish were sent to the laboratory for processing. In the biometrics, the total length (CT) in
centimeters, total weight (PT), fillet weight (PF) and clean torso weight (PTL) in grams
were obtained. To obtain fillet (RF) yield and clean trunk yield (RTL), the following
equations were used, respectively: RF = PF / PT * 100 and RTL = PTL / PT * 100. After
obtaining the yield results the mean and the standard deviation were calculated, the
statistical analysis was done by the program BioEstat 5.0, comparing the results of
the places where the collections were made. It presented (RF) of 35.32% and 37.32%
and (RTL) of 47.57% and 47.23% in the São Gonçalo Channel and Mangueira lagoon,
respectively. It can be observed that there was no significant difference in any variable
and that the species has potential for commercialization, presenting yields similar to
those of commercial species.
KEYWORDS: birú; accompanying fauna; fishing.
1 | INTRODUÇÃO
A família Curimatidae envolve várias espécies de peixes popularmente conhecidas
na região como birú, segundo Corrêa e Piedras (2008). A espécie Cyphocharax voga
(HENSEL, 1869) tem grande ocorrência em lagoas costeiras da América Sul e no
estado do Rio Grande do Sul. Seu corpo é coberto de escamas de cor prateada, com
pequenas manchas escuras na parte dorsal, de maior visualização em animais juvenis
(CORRÊA et al., 2010).
Conforme Enke (2008), o birú é uma espécie de pequeno porte, com baixo ou
nenhum valor comercial. Sendo os mesmos capturados de forma incidental junto aos
peixes de importância econômica destinados a comercialização, sua ocorrência é
muito comum nas lagoas Mangueira e no Canal São Gonçalo.
O Canal São Gonçalo está inserido na bacia hidrográfica da Lagoa Mirim, tendo
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 21
183
uma extensão de aproximadamente 76km, com largura média de 240 metros, ligando
a Lagoa Mirim à Laguna dos Patos (SOUZA, 2015).
A Lagoa Mangueira é parte integrante da bacia hidrográfica da Lagoa Mirim,
tendo sua localização na parte leste do extremo sul do Brasil, onde residem diversas
famílias que atuam na atividade pesqueira (BRITTO et al., 2014).
Estudos relacionados aos rendimentos obtidos do peixe é de importância
econômica tanto para indústrias de processamento de pescado quanto para os
pescadores (HONORATO et al., 2014). Sendo assim, o presente trabalho teve
como objetivo obter o rendimento da espécie Cyphocharax voga em 2 locais (Lagoa
Mangueira e Canal São Gonçalo), para verificar seu potencial para uma possível
aceitação no mercado consumidor.
2 | METODOLOGIA
Os peixes foram capturados em dois locais: Canal São Gonçalo (52°23’18.06”O
31 e 31°48’39.06”S) e Lagoa Mangueira (33° 9'18.93"S e 52°48'33.58"O). Sendo
capturados 20 peixes no Canal São Gonçalo e 15 na Lagoa Mangueira. Em seguida
os exemplares foram etiquetados, congelados e encaminhados ao Laboratório de
Ictiologia da Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, onde foram
processados.
Nas biometrias foram utilizados os seguintes utensílios: ictiômetro, paquímetro
digital, balança de precisão 0,01g, faca, pinça, tesoura e bisturi. A partir deste
procedimento, obteve-se o comprimento total (CT) em centímetros, peso total (PT),
peso do filé (PF) e peso do tronco limpo (PTL) em gramas, sendo que o PTL é obtido
através da evisceração, retirada da cabeça, pele e nadadeiras.
Para obtenção do rendimento de filé (RF) e rendimento de tronco limpo (RTL)
foram utilizadas as seguintes equações, respectivamente: RF=PF/PT*100 e RTL=PTL/
PT*100. Logo após obter os resultados de rendimento foi calculado a média e o desvio
padrão, a análise estatística foi feita com o auxílio do programa BioEstat 5.0, assim
comparando os resultados dos dois locais onde foram feitas as coletas.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores referentes ao rendimento de filé, rendimento de tronco limpo e
parâmetros morfométricos da Cyphocharax voga capturadas em diferentes locais
estão descritos na Tabela 1. Não houve diferença significativa em nenhuma variável.
Variáveis
Canal São Gonçalo
Lagoa Mangueira
p<0,05
Comprimento total (cm)
19,17 ± 1,96
19,33 ± 1,93
0,8139
Peso total (g)
112,88 ± 37,01
114,2 ± 37,91
0,9185
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 21
184
Peso do filé sem pele (g)
39,55 ± 13,65
41,82 ± 11,02
0,6110
Peso do tronco limpo (g)
53,67 ± 18,57
53,52 ± 16,61
0,9679
Rendimento do filé (%)
35,32 ± 6,39
37,32 ± 3,70
0,2520
Rendimento do tronco limpo (%)
47,57 ± 6,47
47,23 ± 4,87
0,8659
Tabela 1- Valores médios da composição corporal e rendimentos da Cyphocharax voga em dois
locais.
Por não existir na literatura estudos sobre rendimento corporal da espécie
estudada neste trabalho, os resultados foram comparados com espécies nativas e
exóticas, sendo estas de valor comercial. De acordo com Milani e Fontoura (2007)
mesmo não apresentando importância econômica, a voga apresenta capturas
numerosas, contribuindo com até 30% dos indivíduos capturados na pesca em
determinadas epocas do ano.
Sendo a Cyphocharax voga uma espécie da fauna acompanhante que é
capturada na mesma malha da viola (Loricariichthys anus), espécie nativa de alto valor
econômico segundo Britto et al. (2014), observou-se rendimento de filé de 34,15%,
semelhante ao encontrado neste estudo.
Comparando os resultados deste trabalho, no qual os exemplares apresentaram
pesos médios inferiores ao estudo de Silva et al. (2009) que avaliou tilápias
(Oreochromis niloticus) com pesos entre 250 e 600 gramas, pode-se observar
superioridade no rendimento de filé (34,18%). Quanto ao rendimento de tronco limpo
os autores obtiveram rendimento de 59,10%, mostrando-se superior ao encontrado
neste estudo. De acordo com Scorvo Filho et al. (2010) a tilápia apresenta excelente
desempenho zootécnico, possuindo linhagens melhoradas geneticamente que ainda
continuam sendo estudadas e melhoradas, e ainda assim, quanto ao rendimento de
filé, a espécie foco desta pesquisa se mostra superior.
4 | CONCLUSÕES
A espécie Cyphocharax voga apresenta potencial para comercialização,
apresentando rendimentos semelhantes aos de espécies comerciais.
REFERÊNCIAS
BRITTO, A. C. P. DE; ROCHA, C. B; TAVARES, R. A; FERNANDES, J. M; PIEDRAS, S. R. N; POUEY,
J. L. O. F. Rendimento corporal e composição química do filé da viola (Loricariichthys anus).
Cienc. Anim. Bras., Goiânia, v. 15, n. 1, p. 38-44, jan/mar. 2014.
CORRÊA, F.; PIEDRAS, S. R. N. Alimentação de Cyphocharax voga (Hensel, 1869)
(Characiformes, Curimatidae) no Arroio Corrientes, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista
Biotemas, v. 21, n. 4, p. 117-122, dez. 2008.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 21
185
CORRÊA, F.; ROCHA, B. H. G; PIEDRAS, S. R. N. Estudo isoenzimático em Cyphocharax voga
(Hensel, 1869) (Characiformes, Curimatidae) no Arroio Corrientes, Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. Revista Eletrônica de Biologia, v. 3, n. 4, p. 106-124, 2010.
ENKE, D. B. S. Processamento de silagem química de Cyphocharax voga e sua utilização em
dietas de alevinos e juvenis de jundiá (Rhamdia quelen). Pelotas, 2008, 78f. Tese (doutorado) –
Programa de Pós-graduação em Zootecnia. Universidade Federal de Pelotas, 2008.
HONORATO, C. A; SMERMAN, W.; ANGÉLICI, A. F; DAL BEM, C. R. Efeito das classes de peso
sobre o rendimento de processamento de tucunaré (Cichla sp.). Scientia Agraria Paranaensis –
Sap, Mal. Cdo. Rondon, v. 13, n. 1, p. 65-70, jan./mar. 2014.
MILANI, P. C. C; FONTOURA, N. F. Diagnóstico da pesca artesanal na Lagoa do Casamento,
sistema nordeste da Laguna dos Patos: uma proposta de manejo. Biociências, Porto Alegre, v.
15, n. 1, p. 82-125, jan. 2007.
SCORVO FILHO, J. D; SCORVO, C. M. D. F; ALVES, J. M. C; SOUZA, F. R. A. A tilapicultura e seus
insumos, relações econômicas. R. Bras. Zootec., v.39, p.112-118, 2010.
SILVA, F. V; SARMENTO, N. L. A. F; VIEIRA, J. S; TESSITORE, A. J. A. T; OLIVEIRA, L. L. S;
SARAIVA, E. P. Características morfométricas, rendimentos de carcaça, filé, vísceras e resíduos
em tilápias-do-nilo em diferentes faixas de peso. R. Bras. Zootec., v. 38, n. 8, p. 1407-1412, 2009.
SOUZA, MARIANA FARIAS DE. Qualidade da água do Canal São Gonçalo RS/Brasil – uma
avaliação hidroquímica considerando seus usos múltiplos. Pelotas, 2015. 104f. Dissertação
(mestrado em recursos hídricos) – Programa de pós-graduação em recursos hídricos, Centro de
Desenvolvimento Tecnológico, Universidade Federal de Pelotas, 2015.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 21
186
CAPÍTULO 22
doi
SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO AQUÍCOLA PARA INCUBAR
EMBRIÃO DE POLVOS Octopus vulgaris TIPO II
Clara Luna de Bem Barreto Cano
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
Luciana Guzela
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
Penélope Bastos
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
Cláudio Manoel Rodrigues de Melo
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
Débora Machado Fracalossi
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
Carlos Rosas Vásquez
Unidad Multidisciplinaria de Docencia y
Investigacion, Universidade Nacional Autonoma
do México
Katt Regina Lapa
Departamento de Aquicultura, Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis - Santa Catarina
RESUMO: O polvo Octopus cf. vulgaris é um
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
importante recuso pesqueiro na região sudestesul do Brasil. Devido ao elevado valor comercial
e características zootécnicas favoráveis
à aquicultura, é uma espécie com grande
potencial para diversificar a maricultura. Um dos
entraves no cultivo de polvos é a padronização
dos sistemas de cultivo para a manutenção
destes em laboratório. Para garantir o controle
das variáveis limnológicas e otimizar o uso
de espaço físico e água em laboratório, é
imprescindível a manutenção dos embriões
em sistema de recirculação. Para avaliação
da viabilidade das incubadoras foram utilizados
dados de qualidade de água (amônia, nitrito,
salinidade, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade
e temperatura), além de dados morfométricos
do embrião (comprimento do manto (ML),
comprimento do braço (AL), comprimento do
embrião (ETL)). Os parâmetros de qualidade de
água apresentaram valores considerados dentro
da normalidade aceitáveis para o cultivo de O.
vulgaris, para os dados morfométricos, estes
não diferiram estatisticamente entre embriõs
mantidos com a fêmea e os mantidos em
sistema de recirculação. Os resultados obtidos
até o momento são favoráveis para viabilizar
uma incubadora para o desenvolvimento
embrionário de ovos pequenos de polvos, sem
cuidado parental. O objetivo do presente projeto
foi montar e validar um sistema de incubação
de ovos de Octopus cf. vulgaris mantidos em
Capítulo 22
187
sistema de recirculação.
1 | INTRODUÇÃO
O cenário para o desenvolvimento e inovação do setor da maricultura no Brasil
é otimista, especialmente pela diversidade das regiões litorâneas, com uma costa de
aproximadamente 8.000 km (IBGE, 2011), e pelas espécies nativas com potencial de
criação. Atualmente 109 espécies de moluscos são produzidas comercialmente em
cativeiro, sendo responsáveis por 2% do total da produção aquícola segundo a FAO
(2018). Porém esta atividade ainda é pouco explorada e baseada em poucas espécies
como os mexilhões, as ostras e vieiras. Os polvos (Octopus spp.) são espécies
emergentes para diversificação da aquicultura, dentre as principais espécies, a de
maior destaque é o Octopus vulgaris, pois apresentam características zootécnicas
favoráveis ao cultivo como rápido crescimento, elevada fecundidade, fácil adaptação
ao ambiente de criação, rusticidade e ciclo de vida curto (IGLESIAS et al., 2014;
MAZÓN et al., 2007).
No cenário atual, a tendência para otimização do uso da água, redução de espaço
físico e custos com bombeamento, bem como o compromisso com o tratamento da água
residual leva a necessidade do uso de sistema de recirculação. A produção depende
diretamente da qualidade da água e o cultivo neste tipo de sistema permite maior
controle dos parâmetros que são essenciais para promover crescimento, sobrevivência,
reprodução e manutenção durante os estágios ontogênicos iniciais do ciclo de vida,
adequados ao cultivo sustentável (MAZÓN et al., 2007). Para a montagem do sistema,
deve-se considerar as particularidades da espécie à ser cultivada e sua fase do ciclo de
vida. Sistemas de recirculação aquícola já são utilizados mundialmente com sucesso
para incubação de ovos e larvicultura de diversas espécies como camarão (Sun, 2009;
Maicá et al. 2014; Valenti et al. 2009), ostras (Dybas et al. 2014), reversão sexual de
tilápia (Abucay et al. 1999), entre outros.
Uma das principais problemáticas para o cultivo de polvo é a ausência de
padronização dos sistemas de cultivo e as altas mortalidades na fase inicial do ciclo
de vida, o que torna importante a busca por a um sistema de incubação adequado
para o desenvolvimento embrionário. Além, disso durante a incubação, as fêmeas de
Octopus vulgaris não se alimentam devido ao cuidado parental e utilizam suas próprias
reservas para manutenção corporal, o que faz com que emagreçam e percam qualidade
nutricional e valor de mercado. O uso de incubadora artificial é uma excelente solução
para garantir o manejo massivo dos ovos, a viabilidade dos embriões e reduzir espaço
físico. O processo de incubação requer densidade de ovos apropriada, aeração e fluxo
de água, as quais são cruciais para promover adequada oxigenação (Vidal e Boletzky,
2014). Incubadoras são utilizadas com sucesso para o polvo Octopus maya, espécie
endêmica da Península de Yucatán (México), que possui ovos grandes e paralarvas
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
188
holobentônicas.
Ainda que o Octopus vulgaris seja alvo de diversos estudos e seja considerado
como modelo para o cultivo de polvos em diversos aspectos, não se tem registro de
uso de incubadoras artificiais que promovam crescimento adequado para esta espécie,
que possui ovos pequenos e paralarvas plantônicas. Através do desenvolvimento
de sistemas de recirculação, buscando um maior controle sobre a fase embrionária,
poderá se obter melhores condições para desenvolver uma posterior etapa como a
larvicultura em laboratório de forma sustentável para a espécie Octopus vulgaris Tipo
II.
Estas informações são muito importantes porque servem de base para viabilizar o
cultivo, beneficiando comunidades pesqueiras tradicionais, evitando a captura desses
animais abaixo do tamanho permitido na legislação brasileira e diminuindo a pressão
sobre os estoques naturais. Além de permitir a produção durante todo o ano por ser
um sistema controlado.
A partir disso, o objetivo deste trabalho foi montar e avaliar um sistema de
incubadoras para embriões de Octopus vulgaris Tipo II, em sistema de recirculação,
com hidrodinâmica adequada que promovesse a limpeza e oxigenação dos ovos. Para
isso, foram analisadas as variáveis morfométricas dos embriões mantidos 1) com o
cuidado da fêmea em sistema aberto; 2) em sistema de recirculação em ambiente
controlado.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Camarões Marinhos, da
Universidade Federal de Santa Catarina (LCM/UFSC).
2.1 Sistemas Experimentais
Uma fêmea com ovos (Figura 1) foi mantida em um tanque cilindro-cônico
(64x40x38) com volume útil de 100 L, taxa de renovação de 12.000%.dia-1, entrada
de água inferior, saída de água superior, a uma altura do chão de 60 cm, com abrigo
de PVC de 20 cm, aeração constante por airlift e fotoperíodo de 10 h.
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Capítulo 22
189
Figura 1: Fêmea no abrigo com as pencas de ovos
Ovos desta mesma fêmea (Figura 1) foram mantidos em um sistema de
recirculação de água contendo 3 unidades de cultivo retangulares (dimensões: 65
cm, 33 cm, 34 cm) com volume útil de 70 L cada, reator UV com lâmpada de 5 W,
controlador de temperatura, reservatório de 140 L com aeração constante, filtro tipo
bag de 200 µm e motobomba para manutenção da taxa de renovação de 1.000 % ao
dia (Figura 2).
O sistema foi preenchido com água marinha tratada previamente com filtros de
cartucho com porosidade de 0,5 µm e desinfeção com reator UV com lâmpada de 35
W. O fluxo de água era no sentido perpendicular a disposição dos ovos dentro das
incubadores, sendo que a água entrava na porção inferior e saia na porção superior
do tanque de cultivo, conforme pode ser visto na figura 3.
Durante o experimento foram monitorados os seguintes parâmetros de qualidade
de água: diariamente temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido, e semanalmente
foram coletadas amostras de água para realização de análises de nitrogênio na forma
de amônia e nitrito, além de pH e alcalinidade.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
190
2.2 Coleta, Aclimatação, e Reprodução dos Polvos
Os animais foram capturados em ambiente natural ao sul de Florianópolis/SC
e transportados ao laboratório, no qual foram aclimatados em tanques de fibra com
fluxo contínuo aberto de água marinha. Os tanques possuíam volume útil de 5 m³, com
iluminação para controle de fotoperíodo de 10 h, com a cor da lâmpada amarela, taxa
de renovação de 200% para aclimatação e reprodução para obtenção dos ovos.
A dieta ofertada aos polvos foi um mix de carnes de siri e mexilhão na proporção
de 50% siri (Callinectessp) e 50% mexilhão (Perna perna) à 10% da biomassa, duas
vezes ao dia. Após cópula, as fêmeas foram mantidas individualmente em tanques
cilindro-cônicos com volume útil de 100 L, com fluxo de água marinha regulados para
vazão de 12.096 L.d-1. A saída de água era por dreno central superior, a uma altura
do chão de 60 cm, contando com um refúgio com diâmetro de 20 cm que permitia a
retirada dos ovos com facilidade. A limpeza dos resíduos sólidos acumulados na água
foi realizada diariamente por drenagem central inferior.
2.3 Povoamento
Após a postura, para cada incubadora foram suspensas 15 pencas de ovos
em cordas de nylon com aproximadamente 9 cm abaixo da superfície, de modo que
o fluxo de água provocasse movimentos suaves às pencas de ovos. Estas foram
cuidadosamente retiradas das fêmeas com o auxílio de pinças e transferidos para as
incubadoras (Figura 4), de modo que ficassem suspensos em fios de nylon, garantindo
que todos os ovos fiquem completamente imersos, em fluxo contínuo de água marinha
(Figura 5).
Figura 4: Imagens das pencas de ovos
recém coletadas das fêmeas e depositadas
em placas para preparação do experimento
Figura 5: Imagens das pencas no sistema
2.4 Manejo de Água
Diariamente foi feita a limpeza da água por sifonamento das incubadoras. A
reposição de água era realizada periodicamente devido as perdas por evaporação e
limpeza do sistema. No sistema com a fêmea a limpeza foi feita diariamente através
de dreno central inferior.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
191
2.5 Caracterização das Medições do Embrião
A cada 5 dias, foram coletadas três pencas de ovos de cada sistema para
identificar os estágios de desenvolvimento e medição dos embriões em microscópio.
Os embriões foram identificados segundo Naef (1928) e caracterizados
morfometricamente por medições no comprimento do manto (ML), comprimento
do braço (AL), comprimento do embrião (ETL). As imagens foram obtidas por uma
câmera fotográfica ZEISS Axiocam ERc 5s acoplada em microscópio invertido ZEISS
Promovert com objetiva 4x e software de imagem ZEISS ZEN 2011. As medidas foram
realizadas pelo programa de domínio público ImageJ versão 1.51j8.
Foi realizada uma análise de variância ANOVA One-way para verificar se os
sistemas de incubação influenciaram as variáveis morfométricas dos embriões, ao
nível de significância de 5%, no software Statistica 7.
3 | RESULTADOS E DISCUSÃO
Após a montagem dos sistemas de recirculação para o desenvolvimento
embrionário dos polvos sem o cuidado parental, foram feitos testes para ajustes de
estanqueidade e aferição do fluxo de água. Os sistemas mantiveram-se funcionando
durante uma semana antes do povoamento, a fim de verificar se o controle de
temperatura da forma que foi previsto estava funcionando. Nestes dias, a temperatura
foi aferida duas vezes ao dia para confirmar sua estabilidade e confiabilidade, para
que na sequência o povoamento fosse efetuado.
O filtro fisico que era instalado diretamente na saída das incubadoras foi
substituido por um filtro shark bag na entrada do reservatório, o que melhorou a
eficiência e retirada da matéria orgânica, pois antes causava entupimento e elevação
do nível de água das caixas.
Pelos resultados apresentados, os valores de amônia foram maior nas
incubadoras (Tabela 1), onde durante o funcionamento do sistema, verificou-se
que as concentrações de amônia aumentou de 0,03 para 0,22 mg.L-1. Isso se deu
provavelmente pela solubilização de matéria orgânica na água. Assim, foi instalado
no reservatório dos sistemas um filtro biológico com área superficial especifica de 270
m2 e inoculado cepas de bactérias comerciais que promoveram a desamonificação
dos sistemas, reduzindo os níveis de amônia para 0,08 mg.L-1. No entanto, os valores
continuaram a aumentar (Figura 6) provavelmente porque a atividade metabólica dos
embriões aumentam após a organogênese, possivelmente ocorrendo algum tipo de
excreção feita pelos embriões através da capsula do ovo. Assim, sugere-se que novos
estudos sejam realizados para comprovar essa hipótese.
Os valores médios de Amônia (0,226 mg N-NH3,4.L-1) e Nitrito (0,007 mg.L1
) encontrados no presente estudo estão bem abaixo dos encontrados como letais
(DL50) por Feyjoo et. al. 2010, no qual a concentração de amônia (10,7 ppm de NH3) e
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
192
nitrito (19,9 ppm de NO2) tiveram um efeito claramente negativo sobre a sobrevivência
das paralarvas. Esses compostos afetam diretamente o sistema nervoso do animal
e sua energia disponível, resultando em uma queda em sua capacidade de manter
a resposta a estímulos, tornando-se geralmente menos responsivos (Feyjoo et. al.
2010).
Figura 6: Concentração de amônia ao longo do desenvolvimento dos embriões de O. vulgaris
Tipo II mantidos nas incubadoras.
As temperaturas, salinidade e o oxigênio dissolvido se mantiveram estáveis em
ambos os sistemas ao longo do período de cultivo. Os parâmetros de qualidade de
água apresentaram valores considerados dentro da normalidade aceitáveis para o
cultivo de Octopus vulgaris (Tabela 1), como os apresentados por Vidal et. al. 2014
onde a faixa ideal de temperatura pode variar de 10°C a 28°C, a salinidade deve ficar
entre 27 PSU e 35 PSU, sendo que fora dessa faixa pode ser fatal para cefalópodes,
e também cita que ovos e paralarvas são extremamente sensíveis ao pH, que deve se
manter na faixa de 7.8 a 8.2.
Incubadoras
Fêmea
22,3±0,6
21,4±1,8
35,1±0,90
33,6±0,70
Oxigênio dissolvido (mg.L )
7,47±0,43
7,36±0,48
Amônia (mg N-NH3,4.L-1)
0,226±0,29
0,112±0,24
Nitrito (mg.L-1)
0,007±0,003
0,004±0,002
Alcalinidade (mg.L-1 CaCO3)
136±4,989
138±3,969
pH
8,22±0,047
8,26±0,1
Temperatura (°C)
Salinidade (PSU)
-1
Tabela 1 Parâmetros de qualidade de água aferidos ao longo do desenvolvimento dos embriões
de O. vulgaris Tipo II mantidos com a fêmea e nas incubadoras. Valores de média e desvio
padrão.
Ambos os sistemas foram eficientes na movimentação e limpeza dos ovos, visto
que é da natureza da fêmea promover a ventilação e limpeza dos ovos através da
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
193
expulsão de jatos de água e movimentação dos braços. Desta forma, a entrada inferior
de água nas incubadoras e o fluxo contínuo forneceu oxigênio suficiente aos embriões
evitando a proliferação de perifiton e agentes patogênicos na superfície dos ovos. A
potência da lâmpada UV pareceu ser suficiente para manter o controle patogênico da
água para eficiente eclosão dos ovos.
As relações entre as variáveis morfométricas, comprimento do manto (ML) x
comprimento total do embrião (ETL) e comprimento do braço (AL) x comprimento
total do embrião (ETL) não apresentaram diferenças estatísticas entre os embriões
mantidos com a fêmea e nas incubadoras, demonstrando que os embriões mantidos
no sistema de incubadoras cresceram na mesma taxa que os mantidos com a fêmea.
Figura 1 Relação entre comprimento do manto (ML) e comprimento total do embrião (ETL) entre
os estágios de desenvolvimento do O. vulgaris Tipo II. N= 126. F=0,124. P=0,74.
Figura 2 Relação entre o comprimento do braço (AL) e comprimento total do embrião (ETL)
entre os estágios de desenvolvimento do O. vulgaris Tipo II. N=126. F=1,319. P=0,31.
4 | CONCLUSÃO
Isso demonstra que as incubadoras em sistema de recirculação tiveram
hidrodinâmica adequada para fornecer a limpeza e oxigenação dos ovos, sem
proliferação de perifiton ou microrganismos patogênicos como víbrios e fungos
nos embriões. Podemos concluir que as incubadoras mostraram-se viáveis para
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
194
manutenção dos ovos de O. vulgaris Tipo II, garantindo maior controle térmico e
qualidade da água com baixo input de amônia, proporcionando desenvolvimento
embrionário adequado com menor consumo de água e redução de espaço.
Os resultados obtidos até o momento são favoráveis para viabilizar uma
incubadora para o desenvolvimento embrionário de ovos pequenos de polvos, sem
cuidado parental.
REFERÊNCIAS
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Biology, Ecology, Cultivation and Fisheries
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 22
196
CAPÍTULO 23
doi
UMA ANÁLISE DA OFERTA NO VAREJO BRASILEIRO DE
PRODUTOS ORIUNDOS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO
COM BEM-ESTAR ANIMAL
Priscila Hitomi Inoue
Faculdade de Tecnologia de Ourinhos
Ourinhos - SP
Marco Antonio Silva de Castro
Faculdade de Tecnologia de Ourinhos
Ourinhos - SP
Gilmara Bruschi Santos de Castro
Faculdade de Tecnologia de Ourinhos
Ourinhos - SP
RESUMO: A conscientização sobre as
práticas realizadas nos sistemas de produção
animal vem aumentando a cada dia entre os
consumidores. Num mundo cada vez mais
conectado, o acesso às informações e o seu
compartilhamento ficou mais fácil e com isso
o consumidor questiona mais sobre a origem
do produto e vem buscando alternativas mais
saudáveis, com maior qualidade e de empresas
que se preocupam com o bem-estar animal.
Atentos a esse comportamento, granjas e
fazendas estão mudando a forma de criação
dos animais com práticas mais responsáveis
e humanitárias. Isso tem trazido benefícios
não só para os animais, como também para
os produtores, para o meio ambiente e para o
consumidor final. Baseado nisso, foi realizado
um estudo de caso para analisar como está
a oferta de produtos oriundos de processos
de produção com bem-estar animal no
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
varejo brasileiro. A pesquisa foi feita em um
supermercado da rede Pão de Açúcar e o que
se pode verificar é que produtos certificados têm
maior valor agregado e apresentam preço mais
elevado que os convencionais e estão restritos
a algumas categorias de alimentos, ou seja, as
boas práticas nos sistemas de produção ainda
precisam alcançar outras espécies e categorias
de animais a fim de aumentar essa variedade
de produtos. Assim, com um consumidor mais
atento e com o reforço da comunicação do
varejista com os seus clientes, esses produtos
se tornarão mais presentes na mesa do
consumidor.
PALAVRAS-CHAVE: Consumidor. Frango.
Ovos.
ABSTRACT: It is known that awareness of
the practices carried out in animal production
systems is increasing every day among
consumers. In an increasingly connected
world, access to information and its sharing
has become easier and as a result, consumers
are questioning more about the origin of the
product and are looking for healthier, higher
quality alternatives and companies that care
about animal welfare. Aware of this behaviour,
farms are modifying the way animals are
raised with more responsible and humanitarian
methods. This has brought benefits not only to
the animals, but also to the producers, to the
Capítulo 23
197
environment and to the end consumer. Based on this, a case of study was performed
to analyze how is the offer of products from animal welfare production processes in
Brazilian market. The research was done in a supermarket of Pão de Açúcar and what
could be verified was that certified products have higher added value and are priced
higher than conventional ones and are restrict to some categories of food, that is, the
good practices in the production systems still need to reach other types and categories
of animals with the purpose of increase this variety of products. Thus, with a consumer
more aware and with the reinforcement of communication from the retailers, these
products will become more common in the consumer’s dinner table.
KEYWORDS: Consumer. Broiler. Eggs.
1 | INTRODUÇÃO
Com a facilidade de acesso às informações e à sua disseminação, o consumidor
vem se conscientizando cada vez mais sobre as práticas realizadas nos sistemas
de produção animal. Com isso, empresas já passam a disponibilizar algumas linhas
de produtos com o selo que atesta o cumprimento de boas práticas na criação dos
animais. Entre as categorias de produtos existentes estão ovos, laticínios e as carnes
(CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. a).
Tanto na produção de frangos como na de ovos, não se tem o uso de antibióticos.
Nesse sistema de criação, as aves são criadas livres de gaiolas, com acesso às áreas
externas, recebem ração com alimentos de origem vegetal, livre de antibióticos e
livre de transgênicos. A produção pode ainda ser realizada no sistema orgânico, os
ovos podem ser enriquecidos com ômega 3, selênio e um complexo de vitaminas
(CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. b).
Na produção do leite, as vacas são confinadas ao ar livre, no chão batido e
contam com árvores para o sombreamento e espaço livre suficiente para o bemestar do rebanho. Assim como na criação de aves, não há a utilização de antibióticos,
hormônios e subprodutos de origem animal em qualquer alimento que é oferecido ao
gado (MEQ, s.d.).
Outros exemplos de produtos certificados são aqueles utilizados na panificação
e confeitaria, como os ovos desidratados, pasteurizados e fermento biológico. Nesses
casos, a empresa, apesar de não ter animais no seu processo de produção, adquire
a matéria prima apenas de fazendas e granjas que utilizam práticas responsáveis e
humanitárias na criação dos animais (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. c).
No bem-estar animal, são envolvidas práticas relacionadas à sanidade, ambiência,
manejo, nutrição, ao gerenciamento na produção e aos cuidados no transporte e abate.
O Conselho do Bem-estar de Animais de Produção do Reino Unido (Farm Animal
Welfare Council – FAWC) desenvolveu os critérios das cinco liberdades fundamentais.
Os animais devem ser: a) livres de fome e sede; b) livres de desconforto; c) livres de
dor, ferimentos e doenças; d) livres para expressar seu comportamento natural; e)
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
198
livres de medo e angústia (SANTIAGO, 2018).
A fim de atender a esses critérios, o sistema de produção deve proporcionar um
ambiente agradável aos animais, onde estejam protegidos de predadores e intempéries
climáticas como chuva e vento, com controle térmico, acesso à água de qualidade, à
uma alimentação balanceada e a espaço adequado para que possam expressar seus
comportamentos naturais, tanto em áreas de confinamento quantos nas áreas externas.
Com essas condições, reduz-se o número de brigas já que não há a necessidade de
disputa por espaço, água e comida, e com isso, diminui a ocorrência de machucados
e hematomas nos animais. Em caso de ferimentos e doenças, eles devem ser tratados
prontamente de forma humanizada para evitar o sofrimento. Um outro fator importante
é a preparação dos funcionários. Estes, quando pouco preparados e preocupados com
a qualidade de vida do rebanho, tendem a bater nos animais e os submetem a outros
tipos de maus tratos para acelerar a movimentação entre os locais. Esse manejo mal
feito e a falta de cuidado podem provocar danos físicos, mentais e comportamentais
no animal (CERTIFIED HUMANE BRASIL, 2018).
Para ajudar na identificação desses produtos, o consumidor pode buscar por
dois selos, o da Certified Humane e o da WQS (World Quality Services, s.d.).
No Brasil, o representante da Humane Farm Animal Care, uma organização
internacional sem fins lucrativos de certificação voltada para a melhoria da vida das
criações animais na produção de alimentos, desde o nascimento até o abate, é o
Instituto Certified Humane. Um dos principais objetivos das suas normas é garantir
que os animais expressem seus comportamentos naturais, sem gaiolas (cage-free)
ou confinamentos de movimentos, permitir que tenham uma alimentação nutritiva e
específica da espécie, sem subprodutos de origem animal, proibir o uso de antibióticos
e hormônios promotores de crescimento, garantir um ambiente de moradia adequado
e fornecer programas de formação para todos os tratadores de animais nas fazendas
e granjas e normas para abate humanitário (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. d).
Assim como a Certified Humane, a WQS também certifica o bem-estar animal,
com o enfoque em garantir que a alimentação seja estritamente de origem vegetal,
que não tenha a utilização de antibióticos nem melhoradores de desempenho e que a
rastreabilidade do produto seja mantida em toda a cadeia produtiva (WQS, s.d.).
Os bons resultados que se obtém ao garantir a qualidade de vida dos animais vão
se acumulando ao longo de todo o processo de produção, do nascimento ao abate, até
a chegada dos produtos para o consumidor. Além dos benefícios para os animais, que
vivem de forma mais saudável e ativa, é menos danoso para o meio ambiente e mais
rentável para o produtor. Animais criados com conforto e bem-estar adoecem menos,
ganham peso mais rápido, diminuindo os custos e elevando as receitas. Comparado
aos sistemas intensivos de criação, há um menor consumo de alimento, água e
combustível, reduzindo os gastos e o impacto ambiental. Além disso, as emissões dos
gases do efeito estufa também são menores quando os animais estão mais saudáveis
e dispõem de melhores condições de bem-estar (ALLTECH, 2016).
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
199
Dessa forma, granjas, fazendas e indústrias alimentícias ganham eficiência,
melhoram a qualidade do produto, que passa a ter um maior valor agregado e aumentam
a competitividade e a sua participação no mercado. Atitudes como essas conquistam a
admiração e preferência do consumidor (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. e).
A pedido da World Animal Protection, a Ipsos realizou uma pesquisa no primeiro
semestre de 2016 para identificar a percepção do consumidor sobre o bem-estar animal
na América Latina. Dos brasileiros entrevistados, 82% deles comprariam produtos com
o selo de bem-estar animal. Além disso, nove entre cada dez brasileiros acreditam que
o uso de práticas responsáveis e humanitárias geram produtos de melhor qualidade e
no geral, são os jovens entre 18 e 29 anos que têm uma maior preocupação com os
métodos de abate (WORLD ANIMAL PROTECTION, 2016).
Percebendo essa demanda, executivos de supermercados se mostram dispostos
a abrir mais espaço para esses produtos certificados. Segundo o relatório “Entendendo
as prioridades de bem-estar animal dos varejistas”, a maioria deles já estoca produtos
com uma ou mais alegações sobre boas práticas realizadas nos sistemas de produção
e quase metade estoca produtos com certificações de bem-estar animal verificadas
(KEEFE, 2018).
De acordo com os varejistas, atacadistas e produtores de alimentos, há outros
fatores que promovem a abordagem do bem-estar animal nas fazendas, além do
consumidor. O interesse da mídia, a pressão dos investidores e principalmente das
ONGs também exercem grande influência para o processo de adequação das práticas
realizadas nos sistemas de criação animal (BBFAW, 2018). Uma prova disso, é que em
março de 2017, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) foi o primeiro grande varejista a assumir
um compromisso público pelo bem-estar animal na produção de ovos. A companhia
se comprometeu a, até 2025, comercializar somente ovos de galinhas criadas livres
de gaiolas em suas marcas exclusivas. Com essa ação, o grupo também esperava
engajar o mercado varejista para que assumissem um compromisso e evoluíssem na
discussão do uso das práticas responsáveis e humanitárias nos sistemas de criação
animal (GPABR, 2017). Depois disso, seu maior concorrente, o grupo Carrefour,
também anunciou que até 2025 todos os ovos das marcas próprias serão oriundos
do sistema de produção livre e que, até 2028, 100% dos ovos vendidos pela varejista
serão incluídos no compromisso (BEEFPOINT, 2018).
Apesar da maioria das mudanças estar relacionada ao sistema de criação de
aves, há outras ações em andamento chamando a atenção para outros animais,
como por exemplo, o abaixo-assinado promovido pela World Animal Protection. Nele
é solicitado aos grandes grupos varejistas que assumam um compromisso público
para mudar a vida dos animais através de implementação de políticas que promovam
o conforto animal em todas as suas redes de supermercados (CERTIFIED HUMANE
BRASIL, 2017).
O problema de pesquisa deste artigo foi definido da seguinte forma: como é a
oferta de produtos oriundos de processo de produção com bem-estar animal para o
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
200
consumidor brasileiro? Para responder a este problema e pesquisa, foi estabelecido
o seguinte objetivo geral: identificar e analisar a oferta de produtos certificados com o
selo de bem-estar animal em uma loja de um grupo varejista representativo.
2 | METODOLOGIA
Para a análise da oferta desses produtos, foi realizada uma pesquisa em um dos
supermercados da rede Pão de Açúcar. Atualmente, a marca conta com cerca de 280
lojas distribuídas em diversos estados brasileiros e é pertencente ao Grupo Pão de
Açúcar (GPA), maior grupo varejista e de distribuição do Brasil e que segundo o ranking
do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), foi a
empresa varejista com o segundo maior faturamento em 2017 (IBEVAR, 2017).
A rede oferece uma grande variedade de produtos, dos mais básicos aos
mais sofisticados, contando com diversos itens importados. Além disso, a marca é
reconhecida por promover conceitos de saudabilidade, presentes nos produtos da
linha Taeq; de sustentabilidade, que além de coletar pilhas e baterias, conta com
as estações de reciclagem para a coleta de papel, plásticos, metal, vidro e óleo de
cozinha descartados pelos clientes e estão constantemente com ações inovadoras.
Com essas práticas, a marca se mostra atenta aos novos padrões de comportamento
dos consumidores e busca atender às suas novas exigências.
Para o estudo de caso, os produtos oriundos de processos que visam o bemestar animal foram identificados pela presença do selo do certificado. Eles foram
avaliados em termos de categoria do produto, descrição e informações contidas na
embalagem, características do bem-estar animal presente no sistema de criação
animal, tipos de selos e valor agregado nos produtos. Além disso, itens convencionais
e semelhantes aos produtos certificados encontrados também foram avaliados para
que uma comparação em relação aos preços pudesse ser feita.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na loja pesquisada, uma unidade do Pão de Açúcar na cidade de Ourinhos,
foram encontrados os produtos certificados ovos e carnes congeladas e resfriadas.
Nas embalagens dos produtos são informadas todas as boas práticas utilizadas na
criação dos animais além de constar selos da Humane Certified e da WQS.
Para os cortes de frango congelados e resfriados, tem-se que as aves são criadas
sem antibióticos, sem promotores de crescimento e nenhum outro quimioterápico. A
ração é 100% de origem vegetal e a nutrição é funcional. Além disso, destaca-se que
a produção é familiar e sustentável.
Para os ovos orgânicos, alguns enriquecidos com ômega 3 e vitamina E, os
produtores informam que as galinhas são criadas livres de gaiolas, com acesso à área
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
201
externa, recebem ração orgânica e vegetal, são livres de antibióticos, hormônios e
transgênicos.
Há produtos que, apesar de não serem certificados, realizam algumas práticas
voltadas para o conforto do animal. A Taeq, marca exclusiva do Grupo Pão de Açúcar
para o segmento de alimentação saudável, oferece várias opções de ovos para o
cliente. Há o produto com o selo, atestando todas as boas práticas na cadeia produtiva,
como há também a opção de compra do produto não certificado, mas que informa que
as galinhas são criadas livres em galpões onde podem expressar seu comportamento
natural como ciscar, empoleirar e bater as asas. Isso garante a produtividade e não
eleva tanto os preços para o consumidor final, funcionando como uma categoria de
transição entre os ovos convencionais e os ovos certificados.
Devido à utilização de práticas responsáveis e humanitárias, produtos com o selo
de bem-estar animal têm um maior valor agregado e podem chegar a custar o dobro
de um produto convencional. As tabelas 1 a 3 a seguir mostram a diferença nos preços
entre os produtos:
Certificado
Marca
Sim
Korin (600g de filé de peito)
X
Não
19,80
Seara (600g de filé de peito)
Korin (600g de sobrecoxa)
Preço (R$)
X
7,55
X
11,59
Seara (600g de sobrecoxa)
X
9,60
Tabela 1 – Preços dos cortes de frango resfriados certificados e convencionais por marca
Certificado
Não
Preço (R$)
Marca
Sim
Korin (1kg de filé de frango)
X
29,99
Seara da Granja (1kg de filé de frango)
X
20,69
Taeq (1kg de filé de frango)
X
24,47
Sadia (1kg de filé de frango)
X
13,99
Seara (1kg de filé de frango)
X
13,99
Qualitá (1kg de filé de frango)
X
14,39
Korin (1kg frango inteiro)
X
11,59
Seara da Granja (1kg frango inteiro)
X
8,59
Sadia (1kg frango inteiro)
X
6,49
Tabela 2 – Preços das aves congeladas certificadas e convencionais por marca
Certificado
Marca
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Sim
Não
Preço (R$)
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202
Fazenda da Toca (10 un)
X
14,99
Korin (10 un)
X
10,59
Taeq (10 un)
X
14,39
Taeq Livres de Gaiola (10 un)
X
7,18
Qualitá (12 un)
X
7,89
Tabela 3 – Preços dos ovos certificados e convencionais por marca
Na tabela 4 são apresentados os preços médios dos produtos encontrados na
rede varejista. Nota-se variação de 50,60% para os ovos e de até 61,87% para o
filé de frango resfriado. A menor variação encontrada foi para a sobrecoxa resfriada
com diferença de preço de 17,17%. Em um estudo realizado por Franco, Rucinque e
Molento (2014) verificou-se a disponibilidade de produtos diferenciados com o bemestar animal nos supermercados de Curitiba. Foi concluído que, além da oferta desses
itens ser baixa e restrita aos ovos e às carnes de frango, a diferença encontrada
nos preços entre os produtos certificados e os convencionais foi de 90,9% para os
ovos e 75,8% para o frango. De lá para cá, nota-se que apesar da variedade de itens
certificados se manter a mesma, houve uma queda na diferença entre os preços. Para
os ovos, a redução foi de 40,3% e para o frango, como não foi especificado o corte da
carne no estudo de 2014, foi utilizado o dado do filé de frango resfriado por representar
a maior diferença entre os tipos e cortes de carne do estudo atual, a redução foi de
13,93%.
Preço Médio (R$)
Produto
Certificado
Convencional
%
Caixa de ovos (10 un)
13,32
6,58
50,60
Filé de frango resfriado (600g)
19,80
7,55
61,87
Sobrecoxa resfriada (600g)
11,59
9,60
17,17
Filé de frango congelado (600g)
25,05
14,12
43,63
Frango inteiro congelado (1 kg)
10,09
6,49
35,68
Tabela 4 – Variação nos preços médios dos produtos certificados e convencionais
Além da oferta de produtos certificados estar restrita aos ovos e às carnes de
frango e seus custos serem maiores em relação aos itens convencionais, um outro
ponto observado foi a falta de comunicação do supermercado com o cliente sobre
esses produtos com bem-estar animal, os quais só foram identificados devido à
presença dos selos e das informações contidas nas embalagens.
Ao explorar a comunicação com o consumidor para informá-lo sobre os diferentes
tipos de produção existentes, o supermercado não só o conscientiza sobre as práticas
que visam o bem-estar animal durante toda a cadeia de produção, como também
promove a divulgação da oferta desses produtos na loja.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
203
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo visou analisar quais produtos estão disponíveis ao consumidor em
uma rede varejista. Vale observar que os resultados não representam a totalidade do
varejo brasileiro, mas fornecem indícios relevantes da oferta de produtos oriundos de
processos de produção com bem-estar animal visto que a pesquisa foi feita em um
supermercado de uma rede com grande representatividade no mercado brasileiro.
No estudo de caso foram encontrados como produtos certificados os ovos e os
cortes de carne de frango congelados e resfriados. Comparando os preços entre os itens
certificados e os convencionais, foram o filé de frango resfriado e a sobrecoxa resfriada
os produtos que apresentaram a maior e menor variação no preço, respectivamente.
Os ovos certificados também têm um custo considerado alto, chegando a custar pouco
mais que o dobro de uma caixa de ovos convencional. No entanto para esses casos,
o cliente tem à sua disposição uma linha intermediária do produto em que as galinhas
são criadas livres de gaiolas, que além de ter um preço mais acessível, começa aos
poucos introduzir os conceitos de bem-estar animal para o consumidor.
Quanto à identificação dos produtos, pode-se dizer que os ovos foram mais fáceis
de serem identificados por estarem todos juntos e expostos num mesmo local. Dessa
forma, o cliente tem à sua vista todas as linhas de ovos que o supermercado oferece:
os convencionais, os de transição e os certificados.
Os cortes de frango resfriados, certificados ou não, encontravam-se todos no
mesmo freezer. Já as carnes congeladas podem passar despercebidas. Entre as
diversas ilhas de congelados, havia uma somente para as cortes de frango congelados
com selo de bem-estar animal. Mesmo estando ao lado de outra ilha de congelados
convencionais, é pouco provável que um consumidor padrão, após ter escolhido seu
produto habitual, se interesse e pare para olhar o que os produtos do freezer ao lado
têm de diferente.
Para nenhuma categoria dos produtos havia alguma informação ou sinalização
por parte do supermercado que pudesse facilitar a identificação pelo consumidor ou
atrair sua atenção. Ou seja, para encontrar esses itens, o consumidor conta apenas
com as informações presentes nas embalagens. O Pão de Açúcar poderia investir na
comunicação para atrair mais a atenção dos clientes para esses produtos certificados
pois, além de aumentar a possibilidade de suas vendas, estaria também contribuindo
para a conscientização dos consumidores sobre as atuais práticas realizadas nos
sistemas de criação animal.
Nota-se que ainda há muito para avançar, tanto na educação e conscientização
do consumidor quanto na oferta de produtos certificados. O resultado mostrou que
ainda há pouca variedade de itens à disposição do cliente e restrito a poucas empresas.
Todos os itens certificados encontrados são de sistemas de criação de aves, ou seja,
a produção ética e sustentável deve se estender a outras espécies e categorias, como
os suínos, bovinos de corte e de leite, peixes entre outros.
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
204
Aos poucos o consumidor começa a questionar o bem-estar animal e as empresas
precisam estar preparadas para atender essa exigência cada vez mais crescente. A
adesão das grandes indústrias alimentícias já é um passo importante pois pressiona
criadores a se adequarem à criação responsável, o que se torna algo necessário pela
própria sustentabilidade do negócio e força outras indústrias a seguirem o mesmo
caminho.
Com o tempo, espera-se que esses produtos não só ganhem cada vez mais
espaço nas prateleiras com uma maior variedade de produtos como também que
seus preços se tornem mais accessíveis, deixando de atender apenas a um nicho de
mercado e tornando-se uma escolha mais natural entre os consumidores.
REFERÊNCIAS
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melhorar vida dos animais. Disponível em: < http://certifiedhumanebrasil.org/bem-estar-dos-suinoswap-abaixo-assinado/ >. Acesso em: 19 de ago. de 2018.
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CERTIFIED HUMANE BRASIL. (s.d. e). O bem-estar animal compensa. Disponível em: < http://
materiais.certifiedhumanebrasil.org/ebook-bem-estar-animal-compensa>. Acesso em: 08 de ago. de
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Disponível em: < https://www.beefpoint.com.br/carrefour-brasil-vendera-so-ovos-de-galinhas-criadassem-gaiola/>. Acesso em: 19 de ago. de 2018.
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DE BIOÉTICA E BEM-ESTAR ANIMAL, 3., 2014, Curitiba. Anais Eletrônicos. Curitiba: UFPR, 2014.
Disponível em: < http://www.labea.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2014/09/FRANCO-et-al.-Produtos-
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Capítulo 23
205
diferenciados-para-bem-estar-animal-Disponibilidade-e-rotulagem-na-cidade-de-Curitiba-PR.pdf>.
Acesso em: 19 de ago. de 2018.
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Capítulo 23
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SOBRE OS ORGANIZADORES
Jorge González Aguilera - Engenheiro Agrônomo (Instituto Superior de Ciências
Agrícolas de Bayamo (ISCA-B) hoje Universidad de Granma (UG)), Especialista em
Biotecnologia pela Universidad de Oriente (UO), CUBA (2002), Mestre em Fitotecnia
(UFV/2007) e Doutorado em Genética e Melhoramento (UFV/2011). Atualmente, é
professor visitante na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no
Campus Chapadão do Sul. Têm experiência na área de melhoramento de plantas e
aplicação de campos magnéticos na agricultura, com especialização em Biotecnologia
Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: pre-melhoramento, fitotecnia
e cultivo de hortaliças, estudo de fontes de resistência para estres abiótico e biótico,
marcadoresmoleculares, associação de características e adaptação e obtenção de
vitroplantas. Tem experiência na multiplicação “on farm” de insumos biológicos (fungos
em suporte sólido; Trichoderma, Beauveria e Metharrizum, assim como bactérias em
suporte líquido) para o controle de doenças e insetos nas lavouras, principalmente de
soja, milho e feijão. E-mail para contato:
[email protected]
Alan Mario Zuffo - Engenheiro Agrônomo (Universidade do Estado de Mato Grosso –
UNEMAT/2010), Mestre em Agronomia – Produção Vegetal (Universidade Federal do
Piauí – UFPI/2013), Doutor em Agronomia – Produção Vegetal (Universidade Federal
de Lavras – UFLA/2016). Atualmente, é professor visitante na Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul – UFMS no Campus Chapadão do Sul. Tem experiência na
áreade Agronomia – Agricultura, com ênfase em fisiologia das plantas cultivadas e
manejoda fertilidade do solo, atuando principalmente nas culturas de soja, milho, feijão,
arroz, milheto, sorgo, plantas de cobertura e integração lavoura pecuária. E-mail para
contato:
[email protected]
Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3
Sobre os Organizadores
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