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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa

2019, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa

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Jorge González Aguilera Alan Mario Zuffo (Organizadores) Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Atena Editora 2019 2019 by Atena Editora Copyright © Atena Editora Copyright do Texto © 2019 Os Autores Copyright da Edição © 2019 Atena Editora Editora Executiva: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Diagramação: Geraldo Alves Edição de Arte: Lorena Prestes Revisão: Os Autores O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Prof. Dr. Álvaro Augusto de Borba Barreto – Universidade Federal de Pelotas Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Antonio Isidro-Filho – Universidade de Brasília Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Cristina Gaio – Universidade de Lisboa Prof. Dr. Deyvison de Lima Oliveira – Universidade Federal de Rondônia Prof. Dr. Gilmei Fleck – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Profª Drª Ivone Goulart Lopes – Istituto Internazionele delle Figlie de Maria Ausiliatrice Prof. Dr. Julio Candido de Meirelles Junior – Universidade Federal Fluminense Profª Drª Lina Maria Gonçalves – Universidade Federal do Tocantins Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Paola Andressa Scortegagna – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Urandi João Rodrigues Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme – Universidade Federal do Tocantins Ciências Agrárias e Multidisciplinar Prof. Dr. Alan Mario Zuffo – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Alexandre Igor Azevedo Pereira – Instituto Federal Goiano Profª Drª Daiane Garabeli Trojan – Universidade Norte do Paraná Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. Fábio Steiner – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Profª Drª Girlene Santos de Souza – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Dr. Jorge González Aguilera – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Ronilson Freitas de Souza – Universidade do Estado do Pará Prof. Dr. Valdemar Antonio Paffaro Junior – Universidade Federal de Alfenas Ciências Biológicas e da Saúde Prof. Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto – Universidade Federal de Goiás Prof.ª Dr.ª Elane Schwinden Prudêncio – Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco – Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. José Max Barbosa de Oliveira Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos – Universidade Federal do Maranhão Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Ciências Exatas e da Terra e Engenharias Prof. Dr. Adélio Alcino Sampaio Castro Machado – Universidade do Porto Prof. Dr. Eloi Rufato Junior – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Fabrício Menezes Ramos – Instituto Federal do Pará Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Takeshy Tachizawa – Faculdade de Campo Limpo Paulista Conselho Técnico Científico Prof. Msc. Abrãao Carvalho Nogueira – Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Dr. Adaylson Wagner Sousa de Vasconcelos – Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Paraíba Prof. Msc. André Flávio Gonçalves Silva – Universidade Federal do Maranhão Prof.ª Drª Andreza Lopes – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Acadêmico Prof. Msc. Carlos Antônio dos Santos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Prof. Msc. Daniel da Silva Miranda – Universidade Federal do Pará Prof. Msc. Eliel Constantino da Silva – Universidade Estadual Paulista Prof.ª Msc. Jaqueline Oliveira Rezende – Universidade Federal de Uberlândia Prof. Msc. Leonardo Tullio – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof.ª Msc. Renata Luciane Polsaque Young Blood – UniSecal Prof. Dr. Welleson Feitosa Gazel – Universidade Paulista Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) C569 Ciências agrárias [recurso eletrônico] : campo promissor em pesquisa 3 / Organizadores Jorge González Aguilera, Alan Mario Zuffo. – Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2019. – (Ciências Agrárias. Campo Promissor em Pesquisa; v. 3) Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader. Modo de acesso: World Wide Web. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7247-417-7 DOI 10.22533/at.ed.177192006 1. Agricultura. 2. Ciências ambientais. 3. Pesquisa agrária – Brasil. I. Aguilera, Jorge González. II. Zuffo, Alan Mario. III. Série. CDD 630 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 Atena Editora Ponta Grossa – Paraná - Brasil www.atenaeditora.com.br [email protected] APRESENTAÇÃO A obra “Ciências Agrárias Campo Promissor em Pesquisa” aborda uma publicação da Atena Editora, apresenta seu volumem 3, em seus 23 capítulos, conhecimentos aplicados as Ciências Veterinárias. A produção de alimentos nos dias de hoje enfrenta vários desafios e a quebra de paradigmas é uma necessidade constante. A produção sustentável de alimentos vem a ser um apelo da sociedade e do meio acadêmico, na procura de métodos, protocolos e pesquisas que contribuam no uso eficiente dos recursos naturais disponíveis e a diminuição de produtos químicos que podem gerar danos ao homem e animais. Este volume traz uma variedade de artigos alinhados com a produção de conhecimento na área de veterinária, ao tratar de temas como manejo nutricional de caprinos, peixes, cães, gatos, aves, avelhas, entre outros. São abordados temas inovadores relacionados com sistemas de produção e manejo, melhora da cadeia produtiva, qualidade e bem-estar animal. Os resultados destas pesquisas vêm a contribuir no aumento da disponibilidade de conhecimentos úteis a sociedade. Aos autores dos diversos capítulos, pela dedicação e esforços, que viabilizaram esta obra que retrata os recentes avanços científicos e tecnológicos nas Ciências Veterinárias, os agradecimentos dos Organizadores e da Atena Editora. Por fim, esperamos que este livro possa colaborar e instigar mais estudantes e pesquisadores na constante busca de novas tecnologias para a área da Agronomia e, assim, contribuir na procura de novas pesquisas e tecnologias que possam solucionar os problemas que enfrentamos no dia a dia. Jorge González Aguilera Alan Mario Zuffo SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1 ANÁLISE DO RENDIMENTO CORPORAL DE PEIXE-REI Deivid Luan Roloff Retzlaff Daiane Machado Souza Josiane Duarte de Carvalho Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey Luana Lemes Mendes Paulo Leonardo Silva Oliveira Rodrigo Ribeiro Bezerra De Oliveira Rafael Aldrighi Tavares Suzane Fonseca Freitas Welinton Schrӧder Reinke DOI 10.22533/at.ed.1771920061 CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 6 ANÁLISE POLÍNICA DO MEL DE Apis melífera DE SANTA HELENA E TERRA ROXA, REGIÃO OESTE DO PARANÁ, DAS SAFRAS 2016, 2017 E 2018 – RESULTADOS PRELIMINARES Luanda Leal das Neves Carvalho Regina Conceição Garcia Renato de Jesus Ribeiro Paulo Henrique Amaral de Sousa Sandra Mara Stroher Simone Cristina Camargo Bruna Larissa Mette Cerny Lucas Luan Tonelli DOI 10.22533/at.ed.1771920062 CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 11 AVALIÇÃO DE ACEITABILIDADE DE CULTIVARES DE Brachiaria brizantha POR CAPRINOS Marina Gabriela Berchiol da Silva Giuliana Micai de Oliveira Paulo Roberto de Lima Meirelles Édina de Fátima Aguiar Guilherme Costa Venturini DOI 10.22533/at.ed.1771920063 CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 20 BONE TURNOVER MARKERS IN SHEEP AND GOAT: A REVIEW OF THE SCIENTIFIC LITERATURE José Arthur de Abreu Camassa Camila Cardoso Diogo Cristina Maria Peixoto de Sousa Jorge Manuel Teixeira de Azevedo Carlos Alberto Antunes Viegas Rui Luís Gonçalves Dos Reis Nuno Miguel Magalhães Dourado Maria Isabel Ribeiro Dias DOI 10.22533/at.ed.1771920064 SUMÁRIO CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 46 CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE SERRAPINUS MICRODON (Teleostei, Characidae, Cheirodontinae) DA BACIA DO SEPOTUBA, TANGARÁ DA SERRA-MT Erica Baleroni Pacheco Marina Malaco DOI 10.22533/at.ed.1771920065 CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 54 CASOS DE INTOXICAÇÕES EM CÃES E GATOS NO BRASIL DE ACORDO COM O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICA Higor da Silva Ferreira Allana Freitas Barros Renata Mondêgo de Oliveira Eslen Quezia Santos Miranda Douglas Marinho Abreu Isabel Silva Oliveira Maria Gabriela Sampaio Lira Ranielly Araújo Nogueira Alessandra Lima Rocha DOI 10.22533/at.ed.1771920066 CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 59 COMBINAÇÃO DO EXERCÍCIO FISICO E RAÇÃO HIPOCALORICA PARA TRATAR A OBESIDADE DE CÃES GUIAS Vítor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda Letícia Aline Lima da Silva Tayara Soares Lima Myllena Emely de Paiva Carmo Marina Ximenes de Oliveira Maria Camila Mendes Santos da Silva Joelline Rebecca Pimentel Leite de Oliveira Juliette Gonçalves da Silva Larissa Manoely da Silva Gomes Charles Demetrius Gonçalo da Silva Júnior José Matheus de Moura Andrade Silvio Mayke Leite DOI 10.22533/at.ed.1771920067 CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 67 Gracilaria birdiae PODE SER UM ALIMENTO ALTERNATIVO PARA AVES? Ayala Oliveira do Vale Souza Alex Martins Varela de Arruda Ana Cecília Nunes de Mesquita Nicolas Lima Silva Maria Gabriela Alves Costa DOI 10.22533/at.ed.1771920068 CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 76 HISTOLOGICAL CHANGES CAUSED BY LIGOPHORUS (Monogenoidea) IN REARED MULLET MUGIL LIZA URUGUAYENSE Eduardo Pahor-Filho Marta da Costa Klosterhoff SUMÁRIO Natalia da Costa Marchiori, Rogério Tubino Vianna, Joaber Pereira Júnior DOI 10.22533/at.ed.1771920069 CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 85 INFLUÊNCIA DOS FATORES METEOROLÓGICOS E FLORA APÍCOLA SOBRE O PESO DE COLMEIAS DE ABELHAS MELÍFERAS EM ÁREA DE CAATINGA Pedro de Assis de Oliveira Marileide de Souza Sá Marcelo Casimiro Cavalcante Marcelo de Oliveira Milfont DOI 10.22533/at.ed.17719200610 CAPÍTULO 11 ............................................................................................................ 96 ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus EM AMOSTRAS DE QUEIJO Nayara Carvalho Barbosa Cecília Nunes Moreira Bruna Ribeiro Arrais Flávio Barbosa da Silva Priscila Gomes de Oliveira Angélica Franco de Oliveira DOI 10.22533/at.ed.17719200611 CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 101 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA REGIONAL JATAÍ, A SERVIÇO DA POPULAÇÃO DO SUDOESTE GOIANO Hélio de Souza Júnior Priscila Gomes de Oliveira Patrícia Rosa de Assis Andréia Vitor Couto do Amaral Alana Flávia Romani DOI 10.22533/at.ed.17719200612 CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 107 MANIÇOBA COMO ALTERNATIVA FORRAGEIRA NA REGIÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UMA REVISÃO DA LITERATURA Wanderson Câmara dos Santos José Adrivânio da Silva Everton Chianca de Medeiros Emerson Moreira de Aguiar Pablo Ramon Da Costa Jefferson Avelino da Costa Arthur Felipe Bezerra de Azevedo Silva Alysson Lincoln da Costa Silva Junior João Manuel Barreto da Costa Samuel Norberto Silva Júlio César de Andrade Neto DOI 10.22533/at.ed.17719200613 SUMÁRIO CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 116 MONITORAMENTO COMPORTAMENTAL DO PEIXE BETTA DA ESPÉCIE Betta splendens (REGAN, 1910) NA VARIEDADE CROWNTAIL NO MASK STEEL Thalline Santos Diniz Yago Bruno Silveira Nunes Matheus Martins da Silva Gabriel Luiz Souza Vieira Amanda Rafaela Cunha Gomes Carlos Riedel Porto Carreiro DOI 10.22533/at.ed.17719200614 CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 121 OVOS ENRIQUECIDOS COM ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3 Marcos José Migliorini Janaina Martins de Medeiros Fernanda Picoli Luana de Bittencurt Acosta Rayllana Larsen Mariana Nunes de Souza Suélen Serafini DOI 10.22533/at.ed.17719200615 CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 129 PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DE DUAS ESPÉCIES DE ABELHAS SEM FERRÃO (Melipona Interrupta E Scaptotrigona aff. xanthotricha) EM COMUNIDADES DA RESEX TAPAJÓS- ARAPIUNS Adcleia Pereira Pires Jonival Santos Nascimento Mendonça Neto Andria Tavares Galvão Hierro Hassler Freitas de Azevedo Valbert Cruz Canto Ana Paula da Silva Viana Adria Fernanda Ferreira de Moraes Delzuíte Teles Leite Alanna do Socorro Lima da Silva Aline Pacheco Nivea Maria Pantoja Neves Marina Gabriela Cardoso de Aquino DOI 10.22533/at.ed.17719200616 CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 137 PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE DO BAIRRO DE DOIS IRMÃOS NA CIDADE DO RECIFE- PERNAMBUCO Letícia Aline Lima da Silva Vitor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda Myllena Emely de Paiva Carmo Marina Ximenes de Oliveira Anderson Cristiano Ferreira Costa Fernando de Figueiredo Porto Neto Dayane Albuquerque da Silva Juliette Gonçalves da Silva Larissa Manoely da Silva Gomes Nataly de Almeida Arruda SUMÁRIO José Matheus de Moura Andrade Silvio Mayke Leite DOI 10.22533/at.ed.17719200617 CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 150 PIRARUCU, GIGANTE DA AMAZÔNIA: DESAFIOS ENFRENTADOS PRODUTORES DE ALEVINOS DO SUDESTE PARAENSE POR Natalia Bianca Caires Medeiros Marcela Cristina Flexa do Amaral Leandro de Lima Sousa Marcos Rodrigues Igor Guerreiro Hamoy Marília Danyelle Nunes Rodrigues DOI 10.22533/at.ed.17719200618 CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 163 PRÁTICAS DE MANEJO E ABATE EM SISTEMA RANCHING DE CRIAÇÃO DE JACARÉ (Caiman yacare) EM COOPERATIVA NO PANTANAL MATO-GROSSENSE Natalia Bianca Caires Medeiros, Erica Vanessa Xavier de Almeida Marcela Cristina Flexa do Amaral Drausio Honorio Morais Marília Danyelle Nunes Rodrigues DOI 10.22533/at.ed.17719200619 CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 176 PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CÃES DA CIDADE DE JATAÍGO Fernanda Regina Cinelli Vera Lúcia Dias da Silva Luana Grazielle Oliveira Silva Josielle Nunes Silva Rodolfo Medrada de Oliveira DOI 10.22533/at.ed.17719200620 CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 182 RENDIMENTO CORPORAL DE CYPHOCHARAX VOGA Welinton Schrӧder Reinke Daiane Machado Souza Suzane Fonseca Freitas Paulo Leonardo Silva Oliveira Deivid Luan Roloff Retzlaff Luana Lemes Mendes Josiane Duarte de Carvalho Rafael Aldrighi Tavares Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey DOI 10.22533/at.ed.17719200621 SUMÁRIO CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 187 SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO AQUÍCOLA PARA INCUBAR EMBRIÃO DE POLVOS Octopus vulgaris TIPO II Clara Luna de Bem Barreto Cano Luciana Guzela Penélope Bastos Cláudio Manoel Rodrigues de Melo Débora Machado Fracalossi Carlos Rosas Vásquez Katt Regina Lapa DOI 10.22533/at.ed.17719200622 CAPÍTULO 23 .......................................................................................................... 197 UMA ANÁLISE DA OFERTA NO VAREJO BRASILEIRO DE PRODUTOS ORIUNDOS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO COM BEM-ESTAR ANIMAL Priscila Hitomi Inoue Marco Antonio Silva de Castro Gilmara Bruschi Santos de Castro DOI 10.22533/at.ed.17719200623 SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................. 207 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 doi ANÁLISE DO RENDIMENTO CORPORAL DE PEIXE-REI Deivid Luan Roloff Retzlaff Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Suzane Fonseca Freitas Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Daiane Machado Souza Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Welinton Schrӧder Reinke Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Josiane Duarte de Carvalho Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Luana Lemes Mendes Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Paulo Leonardo Silva Oliveira Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Agronomia Pelotas, Rio Grande do Sul Rodrigo Ribeiro Bezerra De Oliveira Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Agronomia Pelotas, Rio Grande do Sul Rafael Aldrighi Tavares Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO: Obter informações sobre as espécies é de fundamental importância para a sustentabilidade da pesca artesanal e para a comercialização do produto proveniente das pescarias. Foram utilizados 16 indivíduos da espécie Odontesthes humensis e 16 indivíduos da espécie Odontesthes bonariensis, oriundos da Lagoa Mangueira (33° 9´18.93”S e 52° 48`33.58”O). No laboratório foi realizada a biometria, que consistiu em aferições de comprimento total (CT) em cm, peso total (PT), peso do filé (PF) e peso de tronco limpo (PTL em gramas. Posteriormente, foram calculados os rendimentos de filé e tronco limpo (sem cabeça, vísceras e nadadeiras), expressos pelas equações PF/PT *100 e PTL/PT *100. Assim, é de objetivo deste trabalho, avaliar o rendimento corporal de duas espécies de peixe-rei (expressos em rendimento de filé e de tronco limpo). Capítulo 1 1 PALAVRAS-CHAVE: Lagoa Mangueira; Odontesthes bonariensis; Odontesthes humensis; Rendimento filé. ABSTRACT: Obtaining information on species is of fundamental importance for the sustainability of artisanal fisheries and for the marketing of fishery products. Sixteen individuals of the species Odontesthes humensis and 16 individuals of the species Odontesthes bonariensis, from Mangueira lagoon (33 ° 9'18.93 "S and 52 ° 48'33.58" W) were used. In the laboratory, the biometry was performed, which consisted of measurements of total length (CT) in cm, total weight (PT), fillet weight (PF) and clean trunk weight (PTL in grams. and clean trunk (without head, viscera and fins), expressed by the equations PF/PT * 100 and PTL/PT * 100. Thus, the objective of this work is to evaluate the body yield of two kingfish species (expressed in yield fillet and clean trunk). KEYWORDS: Mangueira lagoon; Odontesthes bonariensis; Odontesthes humensis; Yield fillet. 1 | INTRODUÇÃO O peixe-rei é encontrado nas lagoas costeiras do sul do Brasil, também podendo ser encontrado no Uruguai e na Argentina. Nas lagoas Mangueira e Mirim ao sul do Rio Grande do Sul as espécies mais comuns são Odontesthes humensis (DE BUEN, 1953) e o Odontesthes bonariensis (CUVIER; VALENCIENNES, 1835), o qual é vulgarmente chamada de “bicudo” (POUEY et al. 2012; PEREIRA, 2015). Quando adulto pode atingir o tamanho de 30 a 40 cm, sendo importante na pesca artesanal e com grande potencial para aquicultura (CAVALHEIRO et al. 2011). É capturado em maior quantidade durante o inverno, diminuindo substancialmente durante as outras estações (PEREIRA, 2015). Obter informações sobre as espécies é de fundamental importância para a sustentabilidade da pesca artesanal no entorno deste complexo lagunar e da comercialização do produto proveniente desta pesca. Assim como para as empresas que necessitam fazer o cálculo para a obtenção do produto final. A noção da quantidade de matéria-prima (peixe inteiro) que será transformada em produtos finais (filé e tronco limpo), permite o planejamento logístico da produção e os preços aferidos a cada produto para a comercialização (CARNEIRO et al. 2004; GONSALVES; CEZARINI, 2008). Assim, é de objetivo deste trabalho, avaliar o rendimento corporal do peixe-rei (expressos em rendimento de filé e de tronco limpo). 2 | METODOLOGIA Foram utilizados 16 indivíduos da espécie Odontesthes humensis e 16 indivíduos Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 1 2 da espécie Odontesthes bonariensis, oriundos da Lagoa Mangueira (33° 9´18.93”S e 52° 48`33.58”O). As coletas foram realizadas por pescadores locais licenciados e atuantes na região, na qual a captura foi realizada utilizando-se redes de emalhe de 30mm entrenós, configurando em retiradas aleatórias dos animais das redes de emalhe em seu ambiente natural. Após, os espécimes foram acondicionados em caixas térmicas e encaminhados para o Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Pelotas e armazenados em freezer. No laboratório foi realizada a biometria, que consistiu em aferições de comprimento total (CT) em cm, peso total (PT), peso do filé (PF) e peso de tronco limpo (PTL). Posteriormente, foram calculados os rendimentos de filé e tronco limpo (sem cabeça, vísceras e nadadeiras), expressos pelas equações PF /PT⁕100 ⁄ e PTL / PT⁕100. Para cada variável analisada, foram calculados os valores médios bem como o desvio padrão obtido para cada indivíduo de cada espécie. Por fim, os dados foram submetidos ao teste t para comparação de médias, utilizando o software BioEstat 5.3. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos não apresentaram diferença estatística significativa, conforme pode ser observado na Tabela 1. Variáveis (1) Odontesthes humensis Odontesthes bonariensis p<0,05 27,22 ± 2,48 26,81, ± 1,90 0,1287 PT (g) 186,56 ± 49,60 171,12 ± 33,07 0,2711 PFCP (g) 108,46 ± 30,96 97,73 ± 18,73 0,0907 PFSP (g) 75,36 ± 22,27 68,06 ± 12,46 0,3077 PTL (g) 123,30 ± 46,81 119,92 ± 27,85 0,0762 RFCP (%) 57,89 ± 2,67 57,23 ± 4,10 0,1335 RFSP (%) 40,38 ± 3,64 40,11 ± 5,04 0,0630 RTL (%) 65,25 ±15,82 70,00 ± 8,60 0,2775 CT (cm) Tabela 1- Rendimentos e médias dos indivíduos submetidos a biometria. CT=comprimento total; PT= peso total; PFCP= peso do filé com pele; PFSP= peso do filé sem pele; PTL= peso do tronco limpo; RFCP= rendimento do filé com pele; RFSP= rendimento do filé sem pele; RTL= rendimento de tronco limpo. (1) Os valores encontrados de rendimento do filé, sem pele, de ambas as espécies estudadas, foram semelhantes ao resultado de 40% encontrado por Cavalheiro et al. (2011) em seu estudo com a espécie Odontesthes humensis, realizado na lagoa Mirim (com rede de emalhe de 35mm entrenós). Apesar dos peixes avaliados neste trabalho apresentarem peso menor que os analisados no trabalho relacionado (234,97 g), o resultado de rendimento de filé se manteve próximo. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 1 3 Comparando os resultados apresentados neste estudo com os encontrados por Costa et al. (2012) com representantes da mesma espécie (Odontesthes sp.), coletados também no mês de agosto, na Barragem do Chasqueiro, com rede de emalhe de 35mm entrenós, obteve valores de rendimento de filé com pele de 43,69% para corte oblíquo e 40,82% para corte reto com peixes na faixa de peso entre 300 e 400g, estes resultados foram inferiores aos encontrados neste trabalho. A diferença de peso encontrada nos trabalhos relacionados, pode ser justificada pelas diferentes malhas de redes utilizadas, no presente trabalho foram utilizadas redes de emalhe de 30mm e nos trabalhos citados foram utilizadas redes de emalhe de 35mm entrenós, que emalham peixes maiores e mais pesados, o que não interferiu nos valores de rendimentos encontrados neste estudo. O resultado do rendimento de tronco limpo (65,25% para O. humensis e 70% para O. bonariensis) foram inferiores ao obtido por Pouey e Stingelin (1997), em que encontraram resultados para rendimento de carcaça de 87,7%. Pode-se se justificar esses dados relacionando o tamanho médio dos peixes, em que no estudo acima citado, eram mais pesados (peso médio de 273,9g) e também porque os autores consideram a carcaça sendo o peixe inteiro, descartando apenas as vísceras, diferente da análise feita neste estudo, considerando o tronco limpo livre de vísceras, cabeça e nadadeiras. 4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que o peixe-rei da Lagoa Mangueira possui rendimentos semelhantes aos demais trabalhos realizados nos recursos hídricos do sul do Rio Grande do Sul, e apresentam alto rendimento, tanto de filé como de tronco limpo. REFERÊNCIAS CARNEIRO, P. C. F.; MIKOS, J. D.; BENDHACK, F.; IGNÁCIO, S. A. Processamento do jundiá Rhamdia quelen: rendimento de carcaça. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v. 2, n. 3, p. 11-17, jul/set 2004. CAVALHEIRO, A. C. M.; EINHARDT, M. D. S.; TAVARES, R. A.; RIBEIRO, A. C.; PIEDRAS, S. R. N.; POUEY, J. L. Estudos de rendimento do filé do peixe-rei Odontesthes humensis no sul do RS. In: In: 38 Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 2011, Florianópolis SC. Anais do 38 Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária., 2011. CD-ROM. COSTA, S. B.; LIMA, F. V.; FREITAS, S. F.; TAVARES, R. A.; FERREIRA, O. G. L.; PIEDRAS, S. R. N.; POUEY, J. L. O. F. Rendimento de filé de peixe-rei (Odontesthes sp) com diferentes cortes de cabeça. In: SIEPE, 2012, Pelotas. Anais... Pelotas. CDROM. GONSALVES, A. A.; CEZARINI, R. Agregando valor ao pescado de água doce: defumação de filés de jundiá (Rhamdia quelen). Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, v. 3, n. 2, p. 63-79, jul. 2008. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 1 4 PEREIRA, Natalia. Efeitos da precipitação pluvial e da disponibilidade hídrica na Pesca artesanal da Lagoa Mirim. 2015. Tese (Doutorado Zootecnia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,RS, 2015 POUEY, J. L. O. F.; ROCHA, B. C.; TAVARES, R. A.; PORTELINHA, M. K.; PIEDRAS, S. R. N. Frequência alimentar no crescimento de alevinos de peixe-rei Odontesthes humensis. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 6, p. 2423-2428, nov/dez 2012. POUEY, J. L. O. F.; STINGILIN L. A.; Rendimento de carcaça e de carne do peixe-rei (Odontesthes humensis) com peso entre 200 e 300g. Boletim do Instituto de Pesca, v. 24, n. especial, p. 173-175, 1997. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 1 5 CAPÍTULO 2 doi ANÁLISE POLÍNICA DO MEL DE Apis melífera DE SANTA HELENA E TERRA ROXA, REGIÃO OESTE DO PARANÁ, DAS SAFRAS 2016, 2017 E 2018 – RESULTADOS PRELIMINARES Luanda Leal das Neves Carvalho Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Mestranda em Zootecnia Regina Conceição Garcia Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Profª Dra. Do Departamento de Zootecnia Renato de Jesus Ribeiro Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Mestrando em Zootecnia Paulo Henrique Amaral de Sousa Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Doutorando em Zootecnia Sandra Mara Stroher Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Doutora em Nutrição Animal Simone Cristina Camargo Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Doutora em Nutrição Animal Bruna Larissa Mette Cerny Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Graduanda em Zootecnia Lucas Luan Tonelli Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR Graduando em Zootecnia RESUMO: A apicultura tem se desenvolvido bastante na região Oeste do Paraná na última década, graças à organização dos apicultores, aos canais de comercialização de mel criados Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 pela Cooperativa (COOFAMEL), e à qualidade do produto, confirmada por análises, realizadas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon, que trabalha em parceria com essa cooperativa desde a sua criação. A presente proposta teve como objetivo comparar a origem botânica, por meio de análises melissopalinológicas, de amostras de mel do município de Santa Helena (Beira Lago de Itaipu) e Terra Roxa (com características agrícolas), das safras 2016/2017 e 2017/2018, visando à caracterização botânica dos mesmos e à busca da Indicação Geográfica junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. Em relação às analises polínicas quantitativas das lâminas de foram encontrados 353 tipos polínicos das safras 2016/2017/2018, mel, dentre eles os principais gêneros responsáveis pelas características singulares do mel da região são Zea mays, Malpigiaceae, Parapiptadenia rígida, Eucalyptus, e Hovenia dulcis PALAVRAS-CHAVE: Apicultura, Rastreabilidade, Melissopalinologia ABSTRACT: Beekeeping has been developing in the western region of Paraná in the last decade, thanks to the organization of beekeepers, the marketing channels of honey created by Cooperativa (COOFAMEL), and product quality, Capítulo 2 6 confirmed by analyzes carried out by the Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus of Marechal Cândido Rondon, that works in partnership with this cooperative since its creation. The present proposal had the objective of comparing the botanical origin, through melissopalinological analyzes, of honey samples from the municipality of Santa Helena (lake of itaipu) and Terra Roxa (with agricultural characteristics), from the 2016/2017 and 2017/2018 harvests, aiming at the botanical characterization of the same and the search of the Geographical Indication next to the National Institute of Industrial Property (INPI), of the Ministry of Industry, Commerce and Services. In relation to the pollen quantitative analyzes of the slides, 353 pollen types of the 2016/2017/2018 harvests were found, among them the main genera responsible for the unique characteristics of the honey of the region are Zea mays, Malpigiaceae, Parapiptadenia rigida, Eucalyptus, and Hovenia dulcis. KEYWORDS: Beekeeping, Traceability, Melissopalinology 1 | INTRODUÇÃO A produção de mel das abelhas até o ano de 2008 na região Oeste do Paraná correspondia à segunda região mais produtora, com 20% do total no estado, ficando atrás da região Sudeste. Em 2014 último dado fornecido, as abelhas presentes na região Oeste do Paraná produziram o que correspondem 14,25% da produção estadual, que foi de 5.688.178 Kg (IBGE, 2014). Diversos trabalhos têm sido realizados na região Oeste do Paraná, desde 2006, da UNIOESTE em parceria com a COOFAMEL, para determinar características palinológicas do mel nela produzido. Considerando-se que esta região, possuí características fitogeográficas diferenciadas, pela presença do Lago de Itaipu e pelo reflorestamento que vem sendo realizado desde 1979 em toda a bacia que margeia o Lago, por esses fatores mel produzido na região possui características palinológicas específicas, diferenciadas de outras regiões. Através da avaliação polínica qualitativa do mel é possível descobrir quais são as espécies botânicas visitadas pelas abelhas em busca de néctar e pólen. Pela avaliação quantitativa é possível estabelecer a contribuição de cada espécie vegetal visitada (Iwama 1979, Barth 2004). 2 | MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em parceria com a Cooperativa Agrofamiliar Solidária de Apicultores do Oeste do Paraná (COOFAMEL). O levantamento florístico foi realizado nas áreas à margem do lago de Itaipu e áreas agrícolas, nos municípios de Entre Rios do Oeste e Marechal Cândido Rondon, em transcectos marcados em 1,5 km de raio, sendo as plantas herborizadas e depositadas no herbário do Laboratório de Botânica da UNIOESTE – MCR. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 2 7 Foram coletadas 12 amostras de mel de cada município a cada safra , e as analises melissopalinológicas foram feitas em triplicata. A montagem das lâminas foi realizada por meio do processo de acetólise, adaptado de Louveaux et al. (1970). Estas lâminas farão parte do laminário de referência que está sendo montado na Universidade. As lâminas foram observadas e fotografadas em microscópio trinocular, com câmera acoplada (OPTON), em aumento 400 e 1.000 vezes, para formação do banco de imagens. Para identificação de grãos de pólen das lâminas, estas foram comparadas às lâminas de um laminário referência do laboratório de Apicultura da UNIOESTE/MCR, e realizando consultas a RCPOL (Rede de Catalogo Polínicos online) e levadas para uma identificação mais precisa até o laboratório de botânica e apicultura da Universidade de São Paulo (USP). As amostras de mel de Apis mellifera foram disponibilizadas pela Cooperativa Agrofamiliar Solidaria dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná – COOFAMEL, referentes à safra de 2016/2017 / 2018 de apicultores cooperados. As amostras foram acondicionadas em embalagens destinadas a produtos alimentícios, sendo um recipiente de plástico transparente com tampa de rosca com capacidade de 500g, ficando totalmente fechado, sendo armazenadas sob refrigeração. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO A Cooperativa Agro familiar Solidária dos Apicultores do Oeste do Paraná pleiteou junto ao INPI, o certificado de Indicação Geográfica (IG), por meio das pesquisas e análises realizada em parceria com a Universidade do Oeste do Paraná, foi conquistado em 2016 o selo de Indicação por procedência do mel de Apis e Jatai. Em relação às analises polínicas quantitativas das lâminas de mel, foram encontrados 353 tipos polínicos das safras 2016/2017/2018, abaixo uma tabela com a classificação quantitativa. Porcentagem Classificação Número de Ocorrências Polínica <3% Pólen Isolado Ocasional 132 tipos polínicos 3 a 15% Pólen Isolado Importante 131 tipos polínicos (15 identificados) 15 a 45% Pólen Acessório 60 tipos polínicos (11 identificados) >45% Pólen Dominante 1 tipo polínico identificado Tabela 1. Classificação polínica quantitativa de amostras de mel de Apis mellifera provenientes de municípios do Oeste do Paraná, de acordo com a metodologia de Louveaux et al. (1978): Segundo Moraes (2012), nas amostras de mel de A. mellifera coletadas na região de Santa Helena- PR foram encontrados 71 tipos polínicos, pertencentes a 24 famílias, dois tipos polínicos não foram identificados. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 2 8 Após realização da leitura polínica foi possível identificar e classificar os gêneros abaixo. Porcentagem Tipos Polínicos <3% Barbarea, Handroanthus 3 a 15% Euphorbiaceae, Trema, Miconia, Anadenanthera, Piptadenia, Bignoniaceae, Caesalpinia, Vicia, Cassia, Syzygium, Malpighia, Malvaceae, Lagerstroemia, Manihot, Eugenia 15 a 45% Anacadiaceae, Arecaceae, Leucaena, Parapiptadenia rígida Zea mays, Helianthus, Malpigiaceae, , Eucalyptus, Brassica, Cecopria, >45% Hovenia dulcis Tabela 2. Classificação polínica qualitativa de amostras de mel de Apismelífera, provenientes de municípios do Oeste do Paraná, das safras 2016/2017/2018, de acordo com a metodologia de Louveaux et al. (1978). Referente aos gêneros identificados as espécies de plantas, Leucaena e Hovena dulcis, são exóticas de importância apícola introduzidas no reflorestamento do lago de Itaipu e Bacia do Paraná 3. No que se diz respeito as espécies exóticas plantas como Zea mays (milho), Helianthus (Girassol) e Brassica (Canola), encontradas nas analises polínicas do mel são muito cultivadas na agricultura da região Heizen et al. (2009), em estudo no município de Marechal Cândido Rondon (PR), encontraram participação de grãos de pólen de H. dulcis, sendo predominante em uma das colmeias. Ainda Camargo et al. (2014), realizando estudo de levantamento de flora apícola, identificaram, em apiários do município de Santa Helena (PR) grande abundância das espécies H. dulcis e L. leucocephala. Figura 1. Tipos polínicos encontrados nas amostras de mel de Apis da Região Oeste – PR, safra 2016/2017/2018: 1- Bignoniaceae ; 2- Caesalpinia; 3- Vicia; 4- Cassia; 5- Malpighia; 6Hovenia dulcis (Rhamnaceae);7- Ligustrum. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 2 9 4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS O mel de Apis Mellifera apresenta características especificas da Região Oeste do Paraná, conferida pela presença polínica de Hovenia dulcis (uva-dojapão), Parapiptadenia rígida (angico) e Eucalyptus.(Myrtaceae), o que demonstra a importância da biodiversidade da região Beira Lago para alimentação das abelhas dos municípios estudados. REFERÊNCIAS BARTH, O.M. 2004. Melissopalynology in Brazil: a review of pollen analysis of honeys, própolis and pollen loads of bees. Scientia Agricola 61: 342-350. CAMARGO, S.C.; GARCIA, R.C.; FEIDEN, A.; VASCONCELOS, E.S.; PIRES, B.G.; HARTLEBEN, A.M.; GREMASCHI, J.R. 2014. Implementation of a geographic information system (GIS) for the planning of beekeeping in the west region of Paraná. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 86, 955-971. doi:10.1590/0001-3765201420130278 GARCIA, R. C.; NOGUEIRA-COUTO, R. H.; MALERBO, D. T. Efeitos do fornecimento de farelo de trigo sobre o desenvolvimento da glândula hipofaringeana e produção de geleia real em colmeias de Apis mellifera. Ciência Zootécnica, v. 4, n. 1, p. 6-8, 1989. HEINZEN, L.H.; LÜPKE, C.J.; GARCIA, R.C. ET AL. Plantas apícolas e análise polínica de méis de Apis mellifera, na região Oeste do Paraná. ZOOTEC. Anais... Águas de Lindóia, 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção de mel no Brasil. In: Sistema IBGE de recuperação de dados: mel deabelhas.Disponívelem:http://www.sidra.ibge.gov.br/ bda/tabela/listabl.asp?e=I&c=74. Acesso em: 24 de fevereiro de 2018. IWAMA, S. The pollen spectrum of the honey of Tetragonisca angustula angustula Latreille (Apidae, Meliponinae). Apidologie, v.10, p.275-295. 1979. LOUVEAUX, J.; Maurizio, A.; Vorwohl, G. 1970. Methodik dermelissopalynologie. Apidologie, 1: 193209. MORETTI, A.C.C. CARVALHO, C.A.L. MARCHINI, L.C. ET AL. Espectro polínico de amostras de mel de Apis mellifera L. coletadas na Bahia. Bragantia, v.59, n.1, p.1-6, 2000. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 2 10 CAPÍTULO 3 doi AVALIÇÃO DE ACEITABILIDADE DE CULTIVARES DE Brachiaria brizantha POR CAPRINOS Marina Gabriela Berchiol da Silva Faculdade Eduvale de Avaré e FMVZ/UNESP de Botucatu, [email protected] Giuliana Micai de Oliveira ESALQ/USP de Piracicaba, giuliana.micai@ hotmail.com Paulo Roberto de Lima Meirelles FMVZ/UNESP de Botucatu, [email protected]. br Édina de Fátima Aguiar Faculdade Eduvale de Avaré e FMVZ/UNESP de Botucatu, [email protected] Guilherme Costa Venturini FMVZ/UNESP de Botucatu, venturinigc@gmail. com RESUMO: A aceitabilidade e a composição bromatológica de três cultivares de Brachiaria brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) pastejadas por caprinos da raça boer, foram avaliados no presente experimento. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados com três tratamentos e quatro repetições. A aceitabilidade das gramíneas foi estudada em um ensaio do tipo cafeteria. Antes de cada pastejo, foi retirada uma amostra de forragem de cada parcela para estimar a produtividade de massa seca de forragem. Após o pastejo outras amostras foram coletadas para determinação da proteína bruta (PB), fibra detergente neutro Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 (FDN), fibra detergente ácido (FDA), lignina e do índice relativo de aceitabilidade. Observouse que a cultivar Xaraés foi a cultivar mais aceita, devido principalmente a maior produção de massa seca (PMS) e relação folha: colmo (relação F: C), uma vez que os valores de FDA, FDN e PB não diferiram entre as cultivares. PALAVRAS-CHAVE: Cafeteria. Cultivar. Consumo. Índice relativo de aceitabilidade. Pastagem ABSTRACT: This work was aimed to evaluate the acceptability and chemical composition of three cultivars of brachiaria brizantha (xaraés, marandu and piata) grazed by goats boer. A completely randomized block design was used. The acceptability of grasses was studied in a cafeteria-type experiment. Before each grazing, a sample was taken from each forage plot to estimate the productivity of dry matter forage. After grazing the other samples were collected for determination of crude protein (cp), neutral detergent fiber (ndf), acid detergent fiber (adf), lignin and the relative acceptance index. It was observed that the cultivar xaraés was the more accepted, mainly due to higher dry matter production (dmp) and leaf: stem ratio (ratio f: c), since the values of adf, ndf and cp did not differ between cultivars. KEYWORDS: Cafeteria. Cultivars. Consumption . Relative acceptance index.Pasture. Capítulo 3 11 1 | INTRODUÇÃO Nos países de clima tropical e subtropical, há grande potencial de produção de ruminantes em sistemas baseados no uso de pastagens. A despeito dessa realidade, os índices zootécnicos no Brasil continuam com baixos valores, e o manejo adequado das pastagens ainda é um desafio para pecuaristas e técnicos, que buscam a máxima produção de forragem e a otimização da produtividade animal (Neto et al.,2011). Aliado a isto, a escolha de forrageiras que melhor se adaptem ao sistema de produção adotado, e que seja mais adequada a determinada espécie ou categoria animal, também é almejada com o objetivo de buscar a máxima eficiência na produção de ruminantes. Vale destacar que aumentos na eficiência de produção e colheita da forragem disponível podem contribuir de forma marcante para a redução do custo de produção, melhorando a rentabilidade destes sistemas. A produtividade de uma pastagem é função de fatores próprios do ambiente como fotoperíodo e temperatura, e de fatores ambientais alteráveis pelo homem, como disponibilidade de água e de nutrientes, além do manejo empregado, o qual pode interferir diretamente na produção. Dessa forma, a identificação de parâmetros relacionados à frequência e intensidade de pastejo, melhor momento para reposição de nutrientes e potencial produtivo das espécies, contribuirá para a definição de estratégias de manejo nas pastagens, resultando em aumento na produtividade. O trabalho teve como objetivo avaliar a aceitabilidade de três cultivares de Brachiaria brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) por caprinos da raça Boer. 2 | METODOLOGIA O experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura da Fazenda Lageado de Ensino, Pesquisa e Produção da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu, Botucatu - SP. O clima do município é temperado quente mesotérmico, a altitude do local é de 800 m, latitude 22º52’55” sul e longitude 48º26’22” oeste. A precipitação pluviométrica anual é de 1300 mm, as temperaturas mínimas e máximas são, respectivamente, 17ºC e 23ºC e a umidade relativa do ar média anual é de 77,48%. O solo da área experimental é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico. A aceitabilidade e a qualidade nutricional das cultivares de Brachiaria brizantha (marandu, xaraés e piatã), foram avaliadas em um ensaio do tipo cafeteria (Ferreira, 1999). O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso com três tratamentos (cultivares) e quatro blocos, sendo que cada parcela experimental media 80 m². Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 12 A área experimental foi implantada em 2007 e mantida sob regimes de cortes periódicos e adubações. As avaliações foram realizadas a cada 28 dias, no período de outubro a dezembro, totalizando três avaliações, utilizando-se em cada bloco 3 cabras em lactação da raça Boer com peso médio de 60 kg que permaneciam na área experimental durante um dia no período das 8:00 as 18:00 horas. Foram estudados os seguintes parâmetros: Tempo de pastejo de cada animal em cada acesso: Determinado por meio da observação visual a cada 10 minutos durante o período de permanência dos animais nos piquetes, utilizando-se um observador para cada dois o blocos. A partir desta informação, foi calculado o Índice relativo de aceitabilidade, conforme proposto por Larbi et al. (1993). Altura do dossel: Obtida por meio da medição com o uso da régua milimetrada. Quantidade de forragem ofertada em cada parcela: Determinada por meio da medida direta de disponibilidade de forragem em uma área delimitada com um quadrado de 1m2, antes e após o pastejo. O material cortado foi então pesado e retirado uma amostra para secagem em estufa e posterior determinação da produtividade em kg de matéria seca/ha. Determinação do valor nutritivo dos diferentes acessos: Foram coletadas amostras antes do pastejo em uma área delimitada com um quadrado de 1m2. Do material cortado, foi retirada uma amostra que foi posteriormente encaminhada ao laboratório de Bromatologia da FMVZ/ Unesp - Botucatu para determinação do teor de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de acordo com a AOAC (1980), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e pelo método descrito por Van Soest et al. (1991). Após o pastejo as parcelas foram uniformizadas a 20 cm do solo com o uso da roçadeira. Durante o período de avaliação foram realizadas adubações de cobertura com 100 kg/ha da fórmula 20-05-20 (N; P2O5 e K2O) para cada tonelada de matéria seca extraída. Os dados foram submetidos à análise estatísca com análise de variância e teste F e, quando houve diferenças entre as médias aplicou-se o teste de Tukey, com 5% de significância. Os dados foram analisados utilizando o pacote estatísico SAS (2000). Foram também determinadas correlações simples, aplicando-se o teste de Pearson a 5 e 1% de probabilidade. 3 | REVISÃO DE LITERATURA O fator que mais onera a produção animal é a alimentação, e segundo Brâncio et al. (2003), o uso de pastagens como fonte de alimento para ruminantes é recomendável Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 13 uma vez que as condições ambientais favorecem para um menor custo da forragem produzida. Esses autores afirmam que em condições favoráveis de temperatura e umidade, as pastagens atendem as necessidades nutricionais de algumas categorias animais. No Brasil tropical, as gramíneas do gênero Brachiaria ocupam a maioria da área de pastagens cultivadas, pela sua adaptação as mais variadas condições de solo e clima, com vantagens sobre outras espécies, por proporcionar produções satisfatórias de forragem em solo com baixa fertilidade (Maranhão et al., 2010). A B. brizantha é uma espécie cosmopolita, originária da África e apresenta grande diversidade de tipos (Soares Filho, 1994). A cultivar Marandu, lançada pela Embrapa em 1984, tem hábito de crescimento cespitoso, colmos iniciais prostrados, mas produzindo perfilhos cada vez mais eretos ao longo do crescimento da touceira. (Nunes et al., 1984; citados por Valle et al., 2001). A cultivar Xaraés, liberada pela Embrapa em 2003, é caracterizada como planta cespitosa, folhas lanceoladas e longas, com poucos pelos. Seus principais atributos positivos são alta produtividade, especialmente de folhas, rápida rebrotação e florescimento tardio, prolongando o período de pastejo nas águas. A Xaraés apresenta destaque na produção de massa seca e na taxa de lotação, bem como maior resposta à adubação, principalmente nitrogenada, em relação às demais cultivares de B. brizantha, sendo indicada para ambientes com maior utilização de insumos e melhores níveis de manejo da pastagem (Brasil, 2012a). A BRS Piatã foi selecionada após 16 anos de avaliações pela Embrapa, a partir de material coletado na década de 1980, na região de Welega, na Etiópia, África, sendo lançada em maio de 2007. Sua inflorescência se diferencia das atuais cultivares disponíveis de B. brizantha por apresentar maior número de racemos (até 12). A cultivar apresenta florescimento precoce e resistência à cigarrinha das pastagens (Brasil, 2012b). O estudo do comportamento ingestivo é uma ferramenta que auxilia a solução de problemas como, por exemplo, a diminuição do consumo de forragem em épocas críticas relacionadas à produção animal, como a fase inicial de lactação, auxiliando ainda, nas práticas de manejo, dimensionamento das instalações, qualidade e quantidade de dieta fornecida (Damasceno et al., 1999). De acordo com Carvalho et al. (2001), o desempenho animal está associado à possibilidade de seleção da dieta, tanto em termos de espécies pastejadas como da porção da planta que é consumida, desde que a quantidade de forragem ofertada não seja limitante ao consumo. Dessa forma, a seletividade durante o pastejo, propicia que os animais consumam uma dieta com qualidade superior à média da qualidade oferecida na pastagem. Segundo Paine e Ryan (2000) define-se palatabilidade como a capacidade de atração exercida pelas plantas a um animal, enquanto a preferência é o ato de seleção de plantas pelo mesmo. A palatabilidade de uma planta é determinada por uma variedade Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 14 de características, incluindo conteúdo de fibra, nutrientes e composição química e características morfológicas. A preferência é uma combinação de sabores aprendida e geneticamente programada para dar respostas a necessidades nutricionais e suas consequências pós ingestiva (por exemplo, se a planta deixa um animal doente, ele aprende a evitá-la). De acordo com a Sociedade Americana Foresters (1958), citada por MARTEN (1969), palatabilidade e preferência têm sido usados como sinônimos. Mas, preferência poderia ser reservada para situações em que se estuda a seleção pelos animais, isto é, uma escolha proporcional de dois ou mais alimentos, enquanto a palatabilidade estaria relacionada a características de plantas ou condições que estimulam a resposta seletiva pelos animais, porque o termo palatável define, simplesmente, o gosto. Vale destacar que, Heath & Metcalfe (1962), definiram palatabilidade como uma relação atrativa pelo alimento, simplesmente, pelo gosto. Como termos separados, eles definiram aceitabilidade como sendo a prontidão com que o animal seleciona e ingere a forragem, apesar de vários autores afirmarem que a palatabilidade e aceitabilidade são sinônimos. Segundo Silva et al. (2011), O estudo do comportamento de caprinos tem sido utilizado cada vez mais com o intuito de avaliar os hábitos alimentares dos animais, principalmente em situação de pastejo. O mercado da caprinocultura de corte mundial teve seu boom com a expansão da raça boer, mas infelizmente a venda destes estava mais direcionada para animais puros voltados para reprodução do que para criação para produção. No Brasil, a criação de caprinos assume um caráter social, pois como a maioria do rebanho (94%) se concentra no nordeste, os animais acabam sendo a única fonte de renda das pessoas da região, e estas praticam a produção pouco tecnificada, não conseguindo assim atender o mercado consumidor exigente, principalmente na parte da qualidade, na demanda e no preço. A raça Boer é originária da África do Sul a partir do cruzamento de cabras indígenas e animais europeus. Elas foram introduzidas no Brasil, inicialmente por meio de sêmen importado da Alemanha, depois por transferência de embriões importados da França e mais recentemente, com animais importados do Canadá e dos EUA. A Nova Zelândia também possui excelentes rebanhos dessa raça. Os caprinos apresentam elevada capacidade para selecionar a dieta consumida, escolhendo preferencialmente as partes mais tenras da forragem. Por outro lado, são poucos os estudos relacionados ao comportamento seletivo e aceitabilidade em pastejo por esta espécie animal. Segundo Van Soest (1994) animais selecionadores intermediários são aqueles capazes de uma utilização limitada dos constituintes da parede celular e apresentam alta velocidade de passagem, o que os permite ingerir quantidades suficientes de nutrientes facilmente fermentáveis. Os caprinos e ovinos são alguns dos animais englobados nesta classificação, apresentando grande flexibilidade alimentar e adaptação tanto Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 15 para o consumo de gramíneas, quanto para o consumo de dicotiledôneas herbáceas, brotos e folhas de árvores e de arbustos. Entre os consumidores intermediários existe uma diferença em relação à seletividade, sendo os caprinos mais seletivos que os ovinos, pois possuem grande mobilidade labial. Estes animais preferem o ramoneio tanto em pastejo quanto em confinamento, podem consumir grande variedade de plantas e através da seletividade mudam a dieta de acordo com a disponibilidade de alimentos e da estação do ano. Os caprinos selecionam as partes que possuem maior valor nutritivo, preferindo folhas a caules. (Cunha, 1999; Ribeiro, 1997). 4 | RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Tabela 1, estão apresentados os dados de produção de massa seca de forragem (PMS), altura do dossel, relação folha:colmo, teor de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácida (FDA) e proteína bruta (PB) e índice de aceitabilidade relativa (IAR) de três cultivares de Brachiaria brizantha (Xaraés, Marandu e Piatã) por caprinos da raça Boer. Gramíneas PMS (kg/ ha) Altura (cm) FDN (%) FDA (%) Marandu 1610,2 b* 26,1 b 62,4 28,7 Xaraés 2330,9 a 32,0a 65,3 Piatã 1699,8 b 32,5a 64,8 Relação F:C PB (%) IAR 2,8 b 9,0 4,9 0,7 4,5a 8,6 1,0 30,8 2,3 b 8,3 4,2 Tabela 1. Produção de Massa seca de forragem (PMS), altura da forragem, relação folha:colmo, teor de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácida (FDA) e proteína bruta (PB) e índice de aceitabilidade relativa (IAR). *P<0,05 Observaram-se maiores PMS para a cultivar de Brachiaria brizantha Xaraés e consequente relação F:C (Tabela1), corroborando com as informações de que os principais atributos positivos desta cultivar são alta produtividade, especialmente de folhas, rápida rebrotação e florescimento tardio (Brasil, 2012a). Para a altura das cultivares, observou – se que a cultivar Xaraés foi semelhante à cultivar Piatã e superior á Marandu. Neste sentido, atribui-se maior IAR para a cultivar Xaraés devido maior disponibilidade de forragem, favorecendo o habito de pastejo dos caprinos, que segundo Cunha (1999) e Ribeiro (1997), preferem o ramoneio tanto em pastejo quanto em confinamento e os mesmos podem consumir grande variedade de plantas devido sua seletividade de partes que possuem maior valor nutritivo, preferindo folhas a caules. Os teores de FDN e FDA não diferiram entre as cultivares, isso se deve ao fato de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 16 as cultivares serem jovens e estarem submetidas ao mesmo tipo de manejo. Oliveira et al. (2000) salienta que a idade da planta influencia o valor nutritivo e determina a variabilidade dos indicadores de qualidade, sendo esta um dos principais fatores determinantes da produtividade de ruminantes. Segundo Van Soest (1994) os teores de PB e fibra das forragens podem ser utilizados como indicadores da qualidade e consequente desempenho dos animais ao consumirem estas forragens. O teor de PB da forragem pode influenciar o consumo e a digestibilidade da matéria seca e o desempenho dos animais, isso indica que não foi o teor de PB que influenciou no consumo da forragem, uma vez que os valores de PB não diferiram entre as cultivares. Quanto às correlações lineares verificadas entre as características da pastagem (Tabela 2), o IRA foi positivamente correlacionado (P<0,01) às demais características estudadas, sendo que a relação F:C foi o parâmetro com maior correlação, indicando que os animais consumiram preferencialmente a espécie forrageira que apresentou maior relação F:C, no caso o capim-xaraés. IRA PMS (kg/ha) 0,6772 Altura (cm) 0,3322 Relação F:C 0,8282 FDN 0,5466 FDA PB 0,3799 0,2291 IRA 1 Tabela 2. Coeficientes de correlação linear entre produção de massa seca (PMS) de forragem, altura, relação folha:colmo, FDN, FDA, PB e Índice relativo de aceitabilidade (IRA) Ressalta-se que esta caraterística, representativa do comportamento animal frente às alterações nas condições da pastagem a ser considerada no desenvolvimento de modelos de predição de consumo e desempenho por animais pastejando forrageiras tropicais, juntamente ao valor nutritivo da forragem e às características estruturais da pastagem 5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS A cultivar Xaraés teve o maior índice de aceitabilidade relativa, isso se deve ao seu maior teor de PMS e relação F:C, uma vez que os valores de FDA, FDN e PB não diferiram entre as cultivares. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 17 REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTIC CHEMISTS INTERNATIONAL. Official methods of analysis. 15. ed. Arlington, 1990. 473p. BRÂNCIO, P.A. et al. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 18 SOUSA, W. H. O agronegócio da caprinocultura de corte no Brasil. In: Encontro Nacional para o Desenvolvimento da Espécie Caprina, 8. 2004, Botucatu. Anais... Botucatu: FMVZ, 2004. p. 199-214. SAS INSTITUTE. SAS user’s guide: release 6.03. Cary: Statistical Analysis System Institute, 1999.1028p. TILLEY, J.M.A.; TERRY, R.A. A two-stage technique for the “in vitro” digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society, v.18, p.104-111, 1963. VALLE, C.B.; EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M. Características das plantas forrageiras do gênero Brachiaria. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 17. 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2001. p.133 -176. VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber neutral detergent fiber, and non-starch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, p.35833597, 1991. VAN SOEST , P.J. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 3 19 CAPÍTULO 4 doi BONE TURNOVER MARKERS IN SHEEP AND GOAT: A REVIEW OF THE SCIENTIFIC LITERATURE José Arthur de Abreu Camassa Department Of Veterinary Sciences, Agricultural And Veterinary Sciences School (Ecav), University Of Trás-Os-Montes And Alto Douro (Utad), Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal Camila Cardoso Diogo Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad, Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal Cristina Maria Peixoto de Sousa Faculdade De Medicina, Universidade Do Porto, Al. Prof. Hernâni Monteiro, 4200-319 Porto, Portugal Jorge Manuel Teixeira de Azevedo Department Of Animal Sciences, Ecav, Utad, Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal Cecav – Centre For Animal Sciences And Veterinary Studies, Utad, Quinta De Prados, 5000801 Vila Real, Portugal Carlos Alberto Antunes Viegas Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad, Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal 3B’s Research Group, I3bs – Research Institute On Biomaterials, Biodegradables And Biomimetics, University Of Minho, Headquarters Of The European Institute Of Excellence On Tissue Engineering And Regenerative Medicine, Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia, Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco, Guimarães, Portugal Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães 4805-017, Portugal Rui Luís Gonçalves Dos Reis 3B’s Research Group, I3bs – Research Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Institute On Biomaterials, Biodegradables And Biomimetics, University Of Minho, Headquarters Of The European Institute Of Excellence On Tissue Engineering And Regenerative Medicine, Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia, Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco, Guimarães, Portugal Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães 4805-017, Portugal The Discoveries Centre For Regenerative And Precision Medicine, Headquarters At The University Of Minho, Avepark, 4805-017 Barco, Guimarães, Portugal Nuno Miguel Magalhães Dourado Department Of Mechanical Engineering, University Of Minho, Campus De Azurém, 4804533 Guimarães, Portugal Cmems – Center For Microelectromechanics Sistems, University Of Minho, Campus De Azurém, 4804-533 Guimarães, Portugal Maria Isabel Ribeiro Dias Department Of Veterinary Sciences, Ecav, Utad, Quinta De Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal 3B’s Research Group, I3bs – Research Institute On Biomaterials, Biodegradables And Biomimetics, University Of Minho, Headquarters Of The European Institute Of Excellence On Tissue Engineering And Regenerative Medicine, Avepark, Parque Da CiÊncia E Tecnologia, Zona Industrial Da Gandra, 4805-017 Barco, Guimarães, Portugal Icvs/3B’s – Pt Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães 4805-017, Portugal Capítulo 4 20 ABSTRACT: Bone turnover markers (BTMs) are product of bone cell activity and are generally divided in bone formation and bone resorption markers. The purpose of this review was to structure the available information on the use of BTMs in studies on small ruminants, especially for monitoring their variations related to diet, exercise, gestation and metabolic lactation state, circadian and seasonal variations, and also during skeletal growth. Pre-clinical and translational studies using BTMs with sheep and goats as animal models in orthopaedic research studies to help in the evaluation of the fracture healing process and osteoporosis research are also described in this review. The available information from the reviewed studies was systematically organized in order to highlight the most promising BTMs in small ruminant research, as well as provide a wide view of the use of sheep and goat as animal models in orthopaedic research, type of markers and commercial assay kits with cross-reactivity in sheep and goat, method of sample and storage of serum and urine for bone turnover markers determination and the usefulness and limitations of bone turnover markers in the different studies, therefore an effective tool for researchers that seek answers to different questions while using BTMs in small ruminants. [“Title: Bone turnover markers in sheep and goat: A review of a scientific literature. Authors: José A. Camassa, Camila C. Diogo, Cristina P. Sousa, Jorge T. Azevedo, Carlos A. Viegas, Rui L. Reis, Nuno Dourado and Isabel R. Dias. An Acad Bras Cienc. March (2017) 89(1): 231-245.”] KEYWORDS: Bone formation markers; bone resorption markers; bone metabolism; small ruminants 1 | INTRODUCTION In the last decades, small ruminants – sheep and goats – have been widely accepted as animal models in orthopaedic research (O'LOUGHLIN et al., 2008; REICHERT et al., 2009) especially due to their low cost, availability, acceptance as an experimental model, facility of handling and housing (TURNER, 2007a), compliance, and docility (NEWMAN et al., 1995). The suitability of small ruminants as animal models for orthopaedic research results mainly from having the most similar body weight and long bones with dimensions compatible with application of implants and prostheses developed for humans (NEWMAN, et al. 1995; ANDERSON et al., 1999; VAN DER DONK et al., 2001). In this manner, compared with other species used in orthopaedic research, sheep and goats have an adequate body weight and long bones, with a macrostructure more similar to humans (NEWMAN et al., 1995), despite the bone microstructure of small ruminants being less similar to humans than other animal models such as dogs (PEARCE et al., 2007). Sheep have a predominance of plexiform bone until 3 to 4 years of age (NEWMAN et al., 1995) due to fast growth in weight and size (REINWALD and BURR, 2011) and just a predominance of secondary Haversian systems after 7 to 9 years of age with the presence of bone remodelling (NEWMAN et al., 1995). Sheep also Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 21 presents a trabecular bone density, mineralization and subsequently elevated strength relative to humans, that are variable according to skeletal location (NAFEI et al., 2000; LIEBSCHNER, 2004), nevertheless the bone mineral composition being apparently similar between small ruminants and humans (RAVAGLIOLI et al., 1996). Despite these macro- and micro-structural differences in bone tissue, studies with small ruminants used as animal models in orthopaedic research have increased considerably (PEARCE et al., 2007), and more recently they have also been used for studying bone turnover markers (BTMs) (SOUSA et al., 2014a). The BTMs are proteins which indicate bone metabolism (SOUSA et al., 2014b), and are generally divided into collagenous bone formation markers, bone resorption markers and osteoclast regulatory protein markers (LEEMING et al., 2006). Analysis of BTMs might supply information in a fast, effective, sensitive, specific, and low cost manner (ALLEN, 2003). Nowadays, it is used in human medicine to help evaluate fracture risk, delayed fracture healing and consolidation process, and development of metabolic bone diseases (VASIKARAN et al., 2011). These similarities in biochemistry, biomechanics, and bone histology make BTMs a resource in sheep and goats for pre-clinical and/or translational orthopaedic research studies and veterinary and animal science studies (TURNER, 2007b). Nevertheless, the reported biological variability of BTMs among age, gender, disease, recent fractures, exercise, time (SEIBEL, 2005), diet (NICODEMO et al., 1999; LIESEGANG and RISTELI, 2005; LIESEGANG et al., 2013), seasonal changes (ARENS et al., 2007) and circadian variation (LIESEGANG et al., 2003), which can contribute substantially to the variability of these parameters (SMITH et al., 2011), are their main limitation (CREMERS et al., 2008). Therefore, the aim of this review was to collect the studies published in scientific literature until the present date concerning the use of BTMs in small ruminant research or to investigate the clinical effectiveness of BTMs in pre-clinical or translational experimental orthopaedic research related to human medicine when sheep and goat are used as experimental animal models for this latter purpose. 2 | BONE TURNOVER MARKERS Bone tissue undergoes turnover along the animal lifespan (SEIBEL, 2006) and that process is divided into two parts: modelling and remodelling (CLARKE, 2008). Modelling is a longitudinal and circumferential growth process due to mechanical and/or physiological influences (CLARKE, 2008), with longitudinal growth located at the epiphyseal plates until their fusion uniting the epiphysis and metaphysis through endochondral ossification (ALTMAN et al., 2015). It also allows the adaptation of bone tissue, removing damage and maintaining its strength (SEEMAN, 2009), and requires that the process of bone formation and resorption are independent from one Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 22 another regarding time and location (RAGGATT and PARTRIDGE, 2010). Remodelling is a process of bone replacement where bone formation outpaces bone resorption (ALTMAN et al., 2015), to maintain bone strength and mineral homeostasis, regulated by osteoclasts and osteoblasts that sequentially carry out resorption of old bone and formation of new bone, keeping the new bone healthy (CLARKE, 2008). Bone remodelling predominates when bone is reaching maturity (IGLESIAS et al., 2011), but it does not influence the size and shape, although the internal architecture may have slight changes caused by external forces (HADJIDAKIS and ANDROULAKIS, 2006). Bone formation and resorption are present in same site, but not at the same time in order to maintain bone mass (RAGGATT and PARTRIDGE, 2010). The proteins produced during bone turnover are detectable mainly in serum in bone formation markers, whereas many of the bone resorption markers are detectable in both serum and urine (ALLEN, 2003), and there are a significant number of commercial kits developed for use in humans that have cross-reactivity with other species, including sheep and goats (Tables I to III). During the process of bone formation by osteoblasts, formation markers are represented by serum total (ALP) and the bone-specific isoform of alkaline phosphatase (BALP), serum osteocalcin (OC) and two molecules which are released during the type I collagen molecule synthesis – serum procollagen type I carboxy- and amino-terminal propeptides (PICP and PINP, respectively) (SEIBEL, 2002). In the bone resorption process there is a breakdown of type I collagen, so resorption markers are represented by serum C-terminal telopeptide of type I collagen (serum ICTP), urinary collagen type I cross-linked C- and N-telopeptide (CTx and NTx), urinary hydroxyproline (HYP), total and free urinary pyridinoline and deoxypyridinoline (PYD and DPD) and also by serum tartrate-resistant acid phosphatase (TRAP) as an enzyme produced by osteoclasts during their bone resorption activity (SEIBEL, 2002) (Figure 1). 2.1 Bone Formation Markers 2.1.1 Alkaline phosphatase Alkaline phosphatase (ALP) is a glycoprotein that is connected to the extracellular surface of cells and is synthesized in a variety of tissues, such as intestines, placenta, and germ cells (MILLAN, 2006). Animals have four isoforms of ALP – bone-specific ALP (BALP), intestinal ALP, liver ALP, and in dogs also the corticosteroid-induced ALP. This variation would render difficult the interpretation of possible variations of the ALP isoenzymes (ALLEN, 2003). Bone ALP has been used due to its high sensitivity as bone formation marker (SEIBEL, 2006). It is produced by osteoblasts (MILLAN, 2006) and is involved in the calcification of bone matrix (MASROUR and MAHJOUB, 2012) through the hydrolysis of phosphate esters on the osteoblast cell surface, resulting in a high extracellular inorganic phosphate concentration (WHYTE, 1994). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 23 2.1.2 Osteocalcin Osteocalcin (OC) is synthesized by mature osteoblasts, odontoblasts, and hypertrophic chondrocytes and it is vitamin K dependent protein. It has three residues of the calcium-binding amino acid, γ - carboxyglutamic acid (Gla). Its function is poorly understood, although it is primarily deposited in the bone extracellular matrix (ECM), with a small amount present in the blood stream (CREMERS et al., 2008). Serum OC is a marker of osteoblastic activity and its serum level thus reflects the rate of bone formation (SEEBECK et al., 2005), influences bone mineralization by binding calcium and consequently hydroxyapatite (NEVE et al., 2013). 2.1.3 Pro-Collagen Type I Propeptides Collagen type I is produced by osteoblasts in the last stage of new bone formation (ALLEN, 2003). The procollagen undergoes enzymatic cleavage producing the C- and N-terminal procollagen type I extension peptides (PICP and PINP, respectively), both extension are cleared by the liver and may be added to the bone ECM (WATTS, 1999). Nevertheless, type I collagen does not depend exclusively on the bone tissue turnover because it is also a component of other soft tissues as fibro-cartilage, tendon, skin, gum, intestine, heart valve, large vessels, and muscle. However, as the metabolism of type I collagen is faster in the bone tissue than in other tissues, changes in type I collagen are considered representative of bone collagen synthesis (CREMERS et al., 2008). It is suggested that PINP is useful in early detection of non-union processes with potential for study of the fracture healing process (COULIBALY et al., 2010), although in humans it is unknown whether there exists a correspondence between PINP and the progression of fracture healing (MOGHADDAM et al., 2011). 2.2 Bone Resorption Markers 2.2.1 Deoxypyridinoline and Pyridinoline The collagen fibrils recently deposited in bone ECM are stabilized by intra- and intermolecular cross links helping to build the mature collagen molecule (CEPELAK and CVORIŠCEC, 2009). The pyridinium cross links – deoxypyridinoline (DPD) and pyridinoline (PYD) are formed during extracellular maturation of fibrillar collagens (Gerrits et al. 1995). The PYD is found in bone and cartilage tissues and ligaments (Watts 1999) while DPD is found in bone and dentin (DELMAS et al., 2000), so in the bloodstream PYD is generally more abundant (CREMERS et al., 2008), although DPD is more specific as a resorption marker for bone tissue (SEIBEL et al., 1992). In a study with sheep after ovariectomy, this animal model demonstrated relevance as a model for osteoporosis due to the values of PYD and OC found (NEWTON et al., 2004). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 24 2.2.2 Carboxy-Terminal Telopeptide of Collagen Type i and Amino-Terminal Telopeptide of Collagen Type i The N-terminal (NTx) and C-terminal telopeptide of collagen type I (CTx) are fragments of the type I collagen molecule composed by a short peptide sequence from the non-helical domain of this molecule (CHUBB, 2012), attached by a pyridinium crosslink (ALLEN et al., 2000). Both markers are sensitive and reliable indicators of the bone resorption process (Cremers et al. 2008) and final products of the metabolism of bone ECM, amino acids, and free or peptide-bound PYD or DPD (ALLEN et al., 2000). The CTx is not specific as a resorption marker for bone tissue since it is identified not only in bone, but also in skin, dentine, and tendon, and these peptide fragments could also be derived from other types of collagen (CHUBB, 2012). However, CTx could be used for monitoring the bone healing process because it was detected that variations in its levels corresponded to bone resorption in an experimental fracture healing study performed in dogs where two different osteosynthesis techniques were used (PASKALEV and KRASTEV, 2010). 2.2.3 Carboxy-Terminal Telopeptide of Type i Collagen – Matrix Metalloproteinase Cleavage of the type I collagen molecule by the matrix metalloproteinases (MMP) results in the formation of cross-linked C-terminal telopeptide of type I collagen (CTXMMP or ICTP) (CREMERS et al., 2008), suitable to represent osteoclastic activity (ALLEN et al., 2000). The ICTP is an indicator for mobilization of bone tissue around parturition and at the beginning of lactation in sheep and goats (LIESEGANG et al., 2007). In dogs with osteosarcoma (HINTERMEISTER et al., 2008) and horses during physical training, this marker has not revealed itself suitable for determining bone resorption since it did not show correlation with other resorption markers, however it was an indicator of the rate of bone turnover (PRICE et al., 1995). 2.2.4 Tartrate-Resistant Acid Phosphatase Tartrate-resistant acid phosphatase (TRAP) is a bone resorption marker, but not originated from the degradation of type I collagen (HANNON et al., 2004). It is a glycoprotein produced by osteoclasts, activated macrophages, and dendritic cells (LEEMING et al., 2006). There is an isoenzyme 5, from a total of 6 isoenzymes of the acid phosphate identified by electrophoresis, which through protease cleavage presents two isoforms (a, b) – the TRAP 5a is sialylated and TRAP 5b is produced by osteoclasts, and the latter proposed to reflect osteoclast activity (DELMAS et al., 2000; LEEMING et al., 2006). The TRAP could be a suitable resorption marker for detection of normal or delayed fracture healing process in sheep (SEEBECK et al., 2005) or dogs (SOUSA et al., 2011). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 25 2.2.5 Cathepsin K Cathepsin K is part of the cysteine protease family and has the ability to cleave both helical and telopeptide regions of collagen type I (LEEMING et al., 2006). This enzymatic cleavage is able to degrade, at low pH, several proteins of the bone ECM, namely the telopeptide and helical regions of the collagen type I molecule, the OC and osteopontin (CREMERS et al., 2008). This marker could be used as a tool to measure bone resorption, such as in canine osteosarcoma clinical cases (SCHMIT et al., 2012). 3 | VARIABILITY OF BONE TURNOVER MARKERS The BTMs could suffer constant variation throughout the lifetime of an individual (SOUSA et al., 2014b). However, variation between individuals is also a great cause of oscillation in markers, specifically due to biological variability, together with the analytical variability introduced by the different assay techniques (VASIKARAN et al., 2011). Biological variability can be influenced by many uncontrollable factors (CREMERS et al., 2008), such as growth (SOUSA et al., 2014a), geographical location (LIESEGANG et al., 2013), pregnancy and lactation (LIESEGANG et al., 2006, 2007), and controllable factors, such as diet (MacLeay et al. 2004a,b, Liesegang et al. 2013), and season of the year (ARENS et al., 2007), which can be mitigated in clinical studies (LIESEGANG, 2008). In short, biological variability is affected by any factor that influences the bone remodelling (WATTS, 1999). Analytical variability has been minimized due to automated platform technology, however, there could be variations in results between different methods (CREMERS et al., 2008) and the development of new analytical techniques requires previous validation (SEIBEL et al., 2001). The high inter-individual variability of BTMs is their main limitation for clinical use due to the difficulty to establish reference ranges for serum and urinary BTM levels (SOUBERBIELLE et al., 1999), although bone markers are an effective tool in clinical studies due to reliable, fast, non-invasive, and cost effective assays with improved sensitivity and specificity (WHEATER et al., 2013). 4 | SAMPLE AND STORAGE Blood collection for measuring BTMs must be done at a specific time (morning) to avoid the influence of circadian variations (KLEIN et al., 2004; SEEBECK et al., 2005; DIAS et al., 2008; SOUSA et al., 2014a,b). Blood samples can be collected from the cephalic vein (KLEIN et al., 2004) or jugular vein (DIAS et al., 2008; SOUSA et al., 2014a,b) into serological tubes containing no anticoagulant (VERNON et al., 2010), and centrifuged (3000 rpm for 10 min) within 30 min of collection (LIESEGANG et al., Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 26 2007). Urine can be obtained using a special external urine collector (WINDHAGEN et al., 2002) or collected by cystocentesis (ALLEN et al., 2000). Urine and serum samples should be stored at -20°C for mineral analyses (CHANETSA et al., 2000; TAYLOR et al., 2009; SOUSA et al., 2014a) and at -80°C until determination of BTMs (SEEBECK et al., 2005; TATARA, 2008; SOUSA et al., 2014b), which provides molecular stability for several months (LOMEO and BOLNER, 2000). 5 | ANIMAL AND VETERINARY SCIENCE STUDIES Characteristics of the animal and veterinary science studies regarding population, type of studies, time, and conclusion (Table IV). 5.1 Diet According to Liesegang and Risteli (2005), Liesegang et al. (2013), MacLeay et al. (2004a,b) and Nicodemo et al. (1999) nutritional studies using BTMs were influenced by different diets, though this influence was not statistically significant. MacLeay et al. (2004a) concluded that during the administration of a diet that induced metabolic acidosis in mature ewes, there were no significant changes in serum BALP and DPD levels. In another study by Liesegang et al. (2013) with sheep grazing at different altitudes, it was not possible to confirm the interference of diet in the serum variation of ICTP or BALP, but high bone turnover was confirmed. Also, in a study by Liesegang and Risteli (2005) where a diet with varying calcium content was used, it was not possible to demonstrate the influence of the diet on bone mineral metabolism in growing goats and sheep, possibly due to the short duration of this study, where only the sheep showed a variation in BMD due to an increase in calcium intake. However, Wilkens et al. (2010) demonstrated that sheep were a suitable model for studies with varying diets, calcium deficiency, and calcitrol. 5.2 Exercise Liesegang and Risteli (2005) demonstrated that sheep in pasture at high altitudes had an increase in bone turnover and bone mineral content without clear cause, one possible factor being the increase in exercise. In another study in lambs, Vernon et al. (2010) concluded that the markers used were not adequate to indicate the effects of forced exercise. 5.3 Gestation And Lactation Liesegang et al. (2006) noticed that the interval between parturition and early lactation in sheep and goats required a high nutritional value of calcium due to losses to the fetus and lactation, occurring inefficiency of calcium absorption, leading to increases in bone remodelling to help replace maternal bone loss classified as a physiological Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 27 mechanism. During a second pregnancy, bone loss was less significant compared with the first pregnancy and the lactation greater, possibly due to the adaptation of the organism (LIESEGANG et al., 2007). Finally, it was concluded that sheep were more adapted to the loss of calcium in comparison to goats, that had a lower bone mineral density and bone mineral content before parturition (LIESEGANG and RISTELI, 2005) increased bone turnover, resulting in a higher activity of bone metabolism and sensitivity to changes in calcium during pregnancy and lactation (LIESEGANG et al., 2003). 5.4 Circadian And Seasonal Variation Chavassieux et al. (1991) reported that bone remodelling was influenced by the photoperiod, with decrease in bone remodelling occurring between spring and summer. Arens et al. (2007) confirmed that bone mass increases in summer and decreases in winter, so taking seasonal variation into account is fundamental in studies using BTMs. Liesegang et al. (2003) reported an increase in the rate of bone formation during the evening and night, indicating the influence of the circadian rhythm in bone turnover. Sousa et al. (2014b) concluded that the short-term variability should be considered during interpretation of data, such as circadian and seasonal variations, nevertheless the short-term biological variability do not represent a limitation for the use of BTMs. 5.5 Skeletal Growing Pastoureau et al. (1991) mention that sheep are a good model to study the bone growth in growing lamb. It was reported that goats showed a more accelerated bone remodelling that sheep, which was demonstrated by ICTP, CTx (LIESEGANG et al., 2003), BALP (LIESEGANG et al., 2003; SOUSA et al., 2014a), and OC determinations in various studies (PASTOUREAU et al., 1991; LIESEGANG et al., 2003). Collignon et al. (1996) demonstrated that bone growth since the fetal stage produces alterations in serum OC and BALP, confirming the usefulness of these markers in bone formation and growth. Scott et al. (1997) reported that OC, BALP, DPD, and PYD may be useful for detection of changes in bone growth caused by deficient diets, and Wan Zahari et al. (1994) reported that high phosphorus diets resulted in increased bone resorption (increased TRAP) in lambs. However, Chanetsa et al. (2000) exposed castrated lambs to an oestrogen agonist. In this study, bone growth was observed, but no effect on markers of bone remodelling was noticed. 6 | PRE-CLINICAL AND TRANSLATIONAL ORTHOPAEDIC RESEARCH STUDIES The characteristics of the pre-clinical and translational orthopaedic research studies, such as population, type of studies, time, and conclusion are listed in Table IV. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 28 6.1 Fracture Healing Process Tralman et al. (2013) and Windhagen et al. (2002) reported that the serum markers of bone formation are useful for reflecting the bone healing process, and Goebel et al. (2009) suggested that FGF23 is a good marker to indicate the healing process. Seebeck et al. (2005) stated that degradation of soft callus can be determined by serum PIIINP during the bone fracture healing process and Schmidt et al. (2008) concluded that it is possible to monitor the maturation of bone callus with the total ALP and NTx. However, without individual reference values, BTMs become a weak tool to determine the prognosis of bone consolidation (KLEIN et al., 2004). 6.2 Osteoporosis Newton et al. (2004) reported that ovariectomized (OVX) ewe were a useful model due to alterations in trabecular bone architecture along with the decrease in oestrogen levels, which resemble women in early menopause and Turner (2001) suggested that old OVX ewes could be a valid model for bone loss due to oestrogen deficiency. Johnson et al. (2002) reported that 6 months after OVX in sheep there was a decrease in alveolar bone BMD which became serious during the next 6 months. However, Sigrist et al. (2007) reported that in sheep, 6 months after the OVX, the markers for formation and resorption returned to baseline, indicating that the model was not appropriate for human postmenopausal osteoporosis. Kreipke et al. (2014) reported that OVX induces the necessary changes in bone microarchitecture for studying osteoporosis, but after a year, the changes in architecture stabilize in ovine. Chavassieux et al. (2001) reported that in goats, remodelling occurred only in the cortical bone tissue regions, which was also demonstrated by increased levels of CTx one month after OVX and OC three months after OVX. Ding et al. (2010) and Andreasen et al. (2015) stated that the induction by glucocorticoids in sheep is similar to the change in the microstructure of human bone also induced by long-term glucocorticoid treatment, therefore being a useful model. MacLeay et al. (2004b) though not knowing what the true mechanism is involved in diets that induce metabolic acidosis in bone loss, concluded that the sheep model is useful for studies of osteoporosis induced by diet. Therefore, small ruminant models are important for the study of human osteoporosis (CHAVASSIEUX et al., 1997; LILL et al., 2002a,b; ANDREASEN et al., 2015; KIELBOWICZ et al., 2015, 2016) induced by OVX and with attention to continuous treatment with glucocorticoids to maintain the osteoporotic bone condition (DING et al., 2010). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 29 7 | CONCLUSIONS The suitability of the determination of BTMs in small ruminants is already confirmed in numerous animal and veterinary sciences studies and also in preclinical and/or translational studies in orthopaedic research, in addition to imaging, mechanical, histological and histomorphometric analyses. Their advantage relies on a fast and noninvasive assessment via biochemical analysis of serum or urine samples, although the referred negative aspect of using BTMs in the clinical setting is related with their high biological variability. Particularly in sheep, BTMs have been used to estimate the extent of the osteogenic response at a local level at the fracture healing site, as precocious indicators of possible bone healing disturbances. BTMs could provide important information concerning bone metabolism at a systemic level, namely about bone remodelling process during induction of osteoporosis and its treatment in experimental orthopaedic studies. Recently it was developed a study by Baharuddin et al. (2014) in sheep with osteoclast regulatory protein – receptor activator of nuclear factor NF-κB ligand (RANKL) produced by osteocytes, osteoblasts and immune system cells, its membrane-bound receptor (RANK) in the osteoclast precursor cells and osteoprotegerin (OPG) as new potential bone markers in future (SOUSA et al., 2015), nevertheless more studies would be necessary to assess the usefulness of BTMs in this scientific field. 8 | ACKNOWLEDGEMENTS José Arthur de A. Camassa acknowledges to the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brazil, for his PhD scholarship 202248/2015-1. REFERENCES ALLEN, M. J. 2003. Biochemical markers of bone metabolism in animals: uses and limitations. Vet Clin Pathol 32: 101-113. ALLEN, M.J.; ALLEN, L. C.; HOFFMANN, W. E.; RICHARDSON, D. C; BREUR, G. J. 2000. Urinary markers of type I collagen degradation in the dog. Res Vet Sci 69: 123-127. , ALTMAN, A. R.; TSENG, W.J.; DE BAKKER, C. M.; CHANDRA, A.; LAN, S.; HUH, B. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 37 Marker Tissue of origin Sample Method of analysis Available commercial Assay kit Cross-Reactivity Sheep / Goat BALP Bone Serum Colorimetric No commercial kit available NO / NO OC PINP PICP Bone Bone, soft tissue Bone, soft tissue Serum Serum Electrophoretic No commercial kit available NO / NO Precipitation No commercial kit available NO / NO CLA LIAISON BAP Ostase, Stillwater, MN, USA ?/? ELISA MicroVue BAP, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA YES / YES RIA Tandem-R-Ostase, Beckman Coulter, Brea, CA, USA YES / ? CLA LIAISON Osteocalcin, Stillwater, MN, USA ?/? RIA BTI Human Osteocalcin RIA, Biomedical Technologies Inc, Stoughton, MA, USA ?/? ELISA MicroVue Osteocalcin, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA YES / YES BTI Intact Osteocalcin, Biomedical Technologies Inc, Stoughton, MA, USA ?/? Osteocalcin, SIGMA, Saint Louis, Missouri, USA ?/? Osteocalcin, GenWay Biotech, San Diego, CA, USA NO / NO CLA PINP Roche Diagnostics, Penzberg, ? / ? Germany RIA UniQ Intact PINP, Orion Corporation, Espoo, Finland ?/? Serum or urine ELISA PINP, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Serum RIA PICP, Orion Corporation, Espoo, Finland ?/? PICP DiaSorin, Stillwater, MN, USA YES / ? ELISA Serum or urine MicroVue CICP, Quidel Corporation, YES / ? San Diego, CA, USA PICP, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Table I - Bone formation markers, method of analysis and available commercial assay kits. BALP: Bone specific alkaline phosphatase; OC: Osteocalcin; PINP: Amino-terminal procollagen propeptides of collagen type I; PICP: Carboxy-terminal procollagen propeptides of collagen type I; RIA: Radioimmunoassay; ELISA: Enzyme-linked immunosorbant assay; CLA: Chemiluminescence immunoassay; YES: presence of crossreactivity; NO: absence of cross-reactivity; ?: no data available. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 38 Marker Tissue of origin Sample Method of analysis Available commercial Assay kit Cross-Reactivity Sheep / Goat HYP Bone, soft tissue, cartilage Serum or urine ELISA HYP, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Urine Colorimetric HPLC No commercial kit available NO / NO Urine ELISA MicroVue DPD, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA YES / ? HLPC No commercial kit available NO / NO ELISA MicroVue tDPD, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA YES / ? DPD, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES HPLC No commercial kit available NO / NO ELISA MicroVue Serum PYD, Quidel Cor- YES / ? poration, San Diego, CA, USA RIA No commercial kit available NO / NO Serum or urine ELISA PYD, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Serum Colorimetric No commercial kit available NO / NO RIA ICTP, Incstar Corporation, Stillwatter, MN, USA ?/? UniQ ICTP, Orion Corporation, Espoo, Finland ?/? ICTP DiaSorin, Stillwatter, MN, USA NO / NO DPD Bone, dentin Serum or urine PYD ICTP Bone, cartilage, blood vessels Bone, skin Urine ELISA Serum or urine CTx Bone Serum Urine Serum or urine UniQ ICTP EIA, Orion Corporation, ? / ? Espoo, Finland ICTP, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES CLA β-Crosslaps Roche Diagnostics Penzberg, Germany ?/? RIA No commercial kit available NO / NO ELISA Serum CrossLaps, Biointernational, Yvette, France YES / ? CLA β-CrossLaps Roche Diagnostics Penzberg, Germany ?/? RIA CrossLaps RIA, Osteometer Biotech, Herlev, Denmark ?/? ELISA CrossLaps, Osteometer Biotech, Herlev, Denmark YES / YES ELISA CTx, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 39 NTx Bone Serum RIA No commercial kit available NO / NO ELISA Osteomark Ostex International Inc., Seattle, WA, USA NTx MyBioSourse, San Diego, CA, USA YES / ? Urine RIA No commercial kit available NO / NO Serum or urine ELISA NTx, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK ? / YES Cathepsin k Bone Serum ELISA Cathepsin k ELISA Kit, Antibodies-online, Atlanta, Georgia, USA ?/? TRAP Bone Serum RIA No commercial kit available NO / NO ELISA MicroVue TRAP 5b, Quidel Corporation, San Diego, CA, USA YES / YES Osteolink-TRAP b, Nitto Boseki Corporation, Tokio, Japan ?/? Bone TRAP SBA, Science, Boldon, UK ?/? TRAP, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Serum or urine Table II - Bone resorption markers, method of analysis and available commercial assay kits. HYP: Hydroxyproline; DPD: Deoxypyridinoline; PYD: Pyridinoline; ICTP: Carboxy-terminal telopeptide of type I collagen; CTx: cross-linked C-terminal telopeptides of type I collagen; NTx: cross- linked N-terminal telopeptides of type I collagen; TRAP 5b: Tartrate-resistant acid phosphatase isoenzyme 5b; RIA: Radioimmunoassay; ELISA: Enzyme-linked immunosorbant assay; CLA: Chemiluminescence immunoassay; HPLC: High-performance liquid chromatography. Marker Tissue of origin Sample Method of analysis Available commercial Assay kit RANKL Bone, blood Serum ELISA Human Serum RANKL Free ELISA ? /? Kit, Biomedica Medizinprodukte, GmbH & Co. KG, Wien, Austria RANKL, Immundiagnostik AG, Bensheim, Germany Serum or urine Cross-Reactivity Sheep / Goat ? /? RANKL, Neobiolab Inc, Cambridge YES / YES MA, UK RANK Bone Serum ELISA RANK R&D Systems, Minneapolis, ? / ? MN, USA OPG Bone Serum ELISA Human Osteoprotegerin ELISA kit, BioVendo Laboratory Medicine, Inc., Labogen, Czech Republic NO / NO Osteoprotegerin, Immundiagnostik AG, Bensheim, Germany ?/? Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 40 Serum or urine Osteoprotegerin R&D Systems, Minneapolis, MN, USA ?/? OPG, Neobiolab Inc, Cambridge MA, UK YES / YES Table III - Osteoclast regulatory proteins, method of analysis and available commercial assay kits. RANKL: receptor activator of nuclear factor NF-κB ligand; RANK: receptor activator of nuclear factor NF-κB; OPG: osteoprotegerin; ELISA: Enzyme-linked immunosorbant assay. Authors Population Type of Study Markers Time Conclusion Chavassieux et al. (1991) Fourteen ewes Determine the effects of ossein-hydroxyapatite compound on bone remodeling Serum ALP, OC, Ca and P 90 days Possibly the OHC is able to reduce the seasonal effect on bone turnover Wan Zahari et al. (1994) Ten sheep Effects of nutrition on bone growth Serum 1,25 Vit. D, ALP and TRAP 6 weeks Diets rich in phosphate do not have effect on skeletal mineralization Turner et al. (1995) Thirty ewes Represent changes in bone mass in ovariectomized ewes Chavassieux et al. (1997) Thirty-two ewes Use of glucocortiSerum OC coid for decrease of and BALP bone formation 7 months Use of glucocorticoid in ewe may represent valid model for bone loss Scott et al. (1997) Twentyfour sheep Effects of nutrition on bone growth Serum TRAP, OC and BALP; Urinary PYD and DPD 90 days Suggest that markers may be useful for diagnosis and treatment of bone disease and early detection of nutrition deficiencies Nicodemo et al. (1999) Twenty-four Influence of diet in sheep bone growth Serum BALP, OC, Ca and P; Urinary PYD and DPD 11 weeks Markers are unsuitable for assessment of bone growth induced by different diets Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Serum BALP 6 months This model may be useful for estrogen deficiency studies inducing bone loss Capítulo 4 41 Chanetsa et al. (2000) Forty sheep Effects of an estrogen agonist on growth and bone mineral accretion Serum 163 days BALP, TRAP, 1,25 Vit. D, Ca, Mg and P This study has clinical relevance for treating children with delays in growth and bone mineral accretion Chavassieux et al. (2001) Forty ewes The effects of OVX in ewe associated or not with lentaron and effects of a new selective estrogen receptor modulator Serum OC and BALP; Urinary CTx 6 months OVX induced an increase in bone turnover and MDL may be useful for prevention of postmenopausal bone loss Lill et al. (2002a) Eight sheep Which method is more effective to induce osteoporosis 6 months The most effective method to induce osteoporosis is a combination of diet, ovariectomy, and glucocorticoid Lill et al. (2002b) Thirty-two sheep Induce severe osteoporosis in an ovine model 7 months The model may be useful for studies on osteoporosis Windhagen et al. (2002) Fourteen sheep What is the response of turnover markers during distraction osteogenesis Urinary DPD 74 days and PYD; Serum OC Showed a pattern of osteoblast cellular activation during distraction osteogenesis Liesegang et al. (2003) Twelve goats and sheep Determine the diurnal variation in bone markers Serum BALP, ICTP, CL and OC Klein et al. (2004) Fourteen sheep Use of BTMs to represent callus consolidation in bone healing Serum PICP, 9 weeks BALP and PIIINP Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 2 weeks During the day there was a variation in concentration of markers, goats presented a higher bone turnover than sheep The markers used were not useful for represent bone healing Capítulo 4 42 MacLeay et al. (2004a) Fifty-two ewes Develop an animal model for human postmenopausal osteoporosis MacLeay et al. (2004b) Twenty-four Influence of diet sheep and OVX on bone turnover Urinary DPD; Serum BALP, Ca and P 180 days Model is sensitive for bone loss due to a dietary metabolic acidosis Newton et al. (2004) Twelve ewes Effects of ovariectomy on the trabeculae of ovine iliac bone Serum OC; Urinary PYD 12 months Liesegang and Risteli (2005) Six sheep and six goat Influence of diet Serum ICTP, 8 weeks BALP, OC, Ca, CL and 1,25 Vit. D Due to short duration, it is difficult to associate the diet with bone turnover Seebeck et al. (2005) Sixteen sheep Use bone markers to represent callus formation during fracture healing Serum PICP, 9 weeks ALP, BALP, PIIINP, Ca and P The markers used were not useful in representing callus formation Liesegang et al. (2006) Twelve goat and sheep Determine the effects of pregnancy and lactation on markers Milk and serum Ca; Serum OC, BALP, CTx, ICTP, and 1,25 Vit. D Markers showed that bone turnover occurred during gestation and lactation Arens et al. (2007) Eight sheep Measure the seasonal variations in quantity and quality of bone turnover Serum 18 BALP, PYD; months Urinary DPD Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 90 days 11 months Model is sensitive for bone loss due to a dietary metabolic acidosis The ovine model is adequate for changes in trabecular bone architecture studies Seasonal variation must be considered when using an ovine model in osteoporosis studies Capítulo 4 43 Liesegang et al. (2007) Twelve goats and sheep Determine the effects of a second pregnancy and lactation on markers in comparison with a first Milk and serum Ca; Serum OC, BALP, CTx, ICTP, and 1,25 Vit. D Sigrist et al. (2007) Fourteen sheep The effect of ovariectomy on bone metabolism in sheep Serum 18 BALP, PYD; months Urinary DPD Dias et al. (2008) Eighteen ewes Measurement of bone markers in ewes under controlled environmental factors, and the study of their correlation with serum minerals Serum ALP, BALP, OC, Ca, P, Mg and Ca2+ 6 weeks References for the serum values of bone turnover parameters in sheep could be of great value, possibly for obtaining an early prognosis of fracture healing Goebel et al. (2009) Eighty-five sheep Verification of FGF23 as a possible marker of bone healing and regeneration Serum ALP, Ca and P; Urinary P 42 days FGF23 is a promising marker for indicating bone healing Ding et al. (2010) Eighteen sheep Use of glucocorticoid for inducing osteopenia in cancellous bone 10 months This method is useful for induced osteoporosis in sheep Vernon et al. (2010) Twenty sheep Influence of exercise on the degradation of the articular cartilage 5 months Markers were unable to demonstrate the effects of forced exercise Liesegang et al. (2013) Twenty-four Influence of diet sheep Serum ICTP, 4 BALP, Ca, months P and 1,25 Vit. D Changes in bone turnover associated with diet Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Serum LOX and C2C 11 months The bone loss in the second pregnancy and lactation is lower than in the first, possibly due to an adaptation of the organism The ovine model is not an appropriate model for human postmenopausal osteoporosis Capítulo 4 44 Tralman et al. Seven (2013) sheep Compare two meth- Serum ALP ods of osteosynthe- and OC sis in sheep 10 weeks Use of RTP fixator is more effective than plate fixation in osteotomies of long bones in sheep Kreipke et al. (2014) Thirteen sheep The effect of ovariectomy on vertebral bodies and femoral condyles in sheep after 1 and 2 years 24 months The vertebral bodies are preferable for trabecular microarchitecture studies Sousa et al. (2014a) Ninety sheep Measure the values Serum ALP, of bone markers BALP, Ca, and evaluate the Mg and P correlation between those and serum minerals in sheep of various ages and different physiologic stages 1 day The measure of lifespan in sheep is useful in preclinical orthopedic research and provide information complementary for other analyses with imaging Sousa et al. (2014b) Eighteen sheep Assessment of the short-term variation in the BTMs serum levels Serum ALP, 12 BALP, OC, weeks PIIINP, DPD, TRAP, Ca and P The variability in shortterm does not seem to be a limitation for studies with bone markers Andreasen et Twenty al. (2015) ewes Assessment of cellular events during the remodeling process induced by glucocorticoid in ovariectomised sheep Serum CTx and OC 7 months It is a useful animal model due to significant bone loss compared to osteoporosis in postmenopausal women Kielbowicz et al. (2015, 2016) Assessment of different factors after osteoporosis induction with glucocorticoid Serum BALP, CTx, estradiol, cortisol, progesterone and parathormone 3.7 mon- Glucocorticoid treatment ths in ovariectomised sheep was considered by the authors as a very appropriate method for osteoporosis induction Forty-nine ewes Table IV - Characteristics of the animal and veterinary science studies that reported the use of BTMs in different types of research. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 4 45 CAPÍTULO 5 doi CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE SERRAPINUS MICRODON (Teleostei, Characidae, Cheirodontinae) DA BACIA DO SEPOTUBA, TANGARÁ DA SERRA-MT Erica Baleroni Pacheco Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – campus avançado Tangará da Serra Marina Malaco Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – campus avançado Tangará da Serra RESUMO: A subfamília Cheirodontinae é um grupo de peixes ainda pouco estudado do ponto de vista citogenético. O tamanho diminuto destes lambaris apresenta-se como importante barreira na obtenção de grande quantidade e qualidade de células em metáfase. Para a bacia do rio Paraguai (a qual pertence o rio Sepotuba) há a descrição cromossômica de quatro espécies desta subfamília, todas também com 2n=52 cromossomos. No desenvolvimento deste trabalho, para obtenção de cromossomos metafásicos e posterior caracterização da macroestrutura cariotípica foi utilizada a metodologia proposta por Bertollo et al. (1978) e, posteriormente, tratamentos e colorações de regiões específicas dos cromossomos com nitrato de prata coloidal (Howell; Black, 1980). Foram obtidos resultados satisfatórios 14 indivíduos, sendo nove fêmeas, dois machos e três com sexo não identificado. Após a elaboração dos cariótipos observouCiências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 se pequena divergência entre o apresentado por fêmeas e machos. A análise de regiões organizadoras de nucléolos parecem estar associadas ao dimorfismo observado na coloração convencional de Giemsa. PALAVRAS-CHAVE: AgRONs. Cromossomos sexuais. Heterocromatina constitutiva. ABSTRACT: The subfamily Cheirodontinae is a group of fish still little studied from the cytogenetic point of view. The diminutive size of these lambaris presents as an important barrier in obtaining large quantity and quality of cells in metaphase. For the Paraguay River basin (which belongs to the Sepotuba River) there is the chromosomal description of four species of this subfamily, all also with 2n = 52 chromosomes. In the development of this work, to obtain metaphase chromosomes and subsequent characterization of the karyotype macrostructure, the methodology proposed by Bertollo et al. (1978) and, later, treatments and staining of chromosome-specific regions with colloidal silver nitrate (Howell, Black, 1980). Satisfactory results were obtained in 14 individuals, nine females, two males and three with unidentified sex. After the elaboration of the karyotypes, there was a slight divergence between that presented by females and males. The analysis of nucleoli organizing regions seems to be associated with the dimorphism Capítulo 5 46 observed in the conventional Giemsa staining. KEYWORDS: AgRONs. Sexual Chromosomes. Constitutive Heterochromatin. 1 | INTRODUÇÃO A bacia do rio Paraguai apresenta grande extensão, ocorrendo, no Brasil, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Como esta bacia também está presente no Paraguai, Bolívia e Argentina, a porção brasileira é denominada de Alto Paraguai (WWF-Brasil et al., 2017). No que diz respeito à ictiofauna, das mais de 7000 diferentes espécies encontradas na América do Sul (Carvalho e Albert, 2011) cerca de 330 estão na bacia do Alto Paraguai (Reis et al., 2003). Neste contexto, insere-se o rio Paraguai como o principal responsável pela drenagem da planície pantaneira, sendo seus principais afluentes os rios Jauru, Cuiabá, São Lourenço, Sepotuba, Piquiri, Taquari, Miranda. Assim, as principais responsáveis pela inundação da planície e criação de novos habitats para os peixes, são as chuvas que ocorrem nas cabeceiras do rio Paraguai (FERNANDES et al., 2010). Para o Pantanal, Britski et al., 2007) mostram a ocorrência de 269 espécies de peixes, das quais assinalaram 110 espécies de Characiformes, 105 de siluriformes, 15 de Gymnotiformes, 17 de Cichlidae, 11 de Cyprinodontiformes e 11 espécies pertencentes a outros grupos. Dentre os Characiformes é encontrada a subfamília Cheirodontinae, composta por espécies de peixes de tamanho diminuto (a maioria com até 50 mm de comprimento) distribuídas em 15 gêneros e 46 espécies (Malabarba, 2003) que demonstram como principais características: (1) apenas uma fileira de dentes penta cuspidados ou pedicelados no pré-maxilar; (2) ausência de musculatura na região cranial da bexiga natatória, caracterizando assim o pseudotímpano; (3) ausência de mancha umeral e, (4) alto número de raios procorrentes da nadadeira caudal (Malabarba, 1998). Ainda que os Cheirodontinae estejam distribuídos na América Central e do Sul, ocorrendo desde a Costa Rica ao Chile central e Argentina, para a bacia do Alto Paraguai são descritos apenas dois gêneros, Serrapinnus e Odontostilbe, e cinco espécies: S. calliurus, S. kriegi, S. microdon, O. pequira, O. paraguayensis (Malabarba, 2003). De acordo com Malabarba (1998), estes são peixes não migradores e que têm como mecanismo reprodutivo a oviparidade no qual o macho fecunda a fêmea, porém o desenvolvimento embrionário é externo. Vazzoler (1996) descreve que a oviparidade está relacionada ao cuidado parental e estratégia reprodutiva do tipo r. Estas características dificultam o fluxo gênico entre as diferentes populações, tornando os estudos citogenéticos populacionais importantes quando se trata de estudar aspectos relacionados à conservação genética em peixes. Alguns estudos sobre a biologia alimentar deste grupo têm sido desenvolvidos, como os apresentados por Hirano e Azevedo (2007), Dias e Fialho (2009), Souza Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 5 47 et al. (2011) e Costa e Rocha (2017) que apontam, de modo geral, a ocorrência de dieta onívora, sendo os principais itens encontrados no conteúdo estomacal algas, microscrustáceos, insetos alóctones. Como a dieta é muito diversificada, este parece não ser um fator limitante à presença deste grupo de peixes em corpos d’água. No que diz respeito à citogenética, é uma subfamília ainda pouco estudada e os trabalhos existentes estão centrados na bacia do Alto Paraná, não sendo relatada variação do valor diploide modal de 2n=52 cromossomos, mas com modificações na macroestrutura cariotípica das espécies (Oliveira et al. 1988; Wasko et al., 2001; Paiva, 2007; Santi-Rampazzo et al., 2007). Para a bacia do rio Paraguai há a descrição cromossômica de quatro espécies desta subfamília, feita por Troy et al (2010), todas com 2n=52 cromossomos. Diante disso, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar citogeneticamente indivíduos de Cheirodontinae amostrados na bacia do rio Sepotuba, município de Tangará da Serra-MT. Com isso, espera-se ampliar os exíguos conhecimentos a respeito deste grupo de peixes, de forma que seja possível discutir processos de evolução cromossômica no grupo. 2 | METODOLOGIA Para obtenção de material biológico as coletas foram realizadas no rio Sepotuba, município de Tangará da Serra, com auxílio de redes de arrasto. Uma vez coletados, os indivíduos foram armazenados em sacos plásticos e levados ao laboratório de Ciências do IFMT campus avançado Tangará da Serra. Em laboratório, ficaram 24 horas em aquário aerado para que pudessem ser submetidos à técnica de obtenção de cromossomos mitóticos proposta por Bertollo et al. (1978). Esta técnica consiste, basicamente, em tratar o animal com colchicina a 0,0125%, por 40 minutos, injetada intraperitonealmente com seringa de insulina, a fim de obter uma suspensão celular com o ciclo interrompido em metáfase; em seguida hipotonizase a solução com KCL 0,075M durante 28 minutos (em estufa bacteriológica a 37ºC) e, por fim, a preparação é fixada em solução de metanol e ácido acético (3:1). A solução em fixação deve ser centrifugada três vezes, a fim de concentrar a suspensão celular e fixá-la adequadamente. Descartado o sobrenadante, o material celular deve ser armazenado em tubos para microcentrífuga tipo Eppendorf, em freezer. Os exemplares foram identificados de acordo com Britski et al (2007), fixados e conservados em álcool absoluto, para que possam ocorrer análises de DNA, posteriormente. A observação dos cromossomos ocorreu após a preparação da lâmina, submetendo-a a 8 minutos de coloração com Giemsa a 5%, para que os mesmos fossem corados e facilmente localizados. Após sua observação em microscópio óptico, os tipos cromossômicos foram identificados de acordo com os critérios de relação Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 5 48 de braços (RB), em metacêntrico (M), submetacêntrico (SM), subtelocêntrico (ST) e acrocêntrico (A). Após a observação das metáfases, os cromossomos foram separados por tipo e tamanho e os cariótipos puderam ser montados, a fim de se observar a macroestrutura cariotípica. A identificação das regiões organizadoras de nucléolos ocorreu partir da técnica proposta por Howell & Black (1980), por meio da impregnação com nitrato de prata coloidal. Para observação das AgRONs, sobre uma lâmina recém preparada, colocouse uma gota de água destilada, duas gotas de gelatina incolor e, sobre cada uma destas, uma gota de nitrato de prata coloidal e cobriu-se com lamínula. Transcorridos alguns minutos, em estufa a 60ºC, assim que a preparação apresentasse coloração castanha, o material já podia ser observado. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Para que o trabalho fosse desenvolvido, foram realizadas três coletas de exemplares no rio Sepotuba, sendo que foram processados 47 indivíduos, dos quais 14 apresentaram resultados positivos, sendo nove fêmeas, dois machos e três com sexo não identificado. O tamanho diminuto dos exemplares de Serrapinnus microdon (Figura 1), como já esperado, dificultou a obtenção do material. Figura 1. Exemplar de Serrapinus microdon, amostrado no rio Sepotuba, município de Tangará da Serra-MT. A barra representa 1cm. Todos os indivíduos analisados apresentaram 2n=52 cromossomos, sendo 20 metacêntricos (M), 14 submetacêntricos (SM), 16 subtelocêntricos (ST) e 2 acrocêntricos (A), para as fêmeas. Os dados obtidos até o momento sugerem a presença, nos machos, de um par heteromórfico de cromossomos metacêntrico/ subtelocêntrico (Figura 2). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 5 49 Figura 2. Em A, cariótipo de fêmea e em B, cariótipo de macho de Serrapinnus microdon, ambos em coloração convencional de Giemsa. As regiões organizadoras de nucléolos, obtidas com a coloração com nitrato de prata coloidal, mostraram a marcação predominantemente em região terminal de braço curto de um par metacêntrico, podendo ser observados outros cromossomos com marcação, como mostra a Figura 3. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 5 50 Figura 3. Localização de regiões organizadoras de nucléolos de Serrapinnus microdon, bacia do Sepotuba. A presença de AgRONs múltiplas já havia sido observada por Paiva (2007) para Serrapinnus notomelas no rio Capivara, em Botucatu-SP, e em 64% dos indivíduos analisados no córrego Campo Novo, também em Botucatu-SP. Após a análise de resultados sequenciais com coloração convencional de Giemsa e AgRON, confirmou-se a ausência de sistema de determinação cromossômica do sexo para Serrapinus microdon da bacia do Alto Paraguai, observada por outros autores em diferentes espécies de Cheirodontinae. AGRADECIMENTOS As autoras são gratas ao IFMT pelo suporte financeiro que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho e ao CNPq pela concessão de duas bolsas de iniciação científica, na modalidade ensino médio. REFERÊNCIAS BERTOLLO, L.A.C.; TAKAHASHI, C.S. & MOREIRA-FILHO, O. Considerações citotaxonômicas sobre Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Rev Genet Brasil. v. 1, p.103-120, 1978. Britski, H.A., K.Z.S. Silimon and B.S. Lopes. 2007. Peixes do Pantanal: manual de identificação. 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Brasília, 2017 Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 5 53 CAPÍTULO 6 doi CASOS DE INTOXICAÇÕES EM CÃES E GATOS NO BRASIL DE ACORDO COM O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICA Higor da Silva Ferreira Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre – Rio Grande do Sul Allana Freitas Barros Universidade Estadual do Maranhão São Luís – Maranhão Renata Mondêgo de Oliveira Universidade Federal do Maranhão São Luís – Maranhão Eslen Quezia Santos Miranda Universidade Estadual do Maranhão São Luís – Maranhão Douglas Marinho Abreu Universidade Federal do Piauí Teresina – Piauí Isabel Silva Oliveira Universidade Estadual do Maranhão São Luís – Maranhão Maria Gabriela Sampaio Lira Universidade Federal do Maranhão São Luís – Maranhão Ranielly Araújo Nogueira Universidade Federal do Maranhão São Luís – Maranhão Alessandra Lima Rocha Universidade Estadual do Maranhão São Luís – Maranhão RESUMO: Existem diversas substâncias que Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 podem provocar intoxicações em animais, sendo a maioria dos casos em cães e gatos. O estudo foi feito por um levantamento de dados obtidos pela SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas), onde observamos casos de intoxicações em cães e gatos do Brasil nos anos de 2010 a 2013. A principal forma de intoxicação é por raticidas, seguido por agrotóxicos de uso doméstico, domínios sanitários e produtos veterinários. Entre os raticidas, o aldicarb, conhecido popularmente como “chumbinho”, é um dos que apresentam as maiores quantidades de intoxicações. A maioria dos casos de intoxicação ocorreu no ano de 2011. Podemos observar que a quantidade de intoxicações vem diminuindo ao longo dos anos, devido principalmente ao acesso às informações e cuidado que população vem adquirindo. PALAVRAS-CHAVE: toxicologia, produtos veterinários, estudo analítico, animais. ABSTRACT: There are many substances that can cause poisoning in animals and the majority of cases in dogs and cats. The study was done by a survey data obtained by SINITOX (National System of Toxic-Pharmacologic Information), where we observe cases of poisoning in Brazil in the years 2010 to 2013. Among the pesticides, aldicarb is one of those with the largest amounts of poisoning, popularly known as "chumbinho". Capítulo 6 54 Most cases of poisoning occurred in 2011, with the use of pesticides as the main cause. We can see that the number of poisonings has decreased over the years, mainly due to the access to information and care that the population has acquired. KEYWORDS: toxicology, veterinary products, analytical study, animals. 1 | INTRODUÇÃO Existem diversas substâncias que podem provocar intoxicações em animais, sendo a maioria dos casos em cães e gatos. A intensidade dessas intoxicações depende do tempo de exposição e quantidade do agente com o qual o animal teve contato (GUPTA, 2007; KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). Também é comum haver intoxicações em animais de produção, por meio da água, das pastagens e do próprio alimento, podendo estar contaminado principalmente por organofosforados (ORFs) e piretroides (PRTs) (OSWELLER, 1998). Anualmente, são atendidos em clínicas e hospitais veterinários um grande número de casos de intoxicação exógena em animais domésticos, 90% das ocorrências dessas intoxicações são causadas acidentalmente (KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009; XIA et al., 2009). As intoxicações envolvem diferentes agentes tóxicos, como alguns alimentos consumidos por seres humanos e até mesmo por outras espécies de animais, agrotóxicos de uso agrícola ou doméstico, raticidas, medicamentos, metais e plantas tóxicas. (KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). O trabalho objetivou descrever as ocorrências de intoxicações de pequenos animais em todas as regiões do território nacional, no período de 2010 a 2013. 2 | MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi feito por um levantamento de dados de intoxicações em cães e gatos, em todas as regiões brasileiras, no período de 2010 a 2013. Teve como base as notificações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX); um sistema que desenvolve atividades de pesquisa nas áreas de intoxicação, informação em saúde e saúde pública, e que contribui para o enriquecimento destas discussões no cenário brasileiro de intoxicação e envenenamento, principalmente no que concerne a questões preventivas (FIOCRUZ, 2009). 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos dados obtidos pela SINITOX, podemos observar os casos de intoxicação notificados em todo país (Figura 1), por ser um órgão responsável pela divulgação dos dados. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 6 55 Figura 1– Notificação de casos de intoxicação em animais de companhia, de acordo com as grandes regiões do país, Brasil, 2010 - 2013. Agente Tóxico 2010 2011 2012 2013 Total Agrotóxicos/Uso Agrícola 147 157 84 22 410 Agrotóxicos/Uso Doméstico 164 260 150 44 618 Alimentos 6 5 2 1 14 Animais Venenosos 93 121 102 9 325 Cosméticos 7 12 6 1 26 Domínios sanitários 252 203 78 24 557 Medicamentos 168 164 133 33 498 Metais 2 5 8 2 17 Outro 26 55 64 1 146 Plantas 126 122 113 30 391 Produtos Veterinários 147 196 164 9 516 Raticidas 243 299 156 59 757 Total 1567 1798 1199 255 4819 Tabela 1 – Distribuição dos casos de intoxicação em pequenos animais, segundo agente tóxico, no Brasil, nos anos 2010 – 2013. As intoxicações medicamentosas são registradas como uma das causas mais frequentes. Isso está relacionado ao uso inadequado dos medicamentos em animais, sem levar em conta suas particularidades. Na maioria das vezes ocorre quando o responsável pelo animal não busca a orientação de um profissional veterinário, e realiza a automedicação e a administração imprudente de medicamentos (SOUZA et al, 2000). Na tabela 1, observamos que no ano de 2011, ocorreram 417 intoxicações animais com agrotóxicos, sendo 260 casos de uso doméstico e o ano que registrou a maior quantidade de casos. Entre os agrotóxicos, o aldicarb é o que apresenta mais casos de intoxicação, conhecido popularmente como “chumbinho”. Segundo Wang et al. (2007), esse fato está relacionado à alta toxicidade do aldicarb (Temik®) e sua Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 6 56 forma de comercialização clandestina, que facilita sua obtenção. As principais plantas que acarretam intoxicações são comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta), mamona (Ricinus comunis) e espada de São Jorge (Sansevieria zeylanica), levando em consideração a idade média dos animais, afetando principalmente, os animais de cinco meses (MEDEIROS et al, 2008). Podemos observar uma grande quantidade de intoxicações por agentes não identificados, devido a informações imprecisas, dadas pelos proprietários ao médico veterinário. 4 | CONCLUSÃO A maioria dos casos de intoxicação ocorreu no ano de 2011, sendo o uso de agrotóxicos como a principal causa de intoxicações. Pode ser observado que a quantidade de intoxicações vem diminuindo ao longo dos anos, devido conhecimento que a população vem obtendo através de projetos e campanhas. A prevenção ainda é a maneira mais eficaz de reduzir a incidência de intoxicações em animais, sendo necessário o desenvolvimento de educação continuada para conscientização da população, em relação à utilização adequada de produtos tóxicos em potencial. REFERÊNCIAS DE JANEIRO, Rio. Ministério da Saúde–Fiocruz, 2009. 1946. Tese de Doutorado. Dissertação de Mestrado, 99p. GUPTA, Ramesh C. (Ed.). Veterinary toxicology: basic and clinical principles. Academic press, 2012. JUREMA MEDEIROS, Renata et al. Casos de intoxicações exógenas em cães e gatos atendidos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural, v. 39, n. 7, 2009. KOVALKOVIČOVÁ, Natália et al. Some food toxic for pets. Interdisciplinary toxicology, v. 2, n. 3, p. 169-176, 2009. OSWEILER, Gary D. Toxicologia veterinária. Artes Médicas, 1998. RADOSTITS, O. M. et al. Veterinary Medicine: A textbook of the Diseases of Cattle, Sheep, Pigs, Goats and Horses, 9th. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 6 58 CAPÍTULO 7 doi COMBINAÇÃO DO EXERCÍCIO FISICO E RAÇÃO HIPOCALORICA PARA TRATAR A OBESIDADE DE CÃES GUIAS Vítor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda José Matheus de Moura Andrade Universidade Federal do Rio Grande do Norte Maringá- PR Natal – Rio Grande do Norte Letícia Aline Lima da Silva Universidade Estadual de Maringá Silvio Mayke Leite Universidade Estadual de Maringá Universidade Estadual de Maringá Maringá- PR Maringá- PR Tayara Soares Lima Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Myllena Emely de Paiva Carmo Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal – Rio Grande do Norte Marina Ximenes de Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Maria Camila Mendes Santos da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Joelline Rebecca Pimentel Leite de Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Juliette Gonçalves da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Larissa Manoely da Silva Gomes Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Charles Demetrius Gonçalo da Silva Júnior Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO: A presença dos cães na sociedade tem tido uma grande importância, seja em guarda, pastoreio entre outros, entretanto novas funções são atribuídas com o passar do tempo mostrando sua importância na sociedade. A história do cão-guia iniciou-se em 1718 e continua nos dias atuais. Através de treinamento esses animais são preparados para auxiliar os deficientes visuais. Porem a maior dificuldade de adquirir tal animal é o do alto custo de treinamento e uma falta de uma nutrição adequada para esses animais. Estes animais ajudam diariamente o deficiente e para isso precisam de um bom aporte nutricional, caso que não acontece em muitos cães, onde o índice de obesidade entre esses animais é muito grande devido o controle de alimentação dos mesmos. E a obesidade é um problema muito grave que vai afetar as funções desses animais. Dessa forma o objetivo desse trabalho foi inserir exercícios além de dietas hipocalóricas na rotina de cão guias. O trabalho foi realizado no Kennel Club do estado de Pernambuco. Capítulo 7 59 Foram utilizados 7 animais, sendo 6 cães guia e 1 reprodutora. Foi possível observar a diminuição do peso dos animais ao longo das semanas, ao adicionar a caminhada, brincadeiras e interações entre eles. Podendo assim concluir que o uso dessas ferramentas são importantes meios para ajudar na redução de peso dos animais. PALAVRAS CHAVE: deficientes visuais, dietas, nutrição, ABSTRACT: The presence of dogs in society has been of great importance, whether in guarding, shepherding among others, however new functions are attributed over time showing their importance in society. The history of the guide dog began in 1718 and continues in the present day. Through training these animals are prepared to assist the visually impaired. But the greatest difficulty in acquiring such an animal is the high cost of training and a lack of adequate nutrition for these animals. These animals help the disabled on a daily basis and for this they need a good nutritional support, in case it does not happen in many dogs, where the obesity index among these animals is very great due to the feeding control of the same ones. And obesity is a very serious problem that will affect the functions of these animals. In this way the objective of this work was to insert exercises besides hypocaloric diets in routine dog guides. The work was carried out in Kennel Club of the state of Pernambuco. Seven animals were used, 6 guide dogs and 1 breeding dog. It was possible to observe the decrease of the weight of the animals during the weeks, when adding the walk, jokes and interactions between them. It can thus conclude that the use of these tools are important means to assist in weight reduction of the animals. KEYWORDS: visually impaired, diets, nutrition, 1 | INTRODUÇÃO Durante muitos anos os cães vem tendo diversos papéis na nossa sociedade, as atividades mais conhecidas são as de animal de companhia, de caça, de guarda, de pastoreio ou de tração (de trenó por exemplo). Porém novas funções vendo sendo desempenhada por esses animais como a de cão-guia, de serviço, de polícia, de detecção de explosivos, de salvamento de pessoas perdidas em catástrofes. A primeira tentativa sistemática para o treinamento de cães para guiarem cegos foi aproximadamente no ano de 1780 no hospital para cegos Les Quinze-Vingts em Paris. Relatos que alguns anos depois, em 1788, Josef Riesinger, um fabricante de peneiras austríaco de Viena, treinou um Spitz Alemão para ser seu cão-guia e teve um ótimo resultado. Em 1819, Johann Wilhelm Klein, que foi o fundador do Instituto para a Educação dos Cegos (Blinden-Erziehungs-Institut) em Viena, foi o primeiro de fato a mencionar o conceito do cão-guia para cegos no seu livro sobre educação de pessoas cegas (Lehrbuch zum Unterricht der Blinden). Diversos relatos falam sobre experiências pessoais sobre a utilização destes animais no auxílio de cegos pelo mundo, mas em meados de 1914 um médico alemão de nome Gerhard Stalling começou a utilizar tais Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 7 60 animais para ajudar soldados que ficaram cegos durante a guerra, e isto se deu por acaso quando seu cão começou a “cuidar de um cego” enquanto andavam pela praça. A partir deste ponto o mesmo estudou formas de adestramento visando incluir estes animais na sociedade, e apenas em 1918 ele conseguiu realizar tal façanha ao abrir o primeiro centro de formação de cães-guia no mundo (Pelleti). Depois desses relatos foram se aprimorando os treinamentos de cão –guia e hoje existe diversas escolas espalhadas pelo mundo, incluindo no Brasil. Desde então diversos animais já foram entregues a pessoas com deficiência pelo mundo, no Brasil estima-se que haja em torno de 160 cães-guia trabalhando (Freitas, 2016), entretanto tal número mostra-se ainda muito distante da realidade enfrentada pelo país onde estima-se que existam 1,2 milhões de pessoas deficientes no Brasil (Conselho Nacional de Oftalmologia, 2014). O cão-guia, é um animal treinado para auxiliar um deficiente visual a se locomover por qualquer lugar sem dificuldades e, por serem animais considerados de trabalhos, são aceitos em todos os locais públicos. Os cães-guias oferecem aos seus parceiros segurança na locomoção, equilíbrio físico e emocional, facilitam sua socialização, e até sua melhoram a autoestima. Porém uma dificuldade encontrada é o alto investimento nos animais, que gira em torno de 30 mil reais por cachorro, e seu treinamento dura em média 2-3 anos. Para agravar a situação estima-se que 50% dos cães não conseguem terminar o treinamento por “desvio comportamental” que pode se dar por diversas razões, que vai depender de cada animal (Carmo, 2014). O cão-guia deve possuir um temperamento equilibrado, um bom caráter e saúde perfeita para desempenhar a sua função com eficiência, por isso o Pastor Alemão, Labrador e o Golden Retriever são as raças mais utilizadas para cães guia no mundo inteiro, pois possuem as características e o tamanho adequados para a função (Petcidade). A alimentação destes animais deve ser pensada, visando à utilização total da energia consumida de forma que o animal não retenha a energia como tecido adiposo ao final do dia de trabalho, razão essa que muitos animais sofrem problemas voltados à nutrição pelo manejo inadequado, o que pode levar a desnutrição ou a obesidade desses animais (Carmo, 2014). A obesidade trata-se de uma condição patológica caracterizada por um acúmulo de gordura maior que o necessário para a otimização das funções do corpo, suficiente para deteriorá-las e prejudicar a boa saúde e o bem-estar animal (Guimarães and Tudury, 2006). Em cães, ocorre quando o peso está pelo menos 15% acima do ideal (Aptekmann et al., 2014). A manutenção do peso corporal ideal é fator determinante para manutenção da saúde, bem-estar e qualidade de vida (Salve, 2006). Para o treinamento do cão guia os animais devem estar em condições de saúde adequadas, muitas vezes os animais estão com o peso elevado devido a uma alimentação inadequada, o que interrompe Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 7 61 seu treinamento, visto que a obesidade pode afetar diretamente as articulações dos animais, dificultando a sua utilização nessa atividade. Assim objetivou-se com esse trabalho relatar o uso de dietas hipocalóricas acrescida de exercícios físicos na rotina de cães guia obesos. 2 | RELATO DE CASO O local de atuação foi o Kennel Club do Estado de Pernambuco, localizado no Bairro de Jardim Paulista, Paulista, Pernambuco, que fica no Km 15,5 tendo como acesso a BR-101. O Kennel club tem por finalidade atuar em âmbito estadual como um representante da Confederação Brasileira de Cinofila e a Federação Cinológica Internacional, e este atua sobre registro de pedigrees, organização de exposições, centro de cães guia e outros. O Kennel Club do estado de Pernambuco possui o primeiro laboratório de cão guia do país, que foi inaugurado no ano de 2016. Por ser um laboratório novo e o primeiro no país, ainda se tem muitas dificuldades em relação aos animais formados, devido aos problemas que aparecem nos animais como físicos e por não ter um controle da alimentação que se tinha animais obesos. No início do estágio o local possuía sete cães, divididos entre Labrador e Golden retriever, seis estavam entre treinamento para se tornar cão – guia, e uma era a reprodutora. Destes sete, três estavam obesos, o que dificultava no treinamento dos animais, para melhorar essas condições foi realizado um ajuste na alimentação e exercícios. Foi feito a caracterização dos animais em relação à idade, peso e condição física para que pudesse começar a realizar os trabalhos para melhorar esse quadro de obesidades dos animais. Essa caracterização pode ser observada na tabela 1, a divisão de cada animal. Cães Condição Raça Amora Adulta Labrador Argos Adulto Labrador Heron Obeso Labrador Jolly Filhote Golden Katrina Obesa Labrador Mamute Adulto Golden Paçoca Obesa Golden Tabela 1. Caracterização dos animais Fonte: Própria do autor Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 7 62 A alimentação era através de ração, divididas nas categorias dos animais, sendo essas rações para obesos, filhote e adultos, onde cada uma possuía uma densidade energética diferente, levando em conta a condição do animal, essas densidades eram 3873 Kcal/Kg nas rações para filhote; 3963 Kcal/Kg para adultos e 3873 Kcal/Kg para cães obesos. Para um adequado ajuste na alimentação dos animais, pesava-se semanalmente os animais e calculava através da fórmula abaixo levando em conta a exigência do animal, e assim calcular a quantidade semanal de ração a ser fornecido para cada animal em quilogramas (kg). EM=(PV0,75X 130 Kcal)/EM da ração, onde; EM – Energia metabolizável necessária; PV – Peso Vivo. A ração fornecida era fracionada, duas vezes ao dia, e recalculada conforme o peso que o animal apresentasse na presente semana. A água era trocada todos os dias e fornecida à vontade. A tabela 2 apresenta a média de peso corporal inicial e final dos animais do Kennel e os valores da ração fornecida. Na tabela 2 apresenta o valor calculado de ração para cada animal segundo a fórmula acima citada, entretanto, para os animais que estavam acima do peso foi necessário fazer uma restrição alimentar de 40% para promover a perda de peso. Alguns animais no geral responderam de forma satisfatória, outros não responderam e ainda houveram outros que se mantiveram no mesmo peso durante o período. Faixa Limite de peso Peso Ideal (Kg) Peso Inicial (Kg) Peso Final (Kg) Quantidade Fornecida Amora 25-32 30 31,3 31,5 420 Argos 29-36 33 36,1 32,9 451 Heron 29-36 33 38,3 34,6 278 Jolly 25-32 30 26,3 28,4 430 Katrina 25-32 30 48,5 39,3 258 Mamute 29-34 32 31,1 32,5 441 Paçoca 25-32 32 37,2 34,2 270 Tabela 2. Média do peso corporal inicial e final dos animais após restrição alimentar. Fonte: Própria do autor Os cães guia apresentavam um manejo diferenciado, pois os mesmos não podiam criar qualquer tipo de laço com adestrador e treinador, por esse motivo se tinha uma maior dificuldade para realizar atividades para ajustar o peso desses animais. Esses ajustes foram feitos por dois meses com esses animais. A primeira semana de trabalho foi exclusiva para conhecimento mutuo, onde se conhecia cada cachorro, assim como suas preferências. O início das atividades foi o ajuste da alimentação, em seguida passeios de 45 minutos, duas vezes ao dia. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 7 63 A segunda semana, além da caminhada que cada cão possuía, foi incluído uma bola de borracha. Esse brinquedo era utilizado para brincadeiras de correr, essa inclusão foi realizada principalmente com os cães obesos, essas brincadeiras eram feitas em torno de 30 minutos ou até o animal apresentar cansaço físico. A terceira semana os animais já estavam habituados com os exercícios então foi feita a socialização desses animais, porém só para um determinado grupo, pois o outro não apresentou uma boa socialização, assim o grupo de fêmeas eram soltas no mesmo ambiente, e elas realizavam brincadeiras entre si, mostrando um bom resultado na perda de peso desse grupo que apresentou essa outra ferramenta. A socialização dos animais era importante, pois segundo Bradshaw (2012) os cães podem apresentar tal nível de socialização alterando assim ganhos e perdas envolvidos, durante esse processo. Após a inclusão desses três exercícios , eles foram realizados durante dois meses aproximadamente. Foram encontrados alguns problemas para realizar a caminhada de alguns animais durante esse período, pois coincidiu com início das chuvas e o local das caminhadas era sem cobertura, devido a isto houveram dificuldades em realizar as atividades externas em alguns momentos e com isso os animais voltaram a ganhar peso na terceira semana e em outras. Além dessas atividades os animais ainda possuíam o treinamento para se tornarem cães guias, eles possuíam treinamento em ruas, ônibus e shopping para se adaptar a diferentes ambientes, isso também contribuía como atividade física dos animais. Os cães guias recebiam um treinamento bastante intenso e para tal precisavam estar preparados nutricionalmente e fisicamente, algumas vezes o treino ocorria no próprio laboratório do kennel que possui diversos obstáculos encontrados nas ruas do Brasil, como buracos, postes no meio da calçada entre outros (Figuras 1) e em outras treinavam em Shopping, como escada rolante, escadas normais, praça de alimentação e outros ambientes (Figuras 2 e 3). Figura 1. Laboratório de treinamento. Acervo pessoal Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 7 64 Figura 2. Treino na escada rolante do Shopping. Acervo pessoal Figura 3. Treino em escadas. Acervo pessoal 3 | CONCLUSÃO A utilização de exercícios físicos acrescidos a dietas hipocalóricas permitem uma maior redução do peso abdominal mesmo com o curto período que foi realizado esses teste, assim esses animais conseguiram realizar as suas funções, estando bem de saúde. REFERÊNCIAS APTEKMANN, K. P; SUHETT, W. G; JUNIOR, A. F. 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Ayala Oliveira do Vale Souza Zootecnista e mestranda no Programa de PósGraduação em Produção Animal, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) Mossoró – RN Alex Martins Varela de Arruda Professor Associado do Departamento de Ciências Animais de Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) Mossoró – RN Ana Cecília Nunes de Mesquita Nutricionista e Mestre em Ciência Animal, pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA); Mossoró – RN Nicolas Lima Silva Zootecnista; aluno do Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC); Fortaleza - CE Maria Gabriela Alves Costa Biotecnologista; aluna do Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Produção Animal, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) Mossoró – RN RESUMO: nutricional potiguar e aves. Para Objetivou-se avaliar o potencial da Gracilaria birdiae do litoral sua digestibilidade em ração de analises físico-químicas e ensaio Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 de digestibilidade, foi adquirido material in natura, posteriormente desidratado e triturado. Para digestibilidade foram utilizadas 20 aves poedeiras semipesadas da linhagem Bankiva, submetidas a dois tratamentos com dez repetições cada. Para alimentação das aves, ofertou-se dois tratamentos, ração controle (RCO), e a inclusão de 20% da Gracilaria birdiae na ração (RGB). As análises bromatológicas mostraram possuir consideráveis concentrações de matéria mineral e FDN (fibra em detergente neutro), baixos teores de lipídeos, FDA (fibra em detergente ácido) e pectina. A Gracilaria birdiae apresenta potencial fonte de fibras e minerais que podem suplementar a ração. PALAVRAS-CHAVE: Algas; Galinhas; Digestibilidade; Fibras; Minerais. ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the nutritional potential of Gracilaria birdiae in the Potiguar coast and its digestibility in poultry rations. For physicochemical analysis and digestibility assay, in natura material was obtained, later dehydrated and crushed. For digestibility, 20 semi - heavy laying hens of the Bankiva strain were used, submitted to two treatments with ten replicates each. For feeding the birds, two treatments, control ration (RCO), and the inclusion of 20% of Gracilaria birdiae in the diet (RGB) were offered. The bromatological analyzes showed to have considerable Capítulo 8 67 concentrations of mineral matter and NDF (low detergent fiber), low levels of lipids, FDA (acid detergent fiber) and pectin. Gracilaria birdiae presents a potential source of fiber and minerals that can supplement the feed. KEYWORDS: Algae; Chickens; Digestibility; Fibers; Minerals. 1 | INTRODUÇÃO A Gracilaria spp. pertence a reino Archaeplastida, filo Rhorophyta, ordem Gracilariales, família das Gracilariaceae, é um dos gêneros mais diversificados, com mais de 100 espécies reconhecidas, possui alto valor econômico, e se distribuem na maior parte dos mares tropicais e temperados do mundo (COSTA, 2013; ARAÚJO, 2005). Algumas espécies produzem elementos que conferem ao alimento processado, estabilização e texturização, essas substancias são conhecidas como polissacarídeos sulfatados, produzidos por algas vermelhas (ágar) e a algas pardas (MUNIZ, et. al., 2013). Dentre a diversidade de macroalgas, a Gracilaria birdiae se destaca por ser a maior fonte de ágar mundial (SIMÕES, 2009), sendo amplamente encontrada na costa brasileira, especialmente da costa do Rio Grande do Norte ao Espirito Santo (ARAÚJO, 2005). Pesquisas vem sendo desenvolvidas, para conhecimento da taxonomia, biologia e cultivo utilização das algas do gênero Gracilaria na alimentação de humanos e animais, como também produção de biogás (ARAÚJO, 2005). O interesse pelo gênero justifica-se de acordo com a literatura por sua composição nutricional, ação antioxidante, contendo ácidos graxos essenciais e carotenoides, proteínas (todos os aminoácidos essenciais), fibras, vitaminas (vit. A, E e Complexo B), polissacarídeos sulfatados (agaranas e carragenanas), sendo assim consideradas alimentos funcionais, e minerais (ferro, sódio, potássio, iodo, cálcio), contribuindo com o sabor salgado desses produtos (SIMÕES, 2009; SAÁ, 2002; CALADO, 2014; SIMÕES, 2009; PIRES et. al. 2012a; RODRIGUES, 2015; GUARATINI et al 2012; WELLS et al., 2016). Podendo, dessa maneira ser uma fonte alimentar alternativa para criação de aves caipiras. Sendo assim, objetivou-se avaliar o potencial nutricional da Gracilaria birdiae do litoral potiguar, mediante verificação da composição físico-química e verificar seus efeitos sobre a digestibilidade dos seus nutrientes em ração para aves. 2 | MATERIAL E MÉTODOS A macroalga foi coletada no município de Rio do Fogo-RN, localizado no litoral nordestino potiguar, coordenadas 05°16'22" Sul 35°22'58" Oeste. Para analises físicoquímicas e elaboração da ração foi coletado material in natura à beira mar. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 68 As macroalgas foram coletadas e armazenadas em caixas isotérmicas contendo água do mar. Após chegar ao laboratório o material foi lavado em água corrente para retirada de impurezas. Armazenadas em sacos plásticos em freezer à -10°C para posterior analises. O material foi levado à estufa de circulação forçada de ar à 65°C por 72h, pesado em balança de precisão e triturado em moinho de facas Tipo Wiley com peneira de malha 2mm, apresentando aspecto de farelo fino. Foi armazenado em potes devidamente identificados para posterior fabricação da ração das aves. As análises foram realizadas conforme metodologia descrita por Silva e Queiroz (2005), sendo elas, matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina em detergente ácido (LDA), pectina, descrito por Ranganna (1979). O experimento a campo foi conduzido no Setor de Avicultura da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, no município de Mossoró-RN. Foram utilizadas 20 aves Bankiva semipesadas uniformizadas quanto ao peso corpóreo. Todas alojadas em gaiolas metálicas especiais para ensaio de digestibilidade (uma ave por gaiola), com dimensões 40 x 40 x 22 cm, compostas por comedouros em chapa galvanizada e bebedouro semiautomático tipo nipple. O experimento foi distribuído em delineamento inteiramente casualizado, composto por dois tratamentos com dez repetições cada. A ração controle (RCO) foi formulada para atender as exigências nutricionais adaptando-se às recomendações Rostagno et. al. (2011), e a ração experimental contendo a macroalga foi elaborado para conter a inclusão de 20% de Gracilaria birdiae (RGB). As aves foram submetidas a três dias de adaptação com a dieta experimental e mais quatro dias de coleta total de excretas, totalizando sete dias de experimento. Durante o período experimental as rações foram ofertadas duas vezes ao dia, logo no início da manhã e o restante ao final da tarde, com fornecimento de água a vontade. A coleta total de excretas e peso de sobras da ração, foram realizadas duas vezes ao dia, nos mesmos horários do fornecimento da ração aos animais (Sakomura & Rostagno, 2007). INGREDIENTES (KG) RCO RGB Alga (Gracilaria birdae) 0,00 20,00 Milho 71,50 57,20 F. Soja 18,50 14,80 Fosfato bicálcico 1,16 0,93 Calcário calcítico 1,12 0,90 Sal comum 0,33 0,27 Mistura vitamínica 0,25 0,20 Mistura mineral 0,25 0,20 Inerte (q.s.p.) 6,89 5,51 Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 69 NUTRIENTES % RCO RGB MO 78,59 77,42 MM 4,83 8,46 EE 2,89 2,39 FDN 10,97 11,90 FDA 4,04 4,56 Hemicelulose (FDN-FDA) 6,93 7,34 Tabela 1. Composição nutricional e ingredientes das rações experimentais. RCO (Ração Controle) e RGB (Ração com Gracilaria birdiae) As excretas coletadas foram pesadas e armazenadas em recipientes metálicos, vedadas e devidamente identificadas, e congeladas à -10°C. A partir dos valores encontrados nas análises laboratoriais, foi possível realizar cálculos convencionais para determinação de digestibilidade aparente dos nutrientes: % de CDA (Coeficiente de Digestibilidade Aparente) é a divisão do nutriente consumido, pelo nutriente consumido menos o nutriente fecal, multiplicado por cem. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e teste t através do programa SISVAR 5.6 à 5 % probabilidade. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Componente Nutricional Média (%) Extrato Etéreo (EE) 0,40 Fibra em Detergente Neutro (FDN) 15,63 Fibra em Detergente Ácido (FDA) 6,65 Matéria Mineral (MM) 22,94 Lignina em Detergente Ácido (LDA) 3,00 Matéria Orgânica (MO) 72,85 Tabela 2. Composição nutricional da macroalga desidratada Gracilaria birdiae. As análises demonstraram teores satisfatórios em nutrientes, especialmente minerais, mas, infere-se em contraste com literatura, que possa existir forte influência sobre esses valores em virtude da interação entre o ambiente marinho, fisiologia da macroalga e a estação do ano (RODRIGUES, 2015; BENJAMA E MASNIYOM, 2011). A mesma inferência também vale para elevado teor de matéria mineral determinado na macroalga Gracilaria birdiae (Tabela. 1), analogamente, uma média compatível com oscilações entre 5,6 e 40,8% MM verificadas com a alga Gracilaria birdiae e G. domingensis (SIMÕES, 2009; PIRES et.al., 2012a; PIRES et.al., 2012b). Todavia, os valores analíticos determinados nesse estudo (22,94 % MM) foram muito Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 70 superiores aos alimentos convencionais usados em rações para aves como farelo de milho (1,95% MM) e de soja (6,78% MM). As algas possuem alto teor de minerais, podendo se explicar por sua capacidade filtradora, agindo como purificador de água (RODRIGUES, 2015). Sua composição pode variar de 8 a 40 % de seu peso seco, onde a maioria dos minerais são os oligoelementos, como o cálcio, ferro, sódio e iodo, sendo os de maiores proporções, cálcio e ferro (RODRIGUES, 2015 e CARNEIRO et. al. 2012). De acordo com Rodrigues, (2015), as macroalgas vermelhas contêm valores elevados de hidratos de carbono, podendo variar de 20 a 76 % (PIRES et. al. 2012a; PIRES et. al. 2012b) dependendo da espécie, e alguns outros compostos como os carotenoides, β-glucanos, polifenóis, tocoferóis e os polissacarídeos, que podem atuar promoverndo a bioatividade das células, vindo a auxiliar a indústria de alimentos nutracêuticos funcionais (PESO-ECHARRI et al., 2012; KOLANJINATHAN et al., 2014; CHAROENSIDDHI et al., 2017). Os valores de hidratos de carbono das análises (25,28 %), não apresentou discrepância aos da literatura, que pode variar de 25 a 75 % na matéria seca, onde 51 a 81% é fibra solúvel, e o restante, fibra insolúvel (RODRIGUES, 2015). A maioria deles apresentam-se em forma de polissacarídeos sulfatados (ágar). Os valores de FDA podem ser justificados por substancias que auxiliam na estruturação das macroalgas presente na parece celular das macroalgas, sendo análogas a celulose ( HAYASHI et al. 2007). Os valores de extrato etéreo foram baixos (0,40 %). Em trabalhos realizados com G. domingensis, G. birdiae, G vermiculophylla, foram encontrados os seguintes resultados respectivamente, 1,61 % EE, 0,11 % EE e 0,40 EE %. (PIRES et.al., 2012a; PIRES et.al., 2012b; VIDAL et. al. 2015). Os resultados obtidos com o presente trabalho não diferem em maiores proporções aos encontrados na literatura, caracterizando as algas como alternativa de alimentos com baixo teor lipídico. Segundo MacArtain et. al. (2007), as algas possuem aproximadamente 2 % do seu peso seco de lipídeos. Mas a variação da presença desses componentes varia de acordo com a temperatura, ambiente e estação do ano, outra característica importante é a ausência de odores, como os óleos de peixes (RODRIGUES, 2015). TRATAMENTOS CDA (%) RCO RGB CV (%) P (%) CONS 29,10a 18,46a 21,27 0,05 MM 44,80b 79,50a 9,49 0,00 EE 87,00 85,01 2,32 0,04 FDA 21,70a 24,90a 21,39 0,17 FDN 34,50b 45,35a 8,37 0,00 a b Tabela 03. Coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes (CDA) da ração controle (RCO) e ração com Gracilaria birdiae (RGB). a,b Médias seguidas pela mesma letra não diferem Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 71 entre si pelo teste t (P> 0,05); CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. A RGB apresentou diferença significativa, com superioridade na digestibilidade para o coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da matéria mineral (MM). Devido a maior presença de minerais na composição da macroalga. Segundo MacArtain (2007), as algas marinhas possuem altos níveis de minerais, como o sódio, potássio, cálcio, ferro, magnésio, zinco, níquel, cobre e cobalto (TABARSA et al., 2012; SYAD et al., 2013) em sua composição, principalmente, devido a seu habitat marinho. A maior digestibilidade de minerais da RGB em relação a RCO pode ter ocorrido pela presença de fitatos nos grãos e cereais (milho e soja). Para extrato etéreo (EE), foi verificado que sua diferença significativa para digestibilidade ocorreu devido aos baixos teores de lipídeos (0,40 % EE) em sua composição, contribuindo para uma menor digestibilidade. De acordo com Berterchini (2012), as gorduras das dietas são altamente digeríveis, em torno de 85 a 95%, mas pode haver diferença em virtude do comprimento de cadeia carbônica do ácido graxo, número de insaturações. A inclusão da Gracilaria birdiae a nível de 20% na ração para aves influenciou positivamente na digestibilidade aparente do FDN. Pode ser que compostos similares às fibras solúveis da parede celular da Gracilaria birdiae, a degradação microbiana ceco-cólon apresentou superioridade em relação a fibra vegetal (milho e soja). Arruda et. al. (2012), relata que as fibras solúveis diminuem a digestibilidade no intestino delgado, causando aumento da viscosidade no trato digestório, melhorando taxa de passagem da digesta, dessa forma dificultando ação enzimática e absorção dos compostos. De acordo com Silva (2014), a resposta digestiva das aves em relação a qualidade e quantidade da fibra presente no alimento, altera a qualidade da digesta, as perdas endógenas e especialmente o nitrogênio. Para Fernandes et al., (2017), a alteração depende da quantidade e qualidade da fibra ingerida, pois poderá promover interações no tratogastrointestinal que podem ser maléficas para ação enzimática endógena ou benéfica para manutenção da probiótica intestinal. 4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS A Gracilaria birdiae pode ser suplementada no teor de 20% na alimentação de aves como alimento alternativo regional. REFERÊNCIAS ARAÚJO, P. G. Ecologia populacional de Gracilaria birdiae (Gracilariales, Rhodophyta) na área de proteção ambiental da barra de Mamanguape, paraíba – brasil. 2005. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 72 2005. ARRUDA, A. M. V. et al. Avaliação Nutricional do Feno de Maniva de Mandioca com Aves Caipiras. Acta Veterinaria Brasilica (UFERSA), v. 6, p. 204-210, 2012. BENJAMA O, MASNIYOM P. 2011. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 8 75 CAPÍTULO 9 doi HISTOLOGICAL CHANGES CAUSED BY LIGOPHORUS URUGUAYENSE (Monogenoidea) IN REARED MULLET MUGIL LIZA Eduardo Pahor-Filho Centro de Aquicultura da UNESP, UNESP Jaboticabal - São Paulo Marta da Costa Klosterhoff Laboratório de Imunologia e patologia de organismos aquáticos, FURG Rio Grande - Rio Grande do Sul Natalia da Costa Marchiori, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Camburiú – Santa Catarina Rogério Tubino Vianna, Laboratório de Biologia de Parasitos de Organismos Aquáticos, FURG Rio Grande - Rio Grande do Sul Joaber Pereira Júnior Laboratório de Biologia de Parasitos de Organismos Aquáticos, FURG Rio Grande - Rio Grande do Sul ABSTRACT: Monogenoidea pathogenic activity can elicit various histological responses in fish. Species of Ligophorus are specific parasites of mullets, and his relationship with host fish may result in a moderate pathogenic action. In order to ascertain this relationship, estuarine mullets (Mugil liza) were collected in an estuary, reared in laboratory, for three weeks, and forwarded for histological and parasitological analyses. Ligophorus uruguayense (Monogenoidea) Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 infestation in the gills of the mullets was identified. The severe infestation by only one species of Monogenoidea may result from the specificity of these parasites to mullets. Mullets submitted to histological analysis exhibited respiratory epithelium detachment; mild, moderate and severe hyperplasia of the respiratory epithelium; atrophy; and telangiectasia of the gills. This is the first study reporting that mullets highly infested by Monogenoidea can show mild (100%) to severe (20%) gill changes with a distinct frequency of occurrence. By the high prevalence of mild alterations observed, it is possible to accept that L. uruguayense is moderately pathogenic to M. liza, even during high prevalence and intensity of infestation, as a result of its specificity. The hypotheses regarding the cause, histological damage frequency and implication of the host– parasite relationship in mullet rearing systems are discussed. KEYWORDS: Aquaculture; histological changes; Monogenoidea; Mugilidae; parasitosis. 1 | INTRODUCTION Species of Ligophorus Euzet and Suriano, 1977 (Ancyrocephalidae, Monogenoidea) parasitize marine fish and are highly specific for mullet species. The Ligophorus/Mugilidae specificity suggests that this is an association Capítulo 9 76 that results from a long coevolutionary process (Euzet and Suriano 1977, Marchiori et al. 2015). In addition, studies have shown that long coevolutionary relationships can influence pathogenicity of the parasite, which certainly reflects selection processes of the host populations (Poulin et al. 2000, Little and Ebert 2004). Other authors showed this phenomena even in high prevalence and intensity of infestation by Ligophorus spp. of wild mullet, apparently without causing severe damage to the host (Merella and Garippa 2001). Parasites belonging to this genus are oviparous and monoxenous and, therefore, may proliferate rapidly under intensive farming systems. Six species of Ligophorus are so far known on the Atlantic coast of South America, all parasites of the same host species Mugil liza Valenciennes 1836: L. uruguayense Failla Siquier and Ostrowski de Núñez 2009 from Laguna de Rocha, Uruguay; L. saladensis Marcotegui and Martorelli 2009 from Samborombón Bay, Argentina; and four other species from the Guandu River, state of Rio de Janeiro, Brazil, namely L. brasiliensis, L. guanduensis, L. lizae and L. tainhae, all described by Abdallah et al. (2009). In addition, L. uruguayense was reported recently for the first time on the Brazilian coast by Pahor–Filho et al. (2012). Distinguishing among closely related species of Ligophorus is not always easy to do due to the small size of the main diagnostic structures associated with the genus and their close resemblance under an optical microscope (Sarabeev et al. 2005). Nevertheless, Marchiori et al. (2015) have confirmed recently the validity of two closely related species, L. uruguayense and L. saladensis, through a combined morphological and molecular approach. Studies have shown the potential damage caused by Monogenoidea species to their hosts (Kristmundsson et al. 2006, Hutson et al. 2007, Jorgensen et al. 2009). These parasites frequently decrease body weight (Ranzani–Paiva and Silva–Souza 2004) or even cause death of the host (Montero et al. 2004, Mansell et al. 2005, Dezfuli et al. 2007). In the gills, Monogenoidea can cause diverse responses that depend on the pathogenicity of the parasite species, such as mucus release, leucocytes infiltration (Arafa et al. 2009), telangiectasia, necrosis (Schalch et al. 2006), lamellar fusion (Campos et al. 2011), and reduction in the number of chloride cells (Dezfuli et al. 2007). Therefore, the understanding of the relationship among mullets and their parasites contributes to the development of new prophylactic management strategies in farming systems. This study aimed to analyse the parasitological indexes and the frequency of histological changes caused by infestation of the estuarine mullets by L. uruguayense, Monogenoidea. Here, we report that estuarine mullets highly infested by Monogenoidea exhibited mild to severe gill changes with a distinct frequency of occurrence. The advances found in this study can contribute positively to the development of prophylactic techniques in the management of mullet rearing systems. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 77 2 | MATERIAL AND METHODS The experimental procedures were approved by the Ethics Committee Approval – 002234/15/CEUA/UNESP) and conducted according to the guidelines of ethical principles in animal experimentation, adapted by the Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). 2.1 Fish and acclimation in laboratory A total of 60 juvenile mullets (1.2 ± 0.29 g, 4.5 ± 0.5 cm) were captured from a stream that flows into the Cassino beach, Rio Grande-RS, Brazil (32° 11’ 55” S, 52° 11’ 14” W) with the aid of a trawl net (3 m x 1.5 m x 5 mm) during winter. The fish were transported alive to the laboratory and acclimated for 3 weeks in a 1000-L fiber tank to simulate a farming condition of mullets. A 20% daily renewal rate of tank volume was performed and maintained the same original estuarine conditions: salinity (10 mg L-1), constant aeration, photoperiod (12 h light), pH (7.5), dissolved oxygen (6.22 mg L-1), temperature (22 °C) and total ammonia (0.26 mg L-1). The parameter measurements were performed using an oximeter and a YSI 55/12 FT pH meter (USA) and Nessler’s reagent for ammonia. During the acclimation period, a commercial diet INVE® with 28% crude protein was used to feed the fish, and the water quality parameters remained in an acceptable range for fish (Vinatea–Arana 2003). There was 100% survival of fish during the rearing period in laboratory. 2.2 Study design After three weeks from fish rearing, ectoparasites in gills of mullets were identified, the parasitological indexes of 40 fish were calculated and the gill histological damage of 20 fish were described and quantified. 2.3 Parasitological analysis The necropsies were performed using 40 gills, in which the minimum sample size was chosen according to Marques and Cabral (2007), to give reliability to the parasitological analysis. The hosts were euthanised using a section of the medullae to the head, as this does not compromise the estimation of parasitological indexes (Eiras et al. 2006). The collection, fixation and preparation of parasites for identification were performed according to Eiras et al. (2006). Monogenoidea were preserved in 5% formaldehyde and transferred to 70% ethanol after 24 h. Some specimens were stained with Masson trichrome or Semichon’s carmine, dehydrated in 70–100% ethanol, clarified in Faia creosote and mounted in Canada balsam. Other specimens were mounted in Grey–Wess’s medium to check the sclerotized pieces and copulatory apparatuses, both male and female. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 78 2.4 Parasitological indexes Parasitological indexes were determined using the calculation of the prevalence, intensity of infestation, mean intensity of infestation and mean abundance, according to Bush et al. (1997). 2.5 Histological analysis of the gills For histological analysis, 20 fish were euthanized with benzocaine (100 mg L-1). Gill tissue samples were fixed in Bouin solution during 4 h, and after this period, they were maintained in 70% ethyl alcohol to be processed histologically. The samples were embedded in Paraplast (Sigma-Brazil). Histological sections of 5 mm were stained with hematoxylin and eosin. 2.6 Identification and quantification of histological changes The histopathologies were classified according to Randi et al. (1996) and Pahor– Filho et al. (2014), in which a red line in the photomicrograph shows the limit of the affected portion in gill filaments. Thus, it was considered ‘mild’ when hyperplasia affected less than half of the gill filament length, ‘moderate’ when it affected more than half of the gill filament length and ‘severe’ when it affected the entire gill filament length. Photomicrographs were taken with a Leica DM2500 microscope. The occurrence of histological changes was quantified in the 20 gills forwarded to histological analysis, on a scale between 0 to 100%. 2.7 Parasitological data analysis The parasitological indexes were calculated using the appropriate parasitological statistical analysis protocol, quantitative parasitology (Reiczigel and Rózsa 2005). 3 | RESULTS 3.1 Parasitological indexes In the gills of mullets, L. uruguayense Failla Siquer and Ostrowski de Núñez 2009 (Ancyrocephalidae, Monogenoidea) were identified. Parasitological indexes of juvenile mullets were prevalence (100%), intensity of infestation (2–125), mean intensity of infestation (25.2±5.1), and mean abundance (23.2±4.8). 3.2 Identification and quantification of histological changes In the gills of mullets, respiratory epithelium detachment; mild, moderate and severe hyperplasia of the respiratory epithelium; atrophy; and telangiectasia were observed (Figure 1). Of a total of 20 fish analysed, 100% of juveniles exhibited mild hyperplasia; 40% exhibited telangiectasia; 30% moderate hyperplasia and respiratory epithelium detachment; and 20% severe hyperplasia and necrosis of the respiratory Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 79 epithelium. Figure 1. Longitudinal section of gills of juvenile mullet Mugil liza with histological alterations caused by infestation of Ligophorus uruguayensis. (A) respiratory epithelium detachment (yellow arrow). (B) mild hyperplasia (yellow arrow). Red line shows that hyperplasia affects less than half of the gill filament length. (C) moderate hyperplasia (red arrow). Red line shows hyperplasia affects half the length of the filament. Severe hyperplasia (yellow arrow). Red line shows that hyperplasia affects all the gill filament length. (D) necrosis of the respiratory epithelium (yellow arrow). (E) telangectasia (yellow arrow). (F.1) Ligophorus uruguayensis fixed on the gill filament (yellow arrow). (F.2) Haptor (yellow arrow). (n = twenty fish). All hematoxylin eosin staining, Scale bar = 200 µm. 4 | DISCUSSION A high index of Ligophorus spp. infestation in Mugil species has been reported Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 80 by other researchers (Sarabeev and Balbuena 2004, Sarabeev et al. 2005, Failla Siquier and Ostrowski de Núñez 2009). The severe infestation by only one species of Monogenoidea found in juvenile mullets may result from the specificity of these parasites to mullets (Euzet and Suriano 1977, Marchiori et al. 2015) and by the life cycle of mullets, since the mullets form shoals and stay in estuaries during development of their juvenile phase (Godinho 2004). These sites contain high concentrations of organic matter and high densities of fish of the same species, which increase the possibility of transmission of these parasites (Buchmann and Lindenstrom 2002). Other studies show different intensities of gill hyperplasia and occurrences of other changes as host responses to Monogenoidea infestation (Montero et al. 2004, Schalch et al. 2006, Arafa et al. 2009). Mild effects, such as hyperplasia, caused by Monogenoidea were observed in kingfish (Seriola lalandi) heavily infested by Zeuxapta seriolae (Mansell et al. 2005) as well as tilapia (Oreochromis niloticus) infested by Cichlidogyrus sclerosus, according to Azevedo et al. (2006). Corroborating these results, in this study, even with high incidence of mild hyperplasia (100%) observed in the gills of juveniles infested by Monogenoidea, there was a moderate pathogenicity as result of L. uruguayense parasitosis in the mullets. However, these parasites attach to the gills by the haptor and feed on skin cells and blood (Buchmann and Lindenstrom 2002), and may until to cause immunosuppression (Chaves et al. 2006). Thus, it is possible to suggest that alterations caused in the gills of juvenile mullets may be due to moderate pathogenicity of the L. uruguayense by mullets. This would preserve the host–parasite relationship. According to Buchmann and Lindenstrom (2002), some mechanisms are responsible for the success of this relationship, such as the presence of parasite receptors that recognise the adequate host, the infestation site and the host’s innate immune system that preserves the specific parasite. On the other hand, the L. uruguayense infestation, in our study, can be associated to severe damage observed in the gills of juvenile mullets. However, a low incidence of severe hyperplasia and necrosis of the respiratory epithelium were observed in 20% of the hosts. These could be specimens not favored by selection processes, as suggested by Little and Ebert (2004). Moreover, these data confirm the hypothesis of Thatcher (1991), which supports that the parasites can cause severe injuries in the host, and only in some cases this is detected in nature, because these debilitated fish are preyed upon quickly. Other authors also reported severe changes caused by Monogenoidea in other fish, such as fusion of the secondary lamellae (Kristmundsson et al. 2006), atrophy of the respiratory epithelium, haemorrhage (Dezfuli et al. 2007), and epithelial necrosis (Arafa et al. 2009), suggesting that L. uruguayense also might cause or induce severe damage in debilitated juvenile mullets, captured by trawl net in the estuary. In Brazil, the mullet M. liza has high demand for fishermen and local consumers (Godinho 2004). Pilot tests for breading of this fish have been successfully carried out in state of Santa Catarina, evidencing their productive potential to Brazilian Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 81 aquaculture (Carvalho et al. 2015). In this line, in our study, even the rearing system containing acceptable water quality parameters for marine fish, the mullets infested by L. uruguayense exhibited telangectasia (40%), moderate hyperplasia and respiratory epithelium detachment (30%), and severe hyperplasia and necrosis (20%). These results show the possibility of aggravation of these histological changes in cases of water quality fall, in which fish become more susceptible to parasitic infestations in fish farms. Monogenoidea proliferate rapidly in breeding systems, and attacks the host by the haptor’s abrasive activity. Therefore, the maintenance of water quality and the prophylaxis of the medium are fundamental factors to avoid the damage to the fish (Kristmundsson et al. 2006, Hutson et al. 2007, Jorgensen et al. 2009). A better understanding of the host–parasite relationship as well as the parasite species, intensity of infestation and histological damage to the host may contribute to the improvement of prophylactic techniques in the management of mullets in rearing systems. The preventive techniques for parasite control are aimed at interrupting or preventing development of the parasite life cycle. Thus, it is possible to reduce the intensity of parasitic infestation, increasing the possibility of success in breeding systems. Here, we determined the method of parasitism in juvenile mullets and the damage observed in the gills of the host. However, by the high prevalence of mild alterations observed in the gills of mullets, it is possible to accept that L. uruguayense is moderately pathogenic to M. liza, even during high prevalence and intensity of infestation, as a result of its specificity. Further studies should investigate whether the high Monogenoidea infestation can cause mortality in other life stages, such as adults and breeding mullets, and whether the presence of these parasites may increase histological changes in the host. Note from authors: All information in this E-book chapter belong to article “Moderate pathogenic effect of Ligophorus uruguayense (Monogenoidea, Ancyrocephalidae) in juvenile mullet Mugil liza (Actinopterygii, Mugilidae) from Brazil” published in Anais da Academia Brasileira de Ciências, 89: 2997-3003, 2017. REFERENCES ABDALLAH V.D., AZEVEDO R. and LUQUE J.L. 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VINATEA-ARANA L. Princípios químicos de qualidade da água em aquicultura: uma revisão para peixes e camarões. 2ª ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2003. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 9 84 CAPÍTULO 10 doi INFLUÊNCIA DOS FATORES METEOROLÓGICOS E FLORA APÍCOLA SOBRE O PESO DE COLMEIAS DE ABELHAS MELÍFERAS EM ÁREA DE CAATINGA Pedro de Assis de Oliveira Setor de Abelhas, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará/UFC, FortalezaCE, Brasil. Marileide de Souza Sá Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UFRPE/ UAST-PE, Brasil. Marcelo Casimiro Cavalcante Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UFRPE/ UAST-PE, Brasil. Marcelo de Oliveira Milfont Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns-UFRPE/UAGPE, Brasil. RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência da precipitação acumulada, umidade relativa do ar, temperatura do ar e flora apícola, sobre o peso de ninhos e melgueiras de colmeias povoadas com abelhas Apis mellifera L., na região do Sertão pernambucano. O experimento foi conduzido no apiário da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada, entre os meses de março a junho de 2018. Um total de 20 colmeias foram pesadas a cada mês, sendo registrado os valores de ninhos e melgueiras separadamente. Ao mesmo tempo, foi realizado o levantamento Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 da flora apícola e coletados dados diários da precipitação acumulada (mm), umidade relativa do ar (%) e temperatura do ar (°C) através do Instituto Nacional de Meteorologia–INMET, onde a estação automática está localizada a 400 metros do apiário. Regressões entre os dados foram estabelecidas. Houve relação significativa da precipitação com o peso das melgueiras e ninhos sendo 97% e 67% respectivamente. Para a umidade relativa do ar, o coeficiente de determinação foi mais alto para o ninho, 96%, e menor para a melgueira, 50%. Em relação à temperatura do ar, R² explicou em 99% o peso do ninho, na melgueira foi de 57%. Houve relação significativa entre o número de plantas apícolas em floração com o peso das colmeias (ninhos e melgueiras), 99%. Os parâmetros meteorológicos avaliados e a flora apícola interferem sobre o desenvolvimento e a produção de mel das colônias de abelhas Apis mellifera. PALAVRAS-CHAVE: Africanizada, colônia, mel, produção. ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the influence of accumulated precipitation, relative air humidity, air temperature and bee flora on the weight of nests and hives of hives colonized with Apis mellifera L. bees, in the Sertão region of Pernambuco. The experiment was conducted in the apiary Capítulo 10 85 of the Federal Rural University of Pernambuco - Academic Unit of Serra Talhada, between March and June 2018. A total of 20 hives were weighed each month, and the values of nests and mussels were recorded separately. At the same time, a survey of the apicultural flora was carried out and daily data of accumulated precipitation (mm), relative humidity (%) and air temperature (° C) were collected through INMET, where the automatic station is located 400 meters from the apiary. Regressions between the data were established. There was a significant relationship between precipitation and the weight of the mussels and nests, being 97% and 67% respectively. For the relative air humidity, the determination coefficient was higher for the nest, 96%, and lower for the melgueira, 50%. In relation to the air temperature, R² explained in 99% the weight of the nest, in the melgueira was of 57%. There was a significant relationship between the number of apicultural plants in flowering with the weight of the hives (nests and menders), 99%. The evaluated meteorological parameters and the bee flora interfere on the development and production of honey from the colonies of bees Apis mellifera. KEYWORDS: Africanized, colony, honey, production. INTRODUÇÃO A apicultura, criação de abelhas do gênero Apis, vem crescendo cada vez mais nas Américas, com destaque para o Brasil por possuir um poli-híbrido conhecido como africanizadas (MACIEL et al., 2018). Abelhas produtivas, altamente adaptadas às condições edafoclimáticas do País e extremamente resistentes a várias pragas e doenças que acometem a atividade no restante do mundo (WINSTON, 2003). O semiárido brasileiro proporciona condições ideais para a criação das abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) (KHAN; MATOS; LIMA, 2009). De acordo com Costa et al. (2007) a reprodução e produção de uma colônia são influenciadas pelas variáveis climáticas somadas a disponibilidade do pasto apícola. O Bioma Caatinga tem uma grande diversidade de flora apícola no período chuvoso, reduzindo drasticamente no período mais seco do ano, fazendo com que o desenvolvimento da colônia e consequentemente a produção de mel acompanhe essa sazonalidade (PEREIRA et al., 2006). A flora apícola é bastante variável de um local para o outro, influenciando o fluxo de recursos poliníferos e nectaríferos que entram na colmeia e, por conseguinte, na composição do mel (BENEVIDES; CARVALHO, 2012; LOPES et al., 2016). Dessa forma, elemento chave para o sucesso ou fracasso da atividade apícola. Assim, os fatores bióticos (florescimento das plantas) e abióticos (elementos climáticos: precipitação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar, nebulosidade e ventos), interferem no desenvolvimento das crias, no desenvolvimento da colônia, e consequentemente na produção dos diversos produtos apícolas (mel, pólen, cera, geleia real, própolis e apitoxina), influenciando também na polinização (SOUZA et al., 2011; BROWN et al., 2016). Além dos fatores já mencionados, o crescimento e produção de uma colônia Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 86 são influenciados diretamente pelas práticas de manejo realizadas. O simples fato de abrir a colmeia para inspeções e revisões afetam diretamente a capacidade de homeostase da colônia, de forma que vai demandar tempo e energia das abelhas para que novamente a zona de conforto seja alcançada (SEELEY, 2006; ZACEPINS; STALIDZANS; MEITALOVS, 2012; ZACEPINS; KARASHA, 2012; BRASIL et al., 2013). Para o êxito da atividade é de grande relevância que o apicultor tenha conhecimentos da oferta dos recursos tróficos por parte das plantas, bem como, o entendimento das variáveis meteorológicas sobre a produção das colmeias. Essas informações servem de subsídio ao produtor para a adoção de práticas de manejos corretas (PEREIRA et al., 2006; SANTOS; KIILL; ARAÚJO, 2006). São escassas as informações disponíveis na literatura da influência dos fatores meteorológicos e flora apícola sobre a flutuação do peso e desenvolvimento de colônias de abelhas melíferas, em ambientes de zonas tropicais, principalmente nas condições do semiárido brasileiro. Dessa forma, objetivou-se avaliar a influência da precipitação acumulada, umidade relativa do ar, temperatura do ar e do pasto apícola sobre o peso de ninhos e melgueiras de colmeias povoadas por abelhas Apis mellifera L., em área de caatinga no estado de Pernambuco. METODOLOGIA O presente trabalho foi conduzido no apiário da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UAST, durante os meses de março a junho de 2018. Foram utilizadas 20 colônias de Apis mellifera L., previamente homogeneizadas em relação à quantidade de crias e alimento, e seus pesos registrados (ninho e melgueira). Para o acompanhamento das colmeias foram realizadas pesagens ao longo do período experimental, uma vez por mês. Sendo registrados os valores de ninhos e melgueiras separadamente (Figura 1 e 2). Ao final, os dados médios foram obtidos e desvios padrões calculados. Quanto ao manejo, foram realizadas revisões quinzenais conforme preconizadas por práticas apícolas (SENAR, 2010). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 87 Figura 1- Pesagem do ninho (com fundo e tampa) durante o experimento no município de Serra Talhada, Pernambuco. 2018. Figura 2- Pesagem da melgueira durante o experimento no município de Serra Talhada, Pernambuco, 2018. Simultaneamente as realizações das revisões e pesagens, procedeu-se o levantamento da flora apícola conforme Vidal et al. (2008). Foram coletados os ramos férteis das plantas em florescimento com auxílio de tesoura de poda. Essas coletas partiam do apiário como ponto central nas quatro direções (norte, sul, leste, oeste), em transectos aleatórios de cerca de 1.500m de comprimento, entre 6:00 e 17:00 horas (VIDAL et al., 2008). Em seguida, os ramos foram prensados entre grades de madeira, papelões, folhas de jornal e placas de alumínio corrugado, e posteriormente, desidratado em estufa de lâmpada, conforme Mori et al. (1989). As exsicatas foram depositadas no Herbário do Semiárido do Brasil (HESBRA) da UFRPE/UAST. As identificações das plantas foram baseadas em bibliografia especializada ou por comparação com material do acervo do referido herbário sobre a orientação de especialista. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 88 Dados diários da precipitação acumulada (mm), umidade relativa do ar (%), temperatura do ar (°C) foram adquiridos através do site do Instituto Nacional de Meteorologia-INMET, onde a estação automática está localizada a 400 metros do apiário. Os dados em escala diária foram convertidos para mensal. Utilizando-se o Programa Computacional Microsoft Excel, regressões foram estabelecidas entre a precipitação (mm), umidade do ar (%), temperatura do ar (°C) e flora apícola sobre o peso dos ninhos e melgueiras. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período do experimento, o peso do ninho apresentou pequenas variações, sendo o menor valor registrado ao final da pesquisa (junho), que foi de 19,00 ± 2,48 kg. Em relação às melgueiras, verificou-se um acréscimo na deposição de mel, ocasionando ganho de peso. Inicialmente, apresentavam 5,00 ± 0.28 kg, e em junho, no final do experimento atingiram 8,00 ± 2.08 kg (Figura 3). O período de maior precipitação ocorreu no primeiro mês de execução do experimento, tendo o seu valor reduzido a cada mês. O mês de março, período de maior ocorrência de chuvas registradas, influenciou decisivamente no número de espécies em florescimento ocorridas no mês de abril, onde foram computadas um total de 84 espécies em floração. O comportamento das floradas responde às precipitações, uma vez que as chuvas são fontes de estímulos reprodutivos a muitas espécies apícolas, especialmente aquelas de extrato herbáceo e arbustivo (SANTOS; KIILL; ARAÚJO, 2006). Algumas espécies responderam mais rapidamente às chuvas e outras mais tardiamente. Comportamento observado diante do surgimento de muitas espécies em florescimento nos meses posteriores (maio e junho) e que apresentaram menores índices pluviométricos (WOLFF et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2017a). Vale ressaltar, que algumas das espécies que floraram em abril persistiram nos meses subsequentes. As abelhas, por sua vez, responderam a esses florescimentos coletando néctar e acumulando mel nas melgueiras. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 89 Figura 3- Peso médio do ninho e melgueira (Kg) de colmeias povoadas com abelhas africanizadas (Apis mellifera L.), dados de precipitação acumulada (mm) e número de plantas apícolas em florescimento durante o período de março a junho de 2018, no município de Serra Talhada-PE. As regressões demonstraram haver relação significativa entre a precipitação com o peso da melgueira, 97%, e ninho, 67% (Figura 5A e 5B). Os valores indicam que a precipitação influenciou mais sobre o peso das melgueiras do que o ninho, tendo em vista que as abelhas depositaram mel na melgueira como uma forma de reservar para os períodos críticos do ano. Em relação à umidade relativa do ar, o coeficiente de determinação foi mais alto para o peso ninho e menor para o peso da melgueira, com 96% e 50%, respectivamente (Figura 6A e 6B). De acordo com a figura 4, 6A e 6B a umidade do ambiente externo a colmeia ideal para a deposição de mel na melgueira, por parte das abelhas, ficou entre 55 a 62%, e para o aumento do peso do ninho ficou entre 60 e 65%. Vale salientar que a umidade influência na atividade de voo das abelhas, afetando assim a coleta de recursos, bem como sua qualidade. No caso do néctar, uma alta umidade relativa do ar aumenta a secreção, mais compromete a sua qualidade devido à baixa concentração de açúcares (SHUEL, 1975). Costa et al. (2007) citam que deve existir um limite máximo de umidade em que as crias de abelhas africanizadas toleram. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 90 Figura 4- Peso médio do ninho e melgueira (Kg) de colmeias povoadas com abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) e umidade relativa do ar (%) durante o período de março a junho de 2018, no município de Serra Talhada-PE. No que se refere à temperatura do ar externa a colmeia, o coeficiente de determinação em relação ao peso do ninho explica em 99%. Para o peso da melgueira foi de 57% (Figura 7A e 7B). As crias são altamente dependentes da temperatura para o crescimento, seu perfeito desenvolvimento ocorre a uma temperatura que gira em torno de 33 a 36°C (WINSTON, 2003; DOMINGOS e GONÇALVES, 2014). As abelhas melíferas evoluíram para controlar e regular a temperatura dentro do ninho através de diversos mecanismos, que podem ser primários ou secundários. A temperatura, assim como a umidade interna da colmeia dependem da variação da temperatura e umidade externa a colmeia (OLIVEIRA et al., 2017b). Figura 5- Regressão da precipitação acumulada sobre o peso de melgueira (A) e ninho (B) em Serra Talhada-PE, 2018. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 91 Figura 6- Regressão da umidade relativa do ar sobre o peso de melgueiras (A) e ninhos (B) em Serra Talhada-PE, 2018. Figura 7- Regressão da temperatura do ar sobre o peso de melgueira (A) e ninho (B) em Serra Talhada-PE, 2018. Houve relação expressiva entre o número de plantas apícolas em floração com o peso das colmeias (ninho com melgueira), sendo de 99%. Indicando que a flora apícola influenciou de forma decisiva sobre o peso das colmeias (Figura 8). O menor peso obtido no conjunto ninho e melgueira no mês de junho, época de maior número de espécies em florescimento, é resultado de uma menor quantidade de mel estocado no ninho. Os dados coletados deixam evidentes a influência da precipitação no florescimento das plantas. De fato, as chuvas estão entre os fatores que mais contribuem para a floração da vegetação da caatinga e consequentemente na oferta de pólen e néctar. A diversidade de plantas em floração, bem como a sequência e o período de florescimento são quesitos indispensáveis para a realização de um manejo adequado visando a Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 92 maximização da produção de mel. Assim, para a obtenção de índices produtivos satisfatórios, é de grande valia a elaboração e conhecimento do calendário apícola da região. Ainda sobre o florescimento e o aumento de peso das colmeias durante o período de execução do experimento, ninhos e melgueiras quando avaliados independentes apresentaram resultados totalmente contrários. Enquanto nas melgueiras o peso aumentava em decorrência da deposição de mel, no ninho esse peso diminuía. Esse acontecimento pode está atribuído ao fato de que com um maior número de espécies em florescimento ocasionou um maior fluxo de entrada de néctar e pólen, resultando em uma maior taxa de postura da rainha, ou seja, estava ocorrendo uma menor deposição de mel no ninho em detrimento do aumento das crias. Sendo assim, diminuía o peso do ninho em virtude das crias serem mais leves que o mel. Figura 8- Regressão do número de plantas em floração, com o peso das colmeias (ninhos com melgueiras) em Serra Talhada-PE, 2018. CONCLUSÕES Os fatores meteorológicos, precipitação, umidade relativa e temperatura do ar interferem no peso de ninhos e melgueiras de colônias de abelhas melíferas. A flora apícola é influenciada diretamente pela precipitação, atuando de forma decisiva no peso, desenvolvimento e produção de mel de colônias de abelhas Apis mellifera L. REFERÊNCIAS BENEVIDES, D. S.; CARVALHO, F.G. Levantamento da flora apícola presente em áreas de caatinga Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 93 do município de Caraúbas–RN. Sociedade e Território, v. 21, n. 1 e 2, p. 44-54, 2012. BRASIL, D. F.; GUIMARÃES, M. O. ; BARBOSA FILHO, J. A. D. ; FREITAS, B. M. internal ambience of bee colonies submitted to strengthening management by adding broods. Engenharia Agrícola, v. 34, n. 5, p. 902-909, 2013. BROWN, M.J.F. et al. A horizon scan of future threats and opportunities for pollinators and pollination. PeerJ, v. 4, p. e2249, 2016. COSTA, F. M. et al. Desenvolvimento de colônias de abelhas Apis mellifera africanizadas na região de Maringá, Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 29, n. 1, p. 101-108, 2007. DOMINGOS, H. G. T.; GONÇALVES, L. S. Termorregulação de abelhas com ênfase em Apis mellifera. Acta Veterinaria Brasilica, v. 8, n. 3, p. 150-154, 2014. KHAN, A. S.; MATOS, V. D.; LIMA, P. V. P. S. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 10 95 CAPÍTULO 11 doi ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus EM AMOSTRAS DE QUEIJO Nayara Carvalho Barbosa Universidade Federal de Goiás Jataí - Goiás Cecília Nunes Moreira Universidade Federal de Goiás Jataí – Goiás Bruna Ribeiro Arrais Universidade Federal de Goiás Jataí – Goiás Flávio Barbosa da Silva Universidade Federal de Goiás Jataí – Goiás Priscila Gomes de Oliveira Universidade Federal de Goiás Jataí – Goiás Angélica Franco de Oliveira de queijo em feira livre e mercados da cidade de Jataí-GO. Dessas 21 amostras de queijo minas analisadas, 6 (28,57%) estavam contaminadas por Staphylococcus aureus e apresentavam valores acima do máximos permitidos. A contaminação é cercada por inúmeros fatores de risco, sendo a manipulação inadequada um dos principais fatores contribuintes para a contaminação. Faz-se necessário uma eficiente inspeção desse tipo de alimento, para que não ocorra a comercialização de produtos fora do padrão aceitável. PALAVRAS-CHAVE: Agentes patogênicos, Análise microbiológica de alimentos, Contaminação. Universidade Federal de Goiás Jataí – Goiás 1 | NTRODUÇÃO A produção de queijo artesanal no Brasil RESUMO: Dentre os derivados do leite, o queijo é amplamente comercializado e desempenha importante papel social e econômico. A análise microbiológica é fundamental para avaliar os riscos que esse alimento pode representar para a saúde do consumidor. O presente trabalho objetivou verificar a presença de Staphylococcus aureus em amostras de queijos comercializadas em Jataí. O isolamento e identificação de Staphylococcus aureus foi realizado de acordo com a instrução normativa Nº 62 do MAPA. Foram avaliadas 21 amostras Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 ocorre desde o século XVIII, e além de estar presente na mesa dos brasileiros, desempenha um importante papel social, econômico e cultural. As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são causadas pela ingestão dos alimentos contaminados pela presença de microrganismos patogênicos ou pela produção de toxinas ou substâncias químicas que eles possam vir a produzir. Como um dos principais agentes de surtos de DTAs estão as Staphylococcus aureus (BRASIL, 2001; PINTO Capítulo 11 96 et al., 2009; FORSYTHE, 2013; BRASIL, 2014). A S. aureus é um coco gram-positivo, anaeróbio facultativo, e não produz esporos. Consegue crescer em temperaturas de 7 a 48,4 °C e ph de 4,2 a 9,3. Tolera altas concentrações de NaCL em até 15% e com pequenas quantidades de água, o que o favorece na colonização dos alimentos (ADAMS & MOSS, 2008; KADARIYA et al., 2014). As toxinfecções alimentares por S. aureus, ocorrem pela sua capacidade de produzir toxinas termorresistentes em diferentes alimentos e os queijos estão recorrentemente relacionados com as enfermidades decorrentes dessa bactéria. Logo a detecção, o isolamento e estudos acerca da contaminação alimentar por S. aureus é um elemento-chave para reduzir os riscos associados à saúde pública e segurança alimentar (SILVA et al., 2007; PIRES, 2011). 2 | OBJETIVO O presente trabalho objetivou verificar a presença de Staphylococcus aureus em amostras de queijos comercializadas em Jataí. 3 | METODOLOGIA Foram visitados de forma aleatória feiras livres e mercados que comercializavam queijo, no município de Jataí. O número de amostras e estabelecimentos amostrados foram calculados utilizando o Programa Epi Info 6.04 de DEAN et al. (1994), com base na frequência porcentual esperada de alimentos contaminados por Staphylococccus aureus em diversos estados do Brasil. No total foram coletadas 21 amostras de queijo. As amostras foram acondicionadas em recipientes isotérmicos e encaminhadas ao laboratório, sendo processadas em no máximo 3 horas. O isolamento e identificação de Staphylococcus aureus foi realizado de acordo com a instrução normativa Nº 62 do MAPA (BRASIL, 2011). Para tanto, amostras de 25 g de cada queijo foram homogeneizadas em água peptonada em stomacher, sendo realizadas diluições seriadas em água peptonada 0,1% (p/v). Alíquotas de 0,1 mL das diluições 10-1, 10-2 e 10-3 foram semeadas em placas de Petri, contendo ágar BairdParker e incubadas a 37°C de 24 horas a 30 horas. Posteriormente foram selecionadas 3 colônias típicas e 3 colônias atípicas de cada placa, sendo transferidas para caldo BHI e incubadas a 37°C por 24 horas, e em seguida, foram submetidas as provas de catalase, coagulase, teste Voges- Proskauer ou teste VP e a coloração de Gram, para a confirmação de Staphylococcus aureus. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 11 97 4 | RESULTADO E DISCUSSÃO Das 21 amostras de queijo minas analisadas, 6 (28,57%) estavam contaminadas por Staphylococcus aureus e apresentavam valores acima do máximos permitidos. O valor estabelecido pela ANVISA é 103 como limite máximo (BRASIL, 2001). As contagens variavam de 2,8 x 102 a 3,3 x 104 UFG/g. Valor inferior em relação às contagens encontradas por LO TURCO (2013) ao analisar 16 amostras de queijo minas frescal, sendo de 1,07 x 105 a 2,1 x 107 UFC/g. Dentre as 21 amostras analisadas no presente estudo, muitas eram comercializadas sob algum tipo de inspeção sanitária, o que diminui as chances de encontrar produtos insatisfatórios sendo comercializados. GRANDI & ROSSI (2006) em seus estudos com queijos minas em Uberlândia MG não encontraram nenhuma amostra contaminada com Staphylococcus coagulase positiva, possivelmente pela eficiente pasteurização da matéria prima do queijo analisado, o que elimina os microrganismos presentes. Já na quantificação de S. aureus obtida em queijos artesanais na feira livre em Uruaçu – Goiás, demonstrou que das 8 amostras analisadas, todas estavam em desacordo com os valores aceitáveis (OLIVEIRA et al., 2015). Comparado ao resultado encontrado nesse trabalho, SOUZA et al. (2011), ao realizarem a técnica de PCR, constataram que das 30 amostras de queijos Minas Artesanal analisadas, 28 (93,3%), apresentaram-se fora dos padrões estabelecidos. Além da técnica utilizada ser mais sensível e especifica do que a empregada no presente estudo o alto índice de contaminação por S. aureus pode estar associada também a mastite bovina, manipulação inadequada do leite ou a um deficiente hábito higiênico. Estudo feito por ARRUDA et al. (2007) em feiras livres de Goiânia, observou que das 42 amostras de queijo minas frescal analisadas, a média dos valores de contaminação por S. aureus foi aceitável somente para 16 amostras. As características inerentes ao queijo, atuam como a base necessária para a reprodução de bactérias como a temperatura, umidade e pH favorável. A presença de microrganismos no queijo induz possíveis falhas na produção e também, a possibilidade de contaminação cruzada deste produto, desde a hora da obtenção do leite até sua manipulação final. Para manter a qualidade do queijo, é necessário um rígido controle de higiene durante a produção, além do uso de matérias primas adequadas. 5 | CONCLUSÕES Quase um terço das amostras de queijo minas analisadas neste estudo estavam contaminadas por Staphylococcus aureus, apresentando-se fora dos padrões estabelecidos pela ANVISA. A contaminação é cercada por inúmeros fatores de risco, sendo a manipulação Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 11 98 inadequada um dos principais fatores contribuintes para a contaminação. Além de ser um alimento de pronto consumo, a sua qualidade depende também do armazenamento nos locais de venda. A refrigeração, controle de temperatura, condições sanitárias e locais limpos, auxiliam a evitar a contaminação por microrganismos, como essa perigosa bactéria patogênica. É necessária uma melhor vigilância e inspeção sobre os produtos de origem animal, desde o processamento, transporte e manipulação. Assim pode - se evitar que a carga microbiana desses alimentos se eleve, aumentando a chance de contaminação por bactérias patogênicas como a Staphylococcus aureus. REFERÊNCIAS ADAMS, M. R; MOSS, M. O. Bacterial Agents of Foodborne IIIness. In: ADAMS, M. R; MOSS, M. O. Food Microbiology. 3. ed. Cambridge: RSC Publishing, 2008. p. 182-269. ARRUDA, M. L. T.; NICOLAU, E. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 11 100 CAPÍTULO 12 doi LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA REGIONAL JATAÍ, A SERVIÇO DA POPULAÇÃO DO SUDOESTE GOIANO Hélio de Souza Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Águas Lindas Águas Lindas de Goiás - Goiás Priscila Gomes de Oliveira Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí Jataí – Goiás Patrícia Rosa de Assis Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí Jataí – Goiás Andréia Vitor Couto do Amaral Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí Jataí – Goiás Alana Flávia Romani Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí Jataí – Goiás RESUMO: Diversos exames laboratoriais, como o hemograma, as dosagens bioquímicas e a pesquisa de doenças dermatológicas auxiliam o médico veterinário na identificação das doenças que podem comprometer a saúde dos animais. Muitas metodologias vêm sendo incorporadas na rotina laboratorial, e é indispensável que os profissionais estejam qualificados para o desempenho de suas atividades. Nesse sentido, ações práticas que contribuem para o aprimoramento técnico dos profissionais de laboratório são importantes para um melhor diagnóstico clínico veterinário. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Essa ação de extensão foi realizada no laboratório de análises clínicas veterinárias do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí (HV/UFG/REJ). Por meio dessa ação de extensão, foram processadas amostras de 682 pacientes, entre março e agosto de 2016, o que representa em média 114 pacientes por mês. Durante o período estudado, foram realizadas 2.297 análises laboratoriais, destacando-se 09 (nove) tipos de exames, por representarem mais de 95% das solicitações, sendo eles: hemograma completo, micro hematócrito, proteínas plasmáticas, dosagem de ureia, dosagem de creatinina, dosagem de ALT, dosagem de FA, urinálise e parasitológico de pele. Esse expressivo número de exames reflete a importância que os exames complementares têm para um diagnóstico mais rápido e preciso de diversas doenças que acometem os pequenos animais, como cães e gatos, e reforça o importante papel que o HV/ UFG/REJ desempenha no sudoeste goiano. PALAVRAS-CHAVE: Análises Clínicas Veterinárias. Hemograma. Exames bioquímicos. ABSTRACT: Several laboratory tests, like the hemogram, biochemical measurements and the investigation of dermatological diseases help the veterinary doctor in identifying diseases that may endanger the health of animals. Many methodologies have been incorporated in Capítulo 12 101 the laboratory routine, and it’s imperative that the professionals are qualified for the performance of their functions. In this regard, practical actions that contribute to the technical improvement of the laboratory professionals are important for a better clinical veterinary diagnosis. This extension action was carried out in the laboratory of clinical veterinary analyses of the Veterinary Hospital of the Federal University of Goiás / Jataí Regional (HV/UFG/REJ). Through this extension action, samples of 682 patients were processed, from March to August of 2016, what represents around 114 patients a month. During the studied period, 2.297 laboratory analysis were performed, highlighting 09 (nine) types of tests, since they represent more than 95% of the requests, such as: complete hemogram, micro hematrocrit, plasmatic proteins, urea dosage, creatinine dosage, ALT dosage, FA dosage, urinalysis and parasitological skin examination. This expressive number of tests reflects the importance that the complementary exams have for a faster and more accurate diagnosis of various diseases which affect the small animals, like cats and dogs, and reinforces the important role the HV/UFG/REJ plays in the goiano southwest. KEYWORDS: Clinical Veterinary Analyzes. Hemogram. Biochemical examinations. 1 | INTRODUÇÃO Diversos exames laboratoriais, como o hemograma, dosagens bioquímicas e a pesquisa de doenças dermatológicas, auxiliam o médico veterinário na identificação das doenças que podem comprometer a saúde dos animais (SOUZA, 2011; COSTA et al., 2013; FREITAS; VEADO; CARREGANO, 2014; LEAL et al., 2015). Por isso, nos últimos anos, no ambiente das análises clínicas, a busca de soluções relativas aos problemas clínicos pertinentes às diferentes espécies animais tem demandado esforços no sentido de desenvolver novos e mais elaborados métodos de diagnóstico. Muitas metodologias vêm sendo incorporadas na rotina laboratorial, e é indispensável que os profissionais estejam qualificados para o desempenho de suas atividades. Mesmo assim, com a inserção de metodologias novas e mais modernas, algumas técnicas simples e indispensáveis na rotina de um laboratório de análises clínicas ainda são negligenciadas, como o simples ato de corar e analisar uma lâmina ao microscópio óptico. Diante disso, ações que visem a prática das análises clínicas vêm de encontro com a necessidade do mercado que busca profissionais cada vez mais qualificados para desenvolver suas atividades. Dessa maneira, além de assegurar o desenvolvimento técnico dos alunos da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí (UFG/REJ), essa ação de extensão, também beneficiou a comunidade animal externa e interna da UFG, uma vez que, foi possível propiciar resultados mais rápidos e fidedignos dos exames solicitados. O presente trabalho teve como objetivo a prestação de serviço de diagnóstico laboratorial, especificamente em análises clínicas, aos animais pertencentes a Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 12 102 comunidade externa e interna da UFG e consequentemente o aprimoramento técnico dos estudantes de Graduação e Pós-graduação dos cursos de Biomedicina, Ciências Biológicas e Medicina Veterinária da UFG 2 | MATERIAIS E MÉTODOS O laboratório de análises clínicas veterinárias está localizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jatai (HV/UFG/REJ), Campus Cidade Universitária. O laboratório recebe solicitações de exames provenientes da própria demanda do Hospital Veterinário, contemplando os atendimentos clínicos, pré e pós cirúrgicos. Nesta primeira fase do projeto, foi realizado um levantamento dos exames executados entre março a agosto de 2016, visando quantificar o número de serviços laboratoriais veterinários prestados à população do Sudoeste Goiano. A coleta de cada material biológico foi realizada pelos alunos e/ou médicos veterinários e em seguida encaminhados ao laboratório. Todos os materiais coletados estavam devidamente identificados juntamente com a guia de solicitação de exames. Após o recebimento, os materiais foram processados e analisados, por alunos de graduação e pós-graduação de medicina veterinária, de acordo com a característica de cada amostra. As amostras de sangue para a realização dos hemogramas foram acondicionadas em tubos de 2ml contendo EDTA. Os hemogramas foram realizados utilizando o método automatizado através do aparelho hematológico SDH 3 VET (LabTest). Também foram confeccionados esfregaços sanguíneos corados pelo corante Panótico Rápido (LaborClin) para a contagem diferencial dos leucócitos e para a análise morfológica dos elementos sanguíneos (leucócitos, eritrócitos e trombócitos). Para a análise dos esfregaços, foi utilizado a objetiva de 100x. Para a verificação das proteínas plasmáticas, foi realizado o micro hematócrito com posterior análise do plasma centrifugado com um refratômetro portátil (RTP-20ATC, Instrutherm) (FAILACE, 2009; THRALL, 2015). Para a realização das dosagens bioquímicas foram utilizadas amostras sanguíneas para a obtenção do soro (tubos sem anticoagulante) ou plasma (tubos com EDTA, Citrato,ou Heparina), além de amostras de urina. As dosagens bioquímicas foram realizadas pela metodologia semiautomática com a utilização do analisador bioquímico Spectrum (Celer) (THRALL, 2015). As amostras de urina foram processadas para à realização da urinálise (exames físico, químico e microscópico). As amostras com suspeita ou visualização de bactérias, foram coradas pelo corante de gram (NewProv), para confirmação e identificação bacteriana (STRASINGER; DI LORENZO, 2011). As amostras provenientes de raspado cutâneo foram homogeneizadas com óleo mineral em lâminas de vidro para impedir que escapem os ácaros. A identificação Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 12 103 e diferenciação das sarnas ocorreram por meio das características morfológicas de cada espécie, ao microscópio óptico, com a objetiva de 10x (BOWMAN, 2010). 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Tendo em vista os registros dos exames laboratoriais realizados no laboratório de análises clínicas veterinárias do Hospital Veterinário da UFG - Regional Jataí, pode ser verificar que de março a agosto de 2016, foram encaminhadas amostras de 682 pacientes, o que representa em média 114 pacientes por mês. Dentre as amostras dos animais, 86% foram referentes a cães e 14% a gatos, de diferentes espécies e com variadas faixas etárias. Durante o período analisado, foram realizadas 2.297 análises laboratoriais, distribuídas em 23 tipos de exames. São eles: Dosagem de Creatinina (15,37%), Ureia (14,98%), Alanina Aminotransferase – ALT (14,67%), Fosfatase Alcalina – FA (13,63%), Micro Hematócrito (10,71%), Proteínas Plasmáticas (10,71%), Hemograma Completo (10,23%), Parasitológico de Pele (3,53%), Urinálise (1,96%), Citologia para Cinomose (0,83%), Albumina (0,65%), Parasitológico de Fezes (0,65%), Citologia para TVT (0,57%), Gamaglutamiltransferase (0,26%), Colesterol Total (0,17%), Tempo de Protrombina (0,17%), Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (0,17%), Triglicérides (0,17%), Aspartato Aminotransferase -AST (0,13%), Colesterol HDL (0,13%), Proteínas Totais (0,13%), Bilirrubina Direta (0,09%) e Bilirrubina Total (0,09%). Neste sentido, 9 (nove) tipos de exames se destacam por representar mais de 95% das solicitações, o hemograma completo, o micro hematócrito, proteínas plasmáticas, dosagem de ureia, dosagem de creatinina, dosagem de ALT, dosagem de FA, urinálise e parasitológico de pele. O hemograma é o exame de sangue mais solicitado na rotina laboratorial, devido a sua praticidade, baixo custo e utilidade na prática clínica. O hemograma completo fornece informações valiosas sobre estado nutricional, imunológico e hemostático do paciente e é indispensável para animais que irão passar por algum procedimento cirúrgico. Além disso, com a análise do esfregaço sanguíneo também pode-se realizar a pesquisa de hematozoários (ALBERNAZ et al., 2007; LEAL et al., 2015). As dosagens de ureia e creatinina são os exames primários de escolha para se investigar alterações renais. Apesar de terem baixa sensibilidade, são marcadores altamente específicos e os mais solicitados quando há uma suspeita de lesão renal (FREITAS; VEADO; CARREGANO, 2014). A dosagem de ALT é considera um dos melhores marcadores de lesão hepatocelular, pois apesar de estar presente em diversos tecidos e órgãos, somente uma lesão hepática pode resultar no aumento de mais de três vezes os níveis normais. A FA também está presente em diversos tecidos e órgãos além do fígado, como nos ossos e na placenta, e pode estar aumentada naturalmente em animais filhotes, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 12 104 animais em processos de consolidação de fraturas e em cadelas e gatas prenhes. Normalmente, para uma primeira avaliação de dano hepático, a dosagem de FA é solicitada conjuntamente com a de ALT (THRALL, 2015). Em relação aos casos de dermatopatias, estima-se que entre 20% e 75% dos atendimentos veterinários, estão relacionados a problemas verdadeiramente dermatológicos (SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 2001). Diante dos dados apresentados, pode-se perceber que de fato o hemograma e as dosagens bioquímicas que avaliam o grau de lesão nos rins e no fígado, juntamente com as pesquisas de dermatopatias, são os exames mais solicitados na rotina clínica e cirúrgica veterinária. 4 | CONCLUSÃO Os resultados demonstram que durante o período de março a agosto de 2016, o laboratório de análises clínicas do HV/UFG/REJ recebeu amostras de 682 pacientes, totalizando 2.297 exames distribuídos entre 23 tipos de exames. Esse expressivo número de exames reflete a importância que os exames complementares têm para um diagnóstico mais rápido e preciso de diversas doenças que acometem os pequenos animais, como cães e gatos. Além disso, reforça o papel fundamental que HV/UFG/ REJ desempenha no sudoeste goiano, sobretudo no que se refere aos atendimentos especializados, visto que hoje é um dos mais completos da região por contar com uma excelente infraestrutura e um corpo profissional altamente qualificado. REFERÊNCIAS ALBERNAZ, A. P. et al. Erliquiose caninca em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Animal Brasileira. Goiânia, v. 8, n. 4, p. 799-806, out./dez. 2007. BOWMAN, D. D. Georgis Parasitologia Veterinária. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. COSTA, E. R. A. et al. Alterações Hematológicas, Morfológicas Sanguíneas e Bioquímicas em um cão com Leptospirose. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, n. 21, jun. 2013. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ ZDjCN2eUimXozQQ_2013-8-13-13-50-35.pdf. Acesso em: 14/02/2019. FAILACE, R. Hemograma: manual de interpretação. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. FREITAS, G. C.; VEADO, J. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 12 106 CAPÍTULO 13 doi MANIÇOBA COMO ALTERNATIVA FORRAGEIRA NA REGIÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UMA REVISÃO DA LITERATURA Wanderson Câmara dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN José Adrivânio da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Everton Chianca de Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Macaíba - RN João Manuel Barreto da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Samuel Norberto Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Júlio César de Andrade Neto Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Emerson Moreira de Aguiar Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Pablo Ramon Da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Jefferson Avelino da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Arthur Felipe Bezerra de Azevedo Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Macaíba - RN Alysson Lincoln da Costa Silva Junior Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola Agrícola de Jundiaí Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO: As condições climáticas presente nas regiões semiáridas do nordeste brasileiro é um fator limitante para a produção agropecuária. Os projetos de pesquisa visando selecionar espécies forrageiras adaptadas à região, práticas de conservação de forragem, uso correto da água e solo, técnicas de plantio e propagação da forrageira para uma melhor convivência com o semiárido, tem como resultado a melhoria significativa no rendimento de biomassa dessas plantas. Nesse contexto algumas espécies se destacam por sua capacidade de produção, adaptabilidade às condições edafoclimáticas e resistência a pragas e doenças, além de suas qualidades nutritivas. Mesmo possuindo uma ampla variação de suas Capítulo 13 107 características bromatológicas, devido a diversos fatores de cultivo, manejo e análise, a maniçoba (Manihot pseudoglazovii) se mostra uma forrageira com altos valores nutricionais para alimentação animal. Este estudo tem como objetivo proporcionar uma visão abrangente, através de uma revisão da literatura, da importância do cultivo desta forrageira, manejo conservacional, formas e práticas de plantio e seu potencial forrageiro para alimentação animal em áreas de clima semiárido do nordeste brasileiro. Uma revisão bibliográfica foi realizada a partir de busca por artigos nos bancos de dados Scielo, pubvet e auxílio da ferramenta Scholar Google. Foram considerados trabalhos que continham informações sobre pontos importantes como rendimento, adaptabilidade, análise bromatológica, toxicidade, ou seja, informações importantes para o manejo nutricional aplicado à agropecuária na região semiárida do nordeste brasileiro. Concluímos que esta forrageira, adaptada à região semiárida no nordeste, se mostra uma boa alternativa para alimentação animal. PALAVRAS-CHAVE: Manihot, Manihot pseudoglazovii, Forragicultura, Caatinga, Adaptabilidade ABSTRACT: The climatic conditions present in the semi-arid regions of the Brazilian northeast is a limiting factor for agricultural production. Research projects aiming to select forage species adapted to the region, forage conservation practices, correct use of water and soil, planting and propagation techniques for better coexistence with the semi-arid region results in a significant improvement in the biomass yield of these plants. In this context, some species stand out for their production capacity, adaptability to edaphoclimatic conditions and resistance to pests and diseases, as well as their nutritional qualities. Although it possesses a wide variation of its bromatological characteristics, due to diverse factors of culture, handling and analysis, maniçoba (Manihot pseudoglazovii) shows a forage with high nutritional values for animal feed. This study aims to provide a comprehensive overview, through a review of the literature, of the importance of this forage cultivation, conservation management, planting practices and forms and their forage potential for animal feeding in areas of semiarid Brazilian climate. A bibliographic review was carried out from the search for articles in the Scielo, pubvet database and the Google Scholar tool, which included information on important points such as yield, adaptability, bromatological analysis, toxicity, that is, important information for the management of nutrition applied to agriculture in the semiarid region of northeastern Brazil. We conclude that this forage, adapted to the semi - arid region in northeastern Brazil, is a good alternative for animal feed. KEYWORDS: Manihot, Manihot pseudoglazovii, Forage farming, Caatinga, Adaptability. INTRODUÇÃO A região semiárida do nordeste brasileiro, Figura 1, possui características climáticos que dificultam uma boa produção de forragem destinada à alimentação animal. Fatores como longos períodos de estiagem, chuvas irregulares e mal distribuídas, contribuem para uma baixa produção forrageira e de baixa qualidade (ARAÚJO et al, 2009). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 108 Aliados aos baixos índices pluviométricos, estão também fatores edáficos que são solos pobres de nutrientes e, consequentemente produzem uma forragem de baixo valor nutritivo. Com isso, pequenos produtores de ruminantes, passam por dificuldades nos períodos de secas ou estiagens prolongadas para alimentar ou suplementar a alimentação destes animais (CAVALCANTI et al., 1995). Com isso plantas nativas ou adaptadas à região semiárida, são objetos de pesquisa objetivando a seleção de espécies e tecnologias para proporcionar forragens com valores nutritivos satisfatórios para a produção animal. Nesse contexto algumas espécies se destacam pela capacidade de produção, adaptação às condições edafoclimáticas e resistência a pragas e doenças, além de suas qualidades nutritivas (MATOS et al, 2005; SOARES, 2000). Nessas circunstâncias temos a maniçoba, planta do gênero manihot, que é uma planta encontrada em quase todo o semiárido brasileiro, vegetando em diversos tipos de solo e em terrenos planos a declivosos. Possui grande resistência à seca por apresentar raízes com grande capacidade de reserva, e mais desenvolvida que a da mandioca, sua parente próxima (MATOS et al, 2005). Figura 1 - Delimitação do semiárido no mapa político do Brasil. Fonte: SUDENESuperintendência do Desenvolvimento do Nordeste (2018) Pouco investimento em educação técnica faz com que os produtores não utilizem essa forrageira importante, que é nativa e adaptada a nossa região. Seu uso como forrageira poderia ajudar muito, visto que seu valor nutritivo é alto e pode ser utilizado Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 109 para diminuir os custos de alimentos e suplementos concentrados. Do ponto de vista da agropecuária, podemos inferir que o valor nutritivo de uma forrageira não é medida apenas por suas características bromatológicas, mas também pela sua aceitabilidade pelo animal, sua digestibilidade e eficiência energética que a forrageira proporciona (BARRETO, 2012). Este estudo tem como objetivo proporcionar uma visão abrangente, através de uma revisão da literatura, da importância do cultivo da maniçoba (Manihot pseudoglazovii), manejo conservacional, formas e práticas de plantio e seu potencial forrageiro para alimentação animal em áreas de clima semiárido do nordeste brasileiro. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Analisando TORRES (2010), que realizou análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), cinzas (CZ), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) e proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) em amostras de feno e silagem de maniçoba, temos que esta se trata de uma boa opção de forrageira para alimentação animal, Tabela 1. Item Maniçoba fresca Silagem Feno MS(%) 30, 99 32, 17 85, 51 PB(%) FDN(%) 10, 98 8, 16 9, 47 51, 59 46, 32 62, 59 59, 22 51, 82 51, 84 4, 32 2, 68 3, 84 7, 74 7, 44 7, 13 CHOT(%) CNF(%) PIDN(% PB) PIDA(% PB) 92, 26 79, 96 28, 37 55, 77 24, 59 92, 56 81, 72 19, 13 49, 87 36, 28 pH − PT1 132, 60 FDA(%) EE(%) CZ(%) MO(%) 4, 07 − 92, 87 79, 56 20, 34 43, 95 27, 64 − − Tabela 1 – Valores médios da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), cinzas (CZ), matéria orgânica (MO), carboidratos totais (CHOT), carboidratos não-fibrosos (CNF), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), pH e poder tampão (PT) da maniçoba (Manihot epruinosa Pax & Hoffmann) nas formas in natura, feno e silagem As características bromatológicas da maniçoba podem variar bastante entre os diversos estudos, entre os motivos para essas variações podem estar condições edafoclimáticas, métodos de coleta das amostras para análise, armazenamento e Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 110 análises destas amostras. A seguir é apresentado informações, Tabela 2, com valores de análise bromatológica para maniçoba de acordo com (MATOS et al, 2005). Parâmetro In natura (In natura) Silagem (silage) Matéria seca (%) 27, 49 ± 0, 24 25, 78 ± 1, 39 Matéria orgânica (% MS) 91, 82 ± 0, 13 90, 61 ± 0, 48 Proteína bruta (% MS) 16, 56 ± 0, 46 14, 58 ± 0, 32 Extrato etéreo (% MS 2, 84 ± 0, 16 3, 96 ± 0, 12 Fibra em detergente neutro (% MS) 47, 90 ± 0, 54 47, 15 ± 1, 63 Fibra em detergente ácido (% MS) 33, 63 ± 0, 84 38, 10 ± 1, 88 Poder tampão (eq. mg/100 g MS) 17, 50 ± 0, 37 - pH (%) - 3, 87 ± 0, 04 Nitrogênio amoniacal (% NITROGÊNIO TOTAL) - 1, 60 ± 0, 14 Carboidratos solúveis (% MATÉRIA VERDE 3, 23 ± 0, 71 - Ácido cianídrico (mg/kg MS) 972, 00 ± 0, 00 162, 00 ± 0, 00 Tabela 2 – Composição química da planta e silagem de maniçoba (MATOS et al, 2005) Os Taninos Condensados (TC) são polímeros de flavonóides encontrados em muitas espécies de plantas consumidas por ruminantes (P.MUIR, 2011), estes compostos têm apresentado propriedades capazes de exercer atividades antimicrobiana, antioxidante e anti-helmíntica em ruminantes, afetando positivamente o bem-estar animal e a qualidade dos produtos oriundos por este (PRIOLOB, 2011). Segundo (SCHOFIELD, 2005), a produção de proteína microbiana in vitro, aumentou quando o TC estava presente em pequena concentração, quando comparada aos tratamentos com ausência ou alta concentração de taninos. Podemos associar o alto conteúdo de tanino condensado a efeitos negativos como a diminuição do consumo, devido a diminuição da aceitabilidade e digestibilidade, redução da atividade enzimática no conteúdo ruminal e perda de proteínas endógenas (BECKER, 2000; CRUZ, 2007). Porém o consumo de taninos por ruminantes pode ainda estar relacionado a efeitos positivos, como: a proteção da proteína alimentar contra a excessiva degradação ruminal, a diminuição do desperdício de amônia, o aumento da absorção de aminoácidos provenientes da dieta no intestino delgado e a prevenção do timpanismo (CORDÃO, 2010). Temos que na literatura o principal enfoque dado à presença de taninos condensados nas forrageiras tropicais é a sua importante ação antinutricional quando em alta concentração (CRUZ, 2007) - Em estudos estas ações antinutricionais são manifestadas em concentrações acima de 4% na matéria seca (BARRY; MCNABB, 1999). Valores dos taninos condensados obtidos analisando a maniçoba (Manihot pseudoglazovii) podem ser considerados de moderados a baixos e, provavelmente, não resultaram em problemas de ordem nutricional (CRUZ, 2007), Tabela 3. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 111 Parâmetro Maniçoba TC solúvel (%) 0, 53 TC ligado ao resíduo sólido (%) 1, 11 Tabela 3 – Concentração em tanino condensado (TC) solúvel, ligado ao resíduo total e adstringência de taninos na maniçoba (CRUZ, 2007) A maniçoba, como as demais plantas de gênero Manihot, apresenta em sua composição quantidades variáveis de determinadas substâncias que ao se hidrolisar e mediante a ação de uma enzima, dão origem ao ácido cianídrico (HCN). A quantidade varia também de acordo com a espécie e variedade da planta, com isso alguns trabalhos visam determinar o nível de HCN nestas diferentes variedades como em (NASSAR; FICHTNER, 1978; FASUYI, 2005; NASSAR, 1978). O HCN é produzido após ocorrer danos mecânicos ou fisiológicos no tecido da planta, então a ruptura do vacúolo libera principais substâncias cianogênicas, a linamarina e lotaustralina, que em presença de água, entram em contato com a enzima linamarase, que se encontram separadas no tecido vivo e íntegro. A enzima localiza-se na parede celular e as substâncias cianogênicas nos vacúolos. Nessa primeira fase, são produzidas glucose e acetona cianidrina e, na segunda fase, a enzima hidroxinitrilo liase catalisa a degradação da acetona cianidrina para a produção de acetona e HCN (WHITE et al., 1998; MATOS, 2005). Uma vez que em regiões semiáridas existe um problema quando falamos no fornecimento de água, que é um nutriente importante, temos no processo de ensilagem, por se tratar de um processo de conservação de forragem de forma úmida, uma alternativa para o fornecimento deste nutriente aos animais (GOIS, 2017; MATOS, 2004). Vale ressaltar que segundo TORRES (2010), os métodos de conservação de forragem aplicados na maniçoba (Manihot espurinosa Pax & Hoffman) não proporciona alteração no comportamento ingestivo, no entanto, a ensilagem é uma técnica extremamente favorável para alimentação de bovinos, caprinos e ovinos, principalmente em regiões áridas e semiáridas, pois, além de manter a composição bromatológica da forrageira, possibilita preservar a água nela contida. METODOLOGIA A revisão bibliográfica foi feita a partir de busca por artigos nos bancos de dados Scielo, pubvet e auxílio da ferramenta Scholar Google. Foram considerados trabalhos que continham informações sobre pontos importantes como rendimento, adaptabilidade, análise bromatológica, toxicidade, ou seja, informações importantes Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 112 para o manejo nutricional aplicado à agropecuária na região semiárida do nordeste brasileiro. Como palavras-chaves que foram utilizadas para a pesquisa "Manihot", "Manihot pseudoglazovii", "Forragicultura", "Caatinga", "Adaptabilidade". A partir dos artigos pesquisados, selecionamos os que entendemos ser os de maior relevância para o trabalho em questão, sendo os artigos selecionados tendo como período de publicação entre 1978 e 2018. RESULTADOS E DISCUSSÃO Técnicas de conservação de alimentos que preservam a água se tornam a melhor escolha de armazenar o alimento para ser ofertado aos animais. A maniçoba, por permitir conservação através do processo de ensilagem, se mostra uma boa opção de alimento em tempos de estiagem prolongada no semiárido. Além do benefício de preservação da água presente no alimento, temos que, associados às técnicas de preservação de forragem, a eliminação de ácido cianídrico considerado tóxico, porém sofre volatilização durante o processo. As características nutricionais ou bromatológicas concedem a esta forrageira consideráveis valores de proteína bruta, característica importante para que se possa diminuir os custos com concentrados proteicos ou sua associação a outros tipos de alimentos para se obter uma relação proteína x energia que ofereçam aos animais uma dieta mais balanceada. Um fato importante a ser observado é que além das características negativas como a toxicidade da forrageira, verificamos que podemos obter propriedades benéficas, quando da correta utilização desta planta, estas propriedades se mostram de grande importância quando levamos em consideração a manutenção da saúde de um plantel como atividades antimicrobiana e antioxidante, por exemplo. CONCLUSÕES Podemos concluir que esta forrageira, adaptada à região semiárida do Brasil, se mostra uma boa alternativa para alimentação animal, e que devido sua composição bromatológica e química pode ser conservada na forma de silagem ou feno, sendo que estes processos proporcionam redução significativa dos teores de HCN. REFERÊNCIAS ARAÚJO, A. L. F. A. F. S. L. G. R. P. L. G. T. B. S. A. de Moraes; Gherman Garcia Leal de. Produção e valor nutritivo da parte aérea da mandioca, maniçoba e pornunça. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal, v. 10, n. 1, jan/mar 2009. BARRETO, J. C. VALOR NUTRITIVO DE FORRAGEIRAS TROPICAIS COM DIFERENTES PERÍODOS DE REBROTA. Tese (Doutorado) — UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ, 2012. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 113 BARRY, T.; MCNABB, W. The implications of condensed tannins on the nutritive value of temperate forages fed to ruminants. The British journal of nutrition, v. 81, p. 263–72, 05 1999. BECKER, G. G. H. M. K. Effect of polyethylene glycol on in vitro degradability of nitrogen and microbial protein synthesis from tannin-rich browse and herbaceous legumes. British Journal Of Nutrition, p. 73–83, 2000. CAVALCANTI, Nilton de Brito et al. Maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & Hoffman) como alternativa para suplementação alimentar para os animais no semiárido brasileiro: um estudo de caso. Embrapa Semiárido, Sobral, p.25-30, 1995. CORDÃO, Maiza Araújo et al. Taninos e seus efeitos na alimentação animal: Revisão bibliográfica. Pubvet, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Londrina, v. 4, n. 32, p.1-2, 2010. CRUZ, S.E.S.B.S. et al . Caracterização dos taninos condensados das espécies maniçoba (Manihot pseudoglazovii), flor-de-seda (Calotropis procera), feijão-bravo (Capparis flexuosa, L) e jureminha (Desmanthus virgatus). Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte , v. 59, n. 4, p. 1038-1044, Aug. 2007 . 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G. G. Avaliação da silagem de maniçoba – Teor de ácido cianídrico. Petrolina: Embrapa/Semiárido, 2000. (Comunicado Técnico, n. 93) Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 114 TORRES, E. J. O. de Souza; Adriana Guim; Ângela Maria Vieira Batista; Dilza Batista de Albuquerque; Carolina Corrêa Figueiredo Monteiro; Edson Ricardo de F. Z. T. R. Comportamento ingestivo e ingestão de água em caprinos e ovinos alimentados com feno e silagem de maniçoba. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal, v. 11, n. 4, out/dez 2010. WHITE, W. L. et al. Cyanogenesis in cassava. Plant Physiology, American Society of Plant Biologists, v. 116, n. 4, p. 1219–1225, 1998. ISSN 0032-0889. Disponível em: <http://www.plantphysiol.org/content/116/4/1219>. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 13 115 CAPÍTULO 14 doi MONITORAMENTO COMPORTAMENTAL DO PEIXE BETTA DA ESPÉCIE BETTA SPLENDENS (REGAN, 1910) NA VARIEDADE CROWNTAIL NO MASK STEEL Thalline Santos Diniz Universidade Estadual do Maranhão São Luís – MA Yago Bruno Silveira Nunes Universidade Estadual do Maranhão São Luís – MA Matheus Martins da Silva Universidade Estadual do Maranhão São Luís – MA Gabriel Luiz Souza Vieira Universidade Estadual do Maranhão São Luís – MA Amanda Rafaela Cunha Gomes Universidade Estadual do Maranhão São Luís – MA Carlos Riedel Porto Carreiro Departamento de Engenharia de Pesca São Luís – MA RESUMO: Este trabalho objetiva fazer um levantamento e monitoramento a respeito do comportamento sexual dos peixes ornamentais até a época da desova com enfoque, principalmente, na Ordem dos peixes Betta e espécie Betta splendens. Para a realização desse trabalho foi necessários três aquários de tamanho 23 cm de altura, por 23 cm de largura e 23 cm de comprimento, contendo em cada um a espécie B. splendens, cada peixe possui Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 o seu próprio aquário. Foram necessárias duas bacias, uma para que o Betta macho pudesse fazer o ninho para a desovarem e a outra para o cultivo do zooplâncton da espécie Artêmia salina com o objetivo de alimentar os alevinos após eclodirem. Durante a pesquisa observouse que os Bettas estavam com o comportamento cansado e muito parado, isso devido a viagem e estavam precisando de alimentação pois ficaram 4 dias sem comer. Uma das fêmeas começou a demonstrar comportamento agressivo em relação a outra por esse motivo elas tiveram que ser separadas. Começaram a apresentar um comportamento mais ativo, onde o macho já estava sendo treinado para ficar “armado”. Nas últimas semanas do trabalho, foi perceptível que o peixe Betta macho já estava se preparando para a reprodução, pois ele já estava criando o ninho em seu aquário. Uma fêmea foi colocada junto com ele para que ele comece a se adaptar a ela. Em quanto isso as fêmeas aparentam estar bastante ativas, isso é importante para a reprodução. PALAVRAS-CHAVE: aquário, desova, orçamentais, reprodução. ABSTRACT: This work aims to survey and monitor the sexual behavior of ornamental fish until the time of spawning, focusing mainly on the Order of Betta fish and Betta splendens species. Three aquariums, 23 cm in height, 23 Capítulo 14 116 cm in length and 23 cm in length were used, each containing B. splendens, each fish having its own aquarium. Two basins were needed, one so that the male Betta could make the nest to spawn it and the other for the zooplankton of the species Artemia salina with the objective of feeding the fry after hatching. During the research it was observed that the Bettas were very tired and very tired because of the trip and they needed food because they spent 4 days without eating. One of the females began to show aggressive behavior towards another because of that they had to be separated. They began to behave more actively, where the male was already being trained to be "armed." In the last weeks of the work, it was noticeable that the male Betta fish was already preparing for breeding, as he was already creating the nest in his aquarium. A female was placed along with him so he began to adapt to it. While females appear to be quite active, this is important for reproduction. KEYWORDS: aquarium, spawning, budget, reproduction. 1 | INTRODUÇÃO A prática de cultivo de peixes em aquários é datada historicamente como sendo muito antiga, tendo seu início há aproximadamente 400 anos antes de Cristo, após esse período ela foi introduzida no Continente Europeu durante o século 17 e chegou ao Brasil por volta do século 19, onde esta prática da piscicultura ornamental veio para ficar (SAMPAIO; NOTTINGHAM, 2008 apud LIMA, 2001), perpetuando-se até hoje e com força. O mercado mundial de peixes ornamentais consegue mover bilhões de dólares por ano (MAGALHÃES; BARBOSA; JACOBI, 2009). Para os peixes serem considerados ornamentais eles precisam ter uma série de características marcantes e ao mesmo tempo adaptativas, como por exemplo: a sua coloração deve ser bem visível, suas nadadeiras, geralmente, são alongadas (para algumas espécies como os Bettas) e coloridas, também precisam sobreviver em aquários. Uma das espécies de peixes ornamentais mais vendidas é o peixe Betta que é vulgarmente conhecida como “peixe de briga”, isso devido ao seu comportamento agressivo frente a outras espécies de peixes Betta e, principalmente, as fêmeas (FARIA et al., 2006). Os peixes Bettas são considerados anabantídeos, ou seja, possui um órgão (em forma de labirinto) acessório que auxiliam na respiração, ele se localiza logo acima das brânquias, através do qual facilita a respiração de oxigênio atmosférico. Suas nadadeiras são longas e bem coloridas, principalmente, às nadadeiras dos machos, enquanto isso as fêmeas possuem nadadeiras desbotadas, o tamanho corpóreo das fêmeas quando comparado aos dos machos é pequeno (FARIA et al., 2006) O objetivo desse trabalho visou um levantamento e monitoramento a respeito do comportamento sexual dos peixes ornamentais até a época da desova com enfoque, principalmente, na Ordem dos peixes Betta e espécie Betta splendens com a variação crowntail no mask steel (nadadeiras em formato de coroas com uma cor metálica), bastante procurado por sua beleza. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 14 117 2 | MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização desse trabalho foram necessários três aquários de tamanho 23 cm de altura, 23 cm de largura e 23 cm de comprimento, contendo em cada um a espécie B. splendens (Regan, 1910), onde cada peixe possui o seu próprio aquário. Cada aquário possuía folhas de amendoeira com o objetivo de deixar o ambiente mais natural e ao mesmo tempo regular o pH (potencial de hidrogênio) da água. Foram necessárias duas bacias, uma para que o Betta macho pudesse fazer o ninho para a desovarem e a outra para o cultivo do zooplânctons da espécie Artêmia salina com o objetivo de alimentar os alevinos após eclodirem. Sua alimentação foi constituída da ração “BettaTrin” e fornecida durante três vezes ao dia em pequenas porções. A água era tratada e oxigenada todos os dias através de um filtro com filtragem mecânica. O estudo de monitoramento dos peixes foi dividido em Quatro Períodos: A adaptação dos peixes nos aquários, seguida da pós-adaptação deles, a escolha da fêmea e formação do casal e pôr fim a reprodução e desova. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a pesquisa observou-se que no primeiro período os Bettas estavam com o comportamento cansado e muito parado, isso devido a viagem e estavam precisando de alimentação pois ficaram 4 dias sem comer. Os peixes estavam muito quietos, eles eram constituídos de 1 macho e 2 fêmeas. No início não estavam conseguindo se alimentar direito, ficaram com falta de apetite, esses problemas são decorrência da viagem que fizeram e ao mesmo tempo do novo ambiente que eles precisariam se acostumar, a inserção da nova ração no habito alimentar deles teve que ser aos poucos para que eles pudessem se acostumar com ela. Em contrapartida eles ficaram muito fracos, porém uma das fêmeas demonstrou comportamento agressivo em relação a outra por esse motivo elas tiveram que ser separadas. Uma fêmea (a mais agressiva) tinha uma folha de amendoeira no aquário, pois a folha de amendoeira serve como fungicida e bactericida, é filtradora e deixa o ambiente mais natural. A outra fêmea só estava com a água tratada sem folha alguma, a mesma demonstrou ser mais ativa na primeira semana. No segundo período analisou-se que os peixes Betta já estavam acostumados com o ambiente, eles já estavam começando a se alimentar com a nova ração BettaTrin, oferecida três vezes ao dia. Começaram a apresentar um comportamento mais ativo, onde o macho já estava sendo treinado para ficar “armado”, atacando o espelho toda vez que ele entrava na água, após as trocas da água do aquário. Para tentar solucionar esse problema colocou-se um pouco de música para que ele se acostume com a voz, e com a sua presença. As fêmeas ainda continuaram separadas, porém também começaram a ficar muito ativas. Nesse período ocorreu também a troca total da água do aquário por uma água tratada e sem cloro, novamente foi introduzida uma folha de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 14 118 amendoeira no aquário da mesma fêmea e dessa vez no aquário do macho o filtro foi desligado. O terceiro período foi marcado, principalmente, pela compra de alimento vivo para servir de alimento para os filhotes após a eclosão dos ovos, o organismo escolhido foi a Artêmia salina, ela pertence a um dos grupos zooplanctônicos, dessa forma foi introduzida em umas das bacias para que fosse cultivada e oferecida aos alevinos dos peixes. Durante a fase larval dos peixes Bettas eles se alimentam somente de organismos vivos, por isso a escolha da Artêmia salina foi feita com muito cuidado e após várias pesquisas bibliográficas para que os alevinos não a rejeitassem. A alimentação continuava com a ração BettaTrim e três vezes ao dia. Nesse período foi perceptível que o peixe Betta macho já estava se preparando para a reprodução, pois ele já estava criando o ninho em seu aquário. Em breve uma fêmea será colocada junto com ele para que comece a se adaptar a ela, porque caso o Betta macho não goste da fêmea ele começa a atacar com mordidas a fêmea podendo levava a morte, por isso é necessário que tenha um aquário ou uma estrutura que consiga deixar os dois se vendo, mas sem entrarem em contato um com o outro. Enquanto isso as fêmeas aparentam estar bastante ativas, isso é importante para a reprodução. No quarto período colocou-se uma das fêmeas em uma garrafa com água, após isso, introduziram-na junto com o betta macho ele mostrou desinteresse, foi muito agressivo e começou a morder a primeira fêmea, dessa forma ela teve que ser retirada, o mesmo ocorreu coma segunda fêmea. Sendo assim, não foi possível fazer a reprodução dos bettas, pois o betta macho se mostrou muito seletivo na hora de escolher a fêmea para reprodução. 4 | CONCLUSÃO Com os resultados obtidos a partir das observações, chegamos à conclusão de que o betta macho é muito seletivo, pois mostrou desinteresse nas fêmeas que foram apresentadas para ele, mostrou também dificuldade para fazer o ninho de bolhas, o que pode ter ocorrido pelo fato dele não ter se interessado ou ser estéril, a fêmea estava muito estressada e estava levando mordida do betta macho assim que entrou no aquário. Ele se tornou muito agressivo no momento em que a fêmea foi colocada junto a ele. Porém essa analise nos ajudou com diversas informações que foram coletadas e que será usada futuramente para novos projetos. A reprodução do betta consiste em algumas etapas e elas serão seguidas à risca. Com isso o resultado será inevitável, vários alevinos saudáveis irão nascer, e sairá uma nova linhagem de bettas crowntail em São Luís - MA. Esse tipo de comportamento pode ter acontecido pelo treinamento em excesso do macho para se armar ou por parâmetros da água que não poderiam estar perfeitamente favoráveis para a reprodução desses peixes. O fato também de terem sido alimentados por outro tipo de ração por algum tempo também Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 14 119 pode ter afetado. REFERÊNCIAS FARIA, P.M.C.; CREPALDI, D.V.; TEIXEIRA, E.A.; RIBEIRO, L.P.; SOUZA, A.B.; CARVALHO, D.C.; MELO, D.C.; SALIBA, E.O.S. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, 30 (4): 134-149. 2006. MAGALHANS, A.L.B.; BARBOSA, N.P.U. Peixes de aquário. Rev. Ciência Hoje, 45 (266). 2009. SAMPAIO, C.L.S.; NOTTINGHAM, M.C. Guia para Identificação de peixes ornamentais brasileiros: Espécies Marinhas. Vol. 1, Brasília: IBMA, 2008. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 14 120 CAPÍTULO 15 doi OVOS ENRIQUECIDOS COM ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3 Marcos José Migliorini Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, Santa Catarina, Brasil. Janaina Martins de Medeiros Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, Santa Catarina, Brasil. Fernanda Picoli Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, Santa Catarina, Brasil. Luana de Bittencurt Acosta Instituto Federal Farroupilha Campus- Alegrete, Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Rayllana Larsen Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, Santa Catarina, Brasil. Infelizmente, o consumo diário recomendado desses compostos raramente é o ideal. Assim sendo, o enriquecimento de alimentos que fazem parte da dieta pode aumentar o consumo desses ácidos graxos. Os ovos são alimentos que fazem parte da alimentação humana e o perfil de AGPs n-3 pode ser modificado por meio da suplementação da dieta de galinhas poedeiras com fontes alternativas de ácido α-linolênico. Neste trabalho, é revisada a literatura científica sobre o enriquecimento de ovos com AGPs n-3, dando uma visão geral das vantagens e desvantagens das diferentes abordagens. PALAVRAS-CHAVE: ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (n-3 PUFA), ácido eicosapentaenóico (AEP), ácido docosahexaenóico (ADH). Mariana Nunes de Souza Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, Santa Catarina, Brasil. Suélen Serafini Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó, Santa Catarina, Brasil. RESUMO: Os benefícios para a saúde humana dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (AGPs n-3) são geralmente conhecidos. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 ABSTRACT: The health benefits of omega-3 polyunsaturated fatty acids (n-3 PUFAs) are generally known. Unfortunately, the recommended daily intake of these compounds is rarely optimal. Thus, the enrichment of foods that are part of the diet can increase the consumption of these fatty acids. Eggs are components of the human alimentation and the n-3 PUFAs profile can be modified by supplementing the diet of laying hens with alternative α-linolenic acid sources. In this work, we review the scientific literature on egg Capítulo 15 121 enrichment with n-3 PUFAs, giving an overview of the advantages and disadvantages of different approaches. KEYWORDS: polyunsaturated fatty acids n-3 (n-3 PUFA), eicosapentaenoic acid (AEP), docosahexaenoic acid (ADH). 1 | INTRODUÇÃO Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (AGPs n-3) fornecem importantes benefícios para a saúde humana. Os AGPs abrangem as famílias que apresentam insaturações no sexto e terceiro carbono (MARTIN et al., 2006). São considerados essenciais para o crescimento e desenvolvimento normal do corpo humano (TRAUTWEIN et al., 2001), pois não são sintetizados no organismo os quais podem ser fornecidos através do consumo de alimentos (NAIN et al., 2012). O óleo de peixe é a melhor fonte de AGPs n-3 eicosapentaenóico (AEP) e docosahexaenóico (ADH) (HOSSEINI-VASHAN et al., 2011). No corpo humano, o ácido α-linolênico (18:3 n-3, AAL) é metabolizado para AEP e ADH (AGAH et al., 2010; SIMOPOULOS, 2000; HOSSEINI-VASHAN et al., 2011; NAIN et al., 2012). A maioria dos benefícios para a saúde está relacionada ao AEP e ao ADH (TRAUTWEIN, 2001). Estes atuam principalmente na prevenção e tratamento de algumas doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, artrite, outras doenças inflamatórias e auto-imunes e alguns tipos de câncer (SIMOPOULOS, 2000; YALÇIN et al., 2010), no entanto, o maior efeito protetor tem relação às doenças cardiovasculares (TRAUTWEIN, 2001; YASHOADHRA et al., 2009). Além de necessários para manter sob condições normais, as membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos (MARTIN et al., 2006). Os estudos com AGPs iniciaram a partir da descoberta de que a menor incidência de doenças cardíacas em povos indígenas da Groenlândia era devido ao consumo de n-3 de origem marinha (TRAUTWEIN et al., 2001), embora o peixe seja considerado a principal fonte de AGP n-3, não pode servir como fonte primária devido ao baixo consumo (LEWIS et al., 2000). Dessa forma, os ovos de galinha enriquecidos com AGPs n-3 podem aumentar o teor destes na alimentação humana (NAIN et al., 2012; WU et al., 2019). Uma vantagem seria a aceitação como alimento, onde o consumo de ovos no Brasil aumenta anualmente segundo dados do relatório anual da Associação Brasileira de Proteína Animal (2018). O ovo é considerado um alimento completo e equilibrado em nutrientes, fonte de ácidos graxos que pode ter o conteúdo lipídico modificado através da suplementação da dieta (MILINSK et al., 2003). Nesta revisão de literatura, diferentes abordagens para o enriquecimento de ovos de galinha com AGP n-3 são discutidas. Estudos foram publicados sobre a suplementação da dieta com sementes ou seus óleos, óleo de peixe e com o uso de microalgas. Para cada uma dessas abordagens, a influência sobre os parâmetros Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 15 122 de produção das galinhas, características de qualidade dos ovos e deposição de n-3 PUFA nos ovos são discutidos. Além disso, a estabilidade oxidativa e as características sensoriais dos ovos são revisadas e aspectos relacionados à saúde do consumo desses ovos são apontados. Contudo, esta revisão fornece uma visão geral das vantagens e desvantagens das diferentes abordagens. 2 | REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Sementes oleaginosas: Parâmetros produtivos e características de qualidade dos ovos O AAL é produzido por várias plantas, como canola, soja e linhaça, sendo esta última uma das fontes mais concentradas (HARRIS et al., 2009). A influência da suplementação da dieta com sementes e óleos sobre o desempenho de galinhas e nas características dos ovos tem sido estudada. A possibilidade de utilizar fontes de oleaginosas em dietas de aves tem despertado o interesse crescente da indústria de alimentos (MENG et al., 2006). Estudos sobre parâmetros de produção e características dos ovos (consumo de ração, produção de ovos, peso de ovos e porcentagem de gema) de galinhas alimentadas com linhaça e canola são muito contraditórios. Segundo Milinski et al. (2003), a canola é a segunda fonte com qualidade nutricional em ácidos graxos depois da linhaça, seguida pela soja e girassol, fonte de óleos vegetais que permitem a redução na porcentagem de ácido graxo saturado e aumento de AGPs, resultado da composição lipídica da gema, importante benefício nutricional, possível pela alimentação da ave. O aumento do valor nutricional do ovo com a inclusão de 15% de canola na alimentação das aves pode ocasionar um perfil mais saudável de lipídios, devido à redução de ácidos graxos saturados com o aumento na quantidade de ADH que exerce um efeito protetor a fatores de risco cardiovascular (AGAH et al., 2010). Resultados semelhantes foram relatados por Jia et al. (2008) pela maior deposição de n-3, resultado do nível de ADH depositado na gema de ovos de galinhas alimentadas com inclusão de 15% de sementes de canola. No entanto de acordo Agah et al. (2010) a inclusão de níveis acima de 10% causou reduções consideráveis no desempenho (produção e massa de ovos) e qualidade do ovo (coloração e unidade Haugh). Najib & Al-Khateeb (2004) utilizou canola em grão nos níveis de inclusão de 0, 5, 10, 20 e 30% em dietas de poedeiras, e conclui que a inclusão de 10% não teve efeito prejudicial no desempenho e adição de 5% apresentou melhor efeito significativo no desempenho comparado ao controle. A canola é composta por um nível muito elevado na concentração de ácidos graxos monoinsaturados, quantidades intermediárias de ácidos graxos poliinsaturados como ácido linoléico e ácido alfa-linolênico, e com uma concentração muito baixa de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 15 123 ácidos graxos saturados (FOULADI et al., 2008). Apresenta cerca de 29 a 35% da composição dentre os quais o ácido oléico (55 a 60%), ácido linoléico (21 a 25%, AL) e ácido AGPs α -linolênico (9 a 10%) (LEMBEDE et al., 2014). No organismo da ave, o AAL presente no fígado compete com maior afinidade pela enzima dessaturase e enriquece o ovo com um aumento de AGPs (AAL, AEP e ADH), depositados na gema (YANÇIN & UNAL, 2010). O óleo de canola não só pode constituir uma quantidade considerável de energia bruta na dieta de aves, mas também pode ser uma excelente fonte de AAL precursor de AEP e ADH, considerados importantes na saúde humana (TOGHYANI et al., 2017). A adição de 3 e 5% de óleo de canola aumentou a porcentagem de AAL e o teor de ADH no ovo, elevando o total de AGPs n-3 em 3,3 e 4,75 vezes (4,72 e 6,80%) em comparação com a dieta controle (1,43%), papel benéfico na saúde humana (ROWGHANI et al., 2007). O óleo de canola reduziu o peso do ovo, efeito atribuído a falta de AAL na dieta com aumento na coloração da gema devido à maior oxidação dos AGPs, quantificada pelo teste de Tbars (substancias reativas ao ácido tiobarbitúrico), dados esses atribuídos a diferenças no perfil de ácidos graxos do óleo (GUL et al., 2012). AGPs n-3 são suscetíveis à oxidação, portanto, aumentando o nível destes na gema de ovo podendo provocar maior grau de oxidação lipídica, o que poderia prejudicar a qualidade sensorial. Porém Hayat et al. (2010) relata que a utilização de suplementos antioxidantes seria necessária para manter a estabilidade e proteger os AGPs durante o período de armazenamento dos ovos visando prolongar a manutenção da qualidade. 2.2 Óleo de peixe: Parâmetros produtivos e características de qualidade dos ovos Embora o óleo de peixe contém AEP, bem como ADH, ovos de galinhas alimentadas com óleo de peixe são enriquecidos com ADH, enquanto o conteúdo de AEP é menor (GONZALEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000; CARRILLO et al., 2008; LAWLOR et al., 2010). Segundo Gonzalez-Esquerra & Leeson (2000), o menor peso do ovo verificado pode estar relacionado ao fato do menor consumo. Cachaldora et al. (2008) verificou que a adição de óleo de peixe com alta concentração em AEP, resultou em ovos com maiores quantidades de ADH e pequenas quantidades de AEP, além de uma qualidade sensorial aceitável para os consumidores. Seus resultados indicam que o AEP da dieta é em grande parte convertido em ADH, e a eficiência desta conversão é apenas inferior à deposição direta de ADH da dieta na gema. Com o aumento dos níveis de adição de óleo de peixe, o aumento na gema ADH conteúdo não foi proporcional, indicando uma menor eficiência de deposição em níveis mais altos de inclusão (CACHALDORA et al., 2005; CACHALDORA et al., 2008; GONZALEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000; LAWLOR et al., 2010). Os AGPs n-3 (AEP Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 15 124 e ADH) contêm mais ligações duplas do que AAL, o que torna ainda mais suscetíveis à oxidação lipídica. Os níveis de inclusão acima de 1,5% de óleo de peixe geram ovos que são geralmente inaceitáveis pelos consumidores, devido as características sensoriais (GONZÁLEZ-ESQUERRA & LEESON, 2000). 2.3 Microalgas: Parâmetros produtivos e características de qualidade dos ovos A adição de 10% de Microalga M. pyrifera nas dietas de poedeiras é uma maneira efetiva de aumentar o teor de n-3, a altura do albúmen e a cor da gema, mas não o peso do ovo, quando estes são enriquecidos com n-3 de óleo de peixe (CARRILLO et al., 2008). Nitsan et al. (1999) não observaram alteração na taxa de produção de ovos ou peso do ovo após adição de 1% de Nannochloropsis sp. ou 1% de extrato lipídico desta microalga. Nenhuma mudança significativa no peso das galinhas, consumo de ração, taxa de produção ou peso dos ovos foram observadas por Foubert et al. (2011) mediante suplementação com 5% ou 10% desta microalga. As espécies de Nannochloropsis sp. usadas por Nitsan et al. (1999) teve um efeito interessante no perfil de ácidos graxos, uma vez que o AEP não se acumulou na gema de ovo, foi convertido em ADH e depositado no fígado e na gema de ovo. Fredriksson et al. (2006) adicionou Nannochloropsis oculata, uma espécie contendo AEP e AAL na alimentação de galinhas e observaram baixas concentrações de AEP e acúmulo significativo de ADH na gema do ovo. Resultados semelhantes foram obtidos no estudo de Foubert et al. (2011) usando Nannochloropsis, além de grandes quantidades de vitamina E e carotenoides que podem ajudar a prevenir oxidação lipídica. O teor de carotenoides nas gemas aumentou significativamente (Fredriksson et al., 2006), que influenciou drasticamente na cor da gema (Foubert et al., 2011; Fredriksson et al., 2006; Nitsan et al., 1999). Da mesma forma, após a adição de Porphyridium sp. à dieta das galinhas, Ginzberg et al. (2000) observaram uma mudança na cor da gema para amarelo escuro, que foi causada por um aumento no conteúdo de carotenóides da gema. Porém quanto a estabilidade oxidativa, características sensoriais ou aspectos relacionados à saúde das aves alimentadas com microalgas ricas em AGPs não foram avaliados. 3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS Os efeitos promotores na saúde pelos AGPs n-3 podem ser atribuídos principalmente ao AEP e ADH. A adição de óleo de peixe pode levar a quantidades relativamente altas de ADH, no entanto, seu uso pode ser limitado devido à parâmetros sensoriais, oriundos da oxidação dos AGPs n-3 em ovos. O uso de microalgas como fonte de AGPs n-3 na dieta das galinhas é uma maneira eficaz de aumentar o nível de ADH nos ovos. Além disso, em comparação com óleo de peixe, tem vantagens principalmente quanto à estabilidade oxidativa dos lipídios e pelo seu maior teor de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 15 125 carotenoides. No entanto, a utilização de diferentes fontes deve considerar fatores experimentais como linhagem, idade e formulação de ração, os quais podem influenciar nos resultados. Seria interessante realizar um único estudo em que todas as fontes de AGPs n-3 (sementes, óleo de peixe e microalgas) possam ser avaliadas e comparados seus efeitos para parâmetros produtivos e de qualidade dos ovos. Neste sentido, vale frisar ainda, que a quantidade e a fonte desses AGPs n-3, bem como, a composição da dieta, exercem efeitos consideráveis e são fatores limitantes na obtenção desses resultados. REFERÊNCIAS AGAH, Mohammad Javad et al. Performance and fatty acid compositions of yolk lipid from laying hens fed with locally produced canola seed (Brassica napus L.). Research Journal of Biological Sciences, v. 5, n. 2, p. 228-232, 2010. CACHALDORA, P. et al. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 15 128 CAPÍTULO 16 doi PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DE DUAS ESPÉCIES DE ABELHAS SEM FERRÃO (Melipona Interrupta E Scaptotrigona aff. xanthotricha) EM COMUNIDADES DA RESEX TAPAJÓS- ARAPIUNS Adcleia Pereira Pires Delzuíte Teles Leite Universidade do Sudoeste da Bahia Universidade Federal do Recôncavo Bahia Programa de Pós Graduação de Engenharia e Ciências de Alimentos Centro de Ciências Agrárias e Biológicas Itapetinga, Bahia. Universidade Federal do Oeste do Pará [email protected] Instituto de Biodiversidade e Florestas Jonival Santos Nascimento Mendonça Neto Santarém, Pará Alanna do Socorro Lima da Silva Universidade Federal do Oeste do Pará Aline Pacheco Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia Universidade Federal do Oeste do Pará Santarém, Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas Andria Tavares Galvão Santarém, Pará Universidade Federal do Oeste do Pará Nivea Maria Pantoja Neves Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia Universidade Federal do Oeste do Pará Santarém, Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas Hierro Hassler Freitas de Azevedo Santarém, Pará Universidade Federal do Oeste do Pará Marina Gabriela Cardoso de Aquino Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia Universidade Federal do Oeste do Pará Santarém, Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas Valbert Cruz Canto Santarém, Pará Universidade Federal do Oeste do Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia Santarém, Pará Ana Paula da Silva Viana Universidade Federal do Oeste do Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas Santarém, Pará Adria Fernanda Ferreira de Moraes Universidade Federal do Oeste do Pará Instituto de Biodiversidade e Florestas, Zootecnia Santarém, Pará Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO: O conhecimento da biologia das espécies de abelhas nativas são de suma importância para o manejo, conservação e o cultivo destas em sistema de criação racional para produção de mel, pólen, própolis ou polinização. As medidas dos parâmetros biométricos apresentam informações relevantes das características produtivas e reprodutivas para a seleção de enxames para multiplicação. Capítulo 16 129 Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os parâmetros biométricos e índices produtivos em colônias de Meliponíneos criadas racionalmente em comunidades da Resex Tapajós Arapiuns. A metodologia do aferimento de 20 colônias de cada espécie de abelhas sem ferrão Scaptotrigona aff. xanthotricha e Melipona interrupta, onde foram medidos o Número de potes de mel e pólen, Altura dos potes, Largura do potes, Volume do mel, Peso da Massa do pólen e os Números de Discos de Cria. A biometria realizada nas colônias de Scaptotrigona aff. xanthotricha apresentou número de discos de cria com amostragem de média 20,00 e ± 5,57, enquanto que para a jandaíra, obteve média de 8,66 e ± 0,57. A espécie de abelhas sem ferrão Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior taxa populacional, o que leva a maior produção de mel e pólen, porém, a espécie M. Interrupta obteve maiores médias quanto ao tamanho dos potes de pólen e mel, o que pode ser inferido pela biologia da espécie, apresenta maior volume de mel por pote e maior peso de massa por polén, mas, a taxa populacional menor. Desta forma, a Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior produção de volume total de mel. PALAVRAS CHAVE: Biometria, Características, Conservação, Produção, Seleção ABSTRACT: The knowledge of the biology of native bee species is very important for the management, conservation and cultivation of these species in a rational breeding system for the production of honey, pollen, propolis or pollination. The measurements of the biometric parameters present relevant information of the productive and reproductive characteristics for the selection of swarms for multiplication. The present work had as objective to evaluate the biometric parameters and productive indexes in colonies of Meliponíneos rationally created in communities of Resex Tapajós Arapiuns. The methodology of the gaugement of 20 colonies of each species of stingless bees Scaptotrigona aff. xanthotricha and Melipona interrupta, where the number of pots of honey and pollen, height of pots, width of pots, volume of honey, weight of the pollen mass and numbers of breeding discs were measured. The biometry performed in the colonies of Scaptotrigona aff. xanthotricha presented a number of breeding discs with na average sample of 20.00 ± 5.57 and for Jandaíra it was 8.66 ± 0.57. The species of stingless bees Scaptotrigona aff. xanthotricha presents a higher population rate, which leads to higher production of honey and pollen, but the species M. Interrupta obtained higher averages to the size of pollen and honey pots, which can be inferred by the biology of the species, of honey per pot and higher mass weight per pollen, but lower population rate. The Scaptotrigona aff. xanthotricha shows higher production of total volume of honey. KEYWORDS: Biometry, Characteristics, Conservation, Production, Selection. INTRODUÇÃO A meliponicultura apresenta potencial na produção de mel, com grandes perspectivas e tem sido importante ferramenta na agricultura, como alternativa de provento financeiro, por apresentar características peculiares de baixo investimento Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 130 de implantação de meliponários e a facilidade de manejo, outro fator importante a conservação das espécies das abelhas e manutenção da biodiversidade (FREITAS et al., 2004; KERR, 2006). Dentre as abelhas sociais sem ferrão a abelha jandaíra (Melipona interrupta) apresenta uma produção de mel de 1 a 2 litros/colmeia/ano, sendo este um produto diferenciado, apreciado e de fácil comercialização (KLEINERT et al., 2009). As abelhas canudo (Scaptotrigona aff. xanthotricha) apresenta produção de 2 a 3 litros/caixa/ano (VENTURIERI, 2008). Dentro da perspectiva de produção, é necessário conhecer as características pertinentes, para assim atender as necessidades de multiplicação de enxames com objetivos de criação racional com fins de grande escala de produção de mel e outros produtos (ALVES e IMPERATRIZ-FONSECA, 2010; PEREIRA et al., 2011), características de coleta, armazenamento de alimento pelas abelhas (SOUZA et al., 2002), entre outros. Segundo Padilla - Alvarez et al. (1997) os parâmetros biométricos são necessários para ofertar conhecimento sobe os índices produtivos, com o objetivo de identificar semelhanças ou diferenças entre os indivíduos, potencial de cada espécie. Outro ponto relevante, o comportamento e as características de produção e reprodução nas caixas usadas nos meliponários. Ressalta-se o avanço da meliponicultura nos últimos 10 anos e sua importância para agricultura familiar (VENTURIERI, 2008). Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os parâmetros biométricos e índices produtivos em colônias de Meliponíneos criadas racionalmente em comunidades da Resex Tapajós Arapiuns. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Nogueira-Neto (1997), a biologia das abelhas é favorecida pela disponibilidade de recursos florais, visto que as abelhas intensificam a coleta e armazenamento do produto, além disso, a rainha aumenta a postura a fim de aumentar a colônia e produzir mais campeiras para a coleta. No entanto, Evangelista-Rodrigues et al., (2008), afirmam que a presença de potes vazios, deve-se à preparação para armazenamento dos alimentos em potes de cera. Desta forma, estes autores encontraram grande quantidade de potes de pólen e mel abertos em construção, indicando o início do período de florada e, identificaram que a quantidade de potes de pólen e mel estão relacionados com o tamanho da colônia, além disso, suas medidas biométricas variam conforme a finalidade. MATERIAL E METÓDOS O estudo foi realizado nas comunidades do Anã e Vila Franca, Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, localizadas às margens do Rio Arapiuns; dois meliponários de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 131 produtores locais, pertencentes ao município de Santarém, Oeste do Pará. O trabalho foi realizado no mês de agosto do ano de 2017. Constituiu-se em uma pesquisa quantitativa, onde foram analisadas 20 colônias de um total e 60. Foram realizadas medidas biométricas de produção, além de entrevista aberta, com perguntas a respeito da produtividade e coleta de mel das espécies Melipona interrupta (Figura 1A) em Vila Franca e Scatotrigona aff. xanthotricha (Figura 1B ) em Anã. Foram identificados os modelos das caixas usadas pelos produtores, o número dos potes de mel (NPM) e tomada medidas com auxilio de paquímetro digital da largura dos potes de mel em cm (LPM), Altura de potes de mel em cm (APM) (Figura 2C); Altura de potes de pólen em cm (APP), Diâmetro dos potes de pólen, cm (DPP). E com o auxilio de uma seringa de 10 mL foi aferido o volume dos potes de mel em mL (VPM) (Figura 2A) e o Peso da Massa do Pólen (PMP) (Figura 2B) foram pesados em balança digital. Para a avaliação das características reprodutivas foi computado o número total de discos de crias. e medidas com paquímetro digital do comprimento e diâmetro (Figura 2D). Após a avaliação dos parâmetros biométricos, as colônias foram fechadas cuidadosamente e lacradas com fitas adesivas. Figura 1A- Estrutura interna de colônia de Melipona interrupta; Figura 1B- Vista da melgueira da espécie Scaptotrigona afff. Xanthotricha. Figura 2- Avaliação das características produtivas e reprodutivas das abelhas sem ferrão. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 132 Figura 2A – Sucção de mel para aferimento; Figura 2B – Peso da massa do polén; Figura 2C – Medida do pote de mel; Figura 2D – Aferimento dos discos de cria. RESULTADOS E DISCUSSÕES A biometria realizada nas colônias de Scaptotrigona aff. xanthotricha (canudo) apresentou número de discos de cria (NDC) com amostragem de média 20,00 e ± 5,57, enquanto que para a jandaíra o NDC, obteve média de 8,66 e ± 0,57. Para Ribeiro et al. (2006) a taxa de construção de discos de cria pode ser influenciada por vários fatores, bem como, quantidade de abelhas na colônia, de alimento (principalmente de pólen) e a presença de uma rainha. Nisto, dentre as duas espécies estudadas, as canudos se sobressaem em taxa populacional, características biológica da espécie. Desta forma, a Tabela 1 apresenta as características de produção de mel e pólen das espécies de abelhas nativas Scaptotrigona aff. xanthotrica e Melipona interrupta Espécie Características Média geral±DP CV (%) DPM 2,26±0,13 5,75 APM 2,91±0,24 8,25 VPM 3,62±0,53 14,64 NPM 15±5,84 38,93 DPP 2,24±0,7 31,25 APP 2,70±0,23 8,51 PMP 3,01±0,29 9,63 DPM 2,80±0,17 6,07 APM 4,10±0,81 19,75 VPM 4,10±0,81 19,75 NPM 13±1,00 7,69 Biométricas Scaptotrigona aff. xanthotricha Melipona interrupta Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 133 DPP 2,87±0,32 11,14 APP 4,30±0,36 8,37 PMP 4,13±0,70 16,74 Tabela I. Média, desvio padrão(DP) e coeficiente de variação (CV%) para os parâmetros avaliados de colônias de Scaptotrigona sp e Melipona interrupta. DPM: diâmetro do pote de mel; APM: altura pote do mel; VPM: volume pote do mel; NPM: número do pote de mel; DPP: diâmetro do pote pólen; APP: altura do pote de pólen; PMP; peso massa pólen, as médias seguintes diferem entre espécie pela análise descritiva. A média do VPM 3,62±0,53, NPM 15±5,84 (Tabela 1) da espécie Scaptotrigona aff. xanthotricha. Pires et al (2007) avaliou características produtivas e reprodutivas em Belterra, Pará e encontrou a média do VPM (5,18±0,71) e o NPM (27,59±6,35), valores acima da presente pesquisa, ressalta que a Scaptotrigona aff. xanthotricha devido sua biologia produz menor quantidade e volume total por pote, comparado a outra espécie. Em estudo no assentamento agroextrativista, Coroca, Rio Arapiuns, foi encontrado LPM da espécie Melipona interrupta a média 2,28±0,25, VPM 12,38±3,22, APM 3,60±0,50 (Pires et al., 2017). A média é proximal do presente estudo do DPM 2,80±0,17, o volume justifica-se a diferença pelo tempo de coleta de dados que o presente trabalho foi um mês apenas, as alturas apresentam diferenças, onde foi encontrado a média 4,10±0,81, conforme a Tabela 1. Dentre as espécies apresentadas o gênero da Melipona apresentou melhor desempenho, média e desvio padrão VPM. Nisto, destaca-se que, potes maiores armazenam maior volume de mel e são melhores para manejo e coleta, além de apresentar maior produção com menor gasto de cera na produção (SOUZA, 2003; ALVES, 2010; ALVES, 2013). De acordo com Pires et al 2017 a produção de mel esta relacionada com a biologia da espécie da abelha, com o pasto e a capacidade de raio de vôo das operárias. Alves et al (2010), afirma que a produção de mel está correlacionada com o número de potes de mel e a capacidade de produção de cera para confecção dos potes. CONCLUSÕES A espécie de abelhas sem ferrão Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior taxa populacional, o que leva a maior produção de mel e pólen, devido obter maior número de operárias, porém, a espécie M. Interrupta obteve maiores médias quanto ao tamanho dos potes de pólen e mel, o que pode ser inferido pela biologia da espécie, apresenta maior volume de mel por pote e maior peso de massa por polén, mas, a taxa populacional menor. Desta forma, a Scaptotrigona aff. xanthotricha apresenta maior Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 134 produção de volume total de mel REFERÊNCIAS ALVES, R.M. DE O. 2013. Avaliação de parâmetros biométricos e produtivos para seleção de colônias da abelha uruçu (Melipona scutellaris Latreille, 1811). Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 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Criação de abelhas sem ferrão. 2ed. rev.atual.Belém,PA:Embrapa Amazônia oriental. 2008. P.58-59. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 16 136 CAPÍTULO 17 doi PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE DO BAIRRO DE DOIS IRMÃOS NA CIDADE DO RECIFE- PERNAMBUCO Letícia Aline Lima da Silva José Matheus de Moura Andrade Maringá- PR Maringá- PR Vitor Magalhães de Mendonça Cunha Miranda Universidade Estadual de Maringá Universidade Federal do Rio Grande do Norte Maringá- PR Universidade Estadual de Maringá Universidade Estadual de Maringá Silvio Mayke Leite Natal – Rio Grande do Norte Myllena Emely de Paiva Carmo Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal – Rio Grande do Norte Marina Ximenes de Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Anderson Cristiano Ferreira Costa Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Fernando de Figueiredo Porto Neto Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Dayane Albuquerque da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Juliette Gonçalves da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Larissa Manoely da Silva Gomes Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Nataly de Almeida Arruda Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife- Pernambuco Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO : O objetivo foi analisar o perfil do consumidor e a carne mais consumida no bairro de Dois Irmãos na cidade do Recife – PE. A coleta dos dados foi realizada no período entre os dias 12 e 15 de janeiro de 2017. A amostra foi composta por 100 entrevistados escolhidos aleatoriamente. Observou-se que os consumidores de carne do bairro de Dois Irmãos apresentam de forma diversificada no que se refere ao sexo, grau de escolaridade, renda e composição familiar. Constatou-se que a carne mais consumida foi a de aves (60,6%), pois 47,5% leva em conta o preço na hora da compra, porém a preferência do consumo é a bovina (58,5%). O modo de preparo mais utilizado é frita (48,6%) pela praticidade. Observou-se que 65,3 % dos entrevistados preferem comprar as carnes em supermercados, um ponto importante na escolha do local da compra é a aparência e higiene do local (47,2%) por realizarem compras semanais (47,2%) e preferirem um alimento mais fresco. O aspecto que mais é levado em conta na hora da compra é a aparência geral Capítulo 17 137 (35,6%) e a cor (42,6%). Concluiu se com esta pesquisa conhecer e avaliar o perfil dos consumidores quanto ao consumo de carne no bairro de Dois Irmãos, assim pode se observar que a carne bovina é a preferida pelos entrevistados em relação à de outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do consumidor. O melhor indicador da qualidade da carne é a cor, sendo o principal atributo e da compra em supermercado. PALAVRAS-CHAVE: Alimentação, Consumo, Hábito. ABSTRACT: The objective was to analyze the profile of the consumer and the meat most consumed in the Dois Irmãos neighborhood in the city of Recife - PE. Data collection was performed between January 12 and 15, 2017. The sample consisted of 100 randomly selected interviewees. It was observed that the consumers of meat of the district of Dois Irmãos present in a diversified form with regard to gender, educational level, income and family composition. It was found that the most consumed meat was poultry meat (60.6%), since 47.5% took into account the price at the time of purchase, but the consumption preference is cattle (58.5%). The most used preparation method is fried (48.6%) by the practicality. It was observed that 65.3% of the interviewees prefer to buy the meat in supermarkets, an important point in choosing the place of purchase is the appearance and hygiene of the place (47.2%) because they make weekly purchases (47.2%) and prefer a fresher food. The aspect that is most taken into account at the time of purchase is the general appearance (35.6%) and color (42.6%). It was concluded that with this research know and evaluate the profile of consumers regarding the consumption of meat in the neighborhood of Dois Irmãos, so it can be observed that the beef is preferred by the interviewees in relation to that of other animal species, occupying a prominent place in the diet of the consumer. The best indicator of the quality of the meat is the color, being the main attribute and the purchase in the supermarket. KEYWORDS: Consumption, Food, Habit. 1 | INTRODUÇÃO A carne é um alimento de origem animal, fonte de proteínas de alto valor biológico e rica em vitaminas do complexo B e em minerais de alta biodisponibilidade como ferro e zinco (Bender, 1991). O Brasil é considerado o segundo maior produtor mundial de proteína animal e tem no mercado externo o principal destino de sua produção (USDA, 2012). A carne está entre os alimentos mais consumidos no mundo e no Brasil, segundo dados da USDA Bradesco, o consumo de carne bovino no mundo foi de 22,5 %, já o Brasil teve um consumo de 38,6%, a carne de frango teve um consumo no mundo de 34,6 % e no Brasil 46,8% e a carne suína teve o consumo mundial de 42,9%, no Brasil foi de 14,5%. A carne apresenta-se juntamente como um de alimento de ótima composição Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 138 nutricional para o ser humano. Possui proteínas de alto valor biológico tanto no aspecto qualitativo como quantitativo. Rica em aminoácidos essenciais, de forma balanceada, supre aproximadamente 50% das necessidades diárias de proteína do ser humano (Azevedo, 2008). As pesquisas que abordam o comportamento do consumidor fazem uso das informações referentes à produção, abastecimento e dados sobre as compras dos alimentos para identificarem as práticas alimentares. Desta maneira, pesquisadores e organizações buscam conhecer os gostos, preferências, hábitos e atitudes dos consumidores, para que se possam apontar tendências e perspectivas em relação ao comportamento de consumo (Sproesser et al., 2006). Muitos são os fatores que podem interferir na escolha do tipo de carne e corte a ser comprado, como renda, idade, grau de escolaridade, estado civil, número de filhos, local de residência, sexo, praticidade de preparo e ocasião a ser consumida. O valor nutricional e os benefícios à saúde também estão sendo pontos determinantes na escolha da carne, pois os consumidores estão cada vez mais informados e exigentes de qualidade nos alimentos (Pires, 2015). Devido ao tamanho da cadeia produtiva que é composta pela produção de aves, suínos, bovinos e pescados e sua a grande variedade de produtos disponível surgiu a certificação para diminuir a desconfiança dos consumidores em relação à qualidade e o valor nutricional (Brandão et al., 2010). A rastreabilidade é uma ferramenta de certificação que pode passar para os consumidores informações sobre os produtos e também dar garantias destes produtos (Brandão et al., 2010), pode passar informações sobre local e condições que o animal foi abatido e até questões de bem-estar animal (Brandão et al., 2010). O comportamento alimentar é complexo, pois inclui vários determinantes que vão desde os recursos financeiros disponíveis para o acesso dos alimentos até as preferências e crenças da população sobre com o que se alimentar. Melhores condições socioeconômicas, como maior grau de escolaridade e maiores níveis de renda, estimulam melhorias na infra-estrutura e na capacidade para a aquisição dos alimentos. Consegue-se perceber que aqueles indivíduos com melhor situação socioeconômica têm uma dieta mais diversificada e geralmente consomem carnes com maior frequência do que aqueles indivíduos com menores condições. Em conjunto com os fatores socioeconômicos, os fatores demográficos agem diretamente na determinação do consumo. Vale à pena observar a diferença existente no consumo entre os gêneros e a faixa etária. Entre os homens, em qualquer estudo revisado nesse projeto, houve maior consumo de carnes, em termos de quantidade e frequência, quando comparados às mulheres. A tomada de decisão para compra da carne é influenciada por objetivos pessoais, metas, comportamento, atitudes e necessidades da família (BRANDÃO et al., 2010). Este processo ainda sofre influência do ambiente físico e social do momento da compra, o tempo disponível para compra, o propósito e ainda as condições momentâneas como Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 139 humor, saúde e dinheiro (PENNA, 2008). É notável que em países como o Brasil, embora o consumo esteja ainda bem abaixo comparado aos níveis de consumo da América do Norte e da maioria dos países industrializados, as dietas estejam cada vez mais ricas e diversificadas, incluindo a carne (Barbosa, 2013). Porém, para a maioria das pessoas no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento, a ingestão desse alimento ainda é necessária para suprir deficiências nutricionais. Segundo Barcellos (2007), nos últimos anos houve um crescimento no número de pesquisas com consumidores de alimentos, principalmente os alimentos de origem animal. Este aumento nas pesquisas pode ser explicado por surtos de doenças animais, os pros e contras do consumo de proteína animal na nutrição e na saúde das pessoas, as mudanças no padrão de consumo e a entrada de novos membros de culturas diferentes no bloco econômico (Barcellos, 2007). As pesquisas servem para auxiliar o desenvolvimento de novos produtos, inovações em um produto, auxílio nas decisões de preço e identificação de alternativas mais interessantes de distribuição e publicidade, o consumidor precisa ser estudado (Raimundo e Batalha, 2012). Conforme passa o tempo, os consumidores tendem a ser mais exigentes, e com isso o mercado tem que se adequar a esta exigência produzindo com alta qualidade, maior valor agregado e maior conveniência (Heinen, 2013). A qualidade dos produtos de origem animal não depende apenas de um elo da cadeia produtiva, e sim de todos os elos desde o nascimento do animal até a mesa do consumidor (Barcellos, 2004). Os recursos econômicos gastos com a alimentação, em termos de mercado, são consideráveis, perfazendo um montante bastante superior àqueles relativos a outros setores como o automobilístico, o eletrônico ou o de armamento (Proença, 2007). Em função destes aspectos, o objetivo foi analisar o perfil do consumidor e a carne mais consumida na cidade do Recife – PE. 2 | METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa “Survey”¸ a qual foi utilizada para a obtenção de informações por intermédio de uma entrevista com os participantes, na qual foram feitas inúmeras perguntas acerca do tema abordado por meio da aplicação de um questionário estruturado para obter uma padronização do processo de coleta de dados (Francisco et al., 2007). O presente trabalho foi realizado na cidade de Recife - Pernambuco e no município de Dois Irmãos. A coleta dos dados foi realizada no período compreendido entre os dias 12 a 15 de janeiro de 2017, as entrevistas ocorreram em dias alternados. Inicialmente foi elaborado um questionário de múltipla escolha composto de 15 perguntas fechadas, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 140 onde foram abordados vários aspectos do consumo de carne. Tratou-se de uma pesquisa de caráter exploratório que se apoiou em base quantitativa realizada através de questionário estruturado direcionado exclusivamente os consumidores de carne desta região. A amostra foi composta por 100 entrevistados escolhidos aleatoriamente em diversos pontos da região. Os dados foram processados utilizando-se o programa Excel 2013 da Microsoft®, versão for Windows 10, no qual foram feitas as análises estatísticas descritivas e inferenciais. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Os questionários foram respondidos pelos consumidores. A partir deles houve a contagem das respostas, classificando-se e entrelaçando-se os resultados de forma a responder ao objetivo do trabalho. As respostas do questionário foram tabuladas e analisadas. Levando em conta o sexo dos entrevistados, pode-se observar no Gráfico 1 que neste trabalho houve uma predominância do sexo feminino com 60,67%, enquanto o sexo masculino teve uma porcentagem de 39,33%. SEXO Homem Mulher 60,62 30,33 Gráfico 1: Porcentagem do sexo dos entrevistados. Fonte: Própria Em relação à idade, 14,47% dos consumidores entrevistados tinham entre 18 a 25 anos; 36,85% de 26 a 40 anos; 48,68% acima de 40 anos, sendo a faixa etária predominante. Deste modo, pode-se dizer que houve uma distribuição heterogênea quanto à faixa etária entrevistada, sendo possível obter opiniões de um número representativo de pessoas de idades diferentes. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 141 IDADE 18 a 25 26 a 35 36 a 45 14,47 48,68 36,85 Gráfico 2: Porcentagem da idade dos entrevistados. Fonte: Própria A escolaridade também foi investigada e os resultados apontam maior participação de pessoas com nível superior (58,52%) em detrimento do nível médio (38,95%) e fundamental (2,23%). O grau de escolaridade pode ser largamente relacionado com o nível de informação dos consumidores que vai influenciar diretamente na hora da escolha dos alimentos. Conforme Tabela 01, observa-se que a grande maioria dos entrevistados apresenta renda familiar entre 4 a 6 salários mínimos com 56,8% e a dimensão do agregado familiar que apresentou maior porcentagem (39,5%) foi a de 2 pessoas por família. Variáveis Total Inquirido (%) Dimensão do Agregado Familiar 1 2 3 4 Acima de 4 pessoas 19,2 39,5 23,2 9,2 8,9 Renda Familiar 1 a 3 Salário mínimo 4 a 6 Salário mínimo 7 a 10 Salário mínimo 30 56,8 13,2 Tabela 1: Perfil dos consumidores questionados em Recife. Fonte: Própria A renda e a quantidade de pessoas na casa são um fator que pode interferir quanto ao consumo de determinados alimentos, em função do preço, do poder de compra de cada família, preferência e facilidade na hora do preparo. Barcellos (2004), afirma que as pessoas que possuem menores rendas buscam mais informações quando comparadas com as de maiores rendas. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 142 Variáveis Total Inquirido (%) Carne mais consumida Suíno Bovino Aves Pescados 9,6 25,8 60,6 4,0 Alto consumo se deve Preço Qualidade Sabor Valor Nutricional 47,5 24,3 9,7 18,5 Tabela 2: Carne mais consumida em Recife. Fonte: Própria Mediante os dados da tabela 2 observou-se que a maiorias (60,6%) possui um maior consumo de carne de aves, seguida da carne de bovina (25,8%) e a de suíno com 9,6% e o mais baixo consumo foi de pescados (4%). Esse consumo elevado de carne de aves de da devido ao preço e facilidade de se encontrar. Muitos afirmam que o preço e a qualidade da carne de aves estão interligados, já que a produção de aves vem crescendo e visando uma carne magra e de qualidade. Mediante os dados do gráfico 3 observou-se que apenas 15,6 % dos consumidores consideram a carne suína como preferida para o consumo, sendo que, a maioria (58,5%) indicou preferir a carne bovina, seguida da carne de aves (22,8%) e carne de pescado (3,1%). Gráfico 3: Preferência da Carne. Fonte: Própria Resultados semelhantes foram encontrados por Cavalcante Neto (2003), Souza (2007), Falleiros et al. (2008), Silva e Silva (2009) e Santos et al. (2011) que desenvolveram pesquisa com consumidores de carnes questionando a preferência de consumo e, em todos os casos, a carne bovina foi citada pela maior parte da população amostral, seguida da carne de aves, carne suína e, por último, de pescado. Estes resultados podem estar relacionados aos mitos e preconceitos relacionados à carne suína, presentes inconscientemente nas preferências e hábitos dos consumidores. Variáveis Total Inquirido (%) Modo de preparo Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 143 Frito Assado Cozido Outro 48,6 27,8 20 3,6 Tabela 3: Modo de preparo da Carne. Fonte: Própria Na tabela 3 estão disponíveis as formas de preparo mais utilizadas pelos consumidores. Observou-se que 48,6% dos entrevistados mencionaram consumir a carne frita. Esta forma de preparo está relacionada à praticidade no momento de consumo, onde, em função da rotina dos consumidores, há uma crescente busca por alternativas de pratos rápidos para o consumo e, a fritura, é uma alternativa (Heinen, 2013). Contudo, 27,8% dos entrevistados mencionaram preferir o consumo da carne assada, o que demonstra que, apesar da busca por praticidade, muitos consumidores preocupam-se com a saúde e apenas 20% preferem cozinhar a carne, para ficar mais saborosas segundo os entrevistados. Total Inquirido (%) Variáveis Estabelecimento que adquire a carne Açougue/ Butique Feiras Livre Supermercado 29,5 05,2 65,3 Escolha do Estabelecimento Preço Aparência e higiene Deslocamento 35,1 47,2 17,7 Frequência da Compra Semanal Quinzenal Mensalmente 47,2 35,1, 17,7 Tabela 4: Local de compra e escolha do estabelecimento. Fonte: Própria Na Tabela 4, observa-se que grande parte dos entrevistados neste trabalho afirma comprar carnes em supermercados (65,3%), este fato pode ocorrer devido à facilidade de compra e a disposição de outros produtos além das carnes como pode ser verificado nas pesquisas realizadas por Barcellos (2002), Brisola e Castro (2005), Raimundo (2013) e Wagner (2014), Brandão et al. (2010), afirmam que as boutiques e açougues são mais procurados quando a carne se destina a alguma ocasião especial como um churrasco, já que estes estabelecimentos possuem um atendimento personalizado. Apesar da procura por esse estabelecimento vem crescendo, já que a procura com qualidade vem aumentando, com isso 29,5 % dos entrevistados preferem comprar carne nesses estabelecimentos. Quando tratamos do estabelecimento que o consumidor efetua a compra, neste é Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 144 fundamental para ele a aparência do local, o atendimento e os funcionários são levados a sério na hora de escolher onde vai comprar (Barcellos, 2004). Como podemos ver na tabela 4 onde 47,2 escolhe o estabelecimento pela higiene do local e em segundo lugar que é observado é o preço (35,1%). Observou-se na avaliação dos hábitos do consumidor que a frequência de compra de carne semanal corresponde a 47,2% (Tabela 5), mostrando que os entrevistados têm uma preferência por um alimento mais fresco. Gráfico 4: Possui algum tipo de carne que não consome. Fonte: Própria No gráfico 4 podemos ver que a carne que ainda apresenta um alto percentual que ainda não é consumida é a de suíno com 11,3 %, apesar do consumo de carne ter crescido ainda existe esse preconceito. É importante ressaltar que a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) vem fazendo um forte trabalho de marketing e informação para favorecer o consumo de carne suína em nosso país, porém, este fato ainda não é muito relevante já que o consumo de carne suína no Brasil é menor que o de carne bovina e de frango, por exemplo. (Raimundo e Zen, 2009). A carne suína ainda é vista por muitos como uma carne que apresenta grande quantidade de gordura e prejudicial à saúde (Sarcinelli et al., 2007). E ainda muitos veem os suínos como sendo animais sujos que trazem problemas sanitários para a população (Roppa, 2002). Variáveis Total Inquirido (%) Aspecto levado em conta no momento da compra Embalagem Validade Aspecto visual geral Selo de inspeção Outro 22,1 15,6 35,6 26,7 --- Atributos considerados importantes na hora da compra Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 145 Cor Maciez Quantidade de Gordura Outro 42,6 37,6 15,5 4,05 Tabela 5: Aspectos e atributos levando em conta na hora da compra Fonte: Própria A aparência da carne, especialmente a sua cor (42,6), é utilizada pelos consumidores como um importante indicador de qualidade seguida da maciez (37,6%). Silva et al. (2007) enfatiza que Saab (1999), em trabalho realizado em Ribeirão Preto, verificou que os atributos mais importantes para os consumidores do município são, nesta ordem: cor; selo de garantia de maciez; preço; embalagem. Segundo esse autor, a cor é o atributo mais facilmente perceptível. A manutenção da cor aceitável é uma preocupação tanto dos produtores como do varejo. Inúmeros fatores afetam a cor da carne. Entre os fatores intrínsecos incluemse a raça, a localização do músculo na carcaça e a idade do animal (Rodrigues, 2009). 4 | CONCLUSÕES O desenvolvimento desta pesquisa permitiu conhecer e avaliar o perfil dos consumidores quanto ao consumo de carne no bairro de Dois Irmãos da cidade do Recife- PE, assim pode se observar que o preço junto com a qualidade é um fator limitante para o consumo de carne, sendo a carne bovina a preferida pelos entrevistados em relação à de outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do consumidor. O consumidor considera a cor o melhor indicador da qualidade da carne, sendo o principal atributo e a preferência pela compra em supermercado. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, I. R. R; GOIS, G. C; CAMPOS, F. S; SILVA, T. S; MATIAS, A. G. S. Pesquisa de mercado: Hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim – Bahia. Nutritime. Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017. AZEVEDO, P. R. A. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 17 149 CAPÍTULO 18 doi PIRARUCU, GIGANTE DA AMAZÔNIA: DESAFIOS ENFRENTADOS POR PRODUTORES DE ALEVINOS DO SUDESTE PARAENSE Natalia Bianca Caires Medeiros Programa de Pós Graduação em Produção Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal - GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia– UFRA, Parauapebas, PA – Brasil Marcela Cristina Flexa do Amaral Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Parauapebas, PA – Brasil Leandro de Lima Sousa Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Parauapebas, PA – Brasil Marcos Rodrigues Agronegócio e Economia Rural, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Parauapebas, PA – Brasil Igor Guerreiro Hamoy Laboratório de Genética Aplicada, Instituto SócioAmbiental e dos Recursos Hídricos – ISARH, Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Belém, PA - Brasil Marília Danyelle Nunes Rodrigues Programa de Pós Graduação em Produção Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal - GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, PA, Brasil RESUMO: Na busca por informações que venham contribuir para o fortalecimento e reestruturação da cadeia produtiva do pirarucu Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 na região amazônica, nosso trabalho teve como objetivo caracterizar demograficamente o perfil das unidades produtoras de alevinos de pirarucu na Mesorregião Sudeste Paraense, levantando suas principais características tecnológicas e de manejo adotadas. Os dados da pesquisa foram obtidos através de entrevistas aos proprietários no período de julho a agosto de 2016, visando levantar dados do sistema produtivo da safra 2015/2016. Dentre as unidades produtoras de alevinos, um total de 197 viveiros são destinados exclusivamente para a espécie, onde destes, 36,04% correspondem à alevinagem, 17,77% à estocagem de reprodutores e 47,19% destinados à engorda de peixes de diversas espécies. Quanto ao método de seleção de casais, cerca de 80% das propriedades fazem uso de observações morfológicas externas do animal, e 20% utiliza-se de equipamento ultrassom. Durante a safra 2015/2016, foram produzidas 108.000 unidades de alevinos de pirarucu, representando 40,23% da produção de alevinos geral na região. A atividade comporta-se como um importante elo da cadeia produtiva de pirarucu na Região, porém, devem ser realizados ajustes nos campos de gestão e planejamento, a fim de garantir sustentabilidade produtiva. PALAVRAS-CHAVE: Arapaima gigas, Entraves da cadeia produtiva, Pará, Piscicultura. Capítulo 18 150 ABSTRACT: In the search for information that will contribute to the strengthening and restructuring of the pirarucu production chain in the Amazon region, our work aimed to demographically characterize the profile of the pirarucu fingerlings producing units in the Mesorregião of Southeast of Pará, raising their main technological and management characteristics adopted. Data from the survey were obtained through interviews with owners from July to August 2016, aiming to collect data from the production system of the 2015/2016 harvest. A total of 197 nurseries are destined exclusively to one species, 36.04% of which correspond to a service, 17.77% to the stock of breeding stock and 47.19% to fish of different species. Regarding the method of selection of couples, about 80% of the usual properties of external observations, of animal use, and 20% of use of ultrasound equipment. During the 2015/2016 harvest, 108,000 pirarucu fingerlings were produced, accounting for 40.23% of the general fingerlings production in the region. The activity behaves as an important link of the production chain of pirarucu in the Region, however, a sustainable end of security must be installed in our fields of management and planning. KEYWORDS: Arapaima gigas, Obstacles of the production chain, Pará, Pisciculture. 1 | INTRODUÇÃO O pirarucu (Arapaima gigas) é considerado o peixe de maior valor econômico da Amazônia brasileira, região na qual a espécie é endêmica. Características zootécnicas como elevada taxa de crescimento, rusticidade, adaptação a alimentos artificiais e rendimento significativo de carcaça, são responsáveis por chamar a atenção e consequente admiração de piscicultores de diversas regiões do Brasil, despertando o interesse pela exploração econômica da espécie (Drumond et al., 2010). A região Norte apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento das mais diversas modalidades de aquicultura, principalmente pelo potencial hídrico (Branco, 2006). O estado do Pará, bem como a região Amazônica em sua totalidade, tem sido favorecido (Branco, 2006; Paula, 2015), entretanto, devido à elevada concentração fundiária na Mesorregião Sudeste Paraense, é possível observar padrões de uso da terra indesejáveis, caracterizados pelo baixo nível tecnológico, baixa produtividade e gradativo processo de degradação dos recursos naturais (Santos et al., 2016). Neste contexto, é possível predizer que a produção de peixe pode ser considerada uma alavanca para o desenvolvimento econômico da região. Além disso, possibilita o aproveitamento efetivo de recursos naturais locais e a criação de postos de trabalho assalariados. Contudo, existem inúmeras variáveis que condicionam o sucesso de um empreendimento, como por exemplo, planejamento, gestão e conhecimento técnico, visto que na piscicultura nacional conhecimentos acerca das variáveis mencionadas ainda são incipientes e restritos, principalmente na área da reprodução e manejo de plantéis de reprodutores (Guerreiro et al., 2015). A produção de pirarucu enfrenta baixa oferta e elevado custo de insumos, como Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 151 as formas jovens dessa espécie, resultado da falta de conhecimento quanto ao manejo reprodutivo, que, apesar dos avanços conseguidos nesta área nos últimos anos, ainda não foi possível desenvolver técnicas que permitam produzir tal insumo em larga escala (Ono, 2011). Desta forma, nossos dados podem promover um diagnóstico efetivo de possíveis problemas, capazes de servir para o estudo de soluções cabíveis ao setor, que vão além das dificuldades já conhecidas, proporcionando conhecimentos que são fundamentais para obter-se uma produção que se sustente efetivamente. Nesse contexto e em face às poucas informações disponíveis a respeito da cadeia produtiva do pirarucu, objetivamos caracterizar demograficamente o perfil das unidades produtoras de alevinos de pirarucu na Mesorregião Sudeste Paraense, levantando em consideração suas principais características tecnológicas como produção, instalações, tecnologia e manejo. 2 | MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Mesorregião Sudeste do estado do Pará, conta com 39 municípios e uma população estimada de 1.647,514 habitantes (IBGE, 2014). Abordamos o método quantitativo por meio do levantamento de dados secundários em documentos, sites e materiais de institutos de pesquisa e de organizações produtivas públicas e privadas para obter o quantitativo de unidades produtoras de alevinos existentes na Mesorregião Sudeste do estado do Pará. Para o levantamento desses dados, foram utilizadas informações da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Amazônia Oriental), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Secretarias municipais voltadas para produção rural em cada município constituinte da região em estudo. Além disso, abordamos o método qualitativo para firmar conceitos e objetivos a serem alcançados, possibilitando assim sugestões sobre variáveis a serem estudadas. Os métodos qualitativos apresentam uma mistura de procedimentos de cunho intuitivo e racional, capazes de contribuir para melhor compreensão dos fenômenos (Giovinazzo, 2001). Foram realizadas entrevistas através de questionário semiestruturado com 5 (cinco) produtores de alevinos de pirarucu, no período de julho a setembro de 2016. Nesse momento, foi realizada observação in loco, para confirmar os dados coletados previamente e compreender os aspectos produtivos, tecnológicos e de gestão da atividade de produção de alevinos. O método qualitativo serviu de suporte para análises descritivas das informações. Para a coleta dos dados com os produtores de diferentes Municípios, foram Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 152 visitadas todas as unidades produtoras de alevinos na Mesorregião supracitada. Visando otimizar os resultados da pesquisa, as unidades amostrais foram selecionadas de acordo com o acesso aos entrevistados e as restrições de tempo e orçamento. Desta forma, as amostras não foram sorteadas, todas unidades encontradas na região foram protocoladas. Para o georreferenciamento dos dados, utilizou-se aparelho de navegação GPS (Posicionamento Global por Satélite) modelo GPSMap 78s (Garmin®), com acurácia de aproximadamente três metros, para tomada de coordenadas geográficas dos municípios da Mesorregião Sudeste do estado do Pará com presença de unidades produtoras de alevinos de pirarucu. Dessa forma, cada endereço foi localizado em um ponto no espaço. Para a confecção dos mapas temáticos, utilizou-se o software ArcMap (Esri®). Os dados obtidos foram devidamente tabulados em planilhas Excel 2016, (Microsoft®), para posteriores análises descritivas por meio do software GraphPad Prism 7 (GraphPad®). 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO A deficiência de conhecimento sobre diversas áreas da cadeia produtiva do pirarucu, como nutrição, manejo, alevinagem e principalmente o controle sobre a reprodução, que resulta em baixa oferta e alto custo de alevinos de pirarucu no mercado (Campos et al., 2012; Lima et al., 2015), é um grande entrave para o desenvolvimento sustentável de sua criação comercial. Neste sentido, buscamos abordar as principais questões que estão envolvidas nas unidades produtoras de alevinos da região Sudeste paraense, visando levantar informações importantes que venham a contribuir para futuros projetos de fortalecimento e reestruturação da cadeia produtiva do pirarucu na região amazônica. De acordo com os resultados, cinco unidades produtoras de alevinos de pirarucu foram encontradas dentre os 39 municípios que constituem a Mesorregião Sudeste do estado do Pará (Figura 1). Conforme o primeiro e único censo aquícola nacional (Brasil, 2013), existiam cerca de 14 unidades produtoras de formas jovens de Pirarucu ao longo de toda região Norte do Brasil, dados referentes ao ano de 2008. Corroborando com nossos estudos de que a produção de alevinos, especialmente a de pirarucu, é uma atividade em expansão, tanto na região norte quanto na região amazônica de maneira geral. Quanto ao número total de reprodutores de pirarucu, o mesmo foi de 122 matrizes, (Figura 2) com média de 24,4 animais/propriedade (±8,78) e uma produção de 108.000 unidades de alevinos de pirarucu na safra de 2015/2016, representando 40,23% da produção total de cada produtor com uma média de preço de R$ 22,00 o juvenil de 20 cm de comprimento. Alevinos de outras espécies custam bem menos unitariamente, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 153 como por exemplo, o tambaqui Colossoma macropomum (R$ 0,18) e o piau Leporinus macrocephalus (R$ 0,35) (Rodrigues, Moro & Santos, 2015). O valor praticado na comercialização de alevinos de pirarucu (R$1,00/cm do animal) manteve-se constante desde 2005, demonstrando baixa influência do real custo de produção (Lima et al., 2017), sugerindo que este seja um dos entraves para surgimento e manutenção de novos produtores na região, tornando-se de suma importância o desenvolvimento de trabalhos voltados à avaliação de custos para a produção das formas jovens do peixe, viabilizando tanto a produção, quanto a recria do pirarucu. A produção de alevinos encontra-se concentrada em sua maioria na região de Tucumã (40%). O restante, (60%) estão distribuídos de forma fragmentada nos municípios de Breu Branco, Itupiranga e Parauapebas, com uma média de atuação na produção de alevinos de 9,4 anos (±6,54) / produtor. Sobre a mão de obra utilizada, o sistema produtivo da região conta na sua maioria (60%) com atuação exclusiva familiar, os restantes 40% além dos membros da família e proprietário, contratam funcionários, resultando em folhas de pagamento mensais média de R$ 3.275,00, pertinente a cada funcionário da propriedade. Especificamente na safra de 2015/2016, as propriedades tiveram 22 funcionários trabalhando, correspondendo a 1,69 funcionários/ha de lâmina d' água. Silva (2010), ao caracterizar o perfil da piscicultura na Região Sudeste paraense, apresentou que a principal fonte de mão de obra nos empreendimentos piscícolas era de origem familiar (72,28%), justificando-se pelo fato da maior parte das propriedades surgirem em assentamentos. Em contrapartida, na Região Nordeste do estado do Pará, Neto (2009), afirmou que a mão de obra adotada na maioria das propriedades é contratada, devido ao elevado poder aquisitivo dos proprietários, demonstrando assim que o perfil da propriedade está diretamente relacionado ao pecúlio dos piscicultores. Um fator relevante no sistema produtivo é a qualificação da mão de obra responsável pela produção de alevinos, onde tem sido possível alcançar resultados técnicos e econômicos satisfatórios em propriedades que contam com mão de obra mais experiente, tecnificada, comprometidas em seguir as recomendações de boas práticas de manejo (Ono, 2011). Neste contexto, observou-se que o nível de escolaridade dos produtores oscila do ensino médio ao ensino fundamental, sendo o ensino médio o predominante (80%), podendo este ser um fator decisivo para produção e tecnologia empregada. Ao caracterizar a piscicultura na Microrregião da Baixada Cuiabana, no estado do Mato Grosso, Barros et al., (2011), apontou que 56% dos produtores entrevistados possuíam o ensino superior, e ainda, que 87,5% dos produtores realizaram cursos de capacitação aplicados à piscicultura, refletindo em maior qualificação e desenvolvimento da atividade na região supracitada. A ausência de conhecimento técnico se trata de um entrave para a piscicultura paraense, resultando em empreendimentos baseados em manejo e instalações inadequados, tanto do ponto de vista produtivo como do ambiental (Brabo, 2014). Tal ausência de conhecimento corrobora com nossos levantamentos que apontam para Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 154 uma piscicultura baseada em conhecimentos empíricos, ausência de mão de obra qualificada e instalações inadequadas. Com relação aos equipamentos, apenas 36% das propriedades possuem alguns dos equipamentos básicos necessários para o desenvolvimento da atividade de larvicultura, são eles quarentenário, aeradores, lupa ou microscópio e caixa para transporte de peixes vivos (Tabela 1). De acordo com a análise das informações das propriedades, assim como dos indicadores de equipamentos das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, foi possível observar que as propriedades apresentaram uma grande variação tanto na área total dos empreendimentos (ha) (114,12 ± 117,81), quanto na área em lâminas d’água (m²) (7,42 ± 7,36), destinada para a produção de alevinos (Tabela 2). De acordo com o Diário Oficial do Mato Grosso (2006), as pisciculturas do estado classificam-se quanto sua área de lâmina d´água em: micro, até 1 ha; pequena, entre 1,1 e 5 ha; média, entre 5,1 e 50 ha e grande, quando maior que 50 hectares. Barros et al, (2011), atestou em seu trabalho, que a Microrregião da Baixada Cuiabana, possui grande área de lâmina d’água, com escala de produção superior a outras regiões do país, onde cerca de 75% dos empreendimentos classificaram-se em pequeno e médio porte, e os restantes (25%) em grande porte ( ˃ 50 ha de lâmina d'água). Nossos resultados apresentam uma grande variação na área de lâmina d’água (m²), impossibilitando classificar o sistema de produção na região. Neste estudo, o número total de viveiros das propriedades é de 197, onde desse total, 36,04% (71 viveiros) correspondem à alevinagem, 17,77% à estocagem de reprodutores (35 viveiros) e 47,19% destinados à engorda de peixes de diversas espécies, dentre elas o pirarucu. Quanto à origem da água utilizada nos viveiros, 60% fazem uso de represamentos na propriedade por meio de tanques de captação, os restantes dividem-se em canalização de água de córrego, e olho d'água na propriedade (Figura 3). Com relação à qualidade da água utilizada, todos os empreendimentos realizam algum tipo de avaliação de pelo menos um parâmetro, e 33,4% realizam o monitoramento exclusivamente do pH da água, em diferentes frequências, que vão de 3 a 4 vezes ao dia, a uma vez por mês. Mesmo o pirarucu sendo um peixe considerado rústico, por sua aparente tolerância às faixas de pH entre 5,0 e 11,5 (Sebrae, 2010), e presença de amônia na água (Sebrae, 2010), este peixe possui preferência por águas calmas (Andrade, 2013), de boa qualidade, com temperaturas entre 24 e 37°C, ideal inclusive para a reprodução (Andrade, 2013). A alcalinidade e dureza totais são fatores com pouca influência na fase de engorda (Sebrae, 2010), mas são muito relevantes na alevinagem e recria (Sebrae, 2010). Nossos dados sugerem, que uma das possíveis causas de problemas na reprodução e alevinagem seja a falta de controle sistemático com a qualidade da água, o qual interfere em vários outros processos dentro da cadeia, como por exemplo metabolismo, imunidade e taxa de mortalidade nas fases jovens. O relato de incidência de doenças nas propriedades foi de 40%, e destes, 50% Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 155 correspondem à tricodina (Trichodina spp.) e monogenóides (Monogenoidea) em todas as fases de produção do pirarucu, os 50% restantes correspondem exclusivamente à monogenóides também em todas as fases da cadeia produtiva do peixe. A prevenção de problemas de infestação por protozoários parasitos como Trichodina, Odinium, trematódeos monogeneos (Gyrodactylus, Dactilogyrus) e por nematódeos do trato digestivo, demanda da manutenção de peixes bem nutridos, tanques limpos e com uma boa qualidade de água (Sebrae, 2010). Quando questionados quanto à utilização de algum tipo de tratamento, cerca de 80% dos produtores afirmaram fazer uso, prescrito por profissional competente, e de eficiência satisfatória. Dentre os tratamentos mais citados em ordem de prioridade foram o uso de antibióticos, probióticos preventivos, cloreto de sódio e formol. Entretanto, em nenhum momento os produtores relataram algum tipo de preocupação com relação a resíduos que podem ser deixados na natureza pelos diferentes tratamentos utilizados no sistemas de cultivo, levando-nos a pensar que a falta de conhecimento pode ser uma hipótese para problemas residuais que se acumulam no ambiente. Quando questionados sobre reprodução, especialmente sobre o método utilizado para selecionar as matrizes e determinar a maturidade sexual; como esperado, 100% dos produtores responderam utilizar-se de observações quanto ao fenótipo do animal, 80% avaliam características morfológicas externas e apenas em uma propriedade solicita-se os serviços de um profissional, o qual realiza por meio de um equipamento ultrassom a classificação do sexo dos animais. Além disso, os produtores salientaram que não são formados casais com animais da mesma ninhada, a fim de evitar problemas decorrentes da consanguinidade; entretanto, nenhum produtor utiliza marcação por microchip ou métodos de genotipagens. De acordo com Carreiro (2012), durante o processo de seleção e formação de casais torna-se imprescindível a utilização de técnicas que visem distinguir previamente o sexo dos peixes, como ultrassom, laparoscopia, marcadores moleculares, ou empiricamente por meio de caracteres morfológicos. Desta forma, é possível sugerir que exista algum grau de parentesco entre os animais entre e intra-propriedades, já que não existe um controle criterioso e técnico quanto ao fundo genético dos reprodutores. A formação de casais é necessária para que ocorra a reprodução natural, possibilitando a estocagem de um casal de pirarucu por tanque, divisão considerada como eficiente em plantel de reprodutores (Sebrae, 2013). Com intuito de melhorar a produção, uma estratégia tem sido utilizada baseando-se em colocar vários peixes juntos, deixando-os escolher seus próprios pares, porém demanda de maior tempo, e a eficiência ainda não foi comprovada (Sebrae, 2010; Sebrae, 2013). Entretanto, em nenhuma das propriedades visitadas é utilizado mais de um casal por tanque, e não se realiza indução hormonal, ocorrendo consequentemente reprodução em meio natural no próprio tanque, onde são coletados os alevinos, a partir de três centímetros. Além disso, em nenhuma propriedade conseguiu-se reproduzir 100% dos casais formados, sugerindo que os produtores ainda não encontraram o melhor método para Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 156 reprodução, dependo ainda de desovas naturais que ocorrem ao acaso. Segundo relato dos próprios produtores, ¨a reprodução ainda é um grande obstáculo a ser vencido¨, especialmente por não conseguirem a reprodução na maioria dos casais formados na propriedade. A idade das matrizes utilizadas, variam de 5 a 12 anos (média de 5,75 ± 3,18 anos) com um peso médio em estado reprodutivo de 77,5 Kg, apresentando ninhadas com no máximo 3.500 alevinos. Na fase de alevinagem, a mortalidade normalmente é baixa, pelo fato de não ocorrer canibalismo entre os membros dessa espécie, e também porque os pais protegem a prole (Imbiriba, et al., 1996 apud Imbiriba, 2001). Porém, de acordo com Ono et al., (2004), a taxa de sobrevivência de um cardume com 5.000 a 6.000 juvenis medindo 3 a 4 cm via de regra não supera 10% após 3 a 4 semanas, quando estes atingem 8 a 10 cm, mesmo sob a guarda dos pais. Dentre os dados levantados desta pesquisa, as ninhadas dos casais em cativeiro apresentaram de 400 a 3.500 alevinos, da menor e maior ninhada respectivamente, medindo entre 5 e 10 centímetros, assim que capturados, são transferidos aos berçários, não apresentando qualquer controle quanto ao índice de sobrevivência dos mesmos, ou seja, os produtores não souberam responder a taxa de sobrevivência dos alevinos produzidos. No que se refere ao arraçoamento, o teor de proteína fornecido na ração inicial (0,5 - 0,8mm) varia entre 40-55% de proteína bruta (PB), alimentados até 5 vezes por dia. Para Ono & Kehdi (2013), produtores de pirarucu devem optar por rações que sejam compostas por no mínimo 40% de PB. No entanto, foi observado que nos empreendimentos o controle da biomassa de estocagem tanto das matrizes quanto dos alevinos apresentava-se deficitário e não se realizava biometrias e seleção durante a fase de alevinagem. Para Lima et al., (2017), a granulometria do pélete, quantidade de ração e número de refeições, só podem ser definidos a partir de biometria, manejo que consiste em aferições de tamanho, peso e número estimado de peixes por m3, possibilitando o cálculo do peso de determinado lote (biomassa) em um viveiro. Desta forma, fica claro que tanto o excesso quanto a carência de ração podem ser problemáticos para o sistema produtivo, alterando parâmetros de qualidade de água ou levando a desnutrição, respectivamente; ocasionando em ambos os casos problemas com doenças, baixo peso e consequentemente queda na produção. Quanto ao escoamento da produção, a mesma ocorre principalmente pela venda direta a produtores de engorda ou por meio de atravessadores (45,46%). O restante da produção destina-se a piscicultores de outros Estados (Figura 4), demonstrando que a região tem potencial para vender o que está produzindo e apresenta-se em uma zona estratégica para logística do setor. Quando questionados sobre as perspectivas da produção de peixe, em todos os empreendimentos houve o desejo de expandir o negócio, embora reconhecendo as dificuldades, que na maior parte das vezes estão diretamente ligadas à reprodução desta espécie em cativeiro e consequente oferta irregular dos alevinos no mercado, Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 157 refletindo diretamente no elevado custo produtivo (Pedroza et al., 2016). 4 | CONCLUSÕES 1. A produção de alevinos de pirarucu comporta-se como um importante elo da cadeia produtiva dessa espécie de peixe na Mesorregião Sudeste Paraense, entretanto, concentra-se em apenas cinco produtores de alevinos de quatro municípios. 2. No contexto atual da piscicultura Paraense, observa-se que muitas vezes os laboratórios de produção de alevinos não possuem qualquer tipo de planejamento, gestão ou até mesmo conhecimento técnico, desta forma os insucessos dos empreendimentos são frequentes. 3. É possível reforçar a necessidade de implementação de trabalhos conjuntos entre produtores e instituições de pesquisa/extensão e fomento, visando difundir a produção, por meio de programas de melhoramento genético e tecnológico; planejamento e gestão, que visam à redução dos custos, garantindo sustentabilidade. 4. Para que o setor piscícola desenvolva-se no estado do Pará é fundamental que haja disponibilidade de “sementes”, ou seja, alevinos de boa procedência para serem cultivados e comercializados. 5. Os entraves verificados ao longo da pesquisa acabam por desestimular a atividade e interferem diretamente na cadeia produtiva das espécies nativas produzidas no estado, deixando enfraquecida, diante da piscicultura de outros estados e pescados importados. Logo, melhorar os resultados zootécnicos dos peixes nativos assim como gerenciamento de sua cadeia produtiva são os atuais desafios da piscicultura Paraense. REFERÊNCIAS ANDRADE, S. Conheça o peixe pirarucu, criação em cativeiro. Portal agropecuário, 2013. Disponível em: <http://www.portalagropecuario.com.br/pisicultura-2/conheca-o-pirarucu-criacao-emcativeiro/>. Acesso em 03 de set de 2016. BRANCO, O. E. A. Avaliação da disponibilidade hídrica: Conceitos e aplicabilidade. p.15,2006. Disponível em: <http://www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/files/2012/04/ DisponibilidadeH%C3%ADdrica.pdf>. Acesso em 18 ago. 2016. BARROS, A.F.; MARTINS, M.I.E.G.; SOUZA, O.M. 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TABELAS E FIGURAS Lupa ou microscópio Sim (%) 60 20 20 Não (%) 40 80 80 Caixa de transporte para peixe vivo 80 20 Indicadores de Equipamentos Quarentenário Aeradores Tabela 1. Indicadores de equipamentos das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016. Fonte: Dados da pesquisa, safra 2015/2016 Informações da propriedade Total Mínimo Máximo Média Desvio padrão (±) Área da propriedade (ha) Número de funcionários 570,6 37,1 22 3 2,2 1 425 20 7 114,12 7,42 4,4 177,81 7,36 2,7 Número de viveiros utilizados para alevinagem (unid) 71 5 30 14,2 9,44 Área dos viveiros de alevinagem (m²) 52.100 2.100 21.000 10.420 6.919,68 Nº de viveiros utilizados na estocagem de reprodutores (unid) 35 4 12 7 3,32 Área dos viveiros para a estocagem de reprodutores (m²) 197.700 3.200 Profundidade dos viveiros das UPAs (m) 9,39 1,4 Lâmina d’ água (ha) Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 144.000 39.540 4,39 1,88 Capítulo 18 59.092 1,59 160 Área dos laboratórios de reprodução e larvicultura (m²) 722 80 232 144,4 101,57 Tabela 2. Informações referentes às instalações das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016. Fonte: Dados da pesquisa, safra 2015/2016 Figura 1. Municípios da Mesorregião Sudeste Paraense produtoras de alevinos de pirarucu, safra 2015/2016. Figura 2. Quantitativo de reprodutores / matrizes de pirarucu em cada unidade produtora de alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016. Figura 3. Origem da água utilizada nas unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 161 Figura 4. Escoamento da produção das unidades produtoras de alevinos de pirarucu, na Mesorregião Sudeste paraense, safra 2015/2016. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 18 162 CAPÍTULO 19 doi PRÁTICAS DE MANEJO E ABATE EM SISTEMA RANCHING DE CRIAÇÃO DE JACARÉ (Caiman yacare) EM COOPERATIVA NO PANTANAL MATO-GROSSENSE Natalia Bianca Caires Medeiros Programa de Pós Graduação em Produção Animal na Amazônia, Grupo de Genética Animal - GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia– UFRA, Parauapebas, PA – Brasil. Erica Vanessa Xavier de Almeida Médica Veterinária, Fazenda Santo Expedito, Porto Esperidião, MT – Brasil. Marcela Cristina Flexa do Amaral Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Parauapebas, PA – Brasil. Drausio Honorio Morais Manejo e Conservação de Fauna Silvestre, Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Monte Carmelo, MG – Brasil. Marília Danyelle Nunes Rodrigues Programa de Pós Graduação em Produção Animal na Amazônia, Campus Parauapebas, Grupo de Genética Animal- GGA, Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, PA, Brasil. RESUMO: A cadeia produtiva de criação de jacarés em cativeiro no Brasil apresentou crescimento gradual a partir da regulamentação na década de 90, da utilização de Jacaré do Pantanal em sistemas de criação com finalidade comercial, proporcionando alternativas para a obtenção de produtos como carne e peles, resultando em menor pressão sob os animais Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 mantidos na natureza, por parte de caçadores ilegais. Tendo em vista a crescente utilização de fontes proteicas alternativas, o estudo dos manejos envolvidos na criação de jacarés com intuito comercial, servem como embasamento para a criação e processamento, e ainda, atuam como ferramenta para análises de viabilidade comercial entre produtores e investidores interessados em dinamizar seus empreendimentos. PALAVRAS-CHAVE: Carne de jacaré, Comercial, Produção, Silvestre. ABSTRACT: The production chain of alligators in captivity in Brazil, presented a gradual increase from the regulation in the 90s, of the use of Jacaré do Pantanal in systems of creation with commercial purpose, providing alternatives for obtaining products such as meat and skins, resulting in less pressure on animals kept in the wild by poachers. Considering the increasing use of alternative protein sources, the study of the management involved in the creation of commercial alligators, serves as a basis for creation and processing, and also acts as a tool for commercial viability analyzes between producers and investors interested in dynamize their ventures. KEYWORDS: Caiman meat, Commercial, Production, Wild. Capítulo 19 163 1 | INTRODUÇÃO A cadeia produtiva brasileira de criação de jacarés em cativeiro apresentou crescimento gradual a partir da portaria 126/1990 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a qual regulamenta a utilização de jacaré do Pantanal (Caiman yacare) em sistemas de criação com finalidade comercial (AZEVEDO, 2007; PIRAN, 2010). Conforme Souza et al. (2014), o Brasil trata-se de um país que apresenta condições favoráveis à exploração sustentável de crocodilianos nativos, a qual já ocorre por meio de criatórios licenciados, comprometidos em manter a biodiversidade, contribuindo de certa forma para a conservação além de proporcionar mais uma opção de fonte proteica de origem animal. Na década de 90, produtores rurais interessados em produzir jacaré do pantanal, conquistaram licenças junto ao IBAMA, que garantiram o estabelecimento de criadores comerciais (MOURÃO, 2000). A COOCRIJAPAN, Cooperativa de Criadores de jacaré-do-pantanal, localizada no Município de Cáceres, no Mato Grosso, atua no ramo da produção em cativeiro de jacaré no sistema semi-intensivo (Ranching), onde os ovos dos animais são coletados nas propriedades dos cooperados, transportados até a sede com a finalidade de criação e abate. A cooperativa é considerada como um dos empreendimentos mais organizados da cadeia de produção de jacaré, por dominar absolutamente todos os elos da cadeia produtiva, inclusive de frigorífico com registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), responsável pelo abate dos animais, destinados à comercialização de pele e carne (PIRAN, 2010). Devido ao crescimento gradual da produção em cativeiro de espécies silvestres de interesse comercial, como é o caso do jacaré do Pantanal, o objetivo deste capítulo consiste em retratar as atividades desempenhadas no âmbito de manejo e processamento de carnes, em um dos maiores criatório-frigoríficos de crocodilianos do mundo, e o primeiro com Serviço de Inspeção Federal - SIF do Brasil. 2 | MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal Ltda, fundada em 1991, por um grupo de fazendeiros do pantanal, preocupados com a conservação do meio ambiente e com o intuito de preservar o jacaré (Caiman yacare), bem como criar uma fonte de renda alternativa, de forma a aproveitar racionalmente um recurso natural e sustentável. A COOCRIJAPAN localiza-se na Avenida Tannery, S/n°, Quadra Industrial, no Bairro Setor Industrial, CEP: 78.200-000, no Município de Cáceres, MT, Coordenadas geográficas: DATUM SIRGAS2000 - W: 57°42’08,90’’ - S: 16°07’32,50’’. O setor de criação, frigorífico e administrativo da Coocrijapan possui área Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 164 de 12 hectares, que ao longo dos seus 26 anos de existência vêm investindo em infraestrutura, equipamentos, pesquisas e inovação no que se refere à criação e abate de Jacarés (Figura 01). Figura 01. Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, 2017. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Instalações A área da criação contém 07 galpões cobertos com telhas de amianto, vitrôs e porta, onde destes, 06 galpões são destinados à criação, e 01 para preparo ao abate. Tais galpões cobertos contam com 42 tanques de superfície (animais de 60 dias até um ano) e 22 sobrepostos (até 60 dias de vida) (Figura 02). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 165 Figura 02. Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos. Além destas, a criação possui e utiliza 26 baias redondas anti-stress, com diâmetro de 50m, pé direito de 60cm, e teto coberto por sombrite 70%, que se estende até à altura média do pé direito em dias de frio (durante o inverno). Dentre as instalações, ocorre a utilização de 02 áreas com recinto aberto para o bem estar animal, destinado aos animais com problemas de locomoção e 01 sala de processamento do alimento a ser fornecido aos animais (Figura 03). Figura 03. Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C) Sala de processamento de alimentos. Quanto ao setor frigorífico, o mesmo conta com sala de abate, sala de tratamento prévio de peles e sala de desossa, a qual possui câmara de resfriamento, setor de pesagem e embalagem, túnel de congelamento e sala refrigerada para o armazenamento das caixas contendo as embalagens. O FRIJAPAN (Frigorífico da Coocrijapan) possui capacidade de abate diário de até 300 animais por dia. 3.2 Práticas de manejo na criação A criação, divide-se em 03 fases: cria dos filhotes (até 60 dias), animais em recria (61 dias a 1 ano) e engorda-terminação (1 a 2 anos). Após a coleta e eclosão dos ovos nas fazendas pantaneiras (13 fazendas), os animais são encaminhados até à sede da Coocrijapan em monomotor, impreterivelmente nos primeiros dias de vida, em voos com duração máxima de 3 horas. Ao chegar ao Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 166 criatório, são transferidos para baias sobrepostas localizadas no galpão de número 01, e lá, são alimentados exclusivamente com vísceras bovinas finamente moídas. A limpeza das baias dos filhotes ocorre apenas 01 vez ao dia, com o intuito de evitar o estresse, que se encontram geralmente em fase de cria no período do inverno, onde em dias mais frios, o consumo de alimentos desses animais fica reduzido, possuindo pouca reserva corporal e que, conforme os tratadores trata-se de uma das fases de maior preocupação devido à elevada mortalidade (Figura 04). Figura 04. Filhotes da Coocrijapan. A) Filhote sobre monomotor utilizado na transferência desses animais da fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida. Após o consumo de todo o alimento, cerca de 6 horas após o fornecimento, as baias sobrepostas são limpas, e durante o processo, verificando-se o estado da região do vazio dos animais (abdômen) confirmando se todos tiveram a oportunidade de consumir o alimento. Os animais permanecem alojados em mini baias de 1m x 1,5m em lotes de 60 animais em média e são alimentados com cerca de 1kg baia -1 de filhotes dia -1. Quanto aos animais em recria (Figura 05), estes são alojados em baias sob as baias de cria, as quais são higienizadas uma vez ao dia, e alimentados a cada 02 dias, com densidade média de um animal/0,25m², consumindo cerca de 0,400 kg animal-1. Figura 05. Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. Em primeiro plano, Jacaré albino Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 167 (Bento), mascote da cooperativa, e em segundo plano, animais em recria amontoados. Os animais com mais de 1 ano, são transferidos para as baias redondas anti-stress, devido à importância e necessidade em manter maior cuidado com os animais nesta fase, visto seus comportamentos estereotipados constantes, indicadores de stress. A limpeza comum das baias ocorre diariamente, de segunda a sábado, geralmente todas as manhãs, realizada por 02 funcionários trajados de avental plástico, botas de plástico, luvas, vassoura e rodo/baia. Entretanto, a cada 30 dias é retirado o lodo do piso por meio de uma lavadora de pressão, sem o uso de produtos químicos. Os animais em fase de engorda são alimentados pela tarde a cada 02 dias (Figura 06). Figura 06. Manejo alimentar. Fornecimento de dieta. 3.3 Processamento de alimento para os animais Devido ao hábito carnívoro dos crocodilianos, são fornecidas vísceras bovinas (congeladas), que serão cortadas em frações menores, passíveis de serem moídas, e misturadas a suplemento mineral e ração (peixe carnívoro) com cerca de 50% de PB, por meio de mistura em equipamento betoneira. Fornecidos apenas para animais em fase de engorda/terminação, a cada 02 dias. Para filhotes e animais em recria são fornecidas exclusivamente vísceras bovinas (Figura 07). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 168 Figura 07. Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas, prontas para a mistura; B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de mistura das vísceras, ração e suplemento mineral. 3.4 Manejo Pré-Abate O manejo pré-abate consiste na prática de selecionar e transferir das baias redondas ao galpão de preparo ao abate com cerca de 48 horas de antecedência, os animais que serão abatidos posteriormente. Essa seleção irá depender dos pedidos encaminhados do setor de vendas para a administração da criação. Caso os pedidos sejam referentes a algum corte específico, como o filé de cauda, serão selecionados machos maiores, caso seja coxa desossada, serão selecionadas fêmeas maiores, pedidos específicos de animais inteiros para eventos de churrasco prefere-se animais com cerca de 1 ano e 8 meses, e dependendo do comprimento do couro solicitado, pode-se abater animais mais jovens ou mais velhos. Os animais são transferidos em tambores plásticos adaptados com rodas até ao galpão de preparo ao abate, são pesados em grupos de 10 animais, para que possa ser realizado o romaneio, e após esta etapa, são colocados em tanques azulejados para o jejum de 48 horas, assim como o tratamento com água clorada (5ppm) às 12h00 min AM do dia anterior ao abate, até as 07h00min AM do dia destinado ao abate do referido lote, onde os animais irão passar pelo processo de lavagem e esfrega e encaminhados à sala de abate (Figura 08). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 169 Figura 08. Manejo pré-abate dos animais. A) Jacarés após o banho em cloro; B) Lavagem dos jacarés. 3.5 Abate Os animais são transferidos finalmente de 10 em 10 animais à área interna da sala de abate, por meio de uma janela de comunicação entre o meio externo e interno à instalação, desaguando no tanque de recepção, previamente preparado com água clorada (máx. 0,5ppm) e solução desinfetante a base de iodo (Biofor®) (Figura 09). Figura 09. Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN, 2017. Os animais são retirados do tanque, apoiados em uma mesa própria adaptada com uma focinheira que minimiza o stress e evita que o animal tenha movimentos bruscos, onde é realizado o processo de insensibilização de forma rápida, humanitária e eficaz, por meio de uma pistola pneumática modelo Zilka, desenvolvida pela Embrapa Pantanal (Figura 10). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 170 Figura 10. Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção de jacarés; B) Insensibilizador adaptado para atordoamento de jacarés; C) Atordoamento de jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017. Desenvolvida especialmente para a prática de abate humanitário de jacarés, a pistola Zilka causa respostas de sensibilidade nos jacarés baseadas em um rápido estado de inconsciência e incapacidade de respostas a estímulos externos, garantindo a inconsciência até a sangria. Pode ser usada também para abate de outros animais criados em cativeiro (ovinos e caprinos) ou animais oriundos de manejo na natureza (CAMPOS, COUTINHO & OLIVEIRA, 2005). Após sofrer uma contusão cerebral devido o atordoamento, o animal é alocado em uma mesa suporte, onde é realizado o corte no fim da nuca, deixando expostas as vertebras cervicais, onde será realizada a desmedulização, que consiste em cessar os movimentos dos animais, e posteriormente o animal será içado para que o restante de sangue seja drenado, momento o qual o animal definitivamente é abatido (Figura 11). Figura 11. Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor das vértebras cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de finalização da sangria, COOCRIJAPAN, 2017. O próximo passo é a lavagem do animal, aplicação de ácido cítrico (borrifado), e oclusão do reto com algodão embebido de solução antisséptica à base de iodo (Biofor®), para que seja realizado o risco da pele, a depender do corte de couro solicitado previamente, o qual pode ser o corte Belly, caracterizado por destacar a pele Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 171 ventral do animal, e Horn Back, o qual evidencia a pele dorsal (Figura 12). Conforme a normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento de n° 914, de 12 de setembro de 2014, durante o abate, deve-se dispor de dispositivos dentro da instalação, para a higienização de utensílios e equipamentos utilizados no processo, que promovam a sanitização com água renovável à temperatura mínima de 82,2º C (oitenta e dois inteiros e dois décimos de graus Celsius) ou o emprego de substâncias saneantes, de forma que contemple todas as operações. Além disso, facas, chairas e demais utensílios utilizados devem ser higienizados em intervalos regulares estabelecidos nos programas de autocontrole da empresa durante os procedimentos da seção. Ainda, nas operações de oclusão de reto, os instrumentos e facas utilizados devem ser higienizados a cada operação (MAPA, 2014). Após o risco, as patas são destacadas da carcaça, e o restante segue na linha aérea. Em um próximo setor, a pele é completamente retirada da carcaça, devido à importância dessa fase, deve-se um controle preciso da atividade, necessitando de severas observações, onde a mão do colaborador que toca na pele para apoiar, não deve ser a mesma que toca no músculo do animal, evitando a contaminação da carcaça por bactérias, inclusive a Salmonella spp. Após a retirada, as peles são destinadas à área suja de peles, por meio de uma janela de comunicação dentro da instalação, onde ocorre a raspagem de restícios de músculo na pele. Figura 12. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada de pele de jacaré-do-pantanal; B) Retirada da pele. A próxima etapa é a retirada das íscas, músculos dos masseteres, parte interna da cabeça do jacaré, a qual é removida da carcaça, e destinada ao setor de tratamento para artesanatos. Posteriormente ocorre a oclusão do reto e esôfago, para que seja realizada a evisceração e retirada específica de gordura visceral e do baço da carcaça, os quais são armazenados para serem exportados para a indústria farmacêutica de diferentes países. Após esse processo, ocorre a lavagem e inspeção da carcaça, e encaminhamento para a área limpa de processamento, onde será realizado a pesagem Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 172 da carcaça, e armazenamento em câmara de resfriamento algumas horas (cerca de 4 horas) antes do processamento (1-5°C) (Figura 13). Figura 13. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças de jacaré; C) Armazenamento em câmara de resfriamento. 3.6 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal O processamento da carne e embalagem ocorre no período da tarde, todos os dias em que se tem o abate de animais, em sala climatizada com temperatura inferior a 10 °C. Tal processamento consiste na desossa específica e divisão em cortes comerciais de carne de jacaré-do-pantanal (Figura 14). Figura 14. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B) Localização dos cortes, COOCRIJAPAN, 2017. Assim que desossados, os cortes de jacaré, e os animais separados para serem Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 173 comercializados inteiros são encaminhados à sala de embalagem, onde será realizada a separação em cortes (visto que cada corte possui um rótulo e um valor), pesagem, embalo e selagem das embalagens devidamente rotuladas. Uma vez embaladas, os pacotes são colocados em caixas, e encaminhados ao túnel de congelamento rápido, onde as carnes deverão atingir -25°C em até 24 horas. Enquanto isso, caixas de papelão (embalagens secundárias) são montadas em uma sala anexa, e assim que retiradas do túnel de congelamento, as embalagens primárias são transferidas para caixas de papelão (16 embalagens/caixa), contendo o peso total por cortes e o lote devidamente identificados, encaminhadas ao túnel de resfriamento e armazenamento com temperatura média inferior à -18°C, permanecendo lá até a expedição (Figura 15). Figura 15. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de congelamento; B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e armazenamento, COOCRIJAPAN. Conforme a Normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA) N° 914, de 12 de setembro de 2014, produtos congelados devem ser mantidos à temperatura máxima de -12°C em túneis de congelamento, e não devem ser expedidos produtos congelados em temperaturas maiores que -12°C (MAPA, 2014). A expedição é realizada diariamente, a depender do cronograma de entregas da empresa, e dos clientes que costumam buscar in loco, aproveitando para fazer uma visitação pela cooperativa. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 174 4 | CONCLUSÕES Diante do exposto, é possível cravar a relevância de profissionais das ciências agrárias na criação de jacarés, visto que estes profissionais são responsáveis por coordenar e auxiliar em práticas de manejo nutricional e bem-estar dos animais, fatores importantes para a sustentabilidade produtiva. REFERÊNCIAS AZEVEDO, I.C. Análise sensorial e composição centesimal de carne de Jacaré-do-papoamarelo (Caiman latirostris) em conserva. 2007. 76 f. Dissertação (Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, 2007. CAMPOS, Z; COUTINHO, M.E.; OLIVEIRA, T.M. Abate Humanitário de Crocodilianos. Circular Técnica, Embrapa Pantanal, n°59, Ed. 01. Corumbá, MS, 2005. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Portaria N° 126, de 13 de Fevereiro de 1990. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Portaria N° 914, de 12 de Setembro de 2014. MOURÃO, G.M. Utilização econômica da Fauna silvestre no Brasil: O exemplo do Jacaré-doPantanal. Artigo de divulgação na mídia, Embrapa Pantanal. 1-4 p. 2000. PIRAN, C. Propostas para a gestão da qualidade e da segurança do alimento da unidade processadora de carne de jacaré da Coocrijapan. 2010. 155 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP, 2010. SOUZA, B.C.S.; SANTOS, G.A.; CAMPOS, R.M.L.C. Carne de jacaré - Revisão de literatura. Revista Eletrônica Nutritime, Artigo 277, v. 11, n. 06. 3742-3754p. 2014. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 19 175 CAPÍTULO 20 doi PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CÃES DA CIDADE DE JATAÍ-GO Fernanda Regina Cinelli Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/ CIAGRA Jataí-Goiás Vera Lúcia Dias da Silva Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/ CIAGRA Jataí – Goiás exames parasitológicos de fezes com cães compreendendo o período de agosto de 2015 a agosto de 2016, além de promover a conscientização sobre esse assunto através da informação entre alunos, sociedade e professores. PALAVRAS-CHAVE: Cães, helmintos, parasitológico de cães, saúde pública; Luana Grazielle Oliveira Silva Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/ CIAGRA Jataí-Goiás Josielle Nunes Silva Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/ CIAGRA Jataí-Goiás Rodolfo Medrada de Oliveira Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí/ CIAGRA Jataí-Goiás RESUMO: Com a aproximação maior ente cães e seres humanos surge novas preocupações, tanto com o cuidado da saúde animal quanto com a saúde pública. São os casos de parasitoses intestinais que acometem os cães e que também podem ser transmitidas aos homens. Este trabalho tem como finalidade avaliar a prevalência de parasitos intestinais de cães na cidade de Jataí-GO através de Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 ABSTRACT: With the greater proximity between dogs and humans, new concerns arise, both with regard to animal health and public health. These are cases of intestinal parasites that affect dogs and can also be transmitted to men. This work aims to evaluate the prevalence of intestinal parasites of dogs in the city of Jataí-GO through parasitological examinations of feces with dogs comprising the period from August 2015 to August 2016, in addition to promoting awareness on this subject through information between students, society and teachers. KEYWORDS: Dogs, helminths, parasitological of dogs, public health 1 | INTRODUÇÃO As parasitoses são doenças de grande importância para a higidez animal e de saúde pública. Diversos parasitos gastrintestinais que utilizam o cão como hospedeiro definitivo ou Capítulo 20 176 intermediário, podem ser transmitidos ao homem e causar doenças (BARNABE et al, 2015). As parasitoses gastrintestinais estão entre as doenças mais freqüentes e importantes dos cães neonatos e jovens. Helmintos, como Toxocara spp. e Ancylostoma spp., devido ao seu potencial zoonótico são considerados um problema de saúde pública (ARAÚJO, 2006; RIBEIRO et al., 2015). Com avaliação da prevalência de parasitas intestinais, espécies e grau de infestação em cães da cidade de Jataí-GO, simultaneamente estaremos auxiliando em protocolos adequados de tratamento e prevenindo a doença no animal. 2 | OBJETIVOS: Avaliar a prevalência de parasitos intestinais na cidade de Jataí/GO, estabelecer a porcentagem de ocorrência entre helmintos e protozoários, por meio de exames parasitológicos de fezes, com cães. Fornecer esclarecimentos para a população alvo sobre maneiras de prevenção contra parasitoses intestinais e prescrição medicamentos em casos positivos ao exame de fezes. Promover a conscientização através da informação e a interação entre alunos, sociedade e professores. 3 | METODOLOGIA: Posteriormente à aplicação de um questionário (Figura 1 e 2) sobre hábitos alimentares, higiênicos e de vida era coletada amostra de fezes. Foram coletadas 31 amostras de fezes de diferentes cães, de várias idades e ambos os sexos do município de Jataí-GO, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016. As amostras de fezes coletadas foram conservadas em solução conservante ou em refrigeração e encaminhadas para o Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, Campus Jatobá. Para realizar os exames parasitológicos de fezes foi utilizado o método enriquecimento por sedimentação espontânea (HOFFMAN et al., 1934). Quando se obtinha um resultado positivo era prescrito o tratamento adequado. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 20 177 Figura 1: Inicio do questionário Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 20 178 Figura 2: Continuação do questionário 4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram analisadas no total 31 amostras de fezes de cães, onde 10 (32,26%) amostras apresentaram resultado positivo para algum parasito de importância clínica animal e humana e 21 (67,74%) foram negativas. A frequência verificada dos parasitos em infecção simples foi a seguinte: 5 (16,13%) foram ovos de Ancylostoma sp., 2 (6,45%) Toxocara spp., 1 (3,22%) Dipylidium caninum, 1 (3,22%) Strongyloides e 1 (3,22%) oocisto de Isospora sp. Nos casos positivos para Ancylostoma sp e Strongyloides sp o tratamento indicado foi febendazole ou ivermectina e nos casos de Isospora sp a terapêutica recomendada foi a sulfa. Concordando com ARAÚJO (2006), FARIAS et al. (2013), RODRIGUES et al. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 20 179 (2014) e RIBEIRO, et al. (2015), o gênero Ancylostoma é o mais prevalente. Sua importância se dá pelo fato de seu alto potencial zoonótico, onde o ser humano se infecta ao entrar em contato com larvas do parasito e este desenvolver a doença denominada Larva migrans cutânea (LMC), causando uma dermatite pruriginosa, perigo maior para crianças que tem o hábito de brincar em areia de parques infantis e de suas próprias casas, constituindo um grande problema para saúde pública. Em animais o parasito causa deficiência de ferro, anemia e perda de peso (RIBEIRO et al., 2015). No presente estudo Toxocara spp foi o parasita de segunda maior prevalência corroborando com também estudo de RODRIGUES et al. (2014). Esse parasito é responsável pela Larva migrans visceral, onde o ser humano se infecta ao ingerir ovos em solos ou alimentos contaminados. A larva desse parasito não consegue atingir a maturidade e por isso fica migrando erraticamente órgãos internos, acometendo principalmente fígado e olhos (RODRIGUES et al., 2014; RIBEIRO et al., 2015). Os resultados para Dipylidium caninum podem ser maiores devido ao fato desses parasitos eliminarem nas fezes mais proglotes que ovos. Os animais se infectam ao ingerirem pulgas (Ctenocephalides canis, C. felis e Pulex irritans) que atuam como hospedeiros intermediários, contendo cisticercóides. Sua maior importância clínica é recorrente ao incômodo pela reação pruriginosa na região anal (ARAÚJO, 2006; URQUHART et al., 2008). A infecção por Strongyloides spp se dá pela penetração ativa da larva na pele ou pela ingestão da mesma. Geralmente trata-se de uma infecção rápida e assintomática, não ocasionando danos maiores, mas é considerado um problema de saúde pública pelo seu alto potencial zoonótico (RIBEIRO et al, 2015). Quanto ao parasitismo por Isospora spp, muito provavelmente o cão acometido se alimenta de restos de comida, que podem estar contaminados, e além disso está mais exposto aos hospedeiros paratênicos (LINDSAY et al., 1997). Através das perguntas do questionário foi possível esclarecer alguns hábitos que estão intimamente relacionadas a prevalência de parasitoses, como se o animal se alimenta exclusivamente de ração, o local onde se alimenta, se a água consumida é filtrada, se o animal é vermifugado e qual a frequência que isso ocorre e se apresenta ectoparasitos. Constatamos que 100% dos entrevistados não ofereciam água filtrada e que cerca de 75% dos animais estavam com o calendário antiparasitário atrasado e/ ou deficiente e assim podemos correlacionar com a incidência de parasitos intestinais encontrada. Procedemos também com esclarecimentos e recomendações sanitárias pertinentes sobre a importância das parasitoses intestinais para os cães e o homem em forma de palestra, para alunos do Ensino Fundamental I e II e professores do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, visando melhorias na qualidade de vida da população jataiense. Pois segundo COLLARES E MOISÉS (1989) a escola é o local onde os programas de educação e saúde podem ter maior e melhor repercussão Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 20 180 porque podem abordar e influenciar o educando nas fases mais importantes de suas vidas. 5 | CONCLUSÃO Com esse estudo podemos concluir a importância no diagnóstico das parasitoses afim de trata-las e preveni-las visando a qualidade de vida tantos dos animais quanto do homem, devido ao fato que a maioria dessas parasitoses serem de caráter zoonótico. Salientamos também a importância do médico veterinário e a parceria entre a universidade e a população local para o controle e prevenção desses parasitos. REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. V. Helmintoses intestinais em cães da microrregião de Viçosa, Minas Gerais. Revista Ceres. Viçosa, v. 53, n. 307, p. 363-365, 2006. BARNABE, A. S.; FERRAZ, R. R. N.; CARVALHO, V. L.; MENEZES, R. G.; SILVA, L. F. C.; KATAGIRI, S. Prevalência de parasitas intestinais em cães domiciliados na zona oeste da região metropolitana de São Paulo. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa. Santos, v. 12, n. 27, p. 28-31, abr./ jun. 2015. COLLARES, C. A. L.; MOISÈS, M. A. Educação, saúde e Formação da Cidadania. Revista Educação e Sociedade, v, 10 n. 32, abr. 1989. FARIAS, A. N. S.; SILVA, M.; OLIVEIRA, J. B. S.; ROCHA, L. B.; SANTOS, K. R. Diagnóstico de parasitos gastrointestinais em cães do município de Bom Jesus, Piauí. Rev. Acad. Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba, v. 11, n. 4, p. 431-435, 2013. HOFFMAN, W. A.; PONS, J. 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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 273p. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 20 181 CAPÍTULO 21 doi RENDIMENTO CORPORAL DE CYPHOCHARAX VOGA Welinton Schrӧder Reinke Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Daiane Machado Souza Pelotas, Rio Grande do Sul Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Suzane Fonseca Freitas Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Paulo Leonardo Silva Oliveira Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Agronomia Pelotas, Rio Grande do Sul Deivid Luan Roloff Retzlaff Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Luana Lemes Mendes Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Josiane Duarte de Carvalho Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Pelotas, Rio Grande do Sul Rafael Aldrighi Tavares Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 RESUMO: A espécie Cyphocharax voga tem grande ocorrência em lagoas costeiras da América Sul e no estado do Rio Grande do Sul. É uma espécie de pequeno porte, com baixo ou nenhum valor comercial, sendo capturados de forma incidental junto aos peixes de importância econômica. Estudos relacionados aos rendimentos obtidos do peixe é de importância econômica tanto para indústrias de processamento de pescado quanto para os pescadores. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo obter o rendimento da espécie Cyphocharax voga em 2 locais (Lagoa Mangueira e Canal São Gonçalo), para verificar seu potencial para uma possível aceitação no mercado consumidor. Os peixes foram encaminhados ao laboratório para serem processados. Nas biometrias obteve-se o comprimento total (CT) em centímetros, peso total (PT), peso do filé (PF) e peso do tronco limpo (PTL) em gramas. Para obtenção do rendimento de filé (RF) e rendimento de tronco limpo (RTL) foram utilizadas as seguintes equações, respectivamente: RF=PF/PT*100 e Capítulo 21 182 RTL=PTL/PT*100. Após obter os resultados de rendimento foi calculado a média e o desvio padrão, a análise estatística foi feita pelo programa BioEstat 5.0, comparando os resultados dos locais onde foram feitas as coletas. Apresentou (RF) de 35,32% e 37,32% e (RTL) de 47,57% e 47,23% no Canal São Gonçalo e Lagoa Mangueira, respectivamente. Pode-se observar que não houve diferença significativa em nenhuma variável e que a espécie tem potencial para comercialização, apresentando rendimentos semelhantes aos de espécies comerciais. PALAVRAS-CHAVE: birú; fauna acompanhante; pesca artesanal. ABSTRACT: The species Cyphocharax voga has great occurrence in coastal lagoons of South America and in the state of Rio Grande do Sul. It is a small species, with little or no commercial value, being captured incidentally with fish of economic importance. Studies related to fish yields are of economic importance both for fish processing industries and for fishermen. Therefore, the present work aimed to obtain the yield of the species Cyphocharax voga in two locations (Mangueira lagoon and São Gonçalo Channel) to verify its potential for a possible acceptance in the consumer market. The fish were sent to the laboratory for processing. In the biometrics, the total length (CT) in centimeters, total weight (PT), fillet weight (PF) and clean torso weight (PTL) in grams were obtained. To obtain fillet (RF) yield and clean trunk yield (RTL), the following equations were used, respectively: RF = PF / PT * 100 and RTL = PTL / PT * 100. After obtaining the yield results the mean and the standard deviation were calculated, the statistical analysis was done by the program BioEstat 5.0, comparing the results of the places where the collections were made. It presented (RF) of 35.32% and 37.32% and (RTL) of 47.57% and 47.23% in the São Gonçalo Channel and Mangueira lagoon, respectively. It can be observed that there was no significant difference in any variable and that the species has potential for commercialization, presenting yields similar to those of commercial species. KEYWORDS: birú; accompanying fauna; fishing. 1 | INTRODUÇÃO A família Curimatidae envolve várias espécies de peixes popularmente conhecidas na região como birú, segundo Corrêa e Piedras (2008). A espécie Cyphocharax voga (HENSEL, 1869) tem grande ocorrência em lagoas costeiras da América Sul e no estado do Rio Grande do Sul. Seu corpo é coberto de escamas de cor prateada, com pequenas manchas escuras na parte dorsal, de maior visualização em animais juvenis (CORRÊA et al., 2010). Conforme Enke (2008), o birú é uma espécie de pequeno porte, com baixo ou nenhum valor comercial. Sendo os mesmos capturados de forma incidental junto aos peixes de importância econômica destinados a comercialização, sua ocorrência é muito comum nas lagoas Mangueira e no Canal São Gonçalo. O Canal São Gonçalo está inserido na bacia hidrográfica da Lagoa Mirim, tendo Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 21 183 uma extensão de aproximadamente 76km, com largura média de 240 metros, ligando a Lagoa Mirim à Laguna dos Patos (SOUZA, 2015). A Lagoa Mangueira é parte integrante da bacia hidrográfica da Lagoa Mirim, tendo sua localização na parte leste do extremo sul do Brasil, onde residem diversas famílias que atuam na atividade pesqueira (BRITTO et al., 2014). Estudos relacionados aos rendimentos obtidos do peixe é de importância econômica tanto para indústrias de processamento de pescado quanto para os pescadores (HONORATO et al., 2014). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo obter o rendimento da espécie Cyphocharax voga em 2 locais (Lagoa Mangueira e Canal São Gonçalo), para verificar seu potencial para uma possível aceitação no mercado consumidor. 2 | METODOLOGIA Os peixes foram capturados em dois locais: Canal São Gonçalo (52°23’18.06”O 31 e 31°48’39.06”S) e Lagoa Mangueira (33° 9'18.93"S e 52°48'33.58"O). Sendo capturados 20 peixes no Canal São Gonçalo e 15 na Lagoa Mangueira. Em seguida os exemplares foram etiquetados, congelados e encaminhados ao Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, onde foram processados. Nas biometrias foram utilizados os seguintes utensílios: ictiômetro, paquímetro digital, balança de precisão 0,01g, faca, pinça, tesoura e bisturi. A partir deste procedimento, obteve-se o comprimento total (CT) em centímetros, peso total (PT), peso do filé (PF) e peso do tronco limpo (PTL) em gramas, sendo que o PTL é obtido através da evisceração, retirada da cabeça, pele e nadadeiras. Para obtenção do rendimento de filé (RF) e rendimento de tronco limpo (RTL) foram utilizadas as seguintes equações, respectivamente: RF=PF/PT*100 e RTL=PTL/ PT*100. Logo após obter os resultados de rendimento foi calculado a média e o desvio padrão, a análise estatística foi feita com o auxílio do programa BioEstat 5.0, assim comparando os resultados dos dois locais onde foram feitas as coletas. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores referentes ao rendimento de filé, rendimento de tronco limpo e parâmetros morfométricos da Cyphocharax voga capturadas em diferentes locais estão descritos na Tabela 1. Não houve diferença significativa em nenhuma variável. Variáveis Canal São Gonçalo Lagoa Mangueira p<0,05 Comprimento total (cm) 19,17 ± 1,96 19,33 ± 1,93 0,8139 Peso total (g) 112,88 ± 37,01 114,2 ± 37,91 0,9185 Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 21 184 Peso do filé sem pele (g) 39,55 ± 13,65 41,82 ± 11,02 0,6110 Peso do tronco limpo (g) 53,67 ± 18,57 53,52 ± 16,61 0,9679 Rendimento do filé (%) 35,32 ± 6,39 37,32 ± 3,70 0,2520 Rendimento do tronco limpo (%) 47,57 ± 6,47 47,23 ± 4,87 0,8659 Tabela 1- Valores médios da composição corporal e rendimentos da Cyphocharax voga em dois locais. Por não existir na literatura estudos sobre rendimento corporal da espécie estudada neste trabalho, os resultados foram comparados com espécies nativas e exóticas, sendo estas de valor comercial. De acordo com Milani e Fontoura (2007) mesmo não apresentando importância econômica, a voga apresenta capturas numerosas, contribuindo com até 30% dos indivíduos capturados na pesca em determinadas epocas do ano. Sendo a Cyphocharax voga uma espécie da fauna acompanhante que é capturada na mesma malha da viola (Loricariichthys anus), espécie nativa de alto valor econômico segundo Britto et al. (2014), observou-se rendimento de filé de 34,15%, semelhante ao encontrado neste estudo. Comparando os resultados deste trabalho, no qual os exemplares apresentaram pesos médios inferiores ao estudo de Silva et al. (2009) que avaliou tilápias (Oreochromis niloticus) com pesos entre 250 e 600 gramas, pode-se observar superioridade no rendimento de filé (34,18%). Quanto ao rendimento de tronco limpo os autores obtiveram rendimento de 59,10%, mostrando-se superior ao encontrado neste estudo. De acordo com Scorvo Filho et al. (2010) a tilápia apresenta excelente desempenho zootécnico, possuindo linhagens melhoradas geneticamente que ainda continuam sendo estudadas e melhoradas, e ainda assim, quanto ao rendimento de filé, a espécie foco desta pesquisa se mostra superior. 4 | CONCLUSÕES A espécie Cyphocharax voga apresenta potencial para comercialização, apresentando rendimentos semelhantes aos de espécies comerciais. REFERÊNCIAS BRITTO, A. C. P. DE; ROCHA, C. B; TAVARES, R. A; FERNANDES, J. M; PIEDRAS, S. R. N; POUEY, J. L. O. F. Rendimento corporal e composição química do filé da viola (Loricariichthys anus). Cienc. Anim. Bras., Goiânia, v. 15, n. 1, p. 38-44, jan/mar. 2014. CORRÊA, F.; PIEDRAS, S. R. N. Alimentação de Cyphocharax voga (Hensel, 1869) (Characiformes, Curimatidae) no Arroio Corrientes, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Biotemas, v. 21, n. 4, p. 117-122, dez. 2008. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 21 185 CORRÊA, F.; ROCHA, B. H. G; PIEDRAS, S. R. N. Estudo isoenzimático em Cyphocharax voga (Hensel, 1869) (Characiformes, Curimatidae) no Arroio Corrientes, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Eletrônica de Biologia, v. 3, n. 4, p. 106-124, 2010. ENKE, D. B. S. Processamento de silagem química de Cyphocharax voga e sua utilização em dietas de alevinos e juvenis de jundiá (Rhamdia quelen). Pelotas, 2008, 78f. Tese (doutorado) – Programa de Pós-graduação em Zootecnia. Universidade Federal de Pelotas, 2008. HONORATO, C. A; SMERMAN, W.; ANGÉLICI, A. F; DAL BEM, C. R. Efeito das classes de peso sobre o rendimento de processamento de tucunaré (Cichla sp.). Scientia Agraria Paranaensis – Sap, Mal. Cdo. Rondon, v. 13, n. 1, p. 65-70, jan./mar. 2014. MILANI, P. C. C; FONTOURA, N. F. Diagnóstico da pesca artesanal na Lagoa do Casamento, sistema nordeste da Laguna dos Patos: uma proposta de manejo. Biociências, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 82-125, jan. 2007. SCORVO FILHO, J. D; SCORVO, C. M. D. F; ALVES, J. M. C; SOUZA, F. R. A. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 21 186 CAPÍTULO 22 doi SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO AQUÍCOLA PARA INCUBAR EMBRIÃO DE POLVOS Octopus vulgaris TIPO II Clara Luna de Bem Barreto Cano Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina Luciana Guzela Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina Penélope Bastos Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina Cláudio Manoel Rodrigues de Melo Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina Débora Machado Fracalossi Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina Carlos Rosas Vásquez Unidad Multidisciplinaria de Docencia y Investigacion, Universidade Nacional Autonoma do México Katt Regina Lapa Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis - Santa Catarina RESUMO: O polvo Octopus cf. vulgaris é um Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 importante recuso pesqueiro na região sudestesul do Brasil. Devido ao elevado valor comercial e características zootécnicas favoráveis à aquicultura, é uma espécie com grande potencial para diversificar a maricultura. Um dos entraves no cultivo de polvos é a padronização dos sistemas de cultivo para a manutenção destes em laboratório. Para garantir o controle das variáveis limnológicas e otimizar o uso de espaço físico e água em laboratório, é imprescindível a manutenção dos embriões em sistema de recirculação. Para avaliação da viabilidade das incubadoras foram utilizados dados de qualidade de água (amônia, nitrito, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade e temperatura), além de dados morfométricos do embrião (comprimento do manto (ML), comprimento do braço (AL), comprimento do embrião (ETL)). Os parâmetros de qualidade de água apresentaram valores considerados dentro da normalidade aceitáveis para o cultivo de O. vulgaris, para os dados morfométricos, estes não diferiram estatisticamente entre embriõs mantidos com a fêmea e os mantidos em sistema de recirculação. Os resultados obtidos até o momento são favoráveis para viabilizar uma incubadora para o desenvolvimento embrionário de ovos pequenos de polvos, sem cuidado parental. O objetivo do presente projeto foi montar e validar um sistema de incubação de ovos de Octopus cf. vulgaris mantidos em Capítulo 22 187 sistema de recirculação. 1 | INTRODUÇÃO O cenário para o desenvolvimento e inovação do setor da maricultura no Brasil é otimista, especialmente pela diversidade das regiões litorâneas, com uma costa de aproximadamente 8.000 km (IBGE, 2011), e pelas espécies nativas com potencial de criação. Atualmente 109 espécies de moluscos são produzidas comercialmente em cativeiro, sendo responsáveis por 2% do total da produção aquícola segundo a FAO (2018). Porém esta atividade ainda é pouco explorada e baseada em poucas espécies como os mexilhões, as ostras e vieiras. Os polvos (Octopus spp.) são espécies emergentes para diversificação da aquicultura, dentre as principais espécies, a de maior destaque é o Octopus vulgaris, pois apresentam características zootécnicas favoráveis ao cultivo como rápido crescimento, elevada fecundidade, fácil adaptação ao ambiente de criação, rusticidade e ciclo de vida curto (IGLESIAS et al., 2014; MAZÓN et al., 2007). No cenário atual, a tendência para otimização do uso da água, redução de espaço físico e custos com bombeamento, bem como o compromisso com o tratamento da água residual leva a necessidade do uso de sistema de recirculação. A produção depende diretamente da qualidade da água e o cultivo neste tipo de sistema permite maior controle dos parâmetros que são essenciais para promover crescimento, sobrevivência, reprodução e manutenção durante os estágios ontogênicos iniciais do ciclo de vida, adequados ao cultivo sustentável (MAZÓN et al., 2007). Para a montagem do sistema, deve-se considerar as particularidades da espécie à ser cultivada e sua fase do ciclo de vida. Sistemas de recirculação aquícola já são utilizados mundialmente com sucesso para incubação de ovos e larvicultura de diversas espécies como camarão (Sun, 2009; Maicá et al. 2014; Valenti et al. 2009), ostras (Dybas et al. 2014), reversão sexual de tilápia (Abucay et al. 1999), entre outros. Uma das principais problemáticas para o cultivo de polvo é a ausência de padronização dos sistemas de cultivo e as altas mortalidades na fase inicial do ciclo de vida, o que torna importante a busca por a um sistema de incubação adequado para o desenvolvimento embrionário. Além, disso durante a incubação, as fêmeas de Octopus vulgaris não se alimentam devido ao cuidado parental e utilizam suas próprias reservas para manutenção corporal, o que faz com que emagreçam e percam qualidade nutricional e valor de mercado. O uso de incubadora artificial é uma excelente solução para garantir o manejo massivo dos ovos, a viabilidade dos embriões e reduzir espaço físico. O processo de incubação requer densidade de ovos apropriada, aeração e fluxo de água, as quais são cruciais para promover adequada oxigenação (Vidal e Boletzky, 2014). Incubadoras são utilizadas com sucesso para o polvo Octopus maya, espécie endêmica da Península de Yucatán (México), que possui ovos grandes e paralarvas Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 188 holobentônicas. Ainda que o Octopus vulgaris seja alvo de diversos estudos e seja considerado como modelo para o cultivo de polvos em diversos aspectos, não se tem registro de uso de incubadoras artificiais que promovam crescimento adequado para esta espécie, que possui ovos pequenos e paralarvas plantônicas. Através do desenvolvimento de sistemas de recirculação, buscando um maior controle sobre a fase embrionária, poderá se obter melhores condições para desenvolver uma posterior etapa como a larvicultura em laboratório de forma sustentável para a espécie Octopus vulgaris Tipo II. Estas informações são muito importantes porque servem de base para viabilizar o cultivo, beneficiando comunidades pesqueiras tradicionais, evitando a captura desses animais abaixo do tamanho permitido na legislação brasileira e diminuindo a pressão sobre os estoques naturais. Além de permitir a produção durante todo o ano por ser um sistema controlado. A partir disso, o objetivo deste trabalho foi montar e avaliar um sistema de incubadoras para embriões de Octopus vulgaris Tipo II, em sistema de recirculação, com hidrodinâmica adequada que promovesse a limpeza e oxigenação dos ovos. Para isso, foram analisadas as variáveis morfométricas dos embriões mantidos 1) com o cuidado da fêmea em sistema aberto; 2) em sistema de recirculação em ambiente controlado. 2 | MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Camarões Marinhos, da Universidade Federal de Santa Catarina (LCM/UFSC). 2.1 Sistemas Experimentais Uma fêmea com ovos (Figura 1) foi mantida em um tanque cilindro-cônico (64x40x38) com volume útil de 100 L, taxa de renovação de 12.000%.dia-1, entrada de água inferior, saída de água superior, a uma altura do chão de 60 cm, com abrigo de PVC de 20 cm, aeração constante por airlift e fotoperíodo de 10 h. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 189 Figura 1: Fêmea no abrigo com as pencas de ovos Ovos desta mesma fêmea (Figura 1) foram mantidos em um sistema de recirculação de água contendo 3 unidades de cultivo retangulares (dimensões: 65 cm, 33 cm, 34 cm) com volume útil de 70 L cada, reator UV com lâmpada de 5 W, controlador de temperatura, reservatório de 140 L com aeração constante, filtro tipo bag de 200 µm e motobomba para manutenção da taxa de renovação de 1.000 % ao dia (Figura 2). O sistema foi preenchido com água marinha tratada previamente com filtros de cartucho com porosidade de 0,5 µm e desinfeção com reator UV com lâmpada de 35 W. O fluxo de água era no sentido perpendicular a disposição dos ovos dentro das incubadores, sendo que a água entrava na porção inferior e saia na porção superior do tanque de cultivo, conforme pode ser visto na figura 3. Durante o experimento foram monitorados os seguintes parâmetros de qualidade de água: diariamente temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido, e semanalmente foram coletadas amostras de água para realização de análises de nitrogênio na forma de amônia e nitrito, além de pH e alcalinidade. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 190 2.2 Coleta, Aclimatação, e Reprodução dos Polvos Os animais foram capturados em ambiente natural ao sul de Florianópolis/SC e transportados ao laboratório, no qual foram aclimatados em tanques de fibra com fluxo contínuo aberto de água marinha. Os tanques possuíam volume útil de 5 m³, com iluminação para controle de fotoperíodo de 10 h, com a cor da lâmpada amarela, taxa de renovação de 200% para aclimatação e reprodução para obtenção dos ovos. A dieta ofertada aos polvos foi um mix de carnes de siri e mexilhão na proporção de 50% siri (Callinectessp) e 50% mexilhão (Perna perna) à 10% da biomassa, duas vezes ao dia. Após cópula, as fêmeas foram mantidas individualmente em tanques cilindro-cônicos com volume útil de 100 L, com fluxo de água marinha regulados para vazão de 12.096 L.d-1. A saída de água era por dreno central superior, a uma altura do chão de 60 cm, contando com um refúgio com diâmetro de 20 cm que permitia a retirada dos ovos com facilidade. A limpeza dos resíduos sólidos acumulados na água foi realizada diariamente por drenagem central inferior. 2.3 Povoamento Após a postura, para cada incubadora foram suspensas 15 pencas de ovos em cordas de nylon com aproximadamente 9 cm abaixo da superfície, de modo que o fluxo de água provocasse movimentos suaves às pencas de ovos. Estas foram cuidadosamente retiradas das fêmeas com o auxílio de pinças e transferidos para as incubadoras (Figura 4), de modo que ficassem suspensos em fios de nylon, garantindo que todos os ovos fiquem completamente imersos, em fluxo contínuo de água marinha (Figura 5). Figura 4: Imagens das pencas de ovos recém coletadas das fêmeas e depositadas em placas para preparação do experimento Figura 5: Imagens das pencas no sistema 2.4 Manejo de Água Diariamente foi feita a limpeza da água por sifonamento das incubadoras. A reposição de água era realizada periodicamente devido as perdas por evaporação e limpeza do sistema. No sistema com a fêmea a limpeza foi feita diariamente através de dreno central inferior. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 191 2.5 Caracterização das Medições do Embrião A cada 5 dias, foram coletadas três pencas de ovos de cada sistema para identificar os estágios de desenvolvimento e medição dos embriões em microscópio. Os embriões foram identificados segundo Naef (1928) e caracterizados morfometricamente por medições no comprimento do manto (ML), comprimento do braço (AL), comprimento do embrião (ETL). As imagens foram obtidas por uma câmera fotográfica ZEISS Axiocam ERc 5s acoplada em microscópio invertido ZEISS Promovert com objetiva 4x e software de imagem ZEISS ZEN 2011. As medidas foram realizadas pelo programa de domínio público ImageJ versão 1.51j8. Foi realizada uma análise de variância ANOVA One-way para verificar se os sistemas de incubação influenciaram as variáveis morfométricas dos embriões, ao nível de significância de 5%, no software Statistica 7. 3 | RESULTADOS E DISCUSÃO Após a montagem dos sistemas de recirculação para o desenvolvimento embrionário dos polvos sem o cuidado parental, foram feitos testes para ajustes de estanqueidade e aferição do fluxo de água. Os sistemas mantiveram-se funcionando durante uma semana antes do povoamento, a fim de verificar se o controle de temperatura da forma que foi previsto estava funcionando. Nestes dias, a temperatura foi aferida duas vezes ao dia para confirmar sua estabilidade e confiabilidade, para que na sequência o povoamento fosse efetuado. O filtro fisico que era instalado diretamente na saída das incubadoras foi substituido por um filtro shark bag na entrada do reservatório, o que melhorou a eficiência e retirada da matéria orgânica, pois antes causava entupimento e elevação do nível de água das caixas. Pelos resultados apresentados, os valores de amônia foram maior nas incubadoras (Tabela 1), onde durante o funcionamento do sistema, verificou-se que as concentrações de amônia aumentou de 0,03 para 0,22 mg.L-1. Isso se deu provavelmente pela solubilização de matéria orgânica na água. Assim, foi instalado no reservatório dos sistemas um filtro biológico com área superficial especifica de 270 m2 e inoculado cepas de bactérias comerciais que promoveram a desamonificação dos sistemas, reduzindo os níveis de amônia para 0,08 mg.L-1. No entanto, os valores continuaram a aumentar (Figura 6) provavelmente porque a atividade metabólica dos embriões aumentam após a organogênese, possivelmente ocorrendo algum tipo de excreção feita pelos embriões através da capsula do ovo. Assim, sugere-se que novos estudos sejam realizados para comprovar essa hipótese. Os valores médios de Amônia (0,226 mg N-NH3,4.L-1) e Nitrito (0,007 mg.L1 ) encontrados no presente estudo estão bem abaixo dos encontrados como letais (DL50) por Feyjoo et. al. 2010, no qual a concentração de amônia (10,7 ppm de NH3) e Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 192 nitrito (19,9 ppm de NO2) tiveram um efeito claramente negativo sobre a sobrevivência das paralarvas. Esses compostos afetam diretamente o sistema nervoso do animal e sua energia disponível, resultando em uma queda em sua capacidade de manter a resposta a estímulos, tornando-se geralmente menos responsivos (Feyjoo et. al. 2010). Figura 6: Concentração de amônia ao longo do desenvolvimento dos embriões de O. vulgaris Tipo II mantidos nas incubadoras. As temperaturas, salinidade e o oxigênio dissolvido se mantiveram estáveis em ambos os sistemas ao longo do período de cultivo. Os parâmetros de qualidade de água apresentaram valores considerados dentro da normalidade aceitáveis para o cultivo de Octopus vulgaris (Tabela 1), como os apresentados por Vidal et. al. 2014 onde a faixa ideal de temperatura pode variar de 10°C a 28°C, a salinidade deve ficar entre 27 PSU e 35 PSU, sendo que fora dessa faixa pode ser fatal para cefalópodes, e também cita que ovos e paralarvas são extremamente sensíveis ao pH, que deve se manter na faixa de 7.8 a 8.2. Incubadoras Fêmea 22,3±0,6 21,4±1,8 35,1±0,90 33,6±0,70 Oxigênio dissolvido (mg.L ) 7,47±0,43 7,36±0,48 Amônia (mg N-NH3,4.L-1) 0,226±0,29 0,112±0,24 Nitrito (mg.L-1) 0,007±0,003 0,004±0,002 Alcalinidade (mg.L-1 CaCO3) 136±4,989 138±3,969 pH 8,22±0,047 8,26±0,1 Temperatura (°C) Salinidade (PSU) -1 Tabela 1 Parâmetros de qualidade de água aferidos ao longo do desenvolvimento dos embriões de O. vulgaris Tipo II mantidos com a fêmea e nas incubadoras. Valores de média e desvio padrão. Ambos os sistemas foram eficientes na movimentação e limpeza dos ovos, visto que é da natureza da fêmea promover a ventilação e limpeza dos ovos através da Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 193 expulsão de jatos de água e movimentação dos braços. Desta forma, a entrada inferior de água nas incubadoras e o fluxo contínuo forneceu oxigênio suficiente aos embriões evitando a proliferação de perifiton e agentes patogênicos na superfície dos ovos. A potência da lâmpada UV pareceu ser suficiente para manter o controle patogênico da água para eficiente eclosão dos ovos. As relações entre as variáveis morfométricas, comprimento do manto (ML) x comprimento total do embrião (ETL) e comprimento do braço (AL) x comprimento total do embrião (ETL) não apresentaram diferenças estatísticas entre os embriões mantidos com a fêmea e nas incubadoras, demonstrando que os embriões mantidos no sistema de incubadoras cresceram na mesma taxa que os mantidos com a fêmea. Figura 1 Relação entre comprimento do manto (ML) e comprimento total do embrião (ETL) entre os estágios de desenvolvimento do O. vulgaris Tipo II. N= 126. F=0,124. P=0,74. Figura 2 Relação entre o comprimento do braço (AL) e comprimento total do embrião (ETL) entre os estágios de desenvolvimento do O. vulgaris Tipo II. N=126. F=1,319. P=0,31. 4 | CONCLUSÃO Isso demonstra que as incubadoras em sistema de recirculação tiveram hidrodinâmica adequada para fornecer a limpeza e oxigenação dos ovos, sem proliferação de perifiton ou microrganismos patogênicos como víbrios e fungos nos embriões. Podemos concluir que as incubadoras mostraram-se viáveis para Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 22 194 manutenção dos ovos de O. vulgaris Tipo II, garantindo maior controle térmico e qualidade da água com baixo input de amônia, proporcionando desenvolvimento embrionário adequado com menor consumo de água e redução de espaço. Os resultados obtidos até o momento são favoráveis para viabilizar uma incubadora para o desenvolvimento embrionário de ovos pequenos de polvos, sem cuidado parental. REFERÊNCIAS Abucay, J. S.; Mair, G.C.; Skibinski, D.O.F.; Beardmore, J.A. Environmental sex determination: the effect of temperature and salinity on sex ratio in Oreochromis niloticus L. Aquaculture, v.173, p.219234, 1999. 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Num mundo cada vez mais conectado, o acesso às informações e o seu compartilhamento ficou mais fácil e com isso o consumidor questiona mais sobre a origem do produto e vem buscando alternativas mais saudáveis, com maior qualidade e de empresas que se preocupam com o bem-estar animal. Atentos a esse comportamento, granjas e fazendas estão mudando a forma de criação dos animais com práticas mais responsáveis e humanitárias. Isso tem trazido benefícios não só para os animais, como também para os produtores, para o meio ambiente e para o consumidor final. Baseado nisso, foi realizado um estudo de caso para analisar como está a oferta de produtos oriundos de processos de produção com bem-estar animal no Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 varejo brasileiro. A pesquisa foi feita em um supermercado da rede Pão de Açúcar e o que se pode verificar é que produtos certificados têm maior valor agregado e apresentam preço mais elevado que os convencionais e estão restritos a algumas categorias de alimentos, ou seja, as boas práticas nos sistemas de produção ainda precisam alcançar outras espécies e categorias de animais a fim de aumentar essa variedade de produtos. Assim, com um consumidor mais atento e com o reforço da comunicação do varejista com os seus clientes, esses produtos se tornarão mais presentes na mesa do consumidor. PALAVRAS-CHAVE: Consumidor. Frango. Ovos. ABSTRACT: It is known that awareness of the practices carried out in animal production systems is increasing every day among consumers. In an increasingly connected world, access to information and its sharing has become easier and as a result, consumers are questioning more about the origin of the product and are looking for healthier, higher quality alternatives and companies that care about animal welfare. Aware of this behaviour, farms are modifying the way animals are raised with more responsible and humanitarian methods. This has brought benefits not only to the animals, but also to the producers, to the Capítulo 23 197 environment and to the end consumer. Based on this, a case of study was performed to analyze how is the offer of products from animal welfare production processes in Brazilian market. The research was done in a supermarket of Pão de Açúcar and what could be verified was that certified products have higher added value and are priced higher than conventional ones and are restrict to some categories of food, that is, the good practices in the production systems still need to reach other types and categories of animals with the purpose of increase this variety of products. Thus, with a consumer more aware and with the reinforcement of communication from the retailers, these products will become more common in the consumer’s dinner table. KEYWORDS: Consumer. Broiler. Eggs. 1 | INTRODUÇÃO Com a facilidade de acesso às informações e à sua disseminação, o consumidor vem se conscientizando cada vez mais sobre as práticas realizadas nos sistemas de produção animal. Com isso, empresas já passam a disponibilizar algumas linhas de produtos com o selo que atesta o cumprimento de boas práticas na criação dos animais. Entre as categorias de produtos existentes estão ovos, laticínios e as carnes (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. a). Tanto na produção de frangos como na de ovos, não se tem o uso de antibióticos. Nesse sistema de criação, as aves são criadas livres de gaiolas, com acesso às áreas externas, recebem ração com alimentos de origem vegetal, livre de antibióticos e livre de transgênicos. A produção pode ainda ser realizada no sistema orgânico, os ovos podem ser enriquecidos com ômega 3, selênio e um complexo de vitaminas (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. b). Na produção do leite, as vacas são confinadas ao ar livre, no chão batido e contam com árvores para o sombreamento e espaço livre suficiente para o bemestar do rebanho. Assim como na criação de aves, não há a utilização de antibióticos, hormônios e subprodutos de origem animal em qualquer alimento que é oferecido ao gado (MEQ, s.d.). Outros exemplos de produtos certificados são aqueles utilizados na panificação e confeitaria, como os ovos desidratados, pasteurizados e fermento biológico. Nesses casos, a empresa, apesar de não ter animais no seu processo de produção, adquire a matéria prima apenas de fazendas e granjas que utilizam práticas responsáveis e humanitárias na criação dos animais (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. c). No bem-estar animal, são envolvidas práticas relacionadas à sanidade, ambiência, manejo, nutrição, ao gerenciamento na produção e aos cuidados no transporte e abate. O Conselho do Bem-estar de Animais de Produção do Reino Unido (Farm Animal Welfare Council – FAWC) desenvolveu os critérios das cinco liberdades fundamentais. Os animais devem ser: a) livres de fome e sede; b) livres de desconforto; c) livres de dor, ferimentos e doenças; d) livres para expressar seu comportamento natural; e) Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 198 livres de medo e angústia (SANTIAGO, 2018). A fim de atender a esses critérios, o sistema de produção deve proporcionar um ambiente agradável aos animais, onde estejam protegidos de predadores e intempéries climáticas como chuva e vento, com controle térmico, acesso à água de qualidade, à uma alimentação balanceada e a espaço adequado para que possam expressar seus comportamentos naturais, tanto em áreas de confinamento quantos nas áreas externas. Com essas condições, reduz-se o número de brigas já que não há a necessidade de disputa por espaço, água e comida, e com isso, diminui a ocorrência de machucados e hematomas nos animais. Em caso de ferimentos e doenças, eles devem ser tratados prontamente de forma humanizada para evitar o sofrimento. Um outro fator importante é a preparação dos funcionários. Estes, quando pouco preparados e preocupados com a qualidade de vida do rebanho, tendem a bater nos animais e os submetem a outros tipos de maus tratos para acelerar a movimentação entre os locais. Esse manejo mal feito e a falta de cuidado podem provocar danos físicos, mentais e comportamentais no animal (CERTIFIED HUMANE BRASIL, 2018). Para ajudar na identificação desses produtos, o consumidor pode buscar por dois selos, o da Certified Humane e o da WQS (World Quality Services, s.d.). No Brasil, o representante da Humane Farm Animal Care, uma organização internacional sem fins lucrativos de certificação voltada para a melhoria da vida das criações animais na produção de alimentos, desde o nascimento até o abate, é o Instituto Certified Humane. Um dos principais objetivos das suas normas é garantir que os animais expressem seus comportamentos naturais, sem gaiolas (cage-free) ou confinamentos de movimentos, permitir que tenham uma alimentação nutritiva e específica da espécie, sem subprodutos de origem animal, proibir o uso de antibióticos e hormônios promotores de crescimento, garantir um ambiente de moradia adequado e fornecer programas de formação para todos os tratadores de animais nas fazendas e granjas e normas para abate humanitário (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. d). Assim como a Certified Humane, a WQS também certifica o bem-estar animal, com o enfoque em garantir que a alimentação seja estritamente de origem vegetal, que não tenha a utilização de antibióticos nem melhoradores de desempenho e que a rastreabilidade do produto seja mantida em toda a cadeia produtiva (WQS, s.d.). Os bons resultados que se obtém ao garantir a qualidade de vida dos animais vão se acumulando ao longo de todo o processo de produção, do nascimento ao abate, até a chegada dos produtos para o consumidor. Além dos benefícios para os animais, que vivem de forma mais saudável e ativa, é menos danoso para o meio ambiente e mais rentável para o produtor. Animais criados com conforto e bem-estar adoecem menos, ganham peso mais rápido, diminuindo os custos e elevando as receitas. Comparado aos sistemas intensivos de criação, há um menor consumo de alimento, água e combustível, reduzindo os gastos e o impacto ambiental. Além disso, as emissões dos gases do efeito estufa também são menores quando os animais estão mais saudáveis e dispõem de melhores condições de bem-estar (ALLTECH, 2016). Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 199 Dessa forma, granjas, fazendas e indústrias alimentícias ganham eficiência, melhoram a qualidade do produto, que passa a ter um maior valor agregado e aumentam a competitividade e a sua participação no mercado. Atitudes como essas conquistam a admiração e preferência do consumidor (CERTIFIED HUMANE BRASIL, s.d. e). A pedido da World Animal Protection, a Ipsos realizou uma pesquisa no primeiro semestre de 2016 para identificar a percepção do consumidor sobre o bem-estar animal na América Latina. Dos brasileiros entrevistados, 82% deles comprariam produtos com o selo de bem-estar animal. Além disso, nove entre cada dez brasileiros acreditam que o uso de práticas responsáveis e humanitárias geram produtos de melhor qualidade e no geral, são os jovens entre 18 e 29 anos que têm uma maior preocupação com os métodos de abate (WORLD ANIMAL PROTECTION, 2016). Percebendo essa demanda, executivos de supermercados se mostram dispostos a abrir mais espaço para esses produtos certificados. Segundo o relatório “Entendendo as prioridades de bem-estar animal dos varejistas”, a maioria deles já estoca produtos com uma ou mais alegações sobre boas práticas realizadas nos sistemas de produção e quase metade estoca produtos com certificações de bem-estar animal verificadas (KEEFE, 2018). De acordo com os varejistas, atacadistas e produtores de alimentos, há outros fatores que promovem a abordagem do bem-estar animal nas fazendas, além do consumidor. O interesse da mídia, a pressão dos investidores e principalmente das ONGs também exercem grande influência para o processo de adequação das práticas realizadas nos sistemas de criação animal (BBFAW, 2018). Uma prova disso, é que em março de 2017, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) foi o primeiro grande varejista a assumir um compromisso público pelo bem-estar animal na produção de ovos. A companhia se comprometeu a, até 2025, comercializar somente ovos de galinhas criadas livres de gaiolas em suas marcas exclusivas. Com essa ação, o grupo também esperava engajar o mercado varejista para que assumissem um compromisso e evoluíssem na discussão do uso das práticas responsáveis e humanitárias nos sistemas de criação animal (GPABR, 2017). Depois disso, seu maior concorrente, o grupo Carrefour, também anunciou que até 2025 todos os ovos das marcas próprias serão oriundos do sistema de produção livre e que, até 2028, 100% dos ovos vendidos pela varejista serão incluídos no compromisso (BEEFPOINT, 2018). Apesar da maioria das mudanças estar relacionada ao sistema de criação de aves, há outras ações em andamento chamando a atenção para outros animais, como por exemplo, o abaixo-assinado promovido pela World Animal Protection. Nele é solicitado aos grandes grupos varejistas que assumam um compromisso público para mudar a vida dos animais através de implementação de políticas que promovam o conforto animal em todas as suas redes de supermercados (CERTIFIED HUMANE BRASIL, 2017). O problema de pesquisa deste artigo foi definido da seguinte forma: como é a oferta de produtos oriundos de processo de produção com bem-estar animal para o Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 200 consumidor brasileiro? Para responder a este problema e pesquisa, foi estabelecido o seguinte objetivo geral: identificar e analisar a oferta de produtos certificados com o selo de bem-estar animal em uma loja de um grupo varejista representativo. 2 | METODOLOGIA Para a análise da oferta desses produtos, foi realizada uma pesquisa em um dos supermercados da rede Pão de Açúcar. Atualmente, a marca conta com cerca de 280 lojas distribuídas em diversos estados brasileiros e é pertencente ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior grupo varejista e de distribuição do Brasil e que segundo o ranking do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), foi a empresa varejista com o segundo maior faturamento em 2017 (IBEVAR, 2017). A rede oferece uma grande variedade de produtos, dos mais básicos aos mais sofisticados, contando com diversos itens importados. Além disso, a marca é reconhecida por promover conceitos de saudabilidade, presentes nos produtos da linha Taeq; de sustentabilidade, que além de coletar pilhas e baterias, conta com as estações de reciclagem para a coleta de papel, plásticos, metal, vidro e óleo de cozinha descartados pelos clientes e estão constantemente com ações inovadoras. Com essas práticas, a marca se mostra atenta aos novos padrões de comportamento dos consumidores e busca atender às suas novas exigências. Para o estudo de caso, os produtos oriundos de processos que visam o bemestar animal foram identificados pela presença do selo do certificado. Eles foram avaliados em termos de categoria do produto, descrição e informações contidas na embalagem, características do bem-estar animal presente no sistema de criação animal, tipos de selos e valor agregado nos produtos. Além disso, itens convencionais e semelhantes aos produtos certificados encontrados também foram avaliados para que uma comparação em relação aos preços pudesse ser feita. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Na loja pesquisada, uma unidade do Pão de Açúcar na cidade de Ourinhos, foram encontrados os produtos certificados ovos e carnes congeladas e resfriadas. Nas embalagens dos produtos são informadas todas as boas práticas utilizadas na criação dos animais além de constar selos da Humane Certified e da WQS. Para os cortes de frango congelados e resfriados, tem-se que as aves são criadas sem antibióticos, sem promotores de crescimento e nenhum outro quimioterápico. A ração é 100% de origem vegetal e a nutrição é funcional. Além disso, destaca-se que a produção é familiar e sustentável. Para os ovos orgânicos, alguns enriquecidos com ômega 3 e vitamina E, os produtores informam que as galinhas são criadas livres de gaiolas, com acesso à área Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 201 externa, recebem ração orgânica e vegetal, são livres de antibióticos, hormônios e transgênicos. Há produtos que, apesar de não serem certificados, realizam algumas práticas voltadas para o conforto do animal. A Taeq, marca exclusiva do Grupo Pão de Açúcar para o segmento de alimentação saudável, oferece várias opções de ovos para o cliente. Há o produto com o selo, atestando todas as boas práticas na cadeia produtiva, como há também a opção de compra do produto não certificado, mas que informa que as galinhas são criadas livres em galpões onde podem expressar seu comportamento natural como ciscar, empoleirar e bater as asas. Isso garante a produtividade e não eleva tanto os preços para o consumidor final, funcionando como uma categoria de transição entre os ovos convencionais e os ovos certificados. Devido à utilização de práticas responsáveis e humanitárias, produtos com o selo de bem-estar animal têm um maior valor agregado e podem chegar a custar o dobro de um produto convencional. As tabelas 1 a 3 a seguir mostram a diferença nos preços entre os produtos: Certificado Marca Sim Korin (600g de filé de peito) X Não 19,80 Seara (600g de filé de peito) Korin (600g de sobrecoxa) Preço (R$) X 7,55 X 11,59 Seara (600g de sobrecoxa) X 9,60 Tabela 1 – Preços dos cortes de frango resfriados certificados e convencionais por marca Certificado Não Preço (R$) Marca Sim Korin (1kg de filé de frango) X 29,99 Seara da Granja (1kg de filé de frango) X 20,69 Taeq (1kg de filé de frango) X 24,47 Sadia (1kg de filé de frango) X 13,99 Seara (1kg de filé de frango) X 13,99 Qualitá (1kg de filé de frango) X 14,39 Korin (1kg frango inteiro) X 11,59 Seara da Granja (1kg frango inteiro) X 8,59 Sadia (1kg frango inteiro) X 6,49 Tabela 2 – Preços das aves congeladas certificadas e convencionais por marca Certificado Marca Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Sim Não Preço (R$) Capítulo 23 202 Fazenda da Toca (10 un) X 14,99 Korin (10 un) X 10,59 Taeq (10 un) X 14,39 Taeq Livres de Gaiola (10 un) X 7,18 Qualitá (12 un) X 7,89 Tabela 3 – Preços dos ovos certificados e convencionais por marca Na tabela 4 são apresentados os preços médios dos produtos encontrados na rede varejista. Nota-se variação de 50,60% para os ovos e de até 61,87% para o filé de frango resfriado. A menor variação encontrada foi para a sobrecoxa resfriada com diferença de preço de 17,17%. Em um estudo realizado por Franco, Rucinque e Molento (2014) verificou-se a disponibilidade de produtos diferenciados com o bemestar animal nos supermercados de Curitiba. Foi concluído que, além da oferta desses itens ser baixa e restrita aos ovos e às carnes de frango, a diferença encontrada nos preços entre os produtos certificados e os convencionais foi de 90,9% para os ovos e 75,8% para o frango. De lá para cá, nota-se que apesar da variedade de itens certificados se manter a mesma, houve uma queda na diferença entre os preços. Para os ovos, a redução foi de 40,3% e para o frango, como não foi especificado o corte da carne no estudo de 2014, foi utilizado o dado do filé de frango resfriado por representar a maior diferença entre os tipos e cortes de carne do estudo atual, a redução foi de 13,93%. Preço Médio (R$) Produto Certificado Convencional % Caixa de ovos (10 un) 13,32 6,58 50,60 Filé de frango resfriado (600g) 19,80 7,55 61,87 Sobrecoxa resfriada (600g) 11,59 9,60 17,17 Filé de frango congelado (600g) 25,05 14,12 43,63 Frango inteiro congelado (1 kg) 10,09 6,49 35,68 Tabela 4 – Variação nos preços médios dos produtos certificados e convencionais Além da oferta de produtos certificados estar restrita aos ovos e às carnes de frango e seus custos serem maiores em relação aos itens convencionais, um outro ponto observado foi a falta de comunicação do supermercado com o cliente sobre esses produtos com bem-estar animal, os quais só foram identificados devido à presença dos selos e das informações contidas nas embalagens. Ao explorar a comunicação com o consumidor para informá-lo sobre os diferentes tipos de produção existentes, o supermercado não só o conscientiza sobre as práticas que visam o bem-estar animal durante toda a cadeia de produção, como também promove a divulgação da oferta desses produtos na loja. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 203 4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo visou analisar quais produtos estão disponíveis ao consumidor em uma rede varejista. Vale observar que os resultados não representam a totalidade do varejo brasileiro, mas fornecem indícios relevantes da oferta de produtos oriundos de processos de produção com bem-estar animal visto que a pesquisa foi feita em um supermercado de uma rede com grande representatividade no mercado brasileiro. No estudo de caso foram encontrados como produtos certificados os ovos e os cortes de carne de frango congelados e resfriados. Comparando os preços entre os itens certificados e os convencionais, foram o filé de frango resfriado e a sobrecoxa resfriada os produtos que apresentaram a maior e menor variação no preço, respectivamente. Os ovos certificados também têm um custo considerado alto, chegando a custar pouco mais que o dobro de uma caixa de ovos convencional. No entanto para esses casos, o cliente tem à sua disposição uma linha intermediária do produto em que as galinhas são criadas livres de gaiolas, que além de ter um preço mais acessível, começa aos poucos introduzir os conceitos de bem-estar animal para o consumidor. Quanto à identificação dos produtos, pode-se dizer que os ovos foram mais fáceis de serem identificados por estarem todos juntos e expostos num mesmo local. Dessa forma, o cliente tem à sua vista todas as linhas de ovos que o supermercado oferece: os convencionais, os de transição e os certificados. Os cortes de frango resfriados, certificados ou não, encontravam-se todos no mesmo freezer. Já as carnes congeladas podem passar despercebidas. Entre as diversas ilhas de congelados, havia uma somente para as cortes de frango congelados com selo de bem-estar animal. Mesmo estando ao lado de outra ilha de congelados convencionais, é pouco provável que um consumidor padrão, após ter escolhido seu produto habitual, se interesse e pare para olhar o que os produtos do freezer ao lado têm de diferente. Para nenhuma categoria dos produtos havia alguma informação ou sinalização por parte do supermercado que pudesse facilitar a identificação pelo consumidor ou atrair sua atenção. Ou seja, para encontrar esses itens, o consumidor conta apenas com as informações presentes nas embalagens. O Pão de Açúcar poderia investir na comunicação para atrair mais a atenção dos clientes para esses produtos certificados pois, além de aumentar a possibilidade de suas vendas, estaria também contribuindo para a conscientização dos consumidores sobre as atuais práticas realizadas nos sistemas de criação animal. Nota-se que ainda há muito para avançar, tanto na educação e conscientização do consumidor quanto na oferta de produtos certificados. O resultado mostrou que ainda há pouca variedade de itens à disposição do cliente e restrito a poucas empresas. Todos os itens certificados encontrados são de sistemas de criação de aves, ou seja, a produção ética e sustentável deve se estender a outras espécies e categorias, como os suínos, bovinos de corte e de leite, peixes entre outros. Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 204 Aos poucos o consumidor começa a questionar o bem-estar animal e as empresas precisam estar preparadas para atender essa exigência cada vez mais crescente. A adesão das grandes indústrias alimentícias já é um passo importante pois pressiona criadores a se adequarem à criação responsável, o que se torna algo necessário pela própria sustentabilidade do negócio e força outras indústrias a seguirem o mesmo caminho. Com o tempo, espera-se que esses produtos não só ganhem cada vez mais espaço nas prateleiras com uma maior variedade de produtos como também que seus preços se tornem mais accessíveis, deixando de atender apenas a um nicho de mercado e tornando-se uma escolha mais natural entre os consumidores. REFERÊNCIAS ALLTECH. (2016). Bem-estar animal. Disponível em: <https://pt.alltech.com/blog/posts/bem-estaranimal>. Acesso em: 10 de ago. de 2018. BBFAW. (2018). 2017-Report - Executive Summary. 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Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Capítulo 23 206 SOBRE OS ORGANIZADORES Jorge González Aguilera - Engenheiro Agrônomo (Instituto Superior de Ciências Agrícolas de Bayamo (ISCA-B) hoje Universidad de Granma (UG)), Especialista em Biotecnologia pela Universidad de Oriente (UO), CUBA (2002), Mestre em Fitotecnia (UFV/2007) e Doutorado em Genética e Melhoramento (UFV/2011). Atualmente, é professor visitante na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no Campus Chapadão do Sul. Têm experiência na área de melhoramento de plantas e aplicação de campos magnéticos na agricultura, com especialização em Biotecnologia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: pre-melhoramento, fitotecnia e cultivo de hortaliças, estudo de fontes de resistência para estres abiótico e biótico, marcadoresmoleculares, associação de características e adaptação e obtenção de vitroplantas. Tem experiência na multiplicação “on farm” de insumos biológicos (fungos em suporte sólido; Trichoderma, Beauveria e Metharrizum, assim como bactérias em suporte líquido) para o controle de doenças e insetos nas lavouras, principalmente de soja, milho e feijão. E-mail para contato: [email protected] Alan Mario Zuffo - Engenheiro Agrônomo (Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/2010), Mestre em Agronomia – Produção Vegetal (Universidade Federal do Piauí – UFPI/2013), Doutor em Agronomia – Produção Vegetal (Universidade Federal de Lavras – UFLA/2016). Atualmente, é professor visitante na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS no Campus Chapadão do Sul. Tem experiência na áreade Agronomia – Agricultura, com ênfase em fisiologia das plantas cultivadas e manejoda fertilidade do solo, atuando principalmente nas culturas de soja, milho, feijão, arroz, milheto, sorgo, plantas de cobertura e integração lavoura pecuária. E-mail para contato: [email protected] Ciências Agrárias: Campo Promissor em Pesquisa 3 Sobre os Organizadores 207