O Nuno Teles faz menção a um post que eu escrevi há já umas semanas sobre a questão do globalização, da Europa e do estado social. Coloco este quadro (retirado deste artigo:
"Globalisation, Domestic Politics, and Welfare State Retrenchment in Capitalist Democracies", de Duane Swank, publicado na Social Policy & Society 4:2, 183–195, 2005) para complementar a resposta que já dei ao seu post.
"Globalisation, Domestic Politics, and Welfare State Retrenchment in Capitalist Democracies", de Duane Swank, publicado na Social Policy & Society 4:2, 183–195, 2005) para complementar a resposta que já dei ao seu post.
Vemos aqui medidos os níveis de protecção social em diferentes áreas: no subsídio de desemprego, nas pensões e nos serviços; a última coluna mede o nível de desmercadorização global, que é definido como a capacidade que as pessoas têm para viver sem depender dos recursos provenientes do mercado (por acção do apoio estatal).
As médias mostram que houve uma grande estabilidade em duas épocas que deviam representar, segundo a received wisdom (à esquerda e à direita), o declínio do Estado social. Os países de modelo social-democrata mantiveram os níveis muito altos de protecção (a Finlândia e a Noruega subiram; a Holanda e sobretudo a Suécia desceram, mas esta mantém-se na média); os países do modelo corporatista viram a sua média subir, ainda que a Suíça teha sofrido uma quebra importante, mantendo níveis de protecção intermédios; e os países do modelo liberal, os que tinham níveis de protecção mais baixos, aqueles onde o mercado tem maior centralidade enquanto mecanismo de coordenação e protecção, mantiveram-se no fundo da tabela. O cenário ao nível de desmercadorização é, portanto, de ampla estabilidade, apesar das enormes mudanças que a economias nacionais sofreram nestas duas décadas, e que levaram, como já tinha referido no meu post original, a uma subida generalizada dos gastos sociais - os tais que permitiram a conservação dos níveis históricos de protecção dos cidadãos/trabalhadores.