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domingo, 30 de junho de 2019

Guillermo Mordillo

Fica a sua arte e inteligência, o seu irresistível sentido de humor, que marcaram gerações. Que eu saiba, pelo menos duas. Estas figuras redondinhas a ganhar vida em cenários tão diversos, com humor por vezes subtil. Conheci-o a partir dos fascículos do Tintim, dos meus dois irmãos mais velhos. Adeus, querido Mordillo.





quinta-feira, 23 de maio de 2019

Gastão

Mal se encontram palavras para explicar a tristeza de perder um amigo de 4 patas. As fotografias - alguns dos inúmeros momentos captados ao longo destes 10 anos, na sua companhia -, foram tiradas pelo dono, meu marido, e por mim. A música é um tema original composto pelo próprio (dono), há 2 anos: Passo de Gastão: a linha do baixo a lembrar os passos pesados e bamboleantes deste cãozarrão incrível, que por vezes lembrava um pequeno urso, outras um belo lobo de orelhas arrumadas em baixo. Ficam as memórias. Mas a tristeza de o seu tempo ter chegado ao fim é imensa. Pela casa, em cada canto, nos gestos da nossa rotina, está a força da sua  ausência. Este novo e estranho silêncio, a que teremos de nos habituar. Hoje o carteiro passou e fez falta, a imponência da tua indignação, Gastãozola, o teu corpanzil a correr de um lado ao outro da casa, a ralhar com aquele homem atrevido, que regularmente aqui passa de mota, grande parte das vezes para deixar contas e recados oficiais antipáticos; tinhas toda a razão, pois tão raro é hoje em dia chegar pelo correio algo gentil para a alma, como cartas manuscritas, um postal, um presente, um livro. Guardavas a nossa casa, uma sentinela atenta, mas pousavas a cabeçorra sobre a mesa de jantar ou nas nossas pernas, a pedir 'pãozinho', a palavra mágica. A 'manita di plata', a namorar o petisco. Os olhos castanhos enormes, para cá e para lá, a explicar: 'é aquilo ali que eu quero, ali, ó'. Uivavas sentado no cimo das escadas do terraço, só porque sim, e eu chamava-te 'cãotor'. Uivavas em casa quando o dono começava a estudar saxofone, para te juntares em dueto, às primeiras notas. Além da mania de sacar guardanapos, que mastigavas e comias, gostavas de roubar o nosso chinelo do pé ou ir apanhar o sapato mais à mão, para mostrar que estavas contente por nos ver de manhã ou por entrar em casa - ninguém te ensinou esse truque, era uma arte só tua. Nos anos vividos em todo o teu esplendor, entravas em casa a atirar com a porta, para desatar a correr escada- acima-escada-abaixo, a contornar os móveis como podias, e lá vou eu outra vez galgando degraus e reaparecendo para nova corrida, alegria pura de viver. Adormecias naquela posição como que de corpo desarticulado, uma espécie de coreografia do Lago dos Cisnes, e fazias-nos sorrir e enternecer quando, à nossa passagem, esticavas a patorra para nos deter ou pedir festas e massagens. Quando fazias asneira, de pouco ou nada servia ralhar contigo: a personalidade era muita em ti, parente de lobo; olhavas impávido, como quem explica, 'roubei porque te distraíste, não tenho culpa'. Um dia foram 3 farinheiras de uma feijoada; noutro, um pedaço de queijo da serra. Como larápio tinhas bom gosto, é preciso admitir. Pela casa novelos do teu casaco em constante renovação, com o passar das estações. Vou varrendo a casa e despedindo-me de ti. Por muito tempo ainda darás um ar de tua graça em recantos mais escondidos, em mantas de lã, nas nossas peúgas e camisolas, em todas as peças de roupa. Um serra da estrela de pêlo comprido: um compromisso e uma batalha perdida. E agora olha, vou perdendo os vestígios de ti, a cada dia. As memórias agarro, essas não me fogem. 
Eras bonito e elegante, com o teu 'casa-cão', assustador para os intrusos e meigo com os amigos da casa. Perfeito, portanto. 
 Adeus, querido Gastão. Obrigada pelos anos que nos deste.
Música e execução: Nanã Sousa Dias

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Adeus, Mãe

Talvez um dia consiga escrever. Hoje não, Mãe. Ainda não.
Sesimbra, 1976

Lisboa, Marquês de Tomar, 1972

Sofia, eu, Mãe, Neca e Milú, Sesimbra 1977

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Pomar e Roth

O mundo das artes ficou mais pobre, nestes últimos dias. O nosso Júlio Pomar deixa-nos aos 92 anos de idade, depois de uma vida cumprida. Fica o seu trabalho, para privilégio nosso.



A literatura americana perde um escritor forte e polémico, autor dos livros O Animal Moribundo e O Complexo de Portnoy, ou A Pastoral Americana, sendo mais conhecido pela obra A Mancha Humana, na célebre adaptação ao cinema, com as interpretações magistrais de Nicole Kidman e Antony Hopkins. É triste nunca ter ganhado o Nobel, embora fosse um dos eternos candidatos.




quarta-feira, 14 de março de 2018

Stephen Hawking

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Este físico extraordinário deixou-nos hoje, aos 76 anos de idade. Diz que, quando lhe foi diagnosticada a doença, aos 23, pôs as expectativas a zero e tudo que veio depois disso foi um bónus. 

“A inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.”

“Ainda que não me consiga mexer e mesmo tendo de falar através de um computador, sou livre na minha mente.”

Curiosidade: hoje seria o aniversário do físico Albert Einstein. Talvez Stephen Hawking tenha escolhido esta data para ir celebrar os anos de Einstein e o Dia do Pi - que é hoje também! - com o seu colega, junto das estrelas. 

terça-feira, 23 de maio de 2017

Michael Franks

"Time Together", um tema composto em 2011, para o álbum com o mesmo nome, em homenagem a Flora, uma cadela que o casal encontrou. Isto é o amor aos cães. Um ternura de ver e ouvir. Os direitos desta canção foram oferecidos à Hearts United for Animals.

Flora, though you sleep
On our guru's lap now
All we see everywhere is you
As we recall our time together
Lucky is how we felt
The day we found you
And we were such a happy three
O how we loved our time together

Why must the Present
Turn to Past so fast?
The disappearing Now
I wish I had a golden bough
To bring you back somehow

Someday when all our hearts
Are reassembled
Love will connect us once again
And we'll resume our time together

sábado, 3 de dezembro de 2016

Adeus, Luísa

ASAS - de Maria Luísa Baptista
É no teu corpo que invento
Asas para o sofrimento
Que escorre do meu cansaço.
Só quem ama tem razão
Para entender a emoção
Que me dás no teu abraço.
Eu quero lançar raízes
E viver dias felizes
Na outra margem da vida.
Solta os cabelos ao vento,
Muda em riso esse lamento,
Apressemos a partida.
Aceita o meu desafio,
Embarca neste navio,
Rumo ao sonho e ao futuro.
Corta comigo as amarras
Que nos prendem como garras
A um passado tão duro.
Esquece o tempo e a dor,
Pensa só no nosso amor,
Vem, dá-me a tua mão.
Sobe comigo a encosta,
Porque quando a gente gosta
Ninguém cala o coração.
Despedimo-nos hoje da nossa querida amiga Maria Luísa, que gostava de escrever versos para fado, muitos dos quais ficaram muito bem entregues na voz da Katia Guerreiro, com quem tinha uma relação maternal e de grande amizade. Nunca esquecerei esse momento, a Katia junto do caixão, cantando Asas, mais uma vez, com uma voz que lhe nascia da dor. Adeus, querida Luísa. Um abraço forte ao nosso amigo João.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Adeus, Prince

Aqui fica um pouco da sensualidade das produções de Prince. Queria o tema «When doves cry", o primeiro tema que conheci dele, há muitos, muitos anos, mas não consegui incorporar o video. Este video, também antigo, e em vez de Purple Rain, tão emblemático, será talvez uma forma menos triste de lhe dizer adeus.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Luísa Cortesão

Uma fada fechou as asas para sempre. Uma fada irreverente, dedicada a causas pelas quais vale a pena lutar, imaginativa, talentosa. Partiu aos 65 anos. Uma fada velha, portanto. velha como ela própria fazia questão de se autodenominar. Resta o consolo de imaginarmos que a Luísa, lá onde estiver, irá deixar as suas mensagens e o encanto das suas ilustrações, quiçá nas estrelas ou no fundo do mar.








Para conhecerem melhor Luísa Cortesão, voem até aqui

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Adeus, Bowie

Estes videoclips fizeram parte da minha adolescência. Eram das músicas que no verão, na discoteca Belle Époque, em Sesimbra, me puxavam sempre para a pista de dança. De tal maneira David Bowie se transformava, que muita gente o deve ter visto em vários filmes sem o reconhecer, tal como em "A Última Tentação de Cristo" (1988) ou "O Grande Truque" (2006)



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Na hora da morte


Palavras e expressões que odeio:

CONDOLÊNCIAS: Porque não nos é natural, não faz parte do nosso vocabulário no dia a dia, da nossa colecção de palavras mais sinceras. Além de que a palavra em si é feia, grotesca, torta, como "transeunte". "Os meus sentimentos" soa tão melhor...se eu fosse Ministra das Palavras Portuguesas, bania esta, tipo Rainha de Copas, off with his head!

RIP - Será que nos importamos tão pouco, com o Outro, com os outros? Será que somos assim tão passivos e preguiçosos, que não temos maneira de escrever por extenso "rest in peace"? O RIP remete para o verbo "Ripar", pregar ripas, serrar, cortar; além da linguagem informática: "fazer cópia, geralmente ilegal, de um conteúdo digital de um suporte electrónico para outro.". E como portugueses que somos, já que temos de  escolher uma sigla patética na hora da morte, ao menos façamo-lo em português, D.E.P. - descansa em paz. - O que diz de nós, esta coisa de escrevermos "RIP" no mural dos que acabam de partir? Mais valia ficarmos em silêncio, se é para darmos tão pouco.
Hoje perdemos mais um dos nossos: Luís Filipe Aguiar. 
Na verdade, não há palavras elegantes na hora da morte, que mais não é do que um ponto absolutamente final.
Não há palavras.
Não há.
Não.
.
.
.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Tomas Tranströmer

Estocolmo, 1931-26 Março 2015
Poeta, tradutor e psicólogo sueco

PÁSSAROS MATINAIS 

Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.
Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.
Não há vazios por aqui.
Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta como foi caluniado
até na Direcção.
Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:
Não há vazios por aqui.
É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.
Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto.

terça-feira, 24 de março de 2015

Adeus, Herberto Helder

A Bicicleta pela Lua Dentro - Mãe, Mãe

A bicicleta pela lua dentro - mãe, mãe - 
ouvi dizer toda a neve. 
As árvores crescem nos satélites. 
Que hei-de fazer senão sonhar 
ao contrário quando novembro empunha - 
mãe, mãe - as tellhas dos seus frutos? 
As nuvens, aviões, mercúrio. 
Novembro - mãe - com as suas praças 
descascadas. 

A neve sobre os frutos - filho, filho. 
Janeiro com outono sonha então. 
Canta nesse espanto - meu filho - os satélites 
sonham pela lua dentro na sua bicicleta. 
Ouvi dizer novembro. 
As praças estão resplendentes. 
As grandes letras descascadas: é novo o alfabeto. 
Aviões passam no teu nome - 
minha mãe, minha máquina - 
mercúrio (ouvi dizer) está cheio de neve. 

Avança, memória, com a tua bicicleta. 
Sonhando, as árvores crescem ao contrário. 
Apresento-te novembro: avião 
limpo como um alfabeto. E as praças 
dão a sua neve descascada. 
Mãe, mãe — como janeiro resplende 
nos satélites. Filho — é a tua memória. 

E as letras estão em ti, abertas 
pela neve dentro. Como árvores, aviões 
sonham ao contrário. 
As estátuas, de polvos na cabeça, 
florescem com mercúrio. 
Mãe — é o teu enxofre do mês de novembro, 
é a neve avançando na sua bicicleta. 

O alfabeto, a lua. 

Começo a lembrar-me: eu peguei na paisagem. 
Era pesada, ao colo, cheia de neve. 
la dizendo o teu nome de janeiro. 
Enxofre — mãe — era o teu nome. 
As letras cresciam em torno da terra, 
as telhas vergavam ao peso 
do que me lembro. Começo a lembrar-me: 
era o atum negro do teu nome, 
nos meus braços como neve de janeiro. 

Novembro — meu filho — quando se atira a flecha, 
e as praças se descascam, 
e os satélites avançam, 
e na lua floresce o enxofre. Pegaste na paisagem 
(eu vi): era pesada. 

O meu nome, o alfabeto, enchia-a de laranjas. 
Laranjas de pedra - mãe. Resplendentes, 
estátuas negras no teu nome, 
no meu colo. 

Era a neve que nunca mais acabava. 

Começo a lembrar-me: a bicicleta 
vergava ao peso desse grande atum negro. 
A praça descascava-se. 
E eis o teu nome resplendente com as letras 
ao contrário, sonhando 
dentro de mim sem nunca mais acabar. 
Eu vi. Os aviões abriam-se quando a lua 
batia pelo ar fora. 
Falávamos baixo. Os teus braços estavam cheios 
do meu nome negro, e nunca mais 
acabava de nevar. 

Era novembro. 

Janeiro: começo a lembrar-me. O mercúrio 
crescendo com toda a força em volta 
da terra. Mãe - se morreste, porque fazes 
tanta força com os pés contra o teu nome, 
no meu colo? 
Eu ia lembrar-me: os satélites todos 
resplendentes na praça. Era a neve. 
Era o tempo descascado 
sonhando com tanto peso no meu colo. 

Ó mãe, atum negro — 
ao contrário, ao contrário, com tanta força. 

Era tudo uma máquina com as letras 
lá dentro. E eu vinha cantando 
com a minha paisagem negra pela neve. 
E isso não acabava nunca mais pelo tempo 
fora. Começo a lembrar-me. 
Esqueci-te as barbatanas, teus olhos 
de peixe, tua coluna 
vertebral de peixe, tuas escamas. E vinha 
cantando na neve que nunca mais 
acabava. 

O teu nome negro com tanta força — 
minha mãe. 
Os satélites e as praças. E novembro 
avançando em janeiro com seus frutos 
destelhados ao colo. As 
estátuas, e eu sonhando, sonhando. 
Ao contrário tão morta — minha mãe — 
com tanta força, e nunca 

— mãe — nunca mais acabava pelo tempo fora. 

Herberto Helder, in 'Poemas Completos'

Funchal, 1930 - Cascais, 24 Março 2015

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Philip Seymour Hoffman

Um dos meus actores preferidos. A notícia da sua morte foi um choque para mim. Já foi tudo dito: um talento imenso, um desperdício, esta partida tão prematura. Uma estupidez. E nunca saberemos se foi um acidente ou uma escolha. Inclino-me mais para o acidente. O que torna tudo ainda mais estúpido.