Tomando-se um recorte do curso da vida, o da transicao da juventude a adultez, busca-se trazer al... more Tomando-se um recorte do curso da vida, o da transicao da juventude a adultez, busca-se trazer algumas questoes que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida: 1) se as idades sao relacionais, este aspecto esta presente no trabalho de campo e precisa ser trabalhado metodologicamente; 2) a idade pode assumir diversos significados, dependendo do posicionamento dos sujeitos no curso da vida; 3) embora a nocao de transicao pareca ser interessante para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens entrevistados, os dados apontam que a vida inteira e percebida como uma transicao, na qual a mudanca e os novos desafios nao sao privilegio de nenhuma idade.
Este trabalho e um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens... more Este trabalho e um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens com diferentes experiencias de parturicao, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer, vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui pretende-se refletir sobre a visao de mulheres que participaram de um grupo de discussao pela humanizacao do parto e do nascimento, realizado em Recife-PE, em relacao as intervencoes que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovido pelo grupo de discussao do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condicoes de atencao ao parto e criticar a crescente desumanizacao do nascimento, recorrendo, muitas vezes, as discussoes sobre a humanizacao em saude, as recomendacoes d...
A partir das experiencias de Registro de patrimonio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrim... more A partir das experiencias de Registro de patrimonio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimonio Historico e Artistico Nacional (IPHAN) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru e o Frevo) este artigo busca refletir sobre a “patrimonializacao” dos bens culturais de natureza imaterial e seus “processos” com pelo menos duas dimensoes: por um lado, sao processos politicos de articulacao junto a poderes publicos e a grupos sociais; por outro, sao processos de pesquisa, notadamente etno-historica e sociologica. A experiencia dos autores sugere que nem sempre estas dimensoes se embasam nos mesmos objetivos, assim como os “usos” da “patrimonializacao” nao sao os mesmos para os diferentes agentes. Palavras-chave: patrimonio imaterial, Inventario Nacional de Referencias Culturais (INRC), processo de pesquisa, processo politico. By the Registration experiences of immaterial heritage effected from the Institute of the Historical and National Artistic Heritage (IPHAN) of Pernambuco’s Sta...
Looking at the transition of youth to adulthood from a life course perspective, this work seeks t... more Looking at the transition of youth to adulthood from a life course perspective, this work seeks to raise a few issues that may contribute to the Anthropology of Life Ages. This attempt to better understand this specific life period was directed not only by events, such as leaving the parental home, getting married or beginning professional life (which have both diverse meanings for different individuals, as well as confront them with dilemmas of different order), but also by the subjects’ expectations with respect to their trajectories and their own views on them. Although the notion of transition seems pertinent to think about these crucial moments in the lives of the young interviewees in our study, who feel them as “crisis” or of being at a “crossroads”, our research data reveal that one’s entire life is perceived as a transition such that change and new challenges are not the privilege of any one age.
Este artigo objetiva confrontar as reivindicacoes de mulheres pelos seus corpos, durante o proces... more Este artigo objetiva confrontar as reivindicacoes de mulheres pelos seus corpos, durante o processo do gestar e parir, e algumas das perspectivas feministas que, aparentemente, se opoem a tais reivindicacoes. Numa pesquisa sobre ciberativismo feminino e maternidade, no âmbito do projeto “Narrativas do nascer: abordagem discursiva e banco de dados sobre parto e nascimento”, com fomento do CNPq, pudemos observar uma reivindicacao ressoante da fisiologia do corpo da mulher enquanto ferramenta libertadora, em especial no exercicio da maternidade. Partos fisiologicos, sem intervencoes farmacologicas ou obstetricas, passam, assim, a serem vistos como experiencias “empoderadoras” nas trajetorias de vida das mulheres. O movimento de mulheres pela humanizacao do parto e nascimento dialoga estruturalmente com a reivindicacao da fisiologia como ferramenta libertadora. E assim desafia a visao classica: onde a natureza aparece como elemento a ser dominado. Este fenomeno aponta para duas questoe...
Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e p... more Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e protagonista de sua experiencia, tendo em vista tanto as problematizacoes levantadas pelo movimento de humanizacao do parto sobre as nocoes de risco, sexualidade e autonomia quanto pela perspectiva pos-colonial. A hegemonia do conhecimento medico em relacao a assistencia ao parto reforcou uma logica colonial e produtivista, que tem como marco orientador a intervencao sobre o corpo feminino. Em contraposicao a este processo, surgiu o movimento pela humanizacao do parto e do nascimento reivindicando o reconhecimento do corpo feminino como capaz de gestar e parir. Neste sentido a autonomia da mulher quanto as escolhas na gestacao e parto e reiterada. Essa nova tessitura da experiencia de parturicao aponta para redefinicoes descoloniais do ser.
Em tempos de pandemia de covid-19, a recomendação sanitária de “ficar em casa” parece reordenar r... more Em tempos de pandemia de covid-19, a recomendação sanitária de “ficar em casa” parece reordenar relações, tempos e espaços. Vivencia-se o extraordinário nunca antes vivido. A casa ganha centralidade na vida e nas relações, abrigando praticamente todas as atividades das pessoas que se mantém em isolamento. Há de se perguntar, no entanto, o quanto há de ordinário na rotina de mulheres acadêmicas que são mães durante esse período, já que equação entre casa, filhos e trabalho lhes é comum. Parece-nos que a pandemia dá visibilidade às desigualdades nas atividades relacionadas ao cuidado, impactando muito mais na carreira dessas mulheres do que na de homens ou de mulheres sem filhos. A carga mental, a impossibilidade de negociar com as crianças o tempo e o espaço para a produção acadêmica, o cansaço materno e sua saúde mental são algumas das questões ordinárias agora escancaradas e que precisam ser debatidas.
Revista De Estudos Antiutilitaristas E Poscoloniais, Nov 18, 2014
Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e p... more Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e protagonista de sua experiencia, tendo em vista tanto as problematizacoes levantadas pelo movimento de humanizacao do parto sobre as nocoes de risco, sexualidade e autonomia quanto pela perspectiva pos-colonial. A hegemonia do conhecimento medico em relacao a assistencia ao parto reforcou uma logica colonial e produtivista, que tem como marco orientador a intervencao sobre o corpo feminino. Em contraposicao a este processo, surgiu o movimento pela humanizacao do parto e do nascimento reivindicando o reconhecimento do corpo feminino como capaz de gestar e parir. Neste sentido a autonomia da mulher quanto as escolhas na gestacao e parto e reiterada. Essa nova tessitura da experiencia de parturicao aponta para redefinicoes descoloniais do ser.
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob for... more Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons-Atribuição 4.
A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrim... more A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru e o Frevo) este artigo busca refletir sobre a "patrimonialização" dos bens culturais de natureza imaterial e seus "processos" com pelo menos duas dimensões: por um lado, são processos políticos de articulação junto a poderes públicos e a grupos sociais; por outro, são processos de pesquisa, notadamente etno-histórica e sociológica. A experiência dos autores sugere que nem sempre estas dimensões se embasam nos mesmos objetivos, assim como os "usos" da "patrimonialização" não são os mesmos para os diferentes agentes.
A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inven... more A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco (entre 2008 e 2011), com o objetivo de desvelar a realidade da assistência ao parto em casa pelas parteiras, identificando problemas e possíveis soluções; levantar informações existentes sobre esse universo, e (re)conhecer as parteiras, os saberes e as visões de corpo e de mundo que são transmitidos entre gerações. Ao longo do processo decidiu-se pela solicitação do Registro do ofício como Patrimônio Cultural brasileiro, inclusive como ação política de valorização do ofício, e de efetivação e revisão de políticas públicas. Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
Ao longo da história, vimos a concretização de um conhecimento sobre o corpo feminino que toma o ... more Ao longo da história, vimos a concretização de um conhecimento sobre o corpo feminino que toma o masculino como norma. O modelo biomédico atual de assistência ao parto segue esta lógica, vendo na mulher uma natureza falha, para a qual a tecnologia atua como mediadora do cuidado. Este modelo tecnocrático, padronizante e disciplinador, foi elaborado através de dispositivos de colonialidade, e hoje é questionado por uma parcela crescente de mulheres que o vê como um produtor de violência obstétrica, ao desprezar particularidades pessoais, questões emocionais e não permitir a vivência de experiências que respeitem a fisiologia do parto e seu caráter social e da sexualidade feminina. É no âmbito da humanização do parto e do nascimento que proliferam os relatos feitos em primeira pessoa, nos quais as mulheres narram suas experiências, além da publicação de vídeos e fotografias de partos. As redes sociais e blogs são o principal veículo de circulação de informações sobre parto humanizado. Vimos nestas narrativas individuais, além da contribuição para a diminuição da violência obstétrica, a possibilidade de multiplicidade e polissemia da experiência de parturição, de reposicionamento do sujeito feminino (e dos que as cercam), e para uma ressignificação da estética do nascimento.
Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e
homen... more Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer, vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patr... more A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (lphan) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru, inscrita no Livro de Lugares, e o Frevo, inscrito no Livro das Formas de Ex- pressão), este artigo busca refletir sobre esta "patrimonialização" e seus 'processos" em pelo menos duas de suas dimensões. Primeiro, enquanto processos de pesquisa, notadamente etno-sócio-histórica, o que implica a uma série de questões metodológicas. Segundo, como processos políticos que influenciam e podem ser influenciados pela metodologia.
Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algum... more Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algumas questões que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida. A tentativa de entendimento deste período foi direcionada não apenas através dos eventos, como a saída da casa dos pais, o casamento ou a inserção profissional (que tanto têm sentidos diferentes para os indivíduos como lhes colocam dilemas de ordem muito diversa), mas também pelas expectativas dos sujeitos quanto a suas trajetórias e à sua própria visão sobre elas. No que diz respeito à noção de transição, embora pareça pertinente para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens que se sentem “em crise” ou em uma “encruzilhada”, observou-se que a vida inteira é percebida como uma transição na qual a mudança e os novos desafios não são privilégio de nenhuma idade.
Esta tese é fruto de uma pesquisa feita entre 2004 e 2008, na cidade de Recife, Pernambuco, Bras... more Esta tese é fruto de uma pesquisa feita entre 2004 e 2008, na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algumas questões que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida. Uma primeira questão é a de que se as idades são relacionais, como é assumido teoricamente, este aspecto está presente no trabalho de campo e precisa ser trabalhado metodologicamente. Assim, a pesquisa não deixa de revelar de que forma a condição etária da autora esteve presente tanto no trabalho de campo, como nas leituras feitas dos dados e da bibliografia relativa ao tema. A partir das entrevistas feitas com jovens com experiências diversas caminho à assunção da adultez e com seus pais, foi possível perceber que a idade assume diversos significados, extrapolando o sentido de fase ou estágio do curso da vida que um olhar cronologizador poderia tentar imprimir. Também os sentidos dados à juventude, à adultez e à vida são diversos e mudam conforme os sujeitos se deslocam em seu curso. A tentativa de entendimento da transição à adultez, desta forma, acaba por ser direcionada não apenas através de eventos como a saída da casa dos pais, o casamento ou a inserção profissional (que tanto têm sentidos diferentes para os indivíduos, como lhes colocam dilemas de ordem muito diversa), mas também pelas expectativas dos sujeitos quanto a suas trajetórias e a sua própria visão sobre elas. Ao invés de se fazer classificações destas experiências, optou-se por privilegiar as narrativas a seu respeito, trazendo a riqueza colocada pela diversidade. Algumas noções comumente articuladas nos estudos sobre a juventude e a adultez, como responsabilidade e maturidade, foram pensadas a partir do que os interlocutores/as entendiam sobre elas – o que lhes revelou várias dimensões, como a idéia de que responsabilidade é algo que se tem a vida inteira, ou que a maturidade é diferente da adultez, por ser aquilo que se aprende a partir das experiências. Quanto à noção de transição, embora pareça pertinente para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens entrevistados, que se sentem “em crise” ou numa “encruzilhada”, percebeu-se que a vida inteira é percebida como uma transição, na qual a mudança e os novos desafios não são privilégio de nenhuma idade.
Tomando-se um recorte do curso da vida, o da transicao da juventude a adultez, busca-se trazer al... more Tomando-se um recorte do curso da vida, o da transicao da juventude a adultez, busca-se trazer algumas questoes que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida: 1) se as idades sao relacionais, este aspecto esta presente no trabalho de campo e precisa ser trabalhado metodologicamente; 2) a idade pode assumir diversos significados, dependendo do posicionamento dos sujeitos no curso da vida; 3) embora a nocao de transicao pareca ser interessante para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens entrevistados, os dados apontam que a vida inteira e percebida como uma transicao, na qual a mudanca e os novos desafios nao sao privilegio de nenhuma idade.
Este trabalho e um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens... more Este trabalho e um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens com diferentes experiencias de parturicao, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer, vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui pretende-se refletir sobre a visao de mulheres que participaram de um grupo de discussao pela humanizacao do parto e do nascimento, realizado em Recife-PE, em relacao as intervencoes que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovido pelo grupo de discussao do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condicoes de atencao ao parto e criticar a crescente desumanizacao do nascimento, recorrendo, muitas vezes, as discussoes sobre a humanizacao em saude, as recomendacoes d...
A partir das experiencias de Registro de patrimonio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrim... more A partir das experiencias de Registro de patrimonio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimonio Historico e Artistico Nacional (IPHAN) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru e o Frevo) este artigo busca refletir sobre a “patrimonializacao” dos bens culturais de natureza imaterial e seus “processos” com pelo menos duas dimensoes: por um lado, sao processos politicos de articulacao junto a poderes publicos e a grupos sociais; por outro, sao processos de pesquisa, notadamente etno-historica e sociologica. A experiencia dos autores sugere que nem sempre estas dimensoes se embasam nos mesmos objetivos, assim como os “usos” da “patrimonializacao” nao sao os mesmos para os diferentes agentes. Palavras-chave: patrimonio imaterial, Inventario Nacional de Referencias Culturais (INRC), processo de pesquisa, processo politico. By the Registration experiences of immaterial heritage effected from the Institute of the Historical and National Artistic Heritage (IPHAN) of Pernambuco’s Sta...
Looking at the transition of youth to adulthood from a life course perspective, this work seeks t... more Looking at the transition of youth to adulthood from a life course perspective, this work seeks to raise a few issues that may contribute to the Anthropology of Life Ages. This attempt to better understand this specific life period was directed not only by events, such as leaving the parental home, getting married or beginning professional life (which have both diverse meanings for different individuals, as well as confront them with dilemmas of different order), but also by the subjects’ expectations with respect to their trajectories and their own views on them. Although the notion of transition seems pertinent to think about these crucial moments in the lives of the young interviewees in our study, who feel them as “crisis” or of being at a “crossroads”, our research data reveal that one’s entire life is perceived as a transition such that change and new challenges are not the privilege of any one age.
Este artigo objetiva confrontar as reivindicacoes de mulheres pelos seus corpos, durante o proces... more Este artigo objetiva confrontar as reivindicacoes de mulheres pelos seus corpos, durante o processo do gestar e parir, e algumas das perspectivas feministas que, aparentemente, se opoem a tais reivindicacoes. Numa pesquisa sobre ciberativismo feminino e maternidade, no âmbito do projeto “Narrativas do nascer: abordagem discursiva e banco de dados sobre parto e nascimento”, com fomento do CNPq, pudemos observar uma reivindicacao ressoante da fisiologia do corpo da mulher enquanto ferramenta libertadora, em especial no exercicio da maternidade. Partos fisiologicos, sem intervencoes farmacologicas ou obstetricas, passam, assim, a serem vistos como experiencias “empoderadoras” nas trajetorias de vida das mulheres. O movimento de mulheres pela humanizacao do parto e nascimento dialoga estruturalmente com a reivindicacao da fisiologia como ferramenta libertadora. E assim desafia a visao classica: onde a natureza aparece como elemento a ser dominado. Este fenomeno aponta para duas questoe...
Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e p... more Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e protagonista de sua experiencia, tendo em vista tanto as problematizacoes levantadas pelo movimento de humanizacao do parto sobre as nocoes de risco, sexualidade e autonomia quanto pela perspectiva pos-colonial. A hegemonia do conhecimento medico em relacao a assistencia ao parto reforcou uma logica colonial e produtivista, que tem como marco orientador a intervencao sobre o corpo feminino. Em contraposicao a este processo, surgiu o movimento pela humanizacao do parto e do nascimento reivindicando o reconhecimento do corpo feminino como capaz de gestar e parir. Neste sentido a autonomia da mulher quanto as escolhas na gestacao e parto e reiterada. Essa nova tessitura da experiencia de parturicao aponta para redefinicoes descoloniais do ser.
Em tempos de pandemia de covid-19, a recomendação sanitária de “ficar em casa” parece reordenar r... more Em tempos de pandemia de covid-19, a recomendação sanitária de “ficar em casa” parece reordenar relações, tempos e espaços. Vivencia-se o extraordinário nunca antes vivido. A casa ganha centralidade na vida e nas relações, abrigando praticamente todas as atividades das pessoas que se mantém em isolamento. Há de se perguntar, no entanto, o quanto há de ordinário na rotina de mulheres acadêmicas que são mães durante esse período, já que equação entre casa, filhos e trabalho lhes é comum. Parece-nos que a pandemia dá visibilidade às desigualdades nas atividades relacionadas ao cuidado, impactando muito mais na carreira dessas mulheres do que na de homens ou de mulheres sem filhos. A carga mental, a impossibilidade de negociar com as crianças o tempo e o espaço para a produção acadêmica, o cansaço materno e sua saúde mental são algumas das questões ordinárias agora escancaradas e que precisam ser debatidas.
Revista De Estudos Antiutilitaristas E Poscoloniais, Nov 18, 2014
Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e p... more Este texto apresenta uma discussao teorica sobre a assuncao da parturiente como sujeito ativo e protagonista de sua experiencia, tendo em vista tanto as problematizacoes levantadas pelo movimento de humanizacao do parto sobre as nocoes de risco, sexualidade e autonomia quanto pela perspectiva pos-colonial. A hegemonia do conhecimento medico em relacao a assistencia ao parto reforcou uma logica colonial e produtivista, que tem como marco orientador a intervencao sobre o corpo feminino. Em contraposicao a este processo, surgiu o movimento pela humanizacao do parto e do nascimento reivindicando o reconhecimento do corpo feminino como capaz de gestar e parir. Neste sentido a autonomia da mulher quanto as escolhas na gestacao e parto e reiterada. Essa nova tessitura da experiencia de parturicao aponta para redefinicoes descoloniais do ser.
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob for... more Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons-Atribuição 4.
A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrim... more A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru e o Frevo) este artigo busca refletir sobre a "patrimonialização" dos bens culturais de natureza imaterial e seus "processos" com pelo menos duas dimensões: por um lado, são processos políticos de articulação junto a poderes públicos e a grupos sociais; por outro, são processos de pesquisa, notadamente etno-histórica e sociológica. A experiência dos autores sugere que nem sempre estas dimensões se embasam nos mesmos objetivos, assim como os "usos" da "patrimonialização" não são os mesmos para os diferentes agentes.
A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inven... more A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco (entre 2008 e 2011), com o objetivo de desvelar a realidade da assistência ao parto em casa pelas parteiras, identificando problemas e possíveis soluções; levantar informações existentes sobre esse universo, e (re)conhecer as parteiras, os saberes e as visões de corpo e de mundo que são transmitidos entre gerações. Ao longo do processo decidiu-se pela solicitação do Registro do ofício como Patrimônio Cultural brasileiro, inclusive como ação política de valorização do ofício, e de efetivação e revisão de políticas públicas. Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
Ao longo da história, vimos a concretização de um conhecimento sobre o corpo feminino que toma o ... more Ao longo da história, vimos a concretização de um conhecimento sobre o corpo feminino que toma o masculino como norma. O modelo biomédico atual de assistência ao parto segue esta lógica, vendo na mulher uma natureza falha, para a qual a tecnologia atua como mediadora do cuidado. Este modelo tecnocrático, padronizante e disciplinador, foi elaborado através de dispositivos de colonialidade, e hoje é questionado por uma parcela crescente de mulheres que o vê como um produtor de violência obstétrica, ao desprezar particularidades pessoais, questões emocionais e não permitir a vivência de experiências que respeitem a fisiologia do parto e seu caráter social e da sexualidade feminina. É no âmbito da humanização do parto e do nascimento que proliferam os relatos feitos em primeira pessoa, nos quais as mulheres narram suas experiências, além da publicação de vídeos e fotografias de partos. As redes sociais e blogs são o principal veículo de circulação de informações sobre parto humanizado. Vimos nestas narrativas individuais, além da contribuição para a diminuição da violência obstétrica, a possibilidade de multiplicidade e polissemia da experiência de parturição, de reposicionamento do sujeito feminino (e dos que as cercam), e para uma ressignificação da estética do nascimento.
Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e
homen... more Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer, vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patr... more A partir das experiências de Registro de patrimônio imaterial efetivadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (lphan) no Estado de Pernambuco (a Feira de Caruaru, inscrita no Livro de Lugares, e o Frevo, inscrito no Livro das Formas de Ex- pressão), este artigo busca refletir sobre esta "patrimonialização" e seus 'processos" em pelo menos duas de suas dimensões. Primeiro, enquanto processos de pesquisa, notadamente etno-sócio-histórica, o que implica a uma série de questões metodológicas. Segundo, como processos políticos que influenciam e podem ser influenciados pela metodologia.
Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algum... more Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algumas questões que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida. A tentativa de entendimento deste período foi direcionada não apenas através dos eventos, como a saída da casa dos pais, o casamento ou a inserção profissional (que tanto têm sentidos diferentes para os indivíduos como lhes colocam dilemas de ordem muito diversa), mas também pelas expectativas dos sujeitos quanto a suas trajetórias e à sua própria visão sobre elas. No que diz respeito à noção de transição, embora pareça pertinente para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens que se sentem “em crise” ou em uma “encruzilhada”, observou-se que a vida inteira é percebida como uma transição na qual a mudança e os novos desafios não são privilégio de nenhuma idade.
Esta tese é fruto de uma pesquisa feita entre 2004 e 2008, na cidade de Recife, Pernambuco, Bras... more Esta tese é fruto de uma pesquisa feita entre 2004 e 2008, na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Tomando um recorte do curso da vida, o da transição da juventude à adultez, busca-se trazer algumas questões que contribuam para uma Antropologia das Idades da Vida. Uma primeira questão é a de que se as idades são relacionais, como é assumido teoricamente, este aspecto está presente no trabalho de campo e precisa ser trabalhado metodologicamente. Assim, a pesquisa não deixa de revelar de que forma a condição etária da autora esteve presente tanto no trabalho de campo, como nas leituras feitas dos dados e da bibliografia relativa ao tema. A partir das entrevistas feitas com jovens com experiências diversas caminho à assunção da adultez e com seus pais, foi possível perceber que a idade assume diversos significados, extrapolando o sentido de fase ou estágio do curso da vida que um olhar cronologizador poderia tentar imprimir. Também os sentidos dados à juventude, à adultez e à vida são diversos e mudam conforme os sujeitos se deslocam em seu curso. A tentativa de entendimento da transição à adultez, desta forma, acaba por ser direcionada não apenas através de eventos como a saída da casa dos pais, o casamento ou a inserção profissional (que tanto têm sentidos diferentes para os indivíduos, como lhes colocam dilemas de ordem muito diversa), mas também pelas expectativas dos sujeitos quanto a suas trajetórias e a sua própria visão sobre elas. Ao invés de se fazer classificações destas experiências, optou-se por privilegiar as narrativas a seu respeito, trazendo a riqueza colocada pela diversidade. Algumas noções comumente articuladas nos estudos sobre a juventude e a adultez, como responsabilidade e maturidade, foram pensadas a partir do que os interlocutores/as entendiam sobre elas – o que lhes revelou várias dimensões, como a idéia de que responsabilidade é algo que se tem a vida inteira, ou que a maturidade é diferente da adultez, por ser aquilo que se aprende a partir das experiências. Quanto à noção de transição, embora pareça pertinente para se pensar o momento crucial da vida dos/as jovens entrevistados, que se sentem “em crise” ou numa “encruzilhada”, percebeu-se que a vida inteira é percebida como uma transição, na qual a mudança e os novos desafios não são privilégio de nenhuma idade.
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Papers by Elaine Müller
Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
cercam), e para uma ressignificação da estética do nascimento.
homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer,
vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
cercam), e para uma ressignificação da estética do nascimento.
homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer,
vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.