Papers by Daniella Gayoso
Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e
homen... more Este trabalho é um desdobramento da pesquisa pautada nas narrativas de parto de mulheres e
homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer,
vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inven... more A partir de demandas e dificuldades enfrentadas por parteiras tradicionais, foi realizado o Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco (entre 2008 e 2011), com o objetivo de desvelar a realidade da assistência ao parto em casa pelas parteiras, identificando problemas e possíveis soluções; levantar informações existentes sobre esse universo, e (re)conhecer as parteiras, os saberes e as visões de corpo e de mundo que são transmitidos entre gerações. Ao longo do processo decidiu-se pela solicitação do Registro do ofício como Patrimônio Cultural brasileiro, inclusive como ação política de valorização do ofício, e de efetivação e revisão de políticas públicas.
Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
Uploads
Papers by Daniella Gayoso
homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer,
vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.
homens com diferentes experiências de parturição, desenvolvida pelo grupo de pesquisa Narrativas do Nascer,
vinculado ao Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE. Aqui se pretende refletir sobre a visão de mulheres que participaram de um grupo de apoio ao parto e nascimento humanizados realizado em Recife/PE, em relação às intervenções que elas e/ou outras mulheres foram submetidas ou conseguiram evitar durante o nascimento de seus filhos. Para tanto, foram utilizados relatos espontâneos fornecidos por essas mulheres durante um dos encontros promovidos pelo grupo do qual participaram durante a gravidez, cujo tema principal era “relatos de partos”. Nota-se que tais mulheres buscam melhorar as condições de atenção ao parto e criticar a crescente desumanização do nascimento, recorrendo, muitas vezes, às discussões sobre a humanização em saúde, às recomendações da Organização Mundial de Saúde e à Medicina Baseada em Evidências. A argumentação desenvolvida tende a questionar o aumento de cesáreas eletivas e a construção da noção de risco em relação ao parto natural. Essa última é compreendida como modo de justificar o controle que, paulatinamente, passou a ser exercido sobre o corpo da mulher na gestação e parto, e pode ser identificada pela transformação de um evento fisiológico em um acontecimento tecnocrático, marcado pelas diferenças em cada cultura. Isto possibilita o questionamento dos indicadores de saúde e de respeito aos direitos humanos, especialmente se articulados às noções de gênero.
Propomos enfocar a experiência, dificuldades e potenciais. Entendemos o inventário como produtor de conhecimento acerca da situação atual do ofício, como subsídio (diante da situação de invisibilidade da parteria tradicional) para negociar e demandar ações governamentais e como meio de articulação com organizações que trabalham a temática com foco na saúde, propondo uma perspectiva cultural e de gênero. Ao mesmo tempo, o inventário se constitui como instrumento de modificação da realidade, na medida em que envolve a comunidade e sua rede, e as leva a refletirem sobre seus saberes e práticas.