Thesis Chapters by Ludmila Almeida
O objetivo principal desta pesquisa é interPRETAr como e por que o ritual de linguagem do stand-u... more O objetivo principal desta pesquisa é interPRETAr como e por que o ritual de linguagem do stand-up, feito por mulheres negras brasileiras, constituem-performam táticas de letramentos abolicionistas. O material empírico-epistêmico, inicialmente, foi gerado pelas performances humorísticas, em audiovisual postadas no Youtube e Instagram, de três comediantes negras brasileiras: Tia Má, Bruna Braga e Niny Magalhães. Como metodologia, trilharemos os passos de uma pesquisa qualitativa pela etnografia para a internet (HINE, 2020) que considera a experiência corporificada no âmbito online-offline e suas conexões culturais-sociais na produção de sentidos. Pretendemos propor desestabilizações, na medida do possível, sobre ações-performances encarcerarias de linguagem, que continuam apagando narrativas e vivências lançadas às margens do cistema-mundo. Para isso, utilizamos o paradigma da afrocentricidade (ASANTE, 2014; RAMOSE, 2011) como suleamento interpretativo e de discussão que gira localidade e agência do povo negro em diáspora, e a referência do que é ser mulher negra a partir do centramento africano (BONFIM, 2014; BAKOLE, 2014), que passa por outras nuances que se distanciam da imagem-performance da mulher branca euro-anglocêntrica. Transitando entre recursos de linguagem e corporalidades no processo de produção do Humor Negro, as mulheres negras reterritorializam e traduzem a negrura pelos cosmosentidos (OYĚWÙMÍ, 2021) a partir de uma implicância com a vida. Na encruzilhada, operador cognitivo regido por Exu (MARTINS, 1997), que nos convida aos repertórios comunicativos codificados pela mãe-preta em Pretuguês (GONZALEZ, 1984), circulamos a palavra como força espiritual e tecnologia ancestral (MARIAH, 2021) que nos direciona à fuga, ao abolicionismo como fazer sociolinguístico ladino alterativista que atravessa-performa o corpo-memória-território na/pela amefrikanidade (GONZALEZ, 1988), lócus de enunciação, denúncia e anuncio de reexistências (SOUZA, 2011). Como herança afrobioancestralica (JESUS & ALVES, 2021) nos posicionamos como contracoloniais (SANTOS, 2019) que buscam em sua própria história a fertilidade da continuidade, tecnologias advindas muito antes do século XV e que atravessam o atlântico revestindo nossos corpos para se expressar na manutenção da (sobre)vivência não só do corpo físico, mas também da/na realidade espiritual, mitopoética (NASCIMENTO, 2014) e de revitalização das escrevivências (EVARISTO, 2020), esse potencial exusíaco do fazer liberdades. O stand-up, nesse chão, performado pelo corpo-pessoa-território-epistêmico das mulheres negras, ativam os letramentos abolicionistas como levante, criatividade, cura e despertar do estado de infância (NOGUERA, 2019). Esse nos ajuda a colocar a morte, o geo-ontoepistemícidio (OBIAH, 2021; REZENDE, 2019), para dançar, nos movimenta a saber celebrar constantemente a vida pelas expressões artísticas e a inventariar – rompendo a ideia de ficção do ocidente – outras narrativas, a viver-escreviver formas de vida-performance vividas em outros tempos-espaços-corpos-memórias, de acionar rituais de linguagem que matrigestam (RIBEIRO, 2020) nossa potência do vir-a-ser-sendo.
Goiânia 2017 TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔ... more Goiânia 2017 TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), regulamentada pela Resolução CEPEC nº 832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Papers by Ludmila Almeida
Monografia, 2014
Temos como principal objetivo analisar e discutir como se constituem as diferenças
sociais tanto ... more Temos como principal objetivo analisar e discutir como se constituem as diferenças
sociais tanto no micro contexto do nosso corpus, o seriado Todo mundo odeia o Chris,
quanto no contexto macro, de uma sociedade colonizada como o Brasil. O seriado Todo
mundo odeia o Chris é baseado na história de vida do comediante norte americano
Chris Julius Rock III. A série conta a história de um menino negro, Chris, que vive com
sua mãe Rochelle, seu pai Julius, sua irmã Tonya e com seu irmão Drew. Além disso,
retrata sua vida na escola primaria Corleone e no ensino médio no Colégio Tataglia.
Chris é o único negro da escola. Ele mora em Bed-stuy, bairro central do Brooklyn na
cidade de Nova York, o qual é considerado muito perigoso. Discutimos como as
diferenciações de racismo e suas intersecções, se constroem metapragmáticamente, pela
interpretação do Narrador em off, dentro de regimes e lutas metadiscursivas,
performando então uma identidade marcada por estigmatizações sedimentadas ao longo
da história. Nossa fundamentação teórica se pauta nos estudos sobre metapragmática de
Signorini (2008) que discute a metapragmática e os regimes metadiscursivos que
normatizam por meio de correções semânticas e indexicais o uso discursivo ao
enquadrar os sentidos aos valores culturais de uma sociedade; Austin (1998) e
Blommaert (2005) apontam que os discursos falam por si e são constituídos por
determinadas ações de acordo com o objetivo da comunicação e o contexto em que se
encontram o enunciador e o enunciatário; Em relação a discussão do racismo no Brasil e
a piada racista seguiremos a perspectiva de Santos (1984) e Sales (2006) que criticam o
racismo espirituoso e o seu não dito pelo mascaramento do riso; Dahia (2008) que
associa o riso e a piada racista, a uma prática de discriminação do outro por meio da
destruição pelo poder e pela infantilização do objeto risível; Pennycook (2008) que
afirma que as identidades são construtos performáticos e não pré-formados, somos
construídos pelos discursos, pelos atos performativos que o outro faz de nós, e mediante
a essa visão, somos representados nas relações sociais. Assim, quando analisado o
seriado Todo mundo odeia o Chris aponta para cristalizações de concepções sobre o
negro que são indexicalizadas pelos atos de fala dos personagens e que se remetem a
construção de um contexto social, histórico e culturalmente marcado pela colonização.
Podemos observar a ação metapragmática, principalmente, no Narrador em off do
seriado, que recontextualiza algumas cenas (1a plano de análise) fazendo a correção
indexical/semântica dos enunciados em um 2a plano de análise. Isso será legitimado ao
olharmos para o discurso central do seriado que gira em torno das lutas discursivas do
racismo e sua colonialidade de saber e o antirracismo e a crítica ao preconceito.
Procedendo dessa forma, ao se analisar a performatividade da linguagem no seriado
Todo mundo odeia o Chris, podemos perceber como o preconceito pode ser construído
e normatizado metapragmáticamente por um metadiscurso articulado em implícitos
linguísticos ligados ao humor racista. Trazendo à tona como as ideologias raciais
continuam atuantes pelo mito da democracia racial. Com isso, marcando e ao mesmo
tempo questionando, pela repetição midiática a verdade do dominante que dita o negro
como um “problema social”.
Cadernos De Linguagem E Sociedade, 2013
This starting-point of this article is the fact that a language ecosystem works in accordance wit... more This starting-point of this article is the fact that a language ecosystem works in accordance with the triad of the fundamental ecology of language (FEL), in which people and territory form a unity. Thus, our main objective is to investigate complex language ecologies as well as how specialized language varieties are formed and form the identity of their users, from an ecolinguistic perspective. Our main theoretical foundation is , the basis for our text, together with for specialized language varieties, as well as Hall , who deals with the question of identity formation in a post-modern context. Out of the interaction of different language ecosystems several FELs may emerge. These in turn may give birth to jargons and slangs. These language varieties form different identities which characterize the subjects of certain social and linguistic groups. Key word: special languages, linguistic diversity, identity.
Uploads
Thesis Chapters by Ludmila Almeida
Papers by Ludmila Almeida
sociais tanto no micro contexto do nosso corpus, o seriado Todo mundo odeia o Chris,
quanto no contexto macro, de uma sociedade colonizada como o Brasil. O seriado Todo
mundo odeia o Chris é baseado na história de vida do comediante norte americano
Chris Julius Rock III. A série conta a história de um menino negro, Chris, que vive com
sua mãe Rochelle, seu pai Julius, sua irmã Tonya e com seu irmão Drew. Além disso,
retrata sua vida na escola primaria Corleone e no ensino médio no Colégio Tataglia.
Chris é o único negro da escola. Ele mora em Bed-stuy, bairro central do Brooklyn na
cidade de Nova York, o qual é considerado muito perigoso. Discutimos como as
diferenciações de racismo e suas intersecções, se constroem metapragmáticamente, pela
interpretação do Narrador em off, dentro de regimes e lutas metadiscursivas,
performando então uma identidade marcada por estigmatizações sedimentadas ao longo
da história. Nossa fundamentação teórica se pauta nos estudos sobre metapragmática de
Signorini (2008) que discute a metapragmática e os regimes metadiscursivos que
normatizam por meio de correções semânticas e indexicais o uso discursivo ao
enquadrar os sentidos aos valores culturais de uma sociedade; Austin (1998) e
Blommaert (2005) apontam que os discursos falam por si e são constituídos por
determinadas ações de acordo com o objetivo da comunicação e o contexto em que se
encontram o enunciador e o enunciatário; Em relação a discussão do racismo no Brasil e
a piada racista seguiremos a perspectiva de Santos (1984) e Sales (2006) que criticam o
racismo espirituoso e o seu não dito pelo mascaramento do riso; Dahia (2008) que
associa o riso e a piada racista, a uma prática de discriminação do outro por meio da
destruição pelo poder e pela infantilização do objeto risível; Pennycook (2008) que
afirma que as identidades são construtos performáticos e não pré-formados, somos
construídos pelos discursos, pelos atos performativos que o outro faz de nós, e mediante
a essa visão, somos representados nas relações sociais. Assim, quando analisado o
seriado Todo mundo odeia o Chris aponta para cristalizações de concepções sobre o
negro que são indexicalizadas pelos atos de fala dos personagens e que se remetem a
construção de um contexto social, histórico e culturalmente marcado pela colonização.
Podemos observar a ação metapragmática, principalmente, no Narrador em off do
seriado, que recontextualiza algumas cenas (1a plano de análise) fazendo a correção
indexical/semântica dos enunciados em um 2a plano de análise. Isso será legitimado ao
olharmos para o discurso central do seriado que gira em torno das lutas discursivas do
racismo e sua colonialidade de saber e o antirracismo e a crítica ao preconceito.
Procedendo dessa forma, ao se analisar a performatividade da linguagem no seriado
Todo mundo odeia o Chris, podemos perceber como o preconceito pode ser construído
e normatizado metapragmáticamente por um metadiscurso articulado em implícitos
linguísticos ligados ao humor racista. Trazendo à tona como as ideologias raciais
continuam atuantes pelo mito da democracia racial. Com isso, marcando e ao mesmo
tempo questionando, pela repetição midiática a verdade do dominante que dita o negro
como um “problema social”.
sociais tanto no micro contexto do nosso corpus, o seriado Todo mundo odeia o Chris,
quanto no contexto macro, de uma sociedade colonizada como o Brasil. O seriado Todo
mundo odeia o Chris é baseado na história de vida do comediante norte americano
Chris Julius Rock III. A série conta a história de um menino negro, Chris, que vive com
sua mãe Rochelle, seu pai Julius, sua irmã Tonya e com seu irmão Drew. Além disso,
retrata sua vida na escola primaria Corleone e no ensino médio no Colégio Tataglia.
Chris é o único negro da escola. Ele mora em Bed-stuy, bairro central do Brooklyn na
cidade de Nova York, o qual é considerado muito perigoso. Discutimos como as
diferenciações de racismo e suas intersecções, se constroem metapragmáticamente, pela
interpretação do Narrador em off, dentro de regimes e lutas metadiscursivas,
performando então uma identidade marcada por estigmatizações sedimentadas ao longo
da história. Nossa fundamentação teórica se pauta nos estudos sobre metapragmática de
Signorini (2008) que discute a metapragmática e os regimes metadiscursivos que
normatizam por meio de correções semânticas e indexicais o uso discursivo ao
enquadrar os sentidos aos valores culturais de uma sociedade; Austin (1998) e
Blommaert (2005) apontam que os discursos falam por si e são constituídos por
determinadas ações de acordo com o objetivo da comunicação e o contexto em que se
encontram o enunciador e o enunciatário; Em relação a discussão do racismo no Brasil e
a piada racista seguiremos a perspectiva de Santos (1984) e Sales (2006) que criticam o
racismo espirituoso e o seu não dito pelo mascaramento do riso; Dahia (2008) que
associa o riso e a piada racista, a uma prática de discriminação do outro por meio da
destruição pelo poder e pela infantilização do objeto risível; Pennycook (2008) que
afirma que as identidades são construtos performáticos e não pré-formados, somos
construídos pelos discursos, pelos atos performativos que o outro faz de nós, e mediante
a essa visão, somos representados nas relações sociais. Assim, quando analisado o
seriado Todo mundo odeia o Chris aponta para cristalizações de concepções sobre o
negro que são indexicalizadas pelos atos de fala dos personagens e que se remetem a
construção de um contexto social, histórico e culturalmente marcado pela colonização.
Podemos observar a ação metapragmática, principalmente, no Narrador em off do
seriado, que recontextualiza algumas cenas (1a plano de análise) fazendo a correção
indexical/semântica dos enunciados em um 2a plano de análise. Isso será legitimado ao
olharmos para o discurso central do seriado que gira em torno das lutas discursivas do
racismo e sua colonialidade de saber e o antirracismo e a crítica ao preconceito.
Procedendo dessa forma, ao se analisar a performatividade da linguagem no seriado
Todo mundo odeia o Chris, podemos perceber como o preconceito pode ser construído
e normatizado metapragmáticamente por um metadiscurso articulado em implícitos
linguísticos ligados ao humor racista. Trazendo à tona como as ideologias raciais
continuam atuantes pelo mito da democracia racial. Com isso, marcando e ao mesmo
tempo questionando, pela repetição midiática a verdade do dominante que dita o negro
como um “problema social”.