quarta-feira, novembro 29, 2006

Alla Horska foi assassinada há 51 anos

Alla Horska, desenhada pelo seu marido, pintor ucraniano Victor Zaretsky
No dia 28 de novembro de 1970, na região de Kyiv, em circunstâncias não esclarecidas até hoje foi assassinada a artista plástica e uma proeminente dissidente ucraniana, Alla Horska. A sua história trágica, possivelmente, foi uma das primeiras publicações legais sobre as figuras do movimento dissidente ucraniano, permitidas, na ainda comunista Ucrânia soviética. 

Este artigo foi planeado desde então. Mas sempre aparecia alguma coisa mais urgente ou mais importante. A morte, em 2006, de Aleksander Litvinenko, ex-agente de FSB (ex-KGB) russo e ucraniano de origem, envenenado pelo isótopo radioactivo “Plutónio - 210” em Londres, e todas as outras mortes que se seguiram apressaram a escrita do texto. Parece que o mundo está outra vez entrar na guerra fria, onde a KGB friamente assassinava os inimigos do Estado soviético. Lev Trotsky era “saneado” (no NKVD-MGB-KGB não se dizia “assassinar”, mas sim “sanear”) com uma picareta, ucranianos Yevhen Konovalets com uma bomba e Stepan Bandera com o veneno binário. Em 2004 o futuro presidente ucraniano, Viktor Yushenko, foi envenenado por uma toxina...

Dia 28 de novembro de 1970. Muito cedo, Alla Horska saiu da sua casa na rua Repin № 25, apartamento 6 (agora rua Tereshinkivska) em Kyiv, para visitar a casa do sogro na cidadezinha de Vasylkiv (40 km de Kyiv). Ela combinou com o sogro, que iria buscar uma maquina de costura, “Zinger”, do início do século – uma relíquia familiar. No dia 2 de Dezembro de 1970, Alla Horska foi encontrada morta, com o crânio rachado, na cave da casa do seu sogro – Ivan Zareckiy. Golpe foi feito por detrás, com um objecto pesado (martelo encontrado em casa do Zareckiy). Próprio Ivan Zareckiy, que não era visto desde 28 de Dezembro, foi encontrado no dia 29 de Novembro, na linha de comboio interurbano Kyiv – Fastiv, numa distância de cerca de 35 km da sua casa. Ivan Zareckiy estava deitado na linha de comboio, a sua cabeça era decepada. A procuradoria provincial de Kyiv, muito rapidamente, chegou a conclusão do que Ivan Zareckiy matou a nora por “desavenças pessoais” e suicidou-se. Já no dia 23 de janeiro de 1971 o caso foi dado como encerrado.
Alla Horska: "Retrato da mulher com lenço kerchief"
Alla Horska nasceu aos 18 de setembro de 1926 numa família pertencente à elite soviética. O seu pai, Oleksander V. Gorskiy sobreviveu os anos do estalinismo trabalhando como director dos Estúdios cinematográficos de Yalta (1931), Leninegrado (1933), Kyiv (1943), Odessa (1953-1961). No início da II G.M., ela viveu no Leninegrado, com a sua mãe, Olena Horska que era estilista de roupa para cinema. Nesta cidade elas passaram dois invernos de fome rigoroso, onde as pessoas morriam todos os dias. Na primavera de 1943, o seu irmão Arseniy, 10 anos mais velho, morreu combatendo os nazis e no verão do mesmo ano, Alla e sua mãe, são evacuados para a cidade de Alma-Aty (Casaquistão), onde o seu pai trabalha no Estúdio Conjunto de Cinema.

No fim de 1943, a família Horsky muda-se para o Kyiv, entretanto já retomado dos nazis pelo exército soviético. Alla Horska estuda na Escola de Artes Visuais (1946 – 1948, graduada com a medalha de ouro), frequentando o curso de Volodymyr Bondarenko. Em 1952 casa-se com colega de faculdade, Viktor Zareckiy e em 1954 é graduada pelo Instituto de Artes de Kyiv, onde os seus professores eram Mihaylo Sharonov e Serhiy Hrigoryev.

Nos anos 60-ta trabalhou nas aldeias de distrito de Chornobyl, onde criou os quadros: “Pripyat. Ferry-boat”, «Abecedário», «Pão». Usando a técnica de litogravura combinada com o desenho fiz os retratos de Taras Shevchenko, A. Petryckiy, Vasyl Symonenko. Cria uma série de retratos dos escritores e poetas: Boris Antonenko – Davydovych, Vasyl Symonenko, Ivan Svitlichniy, Yevhen Sverstyuk. Através das técnicas novas e revolucionárias tratava a imagem do poeta ucraniano Taras Shevchenko ou cineasta Oleksander Dovzhenko. Usando a técnica mais tradicional pintou os quadros: "Auto – retracto", "Mãe", "Aldeia". A pintora criou as decorações para os espectáculos «Faca no Sol» baseado no poema de Ivan Drach, «Assim morreu Guska» de Mykola Kulish, «Verdade e mentira» de Mykola Stelmakh (realizador era o jovem diretor teatral e futuro dissidente Les Tanyuk). As peças teatrais, já prontas para o palco, foram proibidas: a peça do escritor Kulish foi banida em Lviv e de Stelmakh em Odessa. Alla Horska também criou vários composições de mosaica e mais importante, deixou a memória de uma Pessoa e Artista.

Ao mesmo tempo, Alla Gorska aprendeu a língua ucraniana por opção política e estética, embora provinha de uma família onde se falava unicamente a idioma russo.
Foto da artista, década de 1960
Horska foi uma dos organizadores do Clube da juventude criativa “Suchasnyk” (Contemporâneo). Clube foi aberto em 1962 por feliz acaso, já que uma delegação dos comunistas canadianos foi visitar a Ucrânia, manifestando o desejo de conhecer a juventude ucraniana (em 1964 o Clube foi fechado). Em 1962—1963 junto com o Vasyl Symonenko e Les Tanyuk ela participou em buscas de campas de pessoas assassinadas pela NKVD nos anos 30-40 e sepultados em segredo nos cemitérios de Kyiv e na zona de Bykivnia (arredores de Kyiv). Como resultado destas buscas, os jovens ucranianos prepararam um documento intitulado “Memorando № 2”, que foi entregue ao Conselho municipal de Kyiv. Provavelmente naquele tempo, Alla Horska começou a ser vigiada pela KGB. O seu amigo Vasyl Symonenko foi várias vezes espancado pela polícia e morreu de nefrite em 1963.

Em 1964, preparando-se para comemorar 150 anos do nascimento de Taras Shevchenko, Alla Horska, juntamente com artistas plásticos Opanas Zalivakha, Lioudmila Semykina, Galina Zubchenko e Galina Sevruk criaram na Universidade de Kyiv o vitral “Shevchenko. Mãe”. (Vitral mostrava Taras Shevchenko irritado, que com uma mão abraçava uma mulher – Ucrânia injustiçada e com outra mão levantada bem alto, segurava o livro. A figura era acompanhada pelo dizer: "Engrandecerei os pequeninos, aqueles servos mudos, e na vigia junto deles, eu colocarei uma palavra"). Vitral foi destruído pela calada da noite de 8 à 9 de março pela administração da Universidade, a mando do secretário da ideologia do comité do partido comunista de Kyiv, Boychenko. Uma comissão de inquérito, chamada a intervir posteriormente, estudou os estilhaços e chegou a conclusão que vitral era “ideologicamente desordenado”. Alla Gorska foi expulsa da União dos Pintores da Ucrânia, embora mais tarde readmitida nesta organização profissional.
Horska, 1ª à esquerda e poeta ucraniano Vasyl Stus, último à direita.
Vasyl Stus morreu no campo de concentração soviético em 4 de setembro de 1985... 
Agosto – Setembro de 1965. Uma onda de prisões da KGB atingiu os intelectuais da Ucrânia. Alla Horska era várias vezes chamada a depor. No dia 16 de dezembro de 1965 ela apresenta uma queixa a Procuradoria da República. Mais tarde, em 1967 ela participa no processo de Vyacheslav Chornovil em Lviv, onde assinou uma carta colectiva denunciando as fraudes processuais do caso.

Alla Horska também trocava a correspondência com os prisioneiros políticos do regime. Em abril de 1966 ela assinou uma petição para defesa do Opanas Zalivakha. Vários prisioneiros políticos, combatentes de OUN – UPA, depois de cumprir as condenações injustas, recorriam à sua ajuda, encontravam um lar temporário na sua casa. Todos estes encontros decorriam numa atmosfera festiva e optimista. KGB criou um sistema terrível para “educar” as pessoas a sua maneira, mas uma simples pintora estragava todo o “trabalho”...

Em 1968 Horska assinou uma carta aberta ao Leonid Brezhnev, Aleksey Kosygin e Nikolay Podgorniy com exigência de parar a prática de processos políticos ilegais. Carta, conhecida como “Carta de protesto de 139” foi escrita usando uma linguagem muito branda, tolerante e cuidadosa. Carta falava do esquecimento das deliberações do XX Congresso da PCUS (Congresso onde Khrushev denunciou o culto de Stalin), chamava a atenção sobre as violações sistemáticas de “legalidade socialista”.
Alla Horska: "Menino"
O poder comunista tomou uma pequena pausa, depois começaram as repressões contra os assinantes da carta. Em Kyiv e em toda a Ucrânia foram postos circular os rumores da existência de “um grupo terrorista dos seguidores de Stepan Bandera”, coordenado pelos “serviços secretos ocidentais”. Alla Horska era tida como “um dos chefões do grupo”.

Agora se sabe, que depois de Primavera de Praga de 1968 e da posterior invasão de Checoslováquia, o comité central de PCUS tomou uma deliberação secreta de “reforçar o trabalho ideológico e propagandista”. Os estalinistas voltaram ao Kremlin e KGB foi encarregue de reforçar a luta contra os dissidentes.

Desde a segunda metade de 1968 Alla Horska e seu marido Viktor Zareckiy passaram a ser seguidos, muitas vezes de maneira abertamente visível. O casal recebia as ameaças, os peões na rua ou cidadãos “anónimos” no transporte público diziam: “Vocês vão ver as suas brincadeiras, vocês vão ter o troco” e outras coisas. A sua casa era muitas das vezes vigiada, Alla Horska era constantemente convocada para “conversas de família” no KGB. Que a pedia “repensar a sua vida antes de ser muito tarde”, mudar a sua visão do poder soviético, explicavam: “você involuntariamente trabalha para os nossos inimigos no estrangeiro”, etc. Depois as conversas tomavam um tom mais ameaçador, KGB tentava quebrar artista psicologicamente.

Os seus vizinhos, Ada e Yakiv Chervinski conseguiram emigrar para o Israel em 1975. Só naquela altura eles confessaram que desde 1964, KGB usava o apartamento deles para através de um potente microfone escutar as conversas na casa de Horska. O telefone dela também estava sob escuta.

Em 1970 Horska foi chamada a depor para o interrogatório na cidade de Ivano – Frankivsk, no caso do historiador e dissidente Valentyn Moroz. Ela recusou-se a comparecer, mas escreveu um protesto para o Tribunal Supremo da Ucrânia sobre a ilegalidade e brutalidade de sentença.

Alla Horska em conjunto com o seu marido Viktor Zareckiy (1925—1990), outros artistas plásticos: Hrygoriy Synycia, Gennadiy Marchenko, Borys Plaksiy, Galina Zubchenko criaram na segunda metade dos anos 1960-ta um conjunto de obras monumentais nas cidades de Donetsk, Kyiv, Krasnodon. Era um pequeno nicho dentro da arte oficial. Por isso Alla Gorska tinha em seu poder certos valores monetários, que usava para ajudar os prisioneiros políticos ou os seus familiares. Provavelmente ela era a “caixa” dos dissidentes em Kyiv. De vez em quanto ela também recebia encomendas de Canada e EUA. Ela também costumava comprar 30-40 livros do romance «Sobor» de Oles Honchar ou «Malvy» de Ivanchuk e oferecia ou emprestava às pessoas de confiança. Estes livros não eram proibidos, mas eram indesejáveis, ignorados. Outros livros, «História da Ucrânia», já dava o “direito” de prisão e condenação, pois era editada em 1942 em Lviv, quer dizer durante ocupação nazi. Alla Gorska, Ivan Svitlychniy, Vyacheslav Chornovil faziam parte desta rede de resistência organizada ao regime e claro, KGB não queria tolerar a afronta tão grave. Por isso, ou talvez por causa de alguns outros aspectos de actividade de Alla Horska, poder comunista decidiu assassina-la, insinuando “desavenças pessoais” com o sogro. O mais provável, que a decisão foi tomada em Moscovo, pois o sistema era brutalmente centralizado e as estruturas locais de KGB não tinham o direito de tomar essa iniciativa. Na verdade, não é possível dizer com a segurança que Alla Horska foi assassinada pelos operativos do KGB. Não sabemos se foi a KGB, se foi o GRU (inelegância de exército) ou se foi um outro grupo de extermínio (ou assassino individual) às ordens do KGB, e este, às do Comité Central do PCUS.

Todos os amigos de Alla Horska, que participaram no seu enterro no dia 7 de dezembro de 1970, no cemitério de Berkivtsi (arredores longínquas de Kyiv): Yevhen Sverstyuk, Vasyl Stus, Ivan Gel, Oles Serhienko foram presos à seguir. O mundo soube da sua morte pelo “Ukrayinskiy visnyk №4” (Informe Ucraniano), jornal clandestino redigido pelo dissidente Vyacheslav Chornovil, que contava a verdade sobre as violações de direitos humanos na Ucrânia soviética.

A neta dum dos maiores poetas da Ucrânia do século XX, Ivan Frankó, conseguiu a autorização para sepultar o corpo de Alla Horska no cemitério de Baykove (cidade de Kyiv). Mas no último momento a autorização foi anulada, o dia do enterro transferido de 4 de dezembro (sexta – feira) para 7 de dezembro (segunda – feira) e artista foi sepultada no cemitério de Berkivtsi (para que o seu enterro não se transformar numa manifestação contra o regime).

Ano 1972 era o ano trágico para a elite intelectual da Ucrânia, os dissidentes eram presos e condenados aos longos anos de prisão, geralmente eram 7 anos de cadeia e 5 anos de deportação. Era o início de um circuito infernal: Ivan Svitlichniy voltou para Kyiv gravemente doente, Vasyl Stus voltou em 1989 já no caixão, começaram as falsificações dos processos, os dissidentes eram condenados pelos supostos roubos ou estupros. Outros eram enviados para os hospitais psiquiátricos, onde sadicamente eram “curados” pelos “psiquiatras” soviéticos.

Então, voltaremos ao dia negro de 28 de novembro de 1970. Alla Horska saiu de casa para visitar o sogro e não voltou mais. No dia seguinte, o seu marido, Viktor tentou marcar uma conversa telefónica com ela nos correios de Vasylkiv. Mas ninguém veio para os correios. No dia 1 de dezembro, Viltor Zareckiy foi à casa do seu pai, que entretanto estava vazia. Milícia (polícia) local disse que não irá abrir a casa, pois tinham que arranjar os testemunhos, mas já era noite...

Viktor Zareckiy voltou para Kyiv com o último autocarro e logo recorreu aos amigos. No dia seguinte, ele foi a Vasylkiv junto com amigos íntimos de Alla, jornalista Nadía Svitlichna e poeta e crítico literário Yevhen Sverstyuk. Eles obrigaram a policia abrir a casa, numa cave pouco profunda foi encontrado o corpo de Alla Horska. Mais tarde, um dos amigos da Alla, Mykola Hryshko encontrou no quintal da casa uns bigodes postiços, eventualmente usados pelo assassino. Policia prendeu Viktor Zareckiy, tentando o obrigar à confessar que matou a esposa por causa dos ciúmes, depois foi inventada uma outra versão, de desavenças pessoais entre Ivan Zareckiy e Alla Horska. Alguns semanas mais tarde, quando Viktor Zareckiy foi chamado ao Ministério do Interior provincial, o investigador, Sr. Cherniy devolveu uma parte dos pertences pessoais de Alla e dois pares dos óculos pertencentes ao Ivan Zareckiy, dentro de estojo. Viktor perguntou se a sua esposa sofreu na hora de morrer. Oficial respondeu: “foi assassinada com uma única pancada, de maneira profissional”. Isso é muito importante, pois Ivan Zareckiy, considerado único culpado do crime, toda a sua vida trabalhou como contabilista. Também era estranho que os dois pares de óculos, que Sr. Zareckiy usava, sobreviveram a colisão com comboio. É muito difícil imaginar, que a pessoa tira os óculos, guarda os no estojo e só depois deita-se direitinho na linha férrea...

Depois disso, ninguém da família de Alla Horska recebeu alguma informação sobre o andamento do processo, reconhecimento do corpo pelos familiares não foi feito, os resultados de análise do medico legista não foram conhecidos. Policia não fiz nenhuma busca na casa de Ivan Zareckiy. Também não se percebe como os operacionais da KGB, que andavam atrás de Alla Horska por todo o lado, não viram o assassino.

A família decidiu não recorrer à justiça soviética, a “mais justa em todo o mundo”. O pai de Alla, Oleksandr achava que isso não é apenas inútil, mas também é perigoso, situação na Ucrânia parecia com as purgas de 1937 – 1939.

Em 1991 cineasta ucraniano Serhiy Dudka fiz o filme documental sobre a Alla Horska. Em 1990—1991 organização da defesa dos direitos humanos «Memorial» e o seu filho, Oleksiy Zareckiy recorreram a procuradoria provincial de Kyiv. A procuradoria respondeu (12 de abril de 1990 e 19 de Setembro de 1991) — “o caso é uma morte quotidiana, por causa das desavenças pessoais”, carta também dizia que Alla Horska não participava em nenhuma actividade política, foi expulsa da União de pintores por razões artísticas (Sic!)

O seu caso, sob o número 10092 ficou arquivado vários anos na procuradoria provincial de Kyiv. Muito mais tempo, do que é articulado nos termos da Lei (apenas 15 anos, depois caso é destruído). Junto com a advogada Lioudmila Vonsonova, Oleksiy Zareckiy preparou um a carta para o Procurador – Geral da Ucrânia onde eram citados vários atropelos do código penal, cometidos na condução deste processo. Mas nem a ajuda do deputado do Parlamento ucraniano Les Tanyuk, mereceu qualquer resposta da procuradoria da Ucrânia (inquérito № 06—13/23—477 de 22.10.91). Mais tarde, um grupo dos cidadãos notáveis da Ucrânia, em 15 de Março de 1992, portanto já no país independente, escreveram uma carta ao Procurador – Geral da Ucrânia Viktor Shishkin e para o chefe do SNBU/SBU (ex-KGB ucraniano) Yevhen Marchuk e também não houve nenhuma resposta.

Ministra de Cultura, Larisa Khorolec telefonava para o Procurador – Geral, pedindo ao Viktor Shishkin controlar o caso pessoalmente. Sem nenhum resultado. O investigador, que preparou a primeira resposta, desligava o telefone na cara de Olexiy Zareckiy. Nem os materiais do caso conseguiu ver o filho de Alla Horska, o seu pedido neste sentido foi negado.

Jornalista Serhiy Bilokin fiz a sua própria investigação criminal, ele era consultado por um criminalista muito experiente, Conselheiro da justiça Borys Timoshenko, que fiz uma peritagem criminalística geral do caso. Borys Timoshenko encontrou várias disparidades na versão sobre o suicídio do Ivan Zareckiy. Não foram feitas as desinências para encontrar o comboio que matou o Sr. Ivan, não fizeram as análises de sangue da vítima (se o corpo foi deitado na linha férrea, é bem possível que primeiro essa pessoa foi drogada), não foram inquiridos as testemunhas. Não foi feita a perícia trassológica das gotas de sangue de Alla Horska, isso podia permitir determinar a posição do seu corpo no momento da pancada fatal. Sr. Ivan tinha 69 anos, sobreviveu um infarte, tinha arritmia no coração, andava devagarinho, usando uma bengala. Seria muito difícil ele conseguir fazer uma pancada à uma pessoa forte, de 41 anos e depois atirar o corpo à cave. E outra coisa, embora o crime foi logo qualificado como “costumeiro”, desde início ele tinha num controlo especial.

Neste momento, Oleksiy Zareckiy conseguiu abrir duas placas comemorativas em memória da sua mãe: em casa onde a família vivia e da onde Alla Horska saiu para nunca mais voltar e em casa onde ela foi assassinada pelo regime soviético em Vasylkiv. No museu nacional da Ucrânia foi organizada a exposição dos trabalhos de artista. Em 1996 foi editado o livro «Alla Horska. A sombra vermelha de kalyna», sobre a sua vida e a trágica morte. No início de 2000, jornalista Olena Levchenko terminou a montagem de um filme documental, que durante 1,5 horas conta a vida desta artista.

É bem possível que alguns organizadores e participantes deste crime ainda estão vivos. Embora é completamente irrisório esperar a sua confissão voluntária, Ucrânia não têm nenhuma “comissão de verdade e reconciliação” e os carrascos vivem bem, recebendo as reformas chorudas do estado ucraniano, que combateram durante toda a sua vida. Já citado jornalista Serhiy Bilokin, no início de 2000, conseguiu uma entrevista com um dos investigadores do caso Gorska. Hoje, reformado, ex - funcionário da polícia teimava em defender as sentenças produzidas pelos investigadores de 1970—1971. Pelos dados obtidos através dos oficiais de SBU (ex-KGB ucraniana) no anonimato, o caso Horska, conservado nos arquivos de SBU, levou no início dos anos 1990 uma limpeza profunda dos documentos. Isso quer dizer que SBU tinha razões para evitar contactos com os familiares de Alla Horska.

Oleksiy Zareckiy escreveu a carta ao Presidente da Ucrânia, Viktor Yushenko, solicitando a reabertura do processo da sua mãe. O novo poder ucraniano têm a oportunidade de conhecer os métodos de falsificações, de sonegação de arquivos. O circuito fechado de mentiras e mais – verdades terá que ser rompido. A mentalidade soviética, mentalidade prisional em muitos dos aspectos ficou conservada na Ucrânia actual, mas a Nação terá lutar contra esta herança. Ou pelo menos tentar livrar-se dela.

Ler mais: http://www.zerkalo-nedeli.com/nn/show/542/49794/ (em ucraniano)
http://memorial.org.ua/education/draw/6/1.htm (em ucraniano)

segunda-feira, novembro 20, 2006

Genocídio conta a nação ucraniana


Associação dos Ucranianos em Portugal
Associação dos Ucranianos em Portugal "Sobor"

Convidamos todos os ucranianos e amigos do povo ucraniano a participarem na homenagem às vítimas do Genocídio contra o povo da Ucrânia Holodomor (Grande Fome) de 1932-33. A Fome artificialmente criada pelo regime soviético que ceifou a vida de entre 7 à 10 milhões de pessoas.

25 de Novembro de 2006
"Acender a vela" - o dia em que os ucranianos de todo Mundo acendem as velas em homenagem às vítimas do Holodomor *

26 de Novembro de 2006
Desfile de Homenagem, em Lisboa (começará pelas 12.00 horas no Martim Moniz e prosseguirá até a Capelania Ucraniana de Rito Bizantino Greco-Catolíco na rua Quirino da Fonseca, 2ª - Praça de Chile)
Missa (a seguir ao desfile às 13.30 horas na rua Qurino da Fonseca, 2ª - Praça de Chile). Exibição de um filme e exposição (às 15.00 horas no Espaço Municipal de Flamenga, linha vermelha de metro, estação Bela Vista, Lisboa) **

Com apoio:
Embaixada da Ucrânia em Portugal, Igreja Greco-Católica Ucraniana, Câmara Municipal de Lisboa, ACIME


* Presidente da Ucrânia fará o discurso e convidará todos a acender velas às 14h00 (hora de Portugal, 15h00 em Angola e 16h00 em Moçambique) no dia 25/11/06
** Para mais informação: [email protected]
Em Argentina: Domingo, 26 de Novembro de 2006, às 15 horas, em Catedral Metropolitana de Buenos Aires - calle Rivadavia 450. Acção organizada pela “Representación Central de la Colectividad Ucrania en la República Argentina”

domingo, novembro 19, 2006

Morreu o Oscar ucraniano


O actor norte – americano Walter Jack Palance (18 de Fevereiro de 1919 – 10 de Novembro de 2006) era conhecido pela sua voz grave e uma cara enrugada de um “cowboy macho”.

Nascido como Volodymyr Palahniuk (Володимир Палагнюк) na parte mineira da cidade de Hazle Township, estado de Pennsylvania, Palance, de origens modestos era filho de Ivan e Hanna Palahniuk que vieram para os EUA da aldeia de Ivano-Zolote (província de Ternopil). Ivan Palahniuk trabalhava como mineiro, mas também era o secretário da Sociedade ucraniana local.

Na sua juventude Volodymyr também trabalhou como mineiro, antes de se tornar pugilista nos anos 1930. Combatendo com o nome de Jack Brazzo, Palance alcançou o recorde de 15 vitórias consecutivas, 12 deles pelo knockout, antes de perder perante futuro campeão dos pesos pesados, Joe Baksi.

Com o início da II G.M. Palance deixa o boxe e entra na aviação militar, onde era o piloto de B-24 Liberator. Numa das missões de treino, o avião de Palahniuk ardeu, daí as marcas na cara do futuro actor, que depois de várias cirurgias plásticas foi desmobilizado do exército em 1944.

Palahniuk foi graduado pela Universidade de Stanford em 1947 com o grão de Bacharel de Artes em Drama. Durante os anos de estudo, ele trabalhou como ajudante do cozinheiro, servente, vendedor de refrescos, nadador – salvador na praia de Jones Beach State Park, também era o modelo profissional.

Careira

A sua carreira de actor começou no filme “O eléctrico chamado desejo”, onde ele era duplo de Marlon Brando. Em 1947, Palahniuk fiz a sua estreia no Broadway e três anos mais tarde, a sua estreia no cinema no filme Panic in the Streets (1950). Já no seu terceiro filme, Sudden Fear, ele recebeu a nomeação para o Oscar pelo papel de Lester Blaine. A sua segunda nomeação para o Oscar aconteceu em 1953, pelo papel de um destemido pistoleiro Jack Wilson em Shane.

Depois seguiram-se vários filmes western, embora Palahniuk também fiz papeis tão distintos e variados como de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Dracula, Attila, o Huno ou de F. Castro no filme Che! (1969).

Em 1957, Palahniuk ganhou o Prémio Emmy como Melhor Actor pelo papel de Mountain McClintock no filme Requiem for a Heavyweight de Rod Serling. Em 1963 Jean-Luc Godard filmou o Palahniuk na película Le Mépris, onde actor ucraniano concatenou com Brigitte Bardot e Michel Piccoli. Nos anos 1980, Palahniuk participou na série televisiva Ripley's Believe It or Not junto com a sua filha Holly Palance. Palahniuk também aparece no filme Young Guns (1988) e no Batman (1989) de Tim Burton. No total, Volodymyr Palahniuk participou em 126 filmes e séries televisivas.

As nomeações de Academia

Volodymyr Palahniuk ganhou o seu Oscar como Melhor Actor Secundário em 30 de Março de 1992, pelo seu desempenho como cowboy Curly Washburn na comédia City Slickers (1991). Palahniuk sempre tinha orgulho de ser ucraniano, ele tinha recusado o Oscar, porque os organizadores anunciaram-no como “actor de descendência russa”. Sr. Palahniuk disse que “não tem nada a ver com a Rússia, e que é um ucraniano”. Quando um outro actor, o famoso Dustin Hoffman (1937), no seu discurso mencionou que os seus antepassados são da “cidade russa de Kiev”, Volodymyr Palahniuk pediu que Hoffman estudasse melhor a geografia e também estudasse melhor a história dos seus antepassados.

1952 – Nomeação – Melhor Actor SecundárioSudden Fear

1953 – Nomeação – Melhor Actor Secundário – Shane

1992 – Ganhou – Melhor Actor Secundário – City Slickers

Caminho de Fama de Hollywood

A estrela de Palahniuk no Caminho de Fama de Hollywood têm o número de 6608 no Hollywood Boulevard. Em 1992, ele também foi nomeado para a Sala de Fama dos Actores de Western no Museu Nacional dos Cowboy & Western Heritage na Cidade de Oklahoma, Estado de Oklahoma.

Vida pessoal

Palahniuk era casado com a Virginia Baker de 1949 à 1966. Eles tiveram três filhos: actriz Holly Palance (1950), Brooke Palance (1952) e Cody Palance (1955-1998). Cody Palance, também actor, aparece no filme Young Guns, junto com o pai. Ele morreu aos 42 anos de idade de melanoma maligna em 1998. Em memória do seu filho, Jack Palance fundou o Torneio Clássico do Golfe Cody Palance, para arrecadar os fundos para o centro de tratamento de cancro em Los Angeles. Palahniuk casou-se pela segunda vez com a Elaine Rogers em Maio de 1987.

Volodymyr Palahniuk também dedicava-se a pintura e poesia, ele editou uma colectânea poética intitulada “The Forest of Love”, publicada pela Summerhouse Press em 1966.

Volodymyr Palahniuk morreu em 10 de Novembro de 2006 de uma causa natural, na sua casa em Montecito, California no condado de Santa Barbara.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_Palance

http://www.bbc.co.uk/ukrainian

Vasyl Makukh: o esquecido herói da Ucrânia


No mundo é amplamente conhecido o nome do estudante checo, Jan Palach (11.08.1948 - 19.01.1969), que no dia 16 de janeiro de 1969, protestando contra a ocupação da Checoslováquia palas tropas do Pacto da Varsóvia, imolou-se na praça Wenceslas (junto ao Monumento de São Wenceslas) na cidade de Praga. Mas o jovem checo tinha um exemplo a seguir – ucraniano Vasyl Makukh queimou-se vivo no dia 5 de novembro de 1968 na capital da Ucrânia, cidade de Kyiv. 

por: Guennadiy Sakharov

Vasyl Makukh protestava contra a ocupação de Checoslováquia pelos países socialistas, mas também contra ocupação da Ucrânia pelo regime soviético, contra a russificação total, à favor da independência da Ucrânia.


O manual publicado pela Universidade de Lviv, tem pouca informação sobre o herói ucraniano:
 
«Makukh, Vasyl (14.11.1921 - 06.11.1968) – activista dos direitos humanos ucraniano. Nasceu na aldeia de Kariv, conselho de Sokal, província de Lviv. Desde 1944 era membro de Exército Insurgente da Ucrânia (UPA), fazia parte de inteligência militar. Em fevereiro de 1946 foi ferido em combate e preso pela NKVD. Condenado à 10 anos de campos de concentração e 5 anos de deportação. Depois de cumprir a pena, foi impedido de voltar a sua Galiza natal, escolheu viver na cidade de Dnipropetrovsk. Participou no movimento ucraniano de defesa dos direitos humanos nos anos 1960. No dia 5 de Novembro de 1968, Vasyl Makukh, protestando contra o sistema comunista totalitário, estatuto colonial da Ucrânia, política da russificação e agressão da URSS contra a Checoslováquia, perpetuou o acto de auto – imolação na avenida Khreshatyk em Kyiv.»

Depois de ser preso pela NKVD, Vasyl Makukh passou pelos campos mortíferos da Mordóvia, estive preso na Sibéria. Proibido de voltar a Galiza, viveu nos arredores da cidade de Dnipropetrovsk, aldeia de Klochko, rua de Pozhezhna, onde casou com a Lídia, mulher que conheceu durante a sua deportação. Lídia, presa aos 17 anos de idade, também passou 10 anos nos campos de concentração e 5 anos de deportação na Sibéria, mas saiu em liberdade dois anos mais cedo. A sua culpa? Durante a II G.M. fazia parte de um agrupamento cultural, que actuava perante as tropas alemãs e dos seus aliados.
 
Casal Makukh tive duas crianças: filho Volodymyr e filha Olha. Vasyl primeiro trabalhava como serralheiro, estudando a noite, depois entrou no ensino médio. Mas logo foi expulso, quando alguém denunciou o seu passado político. Continuava estudar sozinho. Visitando a família na Galiza, Vasyl Makukh falava sobre a política anti – ucraniana das autoridades estatais do leste da Ucrânia, a política de russificação total de toda a vida social, sobre o seu desejo de tornar-se mártir em nome da Ucrânia.

No outono de 1968, Vasyl Makukh foi mais uma vez à Galiza, para visitar a família. Antes de ir à Lviv, disse a esposa: “Se algo me acontecer, saibam que amo vós todos, amo muito”. Já estando na Galiza, escreveu algumas cartas aos amigos de Nikopol, Kyiv, Dnipro, duas cartas para a esposa. Todas elas terminavam: “Glória à Ucrânia!” Viajou para Kyiv, não levou a mala, apenas algumas maças e um recipiente, para a sobrinha Yaroslava Osmylovska disse que era sumo. Depois, descobriu-se que desapareceu o bidão de gasolina da garagem...

7 de novembro de 1968. Poder comunista preparava-se para o desfile militar, dedicado à aniversário da revolução bolchevique de 1917. A oposição nacional preparava a demonstração do protesto contra a invasão da Checoslováquia. Mas os organizadores foram traídos e Vasyl Makukh ficou sozinho. No dia 5 de Novembro de 1968 ele queimou-se publicamente na rua Khreshatyk, regando-se com a gasolina. A chama humana ardia em Kyiv, as últimas palavras do Vasyl Makukh eram: “Fora os colonos! Viva a Ucrânia livre!”. No dia 6 de Novembro, Vasyl Makukh morreu num hospital de Kyiv, na unidade de queimados. Uma testemunha conta, que alguém do pessoal médico disse a Vasyl: “você tornou os seus filhos órfãos”. Vasyl, recuperando os sentidos por breves estantes respondeu com muita dignidade: “neste momento nós todos somos órfãos”.

Lídia foi avisada sobre a morte do marido pelos desconhecidos. Quando ela e o cunhado Ivan Cipukh, foram buscar o corpo do Vasyl em Kyiv, ambos foram presos pela KGB, encarcerados durante uma noite e levados à casa mortuária sob vigia, apenas no dia seguinte. Ambos eram constantemente vigiados, para não pudessem falarem com ninguém, os nomes de todas as pessoas que participaram na cerimónia do enterro do Vasyl, foram anotados pelos agentes da KGB. A irmã do Vasyl, que vivia na Galiza, já no dia 7 de novembro foi chamada ao KGB do seu conselho, onde foi brutalmente espancada, morrendo em consequência dessa violência dois anos depois. Lídia Makukh foi despedida do serviço, durante alguns anos ela não conseguia encontrar nenhum emprego, para sobreviver foi obrigada a vender todos os haveres da família.

Em 2006, Lídia Makukh, já com 80 anos de idade recebia a reforma estatal e mais uma pensão pequena pelo seu marido. Vasyl Makukh têm uma campa muito simples na aldeia de Klochko, longe da sua Galiza amada.

A Organização dos ex-prisioneiros políticos e vítimas das repressões, outras organizações políticas da cidade de Dnipro, endereçou a petição ao Presidente da Ucrânia, na altura Viktor Yushenko, para que o Vasyl Makukh pudesse ser condecorado ao titulo póstumo, com a medalha de Herói da Ucrânia. O Conselho municipal de Dnipro recebeu a proposta de atribuir o nome de Vasyl Makukh à uma das avenidas da cidade. Também podia-se pensar em erguer o monumento do homem – chama em Dnipro.
A ponte pedestre em Praga chamada em memória do Vasyl Makukh em 2018.
foto @Embaixada da Ucrânia na República Checa

Ler mais:
http://tema.in.ua/article/?id=956 (em ucraniano)

quinta-feira, novembro 16, 2006

MENSAGEM DA COMUNIDADE UCRANIANA DE PORTUGAL AO POVO PORTUGUÊS

A Ucrânia e as suas comunidades de emigrantes espalhadas pelo Mundo, irão comemorar em 2007-2008 o 75.º aniversário de um dos mais trágicos acontecimentos do século XX: a “Grande Fome de 1932-1933”, também designada de Golodomor.

Morreram entre 3 a 6 milhões de ucranianos - sobretudo camponeses - em consequência de uma fome artificialmente provocada pelo regime soviético dirigido por Estaline.

Este genocídio teve como principal objectivo “castigar” os camponeses - a base social da nação ucraniana - devido à sua resistência à colectivização da agricultura e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais. Numa clara demonstração dos seus intentos criminosos, o Governo da União Soviética executou de forma implacável as seguintes medidas:

  • confiscação das colheitas e das reservas alimentares dos camponeses ucranianos, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos e colocando em grave risco a sua sobrevivência;
  • repressão de qualquer forma de resistência (deportação de populações; detenção em campos de concentração e fuzilamentos);

· encerramento, pela polícia, das fronteiras da Ucrânia, impedindo que os camponeses procurassem alimentos na Rússia e em outras regiões, ou os transportassem para a Ucrânia;

· proibição da venda de bilhetes de comboio e instalação de barreiras policiais nas estações ferroviárias e nas estradas que levavam às cidades. Centenas de milhar de famintos foram assim obrigados a regressar às aldeias, morrendo de fome;

· revogação dos direitos de autonomia cultural, linguística e política da nação ucraniana, incluindo as comunidades que viviam nas outras regiões da União Soviética;

· repressão da elite cultural e política (escritores, sacerdotes, dirigentes políticos, artistas, etc.), sob a acusação de nacionalismo.

O regime soviético, enquanto ia exportando para o estrangeiro milhões de toneladas de cereais, rejeitava as informações transmitidas pela imprensa ocidental, bem como as ofertas de auxílio humanitário.

Durante mais de 50 anos a diáspora ucraniana procurou divulgar a verdade sobre o Golodomor. Com esse objectivo, apoiou a investigação realizada por diversas entidades académicas, tais como a Comissão do Congresso dos Estados Unidos da América, presidida pelo historiador James Mace (1988) e a Comissão Internacional de Inquérito da Fome de 1932-1933 na Ucrânia, dirigida pelo jurista Jacob Sundberg (1990).

Só depois da desagregação da União Soviética e da recuperação da independência nacional ucraniana (1991), foi possível romper com o silêncio e a mentira. Foi instituído, no quarto sábado do mês de Novembro, o “Dia da Memória das Vítimas da Fome e das Repressões Políticas” e aprovada uma declaração do Parlamento da Ucrânia.

Os órgãos de soberania de diversos países (E.U.A., Canadá, Estónia, Argentina, Austrália, Itália, Hungria, Lituânia, Geórgia ou Polónia) já reconheceram o carácter genocidário do Golodomor. Por sua vez, na 58.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (2003) foi elaborada uma declaração, com o apoio de 63 estados-membros, prestando homenagem à tragédia nacional do povo ucraniano.

Mais recentemente, o Presidente Viktor Yuschenko (Novembro de 2005) e os participantes do 4.º Fórum Mundial dos Ucranianos (Agosto de 2006) apelaram à comunidade internacional para reconhecer o Golodomor como um acto de genocídio.

No âmbito do Artigo 93.º da Constituição da Ucrânia, em Novembro de 2006, o Presidente Viktor Yushchenko apresentou ao Parlamento (Verkhovna Rada) o Projecto-Lei “Sobre o Golodomor de 1932-1933 na Ucrânia” e salientou a necessidade urgente da sua aprovação, com vista ao reconhecimento do Golodomor, enquanto acto de genocídio contra o povo ucraniano

A aprovação deste diploma, reveste-se de um significado político, social e moral de extrema importância, nas vésperas do 75.º aniversário do Golodomor de 1932-1933, pretendendo contribuir para o estabelecimento da justiça histórica, para a divulgação das causas e das consequências do genocídio do povo ucraniano, para a unidade do povo ucraniano em torno dos valores da tolerância e da paz, e para o reforço do prestígio internacional da Ucrânia.

Com vista a esse reconhecimento, a comunidade ucraniana em Portugal irá desenvolver várias iniciativas de divulgação e de sensibilização, dirigidas à sociedade civil e às instituições políticas portuguesas.

Por tudo isto, fazemos um apelo à vossa solidariedade, em nome dos ideais humanistas que partilhamos enquanto nações livres e dignas!

Comunidade Ucraniana em Portugal: [email protected]

terça-feira, novembro 14, 2006

Postais da Ucrânia combatente


Nesta página poderão ver vistos os postais do Exêrcito Insurgente da Ucrânia (UPA), exêrcito clandestino dos patriotas ucranianos, que combateu primeiro os nazis, e depois os soviéticos nos territórios da Ucrânia Ocidental entre 1942 – 1956.
http://ov.ottawa-litopys.org/poshtivkyupa/


sábado, novembro 11, 2006

Combate Volodymyr (Wladimir) Klitschko vs. Calvin Brock


Não esquecem de ver o combate do Volodymyr Klichko amanha e apoiem o campeão ucraniano!

EUA, HBO WBC

Sábado, Novembro, 11
10:00 PM ET/7:00 PM PT - Live transmission

UCRÂNIA, Telechannel "Studio 1+1"

Domingo, Novembro, 12
07:00 - The delayed transmission
23:05 - Rebroadcast

RÚSSIA, Telechannel "Sports"

Domingo, Novembro, 12
09:10 - Live transmission
20:30 - Rebroadcast

ALEMANHA, Telechannel

Domingo, Novembro, 12
04:00 - Live transmission
11:05 - Rebroadcast

Fonte: http://www.klitschko.com/news/index.php3?read=200611009&part=en
Mais info: http://ucrania-mozambique.blogspot.com/2006/10/ucranianos-investem-na-educao-em.html