quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Secretaria de Mulheres pede suspensão de comercial de lingerie

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) pediu ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) que suspenda a campanha "Hope ensina", em que a modelo Gisele Bündchen aparece de calcinha e sutiã "ensinando" as mulheres a usar a sensualidade para amenizar as reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano.

Criada pela Giovanni+Draftfcb, a campanha começou a ser veiculada no último dia 20, e desde então a Ouvidoria da SPM recebeu diversas reclamações de indignação a respeito da propaganda e tomou a iniciativa de enviar dois ofícios. O primeiro ao Conar, pedindo a suspensão da propaganda, com base nos arts. 19 a 21 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, e do art. 30, II, do Regimento Interno do Conselho de Ética (RICE). O segundo, ao diretor da Hope Lingerie, Sylvio Korytowski, manifestando repúdio à campanha.

“A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grande avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas”, diz a Ouvidoria. “Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os arts. 1° e 5° da Constituição Federal.”

"[A peça] Remete à imagem estereotipada e antiga, que valoriza mais dotes físicos do que a inteligência", diz Rachel Moreno, do Observatório da Mulher.

Segundo a reportagem do portal Terra, o Conar informou que ainda não recebeu o ofício. Em nota oficial, a Hope diz que "a propaganda teve o objetivo claro e bem definido de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente, pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia. E que utilizando uma lingerie Hope seu poder de convencimento será ainda maior."

"Foi exatamente para evitar que fôssemos analisados sob o viés da subserviência ou dependência financeira da mulher que utilizamos a modelo Gisele Bundchen, uma das brasileiras mais bem sucedidas internacionalmente. Gisele está ali para evidenciar que todas as situações apresentadas na campanha são brincadeiras, piadas do dia-a-dia, e em hipótese alguma devem ser tomadas como depreciativas da figura feminina. Seria absurdo se nós, que vivemos da preferência das mulheres, tomássemos qualquer atitude que desvalorizasse nosso público consumidor", conclui a nota.

Polêmica como estratégia de mercado
Para a filósofa Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, que também protestará no Conar, a polêmica foi estratégia de mercado: "Um grande comerciante, como a Hope, tem intenção número um de causar esse constrangimento na sociedade, para ser mais falada e mais vista".

FONTE: Terra/CartaCapital/Exame.com

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Descriminalização e legalização do aborto: avanços e desafios neste 28 de setembro



A Campanha 28 de Setembro marca nesta quarta-feira o Dia pela Despenalização do Aborto na América Latina e Caribe. A campanha é impulsionada pela coordenação regional sediada na Nicarágua e apoiada pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe – RSMLAC e Rede Feminista de Saúde e que estão divulgando a edição 2011 do Chamado à Ação, documento que estimula uma reflexão sobre as questões do aborto inseguro, sua clandestinidade e as consequências na saúde das mulheres.

O documento traz um conjunto de informações sobre avanços, ameaças e retrocessos quanto ao direito à interrupção voluntária da gravidez na região, mostrando que os Estados na maioria dos casos não vêm assumindo o compromisso de garantir a possibilidade das mulheres exercerem sua sexualidade e reprodução com autonomia. A pauta da legalização do aborto no Brasil é parte da programação do XI Encontro Nacional da Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos com início, nesta quinta-feira, 29, às 19 horas, no Salão de Eventos do City Hotel, Rua Dr. José Montaury, 20, Centro Histórico, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Em seu manifesto, que pode ser conferido abaixo, a Campanha 28 de Setembro denuncia que setores conservadores continuam agindo livremente, com a conivência de muitos governos, para impedir o acesso de adolescentes, jovens e mulheres adultas à educação sexual, a todos os métodos contraceptivos e ao aborto seguro. No Brasil esta campanha é coordenada pela Rede Feminista de Saúde.

A Campanha 28 de Setembro foi criada no V Encontro Feminista da América Latina e no Caribe, realizado na Argentina em 1990. As participantes escolheram esta data para marcar ações de visibilidade para a questão do aborto e reivindicações por reformas legais pró descriminalização e legalização. Leia a íntegra do Manifest no site da Rede Feminista de Saúde - redesaude.org.br