“Volte a ser Borboleta!”
- Uma metáfora da vida –
“...Há três tipos diferentes de mente:
uma compreende as coisas sem
ajuda;
a segunda compreende as coisas demonstradas por outrem; a terceira nada consegue compreender,
nem só, nem com a assistência dos outros...”.
O Retrato das Coisas –
Nicoló Maquiavelli – 1531
Onde está o céu azul? Por que nos
“forçaram” a “pousar” sobre um solo escuro? Somos a espécie que faz o caminho
reverso?
Nosso “casulo” era perfeito. Não este em que nos encontramos.
O ventre, este era nosso casulo.
Lá estava a perfeição.
Lá estava o líquido da vida. O
amor idolatrado, incondicional, inquestionável.
Por favor! Não leve a visão do
poeta como saudosismo. Seria pequeno demais. Apenas, por um momento, pensemos
juntos: Não vai doer.
Obrigado!
Deste “casulo”, nos apresentaram para um mundo. Estranhamos um pouco, é
verdade. Mas somente no início. Depois acostumamos nossos olhos a este “novo mundo”. E gostamos.
E exercemos completamente nossa
liberdade. Éramos tudo. Podíamos tudo. “Voávamos”
tais quais as borboletas. Tudo poderia ser observado. As cores de todos os
ângulos. A perfeição de todas as formas. O tempo existindo, não era importante.
Não era mensurável. Era ínfimo demais. Não merecia nossa atenção.
E falando em tempo, isso durou um
bom tempo.
Mas... Logo, este tempo de “borboleta” foi minguando. O tempo foi
se tornando mais forte. Mais importante. Fomos sendo “moldados” e” condicionados”.
Fomos sendo o que outros seres,
da mesma espécie, queriam que fossemos.
Assim nos tornamos de tudo. E ao
mesmo tempo fomos nos desfazendo.
Tornamo-nos médicos, advogados,
operários, professores, filósofos, padeiros, floristas e uma centena de
milhares de outros títulos. Ou rótulos.
E, aos poucos, fomos deixando de
ver o céu azul, de admirar nossas próprias cores contrastando com o restante da
natureza. Nossos voos se tornaram, cada vez mais, rasantes. Próximos demais do
solo. E logo não voamos mais.
Tornamo-nos “terráqueos”. Completamente. O sol, ora esquenta em demasia, ora
está fraco. A chuva ora nos leva de “enxurrada”,
outras vezes esquece e enrijece o solo. E o barulho aumenta com nossas
pisadas. No frio não nos aproximamos
muito, há muitos “espinhos”. Ferem-nos. Nada satisfaz mais ninguém. A natureza “desregulou-se”. E todos só “reclamam”. Todos de “borboletas” se tornaram “pacientes”. Somente reclamam de dores.
Da ausência da beleza.
As flores, nosso lar mais bonito,
perfumado e gostoso de estar desaparece. Necessitamos andar muito para
encontrar outro “lar” florido. O
perfume então, simplesmente, some. Nosso sentido mais profundo, nosso olfato,
acostumou-se com todo o tipo de odor.
Assim condicionamo-nos a “esperar”
que venha uma estação repleta de flores, para que então, somente então,
possamos sentir, novamente, um “lar”
cheiroso. Com cheiro de vida. Com cores de muita vida. Note como as crianças
mudam completamente, mesmo já tão condicionadas, com a chegada da primavera. Lá
se vão elas a procurar a natureza. Praças que tenham flores, que tenham
cheiros. Se houver um pouco de relva melhor ainda. Assim é como se recebessem
um pouco dos “fluidos” mais
consistentes da própria vida.
E seguimos o que fomos moldados.
O que fomos condicionados. Nos tornamos tudo. Tudo o que é importante para os
outros. Deixamos de ser borboleta. E aos poucos vamos nos incrustando cada vez
mais. Vamos retornando a um “casulo”.
A uma espécie de “caverna”. O caminho
da reversão. A única diferença que este “casulo”
se movimenta. Mas a vida...
Ela se tornou automática. Os sonhos são
desfeitos, muito rapidamente. Ficaram na liberdade da infância. A beleza: Ah,
esta tornou-se quase uma vilã. Poucos a sentem. E pouquíssimos a enxergam. É
como se seus matizes fossem modificados também.
No “amor” não nos tocamos, como as borboletas. Elas suavemente se
aproximam. Deixam a “energia”
contagiar. Um ao outro. Estamos primitivos em demasia. Até nossos “toques” são “mecânicos”, automáticos. Não sentimos mais os cheiros. A sensação
maravilhosa de uma pele. Tudo esta embrutecido.
Assim entregamo-nos ao simples “viver”. Não estamos mais preocupados com
a beleza de termos sido feitos em um casulo perfeito, para nos tornar um ser
perfeito. A borboleta que voa, suave e livremente. Muitos esqueceram este
desejo há muito tempo. E os outros seguem os primeiros. E o casulo vai se fechando.
Retorne a sua condição, a sua
naturalidade. Volte a ser borboleta. O céu continua azul. Sinta a beleza, o
perfume. Sinta a sensação maravilhosa do toque. Descubra o prazer da suavidade
de um beijo. Simples. Sem rótulos. Só com a liberdade que seu coração pede.
Pode pensar sobre isso... Não
dói!
Entendimentos & Compreensões
Dos Sentimentos de uma Vida