Hoje escrevo
outras palavras
Aquelas que
um dia julguei perdidas
Um poema desarrumado,
cheio de rasuras.
Inacabado,
sem palavras medidas.
Mas um poema
não precisa de nada!
Para ser poema, só necessita de razão.
Não há
palavras tolas a serem escritas.
A lembrança que me rói.
E de novo espanca, tortura.
Não extrai
de mim o alento.
Não espero a
confissão.
Não espero a
candura.
Revejo o tudo que aconteceu ontem, reescrevo tudo que perdeu
Não existem
vocábulos prontos para definir a noção do caos.
Ele
simplesmente nos devora, antes que possamos defini-lo, por isso não há sentido
definir o sentimento, nem agora nem quando era possível, pois ontem ninguém me ouvia.
Hoje as palavras batem nas paredes surdas refletem as memórias que pensavam serem
ilusórias.
A gente não
percebe, nem pensa que essas coisas são reais.
A vida é
diferente.
Tudo que se
faz aqui não passa de palavras ao vento.
Nada
acontecerá.
Mas, sabemos
de cor.
O algoz
reduz sua cólera.
Escondendo-se
num discurso vazio
Dissimulando
todo seu tom doentio
Tentando ser
bom, parece pior.
Hoje meu
poema é mudo.
É linguagem
dura.
Não pode
decifrar angústias... é ferida.
Reaberta
tantas vezes que nunca se fechará.
Mesmo que um
dia haja cura.