Frente a frente. Olhos nos olhos. Bigodes contra barba.
Era assim que o gato gostava de o encarar sempre que pulava -"catchapum"- de assalto para o seu colo.
Ora o homem que, nem sempre primava pela virtude da paciência, arreliava-se com o bichano indiferente, apesar de advertências e castigos.
Por vezes, e depois de uma quase sempre desajeitada aterragem em cima do peito, o gato esticava as patas dianteiras, bocejava e fazia chegar o seu focinho até ao nariz do homem como se o quisesse cheirar e beijar a seguir.
Porém, o homem, já a modos que preparado para iniciar a ancestral sesta, abria mão do seu impetuoso feitio, colocando a cabeça do bichano entre as suas mãos.
E, num ato mecanizado, "coçava" as partes laterais, bem como a frente do focinho do gato. Se o homem parava, o bichano "despersianava" os olhos, esticava novamente as patas e fazia chegar de novo o seu focinho até ao nariz do homem como se lhe quisesse dizer; "Vá lá, não pares. Continua...".
Então entorpecido pelos soníferos afagos, o gato deixava-se adormecer com a cabeça no sítio onde coração do homem batia.