Maria Na Liturgia e Na Piedade Popular

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MARIA NA LITURGIA E NA

PIEDADE POPULAR
“À vossa proteção
recorremos, Santa Mãe de
Deus. Não desprezeis as
nossas súplicas em nossas
necessidades, mas livrai-nos
sempre de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e
bendita!”

(Séc. III – Egito)


LITURGIA DA IGREJA E A VIRGEM
MARIA
 O tema nos leva a perguntar pelo lugar que Maria ocupa
no culto e na vida da Igreja.

 Vaticano II: Cristo é o centro da Liturgia e o único


mediador.

 “(...) A Igreja, em espírito e verdade, adora o Pai, o Filho


e o Espírito Santo, ‘venera com particular amor Maria
Santíssima, Mãe de Deus’ (SC 103), e honra com
religioso obséquio a memória dos mártires e dos outros
santos.” (MC – Introdução)
LITURGIA DA IGREJA E A VIRGEM
MARIA
 A fé da Igreja sempre reconheceu e incentivou a devoção
à Virgem Maria que, depois de Cristo, ocupa o primeiro
lugar, e é também a mais próxima de nós.

 Como, então, conciliar a centralidade do culto cristão,


que é o Mistério Pascal de Jesus Cristo, e a fé na Virgem
Maria? E como conciliar Liturgia e a devoção popular?

 CELAM Aparecida: é um marco entre a piedade popular


e a hierarquia da Igreja.
LITURGIA DA IGREJA E A VIRGEM
MARIA
 DA 3: “Sentimo-nos acompanhados pela oração de nosso
povo católico, representado visivelmente pela
companhia do Pastor e dos fiéis da Igreja de Deus em
Aparecida, e pela multidão de peregrinos de todo o
Brasil e de outros países da América ao Santuário, que
nos edificaram e evangelizaram”.

 DA 7: “As maiores riquezas de nossos povos são a fé no


Deus amor e a tradição católica (...) que se manifestam
na fé madura de muitos batizados e na piedade
popular.”
HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL (1532-
1860) – DEVOÇÃO À MARIA
Oragos das Paróquias do Brasil (1532-1860)
Trindade e Espírito Santo 28 2,17%
Cristo (Paixão: Bom Jesus...) 93 7,21%
Santas 125 9,69%
Santos 427 33,10%
Maria 599 46,43%
Sem indicação 18 1,4%
Total 1290

• Observa-se
um déficit trinitário, cristológico e
pneumatológico.

• 89,22% das Paróquias eram dedicadas à Maria


e aos Sant@s.
HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL (1532-
1860) – DEVOÇÃO À MARIA
12 invocações de Maria mais recorrentes
Conceição 170 28,3%
Rosário 47 7,3%
Dores 30 5%
Piedade 25 4,2%
Carmo 23 3,8%
Penha 18 3%
Nazaré 14 2,3%
Assunção 12 2%
Glória 11 1,8%
Graça 11 1,8%
Pilar 11 1,8%
Amparo 11 1,8%
ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA
1. Sagrado narrado no feminino:

 A colonização do Brasil foi um processo marcadamente


masculino (administradores, soldados...).

 As estruturas sociais e religiosas eram machistas.

 Em Maria, redescobre-se o traço feminino, materno e


inclusivo da mulher, uma vez que a figura masculina
representava a dominação, na maioria das vezes até
violenta.
ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA
2. Corpos como moradas de Deus e da Virgem:

 Os nomes de Maria marcam a vida das pessoas: Maria


das Dores, Maria dos Prazeres, Maria Conceição,
Maria da Penha...

 O uso de sinais expressam esse fenômeno: brincos,


escapulários e medalhas de Maria...

 Fenômeno atual parecido: tatuagens de Maria (cf. Is


49,16).
ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA
3. O sagrado no chão da vida e no cotidiano:

 Embora a Igreja no Brasil colonial não estivesse tão


ligada à Igreja de Roma, observava-se uma profunda
separação entre fé “oficial” e vida.

 Maria e suas invocações aproximam essas dimensões:


Bom Parto, Conceição (vida que se anuncia), Leite,
Ternura, Dores, Saúde, Boa Viagem, Navegantes...
ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA

4. A casa como um santuário doméstico:

 A casa é feita um santuário.

 Nas casas, há uma imagem de Maria diante da qual a


família rezava (ladainhas, terço...)
ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA
5. Sagrado como caminhada para Deus:

 Procissões e romarias: rezar com os pés.

 Ressalta-se a dimensão festiva da fé.

 Reza-se caminhando, sem folhetos, sem muitos discursos


e se faz uma experiência de fé compartilhada.

 Categoria fundamental da fé: homo / mulier viator.


ALGUMAS CONCLUSÕES A PARTIR
DESTES DADOS – TRAÇOS DA PIEDADE
MARIANA
6. Fé, luta pela justiça e martírio:

 É uma dimensão que ganha expressão na América


Latina: “derruba os poderosos de seus tronos e eleva os
humildes”.

7. Senhora de todas as cores e raças:

 “Senhora negra, yá querida...”


MUDANÇA DE PARADIGMA: O
PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO (FINAL
DO SÉC. XIX)
 Há uma troca violenta deste modelo de fé e devoção.
 As Marias do cotidiano são trocadas pelas Virgens
europeias de aparições trazidas pelas congregações
religiosas.
 Santuários: lugares de abuso e fora de controle, sendo
necessária uma autorização dos párocos e bispos para
fazer romarias. Há também a entrega dos santuários aos
religiosos para controlar a piedade popular.
 Devoções: passam para dentro das casas como uma
preocupação individual (SCJ, nove sextas feiras,
desagravos...).
Nesse contexto, como
resgatar o lugar de Maria
na vida da Igreja e no
coração do Povo de Deus?
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
 SC 103: “Na celebração deste ciclo anual dos mistérios
de Cristo, a Santa Igreja venera com especial amor a
Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus,
indissoluvelmente unida à obra salvífica do seu Filho;
em Maria a Igreja admira e exalta o fruto mais excelso
da Redenção, e a contempla com alegria como imagem
puríssima do que toda ela deseja e espera ser.”

 Maria, portanto, sempre está em relação a Cristo: “Na


Virgem Maria, de fato, tudo é relativo a Cristo e
dependente dele” (MC 25).
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
 É fundamental fazer um resgate bíblico da figura de
Maria, seja no NT, em que a sua inserção na História da
Salvação é mais evidente, seja no AT, em que Maria é tida
como ressonância.

 Todas as prerrogativas de Maria são em vista de sua


maternidade divina. O Senhor faz maravilhas em Maria
porque ela é Mãe de Deus. É a primeira e fundamental
verdade de fé referente à Maria.

 No AT, as mulheres que participaram da caminhada do


Povo de Deus no seu processo de libertação têm sua
ressonância na Maria histórica.
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO - AT
 Grandes mães: Eva (mãe de todos os viventes), Sara (mesmo
duvidando, acreditou no Deus da promessa), Hagar (é a prova de
que Deus está próximo – Deus conosco);
 Grandes matriarcas: Míriam (Maria), irmã de Moisés e Aarão,
que antecipa o cântico de Maria no NT; Rute é uma mulher
estrangeira (fora da aliança), assim como Maria que é citada na
genealogia de Mt e que está fora da estrutura de aliança – Cristo
veio pela matriarca, e não pelo patriarca – inversão da ordem;
Ana é aquela que ora diante do altar do Senhor – Lc se inspira
em seu cântico e faz ecoar dos lábios de Maria um canto de ação
de graças; Ester é o modelo de mulher que ama e intercede pelo
povo; Débora significa abelha e é a imagem de muitas mulheres
que trabalharam silenciosamente e colaboraram na História da
Salvação.
 Maria de Nazaré vem desta linhagem de mulheres!
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO – NT

 Maria é a primeira e mais perfeita discípula de Jesus,


abrindo-se totalmente à ação de Deus: o grande sim de
Deus pela humanidade no mistério da Encarnação
encontra eco no sim de Maria que, pela sua
generosidade, se torna Mãe de Deus e Mãe dos viventes;
nela, comemora-se o sublime diálogo entre Deus e o ser
humano em Jesus Cristo, Verbo feito carne, ao mesmo
tempo em que se comemora o livre consentimento de
Maria no plano da salvação.
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO – NT

 Maria é a discípula Mãe que vai depressa e cheia de


júbilo prestar serviço. Maria, ao visitar sua prima, entra
na casa de Zacarias porque é do patriarca, mas saúda
Isabel, porque é a mulher que guarda o mistério da casa.
Há, pois, no encontro de Maria e Isabel, o encontro de
duas missionárias, anunciando e promovendo o encontro
de Jesus com seu povo. Isso tudo acontece no ambiente
da casa e da família.
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO – NT
 Maria é a cheia de graça, isto é, a cheia dos favores
divinos. No primeiro elogio público de Maria, diz-se o
seguinte: “Bem aventurado o seio que te trouxe e os
seios que te amamentaram!”. Uma mulher, cheia de
admiração, saúda Cristo, mas vai além, atingindo sua
mãe. Percebe-se, portanto, que em Maria se realiza o
mistério de Cristo.

 No AT, a rainha não é a esposa do rei, mas a mãe. A


rainha sempre está na sala real em pé ao lado do rei.
Maria, por sua vez, está de pé ao lado da cruz de seu
Filho, como imagem da Igreja fiel que comunga e é fiel
ao destino de Cristo e sua missão.
CONCÍLIO VATICANO II: O RESGATE DA FIGURA
DE MARIA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO – NT
 No evento de Pentecostes, Maria está presente junto à
Igreja orante. Ela, portanto, é imagem do humano que
ora e vigia. Na iconografia oriental, Maria está ao centro
dos discípulos, presidindo a Igreja em oração.

 A assunção de Maria aponta para o destino do ser


humano e de toda a Igreja. Ao ser assumida em corpo e
alma, glorificada no seio da Trindade, Maria é imagem
da humanidade redimida e assumida por Deus. Em
Maria, realiza-se “a glorificação plena, destino de todos
aqueles que Cristo fez irmãos, ao ter com ele ‘em
comum o sangue e a carne’ (Hb 2,14; Gl 4,4)” (MC 6).
MARIA E A LITURGIA – PROCLAMAÇÃO
DAS FESTAS MÓVEIS (EPIFANIA)
Irmãos caríssimos, a glória do Da celebração da Páscoa do Senhor
Senhor manifestou-se, e sempre há derivam todas as celebrações do Ano
de manifestar-se no meio de nós até a Litúrgico: as Cinzas, início da
sua vinda no fim dos tempos. Nos Quaresma, a 10 de fevereiro;
ritmos e nas vicissitudes do tempo, a Ascensão do Senhor, a 08 de maio;
recordamos e vivemos os mistérios Pentecostes, a 15 de maio; o Primeiro
da salvação. Domingo do Advento, a 27 de
O centro de todo o ano litúrgico é o novembro.
Tríduo do Senhor crucificado, Também nas festas da Santa Mãe de
sepultado ressuscitado, que Deus, dos Apóstolos, dos Santos e na
culminará no Domingo de Páscoa, Comemoração dos Fiéis Defuntos, a
este ano a 27 de março. Igreja peregrina sobre a terra proclama
Em cada Domingo, Páscoa semanal, a Páscoa do Senhor.
a Santa Igreja torna presente este A Cristo, que era, que é e que há de vir,
grande acontecimento, no qual Jesus Senhor do tempo e da história, louvor e
Cristo venceu o pecado e a morte. glória pelos séculos dos séculos. Amém.
MARIA E A LITURGIA
 Maria está organicamente inserida no mistério pascal.

 No início da Igreja, não havia um culto específico à


Maria.

 Desde cedo, a Igreja associou ao mistério de Cristo o


mistério dos cristãos que, em virtude do Batismo, se
configuravam a Cristo até o martírio.

 Maria sempre está vinculada ao mistério de Cristo:


“nascido do Espírito e da Virgem” (Hipólito de Roma –
II Oração Eucarística).
MARIA E A LITURGIA
 É a partir do Concílio de Éfeso (431) que as festas a Maria
vão ganhar impulso.

 As festas marianas surgem em Jerusalém e estão no contexto


do mistério da Encarnação que, por sua vez, é compreendido
na perspectiva pascal (noite, anjos, luz...).

 A maternidade divina de Maria está no início de todo o


privilégio dela.

 Com o passar do tempo, vão se inserindo no culto da Igreja


várias festa decorrentes de revelações pessoais, e as virtudes
de Maria, acentuando-se um caráter subjetivo e devocional.
MARIA E A LITURGIA
 Por que prestar culto a Maria? Há três motivos:

1. Porque ela é Mãe de Deus (razão primordial)

2. Porque sendo Mãe de Deus, é a primeira favorecida,


podendo cooperar com os cristãos de modo especial

3. Porque assim Maria se torna imagem da Igreja como


ícone da escuta da Palavra e do discipulado
MARIA NA PIEDADE POPULAR
 MC 57: “Cristo é o único caminho para o Pai. Cristo é o
modelo supremo, ao qual o discípulo deve conformar o
próprio comportamento, até chegar ao ponto de ter em si
os mesmos sentimentos, viver da sua vida e possuir o seu
Espírito. A Igreja (...) reconhece que também a piedade
para com a bem aventurada Virgem Maria,
subordinadamente à piedade para com o divino Salvador
e em conexão com ela, tem uma grande eficácia pastoral
e constitui uma força renovadora dos costumes
cristãos.”
MARIA NA PIEDADE POPULAR
 Como, pois, conciliar a piedade popular com a Liturgia? Há
alguns critérios:
1. A Liturgia é a “forma exemplar”, a fonte de inspiração, constante
ponto de referência e meta última da espiritualidade cristã.
2. A devoção faz parte da “fisionomia mariana” dos fiéis.
3. A devoção mariana deve ter um endereço trinitário.
4. A devoção mariana deve ter referencial bíblico.
5. Comunhão com a fé da Igreja.
6. Sensibilidade ecumênica.
7. Considerar os aspectos antropológicos.
8. Salientar a tensão escatológica.
9. Compromisso missionário.
10. Levar ao testemunho de vida.
MARIA NA PIEDADE POPULAR
 Concluindo...

1. Redescobrir a Maria dos evangelhos: voltar-se a Maria


de Nazaré.

2. Superar a exterioridade superficial e o sentimentalismo:


são elementos contrários à doutrina católica (cf. MC
38)

3. A devoção e o culto devem levar a uma prática


evangélica.

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