HIV em Criança

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MANEJO DA CRIANÇA EXPOSTA E

DA CRIANÇA INFECTADA PELO HIV

Elza Carolina Barros (infectopediatra)


Professora Doutora Mônica Gama
[email protected]
Eliminar a transmissão vertical do HIV
A criança exposta ao HIV

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) representa


um dos maiores problemas de saúde pública.

Estima-se que 1,7 milhão de crianças menores de 15 anos vivam


com o HIV ou com a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids)
em todo mundo

A transmissão vertical do HIV constitui a principal via de


transmissão na infância – no Brasil, cerca de 90% das crianças que
vivem com HIV foram infectadas por via vertical.
A criança exposta ao HIV
O vírus pode ser transmitido em três momentos distintos:
durante a gestação (65%), no intraparto ou no pós-parto
– aleitamento materno: 13%

Fatores que podem ser associados a esta transmissão:


doença materna avançada por HIV, carga viral elevada e baixa contagem
de linfócitos CD4, não realização do pré-natal, aplicação incorreta do
protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde, a prática do aleitamento
materno e tipo de parto

Nos últimos 10 anos, houve um declínio de quase 50% da taxa de


transmissão vertical devido à ampla aplicação do protocolo de prevenção
A criança exposta ao HIV

Desde 1994, protocolos foram sendo aprimorados para redução da


transmissão vertical cuja eficácia reduz a TV de mais de 40% para
menos de 3%

- já há registro de eliminação da transmissão vertical em alguns


países como Cuba e algumas cidades brasileiras como Curitiba e
Umuarama/PR

A gestante deve ser orientada sobre a importância da testagem


anti- HIV no pré-natal e os benefícios do diagnóstico precoce, tanto
para o controle da infecção materna quanto para a prevenção da
transmissão vertical
A TARV poderá ser iniciada na gestante antes mesmo de se terem os resultados dos exames de
LT-CD4+, CV-HIV e genotipagem – principalmente nos casos de gestantes que iniciam
tardiamente o acompanhamento pré-natal, com o objetivo de alcançar a supressão viral o mais
rapidamente possível.
O PROTOCOLO DE REDUÇÃO DA TRANSMISSAO
VERTICAL DO HIV
1 - Diagnóstico precoce para instituição da TARV o mais precoce possível
2 – Escolha do tipo de parto e uso de AZT IV profilático durante o parto
O PROTOCOLO DE REDUÇÃO DA TRANSMISSAO
VERTICAL DO HIV
2 – Escolha do tipo de parto e uso de AZT IV profilático durante o parto
- Para as mulheres já em TARV, os ARV devem ser mantidos nos horários
habituais, VO, com um pouco de água, mesmo durante o trabalho de parto ou no
dia da cesárea programada. A TARV deve ser mantida após o parto,
independentemente da contagem de LT-CD4+ e dos sinais e sintomas clínicos da
mulher.

- O AZT injetável deve ser administrado desde o início do trabalho de parto, ou


pelo menos 3 (três) horas antes da cesariana eletiva, até o clampeamento do
cordão umbilical
O PROTOCOLO DE REDUÇÃO DA TRANSMISSAO
VERTICAL DO HIV
2 – Escolha do tipo de parto e uso de AZT IV profilático durante o parto
Esquema posológico de AZT injetável:
Apresentação EV - frasco ampola de 10mg/mL.
Diluição: em 100mL de soro glicosado a 5%. Concentração: não deve exceder 4 mg/mL

  Dose de ataque na 1ª hora: 2mg/kg Manutenção (infusão contínua): 1mg/kg/hora


Peso Volume Gotas/min Volume Gotas/min
40kg 8ml 36 4ml 35
50kg 10ml 37 5ml 35
60kg 12ml 37 6ml 35
70kg 14ml 38 7ml 36
80kg 16ml 39 8ml 36
90kg 18ml 39 9ml 36
3. Cuidados específicos durante o parto vaginal:
 Estão contraindicados todos os procedimentos invasivos durante o trabalho de parto (amniocentese, cordocentese,
amniotomia, precoce e monitorização fetal invasiva durante o trabalho de parto).
 O parto instrumentalizado deve ser evitado; porém, quando indicado, o fórceps deve ser preferido ao vácuo-extrator. A
aplicação do fórceps (ou vácuo-extrator) só será admitida se houver uma indicação obstétrica precisa e que supere os
riscos maiores de infecção da criança pelo procedimento.
 Havendo condições favoráveis para o parto vaginal e estando este indicado, iniciar o AZT intravenoso logo que a
parturiente chegar ao serviço em trabalho de parto, conforme o protocolo estabelecido, e manter a infusão até a ligadura do
cordão umbilical.
 Diante da integridade da bolsa amniótica, a progressão normal do trabalho de parto é preferível à sua indução.
 O trabalho de parto deve ser monitorado cuidadosamente, evitando toques desnecessários e repetidos (usar o
partograma).
 Deve-se evitar que as parturientes permaneçam com bolsa rota por tempo prolongado, visto que a taxa de TV aumenta
progressivamente após 4 (quatro) horas de bolsa rota.
 O uso de medicamentos que aumentam a atividade uterina não está contraindicado, devendo seguir os padrões de
segurança já conhecidos.
 A amniotomia artificial deve ser evitada, a menos que extremamente necessária.
 A ligadura do cordão umbilical deve ser imediata à expulsão do feto, não devendo ser executada, sob nenhuma
hipótese, a ordenha do cordão.
 A episiotomia só será realizada após avaliação cautelosa de sua necessidade. Sendo realizada, deverá ser protegida por
compressas umedecidas com degermante (o mesmo utilizado para degermar a vagina e períneo durante o parto). Manter a
episiotomia coberta pela compressa umedecida deve ser tarefa de um auxiliar, visto ser impossível para um único
profissional dar assistência ao parto e evitar o contato direto do nascituro com a episiotomia.
3. Cuidados específicos durante cesariana eletiva:
 Confirmar a idade gestacional, a fim de evitar a prematuridade iatrogênica. Utilizar parâmetros obstétricos,
como data da última menstruação correta, altura uterina e ultrassonografia precoce (preferencialmente no 1º
trimestre, ou antes da 20ª semana).
 A cesárea eletiva deve ser realizada a partir da 38ª semana de gestação, a fim de evitar a prematuridade, o
trabalho de parto e a RPM.
 Caso a gestante que tenha indicação para a cesárea eletiva inicie o trabalho de parto antes da data prevista
para a cirurgia e chegue à maternidade com dilatação cervical mínima (menor que 4cm), o obstetra deve
iniciar a infusão intravenosa do AZT e realizar a cesárea, se possível, após três horas de infusão.
 Sempre que possível, proceder ao parto empelicado (retirada do neonato mantendo as membranas
corioamnióticas íntegras).
 Ligar o cordão umbilical imediatamente após a retirada do RN e não realizar ordenha do cordão.
 Realizar a completa hemostasia de todos os vasos da parede abdominal e a troca das compressas ou
campos secundários antes de se realizar a histerotomia, minimizando o contato posterior do RN com sangue
materno.
 Utilizar antibiótico profilático tanto na cesárea eletiva quanto naquela de urgência: dose única EV de 2g de
cefazolina.
4. Cuidados na sala de parto e pós-parto imediato:
 Sempre que possível, realizar o parto empelicado, com a retirada do neonato mantendo as membranas
corioamnióticas íntegras.
 Clampear imediatamente o cordão após o nascimento, sem qualquer ordenha.
 Imediatamente após o nascimento (ainda na sala de parto), realizar o banho, preferencialmente com
chuveirinho, torneira ou outra fonte de água corrente. Limpar com compressas macias todo sangue e
secreções visíveis no RN. A compressa deve ser utilizada de forma delicada, com cuidado ao limpar as
secreções, para não lesar a pele delicada da criança e evitar uma possível contaminação.
 Se necessário, aspirar delicadamente as vias aéreas do RN, evitando traumatismos em mucosas.
 Aspirar delicadamente o conteúdo gástrico de líquido amniótico (se necessário) com sonda oral, evitando
traumatismos. Se houver presença de sangue, realizar lavagem gástrica com soro fisiológico.
 Colocar o RN junto à mãe o mais brevemente possível.
4. Cuidados na sala de parto e pós-parto imediato:
 Orientar a não amamentação e inibir a lactação com medicamento (cabergolina). Orientar a mãe a substituir o
leite materno por fórmula láctea até 6 meses de idade. O aleitamento misto também é contraindicado. Pode-
se usar leite humano pasteurizado proveniente de banco de leite credenciado pelo MS (p. ex., RN pré-termo
ou de baixo peso). Se, em algum momento do seguimento, a prática de aleitamento for identificada,
suspender o aleitamento e solicitar exame de CV para o RN.

- Inibir lactação imediatamente após o parto, utilizando-se cabergolina 1mg VO, em dose única (dois
comprimidos de 0,5mg VO), administrada antes da alta hospitalar
 
- A puérpera deve ter alta da maternidade com consulta agendada no serviço de saúde
especializado, para seu acompanhamento e o da criança.
MUDANÇAS NA
CONDUÇÃO DO RN EXPOSTO AO HIV
COLHER 1ª CARGA VIRAL
 
Coleta de CARGA VIRAL (CV) no RN exposto ao HIV, ainda na maternidade:
A primeira coleta de CV-HIV deve ser realizada imediatamente após o nascimento. O
exame deverá ser coletado através de punção periférica (não deve ser feita a coleta
de material de cordão umbilical), preferencialmente antes do início da profilaxia com
antirretrovirais. No entanto, a coleta não deve atrasar a administração dos
medicamentos.
 
Contraindicação de coleta de CV-HIV pelo peso – < 2500g (alto volume de sangue
necessário para a execução do exame)
MUDANÇAS NA
CONDUÇÃO DO RN EXPOSTO AO HIV
 Iniciar a primeira dose do esquema profilático (preferencialmente
ainda na sala de parto), logo após os cuidados imediatos ou nas
primeiras 4 horas após o nascimento.

Quimioprofilaxia do RN exposto ao HIV:


1 – Avaliar classificação de risco
2 – Definir esquema profilático de acordo com a classificação de risco
gestacional (IG)
3 – Prescrever esquema de acordo com classificação de risco e IG
MUDANÇAS NA
CONDUÇÃO DO RN EXPOSTO AO HIV
1 – Avaliar classificação de risco

Classificação
BAIXO Uso de TARV desde 1ª metade da gestação E com carga viral
RISCO indetectável a partir do 3° trimestre E sem falha na adesão à TARV
ALTO Mães sem pré-natal; sem TARV durante a gestação; com indicação
RISCO para profilaxia no momento do parto e que não a receberam; com início
de TARV após 2ª metade da gestação; com infecção aguda pelo HIV
durante a gestação ou aleitamento; com CV-HIV detectável no 3º
trimestre, recebendo ou não TARV; sem CV-HIV conhecida; com teste
rápido HIV positivo no momento do parto sem diagnóstico e/ou
seguimento prévio
MUDANÇAS NA
CONDUÇÃO DO RN EXPOSTO AO HIV
2 – Definir esquema de acordo com a classificação de risco gestacional
3 – Prescrever esquema de acordo com classificação de risco e IG
Classificação Idade gestac Esquema Tempo de uso
BAIXO Uso de TARV desde 1ª metade da gestação e Qualquer IG AZT 28 dias
com carga viral indetectável a partir do 3°
RISCO
trimestre e sem falha na adesão à TARV
ALTO Mães sem pré-natal; sem TARV durante a ≥ 37 semanas AZT+3TC 28 dias
gestação; com indicação para profilaxia no
RISCO +RAL
momento do parto e que não a receberam;
com início de TARV após 2ª metade da 34-37 semanas AZT+3TC AZT+3TC 28 dias
gestação; com infecção aguda pelo HIV +NVP + NVP 14 dias
durante a gestação ou aleitamento; com CV-
HIV detectável no 3º trimestre, recebendo ou <34 semanas AZT 28 dias
não TARV; sem CV-HIV conhecida; com teste
rápido HIV positivo no momento do parto sem
diagnóstico e/ou seguimento prévio
MUDANÇAS NA
CONDUÇÃO DO RN EXPOSTO AO HIV
 Zidovudina (AZT) Solução Oral 10mg/mL – administrado por 28 dias:
Uso isolado se classificação de Baixo Risco ou < 34 semanas IG
a) RN ≥ 35 semanas: 4mg/kg/dose, 12/12 h;
b) RN entre 30 e 35 semanas: 2mg/kg/dose de 12/12h por 14 dias e 3mg/kg/dose de 12/12h a partir do 15º dia;
c) RN < 30 semanas: 2mg/kg/dose, de 12/12h;
A dose do AZT intravenoso, quando necessária, é 75% da dose para uso oral, com o mesmo intervalo entre as doses.
 
 Lamivudina (3TC) Solução Oral 10mg/mL – administrado por 28 dias:
RN ≥ 34 semanas: 2mg/kg/dose, de 12/12h.
A 3TC não pode ser administrada em crianças com idade gestacional abaixo de 34 semanas
 
 Raltegravir (RAL) 100 mg granulado para suspensão oral – administrado por 28 dias:
RN ≥ 37 semanas: 1ª semana: 1,5 mg/kg 1x por dia; a partir da 2ª semana: 3 mg/kg 2 x por dia
O RAL não pode ser administrado em crianças com idade gestacional abaixo de 37 semanas
O RAL deve ser diluido em 10ml de água e administrado em ate 30 minutos após diluição (desprezar volume residual)
 
 Nevirapina (NVP) Solução Oral 10mg/mL – administrado por 14 dias:
a) RN ≥ 34 e < 37 semanas: 1ª semana: NVP 4 mg/Kg por dose 2 x por dia; 2ª semana: 6 mg/Kg por dose 2 x por dia.
A NVP não pode ser administrada em crianças com idade gestacional abaixo de 34 semanas nem acima de 37 semanas
O PROTOCOLO DE REDUÇÃO DA TRANSMISSAO
VERTICAL DO HIV
Cuidados antes da alta:
 É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com o intuito de fortalecer o vínculo
mãe-filho.
 Anotar no resumo de alta do RN as informações do pré-natal, as condições do nascimento, o
momento do início da profilaxia antirretroviral, dose utilizada, periodicidade e data de término,
além das mensurações antropométricas, tipo de alimento fornecido à criança e outras
informações importantes relativas ao parto. Essas informações deverão ser disponibilizadas ao
SAE e à UBS que acompanharão a criança e a puérpera. Atentar para as anotações feitas na
carteira do RN referentes a dados que remetam à exposição ao HIV (comprometendo o sigilo),
uma vez que se trata de um documento comumente manuseado pela família e algumas vezes
requerido no trabalho dos progenitores para liberação do salário-família e para frequência à
creche
 A alta da maternidade é acompanhada de consulta agendada em serviço especializado SAE
PEDIATRICO – HOSPITAL MATERNO INFANTIL para seguimento de crianças expostas ao HIV. A
data da primeira consulta não deve ser superior a 15 dias a contar do nascimento
 Preencher as fichas de notificação da criança exposta ao HIV
O PROTOCOLO DE REDUÇÃO DA TRANSMISSAO
VERTICAL DO HIV

A criança exposta, infectada ou não, terá direito a receber a fórmula


láctea infantil, pelo menos, até completar seis meses de idade.

DEVE SAIR DA MATERNIDADE COM PELO MENOS 2 LATAS DE


LEITE

Esse prazo pode ser estendido conforme avaliação de casos


específicos.
DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO PELO HIV EM
CRIANÇAS <18 MESES DE IDADE NOTA TECNICA 20/2020

O exame deverá ser coletado através de punção periférica (não deve ser feita a coleta de material de cordão
umbilical), preferencialmente antes do início da profilaxia com antirretrovirais. No entanto, a coleta não deve
atrasar a administração dos medicamentos
A exclusão definitiva do diagnóstico na criança é
baseada na presença de todos os critérios abaixo:
A) pelo menos duas CV-HIV indetectáveis obtidas após a suspensão da profilaxia
antirretroviral (sendo uma coletada com pelo menos 2 semanas e outra com
pelo menos 8 semanas após a suspensão);
B) boas condições clínicas, bom desenvolvimento neuropsicomotor e sem
evidência de déficit imunológico;
C) uma sorologia anti-HIV não reagente realizada depois de 12 meses de idade.
Na presença de não ocorrência de sororreversão nesta idade, deve se aguardar
até os 18 meses para nova coleta de anti-HIV.

A infecção pelo HIV pode ser excluída presumivelmente quando a criança não está
sendo amamentada, esteja assintomática e com imunidade normal, e com pelo
menos duas CV-HIV negativas, sendo uma coletada com pelo menos 2 semanas e
outra com pelo menos 8 semanas após o término da profilaxia antirretroviral.
A criança exposta ao HIV
A criança exposta ao HIV
Monitoramento de efeitos adversos devidos à exposição intrauterina e pós-natal aos ARV, bem
como na importância da identificação precoce das repercussões sistêmicas da infecção pelo HIV
Potencial de teratogenicidade e carcinogêse, além da farmacocinética e da toxicidade fetal

Explorar a presença de sinais e sintomas sugestivos de toxicidade mitocondrial, que pode se


apresentar como manifestações neurológicas, incluindo encefalopatia, convulsões e retardo do
desenvolvimento, sintomas cardíacos devidos a miocardiopatia e disfunção de ventrículo
esquerdo, sintomas gastrointestinais atribuíveis a hepatite (esteatose hepática), miopatia,
retinopatia, pancreatite e acidose láctica

A avaliação clínica deve sempre conter o exame físico detalhado da criança, acompanhado da
observação dos sinais específicos do HIV: presença de linfonodos, alterações no perímetro
cefálico, retardo de crescimento e desenvolvimento, hepatoesplenomegalia, candidíase oral
e/ou genital e sinais clínicos de má formação congênita associada ao uso de ARV1
Toxicidade mitocondrial: O aumento transitório do lactato sérico pode ocorrer em crianças expostas aos
inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa; porém, não se sabe ao certo o seu significado clínico.

Convulsões febris: Foi também observado, em um estudo de coorte francesa, um aumento na taxa de
convulsões febris precoces em crianças não infectadas e expostas a ARV, cujo risco cumulativo foi de 11/1.000
(1,1%), comparado ao risco de 4,1/1.000 (0,4%) nas crianças do grupo sem exposição aos ARV.

Alterações cardíacas: As alterações cardíacas relacionadas à exposição aos ARV variam desde
miocardiopatia assintomática até quadros de insuficiência cardíaca grave.

Redução dos níveis séricos de insulina no RN: níveis de insulina foram inferiores aos do grupo controle;
porém, não se verificou diferença quanto à glicemia neonatal. Tais resultados podem ser explicados porque
alguns ARV diminuem a tolerância à glicose. Isso se dá pela secreção e/ou ação diminuída da insulina ou pelo
efeito tóxico direto desses agentes sobre as células betapancreáticas. O uso dos inibidores de protease tem
sido relacionado ao surgimento de intolerância à glicose e casos de diabetes.
(e) Coletar anti-HBs para verificar
soroconversão 30-60 dias após o
término de esquema de vacinação
com 3 doses. Crianças expostas ao
HIV devem realizar esquema
vacinal para hepatite B.
(f) Para as crianças cujas mães têm
exame reagente para o HTLV. Caso
reagente, encaminhar para serviço
especializado.
(g) Indicado para locais em que a
doença de Chagas é endêmica, ou
caso a mãe seja portadora.

(a) Sempre que houver dúvidas em relação ao estado de infecção da mãe (p. ex., crianças abandonadas ou mães sem documentação confiável em relação a seu estado
de infecção).
(b) Caso o resultado da sorologia seja positivo ou indeterminado, recomenda-se repetir exame.
(c) Em caso de CV-HIV detectável, repetir imediatamente o exame
(d) Sorologias para toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simples.
Hemograma completo: O efeito adverso hematológico mais comum é a
anemia relacionada ao uso de AZT.

Provas de função hepática e glicemia: Devido ao risco potencial de alterações


metabólicas relatadas em crianças expostas, em casos raros, o uso crônico
de NVP foi associado a exantema e hepatite tóxica; porém, esses efeitos
adversos não foram observados no uso da profilaxia com dois medicamentos
(AZT e três doses de NVP).

O acompanhamento deve ser mensal nos primeiros seis meses e, no mínimo,


bimestral a partir do 1º ano de vida.
INFECTADO = PVHIV
DIFERENTE DE AIDS:
A criança infectada
Três padrões distintos da infecção em crianças:
“Progressão rápida”: ocorre em cerca de 20% a 30% das crianças não
tratadas, que evoluem com quadros graves no primeiro ano de vida e
podem morrer antes dos quatro anos.

“Progressão normal”: mais lento, que abrange a maioria (70% a 80%)


dos casos. Nesses indivíduos, o desenvolvimento dos sintomas pode se
iniciar na idade escolar ou mesmo na adolescência, com tempo médio
de sobrevida de nove a dez anos

“Progressão lenta”: <5% das crianças, que apresentam progressão


mínima ou nula da infecção, com contagens normais de LT-CD4+
Diante de suspeita
clínica, o profissional
de saúde deve sempre
proceder à
investigação clínico-
laboratorial completa
para infecção pelo
HIV.
Para crianças menores de seis anos de idade, devem-se considerar os valores percentuais de
linfócitos T-CD4+, pois são parâmetros mais confiáveis que as variações na contagem absoluta .

A interpretação das variações na contagem de LT-CD4+ deve ser cuidadosa, lembrando que
flutuações transitórias podem ocorrer devido a doenças comuns na infância, imunizações e métodos
laboratoriais. Dessa forma, recomenda-se repetir o exame de LT-CD4+ com pelo menos uma
semana de intervalo para confirmação dos valores. Se a criança apresentar infecção ou tiver sido
vacinada, o exame de LT-CD4+ deve ser repetido após um mês, pela possibilidade de ativação trans-
heteróloga
CLASSIFICAÇÃO
COMPORTAMENTO DA CARGA VIRAL
A dinâmica viral na história natural da infecção vertical pelo HIV é diferente
da observada no adulto.

A criança apresenta CV elevada (acima de 100.000 cópias/mL) no início da


vida e seu sistema imune é relativamente imaturo.
O pico da CV ocorre por volta dos dois meses de idade e frequentemente
atinge valores superiores a 1.000.000 cópias/ mL, com taxas de declínio
mais lentas do que as apresentadas em adultos, sendo difícil definir limites
precisos para a progressão da doença, principalmente no primeiro ano de
vida.
A CV declina lentamente a uma taxa média de 0,6 log/ano nos primeiros
dois anos de vida e de 0,3 log/ano até os quatro ou cinco anos de idade.
INICIAR TARV ASSIM QUE DEFINIR INFECÇÃO
A TARV deve ser indicada para todas as crianças e adolescentes vivendo com HIV,
independentemente de fatores clínicos, da contagem de LT-CD4+ e da CV-HIV.

A evolução da infecção pelo HIV é mais rápida em crianças do que em adultos; além
disso, os parâmetros (exames de LT-CD4+ e CV) parecem menos sensíveis para
predizer o risco de progressão e o benefício evidente do início imediato da TARV,
tanto em relação a desfechos clínicos quanto para a redução do processo
inflamatório e dos reservatórios virais

Não é necessário
aguardar resultado da
geotipagem para o início
da TARV
TARV
IP inibidor de protease: Atazanavir, Darunavir, Lopinavir, Ritonavir, Tipranavir

II Inibidores de Integrase: Raltegravir (RAL), Dolutegravir (DTG)

ITRN inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo: Zidovudina (AZT),


Tenofovir, Abacavir (ABC), Lamivudina (3TC)

ITRNN inibidor da transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo: Efavirenz


(EFV), Nevirapina (NVP), Etravirina

Antagonistas do CCRS: Maraviroque (MVC)

Inibidores de fusão: Enfuvirtida


Composição do esquema com dois ITRN + terceiro ARV:
Dupla de ITRN inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo :
A dupla de ITRN é considerada a melhor escolha para compor a espinha dorsal (“backbone”) do
esquema ARV, devido à sua barreira genética, segurança e eficácia.

A maior experiência em pediatria é com AZT + 3TC, com dados de segurança bem documentados.

A associação preferencial de ITRN inclui AZT + 3TC, ABC + 3TC ou TDF + 3TC, conforme a faixa
etária
A associação ABC + 3TC tem se mostrado tão ou até mais potente do que AZT + 3TC.

Em casos graves, não se deve postergar a terapia na indisponibilidade ou atraso do resultado do exame.
Nesse caso, introduzir outro ITRN alternativo e, caso possível, fazer a troca para o ABC posteriormente.

Os inibidores de protease (IP) têm eficácia clínica, virológica e imunológica bem documentada e elevada
barreira genética. Na faixa de 14 dias a 24 meses, o LPV/r é o único IP disponível e indicado pela sua
segurança e eficácia
TRATAMENTO PARA CRIANÇAS VIVENDO COM HIV

DOLUTEGRAR

ABC deve ser iniciado após o resultado de HLA*B5701. A indisponibilidade do exame não deve postergar
o início de TARV, devendo ser realizado com esquemas alternativos.
Tenofovir - A partir de 35kg.
Dolutegravir – a partir de 20kg. Em crianças co-infectadas com TB não usar Dolutegravir
EFZ deve ser prescrito para aqueles indivíduos com genotipagem prévia sem resistência ao EFZ ou NVP.
Em contexto mundial, constata-se que a Nevirapina (NVP) Suspensão Oral
apresenta altas taxas de resistência e que o Raltegravir (RAL) 100 mg —
apresentação em grânulos para Suspensão Oral — dispõe de melhor eficácia e
barreira genética.

Crianças vivendo com HIV e que já estejam em TARV, contendo nevirapina ou


lopinavir/ritonavir, poderão realizar as substituições por Raltegravir ou
Dolutegravir, desde que apresentem as seguintes condições:
Boa adesão a TARV E,
Carga viral indetectável nos últimos seis meses.

As crianças em uso de nevirapina e com carga viral detectável, deve-se


considerar a solicitação de genotipagem, avaliação com médico referência em
genotipagem (MRG) e a troca para lopinavir/ritonavir.

Para as crianças com boa adesão ao esquema contendo lopinavir/ritonavir, não


há necessidade de substituição.
DOLUTEGRAR
OBRIGATÓRIA A ASSOCIAÇÃO DO RITONAVIR A TODOS OS INIBIDORES DE PROTEASE
A dose do raltegravir granulado usado no tratamento para
crianças vivendo com HIV acima de 4 semanas é:
6mg/kg/dose a cada 12horas.

O dolutegravir deve ser administrado 6H antes ou 2H


após antiácidos e suplementos com ferro e cálcio.

AVALIAR CUIDADOSAMENTE AS ASSOCIAÇÕES


GARANTIR ADESÃO
 Fornecer informações sobre HIV/aids e a importância do tratamento para a
manutenção da qualidade de vida da criança/adolescente. > Identificar possíveis
barreiras a uma boa adesão.

 Avaliar se a criança tem capacidade para engolir o comprimido e oferecer treinamento,


se necessário.
 Adequar o esquema terapêutico à realidade do paciente, levando em consideração os
horários de escola e as atividades cotidianas da criança/adolescente.

 Identificar o responsável pela administração e supervisão da ingestão do


medicamento.
Síndrome inflamatória da reconstituição imune:
ocorre em pessoas com infecção pelo HIV que iniciaram TARV
Resulta do processo de recuperação da imunidade tanto para agentes infecciosos específicos como
para antígenos não infecciosos.

A imunorreconstituição que ocorre após o início da TARV e da supressão máxima da replicação viral
geralmente se instala de maneira rápida e a maioria das crianças experimenta uma excelente
resposta terapêutica.

Na SIR, as pessoas apresentam piora clínica, apesar do controle viral e da elevação da contagem de
LT-CD4+. Também podem apresentar infecções paradoxais ou processo inflamatório na vigência de
recuperação imunológica.

Estima-se sua ocorrência, em geral, em 10% a 20% das crianças com infecção pelo HIV que
iniciaram TARV. Parece variar de acordo com condições definidoras de aids (p. ex., a SIR ocorreu em
37,7% das pessoas com retinite por CMV, em 19,5% das pessoas com meningite por Criptococcus sp
e em 15,7% das pessoas com tuberculose).
Em crianças, as causas mais comuns de SIR são infecção por micobactéria (TB,
micobacteriose atípica) e vacina BCG
Síndrome inflamatória da reconstituição imune
A SIR pode ser de dois tipos.

SIR desmascarada - por se caracterizar por infecção oportunista oculta e subclínica, com
patógeno geralmente detectável.
CONDUTA: tratamento da infecção oportunista que se apresenta inicialmente de forma oculta
e depois subclínica é o recomendado e suficiente. As vezes, descontinuação temporária de
TARV pode ser necessária.

SIR paradoxal – caracteriza-se por recrudescência ou relapso de infecção tratada com sucesso
anteriormente e marcada ativação imune induzida por antígeno, com nenhum ou poucos patógenos
detectáveis. Pode apresentar-se com adenomegalias, febre, perda de peso e piora de sintomas
respiratórios e radiológicos.
CONDUTA: medidas anti-inflamatórias específicas (p. ex., antibioticoterapia na ocorrência de
infecções bacterianas). Casos leves: observação. Casos moderados: anti-inflamatórios não
hormonais. Casos graves corticosteroides, interrupção temporária da TARV e até ressecção
cirúrgica
Resposta incompleta à TARV
Qualquer das seguintes situações:

› Diminuição < 1 log 10 no número de cópias/mL de RNA-HIV após oito a 12 semanas de TARV;

› CV-HIV > 50 cópias/mL após seis meses de tratamento.


Rebote virológico
Quando, após a resposta ao tratamento com indetecção de CV, ocorre detecção repetida de CV no
plasma.

Episódios isolados de detecção de CV baixa (entre 50 e 499 cópias/mL), denominados “blips”,


seguidos de indetecção, são relativamente comuns e não refletem necessariamente falha
virológica.

Por outro lado, CV repetidamente detectada (≥ 500 cópias/mL) geralmente representa rebote e
falha virológica.
FALHA CLINICA: ocorrência de infecção oportunista e/ou outra
evidência clínica de progressão da doença após o início da TARV

LEMBRETE: A ocorrência de IO ou outras afecções em pessoas em tratamento com parâmetros


virológicos e imunológicos estáveis pode não refletir uma falha clínica, e sim uma disfunção imune ou SIR.
A presença de CV na ausência de resistência do HIV
aos ARV em uso sugere falta de exposição do vírus
aos medicamentos.
Em geral, isso é resultado de total falta de adesão ou
abandono do tratamento.

No entanto, é importante a exclusão de outros


fatores, tais como a utilização de doses insuficientes,
má absorção ou interações medicamentosas. Nesse
caso, não está indicada a troca da TARV, e sim o
reforço da adesão
EVENTOS ADVERSOS
A monitorização laboratorial guiada pelos sintomas para avaliação de segurança e toxicidade
pode ser realizada em pessoas em uso de TARV a qualquer momento

A supressão viral é importante e deve ser considerada para troca de um ARV por toxicidade.

As interações medicamentosas sempre devem ser analisadas ao se iniciarem quaisquer novos


medicamentos

Os efeitos agudos podem estar relacionados com quaisquer ARV, apresentando- -se como
náusea, diarreia, cefaleia, exantemas (que podem ser mínimos, leves ou graves, como a
Síndrome de Stevens-Johnson), disfunção hepática (desde elevação de enzimas
assintomáticas até hepatite induzida por medicamentos) e reações alérgicas.

Caso esses efeitos sejam graves, os ARV devem ser descontinuados, com a reintrodução
gradativa de cada ARV suspeito.
EVENTOS ADVERSOS
Em um período mais longo, disfunções orgânicas específicas, complicações hematológicas e
distúrbios metabólicos podem ocorrer, incluindo toxicidade mitocondrial, perda mineral óssea,
lipodistrofia, aumento do colesterol e dos triglicerídeos, aumento da glicemia ou resistência
periférica à insulina.

Efeitos colaterais cardiológicos e cérebro-vasculares: por distúrbios metabólicos e dos lipídios,


resistência à insulina, dano vascular direto e aumento da inflamação levando a aumento em
marcadores de risco cardiovascular e de ativação imune, espessamento das camadas íntima e
média das artérias carotídeas e alteração da velocidade da onda de pulso carotídea radial.

Alteração do SNC, alteração da função renal, hepatite ou perda óssea podem ser tanto
atribuídos aos ARV como ao próprio HIV.
EVENTOS ADVERSOS
ITRNN
Nevirapina: exantema cutâneo, hepatite e SSJ; redução se iniciado com a metade da dose nas duas
primeiras semanas de uso; não pode ser usada em crianças com disfunção hepática ou com a administração c
oncomitante de outros medicamentos hepatotóxicos

Efavirenz: pesadelos, distúrbios de humor, sonolência, dificuldade de aprendizado e depressão; dislipidemia


redistribuição da gordura corporal e ginecomastia.

ITRN
Abacavir: hipersensibilidade associada à presença do HLAB*5701 (reação fatal)

Tenofovir: alteração óssea (perda mineral óssea) e renal (proteinúria e hipofosfatemia - taxa de filtração glomerular
menor que 50 mL/min, na hipertensão descontrolada, diabetes ou falência renal não devem usar TDF)

AZT: lipoatrofia, neuropatia periférica, acidose láctica e toxicidade mitocondrial. Toxicidade de medula óssea,
causando anemia macrocítica e neutropenia – mais raramente, trombocitopenia ou supressão da medula óssea
com pancitopenia –, podendo afetar a recuperação dos níveis de LT-CD4+

3TC: geralmente é bem tolerado; entretanto, pode causar reações alérgicas e sintomas constitucionais.
EVENTOS ADVERSOS
IP lopinavir, ritonavir, darunavir - dislipidemia e lipodistrofia

II – mais seguros
Raltegravir:

Dolutegravir: não está recomendado para menores de 12 anos; seu uso pode estar associado a alterações de
enzimas hepáticas; contraindicação no período pré-concepção, pelo risco de malformação congênita
Dislipidemia
Na ocorrência de dislipidemia, realizar orientação para dietas especiais e um
programa de atividade física e exercícios.
Sem melhora em seis a 12 meses, indicam-se agentes hipolipemiantes ou
mudanças nos ARV
Síndrome lipodistrófica
caracterizada pela alteração da distribuição da gordura corporal e/ ou
distúrbios metabólicos. Existe menos conhecimento sobre lipodistrofia em
crianças

Alterações no metabolismo da glicose


redução da sensibilidade à insulina até à redução da tolerância à glicose e ao
diabetes mellitus
A resistência periférica à insulina está associada à lipodistrofia, obesidade e
uso de corticoides
Alterações no metabolismo ósseo
Os osteoblastos são suscetíveis à infecção pelo HIV, prejudicando a homeostase
óssea
A dieta rica em cálcio e vitamina D, associada à atividade física, juntamente com os
hormônios e os fatores genéticos, contribuem para a mineralização óssea
adequada.

TDF em associação com 3TC e EFV podem levar a alteração da densidade mineral
óssea

Recomenda-se o uso de 1.000mg de cálcio e 200UI de vitamina D ao dia +


exercício físico
Toxicidade renal
Distúrbios eletrolíticos, insuficiência renal aguda, acidose lática e doença renal
crônica.
Rabdomiólise (associada ao uso de AZT, ddI e inibidores da integrase), toxicidade
tubular, reações alérgicas e precipitações de cristais na luz tubular.
Os ARV ATV, TDF e ddI apresentam comprovada ação nefrotóxica
Uso de tenofovir: tubulopatia renal proximal, manifesta por glicosúria, proteinúria e
queda do fosfato sérico; alguns pacientes apresentam Síndrome de Fanconi e/ou
diminuição da densidade óssea e comprometimento da taxa de filtração glomerular,
com aumento da creatinina
Cerca de 4% das crianças tratadas com TDF apresentam hipofosfatemia e 25%
proteinúria. O monitoramento de pacientes em uso de TDF deve ser realizado com
exames de função renal a cada seis meses. O manejo dessa intercorrência é a
descontinuação do TDF.
Toxicidade hepática
Todos os ARV disponíveis podem se associar a toxicidade hepática, mas esta
ocorre mais frequentemente com a NVP e o TPV

Pacientes em uso de ITRN podem apresentar esteatose hepática associada a


acidose lática. Podem ocorrer desde elevação assintomática de ALT e AST até
hepatite aguda.

Pacientes assintomáticos com valores de transaminase 5 a 10 vezes acima do


limite de normalidade indicam necessidade de suspensão da TARV ou
acompanhamento mais frequente. Pacientes sintomáticos devem ter os
medicamentos descontinuados
COINFECÇÕES
Tuberculose: Após uma infecção latente (primo-infecção), em crianças, há risco de rápida progressão para TB
ativa e risco aumentado de reativação da TB latente
Lembrete: interações medicamentosas entre a rifampicina e os ITRNN e/ ou IP (esses medicamentos têm
vias metabólicas similares e a coadministração pode resultar em níveis subterapêuticos dos ARV)
PROFILAXIA DE INFECÇÕES OPORTUNISTAS
A profilaxia primária geralmente deve ser instituída quando a situação
imunológica do paciente o torna vulnerável à aquisição de infecções.

A profilaxia secundária deve ser indicada após a resolução de um processo


infeccioso oportunista ou em presença de infecção latente, para diminuir a
chance de reincidência ou reinfecção.
PROFILAXIA DE INFECÇÕES OPORTUNISTAS
TB LATENTE

A profilaxia por nove meses protege mais do que por seis meses em
pessoas que vivem com HIV, e a quantidade de doses tomadas é mais
importante do que o tempo de tratamento.

Assim, recomenda-se tomar 180 doses por seis a nove meses ou 270
doses por nove a 12 meses, com isoniazida (H) 10mg/kg/dia, VO, 1x/dia
(dose máxima: 300mg/dia)
Pneumonia por Pneumocystis jiroveci
Profilaxia primária Indicação: instituir TARV em crianças entre 4 e 6 semanas até
12 meses de idade; nas crianças entre 1 e 5 anos de idade, com contagem de
LT-CD4+ abaixo de 500 céls/mm3 ou menor que 15%; e nas crianças > 6 anos
de idade, com infecção comprovada e valor de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm3
ou menor que 15%.

Primeira escolha: Sulfametoxazol (SMX) 750mg/m2/dia ou 25mg/kg/dia +


trimetoprima (TMP) 150mg/m2/dia ou 5mg/kg/dia, via oral, dividida em duas
doses ao dia, três vezes por semana, em dias alternados, podendo ser utilizada
nas mesmas doses acima em uma tomada diária, três vezes por semana, em
dias alternados, ou dividida em duas doses ao dia, nos sete dias da semana.
Varicella zoster
A profilaxia primária está indicada nas seguintes situações:
› Exposição em crianças não vacinadas, ou que receberam duas doses da
vacina, ou que têm histórico negativo para varicela; ou
› Exposição à varicela mesmo em crianças com história de varicela prévia ou que
receberam duas doses da vacina, desde que apresentem imunodepressão grave
ou moderada.

Primeira escolha: VZIG: 125 unidades (1 frasco)/10kg (máximo de 625 unidades


– cinco frascos), IM, em até dez dias do contágio; melhor nas primeiras 48 horas,
se possível.
Toxoplasma gondii
A profilaxia primária está indicada quando o paciente tiver sorologia positiva
(IgG) para toxoplasmose e grave imunodepressão, ou
quando o exame de LT-CD4+ estiver abaixo de 15% em crianças com menos de
seis anos de idade, ou
quando a contagem de LT-CD4+ for menor que 100 céls/mm3 em crianças com
mais de seis anos.

Primeira escolha: Sulfametoxazol (SMX) 750mg/m2/dia ou 25mg/kg/dia +


trimetoprima (TMP) 150mg/m2/dia ou 5mg/kg/dia, via oral, de 12 em 12 horas,
diariamente.
Pode-se também prescrever as mesmas doses acima uma vez ao dia, três vezes
por semana, em dias alternados, ou dividida em duas doses ao dia, todos os
sete dias da semana, ou, ainda, dividida em duas doses ao dia, em dias
alternados.
Micobacteriose atípica
Mycobacterium avium, Mycobacterium intracellulare e Mycobacterium paratuberculosis

A MAC foi a segunda maior causa de infecção oportunista em crianças HIV


infectadas, antes da era da TARV.
Presume-se que a MAC seja adquirida em exposições rotineiras, pelas vias
inalatória e inoculatória ou pela ingestão.
A colonização do trato respiratório e gastrointestinal pode levar à disseminação
da doença.
A MAC pode se apresentar como linfadenite

Profilaxia primária
Primeira escolha: Claritromicina 15mg/kg/dia, duas vezes ao dia; ou azitromicina
20mg/kg/dia, uma vez por semana.
Doença bacteriana invasiva
Profilaxia primária Indicada em caso de diagnóstico recente com estádio de aids
moderado/grave, até recuperação imunológica.

Primeira escolha: IVIG 400mg/kg/mês


PROFILAXIA SOMENTE SECUNDÁRIA
Candidíase

Citomegalovirose

Histoplasmose

Criptococose

Herpes vírus
Leishmaniose visceral
Profilaxia: somente secundária

Indicada quando houver histórico de doença prévia.

Primeira escolha: Antimoniato N-metil glucamina 810mg/Sbv, uma vez ao mês,


ou anfotericina B desoxicolato 1mg/kg, a cada duas ou quatro semanas, ou
anfotericina B lipossomal 3mg/kg a cada duas ou quatro semanas.
VACINAÇÃO
Observações importantes:
› É aplicado em sua totalidade às crianças comprovadamente infectadas pelo HIV

Vacinas contra febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola (atenuados)l: Não deve
ser administrada nas crianças com categoria C (grave) ou imunodepressão grave
– que apresentem LT-CD4+ <15% em ≤ 5 anos e LT-CD4+ < 200 cel/mm3 para
os > 5 anos

Levar em consideração os dois últimos exames, de preferência realizados no


último ano, sendo o último exame realizado no máximo há três meses, e
assegurar que o paciente não tenha manifestação clínica de imunodeficiência.
Para menores de cinco anos, valorizar preferencialmente o percentual de LT-
CD4+.
REVELAÇÃO
O cuidado com a criança exposta ao HIV ou infectada
O QUE É PRECONIZADO:

Crianças expostas ao HIV devem ser atendidas em SAE em HIV/aids,


compartilhando o cuidado com a Atenção Básica.

As crianças expostas ao HIV que tiverem diagnóstico confirmado


permanecem no cuidado compartilhado entre serviço especializado e
Atenção Primária, ao passo que as expostas ao HIV não infectadas
poderão ser acompanhadas apenas na Atenção Primária.
O cuidado com a criança exposta ao HIV ou infectada
O QUE É PRECONIZADO:

Serviço de Atenção Especializada (SAE): unidade ambulatorial


voltada a atenção integral às pessoas com DST/HIV/Aids;

Caberá às Secretarias de Saúde dos Municípios, dos Estados e do


Distrito Federal cadastrar, classificar e supervisionar os Serviços de
Atenção às DST/HIV/Aids, estabelecendo os fluxos assistenciais,
os mecanismos de referência e contra-referência dos usuários no
Sistema Único de Saúde, no âmbito das Rede de Atenção à
Saúde.
O cuidado com a criança exposta ao HIV ou infectada
O QUE É PRECONIZADO:
O cuidado com a criança exposta ao HIV ou infectada
O QUE É PRECONIZADO:

O Apoio Matricial na Atenção Básica está em consonância com um


modelo de atenção que quebra a lógica dos especialismos e
preconiza a integralidade, ajudando a fortalecer as Linhas de
Cuidado Integral ao HIV/aids.

Nessa lógica, os(as) trabalhadores(as) das diversas áreas que


compõem os CTA e os SAE devem dar suporte às redes de
atenção à saúde, prioritariamente às equipes da Atenção Básica,
atuando como facilitadores(as) de um processo de educação
permanente.
O cuidado com a criança exposta ao HIV ou infectada
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):

Ambulatório de Infectologia Pediátrica, situado no Hospital Universitário


Materno Infantil (HUMI): referência em atendimento de crianças e
adolescentes vivendo com HIV/Aids no estado do Maranhão, localizado na
capital (São Luís).

Esse serviço iniciou suas atividades em janeiro de 1998 e recebe pacientes


encaminhados pelos municípios.

Atende em média 350 pacientes por mês, na faixa etária de zero a 13 anos
incompletos; conta com duas infectopediatras, dois enfermeiros e quatro
atendentes
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Fatores relacionados à transmissão vertical do HIV vs. desfecho clínico entre 183 pacientes acompanhados
em SAE pediátrico, São Luís, 2017-2018.

Desfecho Fator relacionado à transmissão vertical p valor


  Profilaxia/tratamento durante pré-natal <0,001
  Sim Não  
  n % n %  
Negativo 144 83,2% 29 16,8%  
Positivo 2 20% 8 80%  
  Profilaxia durante o parto <0,001
  Sim Não  
  n % n %  
Negativo 157 92,4% 13 7,66%  
Positivo 3 33,3% 6 66,7%  
  Aleitamento materno 0,006*
  Sim Não  
  n % n %  
Negativo 3 1,6% 180 98,4%  
Positivo 2 20% 8 80%  
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Fatores relacionados à transmissão vertical do HIV vs. desfecho clínico entre 183 pacientes acompanhados
em SAE pediátrico, São Luís, 2017-2018

Desfecho Fator relacionado à transmissão vertical p valor


  Tipo de parto 0,01**
  Vaginal Cesáreo  
  n % n %  
Negativo 30 17,4% 142 82,6%  
Positivo 5 50% 5 50%  
  Uso e tempo de profilaxia do RN 0,004***
  Incompleto Completo Não usou  
  n % n % n %  
Negativo 41 24,4% 122 72,6% 5 3%  
Positivo 1 9,1% 6 54,6% 4 36,4%  
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Tempo transcorrido entre realização das duas cargas virais e desfecho dos 201 pacientes atendidos no SAE-
PED no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2019.

Variáveis n %
Tempo entre o nascimento e a 1° CV    
Até 60 dias 71 41,0
> 60 dias 102 59,0
Tempo entre o nascimento e a 2° CV¹    
Até 180 dias 116 67,4
> 180 dias 56 32,6
Sem 2° CV 21 10,4
Total 173 100,0
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Definição do desfecho sorológico e tempo para diagnóstico de 173 pacientes atendidos no SAE-PED no
período de janeiro de 2018 a dezembro de 2019

Variáveis n %
Desfecho sorológico¹    
Negativo 161 93,1%
Positivo 12 6,9%
Tempo para diagnóstico    
Demora no diagnóstico 109 63,0%
Diagnostico em tempo adequado 64 37,0%
Total 173 100%
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Características demográficas de 105 crianças vivendo com HIV/aids atendidas em Hospital de Referência do
Maranhão. São Luís, Maranhão, 2020.

Variáveis n %
Sexo    
Feminino 50 47,6
Masculino 55 52,3
Idade    
Lactente (0 a 2 anos) 4 3,8
Pré-escolar (2 a 4 anos) 25 23,8
Escolar (5 a 10 anos) 55 52,3
Adolescente (11 a 13 anos incompletos) 32 30,4
Mesorregião maranhense de residência    
Norte 76 72,3
Oeste 9 8,5
Centro 9 8,5
Leste 10 9,5
Sul 1 0,9
Total 105 100
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Características epidemiológicas, Variáveis n %
clínicas e virológicas Idade da definição diagnóstica    
Antes de 6 meses 33 31,4
Entre 6 e 18 meses 16 15,2
Após 18 meses 56 53,5
Modo de transmissão do HIV    
Vertical 103 98,1
Adquirida 2 1,9
Classificação Clínica    
N1 76 72,4
N2 6 5,7
N3 1 0,9
B1 17 16,2
B3 1 0,9
C1 4 3,8
Carga Viral (cópias/ml)    
Menor que 50 65 62
Entre 50 e 1000 19 18
Maior que 1000 21 20
Total 105 100
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Classificação imunológica de 105 crianças vivendo com HIV/aids atendidas em Hospital de Referência do
Maranhão. São Luís, Maranhão, 2020.

  Classificação imunológica
1 2 3
 
(sem imunossupressão) (imunossupressão moderada) (imunossupressão grave)
Idade n % n % n %
< 12 meses - - - - - -
1 a 5 anos 26 24,7 2 1,9 1 0,9
6 a 12 anos 71 67,6 4 3,8 1 0,9
Total 97 92,3 6 5,7 2 1,8
A experiência no SAE pediátrico (HUMI):
Características terapêuticas de 105 crianças vivendo com HIV/aids atendidas em Hospital de Referência do
Maranhão. São Luís, Maranhão, 2020.

Variáveis n %
Nº de esquemas de TARV usados desde o diagnóstico    
Um 54 51,4
Dois 42 40,0
Três 8 7,6
Quatro 1 0,9
Esquema ARV atual    
2 ITRN + 1 IP 47 44,7
2 ITRN + 1 ITRNN 38 36,1
2 ITRN + 1 II 15 14,2
2 ITRN + 1 IP + 1 II ou 1 ITRNN 4 3,8
ITRN + 1 IP + 1 II 1 36,1
Motivos de troca da TARV    
Resistência viral 47 77
Melhorar adesão 7 11,4
Efeitos adversos 4 6,5
Indisponibilidade na farmácia para dispensação 3 4,9
A experiência no SAE pediátrico (HUMI) é positiva – mas
temos que avançar muito ainda para garantir atenção integral
à criança vivendo com HIV conforme preconizado

Boas práticas para redução da transmissão vertical do HIV já


estão definidas em documentos mas para o alcance da
eliminação da transmissão vertical do HIV é necessário

[email protected]

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