O documento discute o transtorno da personalidade evitativa, definindo seus critérios diagnósticos e descrevendo como ele se manifesta. Indivíduos com esse transtorno evitam atividades que envolvem contato interpessoal significativo devido a medo de crítica. Eles também têm dificuldade em estabelecer intimidade e confiança nos outros. O tratamento foca em reduzir a evitação cognitiva e emocional, desenvolver habilidades sociais e questionar pensamentos e crenças negativas.
O documento discute o transtorno da personalidade evitativa, definindo seus critérios diagnósticos e descrevendo como ele se manifesta. Indivíduos com esse transtorno evitam atividades que envolvem contato interpessoal significativo devido a medo de crítica. Eles também têm dificuldade em estabelecer intimidade e confiança nos outros. O tratamento foca em reduzir a evitação cognitiva e emocional, desenvolver habilidades sociais e questionar pensamentos e crenças negativas.
O documento discute o transtorno da personalidade evitativa, definindo seus critérios diagnósticos e descrevendo como ele se manifesta. Indivíduos com esse transtorno evitam atividades que envolvem contato interpessoal significativo devido a medo de crítica. Eles também têm dificuldade em estabelecer intimidade e confiança nos outros. O tratamento foca em reduzir a evitação cognitiva e emocional, desenvolver habilidades sociais e questionar pensamentos e crenças negativas.
O documento discute o transtorno da personalidade evitativa, definindo seus critérios diagnósticos e descrevendo como ele se manifesta. Indivíduos com esse transtorno evitam atividades que envolvem contato interpessoal significativo devido a medo de crítica. Eles também têm dificuldade em estabelecer intimidade e confiança nos outros. O tratamento foca em reduzir a evitação cognitiva e emocional, desenvolver habilidades sociais e questionar pensamentos e crenças negativas.
Baixe no formato PPTX, PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 36
AULA 7 –
TRANSTORNOS DA Ma. Laura Adriano Mekdessi
PERSONALIDADE DO GRUPO C QUAIS SÃO OS TRANSTORNOS? •Transtorno da Personalidade Evitativa
•Transtorno da Personalidade Dependente
•Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva
ESTUDO DE CASO- TERAPIA DE CASAL 246 TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição. 2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva. 3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado. 4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais. 5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação. 6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros. 7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Indivíduos com transtorno da personalidade evitativa esquivam-se de atividades no trabalho que envolvam contato interpessoal significativo devido a medo de crítica, desaprovação ou rejeição (Critério 1). Ofertas de promoções na vida profissional podem não ser aceitas pelo fato de novas responsabilidades poderem resultar em críticas de colegas. Esses indivíduos evitam fazer novos amigos, a menos que tenham certeza de que serão recebidos de forma positiva e aceitos sem críticas (Critério 2). A intimidade interpessoal costuma ser difícil para eles, embora consigam estabelecer relacionamentos íntimos quando há certeza de aceitação sem críticas. Podem agir de forma reservada, ter dificuldades de conversar sobre si mesmos e conter os sentimentos íntimos por medo de exposição, do ridículo ou de sentirem vergonha (Critério 3). TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Visto que indivíduos com esse transtorno estão preocupados com serem criticados ou rejeitados em situações sociais, podem apresentar um limiar bastante baixo para a detecção de tais reações (Critério 4). Ao menor sinal de desaprovação ou crítica, podem se sentir extremamente magoados. Tendem a ser tímidos, quietos, inibidos e “invisíveis” pelo medo de que toda a atenção seja degradante ou rejeitadora. Apesar de seu forte desejo de participação na vida social, receiam colocar seu bem-estar nas mãos de outros. Indivíduos com o transtorno da personalidade evitativa ficam inibidos em situações interpessoais novas, pois se sentem inadequados e têm baixa autoestima (Critério 5). Dúvidas a respeito da competência social e do apelo pessoal ficam especialmente claras em contextos envolvendo interações com estranhos. Esses indivíduos veem-se como socialmente incapazes, sem qualquer atrativo pessoal ou inferiores aos outros (Critério 6). Costumam relutar de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois elas podem causar constrangimento (Critério 7). TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Indivíduos com transtorno da personalidade evitativa costumam avaliar vigilantemente os movimentos e as expressões daqueles com quem têm contato. Sua conduta temerosa e tensa pode provocar o ridículo e o deboche dos outros, o que, em contrapartida, confirma suas dúvidas pessoais. Tal como o transtorno da personalidade evitativa, os transtornos da personalidade esquizoide e esquizotípica caracterizam-se por isolamento social. Contudo, os indivíduos com transtorno da personalidade evitativa desejam ter relacionamentos com outras pessoas e sentem sua solidão de forma profunda, ao passo que aqueles com os transtornos da personalidade esquizoide ou esquizotípica podem ficar satisfeitos e até preferir o isolamento social. Os transtornos da personalidade paranoide e evitativa são caracterizados pela relutância em confiar nos outros. No entanto, no transtorno da personalidade evitativa, essa relutância é atribuível mais ao medo de sentir vergonha ou de ser considerado inadequado do que ao medo de intenções maldosas de outras pessoas. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA A maioria das pessoas se utiliza de esquiva na vida algumas vezes, especialmente para aliviar a ansiedade ou ao se deparar com escolhas ou situações de vida difíceis. O TPE caracteriza-se por evitação comportamental, emocional e cognitiva difundida, mesmo quando as metas ou os desejos pessoais são frustrados por tal evitação. Os temas cognitivos que alimentam a evitação no TPE incluem autodepreciação, crenças de que pensamentos ou emoções desagradáveis são intoleráveis e um pressuposto de que a exposição aos outros do “verdadeiro self” ou a autoexpressão assertiva provocará rejeição. Uma pessoa com TPE típica acredita que “Sou socialmente inepta e indesejável” e “Outras pessoas são superiores a mim e irão me rejeitar ou pensar criticamente a meu respeito se me conhecerem”. Pessoas com TPE têm baixa tolerância à disforia tanto durante a sessão terapêutica quanto fora dela e usam diversos recursos, inclusive o abuso de substâncias, para se distraírem das cognições e emoções negativas. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Eles desenvolveram crenças centrais sobre si mesmos a partir das interações com essas pessoas, tais como “Sou inadequado”, “Sou cheio de defeitos”, “Não sou uma pessoa gostável”, “Sou diferente” e “Não me encaixo”. Também desenvolveram crenças negativas sobre outras pessoas: “Ninguém se importa comigo” e “As pessoas irão me criticar e rejeitar”. Pacientes evitativos experimentam uma suces são de pensamentos automáticos autocríticos, tanto em situações sociais como ao contemplar encontros futuros. Esses pensamentos produzem disforia, mas raramente são avaliados, pois o paciente presume que estão corretos. Pessoas com TPE acreditam, basicamente, que são inaceitáveis ou impossíveis de gostar, mas que, se puderem esconder seus verdadeiros selfs, conseguirão enganar os outros, ao menos um pouco ou por algum tempo. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Pacientes evitativos têm dificuldade para avaliar as reações dos outros. Eles podem interpretar erroneamente reações neutras ou mesmo um pouco positivas como negativas. Como pessoas com fobia social, alguns pacientes com TPE tendem a concentrar-se nos próprios pensamentos, sentimentos e reações fisiológicas negativas, mais do que nas expressões faciais, no tom de voz e na linguagem corporal daqueles com os quais estão interagindo. Mesmo diante de evidências, indiscutíveis para os outros, de que são aceitas ou estimadas, pessoas com TPE as desconsideram. Acreditam que enganaram aquela pessoa ou que o julgamento dela é falho ou baseado em informações inadequadas. Pensamentos automáticos típicos incluem “Ele acha que sou inteligente, mas apenas o enganei” NA TERAPIA Pacientes evitativos levam as mesmas crenças e os mesmos pressupostos sobre si próprios e os outros à situação de terapia. “Se eu confiar no aparente interesse e compaixão de meu terapeuta, vou me machucar”, “Se me concentrar nos problemas na terapia, ficarei muito sobrecarregado”, “Se revelar aspectos negativos de minha história e minha vida, meu terapeuta irá me julgar negativamente” e “Se tentar os novos comportamentos que meu terapeuta sugere, serei rejeitado” (J. Beck, 2005). Essas cognições interferem na capacidade do paciente de se envolver totalmente e beneficiar-se do tratamento se o terapeuta não explicitar e ajudar o indivíduo a avaliá-los. METAS DO TRATAMENTO 1. Ter como alvo a evitação cognitiva e emocional. Até que o paciente participe ativamente na terapia, o progresso será lento. O terapeuta ajuda o cliente a superar a evitação cognitiva e emocional durante e entre as sessões para que ele possa se tornar mais consciente dos pensamentos, dos sentimentos e do papel de manutenção que a evitação desempenha em seus problemas. 2. Trabalhar no desenvolvimento de habilidades. Pacientes com TPE muitas vezes necessitam desenvolver habilidades de autorreflexão, assim como habilidades interpessoais como autoexpressão, assertividade e negociação de conflitos. 3. Avaliar os pensamentos automáticos, os pressupostos subjacentes e as crenças centrais que mantêm os padrões evitativos. Desenvolver cognições alternativas que se baseiem mais na realidade e sejam mais funcionais, bem como que deem suporte à iniciação e à manutenção da intimidade e assertividade apropriada nos relacionamentos. NA TERAPIA Em última análise, a meta geral do tratamento é proporcionar ao paciente com TPE uma vida mais produtiva e gratificante, o que tende a incluir o estabelecimento de novos relacionamentos e um aumento no conforto com os relacionamentos existentes. Dois obstáculos à colaboração que podem ser esperados em pacientes com TPE são o medo de rejeição e a desconfiança das expressões de carinho dos outros. Eles com frequência têm um grande número de cognições negativas sobre o terapeuta, assim como em relação a outras pessoas. IMPORTANTE – identificar e testar os pensamentos disfuncionais. RELACIONAMENTO COLABORATIVO IMPORTANTE INTERVENÇÃO Descoberta guiada usando métodos-padrão cognitivo-comportamentais para testar pensamentos automáticos e pressupostos subjacentes podem ajudá-los a começar a se opor a autocrítica, previsões negativas, pressupostos desadaptativos e avaliações errôneas das reações dos outros. Técnicas de mindfulness auxiliam os clientes evitativos a tomar distância de seus pensamentos e experimentar e tolerar emoções negativas sem crítica. Métodos da terapia de aceitação e compromisso podem ser usados para os pacientes identificarem seus valores centrais e realizarem mudanças comportamentais difíceis a serviço desses valores. Intervenções de terapia da compaixão (Gilbert, 2010) são usadas para auxiliar os pacientes evitativos a minar sua voz interna altamente crítica e aumentar a autocompaixão. Necessário formar uma tolerância à disforia. ESTUDO DE CASO – SARA (26 ANOS) 221 TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.) 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia). 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE Indivíduos com o transtorno da personalidade dependente apresentam grande dificuldade em tomar decisões cotidianas (p. ex., a cor de camisa a vestir ou levar ou não o guarda-chuva) sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramentos oferecidos por outros (Critério 1). Esses indivíduos tendem a ser passivos e a permitir que outros (frequentemente apenas uma pessoa) tomem a iniciativa e assumam a responsabilidade pela maior parte das principais áreas de suas vidas (Critério 2). Adultos com o transtorno costumam depender de pai ou mãe ou cônjuge para decidir onde morar, o tipo de trabalho a realizar e os vizinhos com quem fazer amizade. Como existe o receio de perder apoio ou aprovação, indivíduos com o transtorno da personalidade dependente frequentemente apresentam dificuldade em expressar discordância de outras pessoas, em especial daquelas de quem são dependentes (Critério 3). Eles se sentem tão incapazes de funcionar por conta própria que podem vir a concordar com coisas que consideram erradas apenas para não arriscar perder a ajuda daqueles que procuram para orientação. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE Indivíduos com esse transtorno apresentam dificuldades para iniciar projetos ou fazer coisas de forma independente (Critério 4). Carecem de autoconfiança e acham que precisam de ajuda para iniciar e finalizar tarefas Indivíduos com transtorno da personalidade dependente podem ir a extremos para conseguir cuidado e apoio de outros, a ponto até de voluntariar-se para tarefas desagradáveis caso esse comportamento possa proporcionar a atenção de que precisam (Critério 5). Estão dispostos a se submeter ao que os outros desejam, mesmo que as demandas não sejam razoáveis. Pessoas com esse transtorno sentem-se desconfortáveis ou desamparadas quando sós devido aos temores exagerados de não serem capazes de cuidar de si mesmas (Critério 6). Vão se “grudar” a outros apenas para evitar a solidão, mesmo sem ter interesse ou envolvimento com o que está acontecendo. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE Dois conjuntos de crenças são centrais para o modelo cognitivo de TPD – ineficácia pessoal e uma visão do mundo como perigoso. Em virtude dessas crenças, o paciente com TPD passa a sentir-se vulnerável e sintoniza-se com sinais de risco em seu ambiente. “Se eu tiver o apoio e a proteção dos outros, posso me sentir seguro” Por causa da dependência dos outros, os indivíduos como TPD passam a temer os sinais antecipatórios de abandono e adotam comportamentos para evitar as rupturas previstas. Esses comportamentos podem variar do submisso ao abertamente agressivo. Se tais relacionamentos terminarem, os pacientes com TPD buscarãonovos relacionamentos com os quais possam contar. Comportamento dependente facilita o fortalecimento de crenças dependentes. Os pais de indivíduos que desenvolvem TPD costumam demonstrar um estilo de criação autoritário, controlador ou superprotetor. FATORES DE INTERESSE NA TERAPIA 1. Crenças desadaptativas sobre si mesmo e o mundo. Como observado, as crenças sobre ineficácia pessoal e aquelas sobre o mundo ser um lugar perigoso são áreas- chave para a modificação cognitiva. 2. História do desenvolvimento. Uma revisão colaborativa da história do desenvolvimento de um indivíduo proporciona um entendimento de como as crenças desadaptativas se desenvolveram e os comportamentos dependentes se perpetuaram. 3. Regulação do afeto. Indivíduos com TPD normalmente contam com a busca de apoio como uma estratégia de regulação das emoções. Assim, estratégias alternativas mais adaptativas para lidar com as emoções negativas – estratégias que realcem o senso de competência e eficiência do indivíduo – são um importante alvo de tratamento. FATORES DE INTERESSE NA TERAPIA 4. Comportamentos dependentes em contexto. O comportamento submisso e passivo e a busca excessiva por reafirmação (Joiner, 2000) são formas de comportamento dependente que aumentam o risco de rejeição social e depressão. Os padrões comportamentais específicos – e a forma como eles podem afetar os relacionamentos com os outros – são questões muito importantes no tratamento para indivíduos com TPD. As principais metas geralmente são aumentar a assertividade apropriada e reduzir o comportamento aderente, a busca de reafirmação e as ações supersolícitas que importunam os outros e solapam a autoconfiança do indivíduo. Contexto e eficiência interpessoal são importantes para alterar esses comportamentos, pois certos comportamentos modestos podem constituir habilidades de relacionamento importantes quando aplicados em um contexto receptivo e com habilidades de comunicação mais tranquilas e assertivas. FATORES DE INTERESSE NA TERAPIA meta do tratamento para TPD é (1) desafiar as crenças desadaptativas de ineficácia e vulnerabilidade por meio da discussão de estilos de criação de maneira separada das capacidades infantis; (2) compreender como as crenças desadaptativas e os comportamentos dependentes funcionaram durante a infância e que são desadaptativos na idade adulta; (3) desenvolver estratégias de regulação de afeto que também proporcionem experiências de autoeficácia; e (4) desenvolver estratégias para promover a independência e os relacionamentos sociais apropriados. TERAPIA Como o indivíduo com TPD se empenhará em tornar-se o paciente ideal, existem diversas considerações a manter em mente ao iniciar e lidar com o relacionamento terapêutico. Carinho e paciência são essenciais, mas devem ser temperados com objetividade e foco terapêutico. No curso da interação e do diálogo terapêuticos, é muito importante encorajar a autonomia de pensamento e de comportamento do paciente. Este é o indivíduo que precisa que o terapeuta pare e pergunte antes de fazer sugestões: “O que você acha?”. TERAPIA Intervenção cognitiva: Monitoramento do humor, o debate racional e os experimentos comportamentais, podem ser valiosas para testar a validade e a utilidade das crenças desadaptativas associadas ao transtorno. Intervenção comportamental: Um foco central na TCC para TPD é o desenvolvimento de habilidades comportamentais adaptativas. Os clientes são encorajados a abordar as coisas que temem, comportar-se de uma maneira mais assertiva ou corajosa e observar como os demais respondem isso é feito de uma forma GRADATIVA e SISTEMÁTICA. Regulação emocional: Pode ser bom desenvolver uma gama mais ampla de habilidades para tolerar humores negativos (p. ex., aceitação consciente), enfrentar situações estressantes (p. ex., resolução de problemas sociais, treinamento de assertividade) e lidar com humores negativos (p. ex., relaxamento, debate racional, TCC focada no esquema). ESTUDO DE CASO – SEBASTIÃO (45 ANOS) 283 TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO- COMPULSIVA. Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., não consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos). 3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira). 4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa). 5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental. 6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas. 7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes. 8. Exibe rigidez e teimosia. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO- COMPULSIVA Indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva tentam manter uma sensação de controle por meio de atenção cuidadosa a regras, pequenos detalhes, procedimentos, listas, cronogramas ou forma a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido (Critério 1). São excessivamente cuidadosos e propensos à repetição, prestando extraordinária atenção aos detalhes e conferindo repetidas vezes na busca por possíveis erros. Esquecem o fato de que outras pessoas podem se incomodar muito com os atrasos e as inconveniências que resultam desse comportamento. Por exemplo, quando esses indivíduos esquecem onde colocaram uma lista de coisas a fazer, gastam tempo demais procurando a lista em vez de gastar alguns instantes refazendo-a de memória e passando à execução das tarefas. O tempo é mal alocado, e as tarefas mais importantes são deixadas por último. O perfeccionismo e os padrões elevados de desempenho autoimpostos causam disfunção e sofrimento significativo a esses indivíduos. Podem ficar de tal forma envolvidos em tornar cada detalhe de um projeto absolutamente perfeito que este jamais é concluído (Critério 2). Por exemplo, a conclusão de um relatório escrito é retardada por várias reescritas que tomam tempo, para tudo ficar aquém da “perfeição”. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO- COMPULSIVA Com frequência sentem que não têm tempo para tirar uma tarde ou um fim de semana de folga para viajar ou apenas relaxar. Podem ficar postergando atividades agradáveis, como as férias, de modo que elas podem jamais ocorrer. Passatempos e atividades de recreação são levadas como tarefas sérias que exigem organização criteriosa e trabalho duro para serem dominadas. A ênfase recai sobre o desempenho perfeito. Esses indivíduos transformam o jogo e brincadeiras em tarefas estruturadas. Indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem ser excessivamente conscienciosos, escrupulosos e inflexíveis acerca de assuntos de moralidade, ética ou valores. Podem obrigar-se e obrigar os outros a seguir princípios morais rígidos e padrões muito austeros de desempenho. Podem, ainda, ser críticos impiedosos em relação aos próprios erros. Indivíduos com esse transtorno respeitam autoridade e regras com extrema consideração e insistem em obedecer às regras de forma bastante literal e inflexível. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO- COMPULSIVA Indivíduos com esse transtorno podem ser incapazes de descartar objetos usados ou sem valor, mesmo na ausência de valor sentimental. Frequentemente admitem ser acumuladores. Consideram o descarte de objetos um desperdício, pois “nunca se sabe quando poderá precisar de alguma coisa”. Essas pessoas relutam em delegar tarefas ou em trabalhar em conjunto. De maneira teimosa e injustificada, insistem que tudo precisa ser feito a seu modo e que as pessoas têm de se conformar com sua maneira de fazer as coisas. Com frequência dão instruções bastante detalhadas sobre como tudo deve ser feito (p. ex., só há uma forma de cortar a grama, lavar os pratos, construir uma casa para o cachorro) e ficam surpresos e irritados quando outros sugerem alternativas criativas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Transtorno obsessivo-compulsivo- Apesar dos nomes semelhantes, o transtorno obsessivo-compulsivo costuma ser distinguido do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva pela presença, no primeiro, de obsessões e compulsões verdadeiras. Quando atendidos os critérios para transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva, ambos devem ser registrados. Outros transtornos da personalidade- Indivíduos com transtorno da personalidade narcisista podem também professar compromisso com o perfeccionismo e acreditar que os outros não fazem bem as coisas, mas estão mais propensos a achar que atingiram a perfeição, ao passo que aqueles com o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva costumam ser autocríticos. SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS O estilo de personalidade obsessivo-compulsiva é comum na cultura ocidental contemporânea, especialmente entre os homens (American Psychiatric Association, 2000). Em parte, isso pode dever-se ao alto valor que a sociedade atribui a certas características de tal estilo. Essas qualidades incluem atenção aos detalhes, autodisciplina, controle emocional, perseverança, confiabilidade e polidez. Entretanto, alguns indivíduos possuem essas qualidades de uma forma tão extrema que acarretam comprometimento funcional ou sofrimento subjetivo. Assim, o indivíduo que desenvolve o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC) torna-se rígido, perfeccionista, dogmático, ruminante, moralista, inflexível, indeciso e bloqueado emocional e cognitivamente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Possíveis indicadores do TPOC: 1. O paciente foi criado no tipo rígido e controlador de família. 2. O paciente carece de relacionamentos interpessoais próximos com quem possa se abrir. 3. O paciente tem uma profissão técnica e detalhista, tais como contabilidade, advocacia ou engenharia. 4. O paciente carece de atividades de lazer ou se envolve naquelas que têm um propósito e são dirigidas a metas, e não praticadas por prazer. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO- COMPULSIVA A maioria dos aspectos problemáticos do TPOC é vista aqui como resultado de estratégias que esses indivíduos usam para evitar erros: “Devo ser cuidadoso e rigoroso”, “Devo prestar atenção aos detalhes”, “Devo perceber erros imediatamente para que eles possam ser corrigidos” e “Cometer um erro significa merecer crítica”. O objetivo dos indivíduos compulsivos é eliminar erros, e não apenas minimizálos. O resultado é um desejo de controle total sobre si mesmos e sobre o ambiente. Presença de pensamento dicotômico. Pacientes compulsivos tendem a evitar erros de ação, mas não de omissão. Eles tendem a catastrofizar sobre mudar sua abordagem à vida, acreditando que, exceto por sua compulsividade, nada se interpõe entre eles e a preguiça, a ruína financeira ou a promiscuidade. PRINCIPAIS METAS DO TRATAMENTO 1. Educar o paciente sobre o papel do perfeccionismo na produção e manutenção dos sintomas apresentados. 2. Auxiliar o indivíduo na testagem da diferença entre seguir regras e rotinas há muito estabelecidas e avaliar flexivelmente o que funciona e o que não funciona para ele. 3. Ajudar o cliente a avaliar os pensamentos automáticos, os pressupostos subjacentes e as crenças centrais que mantêm o perfeccionismo e a rigidez. 4. Ligar essas metas gerais à produtividade/vida profissional e aos relacionamentos pessoais do paciente compulsivo, com desfechos pessoais significativos tomados como metas específicas de tratamento. TRATAMENTO O sucesso do tratamento é evidente na redução da tensão ou da dor e da angústia, junto com uma maior flexibilidade na aplicação de normas, bem como melhora na produtividade, no manejo do tempo e nos relacionamentos pessoais. Metas relevantes e práticas são classificadas na ordem em que serão trabalhadas, pois é difícil – e muitas vezes improdutivo – tentar manejar várias delas ao mesmo tempo. Dois critérios a usar na classificação de objetivos são a importância de cada problema para o paciente e com que facilidade pode ser solucionado. Muitas vezes, é bom obter êxito rápido no início da terapia para aumentar a motivação e a confiança do cliente no processo terapêutico. Depois de estabelecer as metas, é importante identificar os pensamentos automáticos e os esquemas associados a eles. TRATAMENTO A meta geral da psicoterapia com pacientes com TPOC é ajudá-los a alterar ou reinterpretar os pressupostos subjacentes problemáticos para que os comportamentos e as emoções mudem. Em geral, o terapeuta cognitivo está disposto a aceitar as queixas dos clientes como elas se apresentam. Assim, quando um paciente inicialmente se queixa de ansiedade, dores de cabeça ou impotência, este costuma ser o problema abordado. A terapia cognitiva com o compulsivo tende, inclusive, a ser mais prática e focada em problemas do que de costume, com menos ênfase no apoio emocional e nas questões de relacionamento. Normalmente, o rapport baseia-se no respeito do paciente pela competência do terapeuta e na crença de que o profissional o respeita e pode ser-lhe útil. Tentar desenvolver um relacionamento emocional mais próximo do que o compulsivo sente como confortável no início da terapia pode ser prejudicial e levar ao término precoce.