Coletânia Penal-40-50
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Art. 32. As penas são: Art. 34. O condenado será submetido, no iní-
I – privativas de liberdade; cio do cumprimento da pena, a exame crimi-
II – restritivas de direitos; nológico de classificação para individualização
III – de multa. da execução.
§ 1o O condenado fica sujeito a trabalho
no período diurno e a isolamento durante o
SEÇÃO I – Das Penas Privativas de repouso noturno.
Liberdade § 2o O trabalho será em comum dentro do
estabelecimento, na conformidade das aptidões
Reclusão e detenção ou ocupações anteriores do condenado, desde
que compatíveis com a execução da pena.
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Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida § 3o O trabalho externo é admissível, no
em regime fechado, semiaberto ou aberto. A regime fechado, em serviços ou obras públicas.
de detenção, em regime semiaberto, ou aberto,
salvo necessidade de transferência a regime Regras do regime semiaberto
fechado.
§ 1o Considera-se: Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste
a) regime fechado a execução da pena em es- Código, caput, ao condenado que inicie o cum-
40 tabelecimento de segurança máxima ou média; primento da pena em regime semiaberto.
§ 1o O condenado fica sujeito a trabalho em regimes e estabelecerá as infrações disciplinares
comum durante o período diurno, em colônia e correspondentes sanções.
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2o O trabalho externo é admissível, bem Superveniência de doença mental
como a frequência a cursos supletivos profis-
sionalizantes, de instrução de segundo grau Art. 41. O condenado a quem sobrevém doen-
ou superior. ça mental deve ser recolhido a hospital de cus-
tódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a
Regras do regime aberto outro estabelecimento adequado.
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não Art. 44. As penas restritivas de direitos são
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a autônomas e substituem as privativas de liber-
todas as autoridades o respeito à sua integridade dade, quando:
física e moral. I – aplicada pena privativa de liberdade não
superior a quatro anos e o crime não for come-
Trabalho do preso tido com violência ou grave ameaça à pessoa ou,
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
Art. 39. O trabalho do preso será sempre re- for culposo;
munerado, sendo-lhe garantidos os benefícios II – o réu não for reincidente em crime do-
da Previdência Social. loso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a con-
Legislação especial duta social e a personalidade do condenado,
Código Penal
Modo de conversão
SEÇÃO III – Da Pena de Multa § 1o (Revogado)
condenatória, a multa será executada perante Art. 57. A pena de interdição, prevista no in-
o juiz da execução penal e será considerada ciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos
dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à crimes culposos de trânsito.
1
Nota do Editor (NE): ver ADI no 3.150. 43
Pena de multa Circunstâncias agravantes
Art. 58. A multa, prevista em cada tipo legal Art. 61. São circunstâncias que sempre agra-
de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus vam a pena, quando não constituem ou quali-
parágrafos deste Código. ficam o crime:
Parágrafo único. A multa prevista no pa- I – a reincidência;
rágrafo único do art. 44 e no § 2o do art. 60 II – ter o agente cometido o crime:
deste Código aplica-se independentemente de a) por motivo fútil ou torpe;
cominação na parte especial. b) para facilitar ou assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
CAPÍTULO III – Da Aplicação da Pena c) à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação, ou outro recurso que dificultou
Fixação da pena ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo,
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
antecedentes, à conduta social, à personalida- que podia resultar perigo comum;
de do agente, aos motivos, às circunstâncias e e) contra ascendente, descendente, irmão
consequências do crime, bem como ao com- ou cônjuge;
portamento da vítima, estabelecerá, conforme f) com abuso de autoridade ou prevalecen-
seja necessário e suficiente para reprovação e do-se de relações domésticas, de coabitação
prevenção do crime: ou de hospitalidade, ou com violência contra
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; a mulher na forma da lei específica;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro g) com abuso de poder ou violação de dever
dos limites previstos; inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
III – o regime inicial de cumprimento da h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
pena privativa de liberdade; anos, enfermo ou mulher grávida;
IV – a substituição da pena privativa da li- i) quando o ofendido estava sob a imediata
berdade aplicada, por outra espécie de pena, proteção da autoridade;
se cabível. j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inun-
dação ou qualquer calamidade pública, ou de
Critérios especiais da pena de multa desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz
deve atender, principalmente, à situação eco- Agravantes no caso de concurso de pessoas
nômica do réu.
§ 1o A multa pode ser aumentada até o triplo, Art. 62. A pena será ainda agravada em relação
se o juiz considerar que, em virtude da situação ao agente que:
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada I – promove, ou organiza a cooperação no
no máximo. crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II – coage ou induz outrem à execução ma-
Multa substitutiva terial do crime;
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Reincidência Concurso de circunstâncias agravantes e
atenuantes
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar Art. 67. No concurso de agravantes e atenuan-
em julgado a sentença que, no País ou no estran- tes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
geiro, o tenha condenado por crime anterior. pelas circunstâncias preponderantes, entenden-
do-se como tais as que resultam dos motivos
Art. 64. Para efeito de reincidência: determinantes do crime, da personalidade do
I – não prevalece a condenação anterior, agente e da reincidência.
se entre a data do cumprimento ou extinção
da pena e a infração posterior tiver decorrido Cálculo da pena
período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se
ou do livramento condicional, se não ocorrer ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
revogação; serão consideradas as circunstâncias atenuantes
II – não se consideram os crimes militares e agravantes; por último, as causas de diminui-
próprios e políticos. ção e de aumento.
Parágrafo único. No concurso de causas de
Circunstâncias atenuantes aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento
Art. 65. São circunstâncias que sempre ate- ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
nuam a pena: a causa que mais aumente ou diminua.
I – ser o agente menor de 21 (vinte e um),
na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, Concurso material
na data da sentença;
II – o desconhecimento da lei; Art. 69. Quando o agente, mediante mais de
III – ter o agente: uma ação ou omissão, pratica dois ou mais cri-
a) cometido o crime por motivo de relevante mes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativa-
valor social ou moral; mente as penas privativas de liberdade em que
b) procurado, por sua espontânea vontade haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe de penas de reclusão e de detenção, executa-se
ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes primeiro aquela.
do julgamento, reparado o dano; § 1o Na hipótese deste artigo, quando ao
c) cometido o crime sob coação a que podia agente tiver sido aplicada pena privativa de li-
resistir, ou em cumprimento de ordem de auto- berdade, não suspensa, por um dos crimes, para
ridade superior, ou sob a influência de violenta os demais será incabível a substituição de que
emoção, provocada por ato injusto da vítima; trata o art. 44 deste Código.
d) confessado espontaneamente, perante a § 2o Quando forem aplicadas penas restri-
autoridade, a autoria do crime; tivas de direitos, o condenado cumprirá simul-
e) cometido o crime sob a influência de mul- taneamente as que forem compatíveis entre si e
tidão em tumulto, se não o provocou. sucessivamente as demais.
Soma de penas
CAPÍTULO VI – Dos Efeitos da
Art. 84. As penas que correspondem a infra- Condenação
ções diversas devem somar-se para efeito do
livramento. Efeitos genéricos e específicos
anterior àquele benefício, não se desconta na § 1o Para efeito da perda prevista no caput
pena o tempo em que esteve solto o condenado. deste artigo, entende-se por patrimônio do con-
denado todos os bens:
Extinção I – de sua titularidade, ou em relação aos
quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a indireto, na data da infração penal ou recebidos
pena, enquanto não passar em julgado a sen- posteriormente; e
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II – transferidos a terceiros a título gratuito CAPÍTULO VII – Da Reabilitação
ou mediante contraprestação irrisória, a partir
do início da atividade criminal. Reabilitação
§ 2o O condenado poderá demonstrar a ine-
xistência da incompatibilidade ou a procedência Art. 93. A reabilitação alcança quaisquer penas
lícita do patrimônio. aplicadas em sentença definitiva, assegurando
§ 3o A perda prevista neste artigo deverá ser ao condenado o sigilo dos registros sobre seu
requerida expressamente pelo Ministério Públi- processo e condenação.
co, por ocasião do oferecimento da denúncia, Parágrafo único. A reabilitação poderá, tam-
com indicação da diferença apurada. bém, atingir os efeitos da condenação, previstos
§ 4o Na sentença condenatória, o juiz deve no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
declarar o valor da diferença apurada e especi- situação anterior, nos casos dos incisos I e II do
ficar os bens cuja perda for decretada. mesmo artigo.
§ 5o Os instrumentos utilizados para a prá-
tica de crimes por organizações criminosas e Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida,
milícias deverão ser declarados perdidos em decorridos 2 (dois) anos do dia em que for ex-
favor da União ou do Estado, dependendo da tinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não execução, computando-se o período de prova da
ponham em perigo a segurança das pessoas, a suspensão e o do livramento condicional, se não
moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério sobrevier revogação, desde que o condenado:
risco de ser utilizados para o cometimento de I – tenha tido domicílio no País no prazo
novos crimes. acima referido;
II – tenha dado, durante esse tempo, demons-
Art. 92. São também efeitos da condenação: tração efetiva e constante de bom comporta-
I – a perda de cargo, função pública ou man- mento público e privado;
dato eletivo: III – tenha ressarcido o dano causado pelo
a) quando aplicada pena privativa de liber- crime ou demonstre a absoluta impossibilidade
dade por tempo igual ou superior a um ano, de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba docu-
nos crimes praticados com abuso de poder ou mento que comprove a renúncia da vítima ou
violação de dever para com a Administração novação da dívida.
Pública; Parágrafo único. Negada a reabilitação, po-
b) quando for aplicada pena privativa de derá ser requerida, a qualquer tempo, desde que
liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos o pedido seja instruído com novos elementos
nos demais casos; comprobatórios dos requisitos necessários.
II – a incapacidade para o exercício do poder
familiar, da tutela ou da curatela nos crimes Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos ou a requerimento do Ministério Público, se o
contra outrem igualmente titular do mesmo reabilitado for condenado, como reincidente,
poder familiar, contra filho, filha ou outro des- por decisão definitiva, a pena que não seja de
cendente ou contra tutelado ou curatelado; multa.
III – a inabilitação para dirigir veículo, quan-
do utilizado como meio para a prática de crime
doloso. TÍTULO VI – Das Medidas de Segurança
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este
artigo não são automáticos, devendo ser moti- Espécies de medidas de segurança
Código Penal
Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do Art. 102. A representação será irretratável
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