Coletânia Penal-40-50

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TÍTULO IV – Do Concurso de Pessoas b) regime semiaberto a execução da pena

em colônia agrícola, industrial ou estabeleci-


Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre mento similar;
para o crime incide nas penas a este cominadas, c) regime aberto a execução da pena em casa
na medida de sua culpabilidade. de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 1o Se a participação for de menor impor- § 2o As penas privativas de liberdade deverão
tância, a pena pode ser diminuída de um sexto ser executadas em forma progressiva, segundo o
a um terço. mérito do condenado, observados os seguintes
§ 2o Se algum dos concorrentes quis par- critérios e ressalvadas as hipóteses de transfe-
ticipar de crime menos grave, ser-lhe-á apli- rência a regime mais rigoroso:
cada a pena deste; essa pena será aumentada a) o condenado a pena superior a 8 (oito)
até metade, na hipótese de ter sido previsível o anos deverá começar a cumpri-la em regime
resultado mais grave. fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena
Circunstâncias incomunicáveis seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a
8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias em regime semiaberto;
e as condições de caráter pessoal, salvo quando c) o condenado não reincidente, cuja pena
elementares do crime. seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Casos de impunibilidade § 3o A determinação do regime inicial de
cumprimento da pena far-se-á com observância
Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
e o auxílio, salvo disposição expressa em con- § 4o O condenado por crime contra a admi-
trário, não são puníveis, se o crime não chega, nistração pública terá a progressão de regime do
pelo menos, a ser tentado. cumprimento da pena condicionada à reparação
do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
TÍTULO V – Das Penas
CAPÍTULO I – Das Espécies de Pena Regras do regime fechado

Art. 32. As penas são: Art. 34. O condenado será submetido, no iní-
I – privativas de liberdade; cio do cumprimento da pena, a exame crimi-
II – restritivas de direitos; nológico de classificação para individualização
III – de multa. da execução.
§ 1o O condenado fica sujeito a trabalho
no período diurno e a isolamento durante o
SEÇÃO I – Das Penas Privativas de repouso noturno.
Liberdade § 2o O trabalho será em comum dentro do
estabelecimento, na conformidade das aptidões
Reclusão e detenção ou ocupações anteriores do condenado, desde
que compatíveis com a execução da pena.
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Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida § 3o O trabalho externo é admissível, no
em regime fechado, semiaberto ou aberto. A regime fechado, em serviços ou obras públicas.
de detenção, em regime semiaberto, ou aberto,
salvo necessidade de transferência a regime Regras do regime semiaberto
fechado.
§ 1o Considera-se: Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste
a) regime fechado a execução da pena em es- Código, caput, ao condenado que inicie o cum-
40 tabelecimento de segurança máxima ou média; primento da pena em regime semiaberto.
§ 1o O condenado fica sujeito a trabalho em regimes e estabelecerá as infrações disciplinares
comum durante o período diurno, em colônia e correspondentes sanções.
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2o O trabalho externo é admissível, bem Superveniência de doença mental
como a frequência a cursos supletivos profis-
sionalizantes, de instrução de segundo grau Art. 41. O condenado a quem sobrevém doen-
ou superior. ça mental deve ser recolhido a hospital de cus-
tódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a
Regras do regime aberto outro estabelecimento adequado.

Art. 36. O regime aberto baseia-se na auto- Detração


disciplina e senso de responsabilidade do con-
denado. Art. 42. Computam-se, na pena privativa de
§ 1o O condenado deverá, fora do estabele- liberdade e na medida de segurança, o tempo de
cimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro,
curso ou exercer outra atividade autorizada, o de prisão administrativa e o de internação
permanecendo recolhido durante o período em qualquer dos estabelecimentos referidos
noturno e nos dias de folga. no artigo anterior.
§ 2o O condenado será transferido do regime
aberto, se praticar fato definido como crime
doloso, se frustrar os fins da execução ou se, SEÇÃO II – Das Penas Restritivas de Direitos
podendo, não pagar a multa cumulativamente
aplicada. Penas restritivas de direitos

Regime especial Art. 43. As penas restritivas de direitos são:


I – prestação pecuniária;
Art. 37. As mulheres cumprem pena em esta- II – perda de bens e valores;
belecimento próprio, observando-se os deveres III – (Vetado);
e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem IV – prestação de serviço à comunidade ou
como, no que couber, o disposto neste Capítulo. a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
Direitos do preso VI – limitação de fim de semana.

Art. 38. O preso conserva todos os direitos não Art. 44. As penas restritivas de direitos são
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a autônomas e substituem as privativas de liber-
todas as autoridades o respeito à sua integridade dade, quando:
física e moral. I – aplicada pena privativa de liberdade não
superior a quatro anos e o crime não for come-
Trabalho do preso tido com violência ou grave ameaça à pessoa ou,
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
Art. 39. O trabalho do preso será sempre re- for culposo;
munerado, sendo-lhe garantidos os benefícios II – o réu não for reincidente em crime do-
da Previdência Social. loso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a con-
Legislação especial duta social e a personalidade do condenado,
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bem como os motivos e as circunstâncias in-


Art. 40. A legislação especial regulará a matéria dicarem que essa substituição seja suficiente.
prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem § 1o (Vetado)
como especificará os deveres e direitos do preso, § 2o Na condenação igual ou inferior a um
os critérios para revogação e transferência dos ano, a substituição pode ser feita por multa ou 41
por uma pena restritiva de direitos; se superior Prestação de serviços à comunidade ou a
a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser entidades públicas
substituída por uma pena restritiva de direitos e
multa ou por duas restritivas de direitos. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz ou a entidades públicas é aplicável às conde-
poderá aplicar a substituição, desde que, em nações superiores a seis meses de privação da
face de condenação anterior, a medida seja so- liberdade.
cialmente recomendável e a reincidência não se § 1o A prestação de serviços à comunidade
tenha operado em virtude da prática do mesmo ou a entidades públicas consiste na atribuição
crime. de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se § 2o A prestação de serviço à comunidade
em privativa de liberdade quando ocorrer o dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,
descumprimento injustificado da restrição im- escolas, orfanatos e outros estabelecimentos
posta. No cálculo da pena privativa de liberdade congêneres, em programas comunitários ou
a executar será deduzido o tempo cumprido da estatais.
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. atribuídas conforme as aptidões do condenado,
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa devendo ser cumpridas à razão de uma hora de
de liberdade, por outro crime, o juiz da execu- tarefa por dia de condenação, fixadas de modo
ção penal decidirá sobre a conversão, podendo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
deixar de aplicá-la se for possível ao condenado § 4o Se a pena substituída for superior a um
cumprir a pena substitutiva anterior. ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca
Conversão das penas restritivas de direitos inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista
no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste Interdição temporária de direitos
e dos arts. 46, 47 e 48.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no Art. 47. As penas de interdição temporária
pagamento em dinheiro à vítima, a seus de- de direitos são:
pendentes ou a entidade pública ou privada I – proibição do exercício de cargo, função
com destinação social, de importância fixada ou atividade pública, bem como de mandato
pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo eletivo;
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salá- II – proibição do exercício de profissão, ati-
rios mínimos. O valor pago será deduzido do vidade ou ofício que dependam de habilitação
montante de eventual condenação em ação de especial, de licença ou autorização do poder
reparação civil, se coincidentes os beneficiários. público;
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver III – suspensão de autorização ou de habili-
aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária tação para dirigir veículo;
pode consistir em prestação de outra natureza. IV – proibição de frequentar determinados
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes lugares;
aos condenados dar-se-á, ressalvada a legisla- V – proibição de inscrever-se em concurso,
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ção especial, em favor do Fundo Penitenciário avaliação ou exame públicos.


Nacional, e seu valor terá como teto – o que for
maior – o montante do prejuízo causado ou do Limitação de fim de semana
provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequência da prática do crime. Art. 48. A limitação de fim de semana consiste
§ 4o (Vetado) na obrigação de permanecer, aos sábados e do-
mingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
42 albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único. Durante a permanência dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que
poderão ser ministrados ao condenado cursos concerne às causas interruptivas e suspensivas
e palestras ou atribuídas atividades educativas. da prescrição.1

Modo de conversão
SEÇÃO III – Da Pena de Multa § 1o (Revogado)

Multa Revogação da conversão


§ 2o (Revogado)
Art. 49. A pena de multa consiste no paga-
mento ao fundo penitenciário da quantia fixada Suspensão da execução da multa
na sentença e calculada em dias-multa. Será,
no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 Art. 52. É suspensa a execução da pena de mul-
(trezentos e sessenta) dias-multa. ta, se sobrevém ao condenado doença mental.
§ 1o O valor do dia-multa será fixado pelo
juiz não podendo ser inferior a um trigésimo
do maior salário mínimo mensal vigente ao CAPÍTULO II – Da Cominação das Penas
tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes
esse salário. Penas privativas de liberdade
§ 2o O valor da multa será atualizado, quan-
do da execução, pelos índices de correção mo- Art. 53. As penas privativas de liberdade têm
netária. seus limites estabelecidos na sanção correspon-
dente a cada tipo legal de crime.
Pagamento da multa
Penas restritivas de direitos
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10
(dez) dias depois de transitada em julgado a Art. 54. As penas restritivas de direitos são
sentença. A requerimento do condenado e con- aplicáveis, independentemente de cominação na
forme as circunstâncias, o juiz pode permitir parte especial, em substituição à pena privativa
que o pagamento se realize em parcelas mensais. de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1
§ 1o A cobrança da multa pode efetuar-se (um) ano, ou nos crimes culposos.
mediante desconto no vencimento ou salário
do condenado quando: Art. 55. As penas restritivas de direitos referi-
a) aplicada isoladamente; das nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a
b) aplicada cumulativamente com pena res- mesma duração da pena privativa de liberdade
tritiva de direitos; substituída, ressalvado o disposto no § 4o do
c) concedida a suspensão condicional da art. 46.
pena.
§ 2o O desconto não deve incidir sobre os Art. 56. As penas de interdição, previstas nos
recursos indispensáveis ao sustento do conde- incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se
nado e de sua família. para todo o crime cometido no exercício de
profissão, atividade, ofício, cargo ou função,
Conversão da multa e revogação sempre que houver violação dos deveres que
lhes são inerentes.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença
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condenatória, a multa será executada perante Art. 57. A pena de interdição, prevista no in-
o juiz da execução penal e será considerada ciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos
dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à crimes culposos de trânsito.
1
Nota do Editor (NE): ver ADI no 3.150. 43
Pena de multa Circunstâncias agravantes

Art. 58. A multa, prevista em cada tipo legal Art. 61. São circunstâncias que sempre agra-
de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus vam a pena, quando não constituem ou quali-
parágrafos deste Código. ficam o crime:
Parágrafo único. A multa prevista no pa- I – a reincidência;
rágrafo único do art. 44 e no § 2o do art. 60 II – ter o agente cometido o crime:
deste Código aplica-se independentemente de a) por motivo fútil ou torpe;
cominação na parte especial. b) para facilitar ou assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
CAPÍTULO III – Da Aplicação da Pena c) à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação, ou outro recurso que dificultou
Fixação da pena ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo,
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
antecedentes, à conduta social, à personalida- que podia resultar perigo comum;
de do agente, aos motivos, às circunstâncias e e) contra ascendente, descendente, irmão
consequências do crime, bem como ao com- ou cônjuge;
portamento da vítima, estabelecerá, conforme f) com abuso de autoridade ou prevalecen-
seja necessário e suficiente para reprovação e do-se de relações domésticas, de coabitação
prevenção do crime: ou de hospitalidade, ou com violência contra
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; a mulher na forma da lei específica;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro g) com abuso de poder ou violação de dever
dos limites previstos; inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
III – o regime inicial de cumprimento da h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
pena privativa de liberdade; anos, enfermo ou mulher grávida;
IV – a substituição da pena privativa da li- i) quando o ofendido estava sob a imediata
berdade aplicada, por outra espécie de pena, proteção da autoridade;
se cabível. j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inun-
dação ou qualquer calamidade pública, ou de
Critérios especiais da pena de multa desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz
deve atender, principalmente, à situação eco- Agravantes no caso de concurso de pessoas
nômica do réu.
§ 1o A multa pode ser aumentada até o triplo, Art. 62. A pena será ainda agravada em relação
se o juiz considerar que, em virtude da situação ao agente que:
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada I – promove, ou organiza a cooperação no
no máximo. crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II – coage ou induz outrem à execução ma-
Multa substitutiva terial do crime;
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§ 2o A pena privativa de liberdade aplicada, III – instiga ou determina a cometer o crime


não superior a 6 (seis) meses, pode ser substi- alguém sujeito à sua autoridade ou não punível
tuída pela de multa, observados os critérios dos em virtude de condição ou qualidade pessoal;
incisos II e III do art. 44 deste Código. IV – executa o crime, ou nele participa, me-
diante paga ou promessa de recompensa.

44
Reincidência Concurso de circunstâncias agravantes e
atenuantes
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar Art. 67. No concurso de agravantes e atenuan-
em julgado a sentença que, no País ou no estran- tes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
geiro, o tenha condenado por crime anterior. pelas circunstâncias preponderantes, entenden-
do-se como tais as que resultam dos motivos
Art. 64. Para efeito de reincidência: determinantes do crime, da personalidade do
I – não prevalece a condenação anterior, agente e da reincidência.
se entre a data do cumprimento ou extinção
da pena e a infração posterior tiver decorrido Cálculo da pena
período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se
ou do livramento condicional, se não ocorrer ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
revogação; serão consideradas as circunstâncias atenuantes
II – não se consideram os crimes militares e agravantes; por último, as causas de diminui-
próprios e políticos. ção e de aumento.
Parágrafo único. No concurso de causas de
Circunstâncias atenuantes aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento
Art. 65. São circunstâncias que sempre ate- ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
nuam a pena: a causa que mais aumente ou diminua.
I – ser o agente menor de 21 (vinte e um),
na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, Concurso material
na data da sentença;
II – o desconhecimento da lei; Art. 69. Quando o agente, mediante mais de
III – ter o agente: uma ação ou omissão, pratica dois ou mais cri-
a) cometido o crime por motivo de relevante mes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativa-
valor social ou moral; mente as penas privativas de liberdade em que
b) procurado, por sua espontânea vontade haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe de penas de reclusão e de detenção, executa-se
ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes primeiro aquela.
do julgamento, reparado o dano; § 1o Na hipótese deste artigo, quando ao
c) cometido o crime sob coação a que podia agente tiver sido aplicada pena privativa de li-
resistir, ou em cumprimento de ordem de auto- berdade, não suspensa, por um dos crimes, para
ridade superior, ou sob a influência de violenta os demais será incabível a substituição de que
emoção, provocada por ato injusto da vítima; trata o art. 44 deste Código.
d) confessado espontaneamente, perante a § 2o Quando forem aplicadas penas restri-
autoridade, a autoria do crime; tivas de direitos, o condenado cumprirá simul-
e) cometido o crime sob a influência de mul- taneamente as que forem compatíveis entre si e
tidão em tumulto, se não o provocou. sucessivamente as demais.

Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada Concurso formal


em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista Art. 70. Quando o agente, mediante uma só
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expressamente em lei. ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,


idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave
das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até metade. As penas aplicam-se, entre- 45
tanto, cumulativamente, se a ação ou omissão Resultado diverso do pretendido
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de
desígnios autônomos, consoante o disposto no Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior,
artigo anterior. quando, por acidente ou erro na execução do
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder crime, sobrevém resultado diverso do preten-
a que seria cabível pela regra do art. 69 deste dido, o agente responde por culpa, se o fato é
Código. previsto como crime culposo; se ocorre também
o resultado pretendido, aplica-se a regra do
Crime continuado art. 70 deste Código.

Art. 71. Quando o agente, mediante mais de Limite das penas


uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
de tempo, lugar, maneira de execução e outras privativas de liberdade não pode ser superior
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos a 40 (quarenta) anos.
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe § 1o Quando o agente for condenado a penas
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a privativas de liberdade cuja soma seja superior
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas
caso, de um sexto a dois terços. para atender ao limite máximo deste artigo.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra § 2o Sobrevindo condenação por fato poste-
vítimas diferentes, cometidos com violência rior ao início do cumprimento da pena, far-se-á
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, con- nova unificação, desprezando-se, para esse fim,
siderando a culpabilidade, os antecedentes, a o período de pena já cumprido.
conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, aumentar Concurso de infrações
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, até o triplo, observadas Art. 76. No concurso de infrações, executar-
as regras do parágrafo único do art. 70 e do -se-á primeiramente a pena mais grave.
art. 75 deste Código.

Multas no concurso de crimes CAPÍTULO IV – Da Suspensão Condicional


da Pena
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de
multa são aplicadas distinta e integralmente. Requisitos da suspensão da pena

Erro na execução Art. 77. A execução da pena privativa de li-


berdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
dos meios de execução, o agente, ao invés de desde que:
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge I – o condenado não seja reincidente em
pessoa diversa, responde como se tivesse pra- crime doloso;
ticado o crime contra aquela, atendendo-se ao II – a culpabilidade, os antecedentes, a condu-
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disposto no § 3o do art. 20 deste Código. No ta social e personalidade do agente, bem como


caso de ser também atingida a pessoa que o os motivos e as circunstâncias autorizem a con-
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do cessão do benefício;
art. 70 deste Código. III – não seja indicada ou cabível a substitui-
ção prevista no art. 44 deste Código.
§ 1o A condenação anterior a pena de multa
não impede a concessão do benefício.
46
§ 2o A execução da pena privativa de liber- ção imposta ou é irrecorrivelmente condenado,
dade, não superior a quatro anos, poderá ser por crime culposo ou por contravenção, a pena
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
condenado seja maior de setenta anos de idade,
ou razões de saúde justifiquem a suspensão. Prorrogação do período de prova
§ 2o Se o beneficiário está sendo processado
Art. 78. Durante o prazo da suspensão, o con- por outro crime ou contravenção, considera-se
denado ficará sujeito à observação e ao cum- prorrogado o prazo da suspensão até o julga-
primento das condições estabelecidas pelo juiz. mento definitivo.
§ 1o No primeiro ano do prazo, deverá o § 3o Quando facultativa a revogação, o juiz
condenado prestar serviços à comunidade pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período
(art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
semana (art. 48).
§ 2o Se o condenado houver reparado o Cumprimento das condições
dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem Art. 82. Expirado o prazo sem que tenha ha-
inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir vido revogação, considera-se extinta a pena
a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes privativa de liberdade.
condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados
lugares; CAPÍTULO V – Do Livramento Condicional
b) proibição de ausentar-se da comarca onde
reside, sem autorização do juiz; Requisitos do livramento condicional
c) comparecimento pessoal e obrigatório a
juízo, mensalmente, para informar e justificar Art. 83. O juiz poderá conceder livramento
suas atividades. condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos,
Art. 79. A sentença poderá especificar outras desde que:
condições a que fica subordinada a suspensão, I – cumprida mais de um terço da pena se o
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal condenado não for reincidente em crime doloso
do condenado. e tiver bons antecedentes;
II – cumprida mais da metade se o condena-
Art. 80. A suspensão não se estende às penas do for reincidente em crime doloso;
restritivas de direitos nem à multa. III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução
Revogação obrigatória da pena;
b) não cometimento de falta grave nos úl-
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso timos 12 (doze) meses;
do prazo, o beneficiário: c) bom desempenho no trabalho que lhe
I – é condenado, em sentença irrecorrível, foi atribuído; e
por crime doloso; d) aptidão para prover a própria subsistência
II – frustra, embora solvente, a execução mediante trabalho honesto;
de pena de multa ou não efetua, sem motivo IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibi-
justificado, a reparação do dano; lidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
III – descumpre a condição do § 1o do art. 78 V – cumpridos mais de dois terços da pena,
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deste Código. nos casos de condenação por crime hediondo,


prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
Revogação facultativa e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo,
§ 1o A suspensão poderá ser revogada se o se o apenado não for reincidente específico em
condenado descumpre qualquer outra condi- crimes dessa natureza. 47
Parágrafo único. Para o condenado por cri- tença em processo a que responde o liberado,
me doloso, cometido com violência ou grave por crime cometido na vigência do livramento.
ameaça à pessoa, a concessão do livramento
ficará também subordinada à constatação de Art. 90. Se até o seu término o livramento
condições pessoais que façam presumir que o não é revogado, considera-se extinta a pena
liberado não voltará a delinquir. privativa de liberdade.

Soma de penas
CAPÍTULO VI – Dos Efeitos da
Art. 84. As penas que correspondem a infra- Condenação
ções diversas devem somar-se para efeito do
livramento. Efeitos genéricos e específicos

Especificações das condições Art. 91. São efeitos da condenação:


I – tornar certa a obrigação de indenizar o
Art. 85. A sentença especificará as condições dano causado pelo crime;
a que fica subordinado o livramento. II – a perda em favor da União, ressalvado
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
Revogação do livramento a) dos instrumentos do crime, desde que
consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
vem a ser condenado a pena privativa de liber- b) do produto do crime ou de qualquer bem
dade, em sentença irrecorrível: ou valor que constitua proveito auferido pelo
I – por crime cometido durante a vigência agente com a prática do fato criminoso.
do benefício; § 1o Poderá ser decretada a perda de bens
II – por crime anterior, observado o disposto ou valores equivalentes ao produto ou proveito
no art. 84 deste Código. do crime quando estes não forem encontrados
ou quando se localizarem no exterior.
Revogação facultativa § 2o Na hipótese do § 1o, as medidas asse-
curatórias previstas na legislação processual
Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o poderão abranger bens ou valores equivalentes
livramento, se o liberado deixar de cumprir do investigado ou acusado para posterior de-
qualquer das obrigações constantes da sentença, cretação de perda.
ou for irrecorrivelmente condenado, por crime
ou contravenção, a pena que não seja privativa Art. 91-A. Na hipótese de condenação por
de liberdade. infrações às quais a lei comine pena máxima
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser
Efeitos da revogação decretada a perda, como produto ou proveito
do crime, dos bens correspondentes à diferença
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá entre o valor do patrimônio do condenado e
ser novamente concedido, e, salvo quando a re- aquele que seja compatível com o seu rendi-
vogação resulta de condenação por outro crime mento lícito.
Coletânea básica penal

anterior àquele benefício, não se desconta na § 1o Para efeito da perda prevista no caput
pena o tempo em que esteve solto o condenado. deste artigo, entende-se por patrimônio do con-
denado todos os bens:
Extinção I – de sua titularidade, ou em relação aos
quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a indireto, na data da infração penal ou recebidos
pena, enquanto não passar em julgado a sen- posteriormente; e
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II – transferidos a terceiros a título gratuito CAPÍTULO VII – Da Reabilitação
ou mediante contraprestação irrisória, a partir
do início da atividade criminal. Reabilitação
§ 2o O condenado poderá demonstrar a ine-
xistência da incompatibilidade ou a procedência Art. 93. A reabilitação alcança quaisquer penas
lícita do patrimônio. aplicadas em sentença definitiva, assegurando
§ 3o A perda prevista neste artigo deverá ser ao condenado o sigilo dos registros sobre seu
requerida expressamente pelo Ministério Públi- processo e condenação.
co, por ocasião do oferecimento da denúncia, Parágrafo único. A reabilitação poderá, tam-
com indicação da diferença apurada. bém, atingir os efeitos da condenação, previstos
§ 4o Na sentença condenatória, o juiz deve no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
declarar o valor da diferença apurada e especi- situação anterior, nos casos dos incisos I e II do
ficar os bens cuja perda for decretada. mesmo artigo.
§ 5o Os instrumentos utilizados para a prá-
tica de crimes por organizações criminosas e Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida,
milícias deverão ser declarados perdidos em decorridos 2 (dois) anos do dia em que for ex-
favor da União ou do Estado, dependendo da tinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não execução, computando-se o período de prova da
ponham em perigo a segurança das pessoas, a suspensão e o do livramento condicional, se não
moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério sobrevier revogação, desde que o condenado:
risco de ser utilizados para o cometimento de I – tenha tido domicílio no País no prazo
novos crimes. acima referido;
II – tenha dado, durante esse tempo, demons-
Art. 92. São também efeitos da condenação: tração efetiva e constante de bom comporta-
I – a perda de cargo, função pública ou man- mento público e privado;
dato eletivo: III – tenha ressarcido o dano causado pelo
a) quando aplicada pena privativa de liber- crime ou demonstre a absoluta impossibilidade
dade por tempo igual ou superior a um ano, de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba docu-
nos crimes praticados com abuso de poder ou mento que comprove a renúncia da vítima ou
violação de dever para com a Administração novação da dívida.
Pública; Parágrafo único. Negada a reabilitação, po-
b) quando for aplicada pena privativa de derá ser requerida, a qualquer tempo, desde que
liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos o pedido seja instruído com novos elementos
nos demais casos; comprobatórios dos requisitos necessários.
II – a incapacidade para o exercício do poder
familiar, da tutela ou da curatela nos crimes Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos ou a requerimento do Ministério Público, se o
contra outrem igualmente titular do mesmo reabilitado for condenado, como reincidente,
poder familiar, contra filho, filha ou outro des- por decisão definitiva, a pena que não seja de
cendente ou contra tutelado ou curatelado; multa.
III – a inabilitação para dirigir veículo, quan-
do utilizado como meio para a prática de crime
doloso. TÍTULO VI – Das Medidas de Segurança
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este
artigo não são automáticos, devendo ser moti- Espécies de medidas de segurança
Código Penal

vadamente declarados na sentença.


Art. 96. As medidas de segurança são:
I – internação em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado; 49
II – sujeição a tratamento ambulatorial. Direitos do internado
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não
se impõe medida de segurança nem subsiste a Art. 99. O internado será recolhido a estabele-
que tenha sido imposta. cimento dotado de características hospitalares
e será submetido a tratamento.
Imposição da medida de segurança para
inimputável
TÍTULO VII – Da Ação Penal
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz
determinará sua internação (art. 26). Se, toda- Ação pública e de iniciativa privada
via, o fato previsto como crime for punível com
detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento Art. 100. A ação penal é pública, salvo quan-
ambulatorial. do a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.
Prazo § 1o A ação pública é promovida pelo Minis-
§ 1o A internação, ou tratamento ambulato- tério Público, dependendo, quando a lei o exige,
rial, será por tempo indeterminado, perdurando de representação do ofendido ou de requisição
enquanto não for averiguada, mediante perícia do Ministro da Justiça.
médica, a cessação de periculosidade. O prazo § 2o A ação de iniciativa privada é promovida
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. mediante queixa do ofendido ou de quem tenha
qualidade para representá-lo.
Perícia médica § 3o A ação de iniciativa privada pode inten-
§ 2o A perícia médica realizar-se-á ao termo tar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério
do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida Público não oferece denúncia no prazo legal.
de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o de- § 4o No caso de morte do ofendido ou de ter
terminar o juiz da execução. sido declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou de prosseguir na
Desinternação ou liberação condicional ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente
§ 3o A desinternação, ou a liberação, será ou irmão.
sempre condicional devendo ser restabelecida
a situação anterior se o agente, antes do decurso A ação penal no crime complexo
de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persis-
tência de sua periculosidade. Art. 101. Quando a lei considera como ele-
§ 4o Em qualquer fase do tratamento ambu- mento ou circunstâncias do tipo legal fatos que,
latorial, poderá o juiz determinar a internação por si mesmos, constituem crimes, cabe ação
do agente, se essa providência for necessária pública em relação àquele, desde que, em relação
para fins curativos. a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa
do Ministério Público.
Substituição da pena por medida de
segurança para o semi-imputável Irretratabilidade da representação

Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do Art. 102. A representação será irretratável
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art. 26 deste Código e necessitando o conde- depois de oferecida a denúncia.


nado de especial tratamento curativo, a pena
privativa de liberdade pode ser substituída pela Decadência do direito de queixa ou de
internação, ou tratamento ambulatorial, pelo representação
prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos
termos do artigo anterior e respectivos §§ 1o a 4o. Art. 103. Salvo disposição expressa em contrá-
rio, o ofendido decai do direito de queixa ou de
50 representação se não o exerce dentro do prazo

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