1 Ler e Escrever Na Escola 2
1 Ler e Escrever Na Escola 2
1 Ler e Escrever Na Escola 2
Sobre a autora:
Docente universitria dos nveis de graduao e ps-graduao; investigadora das reas de Didtica da Matemtica e Didtica da Lngua.
Delia Lerner
- Autora de diversas publicaes nas reas de sua especialidade (a maioria das quais traduzidas ao portugus e esto publicadas pelas editoras Artes Mdicas ou tica).
- Coordenadora da Equipe de Lngua de la Direccin de Curriculum, Direccin de Planeamiento, Secretara de Educacin de la Ciudad de Buenos Aires.
Consultora do Ministrio de Educao do Brasil para a elaborao dos Parmetros Curriculares Nacionais, para a avaliao do Programa do Livro Didtico e para a avaliao do PROFA. Consultora do Ministrio de Educao de diversos pases latinoamericanos em particular no Brasil, Colmbia, Mxico, Uruguai e Venezuela- assim como na Espanha.
- aes que transcendem a decodificao do cdigo escrito. - preciso reconceitualizar tais aes e re-significar seu aprendizado. - leitura e escrita: instrumentos poderosos para repensar o mundo e reorganizar o prprio pensamento.
- o REAL: conhecer as dificuldades apresentadas pela escola. - o POSSVEL: encaminhamentos a partir do diagnstico dos problemas detectados. - o NECESSRIO: promover a mudana, repensando a prtica e revendo o processo de avaliao da aprendizagem.
O REAL
- Perceber as prticas sociais que historicamente foram e continuam sendo patrimnio de certos grupos (a instituio escolar como espao de democratizao do ensino TENDNCIA MUDANA ou de reproduo da ordem social estabelecida TENDNCIA CONSERVAO ).
Observar que:
- o ato de ensinar a ler e escrever na escola tem finalidade puramente didtica: transmitem-se saberes e comportamentos culturais que preservam a ordem pr-estabelecida; - o ato de ensinar a ler e a escrever , muitas vezes, estruturado segundo uma progresso linear acumulativa e irreversvel, o que contradiz a prpria natureza da aprendizagem, visto que esta se d pela aproximao do sujeito com o objeto .
- a escola sente necessidade de controlar a aprendizagem da leitura, privilegiando mais o aspecto ortogrfico do que os aspectos interpretativos. - a escola, muitas vezes, trabalha um conceito de avaliao em que o direito e o poder de avaliar est unicamente na mo do professor, no propiciando ao aluno a possibilidade da auto-correo e reflexo sobre o trabalho escrito.
O POSSVEL
CONSTRUIR A AUTONOMIA INTELECTUAL DOS EDUCANDOS, FORMANDO LEITORES E ESCRITORES COMPETENTES AO EXERCCIO PLENO DA CIDADANIA.
COMO?
1 LUGAR Explicitar aos profissionais da educao como se aprende a ser leitor e escritor contribuies dos estudos sociolingsticos, psicolingsticos, antropolgicos e histricos. 2 LUGAR Trabalhar projetos, que so ferramentas que articulam os saberes sociais e os escolares.
3 LUGAR Repensar a avaliao como um meio e no um fim, diminuindo a presso do controle, buscando trabalhar atividades desafiantes, em que os alunos opinem e busquem informaes que lhes sejam necessrias para solucionar problemas em diferentes situaes.
A escola precisa favorecer a aprendizagem significativa, abandonando atividades mecnicas; para isso, deve propiciar a formao de pessoas capazes de ler nas entrelinhas, de apreciar a literatura e mergulhar em seu mundo de significados e de interpretar e produzir textos nas mais diferentes modalidades.
Ensinar a ler e escrever misso da escola. preciso promover uma mudana na prtica didtica vigente; tal prtica deve ser repensada luz da evoluo histrica dos pensamentos pedaggicos (destacar idias de Freinet, Dewey, Decroly, Piaget). Superar o abismo que separa a prtica escolar da prtica social da leitura e da escrita.
O Contrato Pedaggico
Expresso usada pela autora para nomear as relaes implcitas estabelecidas entre professor e aluno: - o aluno percebe e descobre o que o professor deseja que ele saiba e lhe devolve a resposta certa. - tal contrato deve ser revisto porque, neste molde, impede que o praticante da leitura e da escrita realize escolhas ou opine livremente .
MAIS QUE CAPACITAR OS PROFESSORES, PRECISO REVALORIZAR A PESSOA E O PROFISSIONAL; PROMOVER A MUDANA DE CONCEPO DE ENSINO-APRENDIZAGEM, NO PERDENDO DE VISTA OS OBJETIVOS GERAIS. COMPREENDER A ALFABETIZAO COMO UM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA: CONSTRUIR A APRENDIZAGEM.
Criar espaos de discusso, troca de experincias e informaes (a diversidade cultural no acontece apenas em sua sala de aula...) Capacitar os professores em servio. Investir na figura do professor como leitor e produtor de textos, que atualizem seus saberes de forma permanente.
PERSPECTIVA CURRICULAR
- ELABORAR DOCUMENTOS CURRICULARES AMPARADOS NA PESQUISA DIDTICA. - OS CONTEDOS SO ESCOLHIDOS A PARTIR DOS PROPSITOS EDUCATIVOS.
- ESTUDOS HISTRICOS APONTAM QUE
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA EVITAR O SUCESSO DA LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA: supor que existe uma nica interpretao possvel a cada texto; - a crena de que a maneira como as crianas aprendem difere da dos adultos.
ESTRUTURAO: - propor e discutir plano de trabalho; - preparar para a busca autnoma dos materiais; - pesquisar e selecionar materiais; - dividir tarefas em grupo; - contar com a participao dos pais e comunidade; - discutir resultados; - elaborar o registro dos resultados; - redigir coletivamente o trabalho final; - apresentar o projeto comunidade e avaliao final.
- atividades habituais (a hora do conto, por exemplo); - atividades independentes (de carter ocasional); - situaes de sistematizao (diversas) ESTABELECIMENTO DE UM NOVO CONTRATO DIDTICO (um novo olhar sobre a avaliao)
ATOS DE LEITURA
O professor assume o papel de leitor na sala de aula e prope estratgias de leitura que aproximem alunos dos textos; Criao de um clima leitor, que atinge os pais e possibilita um trabalho conjunto; Sim, possvel ler na escola!!! Para isso, deve se promover uma mudana qualitativa na gesto do tempo didtico e reconsiderar as formas de avaliao: o saber didtico construdo atravs de interaes.
O REGISTRO DE CLASSE OBJETIVA APROFUNDAR O CONHECIMENTO DIDTICO, POIS AS SITUAES REGISTRADAS PERMITEM UMA REFLEXO MAIS APURADA: ANOTAM-SE AS SITUAES BOAS, PROVANDO O QUE POSSVEL REALIZAR EM SALA DE AULA.
Ler entrar em outros mundos possveis. indagar a realidade para compreend-la melhor, se distanciar do texto e assumir uma postura crtica frente ao que se diz e ao que se quer dizer, tirar carta de cidadania no mundo da palavra escrita...(p.73)
Simulado
1 - Uma escola de sries finais do ensino fundamental, aps a leitura da obra de Lerner (2002) e atendendo a sua proposta pedaggica, desenvolveu com seus alunos um projeto voltado formao de leitores, produtores e apresentadores de textos. As produes seriam divulgadas em seminrios organizados pelos prprios alunos sob orientao de um professor. Os professores das diferentes sries disponibilizaram livros para escolha dos alunos que, individualmente ou em grupo, elegeram as obras para leitura. O trabalho foi orientado pelo professor de Portugus, quanto correo sinttica, ortogrfica, estilo, coerncia e coeso. Os demais participavam de acordo com o tema abordado. Entraram em cena os docentes de Cincias, Geografia, Histria, Arte, de acordo com a nfase que os alunos davam obra. As reescritas se deram de diferentes formas: poesias, contos, dramatizaes, msicas, trazendo para os seminrios apresentaes diversas de cada classe. Reconhece-se nesse projeto, na perspectiva de Lerner (2002):
(A) o esforo da escola para atender o princpio da interdisciplinaridade, entretanto, quando o produto envolve docentes de diferentes disciplinas, o resultado normalmente frustrante para os alunos, porque suas expectativas nem sempre so atendidas por determinados professores. (B). o esforo da escola para enfrentar o desafio de formar praticantes da leitura e da escrita, que saibam escolher o material escrito adequado para buscar a soluo de seus problemas e que sejam desejosos de embrenhar-se em outros mundos possveis, por meio da literatura. (C) o equvoco de se imaginar que esse tipo de trabalho envolve interdisciplinaridade, o que aponta para a necessidade de aprofundar o estudo desse tema complexo e de fundamental importncia para o ensino da escrita e da leitura, quando realizado do modo recomendvel.
(D) a iniciativa da escola de oferecer a todos os alunos a oportunidade de conceber, criar e apresentar diferentes tipos de textos, entretanto, projeto com essa abrangncia apresenta resultado pouco significativo para alunos com maior dificuldade de aprendizagem. (E) a preocupao dos educadores em promover a leitura entre os alunos, sob o artifcio da organizao de um seminrio; entretanto, para formar leitores, o professor, conhecendo de antemo as obras, deve indicar um livro de leitura agradvel para cada aluno. (questo 4 do Processo Seletivo)
fundamental o professor escreve na lousa slabas para que os alunos copiem. Ensinaos a ler e depois de sequncias de slabas introduz a formao de palavras, com exerccios dirios, levando, com esse trabalho didtico, seus alunos ao mundo da escrita e da leitura.
A anlise da prtica docente relatada, luz das reflexes de Lerner (2002), permite:
(A) identificar uma transposio didtica no controlada que leva a lngua escrita, criada para representar e comunicar significados, a aparecer, na prtica docente, fragmentada em pedacinhos no-significativos. (B) identificar a utilizao do mtodo silbico pelo professor e, se a experincia alcanar bons resultados de alfabetizao, deve ser divulgada pelo sistema de ensino, permitindo que outros docentes a conheam e a adotem.
(C) reconhecer que o professor trabalha com o mtodo que domina, portanto, se alcana resultado, deve ser respeitado, pois a liberdade de ctedra d ao docente o direito de escolher o melhor para seu aluno. (D) perceber o fenmeno da transposio didtica, uma prtica em que o docente reproduz em sua prtica as experincias vividas como aluno, transpondo, em aula, os princpios pedaggicos que assimilou. (E) identificar o fenmeno da transposio didtica enquanto experincia eficaz, porque, segundo a autora, partindo do mais fcil para o mais difcil, o professor leva o aluno ao domnio da escrita e da leitura. (questo 11 PS)
3 - Uma escola de Ensino Mdio, com aulas de robtica, inspirou seus professores a trabalhar com projetos que envolveriam a construo de brinquedos, jogos e robs cientficos, com a contribuio das disciplinas Matemtica, Fsica, Artes e Portugus, otimizando o tempo das aulas. As turmas foram divididas em grupos com a incumbncia de planejar as aes dos projetos: discutir o formato do brinquedo a ser construdo, desenh-lo, elaborar e registrar os clculos e a definio da equao mais pertinente para movimentar o brinquedo, justificando a escolha e, ao final, elaborar um relatrio sobre o processo de construo e o manual de instrues, sempre com a orientao dos respectivos docentes.
(A) embora aconselhvel por uma questo de administrao do tempo escolar, deve ser utilizado com reservas, porque alunos menos ativos no se envolvem, e deixam o desafio para os mais desenvoltos. (B). os projetos oferecem contextos nos quais a leitura ganha sentido e aparecem como atividade complexa cujos diversos aspectos se articulam ao se orientar para a realizao de um propsito.
(C) o projeto no adequado para otimizar o tempo destinado aula, pois sua realizao exige um perodo muito maior, prejudicando a organizao das demais aes de ensino. (D) esse tipo de atividade interessante quando se trata de pequenos projetos desenvolvidos em grupo e vinculados a uma nica disciplina, pois projetos longos desestimulam os alunos. (E) esse projeto pode ser interessante, desde que conte com o apoio da famlia, pois a complexidade dessa atividade exige dedicao e tempo dos alunos fora da escola. (questo 13-PS)
5- Observe as seguintes afirmaes: I- o saber didtico, como qualquer outro objeto de conhecimento, construdo atravs da interao do sujeito com o objeto. II- cabe unicamente ao professor o direito de decidir sobre a validade da interpretao textual de um aluno. III- projetos so ferramentas que articulam os propsitos didticos com os comunicativos (saberes sociais e escolares)
IV- a verso escolar da leitura e da escrita deve afastar-se da verso social, noescolar.