Áreas de Estudo Da Filosofia

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Áreas de estudo da filosofia:

Cada problema filosófico tem uma área ou disciplina de estudo.

1.Lógica:
A Lógica é a ciência das inferências válidas.
Uma inferência é válida quando está em conformidade com os procedimentos que
governam o pensamento correto. O objeto da lógica é, então, o de destrinçar as leis
que autorizam esses procedimentos, de os explicar, e de os formular.
A lógica é formal: trata das formas dos raciocínios, independentemente do seu
conteúdo ou dos objetos aos quais se referem. Por exemplo, a seguinte proposição
ou silogismo:
“Todos os tubarões são pássaros; o meu peixe vermelho é um tubarão; então, o meu
peixe vermelho é um pássaro”.
Nenhuma destas duas premissas é verdadeira “materialmente”, ou seja, nenhuma
delas corresponde à realidade. Mas o encadeamento que as une umas às outras é
válido na sua forma: a conclusão do silogismo é a consequência formal necessária das
duas premissas.

2. Ontologia:
Ontologia é o ramo da filosofia que estuda a natureza do ser, da existência e da
própria realidade.
A Ontologia é classificada na filosofia como o ramo geral da metafísica (diferente da
cosmologia, psicologia e teologia, que são ramos específicos), pois se ocupa dos temas
mais abrangentes e abstratos da área. Por esse motivo, é comum que os termos
ontologia e metafísica sejam utilizados como sinônimos, embora o primeiro esteja
inserido no segundo.
A palavra ontologia é formada do grego ontos (ser) e logia (estudos), e engloba as
questões gerais relacionadas ao significado do ser e da existência. Este termo foi
popularizado graças ao filósofo alemão Christian Wolff, que definiu a ontologia
como philosophia prima (filosofia primeira) ou ciência do ser enquanto ser.
No século XIX, a ontologia foi transformada por neoescolásticos na primeira ciência
racional que abordava os gêneros supremos do ser. A corrente filosófica conhecida
como idealismo alemão, de Hegel, partiu da ideia de autoconsciência para recuperar a
ontologia como "lógica do ser".
No século XX, a ligação entre ontologia e metafísica geral deu lugar a novos conceitos,
como o de Husserl, que vê a ontologia como ciência formal e material das essências.
Para Heidegger, a ontologia fundamental é o primeiro passo para a metafísica da
existência.
Algumas das perguntas fundamentais desta área são:
O que pode ser considerado existente?
O que significa ser?
Quais entidades existem e por quê?
Quais são os vários modos de existência?
Ao longo do tempo, inúmeros filósofos utilizaram metodologias e classificações
diferentes para responder a essas e outras perguntas.
Dicotomias da ontologia
Através das diferentes posições filosóficas que abordam as questões acima, a ciência
ontológica organiza-se em diversas dicotomias (divisões), tais como:
Monismo e Dualismo

A ontologia monista (monismo ontológico) entende que a realidade é composta por


apenas um elemento, o universo. Para esta teoria, todas as demais coisas são
diferentes formas de o universo se estruturar.

A ontologia dualista (dualismo ontológico) defende que a realidade é formada por


dois planos: um material (corpo) e outro espiritual (alma). Os principais defensores
desta corrente foram Platão e Descartes.

Determinismo e Indeterminismo
O determinismo ontológico é a teoria que entende a natureza como um sistema no
qual tudo está interligado e, por isso, não existe livre arbítrio. Para esta corrente, todas
as escolhas são, na verdade, resultados de eventos que já aconteceram.

O indeterminismo ontológico afasta a rígida ligação de causa e efeito típica do


determinismo e fundamenta o livre arbítrio em questões antropológicas, não
defendendo, portanto, que todas as escolhas são feitas por acaso.

Materialismo e Idealismo
A ontologia materialista (materialismo ontológico) defende a ideia de que para
alguma coisa ser real, é necessário que ela seja material.
Para a ontologia idealista (idealismo ontológico), a realidade é, na verdade, espiritual,
e toda a matéria é uma representação ilusória da verdade.

Prova ontológica
O “argumento ontológico” ou “prova ontológica” é o argumento que utiliza a ontologia
para defender a existência de Deus. O primeiro e mais famoso argumento ontológico é
atribuído ao teólogo Anselmo de Cantuária, que refletiu que, se a ideia de um Deus
perfeito está presente mesmo na mente das pessoas que não acreditam na sua
existência, então Deus deve existir também na realidade.

Ontologia jurídica
Ontologia, no âmbito jurídico, é a parte da Filosofia do Direito que estuda a essência e
a razão de ser de uma lei, doutrina ou jurisprudência.

Ontologia na ciência da computação


Nas Ciências e Tecnologias de Informação, as ontologias são classificações usadas para
categorizar ou agrupar as informações em classes.
As ontologias também são aplicadas em Web Semântica e em Inteligência Artificial
para assimilar e codificar o conhecimento, definindo as relações existentes entre os
conceitos de determinado domínio (uma área do conhecimento).
3. Axiologia:
(do grego axios= valor + logia= estudo) é a área da filosofia que se ocupa do estudo
dos valores humanos, a saber: Ética, Política, Estética e Religião.
Axiologia, também chamada de teoria de valor, é o estudo filosófico prático que busca
entender a natureza dos valores e os juízos de valor e como eles surgem na sociedade.
A compreensão desses valores também nos ajuda a determinar o motivo de uma ação.

-ÉTICA: O termo Ética deriva do grego ethos que significa "maneira de ser" ou
"carácter". Podemos designar por Ética a reflexão sobre os princípios que
fundamentam os códigos morais de uma sociedade.
Desde Aristóteles com o seu tratado de Ética - « Ética a Nicómaco» - até às éticas
atuais, algumas desenvolvidas na psicologia desenvolvimentalista (Ex. Kohlberg, são
diversas as fundamentações e finalidades atribuídas à Ação moral.
A ética não se deve confundir com etologia que é o método descritivo dos costumes,
ou das diversas morais existentes nas diversas sociedades.
A ética está para a moral assim como a musicologia está para a música. A ética radica-
se nos valores; a moral é a lei. A ética refere-se a um “aqui e agora”, a uma
comunidade humana, a “um estar em conjunto”.
Na ética, o dever é um imperativo de universalidade que tem o seu próprio valor,
independentemente de situações privadas e particulares.

-POLÍTICA: O termo Política deriva do Grego antigo politeía que designava todas as
actividades relativas à Polis (Cidade-Estado), nome da qual derivou politiké(política em
geral) e politikós (homens com direitos políticos).
Na Grécia do período clássico, as cidades eram Estados que dispunham
de governo e leis próprias, independentes entre si.
Do ponto de vista filosófico, a política estuda as ideias políticas, os acontecimentos
as instituições, referindo-se ao passado, ao presente e às possibilidades do futuro.
O objetivo da política é organizar a vida da comunidade, pressupondo o direito como
instrumento privilegiado para estabelecer e fazer cumprir as leis. Por seu lado, o
direito tem como base a moral das comunidades, depende daquilo que se considera
que deve ser o comportamento correto do ser humano, está consequentemente
ligado à ética.
A política é exercida pelo Estado.
A reflexão sobre a origem e natureza do Estado e do poder político é um assunto que
vem desde a Antiguidade Clássica com Aristóteles. Durante a Idade
Média o pensamento político de Aristóteles foi retomado e reinterpretado por S.
Tomás de Aquino, que defendeu um tipo de sociedade feudal, e que se manteve até
à Idade Moderna.
A partir da Idade Moderna a nova maneira de pensar em termos políticos teve como
representantes mais influentes T. Hobbes, J. Locke e Jean Jacques Rousseau. Só
podemos compreender as ideias políticas de hoje se regressarmos a estes pensadores.
Com a teoria do contrato social, passou a entender-se que o Estado devia ter em conta
os interesses de todos os cidadãos, defendendo direitos que lhes eram inerentes.
Neste contexto, surge na Idade Contemporânea a teoria da justiça como equidade,
formulada por J. Rawls. Robert Nozick é um crítico de J. Rawls, para este pensador, a
teoria da justiça como equidade, ao justificar a redistribuição da riqueza produzida, é
incompatível com a liberdade, dado que, implica tirar a uns para dar a outros. Se os
ricos quiserem ajudar os pobres, será caridade ou filantropia e não justiça. O que é
justo é cada um ter em função do valor do que produz.

-ESTÉTICA: Do grego aisthésis que significa percepção, sensação, sentimento, a


estética é a disciplina que estuda os critérios que orientam os nossos juízos acerca
do belo e da arte.
A estética distingue-se da crítica de arte, que trata de obras de arte particulares.
Porém, a estética engloba a teoria da arte e a teoria da sensibilidade.
O relativismo radical é um problema para a estética, porque se todas as opiniões sobre
o Belo são iguais ou equivalentes em valor, a estética deixa de ser a Ciência do Belo
preconizada por Hegel.
Por outro lado, a explicação da obra de arte através de fatores externos à sua beleza —
como, por exemplo, o seu contexto histórico — destrói o objetivo da estética.
Por tudo isso, a referência ao sentimento estético (a referência à emoção) é
absolutamente necessária para fundamentar qualquer reflexão sobre o Belo e a Obra
de Arte.

-RELIGIÃO: Etimologicamente, religião deriva do latim relegio = religar ou relegere =


respeitar, prestar culto o que nos permite dizer que a religião é ligação entre os
homens através de um conjunto de crenças, (dogmas), acções (ritos), tanto individuais
(dimensão pessoal) como colectivas (dimensão social), organizadas em torno
do sagrado.
Por definição, religião é um conjunto de crenças e de ritos que compreendem um
aspecto subjectivo (o sentimento religioso ou a fé) e um aspecto objectivo (as
cerimónias, as instituições, os ritos, e eventualmente um templo).
A religião pode ser entendida como uma soma de experiências, e das verbalizações e
das formas de comportamento daí resultantes, nas quais os seres humanos se
questionam quanto ao “sentido último” de si próprios, do seu mundo, e da História.
As religiões concretas representam estruturas sociais e continuidades da tradição, no
contexto das quais os seus membros encontram modelos pré-estabelecidos tanto para
as questões do sentido da vida e de soteriologia, como para as respostas aos anseios e
esperanças, e em cujo interior podem desenvolver a sua actividade religiosa numa
identidade total, parcial, ou mesmo conflituosa em fases de crise da religião.
A religião não pode ser definida pelo seu conteúdo; mas pode ser definida também em
termos formais e com critérios comuns a todas as formas de religião.

4. Epistemologia:
A epistemologia é o ramo da filosofia que se ocupa do estudo da natureza do
conhecimento, da justificação e da racionalidade da crença e dos sistemas de crenças,
em outras palavras, de toda a Teoria do Conhecimento. Usado pela primeira vez pelo
filósofo escocês James Frederick Ferrier, o termo epistemologia é composto das
palavas "episteme" e "logos". Episteme significa "conhecimento" e Logos significa
"palavra", embora seja mais usado no sentido de "estudo" ou "ciência".
O filósofo Jonathan Dancy procurou expandir o conceito, defendendo que a
epistemologia trata de "posturas cognitivas", o que incluiria tanto nossas crenças, em
sentido amplo, quanto aquilo que pensamos ser conhecimento. Nesta análise, um dos
propósitos da epistemologia seria verificar se agimos de modo responsável ou
irresponsável ao formar e manter as crenças que temos.
Ainda de acordo com Dancy, a epistemologia não se limita a analisar as crenças que
temos, mas busca entender quais crenças deveríamos ter.
O cerne da epistemologia trata de quatro áreas fundamentais:
Análise filosófica da natureza do conhecimento e como o conhecimento se relaciona
com a verdade, crença e justificação.
Problemas relativos ao Ceticismo, ou questões derivadas deste.
Critérios para se afirmar que algo é conhecido e justificado.
O alcance do conhecimento e as fontes da crença justificada.
No desenvolvimento destas quatro áreas fundamentais, três pontos acerca da
natureza do conhecimento ocuparam a mente dos filósofos, "saber que", "saber
como" e "conhecimento por familiaridade".
A distinção entre o "saber que" e o "saber como" se dá na forma de uma distinção
entre conhecimento teórico e conhecimento prático, da atuação envolvendo aquele
conhecimento, um exemplo clássico é andar de bicicleta, situação em que o
conhecimento teórico de física envolvendo o equilíbrio não é suficiente para
determinar que alguém será capaz de efetivamente equilibrar-se sobre a bicicleta e
pedalá-la. Este conhecimento do equilíbrio é o "saber que", enquanto a capacidade de
efetivamente andar de bicicleta, mesmo sem possuir o conhecimento teórico que
explica o equilíbrio, é o que, em epistemologia, chama-se "saber como".
De acordo com o filósofo inglês Bertrand Russell, o que chamamos de "conhecimento
por familiaridade" é adquirido por uma interação causal direta, isto significa que existe
uma experiência direta, não mediada, que é causa deste conhecimento. Esta
explicação tem por base a distinção entre "mediação" e "não mediação". A mediação
ocorre quando adquirimos conhecimento, ou o que pensamos ser conhecimento, por
meio de uma estratégia, por exemplo, a inferência. Neste caso partimos de algo
conhecido e inferimos algo desconhecido. Como quando inferimos que o Inverno será
ameno pois o Outono foi ameno. A não mediação ocorre quando não recorremos a
conhecimentos anteriores, por exemplo, quando abrimos os olhos pela manhã e
imediatamente sabemos que é manhã.
Os dados dos sentidos acerca do objeto observado são tudo com que a pessoa pode se
familiarizar – adquirir conhecimento por familiaridade. No que concerne os próprios
pensamentos e ideias, provavelmente o ponto de maior discussão acerca da natureza
do conhecimento, como outros filósofos contemporâneos, Russell mantém a proposta
cartesiana de que uma pessoa pode ter conhecimento de si mesmo, embora não possa
ter conhecimento por familiaridade da mente de outras pessoas, uma vez que não
interage pelos dados dos sentidos com este objeto interno, a mente da outra pessoa,
podemos apenas supor que uma mente existe pela observação do comportamento da
pessoa.
Esta questão traz à tona discussões tradicionais da filosofia, como o "cogito ergo sum"
– penso logo existo – de Descartes, mas também invoca discussões modernas
em filosofia da mente e filosofia da linguagem, envolvendo grandes pensadores do
nosso tempo, como Wilfrid Sellars e David Chalmers.
5. METAFÍSICA:
(do grego meta = para lá, além + physis= física) é a disciplina que estuda as causas
primeiras e a essência das coisas. Um dos problemas tradicionais da metafísica é
o Livre-arbítrio.
Metafísica é uma palavra que tem origem grega, e pode ser entendida como aquilo
que está além da física, onde meta, significa “além de”, “depois de” e physis, significa
“física” ou “natureza”. É um ramo do conhecimento ligado a filosofia, e que busca
uma compreensão da essência das coisas, daquilo que faz as coisas serem como são.
A metafísica é um ramo da filosofia que estuda os problemas centrais do pensamento
filosófico, ou seja, o ser como tal, absoluto, Deus, o mundo, a alma. Nesse sentido, as
tentativas de descrever as propriedades, princípios, condições e causas profundas da
realidade e seu significado e propósito. Seu tema é imaterial, daí o conflito com os
positivistas, que acreditavam que os fundamentos metafísicos estão além da
objetividade empírica.
O primeiro filósofo a tratar sobre o assunto, de maneira sistemática, foi Aristóteles.
Aliás, ele mesmo chamou esta ideia de “filosofia primeira”, por entender que ela seria
o alicerce da reflexão filosófica. Desta forma, o termo metafísica não foi cunhado por
ele e sim por um dos seus discípulos que organizou a sua obra.
Além da “filosofia primeira”, Aristóteles investigava a “ciência do ser enquanto ser”.
Por isso, ele estava interessado em questionar o que faz a matéria ser diferente e ao
mesmo tempo particular.

Aristóteles
Ao contrário de Platão, Aristóteles pensava que os princípios da realidade não estão no
mundo inteligível e sim no nosso mundo, o sensível. A realidade está submetida ao
tempo e ao espaço. Aristóteles afirmava que quatro causas condicionam a existência
dos seres:
Causa material: o corpo está composto de matéria. como sangue, pele, músculos,
ossos, etc.
Forma: se por um lado temos matéria, também temos uma forma. Uma cabeça, dois
braços, duas pernas etc. Assim, esta forma nos transforma em seres singulares que se
diferenciam dos demais.
Eficiente: por que existimos? A primeira resposta é porque alguém nos fez. Isto seria
uma resposta do campo da “causa eficiente”: existimos porque fomos criados.
Final: existimos para algo. Esta resposta transcende a anterior porque estamos diante
de uma finalidade, de uma meta. Todos os seres foram criados para um fim. O campo
da filosofia que o estuda se chama “teleologia”.

A história da metafísica é dividida em três períodos:


Primeiro período: começa com Platão e Aristóteles (entre os séculos IV e III a.C.) e
termina em David Hume (séc. XVIII). Nesta fase, se entendia a metafísica como uma
reflexão do ser na sua acepção mais geral. Um dos grandes estudiosos desta época
será Tomás de Aquino que vai recuperar a filosofia aristotélica e aplicá-la em seus
estudos teológicos.
Segundo período: se inicia com Immanuel Kant, no decorrer do século XVIII, e termina
no século XX com Edmund Husserl e seus estudos sobre a fenomenologia. Kant vai
prosseguir os estudos de Hume apontando o primado da razão sobre as questões
transcendentais que levantava a metafísica.
Terceiro período: é o período que começa na segunda década do século XX até os dias
atuais. Corresponde aos estudos da metafísica contemporânea. Surgem as críticas mais
negacionistas da metafísica com a recuperação do materialismo e criação do
positivismo. Por outro lado, no final do século XX temos a ressurgimento da metafísica
através das correntes esotéricas.

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