Apontamentos - Resumo

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Escola Secundria D.

Sancho I

Exame nacional de Portugus 2010

Fernando Pessoa ortnimo


PRINCIPAIS TEMTICAS:

Teoria do fingimento

O acto potico apenas pode comunicar uma dor fingida, inventada, pois a dor real (sentida) continua no sujeito, que, por palavras e imagens, tenta uma representao; e os leitores tendem a considerar uma dor que no sua, mas que apreendem de acordo com a sua experincia de dor. Da que o conceito de fingimento o de transfigurar, pela imaginao e pela inteligncia, aquilo que sente, naquilo que escreve. Fingir inventar, elaborar mentalmente conceitos que exprimem as emoes ou o que quer comunicar. A composio de um poema lrico deve ser feita, no no momento da emoo, mas no momento da recordao dela. Um poema um produto intelectual, e a emoo tem, ento, que existir intelectualmente. Assim, atravs da recordao que se pode conservar uma emoo.

Poemas relacionados: Autopsicografia; Isto.

Versos relacionados: O poeta um fingidor; Fingir : fazer um desvio pela inteligncia;

Sofrimento resultante da dor de pensar; Para Fernando Pessoa uma pessoa consciente, pensa, logo infeliz. Mas se uma pessoa for inconsciente, ento ela ser feliz. Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lcido, a ter de pensar. O eu lrico tanto aceita a conscincia como sente uma verdadeira dor de pensar, que traduz uma grande insatisfao e dvida sobre a utilidade do pensamento. Ele sabe que tem de pensar, por isso sabe que infeliz, por causa da razo. Poemas relacionados Gato que brincas na rua; Ela canta, pobre ceifeira; sino da minha aldeia; Liberdade.

Versos relacionados: Cansa sentir quando se pensa; Com que prazer me d a calma/ florir sem ter corao;

Nostalgia da infncia

Em Fernando Pessoa ortnimo, a infncia entendida como um tempo mtico do bem, da felicidade e da inconscincia. Nela permanecem sempre vivos a famlia e os lugares, a segurana e o aconchego, entretanto perdidos pelo sujeito potico. A inconscincia de que todo esse bem irrecupervel, f-lo sentir-se obsessivamente nostlgico da infncia, um tempo perdido que serve sobretudo para acentuar a negatividade do presente. O profundo desencanto e a angstia acompanham o sentido da brevidade da vida e da passagem dos dias. Ao mesmo tempo que gostava de ter a infncia das crianas que brincam, sente a saudade de uma ternura que lhe passou ao lado. Frequentemente, para Pessoa, o passado um sonho intil, pois nada se concretizou, antes se traduziu numa desiluso. Poemas relacionados: Saudade da idade de ouro; Quando era criana ; Quando as crianas brincam.

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DO ORTNIMO:

Musicalidade: ritmo; rima; ditongao; aliterao; onomatopeia; Valor expressivo dos Adjectivos; Usa frequentemente o Presente do Indicativo, sugerindo melhorar a realidade. Paralelismo; comparaes; metforas; Nostalgia; Saudosismo; nacionalismo; tdio; equilbrio entre o pensamento e o sentimento; ocultismo; Simplicidade; Reaproveitamento de smbolos tradicionais (gua, rio, mar...); Pontuao emotiva.

Versos relacionados: E toda aquela infncia/ que no tive me vem Quando as crianas brincam / e eu as oio brincar

O tdio, o cansao de viver O poeta constata que no ningum, ele nada o sonho de ir mais alm desaparece. Diz que no sabe nada, no sabe sentir, no sabe pensar, no sabe querer, ele um livro que ficou por escrever. Ele o tdio de si prprio: est cansado da sua vida, est cansado de si.

ALBERTO CAEIRO

Biografia A partir da carta a Adolfo Casais Monteiro: *nasceu em Lisboa (1889); *morreu tuberculoso em 1915; *viveu quase toda a sua vida no campo; *s teve instruo primria; *no teve educao, nem profisso; *escreve por inspirao;

Filosofia de Caeiro: * anti-religio; * anti-metafsica; * anti-filosofia;

Fisicamente: *estatura mdia; *frgil; *louro, quase sem cor; *olhos azuis; *cara rapada;

Para Caeiro fazer poesia uma atitude involuntria, espontnea, pois vive no presente, no querendo saber de outros tempos, e de impresses, sobretudo visuais, e porque recusa a introspeco, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.

Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angstia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vcio de pensar, o ser um ser uno, e no fragmentado. Discurso potico de caractersticas oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulrio corrente, simples, frases curtas, repeties, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticncias; Apologia da viso como valor essencial (cincia de ver) Relao de harmonia com a Natureza (poeta da natureza) Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio so emoes que perturbam a nitidez da viso de que depende a clareza de esprito)

ALBERTO CAEIRO Poeta da Natureza o mestre de Fernando Pessoa. Recusa-se a pensar logo capta o mundo pela viso. Poeta Sensacionista, a sua realidade resume-se aos sentidos. Os seus poemas, vo ser livres, pois os versos no tm rima, porque a rima implica reflexo; coloquial, porque temos a sensao que est a falar connosco.

GUARDADOR DE REBANHOS Trata-se por pastor, pois tem contacto com a natureza, e isto para ele traz felicidade. Lamenta o facto de pensar, e no conseguir libertar-se deste. um poeta sem ambies e solidrio. O contacto com a natureza torna-o poderoso. Caeiro v as coisas simples da vida, existe uma inocncia que lhe permite saber ver sem abstraces ou formulao dos conceitos. V a natureza na sua constante renovao. Versos relacionados: Eu no tenho filosofia, tenho sentidos Pra, meu corao!/No penses!/ Deixa o pensar na cabea

CAEIRO acha a natureza uma divindade porque reconhece cada elemento da natureza como Deus.

ALBERTO CAEIRO E SUAS CARACTERSTICAS Verso Branco. Linguagem sem efeitos de sonoridade, que se aproxima da prosa. Ritmo lento, assinalando calma; Ausncia de assonncias, aliteraes e onomatopeias; Ausncia de qualquer esquema mtrico e rimtico; Paralelismo; Assindutos e polissindetos; Tautologias A borboleta apenas borboleta.. O predicado no acrescenta nada ao sujeito; Predomnio do Presente do Indicativo; Adjectivao pobre; Quase ausncia de Figuras de estilo; Objectividade; Integrao e comunho com a natureza; Sensacionismo; Rejeio de pensamento; Crena na eterna providade das coisas; A criana smbolo supremo da vida; um pantesta; ( Acredita em deus, universalidade dos seres). O pensamento e a conscincia so sinnimos de dor.

Sensacionismo - poeta das sensaes tal como elas so - poeta do olhar - predomnio das sensaes visuais e das auditivas Anti-metafsico - recusa do pensamento - recusa do mistrio - recusa do misticismo Pantesmo Naturalista - tudo Deus, as coisas so divinas - paganismo - desvalorizao do tempo enquanto categoria conceptual - contradio entre teoria e a prtica

RICARDO REIS
Biografia: Nasce a 1887 no Porto um pouco baixo, mais seco e mais forte que Caeiro. Tem a cara rapada e moreno mate Surge como produto do pensamento abstracto de Pessoa Frequentou um colgio Jesuta e estudou medicina; latinista e semi helenista por auto didactismo Habita no Brasil desde 1919

Ricardo Reis, vive conforme a Natureza, liberto das paixes, indiferente s circunstncias e aceitando voluntariamente um destino voluntrio era uma parte da sua filosofia. Ele desenvolveu, assim, uma arte de viver. Ricardo Reis prope, pois, uma filosofia moral de acordo com os princpios do epicurismo e uma filosofia estica: - Carpe diem ou seja, aproveitai a vida em cada dia como caminho da felicidade - Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia ausncia de perturbao) - No ceder ao impulso dos instintos (estoicismo) - Procurar a calma ou, pelo menos, a sua iluso - Seguir o ideal tico da apatia que permite a ausncia da paixo e a liberdade (sobre esta apenas pesa o fado).

CARACTERSTICAS DE RICARDO REIS Palavras musicais; Repeties intensivas; Rimas interiores; Construo formal perfeita; Construo preferencial: A ode. Composio potica, menos rigorosa que o soneto. Latinismos ledo. Palavras de origem latina, e arcaicas. Uso da grafia scutando; Predileco pelo gerndio; Estilo horaciano (usa por exemplo, o plural, nosso); Uso frequente de anstrofes e hiprbatos.

IDEOLOGIA

Reflexo; Equilbrio entre a dor e o prazer; Epicurismo; Exaltao da vida e da beleza; Discurso dirigido a um interlocutor; ( sua Ldia); Emoo intelectualizada.

Epicurismo Consiste na capacidade de nos libertar de tudo aquilo que nos perturba e viver cada momento como fosse o nico. Estado de ataraxia.

Estoicismo consiste em viver sem desassossegos grandes, porque afinal quem decide o nosso dia-a-dia o destino. Permanecer indiferentes paixo e dor. Viver sem grandes perturbaes, serenamente.

Paganismo: Crena nos Deuses e na civilizao grega. Culto do Belo como forma de superar a efemeridade dos bens e a misria da vida; Intelectualizao das emoes; Medo da morte.

IDEAL HORACIANO urea Mediania (natureza campestre) Contacto com a natureza. Crenas nos deuses e no destino; Inevitabilidade da morte, teoria do fluir da vida; Carpe diem aproveitar o momento; Estoicismo.

Linhas temticas e ideolgicas Efemeridade da vida; Eminncia da morte; Domnio dos Deuses; Impotncia do ser humano face ao Destino (nem os Deuses podem mudar o destino); Busca do prazer moderado, como meio de vencer a dor; Aceitao voluntria da nossa misria estrutural (conceito antropolgico horaciano: o homem est marcado pela misria desde que nasce at morte); Tentativa de chegar impassibilidade quase budista (ataraxia); S na iluso da liberdade a liberdade existe.; Sensao de que vive num espao de exlio; a sua Ptria devia ser a Grcia (smbolo de sabedoria); Poeta ansioso da perfeio; Poeta moralista; no se cansa de dar conselhos; Intelectualizao das emoes.

Versos relacionados: Fluir da vida um encontro fatal Porque s na na iluso da liberdade/ A liberdade existe

lvaro de Campos
Biografia Nasce em Tavira, em 1890 Estuda engenharia mecnica e naval na Esccia Filho indisciplinado da sensao e para ele a sensao tudo. O sensacionismo faz da sensao a realidade da vida e a base da arte. Sentir tudo de todas as maneiras Vanguardista e cosmopolita nico heternimo que comparticipa da vida extra literria de Fernando Pessoa heternimo

lvaro de Campos surge quando Fernando Pessoa sente um impulso para escrever. O prprio Pessoa considera que Campos se encontra no extremo oposto, inteiramente oposto a Ricardo Reis. Para Campos a sensao tudo. O sensacionismo torna a sensao a realidade da vida e a base da arte. O Eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existncia ou possibilidade de existir. lvaro de Campos quem melhor procura a totalizao das sensaes, mas sobretudo das percepes conforme as sente, ou como ele prprio afirma sentir tudo de todas as maneiras. Procura sentir a violncia e a fora de todas as sensaes. Campos considera a sensao captada pelos sentidos como a nica realidade, mas rejeita o pensamento. O sensacionismo de Campos comea com a premissa de que a nica realidade a sensao. Mas a nova tecnologia na fbrica e nas ruas da metrpole moderna provoca-lhe a vontade de ultrapassar os limites das prprias sensaes, numa vertigem insacivel. Ao tentar a totalizao de todas as possibilidades sensoriais e afectivas da humanidade, em todo o espao, tempo ou circunstncias, num mesmo processo psquico individual, o sensacionismo faz o mesmo que o Unanimismo francs (movimento potico que em reaco contra o individualismo e as estticas do descontnuo, procura criar laos entre os grupos humanos, interpretando a sua alma e a sua vida, acreditando na possibilidade de uma alma unanime, na solidariedade e na importncia da colectividade para fazer face s situaes reais e ameaadoras da vida moderna).

A obra de lvaro de Campos passa por trs fases: 1 Fase: Decadentista: sente-se derrotado. Traduz-se por sentimentos de tdio, cansao, nusea, abatimento e a necessidade de novas sensaes (Opirio). o reflexo da falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga monotonia. 2 Fase: Futurista e sensacionista: nesta fase, lvaro de Campos celebra o triunfo da mquina, da energia mecnica e da civilizao moderna. Apresenta a beleza dos maquinismos em fria e da fora da mquina por oposio beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso tcnico, essa nova revelao metlica e dinmica de Deus. Fuga para a frente. Assenta numa poesia repleta de vitalidade, manifestando a predileco pelo belo feroz que vir a contrariar a concepo aristotlica de belo. Futurismo: - Elogio da civilizao industrial e da tcnica; - Ruptura com o subjectivismo

da lrica tradicional; - Atitude escandalosa: transgresso da moral estabelecida. Sensacionismo: - Vivncia em excesso das emoes: Sentir tudo de todas as maneiras (afastamento de Caeiro); - Sadismo e masoquismo; - Cantor lcido do mundo moderno. 3 Fase: intimista/Pessimista (reencontro com o ortnimo): que, perante a incapacidade da realizao, traz de volta o abatimento, que provoca Um supremssimo cansao,/ssimo, ssimo, ssimo,/Cansao... Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. O poeta vive rodeado pelo sono, apatia, abolia, cansao (no fsico mas interior, que mostra a desistncia da vida), revelando desiluso, revolta, inadaptao, devido incapacidade das realizaes.. Fase na qual a angstia de existir e ser mais se evidencia e se radicaliza. - Dissoluo do eu; - Dor de pensar; - Conflito entre a realidade e o poeta; - Cansao, tdio; - Angstia existencial, solido; - Nostalgia da infncia irremediavelmente perdida.

Caractersticas comuns aos trs heternimos: Encontram-se nos heternimos, dois factores comuns a todos eles. Primeiro, a descoberta de um equilbrio entre o sentir e o pensar: Caeiro encontra-se atravs da natureza; Reis encontra-se atravs do equilbrio entre a dor e o prazer; e Campos no se encontra. Em segundo lugar, verifica-se que todos associam infncia o momento em que foram verdadeiramente felizes porque eram ingnuos e inocentes. No entanto, enquanto que Reis e Caeiro acreditam poder voltar a ser felizes como foram em criana, Campos considera essa felicidade perdida, pois s verdadeiramente feliz se se for inconsciente, o que s aconteceu na sua infncia, na pr-conscincia Versos relacionados: Quero Sentir tudo, de todas as maneiras, sendo essa a melhor maneira de viajar.

Em suma: Ortnimo Fingimento artstico; Nostalgia de Infncia; Dor de pensar; Cincias Ocultas. Alberto Caeiro Mestre;poeta da natureza e da simplicidade; Interpreta o mundo atravs dos sentidos; capta o mundo pela viso; os seus versos so livres, para no implicar reflexo; coloquial, porque se tem a sensao que o poeta est a falar connosco. Ricardo Reis Epicurismo e estoicismo; carpe diem; ataraxia; Fugacidade da vida; morte como fatalidade. lvaro de Campos Decadentismo; poeta da tecnologia; futurismo; intimismo.

Os Lusadas / Mensagem

Os Lusadas

A obra passa-se na viagem martima para a ndia e conta vrios episdios da Histria de Portugal.

Texto pico (Histria de um povo, assunto grandioso; histria de carcter continuado).

Grandeza do Assunto ( Normalmente um facto histrico)

Estrutura Rigorosa

Externa ( 10 cantos)

Interna

Preposio; (Apresentao) Invocao; (Pedido de Inspirao) Dedicatria; (Dedica a obra a D. Sebastio) Narrao; (Conta a viajem que j vai a meio, mas acaba por arranjar pretexto para contar o que ficou por contar, ou seja o incio da viagem)*

*In media res a narrativa comea a meio da histria.

POCA DOS DESCOBRIMENTOS: Portugal vivia o apogeu da sua histria martima.

MENSAGEM

Obra Modernista (Escrita 4 sculos depois de Os Lusadas)

Texto pico - lrico (Versos soltos, d para exprimir sentimentos, d para trocar a ordem dos poemas, no uma histria continuada, como acontece em Os Lusadas.)

Braso (Fala dos heris Portugueses)

Mar Portugus ( Descobrimentos)

O encoberto

Anncio do Salvador, do Messias. Quinto Imprio Criado por ele. O imprio da Lngua, Queda do Antigo Imprio, da nao. A estrutura externa A obra distribui-se por dez cantos, cada um deles com um nmero varivel de estrofes (em mdia cento e dez). O nmero total de estrofes da epopeia de mil cento e duas. As estrofes so oitavas, isto , constitudas por oito versos. Os versos so decassilbicos, na sua maioria hericos (acentuados nas 6 e 10 slabas), surgindo, tambm, por vezes, o verso sfico (acentuado nas 4, 8 e 10slabas). O esquema rimtico o mesmo em todas as estrofes da obra ABABABCC, sendo, portanto, a rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois ltimos.

A estrutura interna Os Lusadas apresenta as tradicionais trs partes lgicas: introduo, desenvolvimento e concluso. Assim, das quatro partes de uma epopeia clssica (proposio, invocao, dedicatria e narrao) constituem as trs primeiras a introduo ( I, 1-18 ); a narrao constituir o desenvolvimento; e considerar-se- concluda quando os marinheiros entrarem pela foz do Tejo ameno (X, 144). A concluso, ou eplogo, inclui as restantes doze estrofes do canto X (145-156) e exprime um desabafo desencantado perante a Musa e uma exortao final a D. Sebastio, prometendo cantar-lhe os feitos futuros. A proposio Consiste na apresentao do assunto (Canto I, 1-3), em que Cames proclama cantar as grandes vitrias e os homens ilustres (As armas e os bares assinalados), as conquistas e navegaes no Oriente (reinados de D. Manuel e de D. Joo III), as vitrias em frica e na sia (desde D. Joo I a D. Manuel), que dilataram a F e o Imprio e, por ltimo, todos aqueles que por obras valerosas se vo da lei Morte libertando, todos aqueles que, no passado, no presente e no futuro, mereceram, merecem ou vieram a merecer a imortalidade na memria dos homens. Predomnio da funo apelativa, pelo uso do conjuntivo com sentido de imperativo (cessem, cale-se, cesse) e pela repetio daquelas formas verbais sinnimas.

A invocao Consiste em pedir ajuda a entidades mitolgicas, chamadas Musas. Isso acontece vrias vezes ao longo do poema, sempre que o sujeito da enunciao sente faltar-lhe a inspirao suficiente, seja em resultado da grandeza da tarefa que se lhe impe, seja porque as condies so adversas. Todavia, no canto X, estrofe 145, Cames dirige-se, finalmente, Musas (Calope) para um lamento sincero e a confisso de no mais poder cantar a gente surda e endurecida. Predomnio, ainda, da funo apelativa da linguagem, pelo uso do imperativo, do vocativo, e da repetio anafrica. Pretende Cames, nestas duas estrofes, que as tgides lhe dem um estilo sublime, altura dos feitos que se prope narrar e de forma que a gesta lusada se torne conhecida em todo o universo. No lhe interessa, agora, a inspirao lrica e buclica que as Musas lhe prodigalizaram. Pretende agora voar mais alto.

A dedicatria A dedicatria (I, 6-18) o oferecimento do poema a D. Sebastio. O carcter oratrio do discurso que determina o uso da 2 pessoa do plural (vs), do modo imperativo (inclinai, ponde) e de numerosas apstrofes. D. Sebastio encarna toda a esperana do poeta que quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar a dilatao da F e do Imprio e de ultrapassar a crise do momento. Cames dirige-se a D. Sebastio, usando repetidamente a cerimoniosa 2 pessoa do plural e sucessivas apstrofes e perfrases altamente elogiosas, vendo nele o depositrio providencial da independncia da Ptria e a garantia da dilatao da F Crist e da construo dum Imprio onde sempre haveria Sol, porque se estenderia de Leste a Oeste do Universo.

Desenvolvimento os quatro planos de organizao da narrativa:

A viagem A quarta parte da epopeia, a narrao, que constitui a aco principal que, maneira clssica, se inicia in media res, isto , quando a viagem j vai a meio, encontrando-se j os marinheiros em pleno Oceano ndico. Este comeo da aco central, a viagem de descoberta do caminho martimo para a ndia, quando os Portugueses se encontram j a meio do percurso, no Canal de Moambique, vai permitir: - a narrao do percurso at Melinde pelo narrador heterodiegtico (cantos I e II) - a narrao da Histria de Portugal at viagem (cantos III, IV e V,85), em forma de discurso do Gama, dirigido ao Rei de Melinde e a pedido deste - A incluso da narrao da primeira parte da viagem e ao surgimento da doena crua e feia (escorbuto) na retrospectiva histrica atrs referida - A apresentao do ltimo troo da viagem (canto VI), entre Melinde e Calecute, de novo por um narrador heterodiegtico. Mas, simultaneamente, os deuses renem em conslio, para decidir sobre as cousas futuras do Oriente e, de vez em quando, tece o poeta consideraes pessoais.

A narrativa organiza-se em quatro planos: o da viagem e dos deuses, em alternncia, ocupam uma posio fulcral; a Histria passada de Portugal est encaixada na viagem; as consideraes pessoais aparecem normalmente nos fins de cantos e constituem, de um modo geral, a viso crtica do Poeta sobre o seu tempo. J a Proposio aponta para os quatro planos do poema: a celebrao de uma viagem a glorificao de um povo do poema: a celebrao de uma viagem, a glorificao de um povo cuja histrica ser narrada, por traduzir a vitria sobre os deuses, na interpretao pessoal do poeta: Cantando espalharei por toda a parte.

A Histrica de Portugal: os discursos e as profecias A Histria de Portugal, exposta em discurso (de Vasco da Gama ao rei de Melinde e de Paulo da Gama ao Catual, para a histrica passada em relao viagem 1498) e em profecias (de Jpiter, de Adamastor, da ninfa Sirena e de Thetys, em relao histria futura em relao viagem), no tem uma unidade intrnseca. Uma parte dessa histria dada em sequncia cronolgica e consta do discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde. Outra parte dada em quadros soltos, como so as pinturas (bandeiras) que Paulo da Gama explica ao Catual ou as profecias de Jpiter, do gigante Adamastor, de Thetys ou da Ninfa Sirena. Abundam, os discursos, ora dos narradores, ora dos protagonistas das histrias: o da formossima Maria, a seu pai; o de Ins de Castro ao sogro (Afonso IV); o de Nuno lvares Pereira, no canto IV. A exposio dos feitos dos Portugueses caracteriza-se pela ausncia de uma aco de conjunto. No , portanto, que encontrmos a mola do poema.

Os deuses A intriga dos deuses abre com o conslio, com que se inicia a aco do poema (I; 20-41) e fecha na ilha de Vnus, com que ele, praticamente, se encerra. Formalmente, a unidade de Os Lusadas estabelecida pela intriga dos deuses. Eles esto em cena desde o princpio at ao fim do poema, o qual abre com o conslio dos deuses e termina com a Ilha dos Amores. No se trata de mero quadro externo, ou de uma sobreposio, mas da mola real do poema, que no tem outra. As personagens mitolgicas tm uma vida que falta s personagens histricas: so elas as verdadeiras criaturas humanas, que sentem,

que se apaixonam, intrigam e fazem rebulio. O Gama muito mais hirto e frio que o Gigante Adamastor, apesar de este ser um cabo, uma rocha. E ningum tem o vulto, a irradiao, a fora, a personalidade provocante de Vnus. Atravs da mitologia, Cames exprime algumas tendncias profundas do Renascimento: a vitria dos homens sobre os deuses, que personificam os limites opostos pela tradio iniciativa humana; a confiana na capacidade humana para dominar a natureza; a concepo da natureza como um ser vivo; a afirmao (apenas virtual) de Deus coo uma imanncia; a crena na bondade da natureza; a identificao da lei da razo com a lei da liberdade; a proscrio da noo de pecado. As consideraes pessoais Este plano, aquele em que o autor se permite tecer consideraes, na maior parte das vezes de carcter satrico, sobre matrias muito diferenciadas: a fragilidade da vida humana face aos grandes e gravssimos perigos tanto no mar como na terra (I, 105-106) o desprezo a que as Artes e as Letras muitas vezes so votadas pelos Portugueses (V, 91-100) o valor da glria e das honras por mrito prprio (VI, 95-99) a ingratido de que se sente vtima por parte da sociedade (VII, 78-87) o poder corruptor do ouro, o metal luzente e louro, tambm motor de traies (VIII, 96-99) os modos de atingir a imortalidade, condenando a cobia, a ambio e a tirania (IX, 92-95) a decadncia da Ptria, a austera, apagada e vil tristeza (X, 145) a invectiva ao Rei, renovando os apelos da Dedicatria, e incentivando-o a tomar medidas no sentido de corrigir e repor o pas na senda do xito (X, 146-156)

REFLEXES DO POETA EM OS LUSADAS A importncia das letras e o facto dos portugueses nem sempre aliarem coragem e eloquncia; (saber falar bem, lamenta no se dar a devida importncia aos estudos e sabedoria); O valor da glria alcanada por mrito prprio; Expanso com o objectivo de divulgar a f crist; Lamenta a importncia dada ao dinheiro; Considera que a imortalidade s se atinge sem tirania, ambio e cobia; (o que se quer em demasia, em exagero) Lamenta que no reconhecam as suas qualidades artsticas; Manifesta o seu patriotismo e motiva D. Sebastio a dar continuidade obra grandioso do povo portugus.

CONSLIO DOS DEUSES BACO receia perder a dama que conquistou no Oriente, marcada pela fundao da cidade de Nisa. Vnus Aprecia a coragem e determinao dos portugueses no Norte de frica. Admira este povo porque lhe faz lembrar os romanos e gosta da lngua, muito semelhante ao latim.

A IMPORTNCIA DA MITOLOGIA EM OS LUSADAS Constitui uma parte importante do maravilhoso inerente aos poemas picos. Assegurar a unidade de aco, pela criao de personagens activas e humanizadas que se contrapem a personagens humanas e de certo modo desumanizadas. Embelezar a narrativa da viagem; Os deuses so autores de referncias engrandecedoras dos portugueses; So plos de confronto permanente com os homens, de modo a que seja evidenciada a supremacia destes ltimos.

O SONHO DE D.MANUEL Os velhos (gentes e terras antigas) que aparecem em sonhos ao rei D.Manuel surgem na representao do rio Ganges e o Indo. O facto de serem velhos remete-nos para a sabedoria, experincia e o bom censo, as barbas compridas, associam-se a respeitabilidade e as frontes coroada preconizam o sucesso que os portugueses tero no Oriente.

ILHA DOS AMORES Na Ilha dos Amores os Deuses surgem desmitificados como se Cames tivesse necessidade de mostrar que no so objecto da sua f; Os homens so divinizados, assumem-se como senhores do tempo, do espao e da cincia; A festa do amor sensual vista como um prmio espiritual mximo; Thetys que se negou ao Adamastor, entrega-se a Vasco da Gama, porque dela se mostrou digno, pois conseguiu ultrapassar o seu objectivo, vencendo os medos e as hesitaes; A ilha imortaliza os heris, que se elevaram a esta condio, porque se libertaram do cio, da ambio, da cobia e da tirania; O amor prova que a fora suprema que conduz ao homem novo e harmonia do Universo.

Os Dez Cantos d'Os Lusadas


Canto I O poeta indica o assunto global da obra, pede inspirao s ninfas do Tejo e dedica o poema ao Rei D. Sebastio. Na estrofe 19 inicia a narrao de viagem de Vasco da Gama, referindo brevemente que a Armada j se encontra no Oceano ndico, no momento em que os deuses do Olimpo se renem em Conslio convocado por Jpiter, para decidirem se os Portugueses devero chegar ndia. Com o apoio de Vnus e Marte e apesar da oposio de Baco, a deciso favorvel aos Portugueses que, entretanto, chegam Ilha de Moambique. A Baco prepara-lhes vrias ciladas que culminam com o fornecimento de um piloto por ele instrudo para os conduzir ao perigoso porto de Quloa. Vnus intervm, afastando a armada do perigo e fazendo-a retomar o caminho certo at Mombaa. No final do Canto, o poeta reflecte acerca dos perigos que em toda a parte espreitam o Homem. Canto II O rei de Mombaa, influenciado por Baco, convida os Portugueses a entrar no porto para os destruir. Vasco da Gama, ignorando as intenes, aceita o convite, pois os dois condenados que mandara a terra colher informaes tinham regressado com uma boa notcia de ser aquela uma terra de cristos. Na verdade, tinham sido enganados por Baco, disfarado de sacerdote. Vnus, ajudada pelas Nereidas, afasta a Armada, da qual se pem em fuga os emissrios do Rei de Mombaa e o falso piloto. Vasco da Gama, apercebendo-se do perigo que corria, dirige uma prece a Deus. Vnus comove-se e vai pedir a Jpiter que proteja os Portugueses, ao que ele acede e, para a consolar, profetiza futuras glrias aos Lusitanos. Na sequncia do pedido, Mercrio enviado a terra e, em sonhos, indica a Vasco da Gama o caminho at Melinde onde, entretanto, lhe prepara uma calorosa recepo. A chegada dos

Portugueses a Melinde efectivamente saudada com festejos e o Rei desta cidade visita a Armada, pedindo a Vasco da Gama que lhe conte a histria do seu pas. Canto III Aps uma invocao do poeta a Calope, Vasco da Gama inicia a narrativa da Histria de Portugal. Comea por referir a situao de Portugal na Europa e a lendria histria de Luso a Viriato. Segue-se a formao da nacionalidade e depois a enumerao dos feitos guerreiros dos Reis da 1. Dinastia, de D. Afonso Henriques a D. Fernando. Destacam-se os episdios de Egas Moniz e da Batalha de Ourique, no reinado de D. Afonso Henriques, e o da Formosssima Maria, da Batalha do Salado e de Ins de Castro, no reinado de D. Afonso IV. Canto IV Vasco da Gama prossegue a narrativa da Histria de Portugal. Conta agora a histria da 2. Dinastia, desde a revoluo de 1383-85, at ao momento, do reinado de D. Manuel, em que a Armada de Vasco da Gama parte para a ndia. Aps a narrativa da Revoluo de 1383-85 que incide fundamentalmente na figura de Nuno lvares Pereira e na Batalha de Aljubarrota, seguem-se os acontecimentos dos reinados de D. Joo II, sobretudo os relacionados com a expanso para frica. assim que surge a narrao dos preparativos da viagem ndia, desejo que D. Joo II no conseguiu concretizar antes de morrer e que iria ser realizado por D. Manuel, a quem os rios Indo e Ganges apareceram em sonhos, profetizando as futuras glrias do Oriente. Este canto termina com a partida da Armada, cujos navegantes so surpreendidos pelas palavras profeticamente pessimistas de um velho que estava na praia, entre a multido. o episdio do Velho do Restelo. Canto V Vasco da Gama prossegue a sua narrativa ao Rei de Melinde, contando agora a viagem da Armada, de Lisboa a Melinde. a narrativa da grande aventura martima, em que os marinheiros observaram maravilhados ou inquietos o Cruzeiro do Sul, o Fogo de Santelmo ou a Tromba Martima e enfrentaram perigos e obstculos enormes como a hostilidade dos nativos, no episdio de Ferno Veloso, a fria de um monstro, no episdio do Gigante Adamastor, a doena e a morte provocadas pelo escorbuto. O canto termina com a censura do poeta aos seus contemporneos que desprezam a poesia. Canto VI Finda a narrativa de Vasco da Gama, a Armada sai de Melinde guiada por um piloto que dever ensinar-lhe o caminho at Calecut. Baco, vendo que os portugueses esto prestes a chegar ndia, resolve pedir ajuda a Neptuno, que convoca um Conslio dos Deuses Marinhos cuja deciso apoiar Baco e soltar os ventos para fazer afundar a Armada. ento que, enquanto os marinheiros matam despreocupadamente o tempo ouvindo Ferno Veloso contar o episdio lendrio e cavaleiresco de Os Doze de Inglaterra, surge uma violenta tempestade. Vasco da Gama vendo as suas caravelas quase perdidas, dirige uma prece a Deus e, mais uma vez, Vnus que ajuda os Portugueses, mandando as Ninfas seduzir os ventos para os acalmar.

Dissipada a tempestade, a Armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus. O canto termina com consideraes do Poeta sobre o valor da fama e da glria conseguidas atravs dos grandes feitos. Canto VII A Armada chega a Calecut. O poeta elogia a expanso portuguesa como cruzada, criticando as naes europeias que no seguem o exemplo portugus. Aps a descrio da ndia, conta os primeiros contactos entre os portugueses e os indianos, atravs de um mensageiro enviado por Vasco da Gama a anunciar a sua chegada. O mouro Monade visita a nau de Vasco da Gama e descreve Malabar, aps o que o Capito e outros nobres portugueses desembarcam e so recebidos pelo Catual e depois pelo Samorim. O Catual visita a Armada e pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado das figuras das bandeiras portuguesas. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, ao mesmo tempo que critica duramente os opressores e exploradores do povo. Canto VIII Paulo da Gama explica ao Catual o significado dos smbolos das bandeiras portuguesas, contando-lhe episdios da Histria de Portugal nelas representados. Baco intervm de novo contra os portugueses, aparecendo em sonhos a um sacerdote brmane e instigando-o atravs da informao de que vm com o intuito da pilhagem. O Samorim interroga Vasco da Gama, que acaba por regressar s naus, mas retido no caminho pelo Catual subornado, que apenas deixa partir os portugueses depois destes lhes entregarem as fazendas que traziam. O poeta tece consideraes sobre o vil poder do ouro. Canto IX Aps vencerem algumas dificuldades, os portugueses saem de Calecut, iniciando a viagem de regresso Ptria. Vnus decide preparar uma recompensa para os marinheiros, fazendo-os chegar Ilha dos Amores. Para isso, manda o seu filho cpido desfechar setas sobre as Ninfas que, feridas de Amor e pela Deusa instrudas, recebero apaixonadas os Portugueses. A Armada avista a Ilha dos Amores e, quando os marinheiros desembarcam para caar, vem as ninfas que se deixam perseguir e depois seduzir. Ttis explica a Vasco da Gama a razo daquele encontro (prmio merecido pelos longos trabalhos), referindo as futuras glrias que lhe sero dadas a conhecer. Aps a explicao da simbologia da Ilha, o poeta termina, tecendo consideraes sobre a forma de alcanar a Fama. Canto X As Ninfas oferecem um banquete aos portugueses. Aps uma invocao do poeta a Calope, uma ninfa faz profecias sobre as futuras vitrias dos portugueses no Oriente. Ttis conduz Vasco da Gama ao cume de um monte para lhe mostrar a Mquina do Mundo e indicar nela os lugares onde chegar o imprio portugus. Os portugueses despedem-se e regressam a Portugal. O poeta termina, lamentando-se pelo seu destino infeliz de poeta incompreendido por aqueles a quem canta e exortando o Rei D. Sebastio a continuar a glria dos Portugueses.

MENSAGEM

Ttulo - do primitivo ao definitivo O meu livro Mensagem chamava-se primitivamente Portugal. (...) Pus-lhe instintivamente esse ttulo abstracto. Substitu-o por um ttulo concreto por uma razo... E o curioso que o ttulo Mensagem est mais certo parte a razo que me levou a p-lo de que o ttulo primitivo. Fernando Pessoa

A estrutura tripartida da obra e o seu significado No intuito de lutar contra a estagnao de Portugal, promovendo o restabelecimento de uma identidade e de uma misso humana perdidas no tempo, Pessoa canta o passado histrico da nao que se transforma num mito e profetiza o renascimento da prosperidade espiritual da ptria.

Temticas: - Glorificao da Ptria; - Valorizao dos heris nacionais; - O sebastianismo; - O quinto Imprio.

Os smbolos numricos Em Mensagem, Pessoa recorre a uma srie de referentes simblicos que necessrio compreender para poder interpretar a obra. O conjunto de poemas de Mensagem est intencionalmente agrupado em blocos de 1, 2, 3, 5, 7 e 12, num total de 44 poemas.

1 Simboliza o Ser por excelncia. Representa tambm a ideia de unidade entre plos opostos, remetendo assim para a Totalidade, para a Perfeio e para a comunho com o transcendente. 2 Simboliza a diviso e a dualidade, seja ela expresso de contrrios ou de complementaridade. O dois resume o paradoxo da existncia: a vida e a morte. 3 Remete para a unio entre Deus, o Universo e o Homem e representa, por isso, a Totalidade. Aparece tambm associado a Cristo, cuja figura concentra 3 vertentes: a de rei, a de padre e a de profeta. O trs sugere ainda as fases da existncia: nascimento, crescimento e morte. A prpria obra est dividida em 3 partes. Nmero associado perfeio. 5 Est associado ordem e perfeio, diz respeito da ligao do ser humano natureza, associando-se aos cinco sentidos, aos 4 membros do corpo mais a cabea que os controla e diz respeito a 5 aspectos da natureza humana fsico, emocional, mental, anmico (vontade, desejo) e consciente. 7 o nmero da vida, representa tambm a ordem perfeita e a felicidade. o nmero da renovao. 12 Remete para a unidade temporal do ano (12 meses). O doze est ainda associado aos 12 apstolos que reflectem, por sua vez, uma forma de estar no Universo diferente, forma essa pautada pela fidelidade a Cristo, pela fraternidade e pela paz. Simboliza o universo na sua evoluo cclica espcio-temporal e na sua complexidade interna, o nmero da realizao. MENSAGEM oito letras O Braso Nascimento da nao homenageia dos construtores do Imprio. Nascimento da nao. Mar portugus Refere-se ao Imprio que se dilata por mar. Crescimento da nao. O encoberto Corresponde morte do Imprio. Esta morte contm em si o grmen da ressurreio. (Mito da construo do V Imprio, no uma morte para sempre, uma vez que nasce um novo Imprio).

Smbolos unificantes
A Mensagem encontra-se repleta de smbolos que contribuem para a sua significao. Alguns deles assumem uma particular importncia, quer por serem recorrentes na obra, quer por deterem uma forte carga simblica.

SIMBOLOGIAS Braso: o passado inaltervel Campo: espao de vida de de aco Castelo: refgio e segurana Quinas: chagas de Cristo dimenso espiritual Coroa: perfeio e poder Timbre: marca sagrao do heri para misso transcendente Grifo: terra e cu criao de uma obra terrestre e celeste Mar: vida e morte; ponto de partida; reflexo do cu; princpio masculino Terra: casa do homem; espelho do cu; paraso mtico; princpio feminino Padro: marco; sinal de presena; obra da civilizao crist Mostrengo: o desconhecido; as lendas do mar; os obstculos a vencer Nau: viagem; iniciao; aquisio de conhecimentos Ilha: refgio espiritual; espao de conquista; recompensa do sacrifcio Noite: morte; tempo de inrcia; tempo de germinao; certeza da vida Manh: luz; felicidade; vida; o novo mundo Nevoeiro: indefinio; promessa de vida; fora criadora; novo dia

1 Parte Braso

A primeira parte da obra, o Braso, subdivide-se em 5 partes. Em Braso faz-se a localizao de Portugal na Europa e em relao ao Mundo (Primeiro poema O dos castelos) e procura-se atestar a grandiosidade do povo, evocando os heris fundadores de Portugal: Ulisses o fundador mtico de Lisboa; o pastor Viriato, chefe da resistncia aos romanos; o conde D. Henrique que deu origem ao condado Portucalense (inicia a primeira Dinastia portuguesa); D. Tareja, esposa do conde D. Henrique; D. Afonso Henrique, o primeiro rei portugus; o rei D. Dinis; o rei D. Joo, O Primeiro, fundador da dinastia de Avis; D. Sebastio, rei de Portugal; o Condestvel, Nun lvares Pereira, heri de Aljubarrota.

Nota: O mito uma histria exemplar e simblica, que fundamenta e justifica a existncia do mundo, atribuindo-a aco de seres sobrenaturais. O mito testemunha uma realidade intemporal e funciona como modelo para a aco humana.

Os Poemas

- O dos castelos Localizao de Portugal na Europa e em relao ao Mundo. Portugal comparado a uma figura feminina. Neste poema, Portugal assume um lugar de destaque promovido por diversos factores. O poema inicia e termina fazendo referncia a Portugal. O ttulo remete para os smbolos da conquista, pertencentes bandeira portuguesa, e o ltimo verso que contm 7 palavras, apresenta Portugal como sendo o rosto da Europa. Sendo o nmero 7 um nmero mstico, o ltimo verso remete para a completude e para o poder da criao de Portugal. A expectativa de um futuro que faa ressurgir a glria do passado representada pelo olhar insistente e misterioso voltado para o Ocidente, olhar esse dirigido pelo rosto portugus. A posio de Portugal, voltada para o futuro, est relacionada com a misso lusa de guiar a Europa e o Mundo at um Imprio Espiritual. Aqui reside o nacionalismo proftico que percorre toda a Mensagem.

- Ulisses Em Mensagem, o mito assume uma funo crucial, pois considera-se que do seu poder fecundador que nasce a realidade. o mito que ilumina o heri e transporta o valor das suas aces para a dimenso do eterno. - Viriato Ulisses e Viriato so mitos em que o povo se baseia. A histria no uma sucesso de factos, mas de smbolos, assim o passado glorioso de Portugal no esttico, interfere no presente e permite contruir o futuro. Deus escolhe o Homem para ser o smbolo da nao. - D. Afonso Henriques o Pai de todos os portugueses, o fundador de Portugal.

- D. Dinis Figura de grande importncia para a cultura portuguesa. conhecido como o Lavrador, devido ao Pinhal de Leiria que ele mandou plantar, feita uma aluso ao facto da madeira usada posteriormente nas naus dos descobrimentos ser desses pinheiros e tambm como o Trovador devidos s suas cantigas e poesias.

Para o carcter proftico de mistrio do poema contribuem: - as referncias de espao nocturno e do domnio do oculto (o substantivo noite; o adjectivo obscuro; a subordinada modal sem se poder ver); - ideia do futuro, de novidade, de fecundao (a conjugao perifrstica a haver; a expresso trigo de Imprio; a expresso caracterizadora por achar; o adjectivo futuro; o gerndio ansiando); - as expresses que realam o estranhamento de sinais sonoros (a anttese silncio mrmuro; as personificaes fala dos pinhais, voz da terra e rumor dos pinhais; a sinestesia marulho obscuro). - D. Joo, O Primeiro D. Joo I surge em MENSAGEM como smbolo de esperana nacional e como garante da autonomia. Enquanto mestre, assume o papel de condutor do esprito patritico, dos portugueses. - D. Sebastio, rei de Portugal a ele que Cames dedica a sua Epopeia e dirige o apelo de continuar a tradio dos antigos heris portugueses, para fazer ressurgir a ptria da apagada e vil tristeza do presente. Na Mensagem, D. Sebastio o mito organizador e articulador da obra, no sentido de que representa o sonho que ressurgir do nevoeiro em que Portugal presente est mergulhado, impulsionando a construo do futuro, da utopia. Fernando Pessoa apresenta-nos D.SEBASTIO como o mito, um smbolo, destacando atravs dele, a necessidade de alimentar a esperana e o sonho. Cames fala do rei concreto, cuja governao projectaria Portugal para frica e para o Oriente.

- Nun lvares Pereira apresentado por Fernando Pessoa como o condutor da nao, funciona como elemento de ligao entre o passado e o futuro e representa o ideal de perfeio.

Resumo: A primeira parte da Mensagem encontra-se dividida em cinco partes e dnos conta da primeira etapa da evoluo do Imprio a fundao de Portugal. Braso comea pela localizao de Portugal na Europa, procurando certificar o seu enorme valor na civilizao ocidental. Segue-se a definio de mito como o nada capaz de impulsionar a construo da realidade. Depois, apresenta-se o herosmo e o carcter guerreiro do povo portugus, no esquecendo as mes dos fundadores. Efectivamente, em Braso, so evocados personagens emblemticos, histricos ou lendrios, cujo esforo exemplar distingue Portugal, Enquanto nao destinada a grandes feitos. O carcter herico da aco dos antepassados confere-lhes o valor de mito, fazendo com que passem a funcionar como smbolos de valores tais como a coragem, o sonho, a concretizao do impossvel, o cumprimento de uma misso transcendente. So esses mesmos valores que serviro de base para a construo de um futuro imprio sustentado por valores e atitudes de excelncia.

2 Parte Mar Portugus (Possessio Maris A posse do mar)

A 2 Parte da Mensagem, subdividida em 12 poemas, simboliza a essncia da vocao de Portugal para o mar e para o sonho, em Mar Portugus encontramos os retratos dos heris portugueses impulsionadores da expanso portuguesa, os marinheiros que descobriram as terras novas, Diogo Co, Bartolomeu Dias, Ferno de Magalhes e o mais ilustre de todos, Vasco da Gama. Em Mar Portugus, ainda possvel detectar a concepo messanica que Pessoa possui da histria, j que afirma que o processo de criao implica:

Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce. AFORISMO

Deus quer que a terra seja toda uma e que o mar funcione como elementos de ligao entre os continentes. O homem sonha o homem surge divinizado e com a misso de desvendar os mistrios do mar. A obra nasce A obra surge como uma revelao, pondo fim a todos os mistrios e originando o conhecimento absoluto.

Os Poemas

- O infante O Infante surge em MENSAGEM como o heri pr-destinado que do sonho passou aco, cumprido o mar. Contudo, o poeta refere-se tambm destruio do Imprio material e necessidade de cumprir uma outra misso, que se configura, a construo de um imprio espiritual ou civilizacional.

- Horizonte Neste poema fala-se na recompensa dos marinheiros ao atravessarem a linha severa da longnqua costa (horizonte) e encontrando assim novas terras, receberem os beijos merecidos da Verdade. (a rvore, a praia, a flor, a ave a fonte) aluso ao plano da Ilha dos Amores (Os Lusadas). - Ascenso de Vasco da Gama Pessoa engrandece Vasco da Gama divinizando-o, os deuses pasmam, os homens extasiam-se e os lugares ficam subitamente silenciosos. O poeta d ao Gama o nome de Argonauta. - O mostrengo O processo de expanso martima exigiu dos portugueses coragem e ousadia, para que enfrentassem o perigo e o medo do desconhecido e conquistassem novas terras. As dificuldades que os marinheiros tinham de enfrentar surgem, muitas vezes, representadas por monstros horrendos que tentam amedrontar os que desafiam o oculto e tentam dominar o mar. o caso do Adamastor, n Os Lusadas, e do Mostrengo, na Mensagem.

- Mar Portugus Mar Portugus um texto pico lrico na medida em que conjuga o trgico e o herico. Por um lado apresenta o mar, como fonte de perigos e como obstculo conquista da heroicidade, por outro lado ilustra o sofrimento que esta conquista implica.

- Prece Tal como o nome do poema indica, aqui o Poeta, em nome do povo portugus, faz um pedido ao rei para que Portugal retome os dias de glria que outrora teve.

3 Parte O Encoberto

O Encoberto encontra-se subdividido em 3 partes. Os Smbolos, Os Avisos e Os Tempos. Nesta parte constata-se o estado moribundo do Imprio Portugus e anunciase a regenerao do ardor patritico. morte, suceder o nascimento de um tempo de prosperidade espiritual, O Quinto Imprio.

Poemas

As ilhas Afortunadas As ilhas afortunadas simbolizam o desejo de concretizao de um sonho, a esperana da reconstruo de um imprio. O rei surge aqui a representar o sonho de Sebastianista e a definir a necessidade de construo de um imprio civilizacional.

Nevoeiro No poema, o nevoeiro traduz o desejo do Encoberto, espera-se o regresso da esperana que torne portugal inteiro que disperce o nevoeiro e que revele a hora de construir o imprio civilizacional

O mito do Quinto Imprio


Confrontado com a decadncia da ptria e com o entorpecimento do povo portugus, Pessoa profetiza o advento de uma era de prosperidade "O Quinto Imprio" , em que Portugal regenerado se revelar novamente glorioso.

Todavia, a viso portuguesa do Quinto Imprio no corresponde figurao tradicional do mesmo, associada interpretao do sonho de Nabucodonosor pelo profeta Daniel. Movido por um forte sentimento patritico, o poeta afirmava querer contribuir para a criao do supra-Portugal de amanh e falava na vinda de um outro Cames, um Supra-Cames (que seria por certo ele mesmo), que apareceria para restituir Ptria, ainda que no a nvel material, a glria perdida.

Sntese Temtica da Mensagem

O mito tudo: sem ele a realidade no existe, pois dele que ela parte; Deus o agente da histria; ou seja, ele quem tem as vontades; ns somos os

seus instrumentos que realizam a sua vontade. assim que a obra nasce e se atinge a perfeio O sonho aquilo que d vida ao homem: sem ele a vida no tem sentido e

limita-se mediocridade A verdadeira grandeza est na alma; atravs do sonho e da vontade de lutar

que se alcana a glria Portugal encontra-se num estado de decadncia. Por isso, necessrio voltar a

sonhar, voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro imprio, um imprio que no se destri, por no ser material: o Quinto Imprio, o Imprio Civilizacional-Espiritual. D.Sebastio, alm de ser o exemplo a seguir(pois deixa-se levar pela

loucura/sonho), tambm visto como o salvador, aquele que trar de novo a glria ao povo portugus e que vir completar o sonho, cumprindo-se assim Portugal.

Mensagem vs. Os Lusadas

Semelhanas: concepo mstica e missionria/missionante da histria portuguesa,


preocupao arquitectnica: ambas obedecem a um plano cuidadosamente elaborado, o reverso da vitria so as lgrimas.

Diferenas:
Os Lusadas foram compostos no incio do processo de dissoluo do imprio e Mensagem publicada na fase terminal de dissoluo do imprio; Os Lusadas tm um carcter predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem um carcter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral; no primeiro o Adamastor sinnimo de lgrimas e mortes, sofrimento e audcia que as navegaes exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores vencidos pela ousadia; nos Lusadas o tema o real, o histrico, o factual (os acontecimentos, os lugares), em Mensagem o tema a essncia de Portugal e a necessidade de cumprir uma misso; para Cames os deuses olmpicos regem os acidentes e as peripcias do real quotidiano, para Pessoa os deuses so superados pelo destino, que fora abstracta e inexorvel; nos Lusadas os heris so pessoas com limitaes prprias da condio humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela interveno divina crist ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heris so mitificados e encarnam valores simblicos, assumindo propores gigantescas; Lusadas: narrativa comentada da histria de Portugal, Mensagem: metafsica do ser portugus; Lusadas: heris e mitos que narram as grandezas passadas. Mensagem: heris e mitos que exaltam as faanhas do passado em funo de um desesperado apelo para grandezas futuras; A comparao entre "Os Lusadas" e a "Mensagem" impe-se pelo prprio facto de esta ser, a alguns sculos de distncia e num tempo de decadncia - o novo mito de ptria portuguesa.

Os Lusadas
Homens reais com dimenses hericas mas verosmeis; Heris de carne e osso, bravos mas nunca infalives;

Mensagem

Heris mitificados, desincarnados, dimenses simblicas Pereira D. Henrique

carregando

Braso Terra Nunlvares Mar Portugus Mar Infante O encoberto Ar D. Sebastio

(de uma terra de dimenses conhecidas parte-se descoberta do mar e constri-se um imprio. Depois o imprio se desfez e o sonhos e o Encoberto so a raiz a esperana de um Quinto Imprio) Heri colectivo: o povo portugus Virtudes e manhas D. Sebastio mito loucura sadia Sonho, ambio (repare-se que d. Sebastio a ltima figura da histria a ser mencionada, como se quisesse dizer que Portugal mergulhou, depois do seu desaparecimento num longo perodo de letargia) Heris individuais exemplares (smbolos)

D. Sebastio (rei menino) a quem Os Lusadas so dedicados; tenro e novo ramo

Celebrao do passado histria

Narrativa comentada da histria de Portugal (cf. Jorge Borges de Macedo) Teoria da histria de Portugal Trs mitos basilares: o Adamastor o Velho do restelo o A ilha dos amores

Glorificao do futuro smbolos Messianismo a mola real de Portugal Metafsica do Ser portugus

Tudo mito o mito o nada que tudo

aco imprio feito e acabado Faanhas dos bares assinalados Temporalidade Sntese pago e cristo D. Sebastio como enviado de Deus para alargar a Cristandade cabea da Europa

contemplao altiva rejeio do real Portugal indefinido, atemporal Saudade proftica saudades do futuro Matria dos sonhos Atemporalidade mstica

Sntese total (sincretismo religioso) Portugal como instrumento de Deus (os heris cumprem um destino que os ultrapassa) Rosto da Europa que aguarda expectante o que vir

O projecto da Mensagem o de superar o carcter obsessivo e nacional dOs Lusadas no imaginrio mtico-potico nacional. Os Lusadas conquistaram o ttulo de evangelho nacional e foram elevados categoria de smbolo nacional. A Mensagem logo no seu ttulo aponta para um novo evangelho, num sentido mstico, ideia de misso e de vocao universal. O prprio ttulo indicia uma revelao, uma iniciao. Pessoa previa para breve o aparecimento do Supra-Cames que anunciar o Supra-Portugal de amanh, a busca de uma ndia Nova, o tal porto sempre por achar. A Mensagem entrelaa-se, atravs de um complexo processo intertextual, com Os Lusadas, que por sua vez so j um reflexo intertextual da Eneida e da Odisseia. Estabelece-se portanto um dilogo que perpassa mltiplos tempos histricos. Pessoa transforma-se num arquitecto que edifica uma obra nova, com moderbnidade, mas tambm com a herana da memria. Em Cames memria e esperana esto no mesmo plano. Em Pessoa, o objecto da esperana transferiu-se para o sonho, da a diferente concepo de herosmo. Pessoa identifica-se com os heris da Mensagem ou neles se desdobra num processo lrico-dramtico. O amor da ptria converte-se numa atitude metafsica, definivel pela decepo do real, por uma loucura consciente. Revivendo a f no Quinto Imprio, Pessoa reinventou um razo de ser, um destino para fugir a um quotidiano absurdo. O assunto da Mensagem a essncia de Portugal e a sua misso por cumprir. Portugal reduzido a um pensamento que descarna as personagens da histria nacional. A Mensagem o sonho de um imprio sem fronteiras nem ocaso. A viagem real metamorfoseada na busca do porto sempre por achar.

A Mensagem comparada com Os Lusadas um passo em frente. Enquanto Cames, em Os Lusadas, conseguiu fazer a sntese entre o mundo pago e o mundo cristo, Pessoa na Mensagem conseguiu ir mais longe estabelecendo uma harmonia total, perfeita, entre o mundo pago, o mundo cristo e o mundo esotrico.

A DIFERENA ENTRE OS HEROIS DE OS LUSADAS E DE MENSAGEM Em Os Lusadas, os heris so concretos, reais, marcaram uma poca, um grande feito. Estes procuravam uma ndia real, coisas materiais e riquezas. J os heris presentes em Mensagem so heris mticos, irreais, que deixaram filosofias e que buscam uma ndia sonhada. O objectivo de Pessoa apenas espiritual, pois no procura o domnio territorial, mas sim os valores culturais e lingusticos, filosofias e modos de viver. Pessoa, em Mensagem, refere acontecimentos e personalidades que contriburam para as descobertas, recordando o valor que tm para a cultura portuguesa. Embora, o povo Portugus se sinta entristecido, Pessoa anuncia O Quinto Imprio, de modo a transformar a ptria portuguesa num caminho de dignidade.

Felizmente h Luar!

Felizmente h Luar um drama narrativo, dentro dos princpios do teatro pico (Histrico), que faz a trgica glorificao do movimento liberal oitocentista, em Portugal. O protagonista, o general Gomes Freire de Andrade, embora nunca aparea em cena, construdo atravs da esperana do povo, das perseguies dos governadores e da revolta impotente da sua mulher e dos seus amigos. Amado por uns, odiado pelos que temem perder o poder. Gomes Freire acusado de ser chefe de revolta, estrangeirado e gro-mestre da maonaria (Organizao Ultra-Secreta), por ser um soldado brilhante e idolatrado (adorado) pelo povo. Os governantes Miguel Forjaz, Beresford e Principal Sousa perseguem, prendem e mandam executar o general e os restantes conspiradores atravs da morte na fogueira. Para eles, aquela execuo, noite, constitua uma forma de avisar, de dissuadir outros revoltosos; Para Matilde de Melo, a mulher do General, e para mais pessoas era uma luz a seguir na luta pela liberdade. Na evocao da figura do general, h a nsia da liberdade e a luta pela justia contra os opressores. Sttau Monteiro recorre a um exemplo da histria portuguesa, para denunciar a ditadura, com a violncia, as perseguies e a opresso nos anos 60 do sculo XX poca de escrita da obra.

Esta obra, foi censurada pela nossa ditadura, foi encenada pela primeira vez em Frana, e s chegaria aos palcos portugueses 9 anos depois, encenada pelo prprio autor.

NOTA:
Absolutista O rei o que decide tudo. Liberal (Sistema de cortes) No o rei que toma as decises sozinhas, h opinio de outras pessoas.

Teatro de Brecht

Antes desta forma de teatro havia o teatro romntico, que passava pelo exagero de sentimentos, e que tornava as pessoas mais sensveis dificultando muitas vezes a capacidade de avaliao correcta, como o caso da pea Frei Lus de Sousa, agora aparece, um novo conceito de teatro, o chamado teatro de Brecht. Segundo Brecht, o teatro deveria tornar-se um instrumento de construo social, um laboratrio de transformao social. O teatro no deve impor emoes aos espectadores, deve fazer com que eles pensem. Convm impedir o espectador de perder a sua viso crtica. O auditrio deve manter-se separado, estranho aco, desligado dela. Este o sentido do termo distanciao. (Pretende que as pessoas no percam a lucidez). O teatro pico estritamente histrico: ele recorda constantemente ao pblico que assiste a uma exposio de acontecimentos passados. Evidncia o esforo pico do homem, para construir uma sociedade justa e equilibrada. Brecht afirmava que s o teatro pico era capaz de mostrar a complexidade da condio humana, numa poca em que a vida dos indivduos j no podia conceber-se como isolada das poderosas correntes das foras sociais, econmicas e histricas.

RESUMO DOS ACTOS ACTO I O acto inicia-se com uma cena colectiva. Do conjunto do povo, androjasamente vestido, destacam-se Manuel, Rita, dois populares, uma velha e Vicente. O dilogo entre estas personagens incide sobre a misria em que vivem e a impotncia de a

solucionar, traduzida na interrogao de Manuel Que posso eu fazer?. O som dos tambores que se ouve ao longe, faz com que os populares comecem a falar de Gomes Freire de Andrade Um amigo do povo! Um homem s direitas! Todos parece idolatrar Gomes Freire, excepto Vicente, que, nas suas longas tiradas desconstri a imagem do general como homem perfeito. O seu discurso repleto de ironia, tentando mostrar aos que o ouvem que o general no diferente dos outros poderosos governadores, porque O que h homens e generais. Entretanto, o povo dispersa com a chegada de dois policias que vm recolher informaes e que se aproximam de Vicente. (Eram proibidos os ajuntamentos de pessoas, por causa das trocas de ideias). O dilogo entre as trs personagens mostranos, progressivamente, que Vicente orienta a sua vida em funo do dinheiro e do poder S acredito em duas coisas: em dinheiro e em fora. Por isso, no tem pruridos em afirmar que vende os seus irmos, porque eles lhe fazem lembrar a fome e a misria em que nasceu sempre que olho para eles me vejo a mim prprio: sujo, esfomeado, condenado misria por acidente de nascimento. Este acidente foi determinante para a revolta contra a sua condio A nica coisa que me distingue dum fidalgo uma coisa que se passou h muitos anos e de que nem sequer tive culpa: o meu nascimento. Perante esta franqueza, os dois polcias comunicam a Vicente que o governador do reino, D. Miguel Forjaz, lhe quer falar para, provavelmente, o incumbir de uma misso especial. Vicente imagina-se j chefe de polcia e, face ao comentrio do primeiro polcia de que, tendo sido Os portadores da boa nova, poderiam ser recompensados, lembra a arrogncia dos poderosos, mesmo quando a sua origem humilde. Em presena de D. Miguel Forjaz e do Principal Sousa (Representante da igreja) e interpelado pelo primeiro acerca da eventual existncia de um agitador poltico junto do povo, Vicente especula, dando algumas informaes dispersas. D. Miguel acaba por lhe dar uma misso: vigiar a casa de seu primo, General Freire Gomes de Andrade, para os lados do Rato. Vicente sai e os Trs reis do Rossio, D. Miguel, o Principal Sousa e o Marechal Beresford, militar ingls, dialogam sobre o estado da nao, o perigo das novas ideias subversivas que destruiro o pas e o Reino de Deus. Chegam, ento, concluso de que necessrio encontrar um nome, algum que possam acusar de ser o responsvel pelo clima de insurreio que alastra pelo pas. Andrade Corvo e Morais Sarmento, antigos companheiros do general e actuais delatores, apresentam-se diante dos governadores. Dando-lhes conta dos resultados das suas investigaes, em troca de alho mais substancial. De novo ss, os trs governadores dialogam sobre o castigo a aplicar a quem ousa ser inimigo do reino, tomando forma a ironia de Beresford que, sem inibies, desprestigia os Portugueses e assume despudoradamente a sua sobranceria e o seu interesse meramente econmico Pretendo uma nica coisa de vs: que me pagueis e bem!Pragmaticamente, Beresford afirma que troca os seus servios (reorganizao do exrcito) por dinheiro. O principal Sousa confessa que a atitude do marechal lhe desagrada, mas que precisa dele para encontrar o chefe da conjura.

Andrade Corvo, Morais Sarmento e Vicente entram rotativamente em cena, dando conta das suas diligncias, inicialmente pouco consistentes, mas que acabam por se concretizar na indicao de um nome, o do General Gomes Freire de Andrade. Est encontrada a vtima e s resta a Morte ao traidor Gomes Freire de Andrade.

ACTO II O acto II, semelhana do primeiro, inicia-se com uma cena colectiva. Manuel revela a sua impotncia perante a priso do general e constata que a situao de misria em que vivem ainda mais desesperante E ficamos pior do que estvamos Se tnhamos fome e esperana, ficamos s com fome. Os restantes populares acompanham-no no seu desalento, at uma nova interveno policia, que dispersa o grupo. Rita, mulher de Manuel, mostra a sua piedade relativamente a Matilde, mulher do General (tinha-a ouvido a chorar aps a priso do seu homem) e suplica a Manuel que no se meta nestas coisas. Matilde surge, proferindo um discurso solitrio, em que relembra os momentos de intimidade vividos com o seu general e ironiza dizendo que, se o seu filho ainda fosse vivo, lhe ensinaria a ser cobarde e a cuidar mais do fato que da conscincia e da bolsa do que da alma. Sousa Falco, Amigo inseparvel de Matilde e de Gomes Freire, surge diante de Matilde, confessando o seu desnimo e desencanto face ao pas em que vive O Deus deste reino um fidalgo respeitvel que trata como amigo a Pncio Pilatos. () Vive num solar brasonado e d esmolas, ao domingo, por amor de Deus. Sousa Falco despede-se de Matilde e parte em busca de notcias do amigo, deixando Matilde, dolorosamente triste, mas com vontade de enfrentar o poder. Vou enfrent-los. o que ele * o general+ faria se aqui estivesse. Diante de Beresford, que aproveita a situao para humilhar a mulher do general, Matilde suplica a sua libertao Quero o meu homem! Quero o meu homem, aqui ao meu lado! -, sem qualquer fruto. Matilde, desesperada, aproxima-se dos populares, que, indiferentes sua presena, evocam Vicente, agora feito chefe da polcia. No entanto, Manuel e Rita, aps momentos de recriminao a Matilde, de que a oferta de uma moeda como esmola smbolo, manifestam-lhe a sua solidariedade moral No a podemos ajudar, senhora. Deus no nos deu nozes e os homens tiraram-nos os dentes. Sousa Falco reencontra-se com Matilde e revela-lhe que ningum pode ver o general, j encarcerado numa masmorra sombria em S. Julio da Barra, sem direito a julgamento. Matilde, inconformada, recorda, ento, a saia verde que o general um dia lhe oferecera em Paris, e como que recuperada do seu desgosto, decide enfrentar uma

vez mais o poder. O seu objectivo exigir um julgamento e, para isso, dirige-se ao Principal Sousa, desmontando a mensagem evanglica, para lhe mostrar quando o seu comportamento contrrio aos ensinamentos de Cristo Como governador, j perdoou a Cristo o que Ele foi e o que Ele ensinou? Frei Diogo, frade Jernimo, interrompe o dilogo dos dois, anunciando que estivera com o general Gomes Freire para o confessar e tenta acalmar o desespero e a revolta de Matilde Haja o que houver, no julgue a Deus pelos homens que falam em Seu nome. () No faas a Deus o que os homens fizeram ao general Gomes Freire: No O julgue sem O ouvir. De forma arrogante, Matilde dirige as ltimas palavras ao principal Sousa, amaldioando-o. Sousa Falco anuncia que a execuo do general e dos restantes prisioneiros est prxima. Matilde, em desespero, pede uma vez mais, pela vida do general e D. Miguel Forjaz informa que a execuo se prolongar pela noite, mas felizmente h luar. Matilde inicia, ento, um discurso de grande intensidade dramtica: dirige-se a Deus, interpelando-O e lembrandolhe os seus ensinamentos e os resultados prticos desses ensinamentos Senhor: no pretendo ensinar-Te a ser Deus, mas, quando chegar a hora da sentena, no te esqueas de que estes sabiam o que faziam! Os populares comentam a execuo do general: Recusaram-lhe o fuzilamento e vai ser queimado. O acto termina com Sousa Falco e Matilde em palco: o amigo do general elogia-o; Matilde despede-se do homem que a amou D-me um beijo o ltimo da Terra e vai! Saberei que l chegaste quando ouvir os tambores!, e lana palavras de coragem e nimo ao povo Olhem bem! Limpem os olhos do claro da fogueira () Felizmente h luar!

ESPAO A aco decorre nas ruas da cidade de Lisboa e no palcio dos Governadores. So tambm referenciados os passos frequentados pelos revolucionrios nomeadamente o botequim Marrare ( caf ) e as lojas manicas. TEMPO O tempo rpido, os acontecimentos precipitam-se at priso de Gomes Freire de Andrade. Este ritmo temporal, comprova a celeridade da condenao e execuo do revolucionrio, para que no tivesse a hiptese de defesa. POVO O povo constituiu o pano de fundo da pea. uma personagem colectiva que espelha a misria, a ignorncia e a explorao de que vitima. O Vicente, nas suas palavras,

sublinha as pssimas condies de vida deste grupo social. Regista-se um clima de intimidao e medo, representado no barulho constante dos tambores.

Paralelismo histrico metafrico


TEMPO Sc. XIX Ano 1817 Sc. XX Ano 1961

REGIME SOCIEDADE

Absolutista Salazarista Classes exploradas e classes Classes exploradas e classes exploradoras. exploradoras. Pssimas condies de vida. Manuel, smbolo da conscincia popular, tenta participar na conspirao para derrubar o regime vigente. Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento so smbolos dos denunciantes contra Gomes Freire de Andrade. Dois polcias contribuem para sustentar o regime. Representadas por Beresford (marechal estrangeiro), Principal Sousa (Padre representante da igreja) e D. Miguel Forjaz (nobre). Pssimas condies de vida. Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial.

POVO CONSPIRAO

DENNCIAS

Muitos foram o chamado bufos, denunciantes que ajudaram a manter o regime de Salazar. Constitudas pela PIDE que era o sustentculo do Regime. Representadas pelas foras estrangeiras (Inglaterra), pelos monoplios (Potncias econmicas) e pela igreja.

FORAS POLICIAIS CLASSES DOMINANTES

PROCESSOS

H um processo de condenao Muitos foram os processos de sem provas. condenao sem provas. Executa-se o General Gomes Executa-se o General Humberto

EXECUO

Freire de Andrade.

Delgado, o General sem medo.

Estimula futuras rebelies e em Estimula futuras rebelies que 1834 o Liberalismo triunfa. culminaro no 25 de Abril de 1974 e a democracia triunfa.

Situao do Pas em 1817: - Pas pobre; - Apelo ao regresso do Rei; - Incapacidade do Governo; - Difcil relacionamento dos poderes poltico e militar; - Sentimento antibritnico; - Repreenso Poltica.

Objectivos da Conspirao: - Afastar estrangeiros do controle do pas; - Promover um novo governo para Portugal; - Quem propunha esta mudana era denunciado e preso (militares/Gomes Freire).

Caractersticas do teatro pico: Deseja provocar uma atitude socialmente empenhada, visando a transformao da sociedade; Rejeita a catarse (purificao das emoes); O espectador deve estar desligado da aco, criando-se o efeito de distanciao; Valoriza a narrativa o espectador ouve a narrao dos acontecimentos; O espectador deve reflectir, ser crtico (reflexo com inteno pedaggica); O espectador observador e consciente; O espectador activo, estimulando a sua capacidade de observao e raciocnio; o espectador recordar para sempre a mensagem da pea; O actor demonstra a aco.

A Importncia dos Elementos Cnicos Contribuem para o aumento da tenso dramtica. Iluminao: proporciona uma visibilidade selectiva, criando no espectador efeitos psicolgicos e emocionais. Evidencia personagens, situaes, reaces Som dos tambores: prenuncia o ambiente de tragdia. Gestos e movimentaes: sublinham emoes, atitudes

PERSONAGENS: Caracterizao H trs grupos importantes de personagens no poema:

1. Povo Rita, Antigo Soldado, Populares Personagens colectivas; Representam o analfabetismo e a misria; Escravizado pela ignorncia; No tm liberdade; Desconfiam dos poderosos; So impotentes face situao do pas (no h eleies livres, etc.). Manuel Denuncia a opresso; Assume algum protagonismo por abrir os dois actos; Papel de impotncia do povo. Matilde Personagem principal do acto II; Companheira de todas as horas de Gomes Freire; Forte, persistente, corajosa, inteligente, apaixonada; No desiste de lutar, defendendo sempre o marido; Pe de lado a auto-estima (suplica pela vida do marido); Acusa o povo de cobardia mas depois compreende-o; Personifica a dor das mes, irms, esposas dos presos polticos; Voz da conscincia junto dos governadores (obriga-os a confrontarem-se com os seus actos); Desmascara o Principal Sousa, que no segue os princpios da lei de Cristo. Sousa Falco Amigo de Gomes Freire e Matilde; Partilha das mesmas ideias de Gomes Freire mas no teve a sua coragem; Auto-incimina-se por isso; Medroso.

2. Delatores ( denunciadores) Representam os bufos do regime salazarista.

Vicente do povo mas trai-o para subir na vida; Tem vergonha do seu nascimento, da sua condio social; Faz o que for preciso para ganhar um cargo na polcia; Demagogo, hipcrita, traidor, desleal e sarcstico; Falso humanitrio; Movido pelo interesse da recompensa; Adulador do momento. Andrade Corvo e Morais Sarmento Querem ganhar dinheiro a todo o custo; Funcionam como bufos tambm pelo medo que tm das consequncias de estar contra o governo; Mesquinhos, oportunistas e hipcritas.

3. Governadores Representam o poder poltico e so o crebro da conjura que acusa Gomes Freire de traio ao pas; no querem perder o seu estatuto; so fracos, mesquinhos e vis; cada um simboliza um poder e diferentes interesses; desejam permanecer no poder a todo o custo

Beresford Representa o poder militar; Tem um sentimento de superioridade em relao aos portugueses e a Portugal; Ridiculariza o nosso povo, a vida do nosso pas e a atrofia de almas; Odeia Portugal; Est sempre a provocar o principal Sousa; No melhor que aqueles que critica mas sincero ao dizer que est no poder s pelo seu cargo que lhe d muito dinheiro; Tem medo de Gomes Freire (pode-lhe tirar o lugar); Oportunista, severo, disciplinar, autoritrio e mercenrio; Bom militar, mau oficial. Principal Sousa demagogo e hipcrita; No hesita em condenar inocentes; Representa o poder clerical/Igreja; Representa o poder da Igreja que interfere nos negcios do estado; No segue a doutrina da Igreja para poder conservar a sua posio; No tem argumentos face ao desmascarar que sofre de Matilde;

Tem problemas de conscincia em condenar um inocente mas no ousa intervir para no perder a sua posio confortvel no governo; Fantico religioso; Corrompido pelo poder eclesistico; Desonesto; Odeia os franceses; Defende o obscurantismo. D. Miguel Forjaz Representa o poder poltico e a burguesia dominadora; Quer manter-se no poder pelo seu poder poltico-econmico; Personifica Salazar; Prepotente, autoritrio, calculista, servil, vingativo e frio; Corrompido pelo poder; Primo de Gomes Freire.

Gomes Freire de Andrade Representa Humberto Delgado; Personagem virtual/central; Sempre presente nas palavras das outras personagens; Caracterizado pelo Antigo Soldado, por Manuel; D. Miguel e Beresford; Idolatrado pelo povo; Acredita na justia e na luta pela liberdade; Soldado brilhante; Estrangeirado; Smbolo da esperana e liberdade. Policias: representam a PIDE. Frei Diogo de Melo: representam a Igreja consciente da situao do pas. SIMBOLOGIAS Saia verde - A saia encontra-se associada a momentos de felicidade vividos pelo casal. Foi comprada pelo general numa terra de liberdade, Paris, no inverno, cm o dinheiro da venda de duas medalhas. A saia uma pea eminentemente feminina e o verde simboliza a esperana que um dia se reponha a justia. sinal do amor verdadeiro e transformador, pois Matilde, vencendo aparentemente a dor e revolta iniciais comunica aos outros esperana atravs desta simples pea de vesturio. A Saia verde um cone que encerra um valor equivalente ao da aliana matrimonial.

Noite associada ao mal, ao castigo, morte, a noite smbolo do obscurantismo. Luar tem duas conotaes: para os opressores, permitir que mais pessoas fiquem avisadas; para os oprimidos, significa que mais pessoas podero um dia a seguir essa luz e lutar pela liberdade. D.Miguel Forjaz encara o luar como facilitador da lio que ele quer transmitir ao povo, ou seja, quem luta pela liberdade ser punido. Matilde, ao contrrio, considera que o luar iluminar o ideal de luta pela liberdade. Moeda de cinco reis a moeda da caridade. Funciona tambm como smbolo de desrespeito que os mais poderosos mantinham para o prximo, o que contraria os mandamentos da lei de Deus. Fogueira para D. Miguel Forjaz, a fogueira constituir um ensinamento para o povo; para Matilde, a chama da fogueira manter-se- viva e a liberdade triunfar. O fogo um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador, sendo a purificao pela gua complementada pela do fogo. Se no presente a fogueira se relaciona com a tristeza e escurido, no futuro relacionar-se- com a esperana e liberdade. IMPORTNCIA DAS DISDASCLIAS O texto secundrio constitudo pelas didasclias imprescindvel quer para o trabalho inerente ao processo de encenao (actores, encenadores, tcnicos), quer para o espectador mais apetrechado para desenvolver uma prtica transformadora da realidade social, sua contempornea, como era o objectivo do teatro pico.

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