Alberto Caeiro era um poeta português do início do século XX que se dedicava a celebrar a natureza de forma sensorial e objetiva, recusando o pensamento metafísico. Era mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa, entre eles Ricardo Reis, que pregava uma filosofia estoico-epicurista de aproveitar cada dia.
Alberto Caeiro era um poeta português do início do século XX que se dedicava a celebrar a natureza de forma sensorial e objetiva, recusando o pensamento metafísico. Era mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa, entre eles Ricardo Reis, que pregava uma filosofia estoico-epicurista de aproveitar cada dia.
Alberto Caeiro era um poeta português do início do século XX que se dedicava a celebrar a natureza de forma sensorial e objetiva, recusando o pensamento metafísico. Era mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa, entre eles Ricardo Reis, que pregava uma filosofia estoico-epicurista de aproveitar cada dia.
Alberto Caeiro era um poeta português do início do século XX que se dedicava a celebrar a natureza de forma sensorial e objetiva, recusando o pensamento metafísico. Era mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa, entre eles Ricardo Reis, que pregava uma filosofia estoico-epicurista de aproveitar cada dia.
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Alberto Caeiro Poetaque deambula pelo campo; poeta sensacionista
objetivo; poeta da natureza; poeta anti metafísico. Nasceu em 1889,
em Lisboa, e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase nenhuma: apenas a instrução primária. Era de estatura média, frágil, mas não o aparentava. Era louro, de olhos azuis. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e deixou-se ficar em casa a viver dos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Escrevia mal o Português. É o pretenso mestre de A. de Campos e de R. Reis. É anti metafísico; é menos culto e complicado do que R. Reis, mas mais alegre e franco. É sensacionista. Características: Negação da metafísica e valorização da aquisição do conhecimento através das sensações não intelectualizadas; é contra a interpretação do real pela inteligência; para ele o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe as impressões subjetivas; Negação de si mesmo; Atração pela infância, como sinónimo de pureza, inocência e simplicidade, porque a criança não pensa, conhece pelos sentidos como ele, pela manipulação dos objetos pelas mãos; Poeta da Natureza, na sua perpétua renovação e sucessão, da Aurea Mediocritas, da simplicidade da vida rural; A vivência da passagem do tempo não existe, são só vivências atemporais: o tempo é ausência de tempo. Só existe a realidade do presente, de cada instante, de cada momento. O passado e o futuro são os instantes que refletem a unidade do próprio tempo vivido em cada presente. Alberto Caeiro só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza. Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo, porisso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. Ao anular o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afeta Pessoa. Caeiro é o poeta da Natureza que está de acordo com ela e a vê na sua constante renovação. E porque só existe a realidade, o tempo é a ausência de tempo, sem passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são a unidade do tempo. Mestre dos outros heterónimos e do próprio ortónimo, Caeiro dá especial importância ao ato de ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Passeando a observar o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza. É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido das coisas é reduzido à perceção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplação dos objetos originais. Constrói os seus poemas a partir de matéria não-poética, mas é o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objetividade das sensações e da realidade imediata (“Para além da realidade imediata não há nada”), negando mesmo a utilidade do pensamento. No entanto, muitas vezes não consegue escapar à racionalização, e é esse facto que lhe provoca alguma tristeza. “Alberto Caeiro parece mais um homem culto que pretende despir-se da farda pesada da cultura acumulada ao longo dos séculos.” Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso; por isso, crê na “eterna novidade do mundo”. Para Caeiro o mundo é sempre diferente, sempre múltiplo; por isso, aproveita cada momento da vida e cada sensação na sua originalidade e simplicidade. Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspeção, a subjetividade, sendo o poeta do real objetivo. Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado. Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo. Características: Objetivismo - apagamento do sujeito; atitude anti lírica; atenção à "eterna novidade do mundo", integração e comunhão com a natureza; poeta deambulatório Sensacionismo - poeta das sensações tal como elas são; poeta do olhar; predomínio das sensações visuais ("Vi como um danado") e das auditivas; o "Argonauta das sensações verdadeiras" Anti metafísico - "Há bastante metafísica em não pensar em nada"; recusa do pensamento ("Pensar é estar doente dos olhos"); recusa do mistério; recusa do misticismo Panteísmo Naturalista - tudo é Deus, as coisas são divinas ("Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol..."); paganismo; desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual ("Não quero incluir o tempo no meu esquema"); contradição entre "teoria" e "prática" Características de estilo e linguagem: Estilo coloquial e espontâneo (linguagem quotidiana,fluente, simples e natural); Ausência (aparente) de preocupações estilísticas; Indisciplina formal e ritmo lento mas espontâneo; Vocabulário simples e linguagemfamiliar(por vezes tautológica - próxima da infantil); Uso da adjetivação objetiva (descritiva); Predomínio do presente do indicativo (modo do real); Recurso a frasessimples ou coordenadas; Predomínio da comparação, da metáfora e da repetição anafórica; Liberdade estrófica, verso livre, métrica irregular. Resumo: Poeta da Natureza Panteísmo sensualista: relação íntima e direta com a Natureza; vivência de acordo com as suas leis Poeta sensacionista (sensações): predomínio dos sentidos(privilegia o conhecimento sensorial da realidade); especial importância do ato de ver Privilégio da sensação em detrimento do pensamento Pensamento como fonte de sofrimento, de enganos, não permitindo conhecer o real Vê a realidade de forma objetiva e natural Aceitação da realidade tal como é, de forma tranquila (tal como se apresenta, sem contestação nem interferência do pensamento); vê um mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso Visão pagã da existência: a única verdade das coisas é a sensação Recusa da filosofia, do pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o sentimentalismo social e individual; Personifica o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza Inexistência de tempo (unificação do tempo) Inocência, ingenuidade e constante novidade das coisas O real como único meio de atingir a verdade e a felicidade Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos Relação com Pessoa Ortónimo –elimina a dor de pensar Ricardo Reis Disciplina mental; efemeridade da vida; iminência da morte; domínio dos deuses; fugaà dor; atitude estóico-epicurista, baseada na ataraxia (ausência de perturbação) Ricardo Reis, nasceu no Porto em 1887, foi educado num colégio de jesuítas e é médico. É latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria. Viveu no Brasil e expatriou-se voluntariamente por ser monárquico. Demonstra interesse pela cultura Clássica, Romana (latina) e Grega (helénica). Fisicamente é um pouco mais baixo, mas forte, mais seco do que Caeiro; moreno de cara rapada. Reis é um latinista que olha e segue os modelos estéticos da Antiguidade Clássica (Grega e Latina). O mundo greco-latino é um modelo para o poeta. Este discípulo de Caeiro aceita a antiga crença nos deuses, enquanto disciplinadora das nossas emoções e sentimentos, mas defende, sobretudo, a busca de uma felicidade relativa alcançada pela indiferença à perturbação. Este é o heterónimo que exige a Pessoa um maior distanciamento e um maior poder de despersonalização. A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o “carpe diem”, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade – ataraxia. Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica: “Carpe diem” (aproveita o dia), ou seja, aproveita a vida em cada dia, como caminho da felicidade; Busca da felicidade com tranquilidade (ataraxia); Não ceder aos impulsos dos instintos (estoicismo); Procurar a calma, ou pelo menos, a sua ilusão; Seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre esta apenas pesa o Fado). Epicurismo: fuga à dor (através da moderação dos prazeres e aceitação do fado); não temer a morte; modera o prazer(busca dos prazeres simples da vida, sem excessos); atinge a ataraxia (ausência de perturbações/ tranquilidade da alma). Estoicismo: aceitação calma e serena da ordem das coisas e do destino(aceitar a ordem universal das coisas, incluindo a morte); dominar as paixões (permanecendo indiferente tantos a estas como à dor, ambas perturbações da razão); auto disciplina. Horacianismo: carpe diem; aurea mediocritas (felicidade possível no sossego do campo - proximidade de Caeiro). Paganismo: crença nos deuses; crença na civilização da Grécia; sente-se um estrangeiro fora da sua pátria, a Grécia. Neopaganismo: reconstrução da essência do verdadeiro paganismo. Neste sentido, este heterónimo afirma-se crente nos deuses, que estão acima dos homens, mas acima dos dois está ainda o destino (fado). Tenta assumir a postura dos deuses, adquirido através de um exercício de autodisciplina, calma e indiferença, face a um destino já traçado. Ricardo Reis, que adquiriu a lição do paganismo espontâneo de Caeiro, cultiva um neoclassicismo neopagão (crê nos deuses e nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas), recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a brevidade, a fugacidade e a transitoriedade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero (de curta duração). Acredita num destino inelutável de uma maneira tranquila (tranquila resignação ao destino). Considera que a verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena, “sem desassossegos grandes”. A filosofia de Reis rege-se pelo ideal “Carpe Diem” –a sabedoria consiste em saber-se aproveitar o presente, porque se sabe que a vida é breve. Há que nos contentarmos com o que o destino nos trouxe. Há que viver com moderação, sem nos apegarmos às coisas, e por isso as paixões devem ser comedidas, para que a hora da morte não seja demasiado dolorosa. A conceção dos deuses como um ideal humano; As referências aos deuses da Antiguidade (neo-paganismo) greco-latina são uma forma de referir a primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspetos exteriores, da realidade, sem cuidar da subjetividadeou da interioridade - ensinamentos de Caeiro, o mestre de todos os heterónimos; A recusa de envolvimento nas coisas do mundo e dos homens As linhas ideológicas presentes na poesia de Reis refletem um homem que sofre e vive o drama da transitoriedade da vida, facto que lhe provoca sofrimento (por imaginar antecipadamente a morte). Somos seres frágeis, seres- para-a-morte, tal como tudo o que nos rodeia. Características poéticas: Epicurismo; Estoicismo; Autodisciplina, abdicação, recusa de compromissos afetivos e sociais; Neopaganismo e neoclassicismo - crença nos deuses, louvor da civilização grega, tema horaciano do carpe diem; Efemeridade da vida e do tempo/obsessão pelamorte; Presença constante do Fado, do destino, da fatalidade; Intelectualização das emoções; Tom sentencioso - carácter moralista da sua poesia. Sentimentos dominantes: Submissão Dor Indiferença Conformação Características de estilo e linguagem: Estilo laboriosamente construído (construído com extremo rigor); Forma métrica mais usada- ode. Linguagem erudita e alatinada no vocabulário e na sintaxe; Uso do hipérbato e da anástrofe (inversão da ordem natural das palavras na frase); Recurso ao gerúndio e ao imperativo (exortativo); Predomínio das frases subordinadas; Resumo: Disciplina mental Intelectualização as emoções; Domínio dos deuses (Obsessão da) efemeridade da vida, do tempo; aceita a relatividade e a fugacidade das coisas; Iminência e irreversibilidade da morte (morte como única certeza do percurso existencial; aceitação pacífica desta); Busca do prazer moderado (procura da ataraxia), como meio de fuga à dor; Aparente tranquilidade, na qual se reconhece a angústia existencial do ortónimo; Espírito grave, ansioso de perfeição; Atitude de quase indiferença perante a vida ("A sabedoria de deixar passar a vida placidamente, sem a viver");inutilidade de qualquer compromisso Necessidadedo predomínio da razão sobre a emoção, como uma defesa contra o sofrimento; Presença do fatalismo - o destino é força superior ao homem; aceitação calma do destino; ”epicurista triste”- (Carpe Diem)- busca do prazer moderado a da ataraxia Estoicismo – aceitação calma e serena da ordem das coisas; Moralista – pretende levar os outros a adotar a sua filosofia de vida, não se cansa de dar conselhos; Poeta intelectual, sabe contemplar: ver intelectualmente a realidade Aceitação do Fado, da ordem natural das coisas; Privilegia a ode, o epigrama e a elegia. Usa a inversão da ordem lógica, favorecendo o ritmo das suas ideias disciplinadas Estilo densamente trabalhado, de sintaxe alatinada, hipérbatos, apóstrofes, metáforas, comparações, gerúndio e imperativo. Verso irregular e decassilábico Álvaro de Campos Tédio; Histeria; Excesso; Sensações vividas febrilmente; Vanguarda; Futurismo; Angústia existencial Nasceu em Tavira a 15 de Outubro de 1890. Teve uma educação vulgar de liceu. Foi para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval (Glasgow). ViajanteUm tio beirão que era padre ensinou-lhe Latim. Inativo em Lisboa. Fisicamente: usa monóculo, é alto, magro e tem cabelo liso; cara rapada, tipo judeu português. Viajante, vanguardista e cosmopolita. Fernando Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro. Campos é o “filho indisciplinado da sensação" e para ele a sensação é tudo. O eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir. Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das perceções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”. É configurado “biograficamente” por Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso. O poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir. Campos tanto celebra, em poemas de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como expressa o desencanto do quotidiano citadino, adotando sempre o ponto de vista do homem da cidade. Álvaro de Campos é o heterónimo que apresenta uma evolução mais nítida, podendo na sua obra distinguir-se três fases: Decadentista(fase do "Opiário") - exprime o tédio de viver, o enfado, o cansaço, a náusea, o abatimento e a necessidade de novas sensações; traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia; inadaptado ao mundo e à vida. Futurista/Sensacionista(civilização moderna/excesso de sensações - "Ode Triunfal") - Campos celebra o triunfo da máquina, da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atração quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, provocada pela poluição física e moral da vida moderna. Nesta fase, a sensação é mais intelectualizada. Sensacionismo excessivo e conturbado. Abúlica (pessimista e intimista) - Perante a incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e interior, traz de volta o abatimento (o cansaço, o tédio, solidão). Conflito entre a realidade e o poeta. Este sente-se vazio, um marginal, incompreendido. Angustiado e cansado. Revela, tal como Pessoa, a mesma angústia existencial, ceticismo, dor de pensar e nostalgia da infância. A grande viragem na poesia de Campos (segunda fase) acontece depois de ter conhecido Caeiro, seu Mestre, que o introduziu no universo do sensacionismo. Mas enquanto Caeiro acolhe tranquilamente as sensações (considerando a sensação captada pelos sentidos como única realidade), Campos experimenta- as febrilmente, excessivamente (não rejeitando o pensamento, assim afastando-se de Caeiro). Tão excessivamente que, querendo "sentir tudo de todas as maneiras", parece esgotar-se a seguir, caindo numa espécie de apatia melancólica, desvaneio nostálgico que o aproxima do Ortónimo (com quem partilha o ceticismo, dor de pensar, procura do sentido no que está para além da realidade, fragmentação do eu, nostalgia da infância irremediavelmente perdida). Desta forma é Campo que reconhece os limites do humano, a apatia e o cansaço de quem quis ser máquina e não conseguiu por ser Homem. Características poéticas: poeta modernista futurismo - apologia da civilização industrial e técnica, rutura com a lírica tradicional e transgressão da moral estabelecida, êxtase, exaltação da força, da violência, do excesso; sensacionismo - excesso de sensações, euforia desmedida; pessimismo e intimismo -evasão, inadaptação do real, abulia, tédio, cansaço, solidão, frustração e tristeza, dor de ser lúcido; nostalgia da infância, irremediavelmente perdida; autoironia e autodepreciação (angústia existencial) fragmentação do "eu"; domínio do pensar e da consciência; incapacidade de sentir; solidão e isolamento. Após a descoberta do futurismo e de Walt Whitman, Campos adota (para além do verso livre) um estilo esfuziante, torrencial, espraiado em longos versos, vivificado pela fantasia verbal duradoura e inesgotável. Características de estilo e linguagem: excesso de expressão - pontuação emotiva (exclamações, interjeições...); ritmo rápido e excessivo, repetitivo; linguagem marcada por um tom excessivo e intenso (pelo excesso de expressão e verponto 4) recurso a metáforas ousadas, personificações, hipérbatos, oxímoros, onomatopeias, aliterações, adjetivação abundante, hipérboles, anáforas e repetições; verso livre, geralmente longo; uso de neologismos e estrangeirismos; estrofes longas e irregulares. Resumo: Poeta modernista 1ª Fase - tédio e desencanto; busca de novas sensações 2ª fase - delírio sensorial -sensacionismo (excesso de sensações, euforia desmedida); canto da civilização moderna - futurismo (apologia da civilização industrial e técnica - moderna); erotismo doentio e febril 3ª fase - regresso ao abatimento, ao cansaço da vida, angústia, tédio; nostalgia da infância irremediavelmente perdida; incapacidade de sentir; desencanto da vida; pessimismo; inadaptação ao presente/ à realidade; fragmentação do eu; domínio do pensar e da consciência. Síntese dos sujeitos poéticos Relação "eu" / mundo exterior: Pessoa- Inadaptação ao real; incapacidade de "viver" e ser feliz; opção pela solidão; incapacidade de sentir; domínio do pensamento, da consciência; fascínio pelo racional; incapacidade de agir. Caeiro- A relação faz-se através de sensações, de forma equilibrada; abolição do pensamento; aceitação calma da vida; anulação do que no ser humano pode originar sofrimento; o olhar inocente como modo privilegiado de conhecer o mundo; deambulismo. Campos - Excesso de sensações conducente a estados de euforia/disforia; interferência do pensamento - dor de ser lúcido; inadaptação ao real; masoquismo; ser dividido entre o sonho e a realidade. Reis- Primado do pensamento sobre a sensação; desejo de manter a integridade mas renunciando a tudo o que é fator de perturbações; busca da ataraxia; conciliação de resignação e moderado prazer.