Emmi Pikler

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EMMI PIKLER Fundao Pblica Internacional

(Pikler Institute) Foster Home Treinamento e Centro de Pesquisa

Com relao ao beb: Conceitos de cuidados paternais e maternais de Emmi Pikler


(Respecting baby: Emmi Piklers parenting Concepts - Por Ruth Mason1, Estados Unidos e Hungria)

Quando a pediatra Emmi Pikler inaugurou um instituto para rfos h cinqenta e dois anos em sua cidade natal, Budapeste, ela enfrentou um dilema endmico nesse tipo de instituio: como pode um grupo de crianas receber ateno individualizada com um nmero limitado de cuidadores? A soluo de Pikler foi no sentido de as crianas brincarem sem o auxlio de adultos. Isso a levou a criar um conceito de cuidados maternais e paternais ensinado at os dias de hoje ao redor do mundo, catorze anos aps a sua morte. A partir da infncia, bebs em seu Instituto Nacional Metodolgico para Cuidado de Crianas e Educao (National Methodological Institute for Infat Care and Education), tambm chamado de Loczy, so ensinados a participar ativamente em sua prpria vestimenta, alimentao e higiene. Por outro lado, muitas habilidades ensinadas em outros lugares so especificamente no ensinadas aqui, e, mais importante, bebs jamais so colocados numa posio na qual eles no possam se dedicar a si mesmos. Eles no so escorados em qualquer lugar para que possam sentar, tampouco tm suas mos sendo seguradas por algum para que possam caminhar, por exemplo. Por uma questo de princpio, nos abstemos de ensinar habilidades e atividades em que, sob condies apropriadas, envolvero a prpria iniciativa da criana e a sua atividade independente, escreveu Pikler, em seu livro
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Ruth Mason jornalista e escreve sobre cuidados paternais e maternais para vrias publicaes.

O que o seu beb j consegue fazer? (What can your baby do already?), publicado na Hungria em 1940. O livro tambm foi traduzido para o alemo e parcialmente traduzido para o Ingls no boletim de inverno das Fundaes de Ateno Sensorial, em 1994. Ela complementa: Enquanto aprende a contorcer o abdmen, rolar, rastejar, sentar, ficar de p e andar, (o beb) no apenas est aprendendo aqueles movimentos como tambm o seu modo de aprendizado. Ele aprende a fazer algo por si prprio, aprende a ser interessado, a tentar, a experimentar. Ele aprende a superar dificuldades. Ele passa a conhecer a alegria e a satisfao derivadas desse sucesso, o resultado de sua pacincia e persistncia. Em suma, Pikler tinha uma ideia revolucionria de que bebs ainda que recm nascidos so indivduos competentes com seu cronograma prprio, e devem ser tratados com respeito. Tal respeito pode ser tratado de forma ampla. Um estudo de 1972 da Organizao Mundial de Sade (World Health Organization) revelou que bebs criados sem os pais no Instituto Pikler atingiram pontuaes to altas quanto aqueles educados em casa em escalas sociais, profissionais e de ajuste emocional. Se o mtodo Pikler deu tamanho impulso a bebs rfos, razovel que represente um benefcio enorme queles criados em casa por pais amorosos. Um dos assistidos de Pikler, a hngara Magda Gerber, transformou o seu trabalho e o tornou acessvel para pais. Sua instituio Recursos para Educadores de Crianas (Resources for Infant Educators), a RIE, oferece a pais e professores aulas baseadas no mtodo Pikler. O fundamento para transformar em ao quaisquer das idias de Pikler e Gerber uma relao de amor calorosa entre pais (ou qualquer outro cuidador) e criana. Desde que os bebs experienciem o amor daquele(s) que cuida(m) no perodo que passam cuidando deles, Gerber sugere que os pais utilizem seu tempo para atividades como trocas de fralda, alimentao, banhos e vestimenta, sem pressa e com um aproveitamento prazeroso do tempo, com o beb sendo um participante ativo. Com o seu currculo pronto, os bebs, em condies de segurana e liberdade, utilizaro seu tempo adquirindo conhecimento exatamente sobre aquilo que precisam para que estejam aprendendo em qualquer circunstncia dada a eles. Quando voc aborda seu beb com uma atitude de respeito, voc diz a ele qual a sua inteno e d a ele a chance de responder, diz Gerber. Voc compreende que ele competente e o envolve em seu cuidado, deixandoo, na medida do possvel, resolver seus prprios problemas. Voc d a ele plena liberdade fsica e no fora qualquer desenvolvimento. E diz ainda, Pais acreditam tratar seus bebs com respeito. Mas se voc assistir os bem intencionados adultos amorosos, ver que com freqncia eles interrompem as brincadeiras de seus bebs sem sequer pensar que o esto fazendo, tratando-os de uma forma que, em outras circunstncias, dificilmente seriam qualificadas como respeitosas. Reconhecer e respeitar a competncia de nossos bebs tambm liberta os pais. Gerber acredita firmemente que pais no precisam entreter seus bebs porque, dando a eles um ambiente de estimulao e liberdade para explorar, eles so extremamente capazes de entreter a si mesmos. Considere o caso de Sean, um participante de dez meses de vida do RIE, e sua me, Janey: Enquanto Janey e as outras mes e pais sentavam-se de pernas cruzadas apoiados na parede de uma sala ampla, Sean e seis outros bebs com a mesma mdia de idade e fase de desenvolvimento brincavam no cho carpetado. Sean e seus amigos exploram: alguns
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rolando com uma garrafa PET de refrigerante vazia ou com pequenas bolas em suas mos; alguns deitando com a barriga para cima e brincando com seus dedos dos ps; alguns sentando e colocando mordedores na boca. Alguns j esto se rastejando ao redor da sala. Uma garotinha est se divertindo bastante subindo e descendo a estrutura de trs degraus, feita para ser escalada. Os pais olham como se estivessem apenas ali sentados, mas na verdade esto praticando a arte da observao. Repentinamente, Sean comea a chorar. Ele havia se direcionado a um lugar bastante apertado sob a estrutura de trs degraus e no conseguia sair. Janey esteve no RIE tempo suficiente para controlar seu impulso de resgat-lo. Ao invs disso, ela se aproxima de Sean e se agacha, numa posio de quatro apoios, fazendo com que seu rosto fique prximo ao seu beb. Eu posso ver que voc est preso e est tentando descobrir como sair, ela diz. Ela fica prxima a ele e, aps mais algumas tentativas acompanhadas de choro, Sean consegue fazer uma manobra e se livrar. Ele ento se senta sobre sua perna esquerda, e olha alegremente para sua me. O que tudo isto significa para voc e para seu beb? Quando quiser trocar uma fralda, vesti-lo ou aliment-lo, primeiro d uma olhada para verificar o que o seu beb est fazendo. Se ele estiver imerso numa atividade e voc tiver tempo, tente no interromp-lo. Procure o momento certo para que voc interfira. Diga algo como Eu quero mudar sua fralda agora, e estenda seus braos em sua direo. Espere uma resposta. Seu beb dever olhar para voc ou ir em direo aos seus braos. Se sua requisio for ignorada e voc tiver tempo, voc pode dizer algo semelhante a Vejo que voc ainda quer brincar e espere mais alguns minutos antes de tentar novamente. Se voc no tiver tempo, ainda pode reconhecer que seu beb preferia continuar brincando, mas que precisa trocar suas fraldas agora, e ento comece a faz-lo. Ainda que seu ele seja muito pequeno para compreender tais palavras, o tom de sua voz ser associado aos seus gestos. Assim que estiver na mesinha de troca, no distraia seu beb com um chocalho, por exemplo. Ao invs disso, tente olhar nos olhos dele mantendo contato e explique, passo a passo, o que voc est fazendo, e pea ajuda: Estou colocando voc na mesinha de troca de fraldas. Agora, eu vou tirar a sua cala voc consegue tirar seu p? Obrigada. Ou: Eu vou tirar a sua fralda suja agora. Por favor, levante seus quadris. Aps alguns anos de esforo paciente, a proposta do RIE est agora sendo reconhecida nos Estados Unidos. A Associao Nacional para a Educao de Jovens Crianas (National Association for the Education of Young Children), NAEYC, e a Zero a Trs (Zero to Three), Centro Nacional para Programas de Crianas em Tratamento Clnico (National Center for Clinical Infant Programs), incorporaram recentemente as idias bsicas do RIE s suas recomendaes de cuidados infantis. A nfase de Gerber na necessidade de entender e conhecer os bebs como pessoas tem tido uma influncia muito grande em nossos artigos sobre cuidados infantis e a forma como os adultos de fato cuidam das crianas nos Estados Unidos., afirma Sue Bredekamp, diretora do Desenvolvimento Profissional da NAEYC. Ns concordamos com ela na questo da importncia de se prestar ateno nas pistas e mensagens de um beb, ao invs de impormos a ele os nossos cronogramas. Por exemplo, Gerber acredita que, quando um beb chora, no lugar de um adulto decidir o que errado e responder imediatamente, ele deveria aguardar um momento, para ver como o beb reagiria. Ele se sente confortvel? Ele consegue encontrar uma soluo? Essas so diretrizes excelentes para os pais. Aps muita discusso, a NAEYC muito provavelmente incluir uma recomendao surpreendente de Gerber em suas normas de procedimento: que os bebs no deveriam olhar para o espelho at a fase em que eles
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esto comeando a andar. Bebs so fascinados por feies. afirma Bredekamp. Eles vem sua imagem no espelho e, ao tentar alcan-la para tocar a face, acabam tocando algo que na verdade duro e frio. Gerber cr que isso seja confuso. Essa mudana de diretrizes nacionais, que agora refletem as idias do RIE, se devem em parte ao fato de que as pesquisas esto indo ao encontro do que diz Gerber, de acordo com Peter Mangione, co-criador do programa de cuidadores de crianas de at trs anos, um projeto colaborativo do Laboratrio WestEd/Far West e do Departamento de Educao e Diviso de Desenvolvimento Infantil da Califrnia. Durante anos, as pessoas da rea estavam forando a interao face-a-face com crianas, diz Mangione. Gerber era em favor de desacelerar esse processo e de dar ao beb um espao maior. Com o passar do tempo, os pesquisadores comearam a dar destaque a ela. Eles perceberam que o importante era dar criana o controle da interao, em vez de muita estimulao. Pesquisadores comearam a perceber as atividades autoregulatrias dos bebs e a dar a elas mais peso. A j to amplamente aceita noo de que os pais devem estimular e ensinar seus bebs, uma prtica que disputa com o pensamento de Gerber, tambm foi questionada em pesquisas recentes. Vinte anos atrs, se voc fosse a uma sesso de cognio infantil, voc veria muita nfase na importncia dos adultos estimularem crianas, afirma Mangione. Agora, a nfase no que as crianas fazem e na parceria participativa entre crianas e adultos. Isto algo que Gerber salientou durante anos.

Existe um filme
(There is a film - Por Lszl Jakab Orss2)

Eu assisti a um filme. No h nada de incomum sobre ele. Eu com frequncia assisto a filmes e geralmente fico pensando a causa de todo esse rebulio. Por vrias vezes, sinto-me desapontado e com raiva, e quase sempre deprimido. H poucas coisas no mundo que fazem algum se sentir to vazio de corao como um trabalho sem sucesso, desproporcional e superficial. Felizmente, ns todos nos lembramos de alguns filmes que nos ajudam e nos fazem amar a vida. Porm, todos sabemos, so muito poucos. Eu assisti a um deles agora. Eu tenho mais um daqueles filmes. um prazer ntimo, que eu gostaria de dividir com voc, porque este no um filme mostrado em cinemas ou na televiso, devido proteo dos direitos das crianas que nele aparecem. um caso singular, mas no por conta de sua acessibilidade. Ele um filme perturbador, inquietante, inspirador, que suscita perguntas, que gera o amor pela vida e, acredite ou no, o amor pela arte. Esse documentrio de trs horas de durao sobre o famoso Instituto Pikler em Budapeste, ou, como usualmente chamado, sobre o Lczy, o resultado de quatro anos de trabalho. Foi feito por Bernard Martino, um diretor francs de documentrios, e Katalin Pzmndy, redatora. Seu ttulo em francs Lczy, une Maison pour Grandir. Bernard Martino criou um trabalho exemplar em diversos sentidos. Primeiramente, pela sua tratativa com relao a um tpico to problemtico e arriscado. Fazer um filme sobre um instituto que cuida de rfos, de abandonados e de crianas sem um lar no uma tarefa fcil. Bernard Martino teve de ir contra uma inundao de lugares comuns, sensaes, sentimentalismo, lgrimas e emoes hipcritas para encontrar praticamente a nica linguagem pela qual algum pode falar sobre o assunto. Sua abordagem no sem comprometimento, como algum
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Em Npszabadsg, 19 de fevereiro de 2000.

poderia pensar; ela regula de forma rtmica o fluxo da emoo. Como se Bernard Martino tivesse transmitido a metodologia dos fantsticos especialistas do Lczy. Neste instituto, as crianas so cuidadas de acordo com um plano estritamente organizado, de um modo que nenhuma falsa emoo, que faria do processo de adoo algo muito mais difcil mais tarde, seja nelas evocada. Cada criana experiencia amor, ateno e respeito verdadeiro neste instituto, sem ser dada a elas, contudo, a falsa impresso de que l o seu lar. Espere um pouco, agente de algum modo, confie em mim, eu vou ajud-lo, voc muito em breve ter uma famlia. Voc ento poder comear a amar a mulher que ser a sua me, mas a que voc v aqui no a sua me, meu bem. O olhar da enfermeira insinua algo similar ao olhar apertado da criana enquanto a alimenta, a acaricia e a pe para dormir. De uma forma amvel e natural, uma emoo comea a se desenvolver a partir dos instintos, at um ponto em que para e se fecha. Porque a realidade a fora a agir assim. Eu a amo, mas no posso ser sua me. Eu sou sua cuidadora, estou apenas protegendo-a por uns tempos, e ento eu a deixarei seguir seu prprio caminho. Voc, com apenas um ms, tem de aprender isso, que a vida assim. A sua seguiu um pouco na contra-mo, mas prometo que ns vamos coloc-la em ordem, no se preocupe.Todos nesse filme lutam numa dura batalha: a enfermeira, o mdico, o psiclogo, a criana, o diretor e o pblico como eles. Quem quer que seja afortunado o bastante para assistir ao filme pode pensar em vida. Sob o pretexto de um berrio, ns nos descobrimos confrontando as mais bsicas noes. A vida no boa ou ruim, ela no pode ser qualificada. Ela meramente de uma densidade impressionante, algumas vezes nos fazendo suportar uma dor intolervel e outras, bradar de felicidade. Por vezes ns queremos morrer, e em alguns momentos queremos viver para sempre. A est este pulsante documentrio, que segue essa batalha conhecida por todos ns como to engenhosa, to humilde e to simples como se no fosse sequer um filme, mas uma formao natural a qual todos apenas olhamos atentamente, fitando o ar, e no percebendo o quanto aprendemos a partir de sua simples existncia. Apesar de ser to somente um filme. um filme sobre o qual eu quis escrever. Eu quis deixar todos saberem que h um filme, ele existe, h um outro bom filme no mundo, que provavelmente ser exibido um dia quando as crianas tiverem crescido.

Entrevista com Bernard Martino


1. Como voc teve a idia de produzir este filme? Tudo comeou com o filme que fiz em 1983 intitulado O beb uma pessoa (The baby is a person). Eu estive procurando por um lugar na Europa Oriental em que a idia de que o beb era uma pessoa fosse posta em prtica. Eu queria filmar um outro lugar que no os Estados Unidos. Eu tinha ouvido acerca do instituto denominado Lczy e li o livro Lczy Uma forma incomum de maternidade (Lczy An unusual kind of mothering), de Genevive Appell e Myriam David. Fui ao Lczy, onde experienciei de fato que um beb uma pessoa, e no apenas um slogan. So tomados cuidados constantes para assegurar que uma pessoa saiba exatamente o que fazer e o que no fazer com as crianas.
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Ento um dia ouvi que o futuro d Lczy era arriscado. Fechar o Lczy seria desastroso, comparvel ao fechamento de uma biblioteca alexandrina da primeira infncia. Cinquenta anos de experincia e reflexo. Quase um cdigo de relacionamento elaborado cientificamente. Eu queria que esse filme desse o testemunho deste laboratrio, deste lugar de pesquisa, desse profundo lugar humano.

2. Voc fez outros filmes sobre bebs e jovens crianas. O que que o fascina acerca do mundo das crianas? Eu suspeito que haja algo levemente neurtico em meu interesse no mundo das crianas. Eu perdi minha me quando tinha trs anos de idade. Eu creio que quando falo de crianas, volto ao tempo em que minha me ainda era viva. Em sentido amplo, quando fao filmes sobre infncia a minha infncia que estou recriando, rearrumando, colocando na tela. Mas agora eu sinto que devo fechar este captulo e enviar a mim mesmo para o mundo dos adultos. Este filme deixou isso bem claro para mim.

3. O que voc acha to incomum acerca do Lczy? um daqueles raros lugares em que crianas recebem a ajuda que precisam para que se formem. Lczy possui sua prpria e nica cultura: em apenas um ou dois anos uma enfermeira aprende mais do que em dez ou quinze anos em qualquer outro lugar. Judit Falk, a diretora de formao do Lczy uma vez disse, Se temos uma pergunta a qual no podemos responder, as paredes do Instituto nos diro. Em lares institucionais para crianas, o escritrio do diretor geralmente imenso, enquanto que os banheiros das crianas mnimo. No Lczy exatamente o oposto. O escritrio da direo foi um closet, sendo do tamanho de um. Este fato fala por si s.

4. Voc pode dizer algumas palavras acerca da abordagem desse filme? Minha abordagem consistiu em mim sendo invisvel. Nenhuma virtuosidade sequer. Pelo contrrio, eu quis investir em coisas simples e banais com significado. Uma criana na banheira, um menininho andando pelo corredor... Para parar e dar nfase aos pequenos nadas que escapam dos olhares adultos.

5. Este filme significativo para voc? Eu creio que a questo do respeito mostrada para uma criana fundamental. Uma criana que tratada com respeito tem algo que outras crianas no possuem. Deve-se observar o quo delicadamente as crianas no Lczy se tocam entre si ou manuseiam um objeto. Imediatamente vem mente a idia de civilizao. Quando eu estava filmando essas crianas com suas enfermeiras, Bosnia e Kosovo, que esto a penas algumas centenas de quilmetros de Budapeste,
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estavam constantemente em meus pensamentos. Para mim no h dvidas que crianas criadas desta forma jamais se tornaro estupradores ou assassinos.

6. E isso significa que respeito pode ser mais importante que amor? Claro que no. Se voc me permitir, poderamos dizer que 95%, talvez 98% de ns fomos amados por nossos pais. Mas quantos de ns experimentaram o respeito verdadeiro? Quando voc conhece as crianas do Lczy, voc percebe que eles conheceram o respeito. Amor sem dvida um instinto, ao passo que o respeito tem de ser aprendido. Se voc gostaria que o sculo 21 fosse diferente do ltimo, se ns quisermos mais humanidade, ns teremos de lidar com a questo/necessidade de demonstrar respeito pelas crianas.

7. O seu filme oferece promessas para o futuro? Eu sou basicamente um otimista. Eu acredito em progresso mesmo que o mundo parea retroceder. Ns temos uma declarao dos direitos das crianas. Estamos lutando contra o abuso infantil. Este filme foi financiado pelo Ministrio do Trabalho e da Solidariedade. Por qu? Porque eles querem ir alm de simplesmente denunciar o abuso infantil e trabalhar coletivamente no avano positivado do bom tratamento das crianas. Nosso filme est servindo ao mesmo objetivo. Eu me permito pensar que devo ter criado uma ferramenta para esse propsito.

8. Voc parece ter grande satisfao por este filme. De um ponto de vista profissional, esse filme foi uma fonte de grande satisfao. Diferentemente de meus outros filmes, ningum o patrocinou. Ele um rfo, algo como as crianas no Lczy. Algo estranho est acontecendo. No apenas este filme de fato existe como ele est traando seu prprio caminho. Ele ser mostrado por Arte e talvez seja exibido nos cinemas. Muitos daqueles que assistiram ao filme foram profundamente mexidos por ele. Este filme, que foi um rfo, j encontrou muitos pais.

O Instituto Pikler: Uma abordagem nica ao cuidado de crianas


(The Pikler Institute: A unique approach to caring for children - Por Janet Gonzalez-Mena, Elsa Chahin e Laura Briley3)
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Janet Gonzalez-Mena est na Faculdade de Treinamento dos Institutos de Educadores do Programa WestEd para Crianas de at Trs Anos (WestEds Program for Infant-Toddler PITC Training of Trainer Institutes). Ela co-autora de Infantes, Crianas de At Trs Anos e Cuidadores (Infants, Toddlers ans Caregivers) e escreveu Mame Severa (Dragon Mom). Janet mestre pela Pacific Oaks College, foi aluna de Magda Gerber e membro associada da Recursos para Educadores de Crianas (RIE).

O Instituto Pikler um berrio residencial (anteriormente denominado orfanato) localizado em Budapeste, Hungria. Crianas de at trs anos de idade so cuidadas no Instituto 24 horas por dia, 7 dias por semana. Este programa singular opera desde 1946. O final da Segunda Guerra Mundial trouxe a necessidade de um alojamento para um grande nmero de crianas que foram deixadas sem famlia. O governo hngaro buscou a Dra. Emmi Pikler, uma bem conceituada e respeitada pediatra de famlia, e pediu a ela que criasse um programa para cuidar dessas crianas. O governo deu a ela uma grande casa no distrito Castle, em Budapeste. Ela aceitou o desafio e iniciou um trabalho perptuo de cuidados a crianas at sua morte, em 1984. O Instituto e a pesquisa que foram as marcas registradas de Pikler continuam at hoje sob a direo de Anna Tardos, psicloga e filha de Emmi Pikler. Tambm foi dada continuidade ao treinamento de profissionais e, claro, ao cuidado de crianas, que no mais so rfs de guerra, mas rfs sociais. Seus pais ainda esto vivos, porm suas famlias as abandonaram ou no possuem condies para sustent-las. O Instituto Pikler um modelo universal e mostrou que crianas que vivem em instituies podem crescer como adultos produtivos e bem sucedidos.

Elementos da abordagem Pikler Trs elementos principais constituem a abordagem Pikler (Pikler Approach): liberdade de movimento, brincadeiras espontneas e rotinas de cuidados. Ento o que faz a abordagem Pikler diferente das demais? O incio de uma resposta est no fato de que a abordagem Pikler inclui treinamento intensivo e assistncia aos enfermeiros, uma nfase na observao, manuteno de registros e pesquisa, bem como meios especficos nos quais cada um desses elementos executado. Liberdade de movimento Vamos iniciar com o que provavelmente se trata do aspecto mais incomum da abordagem liberdade de movimento. Liberdade de movimento um alicerce fundamental do resultado de sucesso duradouro das crianas do instituto, como documentado pela Organizao Mundial de Sade (World Health Organization). Liberdade de movimento significa que as crianas jamais so posicionadas de modo que elas no possam se dedicar a si mesmas. Elas nunca so escoradas numa posio na qual fiquem sentadas ou seguradas de modo a ficarem de p. Elas no so colocadas em dispositivos restritivos, como cadeirinhas infantis, saltadores ou andadores. Elas so deitadas de barriga para cima, acordadas ou dormindo, at que sejam capazes de rolar por si prprias. A regra : nenhuma interferncia de adultos nos movimentos das crianas.
Elsa Chahin nasceu no Mxico e foi criada tanto l quanto nos Estados Unidos da Amrica. Ela membro associado da RIE e graduada pelo Programa para Crianas de at Trs Anos (Program for Infant-Toddler). Sendo certificada como intrprete/tradutora, Elsa colaborou com a traduo para o espanhol do livro de Magda Gerber O seu beb autoconfiante (Your Self-Confident Baby) e o vdeo Veja Como Eles se Movem (See How They Move). Laura Briley Presidente-proprietria da Day Schools Inc. Ela atua na rea da primeira infncia desde 1976. Atualmente, opera quatro NAEYC Centros de Desenvolvimento Infantil reconhecidos oficialmente em Tulsa, Oklahoma. Ela trabalhou na Romnia de 1990 a 1995, estabelecendo uma pr-escola no Orfanato Nmero 5 e um jardim de infncia num programa de estado em Bucharest. Laura fundadora e presidente do fundo Pikler/Lczy nos Estados Unidos, do qual Janet e Elsa so membros do conselho. Todas as autoras foram monitoras no Instituto Pikler, bem como freqentaram inmeros de seus treinamentos. Elas foram responsveis pela organizao de uma recente visita acadmica a Budapeste por sessenta participantes, a fim de que estudassem a Abordagem de Pikler.

Emmi Pikler pesquisou ininterruptamente o conceito de liberdade de movimento nos anos de 1930 com as famlias para as quais trabalhava como pediatra. Quando ela fundou o Instituto Pikler, ela treinou cuidadores (chamados de enfermeiros, apesar de no possurem conhecimentos mdicos) para que no interrompessem a liberdade de movimento da criana. Ela continuou a pesquisar o desenvolvimento do infante pesquisa ainda em continuidade atualmente. Permitir que as crianas se movam de forma livre em sua infncia resulta numa notvel competncia em equilbrio, coordenao e tomada de riscos calculados. Qualquer pessoa que tenha visto crianas no Instituto Pikler seja pessoalmente ou por meio de vdeos ficou impressionada com a facilidade e confiana com que elas mexem seus corpos. Os antigos filmes em preto e branco do Instituto Pikler mostram crianas de at trs anos descendo ngremes degraus de pedra com toda a confiana do mundo. Elas sabem como lidar com seus corpos, possuem equilbrio impressionante, e sua conscincia corporal est muito acima da mdia. O Instituto tem um nvel baixssimo de registros de acidentes. H sessenta anos, ningum falava sobre De costas para dormir (Back to sleep), mas Pikler o fazia de costas para dormir e para brincar, tambm. notvel que nunca tenha havido qualquer incidente de SIDS Sndrome de Morte Infantil Repentina (Sudden Infant Death Syndrome) no Instituto Pikler. Atualmente, bebs nos Estados Unidos so em sua maioria postos para dormir de barriga para cima, sobre suas costas, e como resultado h um forte movimento para ensinar aos pais e cuidadores a virarem as crianas quando elas esto acordadas. Os defensores da hora da barriguinha (tummy time) alertam veementemente sobre questes como desenvolvimento comprometido e cabeas que podem sofrer deformidades. Interessante como nenhum desses problemas tenha sido constatado no Instituto Pikler, apesar de os bebs jamais serem postos sobre suas barriguinhas at que eles possam se virar sozinhos. Liberdade de movimento no somente resulta num excelente desenvolvimento motor geral como tambm num forte senso de competncia em cada beb que descobre que pode aprender por si prprio, sem a necessidade da ajuda de um adulto. Segurana emocional e auto-confiana so o resultado. Quando se observa, verifica-se o quo vivas, exploradoras e, em muitos sentidos, o quo auto-suficientes so as crianas, mesmo que to jovens. Ainda, elas tambm se do bem entre si de forma notvel. Brincadeiras espontneas Liberdade de movimento tambm facilita o desenvolvimento de habilidades motoras finas. No Instituto Pikler, bebs tm sido observados durante os ltimos sessenta anos. Como resultado, uma grande quantidade de conceitos foi introduzida nos materiais simples utilizados para brincar que lhes so oferecidos, brinquedos que respondem exatamente do modo que as crianas precisam a cada estgio. Como os bebs esto apoiados sobre suas costas, eles tm disponibilidade integral de suas mos e braos e podem explorar livremente tudo aquilo que encontram. Os primeiros materiais para brincar so simples lenos de algodo que os bebs podem pegar, segurar, abanar e manipular. Os lenos so introduzidos aos dois meses de idade; antes dessa fase, suas prprias mos atraem sua curiosidade e representam sua primeira experincia de descoberta. No lugar de brinquedos dependurados sobre os rostos das crianas ou mbiles suspensos sobre elas, crianas tm uma variedade apropriada de objetos que elas podem apertar, segurar, colocar na boca, bater e derrubar. Apenas olhar para objetos reluzentes e coloridos e tentar acert-los uma experincia limitada e cria frustrao. muito mais interessante manipular um objeto virando-o para ver todos os lados. Esta a forma pela qual eles aprendem todas as suas propriedades.
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Uma criana que vem de uma situao difcil pode encontrar tranqilidade num objeto previsvel. Enquanto a criana brinca, ela capaz de crer na consistncia dos objetos, quando ela aprende que um cubo sempre um cubo. De acordo com a Dra. Gabriella Puspoky, uma pediatra do Instituto Pikler, crianas podem superar uma crise se elas tm algum em quem se apoiar, bem como objetos e atividades iniciadas pela sua iniciativa prpria e que as interesse. Iniciativa prpria uma expresso chave utilizada no Instituto Pikler. Adultos no entretm ou estimulam crianas. Os bebs aprendem a entreter e estimular a si prprios, explorando o que os seus corpos podem fazer, explorando os outros bebs ao seu redor, e tambm o prprio ambiente em que esto imersos. Isso muito diferente de uma situao de cuidados em grupo em que algum decide que um beb irrequieto est entediado e se prope a prover a ele um pouco de entretenimento ou estimulao seja com um brinquedo ou com algum tipo de atividade. Os bebs do Instituto Pikler tm uma abundncia de atividades, mas a maioria deles as criam por conta prpria com os materiais disponveis a eles. A razo para esta interao mnima de adultos durante as brincadeiras espontneas, de acordo com Anna Tardos, se d porque a interao do adulto durante a brincadeira jamais ter a mesma continuidade, o que impede a caracterstica da previsibilidade. Crianas no apenas se sentem seguras quando elas podem prever o que vai acontecer como tambm passam a antecipar o prximo movimento dos enfermeiros, podendo assim cooperar com eles. Rotinas de cuidados feitas deste modo particular so o que permite que a criana desenvolva uma auto-estima saudvel. Ela sabe o que acontecer; ela tem um senso de ordem em sua vida. Rotinas de cuidados Atividades com liberdade de movimento e iniciativa prpria no seriam possveis no fossem todas as importantes rotinhas de cuidados adotadas pelos enfermeiros das crianas, que so bem treinados para cuidar delas de forma especfica e efetiva. Fortes relaes so construdas entre a criana e seu enfermeiro, o que leva confiana. Crianas aprendem que suas necessidades sero atendidas, mesmo que elas tenham de esperar enquanto o cuidador est com outra criana. Elas sabem que, quando sua vez chegar, o enfermeiro lhes dar uma cuidadosa ateno pessoal e cuidar de cada uma delas sem qualquer pressa. Um sistema primrio de cuidados assegura que cada criana tenha uma relao particularmente prxima com um cuidador, apesar de os demais cuidadores tambm serem importantes, tanto individualmente quanto para o grupo. A idia de Pikler era focar nas interaes adulto/criana nos momentos em que as crianas tinham de ser dependentes do adulto e construir um senso de confiana que desse a elas a segurana de se relacionar sem a presena de adultos em outros momentos momentos em que elas seriam livres para explorar e interagir com materiais e entre si. Liberdade de movimento e brincadeiras no interrompidas andam de mos dadas com a ateno focada e as calorosas interaes durante os momentos em que elas so cuidadas. No se pode ter uma sem que haja a outra. Treinamento do cuidador Ento, como tudo isso acontece? Como pode ser criado um equilbrio para que a criana esteja livre para se mover e desenvolver seu prprio ritmo, ao mesmo tempo em que cuidada em meio a tantos detalhes? A chave est no cuidado e na ateno dados ao treinamento dos cuidadores. Entre outras coisas, o treinamento dos cuidadores inclui aprender:

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a) Que cada criana precisa de cuidado contnuo de um adulto, de um modo que este cuidado seja pessoal e consistente. Isso significa que os cuidadores devem ficar com o mesmo grupo de crianas no decorrer do tempo;

b) A ver cada criana como competente de acordo com o seu estgio de desenvolvimento. Os enfermeiros nunca pedem s crianas que faam mais do que elas j podem fazer;

c) A dar escolhas simples desde a mais tenra idade. Por exemplo, um cuidador mostra a uma criana de oito meses dois pijamas e aguarda para ver a qual dos dois ela aponta;

d) A tocar as crianas suavemente. O toque suave e bondoso de um enfermeiro diz criana que ela importante e que est segura. Essas mos ento se tornam algo em que pode se apoiar e podem afetar uma criana de maneira positiva;

e) A permitir que cada criana experiencie atividades de iniciativa prpria que ela aprecie;

f) A permitir que as crianas brinquem de forma ininterrupta. Os enfermeiros esto disposio para quando as crianas precisarem deles, pois elas no podem se sentir abandonadas sob quaisquer circunstncias. Se um cuidador num momento particular no puder tomar conta de uma criana porque est no banho, comendo ou trocando a fralda de uma outra criana, ele assegurar com seu tom de voz suave que a escuta, e que estar com ela assim que tiver concludo a outra atividade.

Aos cuidadores dado todo o treinamento, e ento eles passam a assumir o controle, resultando em autenticidade. Seus sentimentos pelas crianas so genunos, e um lao saudvel se fortalece medida que adultos e crianas se tornam parceiros. A qualidade do relacionamento cuidadosamente desenhada para que esses laos sejam seguros, mas no to fortes que no permitam que as crianas deixem seus enfermeiros para que possam ser adotados ou para que voltem s suas famlias. A idia dar s crianas um relacionamento especial no Instituto que as permita criar facilmente novos laos com o adulto que passar a cuidar delas, seja em sua famlia original ou em um lar totalmente novo. Seus crebros foram preparados para confiar; elas j chegaram num ponto em que confiam em si mesmas. E este o melhor presente que uma criana pode se dar.

Workshop para Treinamento de Professores: Utilizando Princpios Considere as possibilidades: Explore formas de aplicar os conceitos de liberdade de movimento nas salas de aula de crianas de at trs anos. Recursos de iniciativa prpria: faa um trabalho de campo numa sala de aula de crianas de at
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trs anos e separe brinquedos e materiais em dois grupos aqueles que so auto-estimulantes ou aqueles que so estimulantes atravs da ao de adultos. Remova o segundo grupo de brinquedos e observe o que acontece. Pea aos professores para refletir o experimento e compartilhe as experincias em algum artigo em publicaes para bebs e suas famlias. Mais um argumento de defesa do ensino primrio: Apesar de amplamente recomendado como aspecto crucial de programas de alta qualidade, educao primria no predominante nos Estados Unidos como em outras partes do mundo. Rena os funcionrios para discutirem e considerarem estratgias de implementar esse importante aspecto em seu programa.
*Para mais informaes, contate o Fundo Pikler/Lczy nos Estados Unidos: www.pikler.org.

Instituto Pikler
(Pikler Institute)

Emmi Pikler fundou o lar para crianas em 1946 aps dez anos de prtica como pediatra na rua Lczy Lajos, em Budapeste. Em circunstncias institucionais, ela ps em prtica seus princpios educacionais baseados na experincia que ganhou com famlias. Como resultado, ela conduziu o planejamento do alicerce fundamental do desenvolvimento de uma personalidade saudvel em uma instituio devido ao bom cuidador de relacionamento infantil e de atividade livre das crianas e evitou o resultado danoso conhecido como hospitalismo. Mais tarde, um estudo aplicado amparado pela Organizao Mundial de Sade (World Health Organization) confirmou.a idia. O Instituto se tornou um Lar Infantil Metodolgico (Methodological InfantsHome) em 1961 e Instituto Educacional Metodolgico para Desenvolvimento e Cuidado de Crianas e Primeira Infncia (Methodological Educational Institute for Infant and Early Childhood Development and Care) do Ministrio da Sade em 1964. Em 1970, o Ministrio incumbiu o Instituto da superviso profissional dos lares para crianas na Hungria, e consequentemente seu nome mudou para Instituto Metodolgico Nacional de Lares Infantis (National Methodological Institute of InfantsHomes). Em 1986, o Instituto assumiu o nome de Emmi Pikler. Desde 1998 o instituto tem sido coordenado pela Fundao Internacional Pblica Emmi Pikler (International Emmi Pikler Public Foundation). Apesar das mudanas freqentes de nosso nome oficial, ns temos sido conhecidos da maioria das pessoas como Lczy, tanto na Hungria como internacionalmente. A reputao internacional foi fundada em especial pelo livro de dois psiclogos e psiquiatras infantis franceses (M. David G. Apell: Lczy ou Le maternage insolite, 1973) que desde ento foi traduzido para diversos idiomas (Em ingls: An unusual approach to mothering. Budapest. Pikler-Lczy Trsasg, 2001 Uma abordagem incomum da maternidade. Budapeste. Pikler-Lczy, Trsasg). Durante vrias dcadas, inmeros profissionais oriundos da Europa Ocidental, Amrica do Norte e Amrica do Sul visitaram o Instituto Pikler. Recentemente, o Instituto Pikler tem novamente se voltado ao cuidado de famlias, alm de manter o lar para crianas. Funes atuais:
a) Prover cuidados e educar crianas e bebs baseando-se no conceito de Emmi Pikler, bem como dar

suporte aos pais.


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Formas de alcanar esta funo:

-Lar das Crianas: Educa e cuida de crianas necessitadas de at sete anos -Centro de Cuidado Dirio da Fundao (desde 2006) -Grupos de Atividade Pikler (desde 2002) -Consulta e aconselhamento a pais com jovens crianas (desde 2007)

b) Trabalho Cientfico: pesquisa do desenvolvimento de crianas educadas conforme os princpios Pikler, anlise detalhada dos mtodos educacionais e de cuidados.

c) Oficinas de treinamento: organizao de cursos para especialistas hngaros e estrangeiros, treinamentos individuais e conferncias.

Diretoras do Instituto Pikler:


a) 1946-1978: Dra. Emmi Pikler

b) 1979-1991: Dra. Judit Falk

c) 1991-1998: Dra. Gabriella Pspki

d) Desde 1998: Anna Tardos

Endereo: H-1022 Budapeste, Lczy L. u.3. Hungria Telefone: (+36-1) 212-4609 E-mail: [email protected] Website: www.pikler.hu

O que um orfanato pode nos ensinar? Lies de Budapeste


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(What can na orphanage teach us? Lessos from Budapest - Por Janet Gonzalez-Mena4, Fairfield, CA, EUA)

A adulta se inclina sobre o beb na mesinha de troca de fraldas. Ambos esto face a face e aquela tem total ateno enquanto fala com este sobre a troca da fralda. O que incomum para mim que o beb no est deitado para o lado de modo que ele tenha de virar a cabea para ver o rosto da adulta: o trocador foi construdo para que o beb se deite com os ps no ventre dela. Ela agora espera at que a tenso deixe os msculos do beb antes que comece. Gentilmente, ela o direciona e tambm reage. Ela diz ao beb que faa algo e aguarda uma resposta corporal antes de continuar. Ela conversa com ele sobre cada passo do processo, sempre mantendo-o focado na tarefa e em sua interao em torno dela. O modo com que ela procede com a troca est construindo a relao entre eles. Quando ela conclui, estende seus braos e diz algo que no compreendo, porque em hngaro. O beb corresponde se projetando para frente confiando sua cabea e corpo em antecipao e chega alegremente aos braos dela com um pequeno sorriso em seu rosto. Isso foi o que vi em novembro de 2003 quando visitei o Instituto Pikler, uma enfermaria residencial em Budapeste. A proximidade do beb e da enfermeira (modo como o Instituto Pikler chama as cuidadoras) durante as sesses de troca de fraldas me surpeendeu um pouco, mas eu j sabia sobre esta abordagem. Estudei com Magda Gerber, especialista em crianas de Los Angeles e fundadora da Recursos para Educadores de Crianas (Resources for Infant Educators RIE), que oriunda da Hungria. Magda foi amiga e aluna da Dra. Emmi Pikler, fundadora do Instituto Pikler; desde 1976 eu estive ensinando o que aprendi com Magda. Agora que estive em Budapeste, vejo que ainda tenho muito mais a aprender. Um desafio em escala mundial na formao de crianas e bebs de at trs anos em instituies gerar mtodos que criem crianas ntegras, saudveis e funcionais, que possam operar dentro e fora das instalaes institucionais. O Instituto Pikler venceu este desafio trabalhando uma abordagem cuidadosamente planejada e testada durante os ltimos 58 anos. Os mtodos do Instituto Pikler A abordagem aplicada no Instituto Pikler resulta em conseqncias positivas merecedoras da ateno de lderes de cuidados infantis e de assistncia social nos Estados Unidos. O que essa abordagem? Uma parte importante dela o sistema de cuidadores primrios projetado para promover conexo somada crescente formao da identidade individual. Nesta abordagem, apesar de cada enfermeira ser responsvel por todo o grupo durante seu expediente, ela tem duas ou trs crianas que so suas prprias crianas especiais. Ela mantm anotaes extensivas sobre elas e, juntamente com os funcionrios de apoio, seguem o progresso das crianas de modo muito prximo. O relacionamento entre criana e enfermeira considerado uma parte vital da criao de senso de segurana e de sentimento de pertencimento, ainda que no seja a cpia de uma relao entre pai/me e filho. Ao
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Janet Gonzalez-Mena consultora de primeira infncia em Fairfield, Califrnia, especializada em crianas e bebs de at trs anos e questes de diversidade. Janet membro da Faculdade de Treinamento dos Institutos de Educadores do Programa WestEd para Crianas de at Trs Anos (WestEds Program for Infant-Toddler PITC Training of Trainer Institutes). Ela Estudou com Magda Gerber.

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invs disso, a cuidadora conscientemente tenta criar uma espcie particular de relacionamento com suas crianas, que as prepare para uma eventual mudana para uma relao permanente, seja quando retornarem s suas famlias originais, seja quando encaminhadas a famlias adotivas. A enfermeira conscientemente tenta criar uma espcie particular de relacionamento com suas crianas que as prepare para uma eventual mudana para uma relao permanente. A enfermeira no uma me substituta, mas uma profissional. Ela treinada para manter distncia o bastante para que, quando a separao final ocorrer, no devaste nem a criana e nem a enfermeira (David & Appel [1973, 1996] 2001). O instituto se utiliza de uma abordagem compreensiva, consistente e holstica que resulta num esforo conjunto de todos os funcionrios. Descrever integralmente a abordagem aplicada vai alm do escopo deste artigo, mas sua parte central est relacionada funo de cuidados e de brincadeiras livres que concerne s enfermeiras. A funo da enfermeira nos cuidados criana Como demonstrado no tpico anterior, os momentos de cuidado so aquelas atividades essenciais da vida diria de um beb, tais como alimentao, doutrina, troca de fraldas e banho, quando o foco est em uma interao um-a-um prxima com as crianas individualmente. Aprender a tarefa concernente aos adultos diferente de v-la. Eu no havia percebido o que significava se focar integralmente em apenas uma criana. A quantidade de trocas verbais que se deram durante essas atividades de rotina incrvel. Nada jamais feito em silncio. Eu gostaria de ter cronometrado o tempo que cada criana obteve de ateno total de uma enfermeira, sendo imersa numa rica linguagem. Ao mesmo tempo, cada procedimento foi eficiente, em parte porque as crianas cooperavam notavelmente bem. No que as interaes fossem apressadas, mas no havia qualquer perda de tempo. Alimentao um outro momento de interaes um-a-um para as crianas, e medida que elas vo crescendo, se torna uma experincia em grupo. Quando um beb foi alimentado antes dos outros que estavam em sua sala, eu fiquei imaginando por que a refeio no era uma experincia em grupo para ele. Perguntei Anna Tardos (filha de Pikler), uma psicloga que agora dirige o instituto. Ela explicou que crianas que no comem bem ou perturbam outras retomam o estgio anterior e so alimentadas com colher separadamente, antes dos demais. No se trata de uma punio ser alimentado como uma criana mais nova. Como Tardos afirma, No somente a prontido que buscamos, ns queremos ver crianas que se sintam felizes ao dar um passo adiante. Em outras palavras, no Instituto Pikler os cuidadores do s crianas somente o que elas necessitam como indivduos at que mostrem sinais bvios de que elas no precisam mais daquilo. Por um lado, as crianas que precisam so tratadas como bebs, mas por outro, a crianas muito jovens tambm so dadas responsabilidades. Eu fiquei surpresa ao ver um beb de 17 meses realizando tarefas como a de ajudante designado para a hora do almoo. Ele sabia a rotina exata e atuava de forma admirvel trazendo banquinhos, arrumando a mesa e limpando-a aps o fim da refeio. Como sua tarefa final, ele ps todos os babadores sujos numa pequena cesta e seguiu orgulhosamente a enfermeira para uma outra parte da casa para coloclos para lavar. Era claro que ele considerava o que fazia uma honra, no um trabalho domstico. Os momentos de cuidado so eventos do dia altamente estruturados, e as crianas aprendem cedo a prever o que ir acontecer. O tipo de consistncia e previsibilidade importante para fazer crescer sentimentos de segurana que tambm se originam de suas relaes especiais com suas enfermeiras. Esse profundo senso de
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segurana permite que os momentos de brincadeira sejam muito menos estruturados que os momentos de cuidado. O que observei foi o que chamamos de brincadeiras espontneas nos Estados Unidos.

A funo da enfermeira nos momentos de brincadeira Magda Gerber sempre me dizia, Ponha a nfase no aprendizado, no no ensinamento. Este certamente me parece o lema do Instituto Pikler. As enfermeiras no ensinam de maneiras formais, mas as crianas aprendem enquanto esto envolvidas nas atividades essenciais da vivncia diria e durante os perodos de brincadeira. O que eu no esperava era como elas aprendiam a se relacionar bem entre si. Eu nunca vi grupos de crianas que dependessem menos da interveno de adultos. As enfermeiras do apoio s crianas em suas brincadeiras provendo a elas uma lista interessante de brinquedos, e no se sentando com elas no cho por longos perodos. Era evidente que as crianas no precisavam da ateno de adultos durante aqueles momentos. Deve ser fcil explicar a baixa ateno dos adultos durante os perodos de brincadeira demonstrando a alta proporo de crianas para adultos (8 para 1) e deste modo dizer que as crianas tm de aprender a brincar por si prprias. Mas a abordagem mais ponderada do que apenas uma questo de propores. A abordagem Pikler designa o tempo para ateno focada quando crianas e bebs tm de depender dos adultos. Quando as atividades de cuidado so concludas, as crianas sabem que elas no precisam mais da ajuda ou da ateno deles. Por suas necessidades terem sido atendidas e por elas no se sentirem privadas da ateno dos adultos, elas so livres para explorar, experimentar e descobrir a si mesmas como indivduos e como grupo. A pesquisa de Pikler sobre desenvolvimento motor grosso mostra quo bem crianas podem fazer por si mesmas (Pikler & Tardos 1968; Pikler 1971,1973). Devido ao que Pikler descobriu, ela determinou uma meta para as crianas desenvolverem independentemente de ensinamentos ou ajuda de adultos. Bebs aprendem desde o princpio que so indivduos capazes, e a confiana em suas prprias habilidades faz diferena. Isso contrasta com o que acontece quando adultos sentem que devem ajudar bebs sentando-os, andando com eles ou os colocando em posies em que eles no podem se dedicar a si mesmos. Por suas necessidades terem sido atendidas e por elas no se sentirem privadas da ateno dos adultos, elas so livres para explorar, experimentar e descobrir a si mesmas como indivduos e como grupo. Quando o desenvolvimento se desdobra naturalmente sem a interveno de um adulto, a segurana fsica cresce e o desenvolvimento de habilidades notvel. No Instituto Pikler, no h pressa em levar os bebs para a prxima fase. Como observei nas crianas de l, relembro Magda Gerber dizendo, No tempo certo, no a tempo (In the time, not on time). Pikler dizia sobre sua abordagem, A criana jamais posta numa posio mais avanada, a fim de que se promova o desenvolvimento motor grosso, do que ela capaz de atingir por si mesma a partir de uma posio bsica deitada de costas. Por uma questo de princpio, ns nos abstemos de ensinar habilidades e atividades que sob condies apropriadas envolvero a prpria iniciativa e a atividade independente da criana. (Pikler, 1971, 91). Como resultado de toda essa liberdade para se mover e espao em que possa faz-lo, crianas no Instituto Pikler so exploradoras curiosas, interessadas e competentes. Eu no vi crianas a esmo, desinteressadas ou
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entediadas. Eu tambm no vi crianas buscando entretenimento vindo de adultos. O que vi foram salas cheias de crianas que tinham seus pensamentos em si prprias, com iniciativa aparente, e que ao mesmo tempo mostravam esprito de cooperao. Essas crianas bem trabalhadas pareciam um produto tanto de treinamento quando de modelagem, juntamente com expectativas adultas de um comportamento positivo. Brincadeiras espontneas podem ser livres, mas no so deixadas ao acaso. Os textos de Anna Tardos demonstram apreciao profunda por brincadeiras e que atividades com princpios esto sempre sendo trabalhadas no Instituto Pikler. (Tardos, 1985,1986). Resultados Quem so as crianas do Instituto Pikler, e o que acontece com eles quando elas o deixam? Quando o Instituto foi inaugurado, elas eram em sua maioria rfos de pais falecidos na Segunda Guerra Mundial. Atualmente, so em sua maioria rfos sociais, crianas que os pais no podem ou no vo criar. Algumas foram abandonadas, outras so locadas no Instituto por conta de abusos substanciais ou eventualmente por conta de doenas mentais em suas famlias. Cada criana tem uma histria diferente. No importa por que motivo vieram, todas desfrutam dos benefcios de uma instituio designada a fazer delas indivduos independentes e bons membros de grupos que sero capazes de ir embora e funcionar bem numa estrutura familiar. Isso funciona! A pesquisadora hngara Margit Hirsch e sua equipe estudaram trinta crianas com idades entre trs e nove anos que passaram sua infncia no Instituto Pikler, retornando ento para suas famlias de origem. Nenhuma das crianas demonstrou sinais de hospitalizao to comuns a crianas que passaram sua infncia numa estrutura institucional. Elas no mostraram qualquer distrbio emocional ou funes cognitivas prejudicadas, sendo capazes de criar relaes prximas. A Organizao Mundial da Sade (World Health Organization) relata resultados similares s concluses de Hirsch. Nenhum dos adultos que foram estudados demonstraram as desordens de personalidade flagrante tpicas de infncias vividas em instituies (...). Dentre a centena de assuntos abordados no estudo, nenhuma criana se recusou a trabalhar, teve registros criminais ou condenado por vadiagem. (David & Appel [1973, 1996] 2001, 16). Eu tenho interesse especial em aprender mais sobre como uma orientao individualista se adqua a uma orientao coletivista. O Instituto Pikler necessariamente uma conjuntura coletivista porque as crianas vivem em grupos. Mas esta no uma situao coletivista determinada culturalmente ou familiarmente, uma instituio que propositalmente construiu sua prpria cultura e avaliou seu sucesso ao longo dos anos. Eu vi um equilbrio funcional surpreendente entre objetivos individualistas e coletivistas. As crianas eram claramente indivduos independentes optando por cooperar, no simplesmente obedecendo a regras ou a uma autoridade de forma passiva, mas demonstrando um verdadeiro esprito cooperativo. As crianas eram claramente indivduos independentes optando por cooperar, no simplesmente obedecendo a regras ou a uma autoridade de forma passiva, mas demonstrando um verdadeiro esprito cooperativo. Barbara Rogoff (2003) descreve esse fenmeno em seu livro A Natureza Cultural do Desenvolvimento Humano (The Cultural Nature of Human Development). Em vez de interesses prprios e interesses coletivos se chocando, algumas culturas criam suas crianas com o intuito de manter objetivos pessoais, mas para adequ-los ao
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grupo. Em outras palavras, independncia e interdependncia so intimamente integrados para que o indivduo opte por cooperar. Penso que este deveria ser o objetivo mximo para todos ns, quer dirijamos uma instituio, vivamos em famlia ou vejamos a ns mesmos primariamente como membros de uma sociedade de cidados do mundo. Contrastes em idias No Instituto Pikler fui bastante alertada de que eu estaria numa cultura distinta da minha de origem Americana/Europia. Uma diferena que senti foi a contrastante atitude perante as rotinas e a mudana. Eu ensino cuidadores de crianas e bebs a se esforar no cuidado individualizado em questes envolvendo crianas, e enfatizo que eles deveriam atender s necessidades individuais do momento ao invs de engessar as rotinas e no descumprir a ordem do dia. O foco do Instituto Pikler est nos indivduos em uma estrutura de grupo em tempo integral e na segurana derivada da consistncia, continuidade e previsibilidade. Mudana algo cuidadosamente pensado, e as decises acerca dela no so feitas apressadamente. Eu nunca fui ensinada a olhar para bebs como parte de um grupo, tampouco fui convencida a crer na importncia de rotinas que no variam. Tambm nunca trabalhei numa estrutura de cuidado em residncia ou ensinei algum a faz-lo. Se a nfase do Instituto Pikler na previsibilidade ou na consistncia cultural ou unicamente relacionada ao contexto de cuidados 24 horas ao dia, eu no sei. Eu s sei que o que vi parecia funcionar notavelmente bem. Deixei Budapeste pensando nas implicaes do que eu havia visto nos cuidados de crianas dos Estados Unidos e ao redor do mundo. Certamente o Instituto Pikler um modelo que demonstra as vantagens de se ter uma equipe bem amparada, treinada para operar na prtica com princpios. Como Reggio Emilia, o Instituto Pikler pode inspirar aqueles que desejam melhorar os cuidados de bebs e crianas de at trs anos em seus prprios pases. No mnimo, apesar das diferenas contextuais e culturais, qualquer cuidador infantil que estuda a abordagem Pikler encontrar muito acerca do que refletir.

Questes para refletir 1. Quo prximo o que voc l sobre a abordagem de cuidados do Instituto Pikler se adqua ao que voc acredita acerca de cuidados de bebs e crianas de at trs anos? 2. Alguma coisa neste artigo a fez se sentir desconfortvel? Se sim, o que foi e por que voc imagina ter reagido desta forma? 3. Quais so as suas experincias com cuidados residenciais institucionalizados para bebs e crianas de at trs anos ou suas idias sobre o assunto? Voc acha que as abordagens utilizadas por este tipo de instituio tm implicaes para cuidadores e para estruturas de cuidados infantis? 4. Voc sabe sobre Magda Gerber e sua organizao denominada Recursos para Educadores de Crianas (Resources for Infant Educators) RIE, online, em www.rie.org? Se sim, este artigo lhe parece similar ao que voc sabe ou ao que voc j ouviu sobre a filosofia de Magda e da RIE? Quais as similitudes? Quais as diferenas?

*Nota: Atualmente, o Instituto Pikler opera em formato de fundao, conhecida oficialmente como Fundao Internacional Emmi Pikler. Apesar de ter sido criada pelo governo hngaro, a fundao, inaugurada em 22 de abril de 1998, uma entidade privada e depende primariamente de fundos no governamentais. O Instituto se tornou um centro internacional de ensino, oferecendo seminrios e cursos de

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treinamento. Atravs de sua misso integrada, ela oferece um centro de instruo, um centro de pesquisa e uma enfermaria para cerca de trinta e cinco a quarenta crianas. Para maiores informaes, visite www.aipl.org.

Reflexes acerca de cuidados de bebs e crianas de at trs anos


(Reflections on Infant/Toddler Care - Por Michelle Soltero 5)

Em minha funo como treinadora/coordenadora regional da WestEd, convidei cinco professores e cuidadores de crianas em casas de famlia do condado de San Diego, Califrnia, para compartilhar os resultados colhidos em seu trabalho no artigo de Janet Gonzalez-Mena O que um orfanato pode nos ensinar? Lies de Budapeste (What can na orphanage teach us? Lessons from Budapest). Cada um deles havia participado do treinamento dela atravs do Programa para Cuidadores de Bebs e Crianas de At Trs Anos (PITC), Parceiros pela Qualidade (Program for Infant/Toddler Caregivers, Partners for Quality), e todos estavam animados com a oportunidade de contribuir com reflexes acerca do assunto. Como grupo, eles representam uma extenso de seis a catorze anos de experincia profissional trabalhando com crianas. Parceiros pela Qualidade PITC Parceiros pela Qualidade um projeto desenvolvido colaborativamente pelo Departamento de Educao da Califrnia e pela WestEd que promove treinamento e assistncia tcnica para programas para bebs e crianas de at trs anos e cuidadores familiares de todo o estado. A assistncia provm dos fundos para melhoria de qualidade (Quality Improvement). O programa usa uma abordagem que responsiva e baseada no relacionamento para o cuidado de bebs e crianas de at trs anos, fundada na pesquisa desenvolvente, teoria e prtica. Treinamentos no prprio local provisiona os cuidadores com a estrutura de um currculo de cuidados responsivos; vdeos e adultos ativos aprendendo estratgias so utilizados. O Centro de Desenvolvimento Infantil da Faculdade de Grossmont (Grossmont College Child Development Center GCCDC), no condado de San Diego, Califrnia, foi um dos seis programas selecionados em 1999 como locais de demonstrao. GCCDC expandiu suas instalaes no ano passado para incluir cuidados para crianas em famlia como parte de seu plano de longa durao. Aqueles que promovem esse tipo de cuidado receberam seu primeiro ano de treinamento e apoio da PITC. Elaine Benjamin O Artigo foi interessante, e eu definitivamente vi muitas similaridades com nosso programa no Centro de Desenvolvimento Infantil da Faculdade de Grossmont.
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Michelle Soltero, mestre e treinadora/coordenadora regional da WestEd PITC Parceiros pela Qualidade, que atende aos condados de San Diego, Imperial e Orange, na Califrnia. Desde 1993 trabalha com estudantes adultos em vrias configuraes. Michelle foi presidente da AEYC da Califrnia e atualmente membro do quadro governamental na NAEYC.

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Eu concordo com a autora acerca da importncia das rotinas. Especialmente com crianas muito jovens, penso que rotinas consistentes as fazem se sentir ss e seguras. Rotinas tais como alimentao, troca de fraldas e os momentos de sono provm uma excelente oportunidade para a formao de laos um-a-um entre criana e cuidador. Eu acredito que de algumas formas uma instituio provendo cuidados 24 horas ofereceria cuidados mais consistentes do que um programa como o nosso em que a criana est num grupo durante o dia e com a famlia pela noite. Apesar de tentarmos seguir as rotinas dos pais o mais prximo possvel, pode haver um contraste entre as personalidades e as atitudes dos pais e dos cuidadores. O artigo descreve a associao entre a educao fsica e emocional de crianas atravs de rotinas dirias um-a-um e a sua habilidade de se focar nas demais crianas durante os momentos de brincadeiras espontneas sem muita interao com adultos. As crianas no orfanato Pikler se sentiam confortveis em seu ambiente, suas necessidades eram atendidas, elas se sentiam seguras, e consequentemente elas podiam se concentrar na socializao com outras crianas. Eu acredito firmemente que cada criana se desenvolve do seu prprio modo, e como cuidadores ns precisamos respeitar e apoiar a individualidade de cada uma com as quais trabalhamos. Maura Mehrian Este artigo deveria desafiar todos os cuidadores de bebs e crianas de at trs anos a refletir em suas prticas e prioridades e no que realmente importante e necessrio para bebs crescerem como adultos de sucesso e de pensamento livre. Para oferecer cuidados baseados em relacionamentos, ns devemos primeiramente olhar para o que ns definimos como uma verdadeira relao entre cuidador e criana. Precisamos sair da zona de conforto e encontrar outros modelos com os quais possamos aprender. Somos to governados pelo tempo que geralmente acabamos perdendo o foco do que de fato importante. Ns enganamos as crianas e a ns mesmos como cuidadores, em detrimento da alegria oriunda dos momentos comuns que experimentamos, que denominamos rotinas, momentos em que profundas conexes entre seres humanos podem acontecer. Enquanto lia este artigo, uma preocupao profunda foi evocada em mim acerca da qualidade geral to baixa dos cuidados de bebs e crianas de at trs anos nos Estados Unidos. Advogados, educadores, cuidadores e legisladores deveriam estar alarmados. Tanto Hungria como Itlia parecem ter encontrado e posto em prtica de maneira bem sucedida mtodos que criam sade mental e psicolgica, crianas que funcionaro como adultos competentes e indivduos capazes em sociedade. Ser que ns no podemos? Temos a formao e os recursos para sermos capazes de atingir o mesmo padro de qualidade, que essas comunidades demonstraram ser o comprometimento com as crianas. Eu tenho praticado cuidados primrios e contnuos, abraado as filosofias de Reggio Emilia e PITC por quase quatro anos, e tenho visto os excelentes resultados de sucesso que podem ocorrer. Agora, a leitura desse artigo me desafia a aprender mais acerca de prticas e filosofias do Instituto Pikler e a refletir e avaliar minhas prprias prticas. Grace Woodford Sou a favor de comunicar tudo a uma jovem criana cada uma de minhas aes, todos os aspectos do nosso dia exatamente como eu faria com uma criana mais velha ou um adulto. Eu explico o que ir acontecer, e aguardo por uma resposta do beb.
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No artigo fiquei um pouco desconfortvel com o que eu sentia ser uma abordagem de certa forma distante de atitude com relao a uma criana. Alm de envolver o infante com rotinas de cuidados, eu passo tempo no cho, um-a-um, brincando perto ou com a criana. Eu modelo prdios com blocos, por exemplo, e quando a criana toma a iniciativa e tenta, eu me afasto. Eu ponho alguns objetos numa cesta e os levo embora. Ento eu deixo que o beb tente fazer o mesmo. Cuidado institucionalizado difere do cuidado com o qual estou familiarizado (cuidado a crianas de famlias pequenas) na proporo de crianas para cuidadores. O fato de os cuidadores de Pikler poderem dar ateno integral para uma criana de cada vez fenomenal. Esta ateno parece dar s crianas a autoconfiana que elas precisam para explorar por si mesmas. Elas tambm recebem conforto das demais crianas. Elas podem ser desacostumadas a serem carregadas e acariciadas em excesso, dependendo de quanto tempo elas estiveram sob cuidados institucionais. Numa estrutura de cuidados a uma criana de famlia pequena, com dois bebs e quatro crianas entre um e trs anos (a ttulo de exemplo), a situao diferente. Com freqncia uma criana filha nica, rei ou rainha do universo do lar. Tais crianas recebem uma quantidade imensa de ternura e suporte em casa e quase sempre quedam-se menos contentes em um centro de cuidados para crianas. Eu tento prover uma atmosfera calorosa similar ao que elas esto acostumadas. Magda Gerber nos ensinou muito sobre o trato de bebs como indivduos e de todas as crianas com respeito. Ela encorajou os cuidadores a se movimentarem devagar e a usar o tempo que for necessrio quando se comunicando com crianas, para dizer algo e ento esperar por uma resposta. Cuidadores no Pikler parecem ser graduados na Universidade de Magda Gerber. Liz Ashanti Mack Algo do que li no artigo de Gonzalez-Mena me soou familiar, como o que fazemos na Faculdade de Grossmont quando trabalhando com o PITC e a filosofia de Reggio Emilia. Essas duas filosofias me ajudaram pessoalmente. Eu trabalhei em Grossmont por quase um ano, e eu estou estarrecida com o progresso das crianas. Minha crena na capacidade das crianas se modificou imensamente. Em Pikler e em Grossmont, ns parecemos querer o mesmo desenvolvimento para as crianas, construir seres saudveis que funcionaro dentro e fora das estruturas institucionais. Sabemos que pequenos grupos nos permitem conhec-las e, com ajuda da famlia, construir fortes laos entre criana e professor. Seguir as pistas da criana me ensinou como desacelerar, ouvir e propor questes para a criana e para mim mesma sobre o que est sendo aprendido. Eu sei que brincadeiras espontneas so apenas um outro modo de a criana se comunicar conosco. Li o artigo duas vezes agora, e tenho algumas perguntas. Eu entendo que a abordagem do programa em permitir uma conexo entre crianas pequenas e as enfermeiras, sendo estas profissionais o suficiente para no se colocarem na posio de pais para que a partida da instituio no devaste a criana ou a enfermeira. Mas justo para a criana que tem de partir to logo construiu fortes laos com a enfermeira? Como pode a enfermeira determinar o quo perto chegar ou quando se afastar se a criana ainda no experimentou qualquer envolvimento com algum? Linda Garvin

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Eu no sei como um cuidador poderia se envolver e manter distncia ao trabalhar com uma criana todos os dias. Voc no pode criar meios laos com uma criana: ou voc os cria ou no. Em minha experincia com crianas, como cuidadores ns estamos aqui para elas e para atender suas necessidades. Eu me ajusto para isso. Eu no sei como eu atenderia s necessidades de uma criana que deve precisar de muito mais ateno. Eu no posso separar a teoria e a prtica como abro e fecho uma torneira. Eu estou dando o melhor de mim.

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