Trabalho de IED
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Trabalho de IED
RODRIGUES
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Sala: A 12
Turno: Diurno
Curso: Direito
Grupo nº 3
Teresa Pedro
Denise Fernandes
Joel Vieira
Sandro Bala
Luanda, 2024
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa discorrer sobre a aplicação no tempo. A lei, como fonte
formal do direito, se projeta n o espaço e no tempo, sendo a primeira dimensão relativa
ao Estado que exerce sua soberania e a segunda limitada pelos termos inicial e final da
norma jurídica. Quando se refere à dimensão temporal se usa a locução eficácia da lei
no tempo pois a norma quase sempre é eficaz até que seja derrogada porquanto se
tornando antiquada sobrevém outra que a revoga. Todavia por vezes sucede que a lei
antiga cria relações jurídicas cuja permanência se impõe, surgindo o conflito sobre a
aplicabilidade de cada qual dos sistemas, cabendo ao legislador fixar se tais situações
devam ser regidas pela lei nova ou mesmo o desfazimento completo com a aplicação
retroativa da nova norma.
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2. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO
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escaparem à regra algumas legislações substantivas como a da Costa Rica e d a Noruega
e, também, a Lei Magna Portuguesa de 29.4.1826 e, tendo o Código Espanhol d e 1988
fixado que as leis não teriam efeito retroativo caso não houvesse disposição e m
contrário, foi enorme a influência deste diploma legal nos sistemas hispano-americanos.
Merlin foi u m dos juristas cuja obra exerceu grande influência no século XIX,
inclusive no Direito Brasileiro (Projeto Felício dos Santos) e sua doutrina, e m linhas
gerais, fixou o seguinte:
A regra, todavia, é a de que a lei não pode retroagir e, deste m o d o cabe definir o
que é retroatividade.
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de u m contrato ou de testamento cujo autor já morreu, fixando o entendimento que
nestes casos está fora do alcance de leis posteriores, ainda que dependa de condição. Tal
entendimento doutrinário merece críticas quanto ao conceito de expectativa de direito
eis que alinha paralelamente situações onde o direito adquirido se manifesta c o m as e
m que ocorre me r a expectativa.
A obra de Gabba
As dificuldades que o autor encontra para erigir a teoria são a complexidade dos
institutos jurídicos e a indeterminação do significado de muitas expressões técnicas.
Gabba concorda em que a teoria sobre a matéria não pode apresentar princípios
absolutos, mas que se deve buscar a fixação de princípios gerais de aplicação aos casos
concretos, variáveis de acordo com as circunstâncias eventuais. Ensina o autor que os
direitos adquiridos que quaisquer espécies de leis novas devem respeitar, se situam no
amplo espectro da ciência jurídica, não se circunscrevendo à qualquer área do direito.
Após criticar os autores mais eminentes, se embasa na seguinte conceituação de
Savigny.
"Direito adquirido é todo direito fundado num fato jurídico realizado, mas que
ainda se faz valer". Segue o raciocínio contrapondo tal definição às "faculdades
abstratas" e às meras “expectativas", esclarecendo que a noção de direitos adquiridos
não abrange aqueles consumados mas "aqueles direitos que foram adquiridos, mas não
foram ainda efetuados ou consumados".
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a) é consequência de um fato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo no
qual o fato foi consumado, embora a ocasião de fazê-lo valer não tenha se apresentado
antes da atuação de uma lei nova sobre o mesmo; e que —
b) nos termos d a lei sob cujo império de entabulou o fato do qual se origina,
entrou imediatamente a fazer parte do patrimônio de q u e m o adquiriu".
Assinala que a expressão fato abrange fatos e relações jurídicas, que se referiu a
fato consumado pois se a origem (do fato) "não seja tão perfeita como quereria a lei do
tempo, esta lei não pode ter uma eficácia que a lei posterior deva respeitar" e que
quando fala e m fazer parte do património procurou aclarar que o direito adquirido não
se confunde com "as meras possibilidades ou abstratas faculdades jurídicas, nem as
simples expectativas".
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Os fatos aquisitivos podem ser simples, ou seja, quando se consumam
instantaneamente, sem sucessividade e complexos, como o usucapião que pressupõe a
prática de vários atos dentro de u m lapso temporal, ou no caso da sucessão
testamentária quando há o testamento de u m lado e a aceitação do herdeiro de outro e,
finalmente, quando ao ato deva se incorporar evento cuja verificação está fora do poder
do pretenso detentor, como as transmissões unilaterais sob condição.
Cabe indagar dentro deste contexto se a lei nova se projeta às partes ainda
inatingidas pelo fato aquisitivo complexo, advertindo Gabba não ser possível fixar
critério absoluto pois apenas c o m alguns casos o direito e m decurso se verifica,
ficando a consumação sujeita à presença ou não de característica idônea, entendido c o
m o tal que o fato não verificado seja infalível, que o que falta para aperfeiçoar a
transmissão não dependa de quem tenha o interesse contrariado pelo fato e que a
aquisição que se transmude e m complementação do fato tenha a sua raiz e m u m
direito anteriormente adquirido.
Afora tais situações, o que se tem é uma mera expectativa de direito. No final de
sua obra Gabba examina a extensão do direito adquirido sob os ângulos dos efeitos e
consequências, as formas e m o d o s de execução e de garantias do m e s m o e a
duração no tempo.
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1. " A base fundamental da ciência do conflito das leis no tempo é a distinção
entre o efeito retroativo e o efeito imediato da lei."
4. " O intérprete só pode conceder efeito retroativo face à lei expressa. E m caso
da existência de u m decreto concedendo efeito retroativo, deverá ser anulado por
violação de lei (art. 2® do Código Civil Francês). Se tal espécie de norma previr a
aplicação imediata, o comando deve prevalecer.”
5. “Para distinguir efeito retroativo do efeito imediato deve ser entendida a noção
de situação jurídica (por exemplo, de proprietário, de comprador, d e herdeiro, etc....)
que e não se realizam de imediato, m a s se desenvolvem no tempo. Deste modo a lei
pode atingir partes anteriores (efeito retroativo) ou partes posteriores (efeito imediato).
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factos que a lei se destina a regular. Face aos dispostos no artigo já referenciado, fica
claro que no direito civil a lei só dispõe para o futuro, isto é, a Lei não se aplica a factos
anteriores à sua vigência.
Antes, porém, importa referir que, pela sua natureza de direito de última ratio,
susceptível de limitar o direito fundamental à liberdade, deve-se ter em conta, princípios
gerais da aplicação da lei no tempo. Desde logo, o princípio da não retroactividade da
lei, segundo o qual a lei só dispõe para o futuro, isto é, a Lei não se aplica a factos
anteriores à sua vigência.
Todavia, e novamente pela natureza intrínseca do direito penal no que diz respeito
à limitação da liberdade, admite-se, em certos casos, a aplicação retractiva da lei penal
que funcione in bonan parte, isto é, tratando-se de normas incriminadoras e
sancionatórias, o princípio que impera é o da retroactividade da lei penal, sempre que a
lei antiga se mostrar mais favorável ao agente do crime.
Ora, o CPA acolhe e densifica os princípios acima referidos nos seus artigos 1.º e
2.º, numa clara afirmação da sua importância em todo direito penal substantivo. Assim e
para o caso em análise, importa trazer aqui o que dispõem o artigo 2.º do CPA:
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aplica-se o regime que concretamente se mostrar mais favorável ao agente. Se tiver
havido condenação, ainda que transita em julgado, cessam a execução e os seus efeitos
penais logo que a parte da pena se encontrar cumprida atinja o limite máximo da pena
prevista
na lei posterior. (Negritado Nosso).
3. Quando o facto deixar de ser crime por força da lei posterior, a sentença
condenatória, ainda que transitada em julgado, não se executa ou, se já tiver começado a
ser executada, cessa imediatamente todos os seus efeitos.
4. O facto praticado durante a vigência de uma lei que vigore apenas por
um período determinado, ou para vigorar durante um período de emergência é julgado
nos termos da lei, salvo se a lei posterior dispuser de forma diferente.
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formas de processo, modelos de prática de actos, prazos e até mesmo garantias
processuais.
Assim, resulta da análise das disposições do art.º 4.º do C.P.P.A. que, embora a
regra seja a da proibição da retroactividade da lei processual penal, as excepções das
alíneas a) e b), do n.º 2, do já referido artigo, obrigam a aplicação da lei antiga, isto é, a
aplicação da lei revogada.
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CONCLUSÃO
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Bibliografia
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