01 - Análise de investimentos no setor público
01 - Análise de investimentos no setor público
01 - Análise de investimentos no setor público
Conceituação de investimentos no setor público, por meio de parcerias com o setor privado e avaliação de financiamentos específicos
(project finance).
PROPÓSITO
Compreender a relação entre o project finance e sua consequente viabilização jurídico-econômica, por meio da criação de uma sociedade de
propósito específico (SPE), bem como as relações que envolvem os setores público e privado em suas parcerias (PPP).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
Veremos as modalidades de parcerias do Estado com a iniciativa privada por meio de parcerias público-privadas. Nesse âmbito,
abordaremos a criação de sociedades de propósito específico, assim como a modalidade de financiamento do tipo project finance, visando
segregar o negócio relativo ao projeto dos instrumentos corporativos tradicionais de captação das companhias (ações, debêntures etc.)
MÓDULO 1
Project finance é geralmente vinculado a projetos de investimento nas áreas de infraestrutura, como ferrovias, telecomunicações, portos. No
Brasil, o project finance já é uma realidade, e sua utilização deverá ser crescente nos próximos anos. Trata-se de uma modalidade adequada
ao uso intensivo de capital, mesclando capital de terceiros, patrocinadores e acionistas. O projeto funciona como uma unidade econômica
independente e autossustentável.
As operações têm como garantia o fluxo de caixa do empreendimento, sendo independentes dos ativos pertencentes aos investidores.
Para que isso seja possível, existe a necessidade de segregar os ativos e as operações do projeto dos ativos e operações da empresa
original. Por essa razão, essas operações são comumente conhecidas no mercado como financiamentos fora do balanço ou off
balance sheet. Como as garantias apenas se baseiam nos projetos, seus ativos e receitas também podem ser denominadas como fonte de
recursos limitada.
Patrocinadores
São grupos econômicos ou empresas responsáveis pela criação do empreendimento. Os patrocinadores devem ter expertise na área de
atuação do projeto, no sentido de garantir o eficiente funcionamento dele.
Agentes financiadores
São bancos comerciais e bancos de fomento (nacionais ou internacionais), como o Banco Mundial, BID, BNDES, entre outros.
Compradores
São indivíduos ou instituições que se obrigam a adquirir, por meio de um contrato, uma quantidade mínima de produção ou fornecimento da
SPE, de forma a garantir o equilíbrio econômico-financeiro.
Antes de se iniciar a implantação do empreendimento, os patrocinadores devem realizar um amplo trabalho de engenharia, para
avaliar os processos tecnológicos e o projeto proposto. Se o projeto for novo, devem ser construídas unidades-piloto para testar a
viabilidade do projeto em escala normal. O projeto deve prever espaço para expansões futuras, além da capacidade inicial. Deve ser feito um
trabalho de avaliação do impacto ambiental, no sentido de garantir a viabilidade do empreendimento.
É comum a contratação de especialistas externos, como exigência dos credores de longo prazo, para afiançar a viabilidade técnica, o
cumprimento do cronograma, a capacidade das instalações e as estimativas de custos de construção.
A questão fundamental que se impõe na avaliação econômica de um project finance é o valor presente líquido (VPL) do fluxo de caixa do
projeto.
A partir de um custo de oportunidade determinado para o empreendimento específico, faz-se um desconto a valor presente desse fluxo de
caixa. Se o resultado for positivo, o projeto é viável. Se negativo, não.
Para viabilizar economicamente um project finance, deve haver uma geração de caixa estável e com boa previsibilidade. Os recursos devem
ser muitos para cumprir com os compromissos de custos operacionais, as obrigações dos empréstimos contratados, bem como o retorno de
capital exigido pelos atores do empreendimento. O fluxo de caixa é a garantia do financiamento. O fluxo de caixa também deve ser suficiente
para oscilações das taxas de juros, que aumentam o custo de oportunidade do investimento. Outras variáveis, como oscilações de
cronograma e aumento nos custos operacionais, devem ser supridas pelo fluxo de caixa.
PROJECT FINANCE E O FINANCIAMENTO DIRETO
CONVENCIONAL
Observe as características e principais diferenças entre o financiamento direto e um project finance:
Com relação ao risco, os credores têm absoluto direito de O direito de regresso dos credores é limitado. A
regresso junto ao patrocinador do projeto. Os riscos são exposição financeira dos credores é específica do
diversificados por meio da carteira. Alguns riscos podem ser projeto. As cláusulas contratuais podem redistribuir
mitigados por meio de contratos de seguro, por exemplo. riscos.
O financiamento pode ser estruturado de maneira simples. Envolve maior número de informações no
financiamento.
A decisão entre reinvestir lucro ou distribuir dividendos é tomada A decisão de reinvestir o lucro ou distribuir
diretamente pela gestão da companhia. dividendos é limitada.
Em casos de insolvência, os credores têm o benefício de toda a Os credores, para receberem os juros, valem-se de
carteira de ativos do patrocinador. um ou mais ativos específicos.
RISCO DE CONCLUSÃO
Refere-se à hipótese de que o projeto não venha a ser efetivado. Há uma vertente monetária e outra técnica. A monetária diz respeito à
instabilidade dos custos projetados e ao aumento das taxas de juros e de inflação. A técnica se refere, por exemplo, ao fato de que uma
planta piloto tenha se mostrado eficiente, mas a operação em escala normal, não. Outra forma seria a inadequação dos equipamentos às
condições inicialmente previstas nos contratos.
RISCO TECNOLÓGICO
Refere-se ao aparato tecnológico não apresentar desempenho de acordo com as especificações, ou se tornar prematuramente obsoleto. O
elemento de risco se enquadra mais corretamente no risco de conclusão.
RISCO ECONÔMICO
Ocorre quando a demanda pelos produtos ou serviços do projeto não é suficiente para produzir a receita necessária para cobrir os custos
operacionais e o serviço da dívida do projeto, mas oferece uma taxa de retorno justa aos empreendedores.
RISCO POLÍTICO
Envolve a possibilidade de as autoridades políticas interferirem na viabilidade econômica do projeto, por exemplo, por meio do aumento
excessivo da carga tributária, decretação de pacotes econômicos etc.
RISCO FINANCEIRO
Aborda a possibilidade de uma parcela significativa do financiamento da dívida de um projeto consistir em dívida com taxas de juros
flutuantes. Há um risco de que as taxas de juros crescentes possam pôr em perigo a capacidade de o projeto atender o serviço de sua dívida.
COMO NEUTRALIZAR OS RISCOS
A estrutura do project finance é garantida por uma rede de contratos, que disciplinam as relações de todos os participantes do processo e
que possuem cláusulas específicas que garantem a cobertura dos eventos anteriormente citados.
Conforme dito anteriormente, a garantia dos sócios deve ser o último elemento a ser considerado para a cobertura desses riscos, pois, do
contrário, a principal característica do project finance (ou seja, sua autossustentação) fica completamente desvirtuada.
Imagem: Shutterstock.com
MODALIDADES DE CONTRATOS DE COMPRA
TAKE IF OFFERED
Significa leve se oferecido. O consumidor da SPE só está obrigado a adquirir o que a empresa efetivamente estiver apta a produzir
(está vinculado diretamente à aquisição do produto, ou serviço em espécie). Caso haja a interrupção das atividades da SPE por
qualquer motivo, seu nível de geração de caixa fica comprometido. Nessa situação, a capacidade de pagamento dos empréstimos deve ser
feita por meio de outros arranjos de garantia.
TAKE OR PAY
Significa leve ou pague. Dá ao comprador a opção de pagar pelos produtos ou serviços do projeto, independentemente de recebê-
los ou não. Por exemplo, uma unidade industrial adquire 50MW de uma central de cogeração, construída sob o regime de project finance.
Mesmo em momentos de desaquecimento econômico, quando a unidade opera com maior ociosidade (ou seja, seu funcionamento ocorre em
níveis inferiores de sua capacidade instalada), ela terá que efetuar o pagamento referente à aquisição dos 50MW, usando-os ou não. No
entanto, na situação contrária, em que a central de cogeração não possua capacidade suficiente para atender a indústria, gerando apenas
20MW, ela receberá apenas pelo montante produzido. Dentro desses cenários, um contrato take or pay também não oferece garantia plena
ao credor, que tem de procurar outros mecanismos de proteção.
CONTRATO THROUGHPUT
Característico, principalmente, de projetos que envolvam transporte de insumos (exemplo: gasodutos, oleodutos). Para esses serviços,
são desembolsados os montantes suficientes para o pagamento das despesas operacionais do projeto, bem como o serviço da dívida.
Sem dúvida, seria a única forma de garantir plena segurança ao credor, pois os níveis de geração de caixa do projeto manter-se-iam estáveis
sob quaisquer circunstâncias.
ATENÇÃO
Apesar de não oferecer uma cobertura completa, o modelo mais usual de contrato têm sido o take or pay (talvez pelo fato de não imputar um
risco também para o comprador dos produtos e serviços).
Conforme visto anteriormente, a SPE, na maioria das vezes, será penalizada por seu consumidor se não possuir um nível de produtividade
adequado. Um dos principais itens que podem impactar as atividades é sem dúvida o fornecimento de matérias-primas. Para que
esse fluxo não seja interrompido, o fornecedor estabelece com a empresa um acordo de fornecimento de insumos, especificando as
quantidades, características e condições de preços. Se qualquer dessas condições for descumprida, o fornecedor será obrigado a indenizar a
SPE.
PROJECT FINANCE
O especialista Isaac Benjó Neto fala sobre a importância do project finance para os investimentos no país:
ARRANJOS DE GARANTIA RELATIVOS À CONCLUSÃO
Durante a fase de implementação do projeto, seus patrocinadores devem fornecer aos credores uma garantia de que ele será
concluído no prazo especificado. Caso algum evento comprometa o cronograma inicial, os patrocinadores se obrigam a liquidar toda a
dívida contratada no mesmo momento. Após passado o período pré-operacional, tais garantias ficam liberadas.
COBERTURAS TRADICIONAIS
No que se refere a danos materiais tanto na unidade produtora quanto em seus equipamentos.
CONTROLE DOS RECURSOS NA SPE
Durante os períodos de amortização de dívida, os recursos gerados pela SPE são centralizados em uma escrow accounting, ou seja, uma
espécie de conta-corrente administrada por um agente fiduciário que verifica a utilização desses recursos, bem como a sua
adequada remuneração que, de modo geral, deve ser proveniente de aplicações conservadoras.
De modo geral, a metodologia mais utilizada é a definição da taxa interna de retorno (TIR), para determinar tanto os níveis de rentabilidade
do projeto como a rentabilidade para o investidor.
Isso ocorre porque a concessão de crédito não é feita com base nos acionistas, mas na capacidade de financiamento do projeto.
O project finance permite, aos investidores que operam no mesmo segmento de atuação, a construção de uma unidade de grande
porte, sem a necessidade de realizar um processo de associação formal (via fusão e aquisição, por exemplo), sem comprometer a
situação patrimonial dos grupos dos quais fazem parte por meio da contratação de maiores volumes de endividamento.
Compartilhamento de riscos
Nesse tipo de operação, os riscos não ficam por conta, apenas, dos patrocinadores do projeto, podendo ser alocados aos demais
elementos, por exemplo, compradores e fornecedores.
Complexidade da estrutura
Caracterizada, basicamente, pelo forte embasamento jurídico, em função da necessidade de elaboração de uma rede de contratos,
que são a base da garantia do projeto.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Corporate finance
B) Financiamento internacional
C) Recessão
D) Project finance
E) Enterprise
D) Gerar juros.
E) Gerar expectativas.
GABARITO
1. Com a necessidade de obtenção de garantia aos patrocinadores de companhias (acionistas) visando à viabilidade dos
empreendimentos, surgiu a modalidade:
O project finance é uma modalidade de financiamento de projetos que vincula o risco do negócio ao risco do empreendimento, reduzindo a
interferência de passivos da companhia.
Em um project finance, a garantia do negócio é derivada do fluxo de caixa do empreendimento, atuando de forma autônoma e independente
da estrutura corporativa da companhia financiadora.
MÓDULO 2
As parcerias público-privadas utilizadas nos projetos de infraestruturas e serviços públicos são motivadas pela escassez de recursos
financeiros por parte das entidades públicas.
Cabe ao Estado o fornecimento de serviços públicos como saúde, educação, assistência social à população do país, além da
construção de infraestrutura básica como estradas, pontes, ferrovias. Normalmente, tais projetos não são rentáveis sob o ponto de vista
financeiro, mas trazem benefícios à sociedade, como melhoria das condições de saúde, do nível de educação e de acessibilidade entre
localidades.
ATENÇÃO
O modelo PPP não deve ser encarado como uma opção mais fácil para realizar a construção de infraestrutura, ou serviço de determinado
projeto, mas como a forma alternativa de realização de investimentos que a administração pública não conseguiria realizar.
As PPP são contratos, em geral, de longa duração, em que a entidade privada tem o dever de prestar um serviço público. Essa
parceria surge da capacidade do setor público de captar recursos do setor privado para projetos que antes só dependiam do Estado.
As PPP envolvem transferência e partilha de responsabilidades e riscos financeiros entre as entidades públicas e privadas. A melhoria do
serviço público só ocorrerá, dada a escassez dos recursos públicos, se forem partilhados os riscos existentes nos programas públicos. As
PPP podem aumentar a eficácia dos serviços públicos.
Elas são uma oportunidade de o Estado desenvolver diversas infraestruturas sem onerar a dívida pública e, ao mesmo tempo, permitem uma
diluição do respectivo esforço financeiro inerente às elevadas despesas de capital dos projetos de infraestrutura.
Foto: Shutterstock.com
As PPP compõem uma modalidade que surgiu, no Brasil, como novo instrumento de financiamento em infraestrutura, por meio da Lei 11.079,
aprovada pelo Congresso Nacional, em 30 de dezembro de 2004, que criou as normas que norteiam a divisão de riscos e eficiências entre o
setor público e o setor privado. Há riscos mais facilmente absorvíveis pelo setor público, uma vez que são repartidos por toda a sociedade. O
setor privado, porém, tende a ser mais empreendedor e mais eficiente. Por questões de limitações orçamentárias, os investimentos elegíveis
para as PPP não são realizados isoladamente pelo setor público, nem pelo setor privado.
Os investimentos financiados pelas PPP diferem dos da obra pública típica, pois o setor público só paga ao setor privado quando o
serviço está concluído e disponibilizado. Assim, passa a existir uma relação muito importante de cobrança do setor privado por parte do
setor público.
O setor privado é pago enquanto estiver mantendo os padrões de qualidade esperados. No final do prazo contratualmente estipulado, os
bens são devolvidos ao Estado (bens reversíveis).
Esse modelo de contratação com a Administração Pública foi adotado primeiramente na Inglaterra, em meados da década de 1990. Em
seguida, vieram outros como Portugal, Holanda, Irlanda, África do Sul, Canadá; e países da América Latina, como Chile e México.
Há, no Brasil, o Comitê Gestor (CGP), órgão federal responsável pelas PPP, regulado pelo Decreto 5.385, de 4 de março de 2005, e
semelhante a outros órgãos de gestão colegiada existentes no Executivo brasileiro. As decisões tomadas por ele serão sempre por
unanimidade e impedem que haja contestações nos escalões inferiores do serviço público.
RESPOSTA
Os projetos somente serão classificáveis como PPP se não forem autossustentáveis e exigirem, necessariamente, o aporte total ou parcial de
recursos orçamentários públicos, cujos pagamentos serão feitos exclusivamente em função do atendimento de indicadores acordados e
contratados entre as partes (covenants).
AS CATEGORIAS DAS PPP
As PPP se dividem em duas categorias: a concessão patrocinada e a concessão administrativa.
Patrocinada
Cabe ao agente privado arcar com os custos de construção e implementação do empreendimento, e ao setor público cobrar a tarifa capaz de
cobrir os custos operacionais e de manutenção; a amortização do investimento; e a taxa de retorno do negócio.
Administrativa
O agente particular constrói e administra o empreendimento. O setor público remunera o empreendimento sem cobrança de tarifa. O exemplo
típico são os presídios construídos e administrados por particulares.
ATENÇÃO
Essas duas modalidades não esgotam as concessões existentes no país. Há ainda, além das PPP, as modalidades tradicionais. Uma delas,
tida como concessão comum, tem por base as receitas autossuficientes e sem a contrapartida do Estado. A outra é a concessão comum com
a contrapartida do Estado.
FUNÇÕES DA PPP
O contrato de PPP será sempre executado por uma sociedade de propósito específico (SPE), constituída pelos vencedores da licitação e
contratada pela Administração Pública.
Canalizar recursos privados para investimentos em infraestrutura que são básicos para o desenvolvimento do país.
Aumentar a eficiência do Estado na prestação de serviços ao permitir o melhor emprego dos recursos públicos.
O investimento (público e/ou privado) é crucial para o crescimento de longo prazo de um país.
O aumento da estrutura produtiva do país permite o crescimento da produção de bens e serviços (do produto interno bruto, PIB) de modo
mais produtivo e sustentado. Quando são criadas as condições para que sejam viáveis os investimentos públicos em infraestrutura, aumenta-
se a possibilidade de maior produção de bens e serviços no futuro.
Historicamente, tem sido observada a existência de uma correlação direta entre investimentos públicos em infraestrutura e a elevação das
taxas de crescimento econômico. Na década de 1980, após a segunda crise do petróleo, em 1979, o Brasil registrou decréscimo nos
investimentos que comprometeram o crescimento econômico. No período seguinte, a solução foram as privatizações, principalmente de
setores que eram autossustentáveis, a exemplo das telecomunicações.
SAIBA MAIS
Há diversos investimentos públicos que não são autossustentáveis, mas que interessam ao Estado, pois o retorno econômico e social
consequente excede o que é obtido pelo setor privado, uma vez que ocasionam externalidades positivas para a sociedade. É o caso de
estradas não muito transitáveis, mas que podem facilitar o acesso a regiões isoladas, que serão desenvolvidas economicamente e
socialmente.
Imagem: Shutterstock.com
Como as contratações das PPP ocorrem via licitações reguladas pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, o ambiente de competitividade fica
garantido trazendo vantagens econômicas nos contratos firmados, pois, geralmente, a empresa mais eficiente será a contratada. A qualidade
dos serviços a serem prestados fica também garantida pelo art. 6º, parágrafo único, da Lei 11.079, de 30 de dezembro de 2004, que permite
a remuneração variável no contrato de PPP, ou seja, no contrato é permitido vincular a remuneração ao parceiro privado à qualidade do
serviço prestado. Pelo art. 7º da lei, é possível condicionar o pagamento ao término do serviço contratado pelo Estado.
Custos de transação
No caso das PPP, são os custos relacionados à preparação e licitação de cada projeto e tendem a ser elevados, pela complexidade dos
projetos.
Custos de agências
São as despesas do Estado para fiscalizar as atividades do parceiro privado. O Estado deve se esforçar para evitar os aumentos artificiais
dos preços praticados pelo parceiro privado, para não transferir os ganhos de eficiência da execução da PPP.
AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
O especialista Isaac Benjó Neto fala sobre as categorias, as funções, os benefícios econômicos e os custos econômicos das PPP:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Estabeleceu as normas para repartição de riscos e eficiências entre os setores público e privado.
B) Determinou que as eficiências são iguais, entre o setor público e privado, dado que os riscos também são iguais em ambos os setores.
C) Observou que há mais riscos no setor público do que no privado, pois as despesas no setor público decrescem menos que no setor
privado.
D) Estabeleceu que o setor privado tende a ser mais empreendedor do que o setor público, pois este arca com os custos sociais.
E) Determinou que as obras públicas têm que ser administradas pelos parceiros privados.
2. ASSINALE QUAL DAS OPÇÕES A SEGUIR CORRESPONDE AO CONTEXTO QUE JUSTIFICA A EXISTÊNCIA
DE PPP:
B) Quando o setor privado por si só não conseguir ser um empreendedor de obras de infraestrutura.
GABARITO
Os riscos e as eficiências variam em cada um dos empreendimentos, portanto, a lei só pode determinar os critérios a serem adotados nas
avaliações, ou seja, nas determinações dos riscos e eficiências.
2. Assinale qual das opções a seguir corresponde ao contexto que justifica a existência de PPP:
MÓDULO 3
Para ser considerada como SPE, uma sociedade deve ter objeto social específico e prazo determinado que limite sua existência ao
cumprimento do objeto, além de ser necessário incluir em sua denominação o termo SPE.
A SPE pode ser uma sociedade simples, em nome coletivo, comandita simples, limitada, ou comandita por ações. O que a faz ser diferente é
o seu objeto social voltado para uma atividade específica.
Ela é denominada de SPE por segregar recursos específicos de seus sócios, sendo certo que ela não será utilizada para celebrar
qualquer outro negócio jurídico que não seja aquele para o qual foi criada. Esse aspecto acarreta inúmeras vantagens para seus
controladores e para aqueles que se relacionam com a SPE, como credores e a própria administração pública.
Por causa da especificidade do seu negócio, a SPE não se destina a desenvolver uma vida social própria, mas um projeto ou uma simples
etapa de um projeto, e cumprido este, pode ocorrer sua extinção, ou a exclusão das características de SPE, e a sociedade passar a operar
sem o enquadramento em tal modalidade.
SAIBA MAIS
No Brasil, as SPEs foram inspiradas no conceito norte-americano de joint venture, e seu uso foi propagado no final da década de 1990, a
partir da falência, decretada em 1999, da Construtora Encol.
Na ocasião, muitas construções eram executadas por meio de uma só sociedade e, com a falência da construtora, mais de 42 mil famílias
foram afetadas, o que estimulou a busca por mais proteção aos adquirentes e investidores desse ramo. O risco do negócio se confundia com
o risco da companhia. Desde então, tornou-se uma tendência, entre as grandes construtoras, constituírem uma SPE para cada
empreendimento realizado, pois, diferentemente de como as construções eram realizadas na época da falência da Construtora Encol, a partir
da personalidade jurídica adquirida por meio do uso da SPE, cada empreendimento passou a possuir sua própria organização societária,
contábil, financeira e patrimonial.
Atualmente, no Brasil, as SPEs são usadas majoritariamente por grandes construtoras e incorporadoras que constituem sociedades cujo
objeto social é a execução de determinado empreendimento imobiliário e o prazo de duração é o tempo necessário para a realização do
empreendimento, portanto, determinado. Lembre-se de que o prazo de duração de uma sociedade anônima é ilimitado.
O uso das SPEs tem tamanha relevância nesse ramo, que, muitas vezes, as instituições financeiras exigem a contratação do financiamento
para a construção diretamente com uma SPE, obrigando, assim, as construtoras a constituírem sociedade nesse formato.
VANTAGENS DA SPE
Conforme dito anteriormente, é comum criar uma SPE para cada empreendimento, não necessariamente imobiliário. Isso proporciona mais
autonomia patrimonial e uma grande vantagem administrativa, pois se torna mais fácil e menos oneroso monitorar toda a entrada e saída de
caixa de cada um deles, isolando-os do ativo das sócias e da sociedade controladora do grupo econômico, caso não coincidam.
É importante ressaltar que, mesmo tratando o fluxo de capital da SPE de forma isolada, as sócias não deixam de ser responsabilizadas por
eventuais prejuízos, caso, por exemplo, ocorra a desconsideração da personalidade jurídica da SPE, quando se afasta a autonomia
patrimonial da sociedade para buscar a satisfação de um crédito por meio dos sócios. Caso a SPE deixe de cumprir determinada obrigação,
é importante que as sócias, por meio da sociedade controladora do grupo, se for o caso, aloquem recursos para sanar o problema.
Outra importante vantagem da SPE é a de facilitar a fiscalização do governo sobre obras públicas realizadas a partir de licitações. A
criação de uma SPE é comum por parte da sociedade vencedora de um processo de licitação para obras públicas, a fim de isolar as
atividades relativas ao setor público daquelas que não se relacionam com tais atividades, facilitando, assim, o controle e a fiscalização de
recursos tanto para o poder público quanto para a sociedade em questão.
ATENÇÃO
Nesse sentido, ressalta-se que a constituição de uma SPE, inclusive, é obrigatória para gerir o contrato de uma parceria público-privada
(PPP), pelo que consta no artigo 9º da Lei 11.079/2004. Além das vantagens já mencionadas, o uso de SPEs tem grande importância para
recuperação judicial de empresas, a partir da previsão na Lei de Falências e Recuperação de Empresas.
A SPE é um fenômeno que se tornou comum no país há pouco mais de duas décadas. Anteriormente, porém, já existiam conceitos que
limitavam o objeto social de forma similar. Entre tais conceitos, pode-se citar o de joint venture (da qual a SPE se aproxima em muitos pontos)
e do consórcio.
EXEMPLO
A vantagem na utilização desse sistema pode ser exemplificado da seguinte maneira: uma incorporadora poderá constituir uma SPE, para
cada empreendimento a ser explorado, e segregar todos os recursos obtidos naquela determinada incorporação, sem que haja uma mescla
de recursos advindos de outros negócios, gerando ganhos de eficiência administrativa, pois seria muito difícil e mais oneroso tomar
conhecimento de todos os valores que ingressam e saem daquele negócio, inviabilizando, por conseguinte, a aferição se o empreendimento
está dando o retorno financeiro esperado.
Joint venture é a união de esforços para exploração de determinado mercado, feita por dois ou mais parceiros que buscam minimizar riscos,
utilizando capital e know-how a que, individualmente, não teriam acesso.
EXEMPLO
É um fenômeno comum, por exemplo, quando sociedades do exterior desejam investir em locais sobre os quais não detêm algum tipo de
conhecimento, e, por isso, buscam aliança com sociedades daquela localidade, minimizando o risco do investimento.
Assim como as SPEs, o acordo joint venture tem, em seu conceito, um objeto social específico, limitado a um único empreendimento/objetivo,
que, em geral, é extinto após seu cumprimento. Entretanto, não são sinônimos: enquanto a SPE possui personalidade jurídica distinta
de seus sócios, a joint venture não possui personalidade jurídica própria.
Apesar de não ter personalidade jurídica propriamente dita, existe a possibilidade de se criar uma sociedade para realização do
empreendimento de joint venture. Nesse caso, a sociedade em questão se enquadraria nos quesitos da formação de uma SPE. A SPE,
portanto, pode ser um meio auxiliar de concretização do investimento de uma joint venture (lembrando que a constituição de tal
SPE é uma opção dos investidores da joint venture).
Apesar da proximidade existente entre a SPE e a joint venture, pois ambas são empregadas como instrumentos de exploração de negócios
específicos, não podemos confundi-las, pois invariavelmente serão utilizadas em situações diversas.
A joint venture não tem previsão em nosso ordenamento jurídico, sendo utilizada para exploração de um mercado, mediante a concentração
de esforços, com vistas à eliminação ou redução de um risco.
Busca-se a agregação de sinergias entre os seus parceiros, para ingressar em um ambiente de negócio específico. Esse novo nicho de
investimento, muitas vezes, necessita de uma tecnologia específica não detida por um dos envolvidos, mas que constitui o know-how do
outro. Este último é atraído para o negócio por não possuir o capital necessário para realizar o investimento ou por não desejar correr o risco
isoladamente.
SPES E OS CONSÓRCIOS
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Assim como em relação às joint ventures, é importante traçar um paralelo entre a criação de SPE e consórcios. O consórcio é a formação
de um grupo de pessoas físicas ou jurídicas, em torno da realização de empreendimentos. Ao contrário das SPEs, e assim como as
joint ventures, não possui personalidade jurídica própria (logo, não se contrata com o consórcio, mas com os seus membros).
Trata-se de fenômeno comumente criado para redução de riscos em grandes empreendimentos e para participação em processos de
licitação, pois, com essa criação, segregam-se os recursos das atividades públicas das privadas, gerando uma vantagem administrativa,
tanto para os consorciados quanto para a fiscalização por parte do poder público sobre o empreendimento, tal como ocorre com as SPEs
utilizadas para esse mesmo fim licitatório.
SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO (SPE)
O especialista Isaac Benjó Neto fala sobre a importância das SPEs:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE UMA COMPANHIA
A constituição de uma SPE pode se revelar um mecanismo eficiente para a recuperação de uma empresa em dificuldade econômico-
financeira, principalmente quando se pretender, por exemplo, a emissão de valores mobiliários ou a realização de securitização de recebíveis.
Assim, a criação de uma SPE como forma de recuperar uma sociedade empresária em dificuldade econômico-financeira é um meio bastante
efetivo, que deverá ser considerado no momento do processo de recuperação judicial ou extrajudicial.
EXEMPLO
A recuperada poderá transmitir bens, valores, recebíveis ou qualquer tipo de crédito que eventualmente possua para a SPE, que poderá
utilizá-los para emissão de valores mobiliários, realização de securitização de recebíveis ou até mesmo para ser objeto de venda no processo
de recuperação, considerando que não haverá sucessão das obrigações.
RELEVÂNCIA DAS SPES
A possibilidade de utilização das SPEs se mostra uma ferramenta societária do direito brasileiro muito importante para um setor atual de
grande importância no cenário nacional: o imobiliário.
Apesar do grande enfoque imobiliário que as SPEs receberam no Brasil graças às suas razões históricas, é importante ressaltar que essa
modalidade de negócio pode ser utilizada por quaisquer outros tipos de objetivos que se enquadrem na previsão mútua de objeto social
específico e prazo de duração vinculado à execução de tal atividade.
Ressalta-se que a constituição de uma SPE pode se revelar um mecanismo eficiente para a recuperação de uma empresa em
dificuldade econômico-financeira, principalmente, quando se pretender, por exemplo, a emissão de valores mobiliários ou a realização de
securitização de recebíveis. A experiência dos recentes processos de recuperação de empresas tem demonstrado certa frequência na
emissão de valores mobiliários no mercado de capitais, como meio de recuperação das empresas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Em caso de descumprimento de obrigação, as sócias não devem alocar recebíveis para saná-lo.
GABARITO
A SPE tem seus direitos subordinados aos patrocinadores e não compromete o patrimônio da companhia que a promove.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, você aprendeu os arranjos corporativos para a estruturação de um project finance. Aprendeu também a estrutura societária
capaz de viabilizar essa modalidade, a parceria público-privada, pela criação de uma sociedade de propósito específico. Com esse
aprendizado, você saberá identificar a fronteira, embora tênue, entre as PPP e os contratos tradicionais.
A PPP permite agilidade nos acertos contratuais e nas práticas comerciais, incluindo relacionamento com investidores, fornecedores,
credores etc. A preponderância de sua autonomia isenta o projeto em foco de se contaminar com riscos corporativos que não lhe pertencem.
A adesão do investidor foca o resultado do fluxo de caixa, transformando os estudos relativos ao projeto em análises econômico-financeiras
específicas.
O project finance não é uma técnica, mas um conjunto de técnicas, conhecidas e já testadas, que devem conviver harmoniosamente e
coordenadas entre si, para que os riscos sejam claramente conhecidos e assumidos por cada um dos participantes, ensejando que o fluxo de
recebíveis garanta o financiamento e a implementação do empreendimento. Ele é adequado para empreendimentos que demonstrem boa
qualidade e previsibilidade de fluxo de caixa, com capacidade de criar valor ao acionista.
Em suma, o project finance é o arranjo financeiro mais dinâmico e moderno para viabilizar estruturas jurídico-societárias. Sua perspectiva de
utilização futura é uma esperança para a implantação de sistemas de modernização do Estado moderno.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BORGES F. X. L. Project finance e Infraestrutura: Descrição e Críticas. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, p.105-122, jun. 2002.
CORREIA, V. C. C. Parcerias público-privadas: análise do Custo-Benefício. 2014. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e finanças) –
Escola Superior de Ciências Empresariais, Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal, 2014.
FINNERTY, J. D. Project finance: Asset-based financial engineering. New York: John Wiley & Sons, 1996.
FIOCCA, D. As PPPs e a infraestrutura. In: CASAGRANDE, H.; ALMEIDA, M. Brasil, tempo de crescer. São Paulo: Lazuli, 2005.
PINTO, M. B. A Função Econômica das PPPs. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Salvador, n. 2, maio/jun./jul. 2005.
EXPLORE+
Leia o livro Project finance no Brasil, de Cláudio Bonomi e Oscar Malvessi. O livro apresenta 14 casos analisados e selecionados pelo seu
pioneirismo e pelas contribuições que trouxeram a essa técnica. Embora cada caso de project finance seja único, algumas soluções utilizadas
poderão inspirar a estruturação de novos empreendimentos.
CONTEUDISTA
Fernando da Silva Santiago
CURRÍCULO LATTES