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JORNALISMO
AULA 2
Olá! Depois do que já discutimos, seguiremos agora com esta aula, que
também será muito legal! Quando iniciamos o processo de nos comunicar?
Como isso afetou o conhecimento das civilizações ao longo do tempo? São
questões que facilmente surgem ao conversarmos sobre história e comunicação.
E é isso que vamos conversar aqui também!
CONTEXTUALIZANDO
PROBLEMATIZAÇÃO
Pesquise
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Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento no tema, leia o artigo “A comunicação
pelo meio (teoria complexa da comunicação)”, de Edgar Morin (2003). Disponível
em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/vie
wFile/3197/2462>. Acesso em: 3 out. 2019.
Fonte: Romarioien/Shutterstock.
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Mas devemos lembrar que um discurso também pode ser contraditório em
relação à realidade. O jornalismo, por exemplo, tem por característica o
papel de investigar e esclarecer as contradições dos discursos produzidos
no mundo, seja pelas religiões, política, ou pelas próprias contradições de
uma sociedade ao longo do tempo.
As contradições ocorrem porque nem sempre o que se diz é o que
acontece; nem sempre um discurso traduz exatamente a realidade, mas sim uma
realidade desejada, idealizada. Trata-se de uma dinâmica própria das
sociedades ao redor do mundo e ao longo do tempo. Os gregos são tidos como
criadores da democracia, mas apenas uma pequena parcela da população tinha
acesso a ela. A Idade Média é conhecida como um período de guerras, violência
e doenças, mas foi também um período de grandes produções artísticas e
científicas. O Brasil é conhecido como o país do futebol e do samba, mas
sabemos que ele é muito mais do que isso.
A produção de discurso é parte do que somos como criaturas sociais, que
precisam se expressar e construir linhas de pensamento para ser
compreendidas pelos outros, pelo mundo. Produzimos discursos para passar a
ideia de quem somos e o que pensamos sobre as coisas. Portanto, temos essa
dinâmica entre a produção do nosso discurso e o discurso dos outros, e como
ambos nos atingem.
“Tudo que nos irrita nos outros pode nos levar a um conhecimento de nós
mesmos.” (Carl Jung)
Saiba mais
Para aprofundar nossa conversa sobre a elaboração de discursos e seus
efeitos, leia o pequeno texto “Propaganda do regime militar”, que nos relembra
algumas músicas usadas para incutir na população brasileira a ideia de
patriotismo: um sentimento que, para os mais diversos fins, pode ser construído
pelas mídias de massa, como televisão, rádio, cinema e, no nosso tempo, redes
sociais. Disponível em: <http://memoriasdaditadura.org.br/generos-e-
programas/propaganda-do-regime-militar/>. Acesso em: 3 out. 2019.
Fonte: Vladgrin/Shutterstock.
Vamos voltar no tempo! Como vimos, desde que estamos neste planeta,
nós nos comunicamos, e fazíamos isso da forma que era possível. No período
pré-histórico, por exemplo, o homem não tinha formas sofisticadas para se
comunicar, não havia escrita, as línguas ainda não estavam desenvolvidas, mas
mesmo assim ele conseguiu se expressar, deixar sua marca na Terra, conseguiu
se comunicar. Ao longo do tempo, as sociedades humanas foram inventando e
diversificando formas cada vez melhores para isso. As antigas civilizações
conseguiram criar sistemas de comunicação que incluíam recursos linguísticos,
visuais, sonoros ou escritos, a fim de transmitir suas crenças e valores, mas
também com o propósito de se perpetuar no tempo. E muitos conseguiram!
A seguir, vamos verificar algumas das mídias básicas de comunicação,
desenvolvidas ao longo de séculos de evolução tecnológica, que nos permitiu
chegar ao ponto em que nos encontramos hoje. Sim, ao falarmos de avanços na
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comunicação, estamos falando de tecnologia da comunicação. Uma escultura é
arte, mas também é uma tecnologia comunicacional, assim como um
pergaminho, uma pirâmide ou uma catedral medieval. São tecnologias que
permitiram comunicar as tradições e os valores de uma sociedade, em um
determinado tempo e lugar.
Fonte: Moriz/Shutterstock.
Saiba mais
Assista à entrevista da professora e vice presidente da Intercom, Marialva
Barbosa, falando sobre a história da comunicação no mundo e no Brasil.
<https://www.youtube.com/watch?v=7vhXckCQgMg>. Acesso em: 4 out. 2019.
Quando Peter Burke e Asa Briggs comentam, no livro Uma história social
da mídia (2006), sobre as antigas formas de comunicação, sempre teremos o
elemento humano presente. O processo comunicacional esteve atrelado ao
deslocamento de pessoas até o surgimento do telégrafo, no século XIX. Essa
mídia permitiu que as mensagens se deslocassem no lugar das pessoas.
Pensemos juntos: a comunicação física nunca desapareceu. Apesar de
toda a tecnologia da Era Digital, ainda precisamos dos encontros presenciais em
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várias ocasiões. Somos seres sociais! Dificilmente vamos extinguir
definitivamente essa prática.
Uma das mais antigas atividades humanas foi a grande colaboradora do
processo comunicacional e envolvia o encontro entre pessoas: o comércio. Essa
atividade foi desenvolvida em todo o planeta e sempre envolvia coletividade,
pessoas que se encontravam para trocar mercadorias. E nessas trocas também
havia um intercâmbio; culturas distantes se encontravam e dividiam
experiências, costumes, valores etc. Isso já era uma forma de comunicação.
Fonte: Kalapangha/Shutterstock.
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A passagem do manuscrito para o impresso trouxe uma
democratização do acesso ao conhecimento. Se antes do século XV o
conhecimento estava principalmente nas mãos da Igreja Católica de Roma e da
alta nobreza, com os impressos houve um maior acesso ao grande público.
Somemos a isso o processo de alfabetização que ocorre na Era Moderna. Agora,
vamos pensar: será que mais pessoas com acesso à informação trarão mais
consequências aos processos comunicativos? Sim!
Podemos ver aqui algumas das consequências vindas do acesso à
informação pela comunicação escrita. Ainda em um período próximo à invenção
da prensa gráfica, teremos um movimento de revisão das escrituras da Bíblia,
fruto de novas interpretações vindas do protestantismo de Calvino e Lutero, cujas
consequências culminarão no movimento chamado “Reforma”. A Igreja Católica
irá reagir a esse movimento, levando tanto a Europa quanto a América ao que
se chamou de “Contrarreforma”, que ocorre principalmente nos séculos XV e
XVI.
Outras consequências da informação escrita também podem ser notadas
no campo da política. A partir do século XVIII, com o Iluminismo, várias ideias
que confrontavam os regimes monárquicos totalitários da Europa foram
publicadas em livros, espalhando-se pela Europa e pelo mundo.
Saiba mais
Leia o artigo “A cibercultura como território recombinante”, de André
Lemos, disponível em: <https://agenciapillares.wordpress.com/2011/06/10/a-
cibercultura-como-territorio-recombinante-por-andre-lemos/>. Acesso em: 4 out.
2019.
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Podemos pensar neste mecanismo durante muitos séculos. Mesmo após
a chegada dos livros manuscritos e da prensa gráfica – como vimos na
comunicação escrita – a comunicação oral se mantém como uma forma de
assimilar e transmitir conhecimento, utilizada pela maioria das pessoas ao redor
do planeta. Lembremos que o processo da alfabetização das populações
decorreu de forma lenta e irregular. Cada civilização desenvolve esse processo
em ambientes mais ou menos hostis a tal processo. Houve historicamente um
conflito entre as relações de poder e o processo de letramento, pois o primeiro
era ameaçado pelo segundo, o que de fato ocorreu conforme vimos com o
processo da contrarreforma e as guerras pela independência americana e
francesa, que tiveram uma grande colaboração da ideologia iluminista publicada
em livros, além das próprias questões sociopolíticas de cada lugar citado.
E sobre a comunicação visual, onde você acha que ela ocorre? Muito
provavelmente, dentre sobre as quais estamos conversando aqui, esta seja a
mais utilizada e uma das que as sociedades utilizam há mais tempo! E é fácil
chegarmos a esta conclusão: tentemos nos lembrar de quantas imagens já
vimos, e que foram produzidas por diferentes civilizações, em diferentes lugares
e em diferentes épocas. Mesmo antes de sequer pensar em uma linguagem
elaborada, os povos ao redor do planeta já percebiam que com o uso de imagens
seria possível transmitir uma ideia. As imagens possuem o poder de serem
compreendidas por qualquer civilização, sem as barreiras culturais que a
linguagem impõe.
Crédito: buteo/Shutterstock.
Lembra-se do dito popular de que “uma imagem fale por mil palavras”?
Pois é, a partir desta nossa conversa ele faz bastante sentido, não é? Os
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primeiros grandes impérios da Antiguidade já tinham percebido isso. O império
de Dario, há 2.500 anos, estendia-se do Mediterrâneo, a Oeste, até a Índia, a
Leste. Este governou milhares de pessoas de aproximadamente vinte nações
diferentes, porém ele não teria como estar constantemente presente em todos
estes locais. Como superar as barreiras de tantas línguas diferentes entre os
povos dominados? A solução encontrada por Dario foi utilizar a comunicação
visual, a qual lhe possibilitou superar os obstáculos da linguagem.
Os representantes dos mais distantes povos dominados, ao andarem
pelas escadarias do templo de Dario, na cidade de Persépolis, veriam uma série
de imagens esculpidas em alto relevo, que passavam a mensagem do grande
líder soberano. Podemos ver o exemplo de Dario em diversas épocas ao longo
do tempo, inclusive em campanhas políticas de hoje.
Crédito: nicolasdecorte/Shutterstock.
Vídeo
Assista a How Art Made the World, série produzida pela BBC, episódio 3,
“The art of persuasion”.
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E o que seria uma comunicação multimídia? O próprio termo já nos ajuda:
multimídia significa múltiplas mídias ocorrendo simultaneamente. Existe uma
tendência a considerarmos o termo ligado a um período mais contemporâneo,
ligado à informática e à internet. O conceito se torna popular durante o final do
século XX com novas tecnologias que permitiram o consumo simultâneo de
imagens, fotos, texto e áudio por meio de computadores. No final dos anos 1990
tornaram-se os chamados kits multimídia: era realizada a instalação, nos
computadores, de um par de caixas de som, um microfone, uma placa de áudio
e um drive de CD-ROM (um leitor de CDs).
No entanto, se pensarmos a partir do que discutimos anteriormente,
podemos concordar que, ao combinarmos as diferentes mídias, também teremos
multimídia – pois em nosso dia a dia utilizamos múltiplos meios para nos
comunicarmos: quando falamos, geralmente gesticulamos – o que significa
utilizar a comunicação oral e a visual ou seja, temos aí uma comunicação física.
Vemos ao longo do tempo vários exemplos de comunicação multimídia
utilizados para garantir maior sucesso na transmissão de mensagens. A Igreja
é, tradicionalmente, uma das instituições que mais utilizou a comunicação
multimídia no Ocidente. Vamos relembrar exemplos já discutidos: ao entrarmos
em uma igreja somos bombardeados por vários tipos de comunicação. Durante
uma missa temos comunicação oral, vinda pelo sermão do padre e pelos
cânticos entoados pelos fiéis; há comunicação visual na decoração do interior da
igreja e nas vestes do padre; e temos comunicação escrita nas escrituras que
compõem a decoração do espaço, nos materiais impressos lidos durante a
própria missa. Enfim, pelos exemplos podemos perceber que o conceito de
multimídia é muito anterior à década de 1990.
A partir do início do século XX, teremos as mídias de massa, que trarão
mais formas de se comunicar, e para um público cada vez maior. As novas
tecnologias surgidas no final do mesmo século trouxeram mais (e novas)
possibilidades de interação e consumo de informação por canais variados, e
vamos estudar sobre isso em breve. Até lá!
Sugestão de leitura
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. (cap. 1)
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TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
SÍNTESE
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REFERÊNCIAS
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