DEFICIENCIA AUDITIVA CONCEITOS

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

EDUCAÇÃO

FÍSICA
ADAPTADA

Juliano Vieira da Silva


Deficiência auditiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Avaliar os conceitos de deficiências auditivas.


 Reconhecer os diferentes graus de deficiência auditiva.
 Programar atividades físicas inclusivas para pessoas com deficiência
auditiva.

Introdução
Apesar de a educação dos surdos no Brasil ter começado ainda no século
XIX, a inclusão dessas pessoas em escolas regulares é recente, o que faz
com que, em muitos casos, o professor não saiba como agir ou como
ministrar uma aula que envolva os deficientes auditivos.
Para isso, é necessário que o professor reconheça seu aluno, com-
preenda a deficiência auditiva, saiba como ela se dá e também que
estratégias adotar parar cumprir seus objetivos em sala de aula, bem
como as adaptações que precisem ser aplicadas.
Neste capítulo, você vai compreender os conceitos de deficiência
auditiva, bem como reconhecer seus diferentes graus e, ainda, pro-
gramar atividades físicas inclusivas para pessoas com esse tipo de
deficiência.

Conceitos de deficiência auditiva


Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), em seu último
censo, realizado em 2010, apontam que 9,7 milhões de brasileiros possuem
deficiência auditiva, número que representa 5,2% da população brasileira. Esse
levantamento do IBGE ainda apresenta que mais de 2 milhões de pessoas no
país apresentam deficiência auditiva severa.
No Brasil, as pessoas com deficiência auditiva passaram a ter acesso à educação
com a criação do Instituto Imperial dos Surdos-Mudos, criado no governo de Dom
2 Deficiência auditiva

Pedro II, em 1857, no Rio de Janeiro. O Instituto era mantido e administrado pelo
poder central e, embora o atendimento oferecido fosse considerado precário, valeu
como marco inicial para a área e para discussões mais profundas.

O dia 26 de setembro é o Dia do Surdo no Brasil. Essa data foi escolhida justamente
por ter sido o dia da criação do Instituto Imperial dos Surdos-Mudos. Hoje, no lugar
da escola, funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Apesar desse avanço, a educação dos surdos no Brasil foi bastante afetada
após a realização do Congresso de Milão, em 1880. Esse congresso proibiu
a utilização das línguas de sinais e oficializou a oralidade como método de
ensino. Os congressistas tinham a ideia de que os surdos eram “preguiçosos” e,
por isso, não falavam. A língua de sinais e as demais formas de comunicação
só voltaram a ser utilizadas no final dos anos 1960, de forma oficial, pelos
deficientes auditivos.
No entanto, a participação efetiva dos surdos no âmbito escolar só se deu
a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, que garantia os direitos dos
deficientes auditivos nas escolas regulares. Outra política pública importante
foi a criação do Símbolo Internacional de Surdez (Figura 1), um símbolo de
acessibilidade que serve como indicação de lugares e de marcadores para as
pessoas com deficiência.

Figura 1. Símbolo Internacional de Surdez.


Fonte: Brasil (2007, documento on-line).
Deficiência auditiva 3

Mas, afinal, você sabe definir exatamente o que é deficiência auditiva?


Vamos, agora, ver alguns conceitos relativos a isso.
Segundo Almeida (2008, p. 128), “[...] deficiência auditiva é a perda total ou
parcial na condução ou percepção de sinais sonoros”, ou seja, ocorre quando
o indivíduo começa a perder a capacidade de ouvir determinados números
de decibéis.

Decibel é a unidade de grandeza no campo da acústica que indica ganho ou perda


de transmissão sonora (ARAÚJO, 2005, p. 244). O decibel foi inventado para quantificar
a redução no nível acústico sobre um cabo telefônico e era chamado de unidade de
transmissão. Na década de 1920, seu nome foi definido em referência a Alexander
Graham Bell, cientista que impulsionou o desenvolvimento das telecomunicações.

Sendo assim, denomina-se deficiência auditiva “[...] a diminuição da ca-


pacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo
cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele
cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva”
(BRASIL, 1997, p. 31).
Para Sales et al. (2010, apud ARAGON e SANTOS, 2015, p. 125), “[...] o
indivíduo com incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons não é
funcional na vida comum. Aquele cuja percepção de sons, ainda que com-
prometida, é funcional, com ou sem prótese auditiva, é chamado de pessoa
com deficiência auditiva”.
A partir dessas definições, percebe-se que a pessoa com deficiência auditiva
é a pessoa que possui algum impedimento no sentido da audição. Esses impe-
dimentos, geralmente, são oriundos do ouvido (Figura 2), que, nos humanos,
é dividido em três partes: interno, médio e externo.

• Ouvido externo: é composto pelo pavilhão auricular e pelo canal auditivo,


que é a porta de entrada do som. Nesse canal, certas glândulas produzem
cera, para proteger o ouvido.
• Ouvido médio: formado pela membrana timpânica e por três ossos minúscu-
los, que são chamados de martelo, bigorna e estribo, pois são parecidos com
esses objetos. Em contato com a membrana timpânica e o ouvido interno, eles
transmitem as vibrações sonoras que entram no ouvido externo e devem ser
conduzidas até o ouvido interno.
4 Deficiência auditiva

• Ouvido interno: nele, está a cóclea, em forma de caracol, que é a parte


mais importante do ouvido — é responsável pela percepção auditiva. Os
sons recebidos na cóclea são transformados em impulsos elétricos que são
transmitidos até o cérebro pelo nervo auditivo, onde são ‘entendidos’ pela
pessoa (BRASIL, 2000, p. 06).

Figura 2. Estrutura principal do ouvido.


Fonte: Almeida (2008, p.130).

As causas da surdez são procedentes dos mais diversos fatores e nem


sempre conseguem ser identificadas. Elas podem ser pré-natais, perinatais
ou pós-natais:

Causas pré-natais: A criança adquire a surdez pela da mãe, no período de


gestação, decorrentes de desordens genéticas ou hereditárias, relativas à
consanguinidade, relativas ao fator Rh, relativas a doenças infectocontagio-
sas, como rubéola, sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes, remédios
ototóxicos, drogas, alcoolismo materno, desnutrição, subnutrição, carências
alimentares, pressão alta, diabetes, exposição à radiação e outros.
Deficiência auditiva 5

Causas perinatais: A criança fica surda porque surgem problemas no parto,


como prematuridade, pós-maturidade, anóxia, utilização inadequada do
fórceps, infecção hospitalar e outras.
Causas pós-natais: A criança fica surda porque surgem problemas após seu
nascimento, meningite, remédios ototóxicos em excesso ou sem orientação
médica, sífilis adquirida, sarampo, caxumba, exposição contínua a ruídos ou
sons muito altos, traumatismo craniano e outros (BRASIL, 1997, p. 33-34).

Além disso, Tavares (2015) apresenta outras causas, como o envelhecimento,


a otite, o acúmulo de cera, a perfuração do tímpano e barulhos muito fortes.
Nesta seção, você conferiu o conceito de deficiência auditiva, um histórico
da educação de surdos no Brasil e as causas das lesões auditivas. Na sequência,
você vai acompanhar as classificações desse tipo de deficiência.

Diferentes graus de deficiência auditiva


A deficiência auditiva é classificada a partir de seus diferentes graus e suas
principais causas. Assim, essa deficiência pode ser classificada por tipo, por
nível de perda auditiva ou, ainda, pela lateralidade.
Entre os principais tipos de problemas auditivos, estão a deficiência de
transmissão (lesão no ouvido externo ou médio) ou condutiva e a neurossen-
sorial (ouvido interno ou nervo auditivo):

Em virtude da complexa estrutura do ouvido, podem ser várias as razões da


perda auditiva. Basicamente, são classificadas como condutivas ou sensório-
-neurais. A surdez condutiva é aquela que se reduz a intensidade do som
alcançado pelo ouvido interno. O distúrbio causador da surdez condutiva
localiza-se no ouvido externo ou médio e interfere na capacidade de condução
do som. Uma perda sensório-neural ou da percepção é causada por problemas
do ouvido interno ou do nervo auditivo, que transmite o impulso ao cérebro;
nesse caso, as implicações são mais complexas e podem afetar outras funções
[...] (GORGATTI; COSTA, 2008, p. 39).

O deficiente auditivo ainda pode apresentar a perda auditiva mista, que


seriam as duas lesões — condutiva e neurossensorial — juntas.
Além dessa classificação, há a realizada quanto ao grau de perda auditiva.
Sobre essa classificação, há diversas recomendações encontradas na litera-
tura. Todas elas utilizam a perda de decibéis para aferir os graus. Veja, no
Quadro 1, a classificação adotada pela Organização Mundial da Saúde (2014).
6 Deficiência auditiva

Quadro 1. Classificação da Organização Mundial da Saúde (2014)

Classificação Perda da audição Desempenho

Audição 0-25 dB Nenhuma ou pequena dificuldade;


normal capaz de ouvir cochichos.

Leve 26-40 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em


volume normal a um metro de distância.

Moderado 41-60 dB Capaz de ouvir e repetir bem


as palavras em volume elevado
a um metro de distância.

Severo 61-80 dB Capaz de ouvir palavras em voz


gritada próximo à melhor orelha.

Profundo Acima de 81 dB Incapaz de ouvir e entender mesmo


em voz gritada na melhor orelha.

Fonte: Adaptado de Lloyd e Kaplan (1978 apud SISTEMA..., 2017, p. 14).

Para ter noção do nível de ruído de alguns decibéis, confira, a seguir, a Figura 3.

Figura 3. Nível de ruído por decibéis.


Fonte: Viagem ao mundo da audição (2017, documento on-line).
Deficiência auditiva 7

Segundo o Ministério da Educação, a deficiência auditiva consiste na perda


de audição leve e moderada, enquanto a surdez seria a perda severa e profunda:

Pessoa com surdez leve – Essa perda impede que o indivíduo perceba igual-
mente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fraca ou distante
não é ouvida. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento, solicitando,
frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não
impede a aquisição normal da língua oral, mas poderá ser a causa de algum
problema articulatório na leitura e/ou na escrita.
Pessoa com surdez moderada – Esses limites se encontram no nível da per-
cepção da palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que
seja convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as
alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores problemas lin-
guísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em
ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as palavras mais significativas,
tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou formas
gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada a
sua aptidão para a percepção visual.
Pessoa com surdez severa – Este tipo de perda vai permitir que ela identifique
alguns ruídos familiares e perceba apenas a voz forte, podendo chegar até aos
quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada
pela área da saúde e da educação, a criança poderá chegar a adquirir linguagem
oral. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de sua aptidão
para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações.
Pessoa com surdez profunda – indivíduo que apresenta perda auditiva superior
a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações
auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o
de adquirir a língua oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas
tanto à estrutura acústica quanto à identificação simbólica da linguagem. Um
bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões
começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva
externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral.
Assim, tampouco adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez
que, não a percebendo, não se interessa por ela e, não tendo retorno auditivo,
não possui modelo para dirigir suas emissões. Esse indivíduo geralmente
utiliza uma linguagem gestual, e poderá ter pleno desenvolvimento linguístico
por meio da língua de sinais (BRASIL, 2006, p. 19-20).

Ampudia (2011) afirma que a pessoa incapaz de ouvir sons menores que 50
decibéis utiliza aparelhos auditivos (Figura 4) para minimizar sua dificuldade.
Já no caso da surdez profunda ou severa, os aparelhos irão ajudar de forma
parcial, sendo o uso de línguas de sinais indispensável.
8 Deficiência auditiva

Figura 4. Aparelhos auditivos.


Fonte: krolya25/Shutterstock.com.

O MEC aponta que há a possibilidade de se identificar a surdez ainda no


princípio da vida:

DO NASCIMENTO AOS TRÊS ANOS DE IDADE: o recém-nascido não


reage a um forte bater de palmas, numa distância de 30 cm; o recém-nascido
desenvolve-se normalmente nas áreas que não envolvem a audição, quando
propriamente estimulado.
DOS TRÊS AOS SEIS MESES DE IDADE: a criança não procura, com os
olhos, de onde vem um determinado som; a criança não responde à fala dos
pais; a criança pode interagir com os pais se a abordagem for visual.
DOS SEIS AOS DEZ MESES DE IDADE: a criança não atende quando é
chamada pelo nome, não atende a campainha da porta ou à voz de alguém; a
criança não entende frases simples como “não, não”, ou “até logo”; a criança
pode entender o que as pessoas estão “falando” com ela se for utilizada a
língua de sinais (BRASIL, 2006, p. 20-21).

Além disso, após o nascimento, alguns testes podem ser realizados ainda
no hospital.

Um dos testes mais conhecidos é o Teste da Orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal,


que é realizado no segundo ou terceiro dia depois do nascimento do bebê. Nesse
exame, coloca-se um fone acoplado a um computador na orelha do bebê com sons
de fraca intensidade e verifica-se as respostas que o ouvido interno do bebê produz.
Esse teste é realizado enquanto a criança dorme, não traz dor, não machuca e dura
em torno de 10 minutos. Desde 2010, o teste passou a ser obrigatório em todo o país.
Deficiência auditiva 9

Para finalizar, cabe ressaltar que a deficiência auditiva também pode ser
classificada quanto à sua lateralidade:

 Bilateral: indivíduo que apresenta perda auditiva em ambos os ouvidos.


 Unilateral: indivíduo que apresenta perda auditiva em um dos ouvidos.

Nesta seção, você viu os graus de classificação das deficiências auditivas


conforme o tipo, a perda auditiva — segundo a Organização Mundial da
Saúde — e também por lateralidade, além das características que cada pessoa
apresenta e como é possível reconhecer a surdez no nascimento. A seguir,
você vai acompanhar estratégias para trabalhar com deficientes auditivos em
aula, bem como atividades que podem ser feitas nas aulas de educação física.

Atividades físicas para pessoas


com deficiência auditiva
Existem diversas atividades físicas que podem ser realizadas para pessoas
com deficiência auditiva. No entanto, antes de vermos esses exercícios, é
necessário discutir sobre possíveis estratégias para lidar com esses alunos.
Essas estratégias são adaptações e cuidados que o professor precisa ter na
hora de se dirigir a alunos com essa deficiência.
Na criança surda, o processo de conhecimento se dá de forma diferente,
pois ela utiliza, principalmente, a visão e as situações concretas. Portanto, o
professor deve explorar bastante os recursos visuais, como imagens, vídeos e
demonstrações das atividades. Sobre outras estratégias a utilizar, a Secretaria
de Educação Especial destaca:

Fale sempre de frente, utilize todos os recursos de comunicação e material


concreto para facilitar a compreensão da linguagem oral;
Procure falar em ritmo natural, nem muito rápido, nem muito devagar;
Sublinhe os pontos mais importantes de uma aula;
Estimule os colegas a conversar com o portador de deficiência auditiva;
Evite colocar as mãos ou algum objeto em frente ao rosto enquanto fala;
Evite se movimentar na sala enquanto dá uma explicação;
Verifique se o aluno compreendeu cada trabalho;
Proporcione oportunidades para que o aluno se comunique sempre em aula,
com o objeto que melhore sua linguagem e integração com o grupo;
Procure participar de cursos de Línguas de Sinais (BRASIL, 1995, p. 31).
10 Deficiência auditiva

Ampudia (2011) também destaca que é importante colocar o aluno sentado


na classe da frente. No caso da educação física, em que a maioria das atividades
são realizadas em quadra, a opção é colocar o aluno em frente ao professor. O
mesmo autor também destaca a importância do uso da Língua Brasileira de
Sinais (Figura 5) — caso o professor não a domine, deve solicitar um intérprete
que o acompanhe em sala de aula.

Figura 5. Alfabeto em Libras.


Fonte: Alfabeto em Libras (2017, documento on-line).

Os deficientes auditivos, no entanto, podem apresentar limitação no desenvol-


vimento cognitivo, na aprendizagem, na linguagem e na inclusão social, além de
privação sensorial, o que pode provocar consequências biopsicossociais. A função
Deficiência auditiva 11

auditiva estabelece a comunicação com o ambiente e o equilíbrio, que participa de


todas as funções motoras e posturais (MELCHIOR et al., 2009 apud RODRIGUES
et al., 2014). Pode-se citar como exemplo a dificuldade de aprender uma língua
oral, pois o surdo não tem o estímulo oral-auditivo para se comunicar e adquirir a
língua. Considerando a fala um dos grandes meios de socialização, pode-se dizer
que a surdez também traz prejuízo no aspecto social pelo modo da oralidade.
Outra questão que pode ser afetada por limitações é referente ao equilíbrio.
O sistema vestibular — conjunto de órgãos localizados no ouvido interno —
tem como função a manutenção do equilíbrio. Quando há um distúrbio nesse
sistema, a pessoa pode sofrer dificuldades de equilíbrio; com isso, fica mais
inquieta devido à procura de uma posição de conforto e de segurança. As
alterações no equilíbrio podem levar a quedas e esbarrões e a mais dificuldades
para realizar atividades como andar de bicicleta, andar sobre uma linha ou
pular amarelinha (RODRIGUES et al., 2014).
Sobre as atividades físicas para pessoas com deficiência auditiva, Almeida
(2008) sublinha que não existem limitações nem grandes adaptações a serem
feitas nos exercícios. A principal preocupação é a dificuldade com o equilíbrio
que alguns desses alunos apresentam devido a distúrbios nos canais semicir-
culares, sendo necessária, para isso, uma maior atenção por parte do professor.
Como mencionado, o autor aponta a importância de potencializar outras
formas de comunicação, como leitura labial, expressões faciais, imagens e o
uso dos sinais de Libras. Também é importante sempre confirmar se o aluno
entendeu a mensagem, pois alguns ficam inibidos em casos de dúvidas.

Neste vídeo produzido por alunos da Universidade do Estado do Pará, é apresentado


um glossário sobre termos da área da Educação Física em Libras. Saiba mais sobre os
termos acessando o link:

https://goo.gl/JYcCsq

A seguir, veja algumas atividades lúdicas (Figura 6) que podem ser rea-
lizadas nas aulas de educação física com o objetivo de incluir a pessoa com
deficiência auditiva:
12 Deficiência auditiva

 O corpo fala
Número de participantes: livre.
Material: papéis.
Descrição do jogo: dividir a sala em grupos; cada grupo receberá um
papel com uma mensagem escrita e deverá transmitir sua mensagem
exclusivamente por gestos para outros grupos (BRASIL, 2007).

 O chapéu é meu
Número de participantes: livre.
Material: chapéus feitos de jornal e uma bandeira colorida.
Descrição do jogo: são organizadas duas fileiras com o mesmo número
de participantes, que ficam frente a frente. Os alunos confeccionarão
os chapéus de jornal a serem utilizados no jogo. No chão entre eles,
coloca-se uma série de chapéus, sendo um para cada dois participantes.
Dado o sinal (com a bandeira), os participantes correm para os chapéus,
pondo na cabeça o que conseguirem pegar. Cada jogador poderá pegar
apenas um chapéu — não pode pegar depois que já está com o colega. O
lado que tiver o maior número de chapéus marca ponto. Essa atividade
poderá ser repetida quantas vezes o professor desejar. Vence o jogo o
lado que tiver feito mais pontos (DIEHL, 2006).

Figura 6. Atividades lúdicas com deficientes auditivos.


Fonte: Dantas Neta e Córdula (2017, documento on-line).
Deficiência auditiva 13

 Zoológico
Número de participantes: livre.
Material: papel.
Descrição do jogo: todos os alunos receberão um papel com o nome de
um animal — e cada animal tem seu par. Cada aluno terá que imitar seu
animal por meio de gestos (sem produzir sons), tentando localizar seu
par. A atividade termina quando todos encontrarem seu par (DIEHL,
2006).

 Jogo dos Cartões


Números de participantes: livre.
Material: cartões coloridos e bola.
Descrição do jogo: os alunos ficarão em círculo, passando a bola e
atendo-se aos cartões que serão mostrados pelo professor. Esses cartões
terão códigos previamente combinados: amarelo significa o arremesso
da bola para qualquer colega; vermelho significa que se deve quicar a
bola e passá-la; azul significa arremesso da bola para um menino; rosa
indica posse de bola para uma menina.
Adaptação: pode-se utilizar, também, outros cartões com outros códigos
— por exemplo, verde para mudar o sentido da bola (DIEHL, 2006).

Neste capítulo, você viu que a pessoa com deficiência auditiva tem algum
impeditivo no que se refere à audição e que pode ter sido originado de cau-
sas pré-natais (pela mãe), perinatais (por problemas no parto) ou pós-natais
(problemas ocorridos após o nascimento). Além disso, você conheceu as
classificações da deficiência auditiva, que se organizam por tipo (neurossen-
sorial — ouvido interno — ou condutiva — ouvido externo ou médio), por
perda auditiva (normal, leve, moderada, profunda e severa) ou lateralidade
(unilateral ou bilateral). Por fim, foram apresentadas estratégias para que
haja um melhor aproveitamento da aula para o aluno com deficiências, como
atividades adaptadas, o uso de Libras e estar sempre em frente ao aluno,
falando calmamente.
14 Deficiência auditiva

ALFABETO EM LIBRAS. 2017. Disponível em: <https://3.bp.blogspot.com/-YKZ1hxkM43M/


Wl86hwz4KpI/AAAAAAAABys/jOq88pjhPMcPrAGIqkLCGJrof2LdiWVPACLcBGAs/s1600/
ca72829ab97.jpgw>. Acesso em: 09 set. 2018.
ALMEIDA, A. C. P. G. Atividade física e deficiência auditiva. In: GORGATTI, M.; COSTA,
R. (Org.). Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades
especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.
AMPUDIA, R. O que é Deficiência Intelectual? 01 ago. 2011. Disponível em: <novaescola.
org.br/conteudo/271/o-que-e-deficiencia-intelectual>. Acesso em: 08 set. 2018.
ARAGON, C.; SANTOS, I. Deficiência auditiva/surdez: conceitos, legislações e escola-
rização. Educação, Batatais, v. 5, n. 2, p. 119-140, 2015. Disponível em: <http://www.
claretianobt.com.br/download?caminho=/upload/cms/revista/sumarios/400.
pdf&arquivo=sumario6.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.
BRASIL. Educação especial: deficiência auditiva. Brasília, DF: SEESP, 1997. Disponível em:
<http://www.faseh.edu.br/wp-content/uploads/2016/02/Educa----o-especial-defici--
-ncia-auditiva-Giuseppe-rinaldi.pdf>. Acesso em: 09 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comu-
nicação e sinalização. Surdez. Brasília, DF: MEC, 2006. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf>. Acesso: 08 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas para
inclusão: estratégias para alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília,
DF: MEC, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para orga-
nização e funcionamento dos serviços de educação especial: área de deficiência auditiva.
Brasília, DF: MEC, 1995. (Série Diretrizes, 6).
BRASIL. Símbolo da surdez: Lei nº 8.160, de 08 de janeiro de 1991. 2007. Disponível em:
<http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/pfdc/informacao-e-comunicacao/informativos-pfdc/
edicoes-2007/docs_mar/Anexo%20Inf%2016%20simbolo%20internacional%20de%20
surdez.doc>. Acesso em: 09 set. 2018.
DANTAS NETA, G. E.; CÓRDULA, E. B. L. O lúdico como facilitador no ensino da Libras na
Educação Infantil. 11 jul. 2017. Disponível em: <http://educacaopublica.cederj.edu.br/
revista/artigos/o-ludico-como-facilitador-no-ensino-da-libras-na-educacao-infantil>.
Acesso em: 09 set. 2018.
DIEHL, R. M. Jogando com as Diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiência.
São Paulo: Phorte, 2006.
GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. (Org.). Atividade física adaptada: qualidade devida para
pessoas com necessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.
Deficiência auditiva 15

RODRIGUES, A. et al. Crianças com e sem deficiência auditiva: o equilíbrio na fase


escolar. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, n. 2, 2014. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382014000200002>. Acesso
em: 09 set. 2018.
SISTEMA DE CONSELHOS DE FONOAUDIOLOGIA. Guia de Orientações na Avaliação
Audiológica Básica. São Paulo: Fono-SP, 2017. Disponível em: <http://www.fonosp.
org.br/wordpress/wp-content/uploads/2017/06/manualdeaudiologia2017pdf.pdf>.
Acesso em: 09 set. 2018.
TAVARES, J. Você conhece as causas de perda auditiva? 30 mar. 2015. Disponível em:
<http://deficienciaauditiva.com.br/voce-conhece-causas-de-perda-auditiva/>. Acesso
em: 08 set. 2018.
VIAGEM AO MUNDO DA AUDIÇÃO. Intensidade do ruído em dB. 2017. Disponível em:
<http://www.cochlea.org/var/plain_site/storage/images/media/images/jauge_
po/15595-1-por-PT/jauge_po.png>. Acesso em: 09 set. 2018.

Leituras recomendadas
ARAÚJO, M. A. A. A Estruturação da Linguagem e a Formação de Conceitos na Quali-
ficação de Surdos para o Trabalho. Psicologia Ciência e Profissão, v. 25, n. 2, p. 240-251,
2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v25n2/v25n2a07>. Acesso em:
08 set. 2018.
BRASIL. Apesar de avanços, surdos ainda enfrentam barreiras de acessibilidade. 2017.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/09/apesar-de-
-avancos-surdos-ainda-enfrentam-barreiras-de-acessibilidade>. Acesso em: 08 set. 2018.
CUNHA, A. O que é Decibel? 21 jan. 2016. Disponível em: <https://www.embarcados.
com.br/o-que-e-decibel/>. Acesso em: 09 set. 2018.
PETEAN, E. B. L.; BORGES, C. D. Deficiência auditiva: escolarização e aprendizagem
delíngua de sinais na opinião das mães. Paidéia, v. 12, n. 24, p. 195-204, 2003. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v12n24/08.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.
Conteúdo:

Você também pode gostar