DEFICIENCIA AUDITIVA CONCEITOS
DEFICIENCIA AUDITIVA CONCEITOS
DEFICIENCIA AUDITIVA CONCEITOS
FÍSICA
ADAPTADA
Introdução
Apesar de a educação dos surdos no Brasil ter começado ainda no século
XIX, a inclusão dessas pessoas em escolas regulares é recente, o que faz
com que, em muitos casos, o professor não saiba como agir ou como
ministrar uma aula que envolva os deficientes auditivos.
Para isso, é necessário que o professor reconheça seu aluno, com-
preenda a deficiência auditiva, saiba como ela se dá e também que
estratégias adotar parar cumprir seus objetivos em sala de aula, bem
como as adaptações que precisem ser aplicadas.
Neste capítulo, você vai compreender os conceitos de deficiência
auditiva, bem como reconhecer seus diferentes graus e, ainda, pro-
gramar atividades físicas inclusivas para pessoas com esse tipo de
deficiência.
Pedro II, em 1857, no Rio de Janeiro. O Instituto era mantido e administrado pelo
poder central e, embora o atendimento oferecido fosse considerado precário, valeu
como marco inicial para a área e para discussões mais profundas.
O dia 26 de setembro é o Dia do Surdo no Brasil. Essa data foi escolhida justamente
por ter sido o dia da criação do Instituto Imperial dos Surdos-Mudos. Hoje, no lugar
da escola, funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Apesar desse avanço, a educação dos surdos no Brasil foi bastante afetada
após a realização do Congresso de Milão, em 1880. Esse congresso proibiu
a utilização das línguas de sinais e oficializou a oralidade como método de
ensino. Os congressistas tinham a ideia de que os surdos eram “preguiçosos” e,
por isso, não falavam. A língua de sinais e as demais formas de comunicação
só voltaram a ser utilizadas no final dos anos 1960, de forma oficial, pelos
deficientes auditivos.
No entanto, a participação efetiva dos surdos no âmbito escolar só se deu
a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, que garantia os direitos dos
deficientes auditivos nas escolas regulares. Outra política pública importante
foi a criação do Símbolo Internacional de Surdez (Figura 1), um símbolo de
acessibilidade que serve como indicação de lugares e de marcadores para as
pessoas com deficiência.
Para ter noção do nível de ruído de alguns decibéis, confira, a seguir, a Figura 3.
Pessoa com surdez leve – Essa perda impede que o indivíduo perceba igual-
mente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fraca ou distante
não é ouvida. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento, solicitando,
frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não
impede a aquisição normal da língua oral, mas poderá ser a causa de algum
problema articulatório na leitura e/ou na escrita.
Pessoa com surdez moderada – Esses limites se encontram no nível da per-
cepção da palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que
seja convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as
alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores problemas lin-
guísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em
ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as palavras mais significativas,
tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou formas
gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada a
sua aptidão para a percepção visual.
Pessoa com surdez severa – Este tipo de perda vai permitir que ela identifique
alguns ruídos familiares e perceba apenas a voz forte, podendo chegar até aos
quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada
pela área da saúde e da educação, a criança poderá chegar a adquirir linguagem
oral. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de sua aptidão
para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações.
Pessoa com surdez profunda – indivíduo que apresenta perda auditiva superior
a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações
auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o
de adquirir a língua oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas
tanto à estrutura acústica quanto à identificação simbólica da linguagem. Um
bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões
começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva
externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral.
Assim, tampouco adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez
que, não a percebendo, não se interessa por ela e, não tendo retorno auditivo,
não possui modelo para dirigir suas emissões. Esse indivíduo geralmente
utiliza uma linguagem gestual, e poderá ter pleno desenvolvimento linguístico
por meio da língua de sinais (BRASIL, 2006, p. 19-20).
Ampudia (2011) afirma que a pessoa incapaz de ouvir sons menores que 50
decibéis utiliza aparelhos auditivos (Figura 4) para minimizar sua dificuldade.
Já no caso da surdez profunda ou severa, os aparelhos irão ajudar de forma
parcial, sendo o uso de línguas de sinais indispensável.
8 Deficiência auditiva
Além disso, após o nascimento, alguns testes podem ser realizados ainda
no hospital.
Para finalizar, cabe ressaltar que a deficiência auditiva também pode ser
classificada quanto à sua lateralidade:
https://goo.gl/JYcCsq
A seguir, veja algumas atividades lúdicas (Figura 6) que podem ser rea-
lizadas nas aulas de educação física com o objetivo de incluir a pessoa com
deficiência auditiva:
12 Deficiência auditiva
O corpo fala
Número de participantes: livre.
Material: papéis.
Descrição do jogo: dividir a sala em grupos; cada grupo receberá um
papel com uma mensagem escrita e deverá transmitir sua mensagem
exclusivamente por gestos para outros grupos (BRASIL, 2007).
O chapéu é meu
Número de participantes: livre.
Material: chapéus feitos de jornal e uma bandeira colorida.
Descrição do jogo: são organizadas duas fileiras com o mesmo número
de participantes, que ficam frente a frente. Os alunos confeccionarão
os chapéus de jornal a serem utilizados no jogo. No chão entre eles,
coloca-se uma série de chapéus, sendo um para cada dois participantes.
Dado o sinal (com a bandeira), os participantes correm para os chapéus,
pondo na cabeça o que conseguirem pegar. Cada jogador poderá pegar
apenas um chapéu — não pode pegar depois que já está com o colega. O
lado que tiver o maior número de chapéus marca ponto. Essa atividade
poderá ser repetida quantas vezes o professor desejar. Vence o jogo o
lado que tiver feito mais pontos (DIEHL, 2006).
Zoológico
Número de participantes: livre.
Material: papel.
Descrição do jogo: todos os alunos receberão um papel com o nome de
um animal — e cada animal tem seu par. Cada aluno terá que imitar seu
animal por meio de gestos (sem produzir sons), tentando localizar seu
par. A atividade termina quando todos encontrarem seu par (DIEHL,
2006).
Neste capítulo, você viu que a pessoa com deficiência auditiva tem algum
impeditivo no que se refere à audição e que pode ter sido originado de cau-
sas pré-natais (pela mãe), perinatais (por problemas no parto) ou pós-natais
(problemas ocorridos após o nascimento). Além disso, você conheceu as
classificações da deficiência auditiva, que se organizam por tipo (neurossen-
sorial — ouvido interno — ou condutiva — ouvido externo ou médio), por
perda auditiva (normal, leve, moderada, profunda e severa) ou lateralidade
(unilateral ou bilateral). Por fim, foram apresentadas estratégias para que
haja um melhor aproveitamento da aula para o aluno com deficiências, como
atividades adaptadas, o uso de Libras e estar sempre em frente ao aluno,
falando calmamente.
14 Deficiência auditiva
Leituras recomendadas
ARAÚJO, M. A. A. A Estruturação da Linguagem e a Formação de Conceitos na Quali-
ficação de Surdos para o Trabalho. Psicologia Ciência e Profissão, v. 25, n. 2, p. 240-251,
2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v25n2/v25n2a07>. Acesso em:
08 set. 2018.
BRASIL. Apesar de avanços, surdos ainda enfrentam barreiras de acessibilidade. 2017.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/09/apesar-de-
-avancos-surdos-ainda-enfrentam-barreiras-de-acessibilidade>. Acesso em: 08 set. 2018.
CUNHA, A. O que é Decibel? 21 jan. 2016. Disponível em: <https://www.embarcados.
com.br/o-que-e-decibel/>. Acesso em: 09 set. 2018.
PETEAN, E. B. L.; BORGES, C. D. Deficiência auditiva: escolarização e aprendizagem
delíngua de sinais na opinião das mães. Paidéia, v. 12, n. 24, p. 195-204, 2003. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v12n24/08.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.
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