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ATENDIMENTO CLÍNICO VETERINÁRIO PARA ANIMAIS

SILVESTRES E EXÓTICOS

Coordenador: ANDRE SILVA CARISSIMI

Autor: INGRID VERA STEIN

A atuação do médico veterinário em áreas relacionadas à conservação do


meio ambiente envolve a manutenção dos ecossistemas, visando a
conservação da biodiversidade pela promoção da saúde da fauna. No
Brasil, é cada vez mais freqüente a aquisição de animais silvestres tanto
para obtenção de produtos de origem animal quanto como animal de
companhia. Na tentativa de domesticação de novas espécies, diversos
problemas surgem e que podem ser agravados pela falta de informações
sobre as necessidades e demandas destes animais. Hoje já é possível
adquirir animais silvestres sem a necessidade de retirá-los da natureza,
como vêm sendo feito na criação de espécies exóticas e nativas. Estas
informações, somadas as particularidades e importância de cada espécie,
fazem do médico veterinário um instrumento para minimizar os possíveis
problemas da criação de animais silvestres ou exóticos, conscientizando
os proprietários das conseqüências e do respeito a estes animais. O
projeto de Atendimento Clínico Veterinário para Animais Silvestres e
Exóticos 2008 no Hospital de Clínica Veterinária da UFRGS tem o
objetivo de promover oportunidades de aprendizado aos veterinários e
estudantes que participam do projeto, devido à carência de veterinários
realmente preparados para o manejo clínico-sanitário destas espécies tão
diferenciadas, e sendo estes capazes de conscientizar os proprietários de
toda problemática que envolve as relações entre a fauna silvestre e seres
humanos. Os pacientes que chegam ao HCV são encaminhados ao
projeto sob a responsabilidade da Médica Veterinária especializada no
atendimento de silvestres, juntamente com a equipe que compõem o
projeto. As consultas não emergenciais são agendadas preferencialmente
nos dois turnos semanais, nos quais a equipe dispõe de um ambulatório
reservado. Além das consultas agendadas, o projeto atende prontamente
todos os demais casos, sempre que a equipe for requisitada. Hoje,
praticamente todos os animais silvestres (exóticos ou nativos,
domesticados ou de vida livre) que chegam ao HCV são atendidos,
podendo a equipe contar com o auxílio dos demais técnicos que
compõem o corpo clínico do hospital e setores especializados em exames
diagnósticos complementares. Os animais de vida-livre recebem
tratamento especialmente diferenciado, de acordo com o destino que o
animal terá após sua recuperação, pela possibilidade de serem
novamente soltos ou por se tratarem de espécies ameaçadas na
natureza. Já os animais exóticos ou nativos trazidos por seus
proprietários recebem atendimento clínico necessário. Todos os animais
ao passarem pela triagem do projeto recebem fichas individuais, nas
quais ficam registrados dados gerais de procedência e identificação
(microchips, tatuagens, anilhas), além de todas as informações e
procedimentos realizados. Neste momento os proprietários recebem
instruções sobre manejo alimentar, higiênico e demais necessidades e
curiosidades sobre a espécie, na tentativa de garantir o bem-estar do
animal cativo. Neste momento, tem-se a preocupação na educação
ambiental da sociedade, ao explicar as leis e regras vigentes para
manutenção de animais silvestres ''in situ''. Os proprietários de animais
silvestres nativos não regularizados pelo IBAMA são elucidados quanto
ao risco legal da situação e sobre o impacto negativo que tal atitude pode
acarretar ao meio-ambiente. No caso de algum animal vir a óbito, a
equipe realiza necropsias com a finalidade de esclarecer o diagnóstico,
tornando-se também uma grande oportunidade de aprendizado para os
futuros casos clínicos. A coleta de material biológico sempre é feita e
encaminhada para exames histopatológicos e microbiológicos, ou são
armazenadas para obtenção de um banco genético. Quando possível, os
restos dos animais são encaminhados para o Museu de Ciências Naturais
de Fundação Zoobotânica do RS, para fazer parte da coleção de animais
taxidermixados. O Projeto de Extensão iniciou sua atuação no Hospital de
Clínicas Veterinárias em março de 2007 sendo reoferecida em 2008.
Neste período desde o início, foram atendidos um total de 514 animais,
sendo 56 animais de cativeiro e 458 animais de vida livre, estes oriundos
de apreensão. Entre os animais atendidos, 484 foram aves, 25
mamíferos e 5 répteis. Entre as espécies atendidas estão animais como
a arara-canindé (Ara ararauna), papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva),
caturrita (Myiopsitta monachus), periquito-australiano (Melopsittacus
undulatus), canário belga (Serinus canaria), coelhos (Oryctolagus
cuniculus, Brachylagus idahoensis), rato (Rattus norvegicus), hamster
dourado (Mesocricetus auratus), porquinho-da-índia (Cavia porcelus),
jibóia (Boa constrictor) e iguana (Iguana iguana). A prestação de
consultoria a criadouros totalizou 3 atendimentos. Nos atendimentos
clínicos prestados, foram realizados 36 exames laboratoriais como
hemograma, exame bioquímico de sangue, citológico, parasitológico de
fezes e urinálise. Onze animais foram radiografados e em um foi
realizada ultrassonografia. Em seis casos clínicos houve a necessidade
de intervenção cirúrgica. Quatro animais necessitaram ser internados,
devido ao seu grave estado. Outros quatro pacientes demonstraram
melhora somente com a medicação prescrita e um dos animais melhorou
unicamente através de orientação para diminuição de estresse. Foi
possível chegar a um diagnóstico final em pelo menos dez dos animais
atendidos, sendo que doze chegou-se a um diagnóstico parcial. Neste
período, seis animais vieram a óbito, um durante o trans-operatório, dois
ainda durante a consulta, dois no período de internamento e um morreu
no pós-operatório. Houve a necessidade da realização de eutanásia
somente em um animal, este de vida-livre já muito debilitado para
possibilitar sua recuperação. Dentre todos os pacientes atendidos, dez
não retornaram após tratamento, possivelmente devido a melhora do
animal. Diante da procura pelo atendimento especializado em Clínica de
Animais Silvestres e exóticos, pode-se concluir a importância do projeto,
pois apesar de ser pouco conhecido tem alçando seus objetivos ao
oportunizar experiências de aprendizado aos estudantes de veterinária e
ao mesmo tempo, esclarecendo a comunidade sobre os impactos
gerados pelo mau manejo da fauna silvestre, através da elucidação das
leis ambientais, da preocupação com a retirada e devolução inadequada
de animais a natureza, a divulgação de espécies ameaçadas e protegidas
por lei, o respeito e bem-estar com cada espécime esclarecendo suas
particularidades, culminam numa oportunidade excelente de realização
de educação ambiental.

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