Trabalho Pensamento Poscolonial

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Questões norteadoras da pesquisa?

Amazônia, Representações e Pensamento Pós-Colonial


Quais as representações sociais que professores licenciados em Pode-se afirmar que as representações sobre a Amazônia foram construídas
Geografia fazem da Amazônia, seu ambiente e cultura? Como no imaginário global a partir de diversas interpretações datadas em espaços e
veiculam as representações que fazem a seus alunos? tempos diferentes, a dar como exemplo: viajantes, cronistas, cientistas, Papel da Educação e a interculturalidade
intelectuais, escritores foram responsáveis pelas primeiras construções
Quais fontes de informação citam terem favorecido na formação imagéticas da região. Na contemporaneidade, meios de comunicação (TV,
das representações que fazem sobre a Amazônia, território e rádio, jornais, revistas e internet) ajudam a projetar reverberações daquelas
cultura (livros didáticos, narrativas de colonizadores, parâmetros primeiras imagens. No entanto, desde sua colonização, a Amazônia é Para além da crítica decolonial, a interculturalidade
curriculares, mídia, etc)?. representada como sinônimo de atraso, onde as formas de ocupação crítica aponta para o empoderamento de uma
indígenas eram consideradas de pouco prestígio social (BATISTA, 2007). Foi perspectiva “não-colonial”, entendida como a
durante o processo de colonização que a Amazônia tornou-se uma das “imaginação epistêmica para a autoconstituição e
De que forma o estudo das representações pode possibilitar “margens” do chamado “Novo Mundo” (UGARTE, 2003). As imagens constituição coletiva de contextos sociais, culturais,
intervenções socioeducativas para intervir nas questões dos projetadas sobre a região refletem o que efetivamente sabe se ou não se sabe políticos, bem como da sensibilidade diferentes, e não
estigmas socioculturais associados à região amazônica no âmbito sobre ela, denotando uma visão externa e difusa. Na maioria das vezes, não apenas na refutação dialética dos padrões
da formação de professores? correspondem à sua complexidade, assim como, muitas vezes tais imagens dominantes” (VALENCIA, 2015, p. 12, nota 2).
estão carregadas de filtros ideológicos, ditadas pelo pensamento eurocêntrico.
Pensamento Pós-Colonial e as representações Reconhecer e criar formas de integrar as diferentes
da Amazônia: Problematização do tema Por povos originários da Amazônia, além das populações indígenas, referimo- identidades culturais é um grande desafio para a
nos também aos grupos humanos que, na Amazônia, mantém uma relação educação atual, pois requer despertar nas pessoas
decolonial ou não-colonial com o saber, o viver, o poder, a natureza e o uma postura crítica e reflexiva sobre a construção do
Compreender as representações que professores da região
Sagrado. Dentre estes grupos, podemos citar as populações quilombolas, conhecimento que fazem do mundo, buscando a
Amazônica e do Sul brasileiro possuem sobre a Amazônia
ribeirinhas, o “povo de santo” com suas culturas religiosas afroindígenas e superação do senso comum, através do que Paulo
requer entender como o mundo colonizado é construído
outros grupos humanos que historicamente têm resistido às colonialidades, Freire (1996) chama de curiosidade epistemológica.
discursivamente a partir do olhar do colonizador, e como o
seja por meio da luta política, seja por suas “sabedorias insurgentes” (ARIAS,
colonizado se constrói tendo por base esse discurso.
2010) ou culturas populares de resistência.
Decolonizar significa compreender e confrontar a matriz do Assim, a escuta epistêmica das cosmovisões
poder colonial, que historicamente vincula a ideia de "raça", ancestrais decoloniais e não-coloniais, mediante a
como um critério de classificação e controle social, com o Papel da Educação sobre os estigmas socioculturais interação dialógica com os povos originários, é a
desenvolvimento do capitalismo global (moderno, colonial, condição para que possamos desconstruir a
eurocêntrico), iniciado como parte da formação histórica da Estigmas referentes a etnias, gênero, credo, pessoas em sofrimento psíquico, ou colonialidade e aprender com os povos ancestrais a
América (QUIJANO, 2000, p. 342). até mesmo relacionados à espaços geográficos específicos são repercussões empoderar formas decoloniais e não-coloniais de
encontradas até hoje, muitas vezes reflexo do colonialismo. A Educação pode e saber e poder, de ser e viver. (FLEURI, 2017)
deve colaborar possibilitando saltos lógicos (FLEURI, 2018) que ultrapassem a
Teles (2018) visualiza os docentes como “espelhos
educação formal, conteudista e positivista, buscando uma perspectiva dialógica
eurocêntricos”, dado que os professores acabam por reproduzir
entre as diferenças culturais encontradas em sala de aula, ou mesmo sobre as
ideias acriticamente sobre o que é ser civilizado e moderno,
representações evidenciadas sobre lugares ou culturas, que possam servir de
esquecendo-se de que esses conceitos vieram de uma cultura
base para a superação de problemas dos estigmas, violência e desrespeito
específica, da Europa, sendo erigidas em verdades absolutas,
encontrados no encontro com a diversidade.
posto que não problematizadas. Não podemos negar que a
história incluída em nossos currículos escolares está composta
de narrativas produzidas por europeus que carregam suas A educação tem papel fundamental no entendimento das ideias estigmatizantes
perspectivas dos acontecimentos do encontro entre os povos referentes a territórios, espaços, lugares e culturas. Vieira apud Fleuri (2001, p.
provindos da Europa e os povos originários de nosso continente. 120) nos acrescenta dizendo “faz-se necessário uma reflexão contínua com
O que eles chamam de descoberta, pode merecer o nome de vistas à superação das relações etnocêntricas presentes não apenas no contexto
invasão. macrossocial, mas também microssocial”.
REFERÊNCIAS

ARIAS, Patricio Guerrero. Corazonar. Una Antropología comprometida con la vida: Miradas otras desde Abya-Yala para la decolonización del poder, del saber y
del ser. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2010.

BATISTA, Djalma. O complexo da Amazônia. 2ª. Edição. Manaus: Editora Valer, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FLEURI, R. M. Educação Intercultural e Formação de Educadores. João Pessoa: Editora CCTA, 2018.

FLEURI, Reinaldo Matias (Org.). Intercultura: estudos emergentes. Ijuí: Ed. Unijuí, 2001.

FLEURI, R. M. Aprender com os povos indígenas. Revista de Educação Pública, v. 26, n. 62/1, p. 277-294, maio 2017. Disponível em:
<http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/4995>.

VALENCIA, Mario Armando Cardona. Ojo de Jíbaro. Conocimiento desde el tercer espacio visual. Prácticas estéticas contemporáneas en el Eje Cafetero
colombiano. Popayán: Editorial Universidad de Cauca, 2015.

CARVALHO, José Jorge. O olhar etnográfico e a voz subalterna. In: Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 7, n. 15, jul. 2001.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências
sociais. Perspectivas latinoamericanas. Colección Sur Sur. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 107-13

TELES, T. R. Mudar o discurso: por uma decolonialização da mente docente na Amazônia. Revista de Educação, Ciência e Cultura, Canoas, n. 2, jul. 2017.
Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Educacao/article/view/3590. Acesso em: 01 ago. 2018.

UGARTE, A. S. Margens míticas: a Amazônia no imaginário. In: PRIORE, Mary Del; GOMES, Flávio Santos Gomes (Org.). Os senhores dos rios. Rio de
Janeiro: Editora Campus,

2003.

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